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Resumos para a prova de intervenção em situação de risco

Texto- O Conceito de «Percepção do Risco»: Contributo da Psicologia


Social
Os riscos estão sempre presentes no nosso meio e existem vários tipos de
risco:

 Riscos inerentes à vida social – Violência, tensões, incertezas


psicológicas, guerras e revoluções.
 Riscos criados pela civilização e pelos estilos de vida desenvolvidos -
stress, associados a hábitos alimentares, poluição, contaminação,
acidentes industriais, tecnologia de risco, de vir a contrair SIDA.
 Riscos naturais - Ciclones, tsunamis, tempestades, inundações, sismos,
etc.
Há duas categorias de voluntariedade de exposição ao risco: Riscos
voluntários, ou seja, o indivíduo aceita e os riscos involuntários que são
repentinos ou decididos por outros.
Lola Lopez: a palavra “risco” refere-se a situações em que se toma uma
decisão cujas consequências dependem do resultado de acontecimentos
futuros que têm probabilidades conhecidas de ocorrerem.
A aproximação social está pautada no pressuposto de que o contexto social
influencia a percepção de risco e nesta linha, as características dos riscos não
são universais nem absolutas, tendo diferentes significados de acordo com os
diferentes grupos sociais, ou seja, o risco e a resposta ao risco são constructos
sociais.
A percepção do risco se tornou um campo de trabalho teórico e
empírico nas ciências sociais nos anos 80. A percepção do risco (Risco
subjetivo ou risco percebido) é a forma que os leigos pensam sobre o risco,
inclui um conjunto de crenças e valores que dão significado a um
acontecimento ameaçador, ou seja, se refere ao conjunto de crenças, atitudes,
avaliações e sentimentos das pessoas sobre as situações de perigo e dos
riscos a elas associados.

A teoria da percepção de risco baseia-se sobretudo na


percepção de um indivíduo sobre algo que lhe pode causar danos.
Portanto, quantos maiores esses danos, maior a percepção dos
mesmos;
A percepção do risco é, um conceito subjetivo que é influenciado por
uma multiplicidade de fatores:
 Preferências pessoais: compreensão dos problemas; familiaridade das
situações; liberdade de escolha; grau de exposição; possibilidade de
controlo; confiança nas instituições.

 características dos efeitos: gravidade; alcance; duração; reversibilidade;


doenças genéticas e cancro.

 capacidade de gestão: incerteza científica; probabilidade real de


ocorrência de acidentes; cobertura mediática; escolha para as gerações
futuras; equidade social.
A estes fatores junta-se todo o corpus de conhecimento proveniente da
psicologia da percepção: expectativas, sentimentos, questões culturais
(fatores internos) e, intensidade, dimensão, contraste e repetição (fatores
externos) entre outros, associados à pessoa que percebe ou ao risco
propriamente dito.
Risco percebido é diferente de avaliação do risco, risco percebido é a
perspectiva dos leigos sobre esse mesmo risco e é estudada pelas ciências
sociais, já a avaliação do risco é uma atividade objetiva, com um enfoque
predominantemente quantitativo, focando-se nas causas dos fenómenos.
EXEMPLO: Os resultados dos estudos de avaliação de riscos associados a
uma central nuclear ou a uma incineradora são extremamente baixos,
enquanto que os estudos sobre as percepções de risco mostram que os
mesmos riscos são vistos pelas populações que vivem nos locais próximos
de tais empreendimentos como assustadores e inaceitáveis.
As pessoas avaliam o risco que correm recorrendo a três grandes
dimensões de análise:

 Grau de informação que existe sobre o risco: O conhecimento dos


riscos aparece associado à voluntariedade da exposição. Esta
associação parece indicar uma tendência para culpabilizar as vítimas
de exposição a riscos conhecidos;
 Grau de controlo possível sobre os riscos: os riscos considerados
incontroláveis e catastróficos são aqueles que as pessoas mais se
demitem em termos de prevenção, considerando tal tarefa como
sendo da competência das autoridades;
 Grau de envolvimento pessoal com o risco: as pessoas parecem
sentir-se tanto mais receosas face a um determinado perigo quanto
menos controlo sentirem sobre o fenómeno.
Exagero e minimização do risco

As pessoas exageram os riscos que:


- Remetem para acontecimentos raros.

- Remetem para «coisas» que as pessoas falam.


- São próximos e os afetam pessoalmente.
- Estão para além do seu controle (ou impostos externamente).
- São intencionais ou produzidos pelo homem
- São súbitos
- São novos, não familiares (desconhecidos); riscos pioneiros são
sempre mais exagerados;

As pessoas minimizam os riscos que:


- Remetem para acontecimentos comuns;
- Remetem para «coisas» que não são discutidas;
- São distantes;
- Estão sob o seu controlo ou assumidos de bom grado
- São naturais;
- Familiares (conhecidos); riscos antigos são sempre minimizados;
O estudo da percepção do risco tem uma importância bastante significativa
porque não é o risco real que afeta as decisões das pessoas, mas sim a
percepção que dele se tem.

Ações de prevenção: Sabemos que a percepção do risco não se resume


numa única dimensão; logo, é importante que as estratégias de divulgação e as
ações de prevenção levem em conta o caráter multidimensional dessa
percepção. Apresentar estatísticas referentes a determinados acontecimentos
parece não ser suficiente para alterar comportamentos. É fundamental
entender de que maneira e com que intensidade um indivíduo, ou uma
comunidade, percebe um risco para entender como é que este deve ser
abordado e comunicado as eventuais instruções à sua prevenção.

Texto- A Psicologia e o Conceito de Risco: Estudos Publicados entre 1999 e


2010
As três primeiras apresentações do conceito podem ser resumidas da
seguinte maneira:
a) no discurso do senso comum, risco equivale a perigo ou ameaça à
saúde ou à vida e tende a ser entendido como experiência pessoal e social;
b) a clínica utiliza o conceito de risco pressupondo que os indivíduos
manifestam a média dos atributos de uma dada população, o risco passando a
ser um objeto de diagnóstico em si;
c) no âmbito da epidemiologia, risco é um conceito operacional
fundamental, com uma definição essencialmente técnica, na qual a dimensão
da probabilidade é privilegiada; o risco situa-se para além do sujeito, no âmbito
dos coletivos humanos.
Os comportamentos de risco são fruto das interações sociais, o risco
seria vivenciado e percebido nas redes de relações sociais.
Encontra-se mais frequentemente um entendimento de risco associado à
ocorrência de eventos negativos ou indesejados.
fatores de risco são condições ou variáveis que estão associadas a uma
alta possibilidade de ocorrência de resultados negativos ou não, que podem
dificultar o funcionamento do sujeito.
Exemplos de fatores de risco presentes nos artigos são: ambiente
familiar (estrutura e possíveis rupturas) e práticas educativas parentais; abuso
sexual infantil; caráter autoritário e rígido das instituições e institucionalização
na infância; pobreza, baixa escolaridade, uso de drogas, violência na
comunidade; transição da infância para a adolescência; ausência de rede de
apoio eficaz; pressão dos pares, estigma; valores relacionados à sexualidade e
à expressão do amor e da confiança; gravidez na adolescência; condições
sócio demográficas e reprodutivas das mulheres; ausência de opções de vida
socialmente integradoras; história pessoal e familiar de doença mental,
desconforto físico e emocional no trabalho.
Exemplos de fatores de proteção: contexto familiar e práticas
educativas parentais; fortalecimento de vínculos e redes de apoio; revelação da
violência sexual; renda mensal; apoio para desenvolver autonomia,
responsabilidade, atividades esportivas e motivações no campo profissional;
gravidez na adolescência como fator de proteção de riscos psicossociais;
políticas governamentais com ações socioeducativas.
Conceito de risco como uma construção social influenciada por
elementos culturais, históricos e econômicos.

Texto- RISCO, VULNERABILIDADE E INFÂNCIA: ALGUMAS


APROXIMAÇÕES
risco como perigo: o foco é ora sobre os atores, ora sobre os riscos em si,
referindo-se ao risco de algum evento indesejado.
risco como probabilidade: risco denota a possibilidade de ganho ou perda,
alinhando-se à linguagem dos jogos ou ao conceito probabilístico.
sociedade disciplinar, cujo discurso é fundado na norma e tendo como pilares o
exame e a vigilância dos indivíduos
Uma vez que há uma ameaça de violação, existe um perigo, uma
probabilidade, uma incerteza, ou seja, risco.
o ECA irá definir a situação sócio-econômica como fundamental para
compreendermos as condições de emergência da infância em situação de
risco, cabendo ao Estado, em conjunto com a sociedade civil, formular políticas
sociais que dêem conta desta questão.
enquanto o perigo remete ao imponderável, ao acaso, sobre o qual não há
como aplicar um cálculo de probabilidade, o risco se coloca dentro de uma
ordem contida na ação humana deliberada, apontando para a probabilidade do
seu acontecimento a partir do comportamento assumido pelo indivíduo,
relacionando-se diretamente com as decisões do sujeito
infância + pobreza = risco = perigo
na vulnerabilidade individual, leva-se em conta o conhecimento sobre o agravo
e a existência de comportamentos que oportunizem a ocorrência de infecção;
na vulnerabilidade programática, considera-se o acesso aos serviços de saúde,
sua forma de organização, o vínculo entre os usuários e os profissionais destes
serviços, assim como as ações de prevenção e controle de saúde; na
vulnerabilidade social, examina-se a dimensão do adoecimento, a partir de
indicadores que revelem o perfil da população da área atingida (incluindo-se
nestes indicadores: acesso à informação, gastos com serviços sociais e de
saúde, coeficiente de mortalidade infantil, situação das mulheres, índice de
desenvolvimento, etc.).
a vulnerabilidade social é definida como situação em que os recursos e
habilidades de um dado grupo social são tidos como insuficientes e
inadequados para lidar com as oportunidades oferecidas pela sociedade.

infância + pobreza = vulnerabilidade = risco = perigo. Atente-se que


a introdução da noção de vulnerabilidade abre espaço para a
possibilidade de intervenção, isto é, diminuindo-se a vulnerabilidade
mediante ações mitigadoras, pode-se diminuir o risco e,
consequentemente, o perigo.
O que opera aqui é uma lógica probabilística: quanto maior for a presença de
fatores de risco, maior a vulnerabilidade desta população e, portanto, maior a
possibilidade da ocorrência de algum dano, fazendo-se necessária a
intervenção sobre o perigo, deslocando-o de uma ordem do imponderável e
tornando-o passível de previsão e controle.

Texto- RISCO, PROTEÇÃO E RESILIÊNCIA NO DESENVOLVIMENTO DA


CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Os fatores de risco se referem às variáveis ambientais que aumentam


a probabilidade de que ocorra algum efeito indesejável no desenvolvimento (é
uma variável que aumenta a probabilidade do indivíduo adquirir determinada
doença quando exposto a ela). Por outro lado, os fatores de proteção estão
associados aos recursos individuais que reduzem o efeito do risco (recursos
pessoais ou sociais que atenuam ou neutralizam o impacto do risco), enquanto
a resiliência é muitas vezes relacionada a fatores protetores individuais que
predizem consequências positivas em indivíduos expostos a um contexto de
risco. Alguns fatores que tornam um indivíduo vulnerável são: prematuridade,
desnutrição, baixo peso, lesões cerebrais, atraso no desenvolvimento, família
desestruturada, minoria social, desemprego, pobreza, dificuldade de acesso à
saúde e educação. Aquelas crianças com desvantagens socioeconômicas
cujas mães sejam também jovens, solteiras e pobres ou que tenham vindo de
famílias desorganizadas (riscos psicossociais), ou ainda crianças que tenham
pais com desordens afetivas, esquizofrenia, desordens antisociais,
hiperatividade, déficit de atenção e isolamento (riscos genéticos) são
potencialmente vulneráveis aos eventos estressores e são consideradas
crianças em risco para problemas de desenvolvimento.
Para analisar a influência do risco, Horowitz (1992) propôs um modelo em que
diferencia o desenvolvimento de comportamentos universais e individuais. Os
comportamentos que ela chamou de universais são aqueles comuns ao repertório de
qualquer indivíduo, os quais, por isso, têm maior probabilidade de ser adquiridos, pois
necessitam de condições mínimas para aprendizagem. Já os individuais (não-universais) não
costumam fazer parte desse repertório e têm sua probabilidade de aquisição determinada
pelas condições de aprendizagem. Desta maneira, quando analisamos a dimensão motora do
desenvolvimento, muito há de determinação genética e menos de influência ambiental. O
mesmo não ocorre com as dimensões cognitiva e de linguagem, nas quais os componentes
genéticos são esculpidos pelo ambiente. A literatura é farta em exemplos sobre as
interferências da escolaridade materna, qualidade da estimulação ambiental na extensão do
vocabulário e no desenvolvimento cognitivo da criança.

Os fatores de risco, como “elementos com grande probabilidade de desencadear ou


associar-se ao desencadeamento de um determinado evento indesejado”, quando em
associação interativa, constituem-se em mecanismos de risco, aumentando a probabilidade ou
desencadeando um desfecho desenvolvimental negativo para o indivíduo. Quando muitas
situações de risco se associam, elas dificultam o cumprimento da agenda desenvolvimental, a
aquisição de habilidades e o desempenho de papéis sociais. Por isso, a importância em se
prever fatores de risco não está tanto relacionada ao prognóstico ruim, mas principalmente
em demonstrar a necessidade e de ser capaz de intervir quando for preciso.

os riscos psicossociais, principalmente quando combinados, tendem a modelar “o


repertório infantil tanto no desenvolvimento de problemas comportamentais e emocionais
quanto na aquisição de comportamentos adequados

A possibilidade de enfrentar fatores de risco e de aproveitar os fatores protetores


torna o indivíduo resiliente

lista das principais características encontradas em crianças e adolescentes resilientes:


bom funcionamento intelectual, sociabilidade e expressão adequada, auto-eficácia,
autoconfiança e auto-estima elevada, talentos e fé. Nos seus contextos, essas crianças e
adolescentes ainda contam com práticas parentais competentes, vantagens socioeconômicas e
conexões com redes familiares ampliadas e apoiadoras. Além destas, no contexto
extrafamiliar, mantêm vínculos com adultos e organizações pró-sociais e freqüentam a escola.
a criança resiliente possui algumas características específicas. Entre elas: 1)
competência social – é uma criança flexível, sensível e atenciosa, que possui habilidade para
demonstrar suas emoções, que se comunica bem e, em dificuldades, é capaz de usar o bom
humor; 2) competência para resolver problemas – é capaz de pensar de forma crítica e
elaborar alternativas, buscando soluções para suas necessidades; quando não consegue
encontrar uma solução, busca ajuda; 3) autonomia – a criança resiliente tem um forte senso de
identidade e auto-estima positiva, mostra independência e autocontrole; 4) tem propósitos
com confiança no futuro, isto é, propõe-se metas realistas, tem aspirações educacionais
elevadas, é persistente, esforçada, otimista, vê o futuro com oportunidades e sucesso; e 5)
tem fatores protetores contra os de risco, ou seja, essa criança tem competência social,
temperamento fácil, inteligência, autonomia, auto-estima, autocontrole e auto-eficácia.

Texto- Contextos ecológicos: promotores de resiliência, fatores de risco e de


proteção
Diferentes contextos como família, instituição e escola podem ter influências
diversas no desenvolvimento. O modelo bioecológico também enfatiza o
ambiente, mas propõe que o desenvolvimento humano seja estudado por meio
da interação deste núcleo com outros três, de forma inter-relacionada: o
processo, a pessoa e o tempo, ampliando o foco do modelo.
O contexto:
é analisado por meio da interação de quatro níveis ambientais, denominados:
microssistema, mesossistema, exossistema e macrossistema. É no
contexto dos microssistemas que operam os processos proximais, que
produzem e sustentam o desenvolvimento. O microssistema é o sistema
ecológico mais próximo, e compreende um conjunto de relações entre a
pessoa em desenvolvimento e seu ambiente mais imediato, como a família, a
escola, a vizinhança mais próximas.
O mesossistema refere-se ao conjunto de relações entre dois ou mais
microssistemas nos quais a pessoa em desenvolvimento participa de maneira
ativa (as relações família-escola, por exemplo). O mesossistema é ampliado
sempre que uma pessoa passa a frequentar um novo ambiente. Os processos
que operam nos diferentes ambientes frequentados pela pessoa são
interdependentes, influenciando-se. Assim, a interação de uma pessoa em
determinado lugar, por exemplo, na escola, é influenciada pelo ambiente e
também pelas influências trazidas de outros contextos, como a família .
O exossistema compreende aquelas estruturas sociais formais e informais
que, embora não contenham a pessoa em desenvolvimento, influenciam e
delimitam o que acontece no ambiente mais próximo (a família extensa, as
condições e as experiências de trabalho dos adultos e da família, as amizades,
a vizinhança). Nesse sentido, o exossistema envolve os ambientes que a
pessoa não freqüenta como um participante ativo, mas que desempenham uma
influência indireta sobre o seu desenvolvimento. Três exossistemas são
identificados por Bronfenbrenner (1986) como muito importantes para o
desenvolvimento da criança, devido à sua influência nos processos familiares:
o trabalho dos pais, a rede de apoio social e a comunidade em que a família
está inserida.
Por último, o macrossistema é composto pelo padrão global de ideologias,
crenças, valores, religiões, formas de governo, culturas e subculturas,
situações e acontecimentos históricos presentes no cotidiano das pessoas e
que influenciam seu desenvolvimento. Assim, a cultura na qual os pais foram
educados, os valores e as crenças transmitidos por suas famílias de origem,
bem como a sociedade atual em que eles vivem, influenciam a maneira como
educam seus filhos. O macrossistema é o sistema mais distante da pessoa:
abrange a comunidade na qual os outros três sistemas estão inseridos e que
pode afetá-los (estereótipos e preconceitos de determinadas sociedades,
períodos de grave situação econômica dos países, globalização).
O processo
O processo é destacado como o principal mecanismo responsável pelo
desenvolvimento. O ser humano é sempre considerado nesta teoria como um
ser biopsicologicamente em evolução e, para que suas interações sejam
consideradas como tal, ele deve ser ativo. As formas de interação no ambiente
imediato são denominadas processos proximais.
A pessoa

Esta é analisada por meio de suas características determinadas biopsicologicamente


(experiências vividas, habilidades, por exemplo) e aquelas construídas (demanda social, por
exemplo) na sua interação com o ambiente. as características da pessoa são tanto produtoras
como produtos do desenvolvimento Ao mesmo tempo, são resultados da interação conjunta
destes elementos - processo, pessoa, contexto e tempo

O tempo

o tempo é analisado em três níveis do modelo bioecológico: microtempo, mesotempo e


macrotempo. O microtempo refere-se à continuidade e à descontinuidade observadas dentro
dos episódios de processo proximal. Como exemplo, pode ser mencionado o tempo de
duração das relações estabelecidas entre as crianças e seus pares ou família, ou ainda, durante
a realização de determinada atividade. Em um nível mais elevado, o mesotempo referese à
periodicidade dos episódios de processo proximal, considerado em intervalos de tempo como
dias e semanas. O macrotempo focaliza as expectativas e os eventos constantes e mutantes
tanto dentro da sociedade ampliada como das gerações, e a maneira como estes eventos
afetam e são afetados pelos processos e resultados do desenvolvimento humano dentro do
ciclo de vida.

Assim, a análise do tempo dentro destes três níveis deve focalizar a pessoa em relação aos
acontecimentos presentes em sua vida, desde os mais próximos até os mais distantes, como
grandes acontecimentos históricos, por exemplo.

Fatores de risco relacionam-se com eventos negativos de vida e, quando presentes, aumentam
a probabilidade de a pessoa apresentar problemas físicos, sociais ou emocionais.

a relação das pessoas com eventos estressores passa por distintos graus de ocorrência,
intensidade, freqüência, duração e severidade. Nesse sentido, o impacto dos eventos
estressores é ainda determinado pela forma como eles são percebidos. Por exemplo, a
maneira como uma criança que foi violentada fisicamente lidará com esta situação dependerá
do contexto no qual essa violência aconteceu, quais são os ambientes que ela freqüenta, sua
rede de apoio, seu momento no desenvolvimento, suas experiências, seus processos
psicológicos e características individuais.

“fatores de proteção referem-se a influências que modificam, melhoram ou alteram respostas


pessoais a determinados riscos de desadaptação”

Alguns fatores de proteção são fundamentais ao desenvolvimento:

a) atributos disposicionais das pessoas, tais como autonomia, auto-estima, bem-estar


subjetivo e orientação social positiva, além de competência emocional, representação
mental de afeto positivo e inteligência
b) rede de apoio social, com recursos individuais e institucionais, que encoraje e reforce a
pessoa a lidar com as circunstâncias da vida;
c) coesão familiar, ausência de negligência e possibilidade de administrar conflitos, com a
presença de pelo menos um adulto com grande interesse pela criança, e presença de
laços afetivos no sistema familiar e/ou em outros contextos que ofereçam suporte
emocional em momentos de estresse

A coesão ecológica caracteriza-se pela ausência de negligência, pela administração de


conflitos, pela presença de pelo menos um adulto com interesse pela criança e de laços
afetivos que forneçam suporte em momentos adversos e de estresse.

Ao realizar análises sobre o desenvolvimento de crianças e adolescentes


em situação de risco, é importante levar em consideração as características
dos contextos dos quais essas crianças participam direta ou indiretamente,
e as relações que estabelecem nesses ambientes. Além disso, deve-se
entender em que momento desenvolvimental esta criança ou adolescente
está, e quais são suas características individuais, para verificar suas
fragilidades e potencialidades.
várias características estão relacionadas à resiliência, entre elas o vínculo positivo entre a
criança e seus pais (ou cuidadores), a ausência de discórdia conjugal severa e o
enfrentamento positivo de problemas. Famílias que apresentam coesão, aconchego,
continência e estabilidade, nas quais as relações são permeadas por afeto, equilíbrio de
poder, cuidados adequados, senso de pertencimento e disciplina consistente são mais
propensas a ter membros saudáveis emocionalmente.

O apoio emocional refere-se à disponibilidade de uma pessoa com quem a criança ou


adolescente possa discutir seus problemas, confiar sentimentos e aborrecimentos; o apoio
instrumental diz respeito à ajuda e assistência em tarefas como atividades escolares,
transporte e assistência financeira; o apoio por meio de informações relaciona-se à
disponibilidade de avisos, orientações e informações sobre os recursos da comunidade.
Durante a infância, a família representa geralmente a rede de apoio mais próxima da
criança.

Independentemente dos microssistemas nos quais as pessoas estejam ou vivam (família,


instituição ou escola), o seu desenvolvimento psicológico saudável depende, conforme
Bronfenbrenner (1996), principalmente da existência de interações. No entanto, tais
interações precisam ser marcadas por sentimentos afetivos positivos, reciprocidade e
equilíbrio de poder. Relações negligentes ou abusivas, baseadas em estereótipos e/ou
concepções idealizadas, podem ser encontradas em práticas educativas na família, na
instituição ou na escola. A privação relacional não é exclusiva deste ou daquele contexto
ecológico. Segundo Bronfenbrenner (1991), a privação social pode estar presente em
diferentes espaços ecológicos e constituirse na falta de interações com outras pessoas.
Diante disso, seja qual for o contexto (família, instituição ou escola), este pode se
configurar como risco ou proteção. No entanto, isto dependerá da qualidade das relações
e da presença de afetividade e reciprocidade que tais ambientes propiciarem. Quando
houver conexões positivas, como algumas descritas ao longo deste artigo, entre os
contextos e/ou dentro deles, certamente haverá a possibilidade de se acionarem
processos de resiliência que favoreçam a melhoria da qualidade de vida, da saúde e a
adaptação das pessoas e da sociedade.

Modelo de habilidades de vida


Consiste em favorecer o desenvolvimento de um conjunto de 10
competências, sendo agrupadas em categorias que se complementem.
1- Auto-conhecimento
2- Empatia
3- Comunicação eficaz
4- Relacionamentos interpessoais
5- Tomada de decisões
6- Resolução de problemas
7- Pensamento criativo
8- Pensamento crítico
9- Lidar com sentimentos e emoções
10-Lidar com o stress

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