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Universidade Federal de Uberlândia

Instituto de Química
Química Industrial

Ítalo Silva Felix - 11611QID036


Jéssica Gonçalves Braga - 11711QID007
Paula Nunes Santos - 11611QID012

Experimento 5: Determinação do Volume Parcial Molar

Uberlândia
2021
1. INTRODUÇÃO
A quantidade parcial molar de um elemento em uma solução é definida a partir da
propriedade extensiva da solução e relacionada com o número de mols deste
elemento. A definição é abstrata mas possível de compreensão quando examinamos o
volume parcial molar. Em uma mistura, esta propriedade é definida pela variação do
volume total do meio quando se adiciona um mol de um substância à uma grande
quantidade dessa mistura. Pode ser também definido como o volume ocupado por 1
mol de uma substância pura.

Por exemplo, o volume molar da água pura é 18 cm 3/mol, assim, quando se


adiciona 1 mol de água num grande volume de água pura, há um aumento de
18 cm3 no volume total. Porém este comportamento não acontece em misturas. [1]

Ao estudarmos uma mistura de etanol e água, por exemplo, sua aplicação fica ainda
mais clara pois ao misturar volumes iguais desses compostos puros o volume total final
não será a soma dos volumes dos compostos isolados. Isso ocorre devido às interações
intermoleculares das moléculas de água com as moléculas de álcool. Assim é possível
notar que essas moléculas ocupam um volume diferente em mistura do que quando
estão puros. [2]

As forças intermoleculares existentes na solução são diferentes das existentes nos


compostos puros, e o empacotamento das moléculas na solução muda de acordo
com o meio. Assim, as moléculas de água cercadas por moléculas de etanol se
agrupam mais, ou seja, se retraem, ocupando um volume menor que 18 cm 3 e o
aumento de volume total causado pela adição de 1 mol de água, é de apenas 14 cm 3.
Essa grandeza (14 cm3) é o volume parcial molar da água em etanol puro.

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É interessante notar que os volumes molares são sempre positivos, mas as
grandezas parciais molares nem sempre são positivas Por exemplo, o volume parcial
molar do MgSO4 em água, quando sua concentração tende à zero, é -1,4
cm3/mol, indicando que a adição de 1 mol de MgSO 4 a um grande volume de água
provoca uma diminuição de 1,4 cm 3 do volume total. Neste caso, a contração da
mistura é provocada pelo rompimento da estrutura da água no processo de
hidratação do sal.

Logo é de extrema importância o estudo dos volumes parciais molares em misturas


pois através deles entendemos o comportamento desses meios e como eles
funcionam variando outras características com a temperatura, pressão e composição.
[3]

2. OBJETIVOS

Calcular os volumes reais das misturas assim como os volumes molares médios das
misturas de etanol e água, real e ideal, e os volumes parciais molares de ambos os
componentes das misturas. Investigar a validade dos volumes parciais molares da água
e do etanol comparando o volume calculado para a mistura (experimental) com o
volume medido (teórico).

3. METODOLOGIA

1.1. MATERIAIS

● álcool etílico absoluto PA;

● água destilada

3
● 2 pipetas graduadas de 10 mL

● 2 béqueres de 250 mL

● 9 frascos de vidro com tampa cap. 100 mL

● 01 picnômetro de 10 mL;

● pêra de borracha;

● papel higiênico;

● 01 termômetro de vidro escala -10/110 °C;

● termostato.

1.2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Inicialmente calibrou-se um picnômetro (Figura 1) de 25,00 ml, pesou-se a massa de


sua capacidade volumétrica de água cuja densidade era conhecida, com uma precisão
de no mínimo 0,001g. Em seguida preparou-se misturas de etanol e água de acordo
com a Tabela 1 adicionando cuidadosamente com uma pipeta de Pasteur gota a gota
em um frasco com tampa tarado (Figura 2), o primeiro componente até que atingiu a
massa desejada, anotou-se o resultado. Em seguida, tarou-se a balança, adicionou o
segundo componente no mesmo frasco até que atingiu o peso desejado e anotou-se.
Posteriormente tampou rapidamente o frasco. Após esta etapa, preencheu-se até a
marca o picnômetro com cada uma das misturas conhecidas. Pesaram-se os
picnômetros, verificou-se o volume e secou exteriormente. A partir das diferenças de
peso foi possível determinar a massa do volume da mistura.

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Figura 1. Imagem do picnômetro utilizado para calcular as densidades das soluções.

Figura 2. Imagem do frasco utilizado para armazenar as misturas de água e etanol.

Tabela 1. Tabela referente às massas de água e etanol que deverão ser adicionadas
em cada frasco.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Inicialmente calculou-se o volume real do picnômetro pela fórmula da densidade:

m picnômetro
ρ= (1)
v real picnômetro

Isolou-se o v real picnômetro da Equação 1 e utilizando a densidade da água à 28°C (0,996232


g/mL) obteve-se a Equação 2:

mreal picnômetro
v real picnômetro = (2)
ρ

26,843 g
v real picnômetro = =26,944 mL
0,996232 g/mL ❑

Em seguida, as soluções de etanol e água foram preparadas de acordo com os valores


apresentados na Tabela 1 da parte de procedimento experimental e suas massas
pesadas constam na Tabela 2.

Tabela 2. Tabela referente às massas de água, etanol e total da mistura de água e


etanol adicionados em cada frasco.

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Frasco Massa da água / Massa do etanol Massa da mistura /
g /g g
1 1,379 30,445 31,824
2 2,888 29,326 32,214
3 4,807 27,902 32,709
4 7,061 26,190 33,251
5 9,457 24,590 34,047
6 12,685 21,603 34,288
7 16,775 18,357 35,132
8 22,087 14,171 36,258
9 26,415 8,357 37,772

Utilizou-se então as massas molares da água (18,02 g/mol) e do etanol (46,08 g/mol)
para calcular o número de mols de água, de etanol e da mistura de água e etanol
utilizados em cada frasco, conforme mostra a Tabela 3.

Tabela 3. Tabela referente ao número de mols de água, etanol e total da mistura de


água e etanol contidos em cada frasco.

Frasco N° de mols da Nº de mols do Nº de mols total


água (nH2O) etanol (nETANOL) da mistura (nT)
1 0,0765 0,6607 0,7372
2 0,1603 0,6364 0,7967

7
3 0,2668 0,6055 0,8723
4 0,3918 0,5684 0,9602
5 0,5248 0,5336 1,058
6 0,7039 0,4688 1,173
7 0,9309 0,3984 1,329
8 1,226 0,3075 1,533
9 1,632 0,1814 1,813

Os valores de número de mols contido de cada substância em cada frasco foram


utilizados para calcular os valores de frações molares da água (X A) e do etanol (XE) em
cada frasco(Eq. 3 e 4).

n H 2O
X água= (3)
nT

n ETANOL
X água= (4)
nT

Tabela 4. Tabela referente às frações molares da água e do etanol em cada frasco.

Frasco Fração molar da água Fração molar do


(XA) etanol (XE)
1 0,1038 0,8962
2 0,2012 0,7988
3 0,3059 0,6941
4 0,4080 0,5920
5 0,4960 0,5043
6 0,6001 0,3997

8
7 0,7004 0,2998
8 0,7997 0,2006
9 0,9002 0,1000

Tarou-se o picnômetro em uma balança analítica e transferiu-se a mistura contida no


frasco para o picnômetro até completar seu volume máximo. Em seguida, pesou-se o
picnômetro. Calculou-se a densidade da solução com a seguinte fórmula para cada um
dos frascos (Eq.5):

m solução
ρ solução= (5)
v real picnômetro

Os valores de densidade da solução que foram calculados utilizando-se os valores de


massa da solução contidos no picnômetro (m solução) e o valor real de volume do
picnômetro (26,944 mL), foram organizados na Tabela 5 e posteriormente utilizados
para calcular o volume real da mistura, utilizando-se a Equação 6. Sendo que o volume
real da mistura foi calculado utilizando-se dos valores de massa da mistura contidos
nos frascos. Esses valores de volume real da mistura foram organizados também na
Tabela 5.

mmistura
v realmistura = (6)
ρ solução

Tabela 5. Tabela referente às massas das soluções colocadas no interior do


picnômetro juntamente com suas respectivas densidades e as massas das misturas
colocadas nos frascos juntamente com seus respectivos volumes reais das misturas.

Frasco Massa da Densidade da Massa da Volume real

9
solução no solução / mistura / g da mistura /
picnômetro / g.mL-1 mL
g
1 21,426 0,79517 31,824 40,022
2 21,708 0,80567 32,214 39,984
3 22,154 0,82222 32,709 39,781
4 22,555 0,83711 33,251 39,721
5 23,000 0,85362 34,047 39,885
6 23,560 0,87441 34,288 39,213
7 24,145 0,89612 35,132 39,205
8 24,995 0,92766 36,258 39,085
9 25,795 0,95736 37,772 39,454

Em seguida o volume real da mistura foi utilizado para o cálculo do volume


molar real médio da mistura (⊽r) (Eq. 7). Esse volume leva em consideração
que as moléculas de etanol e água interagem entre si e é considerado na literatura o
valor teórico.

V molar realda mistura


⊽ r= (7)
nT

Já o volume molar ideal médio (⊽id) considera que não há interação entre
as moléculas de água e de etanol. Para calcular o volume molar ideal médio (Eq. 8)
utiliza-se o valores tabelados de volume molar puro da água (18,073 mL/mol) e volume
molar puro do etanol (58,277 mL/mol).

⊽ id =V molar puro água . X A +V molar puro etanol . X E (8)

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Calculou-se as diferenças entre os volumes molares real médio e os volumes molares
ideal médio e essa diferença foi chamada de volume molar médio da mistura (Δ M⊽)
(Eq. 9).

Δ M ⊽=⊽ r−⊽id (9)

Os valores de volumes molares reais médio (⊽r), volumes


molares ideais médio (⊽id) e os volumes molares médio (Δ M⊽) foram
calculados e organizados na Tabela 5.

Tabela 6. Tabela referente aos dados referente aos volumes molares reais médio,
volumes molares ideias médio e volumes molares médio.

Frasco Volume Volume Volume molar


molar real molar ideal médio da
da mistura da mistura mistura(ΔM⊽) /
(⊽r) / mL.mol-1 (⊽id) / mL.mol-1 mL.mol-1
1 54,289 54,104 0,185
2 50,187 50,188 0,001
3 45,605 45,979 -0,374

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4 41,367 41,874 -0,507
5 37,698 38,353 -0,655
6 33,430 34,139 -0,709
7 29,500 30,130 -0,63
8 25,496 26,143 -0,647
9 21,762 22,097 -0,335

Quando as dos volumes molares real e ideal das misturas resultam em um valor
positivo, indica que houve expansão no volume da mistura, ou seja, entre as moléculas
de água e etanol predominam forças intermoleculares repulsivas. Quando essa
diferença resulta em um valor negativo, indica que houve redução/contração no
volume da mistura, ou seja, entre as moléculas de água e etanol predominam forças
intermoleculares atrativas.

Foi feito um gráfico (Figura 1) utilizando-se o volume molar médio da mistura(Δ M⊽)
em função da fração molar de etanol. A equação obtida neste
gráfico (Eq. 10) foi utilizada para o cálculo do volume parcial
molar do etanol e da água.

y=3,6050 1 x 2−2,79844 x+ 0,14583(10)

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Figura 1. Gráfico do volume molar médio da mistura(Δ M⊽) em função da fração
molar de etanol.

Derivou-se a equação 10 e obteve-se a Equação 11 para que assim pudesse ser utilizada
nos cálculos do volume parcial molar do etanol (Eq.12) e da água (Eq. 13) para cada
frasco.

d ( ΔM ⊽ )
[ d XE ] =7,21002 x −2,79844 (11)

d ( ΔM ⊽ )
V E= Δ M ⊽−
[ d XE ]X A +V molar puro etanol (12)

d ( ΔM ⊽ )
V A =Δ M ⊽−
[ d XE ]
X E +V molar puro água (13)

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Cálculo-se também o volume real molar experimental da mistura (Eq. 14) a partir dos
valores de volumes parciais molares do etanol e da água.

⊽ r=V A . X A +V E . X E (14)

Os valores de volume parcial molar do etanol e da água e de volume real molar


experimental da mistura para cada frasco foram organizados na Tabela 7.

Tabela 7. Tabela referente aos dados dos volumes parciais molares da água (V A), do
etanol (VE), volume molar real médio da mistura (⊽r), chamado teórico, e
o volume molar real experimental da mistura (⊽r), chamado experimental.

Frasco VA / mL.mol-1 VE / mL.mol-1 ⊽r / mL.mol-1 ⊽r / mL.mol-1


1 14,975 58,082 54,289 52,711
2 15,709 57,682 50,187 49,237
3 16,168 57,228 45,605 44,668
4 16,696 57,170 41,367 40,657
5 16,996 57,207 37,698 37,284
6 17,331 57,518 33,430 33,389
7 17,634 58,093 29,500 29,767
8 17,697 58,711 25,496 25,929
9 17,946 59,812 21,762 22,136

Os volumes molares reais médio da mistura (⊽r) e os volumes molares


reais experimentais da mistura (⊽r) foram utilizados para calcular o erro percentual
relativos associado a cada frasco (Eq. 13). Os dados foram organizados na Tabela 8.

Valor verdadeiro−Valor experimental


Erro ( % ) = .100(13)
Valor verdadeiro

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Tabela 8. Tabela referente aos erros associados a cada uma das medidas realizadas.

Frasco ⊽r / mL.mol-1 ⊽r / mL.mol-1 Erro


percentual
relativo
1 54,289 52,711 2,99%
2 50,187 49,237 1,93%
3 45,605 44,668 2,09%
4 41,367 40,657 1,75%
5 37,698 37,284 1,11%
6 33,430 33,389 0,12%
7 29,500 29,767 0,89%
8 25,496 25,929 1,67%
9 21,762 22,136 1,69%

As possíveis causas para os erros associados ao volumes molares reais experimentais


da mistura podem ser atribuídas ao operador, como no momento de pesar as massas
da água e etanol e calibrar o picnômetro, aos equipamentos, como erro da balança
analítica e podem ser atribuídas à variações de temperatura e pressão no momento da
realização do experimento.

Os volumes parciais molares dos componentes das misturas foram utilizados para
elaboração do gráfico dos volumes parciais molares da água e do etanol em função da
fração molar do etanol (Figura 2) a fim de se realizar uma comparação com o gráfico
dos volumes parciais molares da água e etanol obtido na literatura (Figura 3). O perfil
dos gráficos se diferem devido às diferenças de temperaturas e pressão durante a
realização do experimento e aos erros atribuídos às medidas. O experimento deveria
ser realizado à 25°C, à temperatura e pressão constantes.

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Figura 2. Gráfico dos volumes parciais molares da água e do etanol à 28°C obtido
experimentalmente.

Figura 3. Gráfico dos volumes parciais molares da água e do etanol à 25°C obtido da
literatura.[4]

5. CONCLUSÃO

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Calculou-se os volumes reais, volumes molares reais médio e volumes molares ideais
médio de cada uma das misturas contidas nos frascos, e a partir destes os volumes
molares médios (ΔM⊽) das misturas. Calculou-se também os volumes parciais
molares tanto da água quanto do etanol. Realizou-se uma comparação do gráfico de
volumes parciais molares de água e etanol em função da fração molar de etanol obtido
experimentalmente com o da literatura e conclui-se que o experimental não segue o
perfil teórico.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] CHANG, R. Físico-Química para as ciências químicas e biológicas. v.2. 3ª ed. São
Paulo: AMGH Editora, 2010. p. 313-314.

[2] Quantidade parcial molar. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?


v=DZjKsegunds&t=475s>. Acesso em: 30 ago. 2021.

[3] BORGES, M. G. Tensão Superficial Dinâmica de Soluções Aquosas do Surfactante


Catiônico Cloreto de Cetilpiridínio pelo Método da Massa da Gota. 2001. Tese
(Mestre em Química) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2001.

[4] ATKINS, P.; PAULA, J. Atkins: Físico-Química. v.1. 8ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006. p.
124.

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