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Direito Das Obrigações I Aulas Práticas

Direito das Obrigações: Práticas

Contrato-Promessa de uma moradia : Caso prático


15-12-2020

A prometeu vender a B, e B prometeu comprar uma moradia pelo valor de 300,000mil euros,
formalizaram o contrato através de documento escrito, assinado por ambos tendo havido
reconhecimento presencial de assinaturas. B entregou de imediato 50,000mil euros, A recusa-
se a vender o prédio a B , portanto, a celebrar o contrato prometido, invocando que:

1º havia nulidade de forma;

2º só obteve o consentimento do cônjuge para a venda 1 mês após o contrato-promessa, e


disse que não ia cumprir o contrato porque entanto, vendeu a 1 terceiro, por 420,000 mil
euros.

Resposta: Diz respeito à identificação do contrato-promessa, trata-se da convenção pela qual


alguém se obriga a celebrar certo contrato, as partes se obrigarem a celebrar um contrato. E o
que é preciso que elas façam para celebrarem o contrato? Tem de manifestar a vontade.

Tópico 1: Identificação do tipo de contrato para sabermos o regime jurídico aplicável: O


contrato é de promessa, e é um contrato de promessa bilateral, porque houve uma vinculação
entre os sujeitos: A promete vender e B promete comprar, e para valorizar a resposta, que o
contrato é bilateral porque há um regime específico obviamente para os contratos promessa
bilaterais e unilaterais.

Tópico 2: Se este contrato tem reflexo a nível do incumprimento: Se o contrato tem eficácia
obrigacional ou eficácia real: Temos que ver se o contrato tem eficácia obrigacional ou se
poderia ter eficácia real, não se pode dizer que ele não tem logo uma eficácia real, este
contrato poderia ou não ter eficácia real? Na realidade poderia, porque de acordo com o artigo
413º pode-se atribuir eficácia real á promessa de transmissão ou constituição de direitos reais
sobre bens imóveis ou movéis sujeitos a registos, portanto estamos aqui perante uma compra
e venda de uma moradia e era um bem móvel, e de acordo com o art.º 413º nº1, temos que
dizer que para atribuir eficácia real, é preciso cumprir os requisitos do artigo 413º ,o que é que
as partes deveriam ter feito? Em 1º lugar deveriam ter declarado expressamente, que queriam
atribuir eficácia real, depois teriam de inscrever essa cláusula no registo , registo esse que é
constitutivo , sem registo não eficácia real, depois teriam de inscrever essa cláusula no registo,
e registo esse que é constituído, sem esse registo não há permissão de eficácia real e por
último seguindo o artigo 413º nº1 e nº2 é necessário forma, esta declaração tem que ser feita
por documento autêntico ou documento particular. Portanto nós temos de saber qual é a
forma exigida pelo contrato , neste caso a forma exigida para o contrato-prometido, era
necessário documento particular autenticado, para atribuir eficácia real é necessário ou a
escritura pública ou documento particular autenticado, portanto este contrato poderia ter
eficácia real. Temos sempre de dizer se o contrato poderia ou não ter eficácia real. E se
podendo, se estavam preenchidos os requisitos. Qual é a vantagem de atribuir uma eficácia
real? É uma espécie de via aberta para a execução especifica, é garantir um recurso á execução
especifica mesmo havendo um terceiro, outro aspeto importante é o seguinte:

Tópico 3: Referir se o contrato-promessa é sinalizado ou não sinalizado : Este contrato


promessa é sinalizado ou não sinalizado? Sinalizado, porque há um dos contratantes que
entregam algo, há 2 constituições do sinal: 1º ou se declara que a quantia entregue, que o
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objeto entregue é o sinal, portanto declaração das partes, ou funciona a presunção do artigo
441º que nos diz que no contrato promessa de compra e venda, toda a quantia entregue é
presumida como sendo sinal.

Tópico 3: Em relação ao regime jurídico: Em relação ao regime jurídico há 2 questões que tem
que ser mencionadas, nós temos que saber qual é a validade formal, se o contrato está
formalmente intacto sem nenhum problema e se substancialmente também existe também
eventualmente algum problema, neste caso a forma está em conformidade? Foi documento
particular com assinatura de ambas as partes, bastaria isto?

Tópico 4: Verificar se houve um problema quanto á forma: analisar a formalidade formal e a


formalidade substancial: Houve algum problema quanto á forma? Temos que analisar a
formalidade formal e a formalidade substancial , o que temos que ver é se podemos prometer/
vender um bem comum móvel sem o consentimento do cônjuge, vamos ver o que está aqui
em causa, para saber da validade formal e substancial nós convocamos o regime juridico do
contrato-promessa, temos que mencionar o princípio da equiparação previsto no art.º 410 nº1
, o Princípio da Equiparação, e diz-nos que ao contrato-promessa se aplicam as regras do
contrato prometido , imaginemos o contrato promessa da SUOP , quais eram as regras que se
iriam aplicar a este contrato-promessa? As regras do SUOP, no fundo, o princípio da
equiparação , não nos diz que os contratos são equivalentes , ele convoca o regime do
contrato-prometido, então nós aplicamos ao contrato promessa as regras do contrato
prometido, isto é dito na parte inicial do artigo 410º nº1. Este princípio tem que ser sempre
mencionado quando há um caso prático de contrato-promessa. Todavia existem exceções ao
Princípio da Equiparação.

Tópico 5: Verificar Exceções ao Princípio da Equiparação: Há normas do contrato prometido


que não se aplicam ao contrato-promessa, quais são os 2 grupos de normas que não se
aplicam ao contrato-promessa? Não se aplicam as normas quanto á forma, as normas relativas
á forma do contrato prometido não se aplicam ao contrato promessa, e as normas pela sua
razão do ser não devem ser estendidas ao contrato-promessa, só um exemplo destas últimas,
se estiver em causa o pagamento da renda, essa não se aplica ao contrato- promessa do
arrendamento, no contrato promessa as partes obrigam-se a celebrar o contrato, portanto, a
obrigação do pagamento da renda, não decorre no contrato-promessa , decorre do contrato
positiva, ou do pagamento do preço ou da coisa, então no fundo, há normas do contrato
prometido que não se aplicam ao contrato promessa.

Tópico 6: Aplicação do artigo 410º nº2: Em relação á forma, apesar de não aplicarmos as
normas quanto á forma, nós vamos tê-las em consideração, porque se o contrato prometido
for um contrato formal, se se exigir forma para o contrato prometido, para o contrato
promessa exige também escrito, assinado pelo promitente ou pelos promitentes, se se exigir
forma para o contrato prometido, o que se exige para o contrato promessa? Documento
particular. Isto é dito no artigo 410º nº2 , porém a promessa respeitante á celebração do
contrato para o qual a lei exija documento quer autêntico quer particular, só vale se estiver
assinado pela parte que vincule ou por ambas, consoante o contrato promessa seja unilateral
ou bilateral.

Tópico 7: Verificar a forma do contrato prometido: o que nós temos que saber, é de saber qual
é a forma do contrato prometido, saber se ele tem forma ou não, no nosso caso, temos o caso
de uma venda de um bem imóvel, o artigo 875º exige um documento particular autenticado,
exige forma, então o que se exige para o contrato promessa? Um documento escrito. Se nada
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se exigisse para o contrato prometido, o que é que se exige para o contrato promessa? Se só
se exige quando o contrato prometido tem forma, se nada se exige para o contrato prometido,
o que é que se exige para o contrato promessa? Nada. Imaginemos que para o contrato
prometido se exige escritura pública? O que é que se exige para o contrato promessa? Um
documento particular. Independentemente da forma concreta que é exigida pelo contrato
prometido, o contrato promessa tem que ser celebrado por documento escrito, assinado por
ambos os sujeitos. Temos sempre que saber se exige forma ou não para o contrato prometido.

Este contrato é nulo, porque há um vicio de forma, invocamos o princípio dos atos inválidos, é
um contrato que na realidade, parece um contrato válido, uma vez que 1 dos sujeitos
prometeu e assinou, então vamos transformar este contrato bilateral para um unilateral, quais
são os institutos do aproveitamento dos contratos inválidos? Há uma redução, retira-se a parte
que não está assinada, e mantem-se a parte valida (art 292º) a nulidade, ou anulação parcial
não determina a invalidade do negócio salve que se mostre concluído sem a parte viciada.

Tópico 8: Verificar um vício de forma: Imaginemos que um contrato promessa bilateral formal,
assinado apenas por 1, temos ou não vicio? Sim, tem um vício de forma, nos termos do artigo
220º , o vício de forma gere nulidade, este contrato é nulo, nos termos do artigo 220º , porque
há um vicio de forma, sendo ele nulo, nós podemos aproveita-lo, convocando o principio do
aproveitamento dos atos inválidos, é um contrato, que na realidade quando se olha para ele,
parece que há uma parte valida, uma vez que 1 dos sujeitos prometeu e assinou, entao vamos
tentar transformar um contrato bilateral num contrato unilateral, quais são os institutos do
aproveitamento dos atos inválidos? Pode haver a redução do negocio juridico, significa que
retira-se a parte invalida ( a parte que não está assinada ) e permanece a parte válida nos
termos do art 292º a nulidade, ou anulação parcial não determina a invalidade de todo o
negocio, salvo quando se mostra que este não teria sido concluído sem a parte viciada,
portanto na realidade, a redução funciona automaticamente, quem não está interessado com
que isso aconteça tem que provar que se não fosse a si não seria vinculado , geralmente quem
é que não está interessado em que o contrato valha como contrato promessa unilateral? Se
realmente entendermos que há uma invalidade parcial, quem é que vai ficar vinculado , o
sujeito que assina ou o que nao assina? O sujeito que assina, porque só nessa parte o contrato
é valido, ele muitas vezes não tem interesse em que o contrato valha assim como contrato
promessa unilateral porque? Porque ele já estava vinculado, e se o contrato já não vai ser
bilateral ele pode ou não exigir ao outro cumprimento? Pode, agora já não é assim, porque
agora é só ele que tem que cumprir , ele não pode exigir ao outro que aceite o cumprimento
dele. Nós podemos convocar o regime da redução, ele assenta na ideia da invalidade parcial.

Tópico 9: Identificar o regime da conversão: o regime da conversão – o contrato é


transformado / convertido a um contrato a tipo diferente, mas ambos comungam de
elementos substanciais e formais, este contrato promessa vai passar a valer como contrato de
de tipo diferente, porque ele era bilateral e vai passar para unilateral, tem algo em comum?
Sim, a vinculação, a forma, portanto pode ser colocado aqui o regime da conversão, porque o
contrato vai ser transformado a tipo diferente, mas os elementos essenciais de forma
mantem-se , só que o ónus provatório, quem tem que provar é a pessoa que está interessada
na convenção, Tem que se provar a vontade hipotética das partes, no sentido da conversão.

Ora, o resultado prático era o mesmo, ou seja este contrato se é um contrato promessa
bilateral, vai passar a ser um contrato promessa unilateral, então neste caso, esta parte estava
preenchida, ou seja o artigo 410º nº2 não causava aqui nenhuma estranheza, havia
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efetivamente documento particular assinado por ambos, e até havia reconhecimento das
assinaturas.

Então porque é que o nosso sujeito A diz que há uma invalidade formal? Porque na realidade,
ele está a pensar no artigo 410º nº3 (diz respeito á exigência de 2 requisitos de forma
adicionais, além do documento escrito, das assinaturas, vai-se exigir mais requisitos de forma,
é um art.º que exige esses requisitos a propósito de alguns contratos-promessa , a análise
deste artigo vai passar por 3 tópicos: 1º quais são os contratos a que ele se aplica? 2º Quais
são os requisitos de forma ? e depois por último qual é o regime da inobservância desses
requisitos? Neste caso se houver uma nulidade atípica.

Artigo 410º nº3: Quais são os requisitos exigidos? ? é preciso que haja reconhecimento
presencial de assinaturas e a certificação da licença de construção ou de utilização. Quais são
os contratos promessa que exigem estes 2 requisitos ? o contrato prometido tem que ser um
contrato oneroso relativo a edifício ou fração autónoma. Então quais são os 2 requisitos? O
reconhecimento presencial das assinaturas, que significa as partes irem ao notário e
comprovar a sua assinatura, 2º a certificação da existência de licença de utilização ou de
construção. Porque é que a lei exige estes requisitos? Para alertar as partes que este contrato
é extremamente importante.

No caso prático temos um contrato oneroso, uma transferência de propriedade de uma


moradia (Direito real) , uma moradia que é um edifício , são estes os casos que o artigo 410
nº3 prevê. Qual a consequência se falhar 1 destes requisitos? Se os requisitos formais
falharem, há a sanção do artigo 220º que é a inobservância da forma legal, é uma nulidade
atípica.

Se nós temos uma situação que consideramos como desvio ao regime geral da nulidade, temos
de conhecer o regime geral da nulidade, interessa saber quem pode pedir a nulidade, e se o
juiz deve decretar a nulidade, qual é o prazo para invocar a nulidade? Não há um prazo de
descrição , a nulidade é invocável a todo o tempo e pode ser declarada pelo tribunal se ele o
descobrir, a nulidade não pode ser sanada como regra.

O promitente devedor [B] não pode invocar a nulidade, a não ser que comprove que o seu
contraente agiu com culpa. O promitente comprador [A] PODE invocar a nulidade.

Em relação ao artigo 410º temos que saber quais são os contratos convocados, que são
necessário os 2 requisitos , são contratos prometidos ou onerosos, que tem que conter
edifícios.

Se não forem preenchidos os requisitos, é considerado o contrato como nulo, o preminente


devedor não pode inovar a nulidade só se o outro tiver culpa, o promitente comprador deve
invocar a nulidade.

Falta-nos ver se os terceiros interessados podem invocar, ou se o tribunal pode, em suma sim,
mas neste caso não. Tudo fica nas mãos do promitente comprador, o legislador protege o
promitente comprador, sempre, quis-lhe dar a liberdade de decidir.

No caso prático havia as assinaturas, mas não havia a certificação de licença, portanto ele não
podia invocar a nulidade.

A dizia que o contrato não era valido, não era valido formalmente.
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No 2º argumento, o que o B diz é que se trata de um bem movel comum e é preciso o


consentimento do cônjuge, e quando houve a promessa, ele ainda não tinha o consentimento,
nós temos que ver um fundamento para não aplicarmos esta norma, há normas do contrato
prometido que não se aplicam ao contrato-promessa, entao vamos ter que analisar algumas
normas do contrato prometido que por diversas razões não se vao aplicar ao contrato-
promessa.

Vamos aplicar o 1632º A) , no fundo há 3 regimes gerais do casamento: regime de comunhão


geral , regimes de comunhão de adquiridos ( só são bens comuns aqueles que são atribuídos
no património) , qual é a sanção que decorre na falta de consentimento da venda ? (1687º) - o
art 1682º este artigo vai-se aplicar á promessa compra e venda? O legislador restringe estes
bens, quer através do arrendamento, recebe-se renda, a preocupação do legislador é fazer
com que as saídas do património familiar não sejam possiveis.

O Contrato-promessa, tem que ser cumprido e tem que se celebrar a compra e venda, e se o
cônjuge não cumprir o contrato por causa do não consentimento? Há consequências.

Por o sujeito B ter vendido a um terceiro, temos aqui um incumprimento grave, temos 3 tipos
de incumprimento, no contrato de promessa unilateral temos um promitente e um
promissório , aqui qualquer um dos sujeitos pode não cumprir.

Quais são os meios de reação? há 3 meios de reação, por um lado a ação de execução
específica [art 830º] : é uma ação que satisfaz o interesse do credor, o sinal é um elemento
crucial no contrato-promessa, o sinal consiste na entrega de um valor que vai ser um montante
da indemnização.

Qual é a diferença entre cláusula penal e sinal? O sinal tem várias funções como a função
indemnizatória, outra função é função confirmatória, através do sinal vemos que as partes tem
seriedade do cumprimento, porque sabem que se não cumprirem pagam um valor.

No contrato de promessa de compra e venda se presume que tem carater de sinal toda a
quantia entregue.

Caso Prático: Compra e venda de uma vivenda


04.01.2021

A prometeu vender a B uma vivenda pelo valor de 200,000euros, B prometeu comprar e


entregou de imediato 50,000euros , A recusa-se a celebrar o contrato compra-venda tendo
vendido já a terceiro.

1ª Hipótese: Ao contrato promessa foi atribuída eficácia real, pode B reagir?

2ª Hipótese: O contrato promessa tem mera eficácia obrigacional e C registou aquisição, quid
iuris?

3ª Hipótese: O contrato promessa tem mera eficácia obrigacional e C não registou a aquisição.

R: Não há dúvidas que está aqui em causa um contrato-promessa, porque um promete vender
e outro comprar, é um contrato que ambas as pessoas se comprometem a celebrar o contrato.

Nota que o contrato de promessa compra – venda é um contrato que envolve: não a entrega
de uma coisa, mas a prestação do facto, como é que uma pessoa celebra um contrato de
promessa? Celebrando um contrato definitivo, não é a entrega da coisa, que faz cumprir o
contrato promessa.
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Que tipo de contrato está aqui em causa? Bilateral , é um contrato promessa em que houve
sinal ou não? Houve sim, houve entrega de dinheiro. (porque a entrega pode não representar
a sua constituição de sinal, mas aqui porque é que a entrega ? porque houve entrega de
50,000) quando se entrega, o montante vai servir para indeminização. O sinal tem a função
penitencial, quando há sinal, afasta-se a execução especifica porque diz a lei isso mesmo no art
830º nº2 , porque é que se chama função penitencial? Esta função representa que quando há
sinal, foi essa a única sanção / penitência que as partes quiseram, não quiseram execução
especifica. Isto recorre do art 830 nº2.

Quanto á forma, para que este fosse um contrato promessa valido quando á forma, não se
aplicava o princípio da equiparação (art 410 nº1) , depois apesar de não se aplicarem as
normas do contrato prometido, temos que ter em conta as suas normas.

Temos aqui um bem imóvel que necessita de escritura pública (art 875º) ou documento
particular autenticado, logo como o contrato prometido é formal , de acordo com o artigo
410º nº2 existe documento escrito assinado, e quem tem que o assinar são o A & o B. Porque
ambos prometem.

Bastaria este documento ou era necessário alguma coisa mais? Sim, o artigo 410 nº3 , que
exige 2 requisitos adicionais: se estivermos perante um contrato desse tipo é necessário
reconhecimento presencial das assinaturas e depois é necessário a licença de construção da
moradia. O artigo 410 nº3 , se falharem alguns destes requisitos o contrato é nulo, mas o
promitente vendedor não pode invocar a nulidade, ele só a pode invocar de acordo com o
artigo 410º nº3 na parte final, ele pode invocar a nulidade se e somente houver culpa da outra
parte! Neste caso, partimos pelo princípio que este caso é válido, nestes termos.

Depois em termos de incumprimento, temos uma situação de incumprimento, temos uma


recusa do promitente vendedor porque vende esta moradia a um terceiro, em função do
incumprimento podemos invocar as garantias do promitente fiel, aquele que quer reagir
contra o incumprimento de A.

A não pode celebrar o contrato de compra e venda porque vendeu o bem , entao é possivel
recorrer ás garantias indemnizatórias, há sinal ou não? Sim, sabemos que há sinal porque
presume-se que a quantia entregue , é a tipo de sinal nos termos do artigo 441º , no contrato
promessa de compra e venda , toda a quantia entregue é um sinal, havendo sinal o que pode
pedir o promitente fiel? Pode pedir o dobro do sinal, ele pode exigir esta indeminização.

Se tivesse havido transmissão da coisa, se fosse entregue a B , dava para ser uma sanção
agravada, a sanção agravada consta no art 442º nº2 parte final (pode-se exigir o dobro do que
custou) á data do incumprimento, ela valia 300,000eur deduz-se o valor convencionado:
200,000 , temos aqui um aumento do valor da coisa, chama-se sanção agravada ou aumento
do valor da coisa. O aumento do valor é 100,000eur , ele pode exigir estes 100,000eur , mais
os 50,000 que ele entregou como sinal (restituição do sinal) se ele pode optar pela sanção
agravada, porque fica mais indemnizado.

Hipótese A: Quanto á eficácia real, ele pode ter eficácia real de acordo com o artigo 413º há
determinados contratos que podem ter eficácia real, desde que diga respeito á transmissão
dos direitos reais , o contrato de compra e venda é um contrato que se transmite propriedade,
e sim, poderia ser atribuída a eficácia real, o que é necessário para a eficácia real? Foi
necessário o preenchimento de 3 requisitos: referentes ao artigo 413º nº1 e 2º é preciso que
as partes o declarem, é necessário ainda que façam o registo,
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O nosso contrato carece de documento autenticado ou escritura pública, também para a


eficácia real é necessário este requisito.

Qual foi a vantagem da atribuição da eficácia real? A atribuição a eficácia real visa garantir o
recurso mesmo que o bem tenha sido vendido a terceiro. A atribuição á eficácia real é um
direito para recorrer á atribuição específica, e neste caso quer haja sinal, nós vamos
desconsiderar porque seria contraditório.

2ª Hipótese: Poderá haver execução especifica ou não? Aqui que não há eficácia real, mas
venda a terceiros, aqui há o incumprimento , o tribunal não pode fazer venda de bem alheio,
não pode realizar um ato nulo, e neste caso pode não haver execução específica, o tribunal
não se pode substituir ao sujeito, em que o sujeito já vendeu e o adquirente já o registou
( nomeadamente o terceiro)

3ª Hipótese: O C não registou, e isto porque é que pode ser relevante? Neste caso há doutrina
divergente, Se A vende a C e C não regista, o bem é de quem? De A que registou a seu favor
ou de B que não registou? Continua a ser de A.

Este contrato é ineficaz a nível de terceiros.

Há aqui um problema, depois de interposta a ação, C registava, C para evitar o registo da


pendencia da ação, C deve registar a ação de execução especifica ( registo provisório da ação)
quando a sentença for liberada, ele deve fazer o registo da sentença até ao registo da ação.

Temos 2 conflitos de registos , qual é o direito que prevalece? O que registar primeiro. O
sujeito B promitente fiel tem que registar previamente a ação, decisão e que retroage
primeiro, é a partir do 1º registo que ele é considerado proprietário.

Qual a consequência da falta de registo? Ele pode continuar a exigir? SIM, PODE.

Senão houver eficácia real temos que ver se há registo.

Caso Prático: Pacto de Preferência

A celebrou um contrato com B pelo qual se vinculou a caso essa vender uma quinta no douro
escolheria como sua contraparte a igualdade de condições como um terceiro, passados 2 anos
A informou B que tinha um potencial interessado a oferecer 600,000eur pela quinta, B
comunicou que por esse valor não poderia comprar , tendo sabido mais tarde , que A e C afinal
celebraram o contrato de compra-venda pelo valor de 500,000, como pode reagir?

R: No fundo , este caso prático é o tal pretexto para se falar do regime do pacto de preferência,
o pacto de preferência não vincula á celebração de um contrato definitivo, é que caso venha a
celebrar o contrato, se ele vier a vender ele vai dar a prioridade de condições ao terceiro, tem
que haver condições acordadas com o tal terceiro, tem que haver já uma proposta contratual.

O artigo 414º menciona a noção de pacto de preferência, ele vonsiste na convenção pela qual
alguém assume a obrigação de dar preferência a outrem á venda de uma coisa, imaginemos
que ao preferente é comunicado o preço de 100,000 , e o outro diz 100,000 não compro,
compro por 80,000 ele pode dizer isso? Não, tem que haver igualdade de confições. Também
no artigo 414º pode haver pacto de preferência quanto ao arrendamento, há realmente a
exigência de pactos de preferência pelos limites referentes ao artigo 423º, este artigo diz quais
são os contratos que podem haver pactos de preferências.
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Será possivel fazer um pacto de preferência sobre o casamento? NÃO.

O pacto de preferência é um contrato unilateral , apenas 1 sujeito se obriga , qual é esse


sujeito? É o obrigado á referência, temos por um lado o preferente e o obrigado á referência.

Estamos a falar de direitos de preferência convencionais, existem os direitos legais de


preferência, resulta da lei, e quais são estes direitos legais de preferência? O arrendatário tem
direito de preferência em relação aquele bem, quando alguém quer vender uma propriedade
tem que dar preferência aos proprietários de terrenos porfiantes.

Caso Prático: Contrato-Promessa de uma jóia


12/01/2020

A e B em 1 de maio de 2020 celebraram através de documento particular assinado apenas por


A , um contrato promessa relativo á compra e venda de um valioso colar convencionaram um
preço de 2,500 eur tendo B feito a entrega de 1,000 eur.

1º: A recusasse a celebrar o contrato prometido invocando que há falta de forma porque
apenas B assinou o documento particular.

2º: à data do contrato promessa não era proprietário da joia/colar e, entretanto, vendeu a C,
pelo que o contrato era nulo nos termos do art.º 892º . Quid iuris?

Resposta: Este caso prático, trata-se de um contrato-promessa, o artigo 410º nº1 apresenta a
noção do contrato-promessa , sendo que não há uma noção muito completa, porque não está
em causa a convenção pela qual alguém se promete vir a celebrar um contrato, também pode
prometer celebrar o quê? O artigo 410º nº1 diz que o contrato promessa é um contrato a qual
uma das partes ou ambas as partes prometem vir celebrar um contrato futuro, mas pode não
ser um contrato, além dos contratos, quantos negócios existem? O contrato é um negócio
juridico bilateral, o que é que pode existir? Um negócio juridico unilateral.

Para enquadrar melhor o sistema, é importante, explicar qual é a natureza jurídica desta
vinculação, trata-se de um facto juridico positivo, como é que se cumpre um contrato
promessa? Através da emissão da federação negocial, A promete a B , o que é que ele tem de
fazer? Tem de dizer que vende, através da sua declaração negocial fica cumprido o contrato-
promessa.

Tem que se distinguir muito bem o contrato-promessa da responsabilidade pré-contratual,


onde são ambas associações onde não há vínculo contratual, aqui no nosso caso prático não
acontece, no entanto pode haver em outros, como é que se distingue a responsabilidade pré
contratual do contrato promessa? No contrato promessa existe já vinculação pelo menos para
1 das partes, no âmbito da responsabilidade pré contratual aqui há negociações, também
podemos distinguir o contrato promessa do pacto de preferência, enquanto que no contrato
promessa ambos os sujeitos vinculam celebrar o contrato definitivo , o que acontece no pacto
de preferência? Se vier a celebrar um contrato, o sujeito obrigado a preferência, vincula-se a
escolher o seu parceiro negocial.

Em relação a este contrato-promessa , quanto aos tipos de contrato promessa, este contrato é
unilateral ou bilateral ? o contrato promessa é bilateral, devido às vinculações , ora aqui temos
2 vinculações, porque se fala de contrato-promessa de compra e venda, A promete vender a B
e B promete comprar , aqui nós sabemos que sabemos que é um contrato promessa bilateral
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porque ambos os sujeitos se vinculam, é um contrato que tem eficácia obrigacional , tem,
pode ter eficácia real? Ora o artigo 413º só permite atribuição da eficácia real se estiverem em
causa bens e imóveis ou móveis sujeitos a registo que não é o caso, então, não pode ser
atribuído aqui eficácia real. Qual é o requisito que aqui impede a atribuição da eficácia real? É
o facto de se tratar de um bem móvel não sujeito a registo, então não pode haver aqui
atribuição de eficácia real.

O que é que aqui pode ser considerado? Temos que ver se é um contrato sinalizado ou não?
Sim, porque a promitente compradora entregou a quantia de 1,000eur e no artigo 441º
qualquer quantia entregue pelo promitente comprador ao promitente vendedor presume-se
que tem caráter de sinal.

Aqui o problema relaciona-se com o princípio da equiparação, precisamos de saber qual é o


regime do contrato promessa, nos termos do artigo 410º nº1 é o regime do contrato-
prometido, neste caso de compra-venda de bens movéis , com 2 exceções que a lei menciona,
a normas do contrato-prometido que não se aplicam ao contrato promessa, que são as normas
quanto á forma, e as normas que pela razão de ser, uma racio que as tornam inaplicáveis ao
contrato-promessa, elas só se justificam no contrato prometido, e é isso que diz na parte final
do artigo 410º º1. Estas 2 exceções significam que há normas no contrato prometido que não
se aplicam ao contrato promessa , as normas quanto á forma, e outras normas que pela sua
razão de ser não são para o contrato promessa.

Qual é a forma do contrato prometido? Vender uma joia, nenhuma, qual é a forma do contrato
promessa? Nenhuma tambem, neste caso , apresenta um contrato promessa consensual
porque o contrato prometido também é um contrato consensual, mas aqui há um documento
escrito assinado por 1 promitente comprador, há vicio ? não , aqui há excesso de forma e isso
não gera invalidade do contrato, só há invalidade se houver uma situação onde nem se quer se
cumpriu a forma do contrato.

A altura em que foi celebrado o contrato promessa o nosso promitente vendedor não era
proprietário da joia, pode haver um contrato promessa e compra e venda de bens alheios , o
artigo 892º relativo á compra e venda de bens alheios, e portanto, aplica-se ou não se aplica
ao contrato promessa? Nós queremos saber se esta norma, do art.º 892 se aplica ao contrato
promessa, é uma norma do contrato compra e venda, aplicar-se-á ao contrato promessa?
Pode ou não pode ser celebrado um contrato promessa de venda um bem alheio? Não, porque
o sujeito não pode transmitir mais direitos do que aqueles que tem , isso não acontece no
contrato promessa.

Concluímos que o contrato é valido, mas o contrato não foi cumprido, há uma prestação de
incumprimento porque há uma recusa e uma venda a terceiro - explicação do tipo de
incumprimento que está aqui em causa, ora havendo incumprimento, podemos ter 2 tipos:
prestações de mora (ocorre sempre que há um atraso no cumprimento da prestação, com
culpa do devedor , sendo , a prestação ainda possivel, 3 notas: a culpa do devedor, há um
atraso, a prestação ainda é possivel) se estivermos perante um incumprimento definitivo já
não é possivel a prestação, portanto perdeu o interesse, a coisa pode ter ficado destruída.

Na realidade, nesta questão, convém percebermos se as garantias colocadas ao promitente


fiel, poderiam ser invocadas, entao começaríamos pela execução especifica, em primeiro lugar
temos que dizer que em alguns casos não se identificam, tem que haver um atraso, depois
temos que referir a noção da execução especifica, através dela o tribunal acaba por substituir a
declaração em falta é a sentença que constitui o contrato, não é uma ação de cumprimento, é
Direito Das Obrigações I Aulas Práticas

uma ação constitutiva, constitui o contrato, não se força o devedor a cumprir, é a proporia
sentença que substituí a própria declaração em falta. Nos termos do 830º está referido o que é
a execução especifica.

Aqui temos de saber se há ou não convenção em contrário, há porque aqui existiu sinal, e
existe pelo art 441º havendo sinal , fica afastada a execução especifica (art.º 830 n2) Em que
casos é que o sinal não afasta? quando há eficácia real, o sinal não afasta a execução
específica.

A Execução especifica não tem lugar se não houver demora, mas tambem se houver
convenção em contrario, ou se a natureza da obrigação impedir a substituição pelo tribunal,
aqui , temos que saber se há ou não convenção em contrario, há porque aqui existiu sinal (art
441º) e por isso havendo sinal fica afastada a execução especifica, nos termos do artigo 830 n2
entende-se haver convenção em contrario se existir sinal, ou se tiver sido afixada uma pena no
caso de não cumprimento da promessa, havendo sinal, afasta a execução especifica, quando
´é que o sinal não afasta a execução especifica? Nos casos do regime imperativo, se estivermos
no caso do artigo 830 n3, que menciona os contratos no artigo 410 n3 , a execução especifica
não pode ser afastada, pensemos na promessa venda de um andar, ou moradia, ai não se pode
afastar a execução especifica, o sinal tambem não afasta a execução especifica de que? Com a
própria presunção do artigo 830 n2 , é uma presunção ilidível ou elidível? O legislador presume
que havendo sinal fica afastada a execução especifica, a parte interessada pode ou não afastar
a presunção? Pode, portanto, se se afastar a presunção do artigo 830 n2 pode haver lugar á
execução especifica.

Chegamos á conclusão de que há sinal, e temos que referir no que é que ele consiste, consiste
na entrega de uma coisa, parte ou totalidade de uma prestação, tem função indemnizatória,
confirmatória, e função penitencial, é a única penitência que se houver sinal fica afastada a
execução especifica , aqui , ao falar da função penitencial, podemos mencionar que a
presunção do artigo 830 n2 é criticada na doutrina.

É preciso aqui referir que não só o sinal afastava a execução especifica, como não seria
possivel a execução especifica porquê? Porque é que o tribunal não poderia interferir ?
porque no fundo, a coisa já foi entregue a terceiro , e aqui não há problemas de registo,
porque a joia não é um bem sujeito a registo, o tribunal não pode substituir senao ele próprio
fazia venda de bem alheio , são essas 2 razoes pelas quais não pode haver execução especifica.

Caso Prático : Gestão de negócios

A perante o intenso nevão que criou dificuldades na circulação dos carros e danos em alguns
contratou o reboque para retirar o carro de B, de um caminho de acesso a um hospital perante
ele deslizara em virtude do gelo, uma vez na oficina que B recorria A , convencionou com um
mecânico a reparação do carro, a pagar por B , e mudou um vidro de uma janela que
funcionava deficitariamente , B foi entretanto informado da situação, encontrando-se ausente
e incontactável por dias e recusa-se a pagar qualquer valor resultante da intervenção de A.

Resposta: Estamos perante uma gestão de negócios, e vamos proteger o

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