Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Há pelo menos duas maneiras de enxergar os velhos. As duas dependem do lugar que
ocupem os velhos no tipo de sociedade..
Há culturas em que os mais velhos são vistos como guardiões da tradição e do saber; é o
que acontece entre os povos primitivos, de tipo tribal. É o que acontecia também na China e
Japão. Neste caso gozam de especial consideração e respeito, além de autoridade social.. Essa
consideração não deriva de suas posses e riqueza, embora não exclua necessariamente esses dois
fatores.
Há cultura em que são avaliados segundo o status social, suas posses e sua importância
no exercício do poder. Caos sejam poderosos ou gozem de uma posição de respeitabilidade
usufruem os privilégios correspondentes a sua influencia social. Caso pertençam a setores
modestos e pobres são vistos como um peso e um ônus, sofrendo uma notória desconsideração. È
o que acontece com os idosos na sociedade ocidental, notoriamente a partir da ascensão do
capitalismo, sistema que avalia as pessoas segundo seu papel no processo produtivo e na sua
capacidade de gerar riquezas.
A velhice é vista e experimentada pelos idosos segundo alguns fatores que estão
caracterizando esta etapa de suas vidas.
A história pessoal, também é um fator importante, pois todo o presente depende em parte
considerável do passado. Como em outras etapas da vida, saber lidar corretamente comas
adversidades e conflitos da vida depende em boa medida dom potencial criativo da pessoa.
1
Saber ou não conviver com a progressiva decadência inerente a esta etapa se relaciona com
o grau de desenvolvimento alcançado pelo individuo.
Os velhos entre 70 e 75 ainda mantém uma visão positiva da vida, mas sempre que estejam
presentes em suas vidas pelo menos três fatores: saúde, presença da família, especialmente,
estabilidade material razoável. Não basta que esses fatores estejam presentes se não tem havido
um desenvolvimento básico nos últimos anos. Eles são fatores coadjuvantes importantes, mas não
são determinantes. Pessoas que apresentar problemática psicológica desde etapas anteriores ou
apresentam traços caracteriais inconvenientes para a convivência e o bem estar pessoa tendem
agravar sua situação, aumentando suas dificuldades.
As pessoas que alcançaram uma certa sabedoria tendem a olhar os aspectos positivos
destacando sua importância e a ver a negatividade – o lado nada amável da vida- com o parte dos
ossos do oficio na arte de viver, sem sentir-se amedrontado pelo seu inevitável assédio.
Quem carrega o fardo das frustrações e das perdas, de conflitos não resolvidos, dificilmente
jogará no lixo esse fardo; quem carrega uma pobre imagem de si e uma visão amarga do ser
humano dificilmente mudará nesta etapa final.
Embora a velhice implica uma gradual decadência biológica existe uma fração
considerável de pessoas que se mostram satisfeitas e bem adaptadas besta etapa.
Em nossa cultura tende-se a enxergar a velhice como um inverno da vida, como uma
etapa de mal estar e deficiências que implicam sofrimento físico e psicológico. Esta idéia parece
verdadeira para uma fração majoritária da população (mais de 50%) sobretudo após os 75 anos,
mas outra porcentagem de 25 a 30% - consegue levar uma vida saudável, satisfatória, bem
adaptada a sua situação, embora experimentem as limitações e sofram algumas deficiências.
Essas pessoas se consideram contentes com sua realizações e suas perspectivas de vida. Uma
outra fração (uns 20%) tendem a oscilar entre períodos de franco desagrado pelos aspectos
menos amáveis desta idade e uma resignação tranqüila e até bem humorada nos períodos mais
afortunados.
O fato de enfatizarmos os aspectos mais problemáticos da senectude não implica ignorar
que nenhuma etapa da vida se impõe de maneira uniforme para todas as pessoas; pelo contrário,
sempre é possível distinguir três ou mais grupos com notórias diferenças entre si.
É provável que mesmo nas melhores fases da vida encontremos os que vêem com
pessimismo e desconfiança a boa colheita, os que celebram os bons frutos e os que consomem os
frutos sem experimentar o seu sabor.
2
2- O MODO DE ENFRENTAR OS DESAFIOS E DIFICULDADES DA VELHICE
DEPENDE DO GRAU DE DESENVOLVIMENTO PESSOAL.
Os planos a ser aprimorado pelo individuo se relacionam com alguns fatores básicos que
configuram a personalidade. Se estes fatores têm sido devidamente cuidados visando a melhor
adaptação aos desafios e adversidade inerente á vida, então é provável que a pessoa enfrente os
achaques e deficiência da velhice em condições que amenizem seus aspectos mais negativos.
1. Os fatores caracteriais:
As crenças: são os pressupostos existenciais que sustentam a pessoa. O tipo de crença que
sustenta uma pessoa revelam aspectos importantes de sua orientação vital.
Há crenças negativas que predispõem ao sujeito para o malogro pessoal “as pessoas não
prestam”, “é preciso levar vantagem em tudo”, “uma bela aparência é tudo na vida”, “quem
está fora do padrão não tem chances”.
3
Valores centralizados em objetivos predominantemente materiais, hedônicos e práticos
são insuficientes para uma orientação de vida que almeje um aprimoramento de si. Ter coisas
usufruir do máximo de conforto, gozar de agrados sensoriais (sexo, comida, diversões, satisfação
de desejos banais) são compreensíveis numa sociedade capitalista que estimula o consumismo e
que considera o sucesso material como maior objetivo de um indivíduo. Contudo, valores
assentados nessas metas não abrem porta para outros planos da existência: para as grandes
conquista do espírito humano: a ciência, a filosofia, as artes, a religião, a política.
3. Fator motivacional
Fator corporal: cuidado preventivo com a saúde, hábitos e praticas que fomentem
as defesas orgânicas e o sentido de bem estar.
4
O grau de desenvolvimento pessoal é um processo complexo; seu aprimoramento é
uma tarefa que poucas pessoas levam a serio, descuidando os mais diversos aspectos. O descuido
resulta, assim num despreparo geral do individuo, deixando-o bastante vulnerável, propenso a
uma previsível e provável falência numa etapa especialmente problemática.
Há traços de caráter que precisam ser estimulados. Certamente a flexibilidade e o
raciocínio para ponderar as coisas é melhor que atitudes rígidas e meramente emocionais. Um
certo senso critico facilita uma melhor analise dos problemas que uma visão ingênua e
convencional.
Sentimentos de simpatia e de solidariedade para com o próximo facilitam um melhor
entendimento interpessoal. Crença e valores consistentes, baseados num conhecimento correto da
realidade e de si mesmo, permitem encarar as decepções e frustrações inevitáveis com
integridade, sem sentir-se esmagado pela má sorte ou pela maldade humana
Dimensão corporal
Relacionamento Interpessoal
Dimensão Afetiva
5
Aparecimento de sentimentos negativos em todas as áreas;
Tendências regressivas e depressivas;
Freqüente sentimento de solidão e isolamento
Preocupação com a saúde, situação financeira e a morte;
Apego à crença religiosa como forma de amparo;
Dimensão motivacional:
Dimensão espaço-temporal:
Consciência de si:
6
A maioria centralizou seus interesses na profissão ou no ofício; uma vez desligados
dessas atividades ficam como barco a deriva.
O idoso precisa reinventar sua vida de acordo com maior liberdade que dispõe nesse
estágio; inclusive precisa outorgar-se o direito de levar uma vida puramente
contemplativa, sem fazer nada, o que é muito difícil para os indivíduos que se
condicionaram durante anos a estar sempre ocupado em suas tarefas.
Uma das tarefas que precisa enfrentar o indivíduo neste período da vida é como
preencher o tempo livre com atividades que o mantenham em contato com o todo
social, e com setores que de uma maneira mais concreta lhes permitam uma forma de
realização e satisfação pessoal.
Cada idade impõe novos papéis. Assim como existe o papel de individuo jovem
também existe o papel de pessoa velha. Assumir esse papel não é nada fácil para a
maioria das pessoas.
Depois dos 60 anos os netos são uma fonte de alegria. As mulheres tem menos
dificuldades do que os homens parta incorporar esse papel. Para elas os netos
equivalem a recuperar os filhos na época da infância.
Na América Latina pelo menos dois terços dos velhos pertencem aos setores
proletários. Recebem uma aposentadoria mínima que apenas dá para uma
alimentação básica e de má qualidade. Além do que, todo o sistema de previdência
social mantido pelo estado está em franca falência.
7
Como está aumentando o número de idosos no mundo todo, prevê-se que a
situação material dos idosos continuará agravando-se no futuro.
4- Dificuldades relacionadas com a perda da (do) parceira (o) e dos amigos. Com a
conseqüente aceitação do sentimento de solidão.
8
Outro aspecto implica a dificuldade para relacionar-se e compreender a nova
geração, o que o leva a sentir-se um estranho num mundo diferente ao seu tempo.
Em geral existem barreiras intergeracionais.
Outros procuram contato com algum animal doméstico; o cachorro continua sendo
o grande companheiro quando os amigos desceram numa estação anterior.
Numa pesquisa realizada: 50% das senhoras desta faixa etária afirma não desejar nem
querer ter relações sexuais – 28% não tem e gostariam de ter. Nos homens as cifras são
diferentes: somente 20% confessam não ter e nem desejar ter – 40% tem um bom
relacionamento – dos 40% restantes: 25% desejaria ter e 15% tem raras vezes.
A vontade de ter uma parceira é notoriamente mais forte nos homens, sendo eles
os que mais sofrem neste aspecto.
Certamente a libido neste período é bem menor do que nos estágios anteriores,
mas mesmo assim o homem enxerga a vida com melhor disposição se existe uma
mulher que motive sua abertura para o chamado da espécie e para momentos de
ternura.
Forma parte da caricatura social afirmar que os temas favoritos dos velhos são os
remédios, o hospital, as doenças. É compreensível que em eventuais reuniões
comentem os problemas de saúde que os afetam.
9
8- Temores e dificuldades para lidar e aceitar a proximidade da morte
É uma verdade elementar dizer que não é fácil lidar com a própria morte,
sobretudo quando sentimos que ela esta se aproximando..
A maioria das pessoas prefere deixar para a última hora a preocupação com o
episódio final.
A maioria das culturas a apresenta como algo estranho, temível, geralmente
repelente – a caveira.
Aceitamos em termos a idéia de que somos mortais, mas não que somos um
ser-para-a-morte.
De todas as maneiras após os 60 anos a idéia da morte vai tomando corpo e
ganhando espaço na nossa mente.
A morte tem muitas maneiras de se fazer presente em nosso imaginário.
Provoca muitas imagens, desde as mais terríveis às mais gloriosas. É comum
que suscite os medos associados aos mistérios que sempre envolve todas as
coisas e a própria existência. Pode representar o fim da vida e a passagem para
o nada ou para outra existência. Custa-nos ver o fim como um fenômeno
inteiramente natural, embora racionalmente possamos admitir sua
naturalidade.
Heidegger ensina que é inerente ao existente humano seu ser-para-a-morte;
saber conviver com a finitude é ser autêntico. Vista esta questão desta
perspectiva poucos são os seres autênticos.
Os humanos sabem conviver com a morte dos outros; ainda mais, muitos não
parecem importar-se muito com isso. Todos têm consciência de sua condição
mortal, mas sempre encontra um álibi par afastá-la de suas preocupações.
Somente quando o tempo tem feito os maiores estragos no organismo, depois
dos 90 anos, nos casos mais afortunados, é que começamos a ver a morte como
um alívio dos males do corpo e do cansaço.mesmo em condições deploráveis
não é raro que alguns nonagenários continuem preso ao instinto de
conservação, presente em todas as espécies.
No plano biológico os aspectos negativos também dependem da constituição
física e do estilo de vida levado nos anos anteriores. Pessoas esportivas, sem
vícios alimentares que impliquem excesso de peso, uso de cigarro de de álcool,
tem mais chances de ser pessoas mais salutares.
10
Existem algumas virtudes que tornam a senectude um inverso bem temperado, não
apenas porque a lareira continua acesa em casa, mas porque, os dias cinza não embaçam a
visão das coisas nem as noites mais longas ocultam as estrelas.
Fritz Riemann destaca três virtudes que tornam a estação bastante agradável; a
serenidade, uma nova forma de amar e a capacidade de transcender.
É uma pena que poucos intentem alcançar este estágio. Não esqueçamos que boa
parte do que colhemos no presente foi semeado e cultivado com anterioridade.
REFERÊNCIAS:
11