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Aterro sanitário para disposição final de resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos/SP

Estudo de impacto Ambiental – EIA

4. ALTERNATIVAS LOCACIONAIS E TECNOLÓGICAS

4.1 ALTERNATIVAS LOCACIONAIS

Dentre os objetivos da política ambiental brasileira, que orientam a atuação dos


diversos elementos constituintes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA,
composto por diferentes órgãos da administração pública com atuações específicas,
responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental), percebe-se claramente a
opção pela compatibilização entre desenvolvimento econômico e qualidade ambiental.
A legislação ambiental brasileira traz em seu bojo, como instrumento essencial
para a gestão do meio ambiente, o licenciamento ambiental (LA). Tal instrumento, ao
ser empregado, deve incorporar outros instrumentos de gestão ambiental de modo a se
tornar mais eficaz, e cumprir de modo efetivo com seu papel de instrumento de gestão.
Considerando que a implantação de atividades potencialmente causadoras de
significativo impacto ambiental, caso que se aplica aos aterros sanitários, demanda a
obtenção de licenças ambientais, em diferentes etapas, o estudo para identificação de
áreas destinadas à instalação deste tipo de atividade deve ser guiado por princípios que
tenham por objetivo a determinação da viabilidade ambiental do empreendimento objeto
de estudo, considerando, especificamente, o binômio: tipologia e localização.
Portanto, tornou-se necessário, no presente estudo, identificar, por meio de
metodologias de análise ambiental, se as características inerentes ao empreendimento
proposto são compatíveis com a capacidade de suporte apresentada pelo meio que se
pretende ocupar.
A legislação aplicada à Avaliação de Impacto Ambiental (CONAMA 01/86 e
resoluções correlatas) especifica que sejam avaliadas todas as alternativas de localização
do projeto. Portanto, para o empreendimento em questão, o atendimento à essa
imposição legal, levou a equipe responsável pela elaboração do EIA, a avaliar todo o
território do município de São Carlos visando detectar a existência de sítios aptos a
acomodar o aterro sanitário proposto.
Com base nesses princípios, a metodologia aplicada no presente estudo buscou
classificar o território do município de São Carlos, utilizando os dados disponíveis,
visando identificar áreas aptas em abrigar o empreendimento. Esses estudos forneceram
dados que, sem nenhuma dúvida, subsidiaram a tomada de decisão quanto à localização
de uma área mais adequada para abrigar o empreendimento proposto.

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Resumidamente, o que se avaliou, foi a “reação” do meio frente às solicitações


provenientes da implantação e operação do aterro sanitário que deverá ser instalado no
município de São Carlos e, dessa forma, identificar as áreas que apresentavam
características potencializadas com relação à minimização dos riscos ambientais e
demais impactos de vizinhança inerentes ao empreendimento proposto.
Assumindo-se que o projeto do aterro sanitário proposto, foi elaborado em
conformidade com as recomendações da Associação Brasileira de Normas Técnicas,
órgãos ambientais e com a legislação pertinente, a metodologia para a determinação da
capacidade de suporte do ambiente descrita a seguir é válida para a condição de
implantação da atividade adotando-se as usuais medidas de prevenção de impactos
ambientais aplicáveis a empreendimentos dessa tipologia (impermeabilização adequada,
coleta e tratamento de líquidos e gases, operação do aterro, entre outras).
Na determinação da aptidão do meio para implantação de empreendimentos e
desenvolvimento de atividades humanas deve-se tomar como premissa básica o fato de
que as características dos meios físico, biológico e antrópico conferem, para cada
parcela de território, maior ou menor potencial (ou, em oposição, menor ou maior
restrição) para as diferentes tipologias de ocupação.
É possível (e desejável) lançar mão de instrumentos de gestão ambiental para
orientar a tomada de decisão por parte do empreendedor quanto à área a ser escolhida
para acomodar seu empreendimento. Sob este aspecto, instrumentos como a avaliação
de impactos ambientais e o zoneamento ambiental, aplicados num momento anterior à
decisão, e combinados ao procedimento usual de licenciamento ambiental pelo qual o
empreendimento deverá necessariamente trafegar, garantem (ou devem garantir) a
viabilidade ambiental do empreendimento a ser instalado.
Para o aterro em questão, assumiu-se que a combinação de fatores como
conformação do relevo, tipos de solos, formações geológicas, recursos hídricos, entre
outros, determinam a capacidade (ou aptidão) do meio em acomodar certas atividades
humanas de forma que os impactos dessas atividades não ultrapassem os níveis aceitos
pela sociedade e/ou impostos pela legislação. Por outro lado, outros fatores como infra-
estrutura de transporte ou presença de aglomerados urbanos também foram priorizados
como elementos que potencializam ou restringem a aptidão do meio para tais atividades.
Em relação especificamente à identificação de áreas que apresentavam
capacidade de suporte ambiental para acomodar um aterro sanitário que atendesse à
demanda atual e futura do município, considerou-se as características quali-quantitativas

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dos resíduos sólidos que deverão ser dispostos no local, admitindo-se que os principais
impactos potenciais gerados pela atividade em questão são: a contaminação do solo,
subsolo e das águas (superficiais, sub-superficiais e subterrâneas); a geração de gases e,
conseqüentemente, de odores; e a erosão do solo devido à movimentação de terra. Além
destes, foram considerados ainda, outros impactos intrínsecos a este tipo de
empreendimento, relacionados a aspectos sócio-econômicos (desvalorização das terras
ao redor da área selecionada, interferências em comunidades rurais por aumento no
tráfego de veículos, mobilização de forças antagônicas ao processo de implantação do
aterro pelo conhecido efeito NIMBY do inglês "não em meu quintal”.

4.1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Este item apresenta a descrição dos trabalhos efetuados para a elaboração do


estudo para determinação da aptidão do território para implantação de um novo aterro
sanitário que atenda ao Município de São Carlos, conforme contrato celebrado entre a
Prefeitura Municipal de São Carlos (PMSC) e a Fundação para o Incremento da
Pesquisa e do Aperfeiçoamento Industrial (FIPAI).
O “Estudo para localização do aterro sanitário para o município de São
Carlos-SP” foi desenvolvido em três fases distintas, a saber:

I. Revisão bibliográfica e de legislação aplicada para identificação dos principais


fatores ambientais considerados em estudos semelhantes; levantamento dos dados
espaciais disponíveis, identificação da escala de trabalho e digitalização da base de
dados geográfica;

II. Definição de critérios de ponderação para os fatores ambientais pertinentes;


realização de reunião pública para discussão e estabelecimento dos critérios; trabalhos
de campo para a aferição e atualização da base de dados;

III. Sobreposição das informações, trabalhos de campo para verificação das


áreas indicadas como aptas e elaboração do relatório final.

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4.1.2 DESENVOLVIMENTO

4.1.2.1. FASE I

A finalidade desta fase foi definir os fatores ambientais de interesse para a


realização do estudo de localização de áreas para a implantação do novo aterro sanitário
de São Carlos. Para tanto, duas condições foram consideradas essenciais:

- A identificação das principais considerações referentes aos critérios para a


seleção de áreas para implementação de aterros sanitários, segundo
diferentes instituições e centros de pesquisa nacionais e internacionais;

- A existência de dados em quantidade e qualidade compatível com os


objetivos do estudo a ser realizado.

Valendo-se das bases de artigos científicos à disposição para pesquisa


bibliográfica, identificou-se uma grande quantidade de trabalhos, que foram
devidamente avaliados e sistematizados. Com relação à produção acadêmica, verifica-se
que as Universidades situadas em São Carlos – USP e UFSCar – contribuem com uma
grande quantidade de conhecimento específico para o tema em questão, com destaque
para os programas de pós-graduação em Geotecnia (EESC/USP), Hidráulica e
Saneamento (EESC/USP), e Engenharia Urbana (UFSCar).
Além disso, foram empregadas outras fontes de referência para a identificação
dos fatores ambientais intervenientes nos estudos de localização: normas técnicas
(ABNT, sobretudo), manuais editados por órgãos públicos (especialmente no âmbito do
Ministério do Meio Ambiente – MMA e da Secretaria do Estado do Meio Ambiente do
Estado de São Paulo – SMA-SP) e, evidentemente, a legislação aplicada.
A bibliografia consultada permitiu identificar ao menos duas grandes formas de
abordar a questão da localização de aterros sanitários, diferenciadas pelo teor dos
elementos considerados primordial aos estudos:

- Abordagem de natureza técnico-operacional, que se vale de critérios


relacionados ao desempenho operacional do empreendimento no que diz
respeito ao cumprimento de requisitos legais (exigências dos órgãos de meio
ambiente, normas específicas, etc.) e econômicos (distância ao centro

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gerador, custo para a desapropriação da área, existência de material para


cobertura próximo à área escolhida, etc.);

- Abordagem de natureza socioambiental, que incorpora, em primeiro plano,


preocupações relacionadas ao desempenho ambiental do empreendimento,
especialmente quanto aos impactos ambientais potenciais (meios físico,
biológico e antrópico) relacionados ao empreendimento, considerando-se o
risco associado às suas diferentes fases (implantação, operação e
encerramento), sobretudo pela possibilidade de falhas nas medidas
tecnológicas de proteção adotadas.

Além destas, também foi considerado relevante a natureza política do processo


de seleção de áreas, associada a empreendimentos dessa tipologia (que despertam,
invariavelmente, reações contrárias por parte dos diferentes segmentos sociais e grupos
políticos direta ou indiretamente afetados pelo empreendimento).

4.1.2.1.1. Referências

- Referências Acadêmicas:

A partir das referências consultadas foi possível estabelecer um panorama


relacionado ao modo como diversos pesquisadores têm tratado o tema da seleção de
áreas para implantação de aterros sanitários. Considerando trabalhos semelhantes
aplicados no entorno da região de São Carlos, algumas referências são brevemente
comentadas a seguir.
Zuquette et al (1994) apresentam uma ponderação específica aplicada à região
de Piracicaba para a seleção de áreas para implantação de aterros sanitários, procurando
uma adequação frente às condições brasileiras, que implicam em obtenção de
informações em escala regional a local, situada entre 1:100.000 e 1:25.000. Os autores
apresentam uma matriz de ponderação contendo 34 atributos (relacionados aos fatores
substrato rochoso, materiais inconsolidados, recursos hídricos, relevo e características
climáticas), a serem considerados nos estudos de localização, definindo para cada
atributo um intervalo associado ao grau de adequação para a implantação de um aterro
sanitário. Basílio (2001), utilizou esta metodologia para a seleção de áreas para
implantação de aterros sanitários na região de Campinas.

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Aplicados especificamente na região de São Carlos, destacam-se os trabalhos de


Muro (2000) – que avalia o território de São Carlos, acrescentando à metodologia de
Zuquette et al (op. cit) uma ponderação sobre a distância às áreas urbanas –, e de
Marques (2002) – que propõe modificações na metodologia referida, valendo-se dos
mesmos fatores à exceção das características climáticas, aplicando à folha Araraquara
(IBGE, 1:50.000).
Pfeiffer (2001) apresenta uma revisão relativa a diferentes critérios empregados
para a escolha de áreas para a implantação de aterros sanitários. A autora parte de uma
ampla gama de trabalhos, para estabelecer um conjunto de critérios apresentado como
sendo os mais representativos dentre os trabalhos analisados. Ao final, propõe uma
matriz de ponderação para aplicação na região de Ribeirão Preto (SP) baseada nos
fatores geologia/hidrogeologia, topografia, distância a águas superficiais, tipos de solo,
uso do solo, distância a áreas urbanas e infra-estrutura viária.

- Normas, orientações de órgãos ambientais e legislação:

A norma brasileira ABNT/NBR 13896, editada em 1997, fixa condições


mínimas exigíveis para projeto, implantação e operação de aterros de resíduos não
perigosos, de forma a proteger adequadamente as coleções hídricas superficiais e
subterrâneas próximas, bem como os operadores destas instalações e populações
vizinhas. Determina que o local para a implantação de um aterro sanitário deve procurar
ser compatível com: a minimização do impacto ambiental causado pela sua instalação; a
maximização da sua aceitação por parte da população; o zoneamento da região; a
possibilidade de utilização por um longo período de tempo; a possibilidade de iniciar as
operações o mais breve possível com a menor quantidade de obras. Importante destacar
que a referida norma trata dos critérios como elementos recomendados e exigidos.
A SMA-SP (2005) apresenta algumas considerações para a implantação de
aterros sanitários em vala. Ainda que esta forma de disposição final seja considerada
uma alternativa aceitável para municípios de pequeno porte (não sendo recomendada,
portanto, para o município de São Carlos devido aos riscos associados à sua operação),
os critérios elencados se mostram úteis para a discussão proposta.
O Ministério do Meio Ambiente (MMA), por meio do Fundo Nacional do Meio
Ambiente (FNMA), tem financiado a implantação de aterros sanitários. Em publicação
intitulada “Fomento a projetos de ordenamento da coleta e disposição final adequada

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de resíduos sólidos – orientações básicas para solicitação de recursos” o MMA


recomenda a observação de alguns critérios para a seleção da área, como passo inicial
para a elaboração do projeto de aterro.
A Portaria MINTER no 124/80 estabelece normas para localização e construção
de instalações que armazenem substâncias potencialmente causadoras de poluição
hídrica. Ainda que editada especificamente para regular a instalação de indústrias
potencialmente poluidoras, verifica-se sua aplicabilidade para o empreendimento em
questão, ao estabelecer que “as construções ou estruturas que armazenam substâncias
capazes de causar poluição hídrica, devem ficar localizadas a uma distância mínima de
200 (duzentos) metros das coleções hídricas ou cursos d’água mais próximos”.
A Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) no 04, de 09
de Outubro de 1995, com base na Portaria no. 1.141/GM5 de 08 de Dezembro de 1987
(Ministério da Aeronáutica), estabelece que as “atividades de natureza perigosa,
entendidas como ‘foco de atração de pássaros’, como por exemplo, matadouros,
curtumes, vazadouros de lixo, culturas agrícolas que atraem pássaros, assim como,
quaisquer outras atividades que possam proporcionar riscos semelhantes à navegação
aérea“ devem ser mantidas fora dos limites da Área de Segurança Aeroportuária,
delimitada por um raio de 13 km a partir do centro geométrico do aeroporto, no caso de
aeroportos que não operem por instrumentos. A referida Resolução deixa claro que esse
raio poderá ser modificado a critério da autoridade aeronáutica competente de acordo
com as características de um determinado aeródromo.

4.1.2.1.2. Síntese das informações – identificação dos fatores ambientais intervenientes

O Quadro 4.1 a seguir, apresenta uma síntese dos critérios utilizados para a
escolha de áreas para a implantação de aterros sanitários a partir do material consultado.

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Quadro 4.1 – síntese dos critérios para localização de aterros sanitários


Fatores
Autores Geologia Uso do Recursos hídricos Acesso à Distância a
Solo Relevo Outros
Hidrogeologia solo superficiais área núcleos urbanos
ABNT (1997) Vida útil, custos, profundidade do lençol
Distância de poços de água usados para
Basagaoglu et al (1997) *
abastecimento público; atividade sísmica
Características climáticas (pluviosidade, direção
Basílio (2001)
dos ventos, evapotranspiração)
Distância de poços de água de abastecimen-to
Charnpratheep et al (1997) público; sítios arqueológicos; distância de
rodovias
Kao & Lin (1996) Custos; distância de áreas naturais ou históricas
Karthikeyan et al (1996) * –
Distância de áreas naturais protegidas e de
Leao et al (2001)
rodovias
Distância do centro gerador, infraestrutura
disponível, restrições legais, custos,
Mahler & Lima (2003)
evapotranspiração e pluviosidade, distância da
fonte de material para recobrimento
Marques (2002) –
Vida útil; distância de Unidades de Conservação;
distância do centro gerador; custos;
MMA (2002)
disponibilidade de solo para imper-meabilização;
aceitação pela comunidade
Características climáticas (pluviosidade, direção
Muro (2000)
dos ventos, evapotranspiração)
Distância de rodovias, ferrovias, aeroportos,
Sener et al (2005)
dutos, linhas de transmissão
Distância de aeroportos, residências ou núcleos
Siddiqui et al (1996) de residências e de áreas usadas por espécies
ameaçadas
Profundidade do lençol freático, distância de
SMA (2005) habitações isoladas, vida útil, ventos
predominantes
Souza (1999) Vida útil da unidade, distância de rodovias
Tsuhako (2004) Distância de rodovias
Características climáticas (pluviosidade, direção
Zuquette et al (1994)
dos ventos, evapotranspiração)
* apud Pfeiffer (2001)

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4.1.2.1.3. Elaboração da base de dados cartográficos

A escolha do local para a implantação do empreendimento em questão observou,


num primeiro momento, a avaliação da capacidade do meio em suportar, mitigar ou
eliminar seus principais impactos. Procurou-se avaliar, de modo preliminar, qual a
“reação” do meio diante da “solicitação” imposta pela atividade.
Tomando como base as características relacionadas à implantação e operação de
um aterro sanitário, as informações relacionadas aos fatores ambientais considerados
como de maior interesse para o estudo a ser elaborado considerou, num primeiro
momento: estrutura e profundidade do solo, formações geológicas presentes (substrato
rochoso), conformação do relevo (declividade), rede de drenagem e uso/ocupação das
terras.
A área definida como sendo de interesse para o estudo compreendeu todo o
município de São Carlos, que apresenta uma superfície aproximada de 1.140 km². Desta
feita, os materiais cartográficos, que foram aplicados no estudo para a composição de
sua base de dados primária, estão descritos no Quadro 4.2.

Quadro 4.2 – Fatores ambientais considerados para a determinação da aptidão ambiental do


território para disposição final de resíduos domiciliares e materiais cartográficos utilizados.

Fator Ambiental Fonte dos dados


Geologia Mapa de Substrato Rochoso, escala 1:50.000 (Muro, 2000).
Carta pedológica semi-detalhada do Estado de São Paulo, escala 1:100.000 (IAC/IGC,
Solos
1989): quadrículas de São Carlos, Descalvado e Brotas.
Relevo e Carta do Brasil (Fundação IBGE, 1971): folhas Corumbataí, Descalvado, Ibaté, Porto
Hidrografia Pulador, Ribeirão Bonito e São Carlos – escala 1:50.000.
Infra-estrutura Folhas IBGE (acima) atualizadas sobre imagem de satélite CBERS-2 (novembro de
viária básica 2005) e complementadas com informações da Prefeitura Municipal.
Uso e ocupação do Interpretação e classificação de imagens orbitais (CBERS-2 e fotos aéreas),
solo complementadas por trabalho de campo a ser efetuado pela equipe.

Para a elaboração do mapa de aptidão para a disposição final de resíduos


domiciliares – também chamado neste trabalho de “Zoneamento Ambiental para
localização de aterro sanitário” – foi empregado o método da sobreposição de mapas.
A manipulação dos dados geográficos, a combinação dos fatores de interesse e a

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visualização de cenários foram realizadas a partir dos softwares de Sistemas de


Informações Geográficas (SIG) IDRISI v. 14.1 Kilimanjaro e Cartalinx v. 1.2.
O material cartográfico em formato analógico (papel), convertido para o meio
digital em mesa digitalizadora Summagrid IV, tamanho A1, possibilita a geração de
diversos planos de informação (mapas temáticos) em formato vetorial para cada um dos
fatores ambientais considerados. Os arquivos vetoriais são, posteriormente,
transformados para o formato matricial para serem manipulados e submetidos às
operações necessárias para a sua sobreposição.
Os mapas para os fatores ambientais descritos no Quadro 4.2, gerados em meio
digital, são apresentados ao final.

4.1.2.2. FASE II

4.1.2.2.1. Definição dos critérios de ponderação para os fatores ambientais

Em função do objetivo específico e da escala de trabalho nessa fase, a


metodologia adotada baseou-se em aspectos qualitativos.
Como uma das premissas do trabalho é que todo o território do município seja
considerado como área de estudo – ou seja, não são pré-definidas alternativas
locacionais para o empreendimento –, foram necessárias duas etapas (ou
“aproximações”). A primeira delas, em escala mais generalizada, visa identificar, em
todo o território, quais as áreas com maior aptidão para receber o empreendimento, de
modo a pré-selecionar locais nos quais estudos mais detalhados serão necessários para
confirmar ou não tal aptidão. Conforme mencionado anteriormente, os estudos da
primeira aproximação (abordagem qualitativa) foram elaborados com base em
levantamentos/mapeamentos oficiais existentes ou pesquisas acadêmicas disponíveis,
atualizados com trabalhos de campo.
Já os estudos que compõem a segunda aproximação (abordagem quali-
quantitativa) foram elaborados em escala mais detalhada. O mapa resultante da primeira
aproximação obtido ao final da terceira fase desse trabalho é apresentado com a
indicação das áreas onde deverão ser realizados tais estudos.
Importante salientar que esta metodologia foi apresentada e discutida na 38a
Reunião Ordinária do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente de São Carlos

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(COMDEMA-SC) realizada em 15 de dezembro do presente ano1, no auditório da


Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de São Carlos – AEASC. Na
ocasião, os conselheiros do COMDEMA-SC e a sociedade em geral tiveram
oportunidade de conhecer e debater a proposta trazida pela equipe e apresentar
sugestões de fatores a serem considerados nas duas aproximações.
O Quadro 4.3 lista os fatores prioritários a serem considerados para a
determinação da aptidão do território do município de São Carlos para a localização do
aterro sanitário discutidos na reunião do COMDEMA-SC.

Quadro 4.3 – Fatores a serem considerados em cada uma das aproximações para a determinação
da aptidão do território para a localização do aterro sanitário.

Primeira aproximação Segunda aproximação

- Formações geológicas de superfície - Presença de comunidades / núcleos


- Solos rurais
- Relevo - Aspectos geotécnicos (hidrogeologia,
- Águas superficiais espessura do material inconsolidado,
- Áreas de vegetação nativa identificação de falhas, etc.)
- Áreas urbanas - Infra-estrutura (viário, energia, etc.)
- Aeroportos / aeródromos - Ventos predominantes
- Áreas com diretrizes de uso diferenciado conforme Plano - Estrutura fundiária
Diretor Municipal
- Unidades de Conservação

Assim, considerando os trabalhos usados como referência na fase anterior e as


contribuições apresentadas durante a reunião do COMDEMA-SC, elaborou-se o Quadro
4.4. Nele estão listados os fatores ambientais a serem observados na primeira
aproximação2 e os diferentes sub-tipos de cada fator considerado. Na coluna da direita é
atribuída uma classificação qualitativa quanto à aptidão de cada sub-tipo para receber o
empreendimento em questão.

1
Este trabalho foi realizado entre os anos de 2005 e 2006.
2
Com exceção das áreas com diretrizes de uso diferenciado conforme Plano Diretor Municipal e das
Unidades de Conservação, que são tratadas mais adiante no texto.

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Quadro 4.4 – Fatores ambientais considerados na primeira aproximação e classe de aptidão


atribuída aos sub-tipos.

Fator ambiental Classe de aptidão

Formação Corumbataí Alta


Formação Serra Geral (Derrames basálticos, diques e
Formações geológicas de Média
sills)
superfície
Grupo Bauru e Formações Botucatu e Pirambóia Baixa
Aluviões Inapta
Latossolos eutroférrico, distroférrico e vermelho Alta
Latossolo vermelho-amarelo; Argissolos e
Média
Solos Nitossolos
Neossolos Litólico e Quartzarênico Baixa
Gleissolos Inapta
Declividade entre 2 e 8% Alta
Declividade inferior a 2% ou entre 8 e 15% Média
Relevo
Declividade entre 15 e 20% Baixa
Declividade superior a 20% Inapta
Distância superior a 300 metros em relação aos
corpos d’água superficiais (rios, córregos, lagos,
Apta
represas etc.) e aos solos sob influência do lençol
freático
Distância inferior a 300 metros em relação aos
Águas superficiais
corpos d’água superficiais (rios, córregos, lagos,
Inapta
represas etc.) e aos solos sob influência do lençol
freático
Áreas de manancial (APREM do Feijão e APREM
Inapta
do Espraiado)
Ausência de vegetação nativa Apta
Presença de vegetação nativa (cerrado, vegetação de
Áreas de vegetação nativa várzea, áreas em estádio clímax ou em estádios
Inapta
médio ou avançado de regeneração de Mata
Atlântica)
Locais situados a distâncias superiores a 2.000
metros de áreas urbanizadas ou do perímetro urbano, Apta
incluindo distritos e condomínios
Áreas urbanas Área urbanizada ou dentro do perímetro urbano e
locais situados a distâncias inferiores a 2.000 metros
Inapta
de áreas urbanizadas ou do perímetro urbano,
incluindo distritos e condomínios

O Quadro 4.5 mostra as possíveis combinações entre os fatores “formações


geológicas de superfície”, “solos” e “relevo” e a classe de aptidão adotada para cada
combinação. Como os demais fatores apresentam apenas as opções “apta” ou “inapta”,
as classes de aptidão atribuídas em decorrência da combinação dos 3 fatores citados
permanecerão caso o local também seja apto para todos os outros fatores. Por outro
lado, caso um determinado local seja classificado como inapto para qualquer um dos
fatores, o local é considerado inapto.

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Conforme pode ser observado, adotou-se uma postura conservadora em relação à


proteção de águas subterrâneas, a fim de minimizar os riscos de contaminação por
percolados provenientes do futuro aterro sanitário.
Também merece destaque a adoção de duas classes de “média-alta” aptidão, nas
quais o “fator limitante” é atribuído ora ao relevo, ora à formação geológica.
Considera-se que, em se tratando de áreas com alta aptidão em relação aos
fatores geologia e solos, e média aptidão para o fator relevo, as soluções técnicas para
contornar tal limitação são pouco complexas, envolvendo, basicamente, intervenções de
engenharia (terraplenagem e drenagem, por exemplo). Daí, nesse caso, a classificação
da área na categoria de média-alta aptidão/fator limitante relevo.
Já no caso de áreas com alta aptidão em relação aos fatores solos e declividade e
média aptidão para o fator geologia, utiliza-se a classe de média-alta aptidão/fator
limitante geologia para reforçar a necessidade dos estudos geotécnicos (que assegurem a
inexistência de rochas fraturadas, por exemplo) a serem realizados em escala mais
detalhada (segunda aproximação).
As áreas com diretrizes de uso diferenciado conforme Plano Diretor Municipal,
a princípio, não foram objeto de ponderação nem consideradas inaptas. Entretanto, em
função dos objetivos que justificaram sua criação, no mapa final tais áreas serão
destacadas de modo a auxiliar na tomada de decisão. De acordo com o Plano Diretor
Municipal, consideram-se de uso diferenciado as seguintes áreas: Zona 6 (Produção
agrícola familiar) e Áreas de Especial Interesse turístico, histórico e ecológico.
De forma semelhante, a priori, não foram consideradas inaptas as áreas situadas
em um raio de 13 quilômetros ao redor do aeroporto Mário Pereira Lopes e do
aeródromo existente em propriedade particular nas proximidades da rodovia Ayrton
Senna, em Itirapina, sendo tais circunferências indicadas no mapa final que auxiliaram
na tomada de decisão.
Em relação às modalidades de áreas especialmente protegidas definidas pelo
Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC – Lei 9.985/00), no Município
de São Carlos observa-se a existência de apenas uma UC: a Área de Proteção Ambiental
de Corumbataí-Botucatu-Tejupá (perímetro Corumbataí)3. Esta UC foi criada pelo
Decreto Estadual 20.960/83 e abrange total ou parcialmente 32 municípios. Grande

3
A Estação Ecológica de São Carlos, apesar do nome, tem todo o seu perímetro situado no Município de
Brotas. Não apresenta um plano de manejo definido, e portanto não há uma delimitação de sua área de
amortecimento.

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parte da área desta UC situada no Município de São Carlos corresponde à bacia


hidrográfica do Ribeirão do Feijão. Por tratar-se de um manancial, essa bacia
hidrográfica é considerada inapta para a implantação de um aterro sanitário (conforme
classificação no Quadro 4.4).

4.1.2.2.2. Trabalhos de campo

Nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2005 foram realizados


trabalhos de campo a fim de verificar se os dados extraídos de mapas e imagens oficiais
ou obtidos por outros pesquisadores no Município ou região condizem com a atual
realidade do Município. Ao todo, até o final dessa fase, foram percorridos cerca de 800
quilômetros ao longo do território municipal conferindo-se informações como uso e
ocupação do solo, presença de vegetação nativa e infra-estrutura implantada. Também
foram coletadas coordenadas para 47 pontos de controle para o georeferenciamento de
imagens do satélite CBERS-2 (sensor CCD, adquiridas em 27/11/2005, órbitas-ponto
156_124 e 156_125) (ver anexos V e VI). Tais imagens foram utilizadas para auxiliar
na localização de fragmentos de vegetação nativa, reservatórios, estradas e limites das
áreas urbanizadas e dos condomínios situados nas áreas rurais.
Para a obtenção das coordenadas dos pontos de controle para o
georeferenciamento das imagens utilizou-se um receptor GPS Garmin, eTrex Vista, com
precisão nominal para coordenadas planas variando em torno de 15 metros.

44
Aterro sanitário para disposição final de resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos/SP
Estudo de impacto Ambiental – EIA

Quadro 4.5 – Combinações possíveis entre os fatores “formações geológicas de superfície”,


“solos” e “relevo” e a classe de aptidão adotada para cada combinação.
GEOLOGIA SOLOS RELEVO CLASSE DE APTIDÃO
ALTA ALTA
MÉDIA MÉDIA-ALTA (FATOR LIMITANTE RELEVO)
ALTA BAIXA BAIXA
INAPTA INAPTA
ALTA MÉDIA
MÉDIA MÉDIA
MÉDIA BAIXA BAIXA
INAPTA INAPTA
ALTA
ALTA BAIXA
MÉDIA BAIXA
BAIXA BAIXA BAIXA
INAPTA INAPTA
ALTA INAPTA
MÉDIA INAPTA
INAPTA BAIXA INAPTA
INAPTA INAPTA
ALTA MÉDIA-ALTA (FATOR LIMITANTE GEOLOGIA)
MÉDIA MÉDIA
ALTA
BAIXA BAIXA
INAPTA INAPTA
ALTA MÉDIA
MÉDIA MÉDIA
MÉDIA BAIXA BAIXA
INAPTA INAPTA
MÉDIA
ALTA BAIXA
MÉDIA BAIXA
BAIXA BAIXA BAIXA
INAPTA INAPTA
ALTA INAPTA
MÉDIA INAPTA
INAPTA BAIXA INAPTA
INAPTA INAPTA
ALTA BAIXA
MÉDIA BAIXA
ALTA BAIXA BAIXA
INAPTA INAPTA
ALTA BAIXA
MÉDIA BAIXA
MÉDIA BAIXA BAIXA
INAPTA INAPTA
BAIXA
ALTA BAIXA
MÉDIA BAIXA
BAIXA BAIXA BAIXA
INAPTA INAPTA
ALTA INAPTA
MÉDIA INAPTA
INAPTA BAIXA INAPTA
INAPTA INAPTA
ALTA INAPTA
MÉDIA INAPTA
ALTA BAIXA INAPTA
INAPTA INAPTA
ALTA INAPTA
MÉDIA INAPTA
MÉDIA BAIXA INAPTA
INAPTA INAPTA
INAPTA ALTA INAPTA
MÉDIA INAPTA
BAIXA BAIXA INAPTA
INAPTA INAPTA
ALTA INAPTA
MÉDIA INAPTA
INAPTA BAIXA INAPTA
INAPTA INAPTA

45
Aterro sanitário para disposição final de resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos/SP
Estudo de impacto Ambiental – EIA

4.1.2.3. FASE III

A partir dos critérios estabelecidos na fase anterior, apresentados nos Quadros


4.4 e 4.5, a aptidão do território para a instalação de aterro sanitário foi obtida pela
sobreposição das informações relacionadas aos fatores ambientais considerados nessa
primeira aproximação. A Figura 4.1, a seguir, ilustra o resultado obtido para o
município de São Carlos.

Figura 4.1 – Mapa de aptidão do território para implantação de aterro sanitário

46
Aterro sanitário para disposição final de resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos/SP
Estudo de impacto Ambiental – EIA

É possível observar que o território do município de São Carlos não apresenta


áreas de aptidão alta ou média-alta/limitação relevo, segundo os critérios de ponderação
adotados. Além disso, nota-se uma concentração das áreas de maior aptidão (média-alta
aptidão/limitação geologia) na porção centro-norte do município.

4.1.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entendendo que a vida útil indicada para a operação do futuro aterro sanitário de
São Carlos não deve ser inferior a 20 anos (com possibilidade de ultrapassar esse prazo,
caso ocorra a adoção de políticas de minimização de geração e descarte de resíduos), e
levando-se em consideração a atual geração de 160 toneladas diárias de resíduos
domiciliares, a demanda territorial estimada para a implantação do futuro aterro
sanitário foi fixada entre 35 a 50 hectares, já considerando as áreas para disposição dos
resíduos, tratamento dos líquidos coletados, recebimento e pesagem, administração,
além de áreas para a implantação de uma faixa de vegetação para minimização dos
impactos visual e de geração de odores.
A partir dos resultados obtidos pelo zoneamento efetuado, verifica-se a
existência de 106 polígonos com área superior a 1 hectare (polígonos com área inferior
são constituídos de poucos pixels isolados e não serão considerados para efeito de
cálculo) que apresentam aptidão média-alta limitada pela formação geológica (Serra
Geral), apresentando áreas que variam até 844.92 hectares. Destes polígonos, 19
apresentam-se com potencial para a implantação do aterro por atenderem demanda por
área para o empreendimento (superior a 35 hectares), conforme indicado no Quadro 4.6
e ilustrado na Figura 4.2.

Quadro 4.6 – áreas com potencial para implantação do novo aterro sanitário
ID polígono Área (ha) ID polígono Área (ha)
101 844.92 184 71.91
172 401.94 103 62.55
29 379.53 551 47.34
5 216.18 401 44.37
392 171 21 43.56
342 162.99 182 42.57
236 121.32 466 42.48
441 115.74 136 35.64
404 104.94 490 35.64
427 93.24 – –

47
Aterro sanitário para disposição final de resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos/SP
Estudo de impacto Ambiental – EIA

áreas aptas para implantação do novo aterro sanitário


7610000
ID_polígono
5
21
29
7600000 101
103
136
172
182
7590000 184
236
342
392
401
7580000 404
427
441
466
490
7570000 551

rodovias
estradas rurais
ferrovia
alta tensão
7560000

norte

metros
7550000
180000

190000

200000

210000

220000

5000.00

Figura 4.2 – áreas aptas para implantação de aterro sanitário (>35 hectares)

Observando a Figura 4.2, destaca-se o fato de que tais áreas localizam-se – em


sua maioria – dentro dos limites da Área de Segurança Aeroportuária (ASA)
considerando-se um raio de 13 km a partir do centro da pista do aeroporto Mário Pereira
Lopes, o que indica a necessidade de uma consulta à autoridade aeronáutica competente
(conforme a legislação específica) caso a área escolhida para a implantação do aterro
sanitário estivesse situada dentro da ASA.

48
Aterro sanitário para disposição final de resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos/SP
Estudo de impacto Ambiental – EIA

Ao longo dos dias 21, 23 e 26 de dezembro de 2005 foram realizados trabalhos


de campo a fim de verificar in loco a situação das áreas com potencial para implantação
do empreendimento. Foram percorridos, nessa fase, cerca de 450 km e visitados 21
pontos. As informações complementares apresentadas ao final trazem a planilha
elaborada após o trabalho de campo (com informações referentes às coordenadas dos
pontos visitados, e observações referentes à situação da área com relação ao uso e
ocupação do solo, condições de acesso e observações gerais) e o relatório fotográfico
contendo as imagens coletadas nessa fase.
Com base nas informações produzidas no presente estudo (primeira
aproximação), a escolha da área do novo aterro sanitário de São Carlos ainda passou por
outras etapas que possibilitaram um detalhamento das características relativas a
possíveis áreas selecionadas – dentre as áreas indicadas como aptas – a partir de uma
nova gama de critérios que considerou os aspectos físicos (direção dos ventos
predominantes, hidrogeologia, profundidade e características do solo, existência de
fraturas no substrato rochoso, etc.), sociais (estrutura fundiária, uso e ocupação do solo
em nível de detalhe) e econômicos (distância ao centro gerador, condições de acesso,
custo da terra para desapropriações) e, novamente, políticos (fundamentalmente
relacionados à aceitação, pela comunidade, da área indicada).
Ao solicitar o presente estudo, o município demonstrou ter acomodado, no
processo decisório, os elementos básicos ligados à sustentabilidade ambiental.
A localização de atividades realizada a partir da caracterização do meio e da atividade
que se pretende instalar, com a participação da sociedade envolvida na discussão e
definição dos critérios a serem aplicados, é condição essencial para a determinação da
viabilidade ambiental do empreendimento, intrinsecamente relacionada aos preceitos de
um novo paradigma de desenvolvimento, com bases efetivamente sustentáveis.

49
Aterro sanitário para disposição final de resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos/SP
Estudo de impacto Ambiental – EIA

Fatores ambientais intervenientes

Mapa de solos
7610000
Latossolo eutroférrico
Latossolo distroférrico
Latossolo Vermelho
Latossolo Vermelho-Amarelo
Argissolo Vermelho-Amarelo
Argissolo Vermelho-Amarelo (abrúptico)
7600000
Nitossolo
Gleissolo
Neossolo Litólico
Neossolo Quartzarênico
urbana

7590000
metros
norte
5000.00

7580000

7570000

7560000
190000

200000

210000

220000

7550000

50
Aterro sanitário para disposição final de resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos/SP
Estudo de impacto Ambiental – EIA

Mapa de Substrato Rochoso


7610000 aluviões
Grupo Bauru
Fm. Serra Geral (derrames basálticos)
Fm. Serra Geral (diques e sills)
Fm. Botucatu
Fm. Pirambóia
7600000
Fm. Corumbataí
áreas urbanas

7590000
metros
norte
5000.00

7580000

7570000

7560000
190000

200000

210000

7550000

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Aterro sanitário para disposição final de resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos/SP
Estudo de impacto Ambiental – EIA

Topografia
7610000 520
551
583
614
645
676
7600000 708
739
770
801
833
864
7590000 895
926
958
989
1020

7580000
metros
norte
5000.00

7570000

7560000
190000

200000

210000

220000

7550000

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Aterro sanitário para disposição final de resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos/SP
Estudo de impacto Ambiental – EIA

Modelo Digital de Elevação


<500.57
7610000
532.60
564.63
596.66
628.69
660.72
692.75
7600000
724.78
756.81
788.84
820.87
852.90
884.94
7590000
916.97
949.00
981.03
1013.06

7580000 metros
norte
5000.00

7570000

7560000
190000

200000

210000

7550000

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Aterro sanitário para disposição final de resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos/SP
Estudo de impacto Ambiental – EIA

Perspectiva tridimensional, orientada a NW

norte

Perspectiva tridimensional, orientada a NE

norte

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Declividade
0.00
7610000
3.74
7.48
11.22
14.96
18.69
22.43
7600000
26.17
29.91
33.65
37.39
41.13
44.87
7590000
48.60
52.34
56.08
>=59.82

7580000 metros
norte
5000.00

7570000

7560000
190000

200000

210000

7550000

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Aterro sanitário para disposição final de resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos/SP
Estudo de impacto Ambiental – EIA

Documentação fotográfica da 38a Reunião Ordinária do Conselho Municipal de Defesa


do Meio Ambiente de São Carlos (COMDEMA-SC) realizada em 15 de dezembro
de 2005 no auditório da Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de
São Carlos (AEASC).

01 02

Fotos 01 e 02 – Prof. Valdir Schalch apresenta o trabalho aos conselheiros do COMDEMA e ao


público presente

03

Foto 03 – Presentes na reunião do COMDEMA de 15/12/2005 assistem apresentação dos


resultados da primeira fase do estudo para localização do novo aterro sanitário.

56
Aterro sanitário para disposição final de resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos/SP
Estudo de impacto Ambiental – EIA

04 05

06

Fotos 04, 05 e 06 – Equipe técnica esclarece dúvidas e recolhe sugestões dos presentes na
reunião do COMDEMA de 15/12/2005.

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Aterro sanitário para disposição final de resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos/SP
Estudo de impacto Ambiental – EIA

Mapa final – aptidão para localização de aterro sanitário no


município de São Carlos

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Aterro sanitário para disposição final de resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos/SP
Estudo de impacto Ambiental – EIA

Planilha elaborada a partir dos trabalhos de campo realizados para


verificação das áreas indicadas como aptas para a instalação do
aterro sanitário
distância até
ponto coord. X coord. Y uso/ocupação cond. acesso observações
cidade (m)
fazenda Sta. Cecília; área de
01 199239 7582635 pasto; cana 17.750 SP-318 (100 m)
topo; ASA*
Usina Sta. Cruz; área de topo,
02 200570 7583189 cana 19.630 acesso por terra ok indicativos de área habitada;
ASA
03 199576 7584752 cana 19.900 SP-318 Faz. Álamo (?); ASA
plano; habitações próximas
04 200016 7585734 pasto 21.050 acesso por terra ok
com pequenos sítios; ASA
acesso por terra
05 199091 7585938 laranja 21.800 Fazenda Mina; ASA
razoável/ruim
06 200418 7587680 cana 23.320 acesso por terra ok ASA
07 198385 7585054 culturas diversas 20.600 acesso razoável/ruim pequenos proprietários; ASA

08 198385 7585054 culturas diversas; gado 20.600 acesso razoável/ruim pequenos proprietários; ASA

09 198061 7585992 laranja; pasto sujo 21.800 acesso razoável/ruim Fazenda Mina; ASA
pastagens; pecuária Rodovia Abel Faz. Ingamirim; grande
10 206127 7580835 20.350
intensa Terrugi propriedade; ASA
cana; laranja; pasto; Rodovia Abel áreas habitadas; seccionada
11 208648 7588705 28.990
seringueiras Terrugi pela rodovia; ASA; AEI**
Guilherme Scatena;
indicativos de pavimentação
12 205470 7574992 cana; pastagens 14.700 via pedreira
da rodovia; ASA; AEI
Bandeirantes
Rodovia Abel
13 204180 7577965 cana 17.060 Terrugi; acesso terra Fazenda Chile; ASA
ok
Fazenda Colômbia; área
Rodovia Abel
14 205480 7578029 laranja 17.200 seccionada pela rodovia;
Terrugi
ASA; AEI
Rodovia Abel área seccionada pela rodovia;
15 206071 7579550 cana 18.800
Terrugi ASA; AEI
acesso por terra
16 208589 7577509 cana; laranja 21.550 ASA; AEI
razoável
estábulos próximos à represa;
17 208339 7578405 cana 22.800 acesso por terra ruim
ASA; AEI

acesso por terra acesso via Represa da Barra;


18 210970 7586602 cana 29.200
razoável AEI

área habitada próximo à linha


acesso por terra
19 213381 7583955 cana 25.500 de transmissão; Rei Frango;
razoável
AEI
20 190192 7558904 cana 13.900 acesso ok -
21 206028 7571324 cana 8.600 acesso ok ASA; AEI
*ASA – Área de Segurança Aeroportuária ** AEI – Área de Especial Interesse

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Aterro sanitário para disposição final de resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos/SP
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Relatório fotográfico: trabalhos de campo realizados para verificação


das áreas indicadas como aptas para a instalação do aterro sanitário

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FOTO 7

FOTO 8

FOTO 9

FOTO 10

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Estudo de impacto Ambiental – EIA

FOTO11

FOTO 12

FOTO 13

FOTO 14

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FOTO 15

FOTO 16

FOTO 17

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FOTO 19

FOTO 20

FOTO 21

FOTO 22

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FOTO 23

FOTO 24

FOTO 25

FOTO 26

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FOTO 27

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Áreas aptas para implantação do novo aterro sanitário


(1a aproximação)

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