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ARTIGO DE REVISÃO
[1] [2]
DORIGATTI, Paula Gabriella Ribeiro , RIBEIRO, Jeanete Zapala , VIVALDI, Nazareth Severo
[3]
Neiva
DORIGATTI, Paula Gabriella Ribeiro. RIBEIRO, Jeanete Zapala. VIVALDI, Nazareth Severo
Neiva. Tendências gastronômicas do século XX. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do
Conhecimento. Ano 04, Ed. 06, Vol. 10, pp. 67-77. Junho de 2019. ISSN: 2448-0959
Contents
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 O SURGIMENTO A NOUVELLE CUISINE
2.2 UM CONTRAPONTO AO FAST FOOD: O SLOW FOOD
2.3 A GASTRONOMIA MOLECULAR
3. CONCLUSÃO
4. REFERÊNCIAS
RESUMO
Observa-se que a Gastronomia nunca foi tão valorizada como está sendo agora. Podemos
atribuir esse sucesso as contribuições trazidas pelos canais da internet, da televisão, das
revistas físicas e onlines e etc. Para que possamos compreender a cozinha contemporânea,
precisamos conhecer um pouco da história da gastronomia para sabermos como ela se
desenvolveu. Assim, esse trabalho acadêmico tem por objetivo fazer uma revisão
bibliográfica através de livros e artigos científicos que abordem os temas: Nouvelle Cuisine,
Slow Food e Gastronomia Molecular.
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Tendências gastronômicas do século XX
1. INTRODUÇÃO
Observa-se que a Gastronomia nunca foi tão valorizada como está sendo agora. Podemos
atribuir esse sucesso as contribuições trazidas pelos canais da internet, da televisão, das
revistas físicas e onlines e etc., que mostram diversos produtos sendo lançados ou
relançados todos os dias com roupagens diferentes, que os tornam cada vez mais atraentes.
Isso é possível graças a tecnologia que vem sendo aplicada aos equipamentos da indústria
alimentícia. O resultado disso é uma maior procura aos novos pratos e um crescimento
notável do setor de turismo (FREIXA; CHAVES, 2012).
Toda essa atenção voltada para a gastronomia tem feito crescer a chamada culinária
contemporânea, que é a nossa culinária atual. Além disso, existem importantes movimentos
que defendem a tradição a mesa e a cozinha regional. Podemos citar como exemplo o
movimento slow food. Muitos profissionais encantados por esse sucesso dos chefs,
resolveram sair da cozinha e de dedicar mais aos estudos e mais tarde, puderam lançar seus
próprios livros. É claro que isso só é possível após muito tempo de estudo e depois de muitas
revisões bibliográficas, mas essa foi uma contribuição muito positiva que a mídia nos trouxe.
Além disso, o crescimento dos cursos técnicos, de graduação e pós-graduação em
gastronomia cresceram muito desde o ano de 2000. O Brasil possui excelentes escolas
especializadas neste segmento, algumas inclusive, com formação internacional que
permitem ao aluno trabalhar no exterior futuramente (FREIXA; CHAVES, 2012).
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2. DESENVOLVIMENTO
O pós-guerra, na década de 50, foi marcado pela retomada dos países, pelo impulso na
industrialização e nas tecnologias, pela tendência por uma alimentação mais saudável e
valorização das cozinhas regionais, pelos avanços na medicina, pela emergência dos países
asiáticos neste momento de valorização da alimentação como parte integrante do ser, pelo
crescimento repentino do turismo e o crescente intercâmbio entre diferentes culturas. Os
Chefs franceses passaram a visitar o Oriente com mais frequência, ensinando a culinária
francesa e aprendendo a culinária japonesa (LECOLE BRASIL, acesso em 18 de outubro de
2017).
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Assim, os preceitos culminaram em uma cozinha com pratos mais leves, com sabores
naturais, de cocção rápida e sem gordura. Sua principal característica eram os pratos
arrumados em pequenas porções, que eram elegantemente organizadas em pratos grandes,
geralmente brancos, e apresentados com o mínimo de acompanhamentos. Em 1973, os
críticos Henri Gault e Christian Millau publicaram os que eles chamaram de “Os 10
mandamentos da Nouvelle Cuisine”, alguns deles eram: Os alimentos não deveriam ser
submetidos a uma cocção longa; Os produtos tinham que ser de boa qualidade e bem
frescos; Os cardápios deveriam ser leves; Molhos com manteiga deveriam ser eliminados; Os
cozinheiros deveriam ser bastante criativos, etc. Isso trouxe novas harmonias como por
exemplo a combinação de frutas com peixes e os sabores doce-salgados e agridoces
(MESQUITTA, acesso em 18 de outubro de 2017).
Houve, então, uma grande valorização dos gostos e sabores que identificavam as diferenças
naturais entre os ingredientes utilizados. A redução do tempo de cozimento, da manipulação
dos alimentos e da preparação individual de cada ingrediente, derivou de uma influência da
culinária japonesa, que visa preservar a identidade dos alimentos. A cultura oriental também
influenciou na apresentação dos pratos, que deixaram de ser pratos normais de serviço e
passaram a ser pratos em porcelana individuais, grandes, com pequenas porções e sem
nenhuma decoração, para que não houvesse interferência nos aromas da comida. Portanto,
nouvelle cuisine segue o estilo minimalista japonês, que segue uma linha de alimentos
assimétricos, espontâneos e com grande respeito aos elementos naturais e crus. O objetivo
era provocar uma experiência que despertasse os cinco sentidos, praticando o paladar. O
Chef adepto da Nouvelle Cuisine preparava uma refeição com uma mistura de aromas,
texturas e sabores, e ainda harmonizava com a estética da apresentação. O prato deveria ser
apreciado, degustado e percebido. Um exemplo dessa experiência seria um ratatouille
(BONA, 2007).
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A nouvelle cuisine não escapou das críticas, que são inerentes a todas as invenções
artísticas. Suas porções exóticas foram consideradas por alguns como muito cozinha para
anoréxicos, por ter suas porções muito reduzidas, e de valor elevado. Devido a inaptidão de
alguns chefs e a todas as críticas recebidas, em 1982 Paul Bocuse declarou que a nouvelle
cuisine havia terminado (FRANCO, 2004).
Num pais onde se prima por fartos antepastos, massas, carnes, sobremesas e do costume de
conviver à mesa, se sentiram afrontados e criaram o movimento antagônico – Slow food–
tendo como símbolo um caracol (escargot) não só pela sua lentidão, como também por
serem facilmente encontrados na maioria das partes do mundo, e também porque dele
faziam pratos muito apreciados, como o Scargot à Boaurguignone (FREIXA; CHAVES, 2012).
Foi liderado por Carlo Petrini, que adorava comer uma salada de pimentão quadrado de uma
Região, e certa vez, quando esteve lá, o sabor havia mudado completamente. Ao procurar
saber, o chef informou a ele que estavam importando o pimentão da Holanda e que os
produtores locais, estavam plantando bulbo de tulipas e exportando para a Holanda
para ganharem mais. Outros episódios como este, caracterizaram que o comercio estava se
sobrepondo ao alimento e a formação do movimento se baseou aí em resgatar a comida de
verdade com a ideia de que comida não é comercio, comida é vida. Iniciou pequeno, mas
logo se expandiu para o mundo e em 1989 se tornou Internacional, inclusive com início em
2000 no Brasil com Margarida Nogueira (O MOVIMENTO SLOW FOOD, acesso em 15 de
outubro de 2017).
Este movimento acredita que o prazer da alimentação inclui o uso de produtos locais e de
qualidade, respeitando ao mesmo tempo a cultura, o meio ambiente e as pessoas envolvidas
na produção. Incentiva as pessoas a cozinharem e assumirem a responsabilidade de saber
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como o alimento está sendo produzido, desde o cultivo até chegar ao prato. É, portanto, uma
tomada de consciência e de posição. A ideia principal tem 3 pilares para o alimento: Bom
– saboroso e de qualidade; Limpo- produzido com a preocupação de não prejudicar o meio
ambiente; e, Justo- que o preço seja bom para que o produz e para quem o consome (O
MOVIMENTO SLOW FOOD, acesso em 15 de outubro de 2017).
A missão do Slow food, portanto é unir o prazer da boa comida com a preservação das
comunidades locais, suas culturas e tradições e com respeito ao meio ambiente, sendo
chamado de ecogastronomia. Para isto, o movimento organiza atividades que defendam a
biodiversidade na cadeia de distribuição alimentar, difundem a educação do gosto, e
aproximam produtores e consumidores (O MOVIMENTO SLOW FOOD, acesso em 15 de
outubro de 2017).
Focados nesta educação, criaram alguns projetos como a Educação do Gosto, o objetivo
principal de educar os jovens para desenvolver suas habilidades sensoriais, ajuda-los
a entender a importância do alimento como uma parte integral da cultura da sociedade,
tendo em vista que o tato, o paladar e o olfato pioraram muito no ser humano pelas pressões
da falta de tempo na velocidade do seu dia-a-dia. A preocupação é que estes jovens estejam
correndo risco de perder a noção do que significa comer, assim como sua ligação com sua
região e relacionamento com a sazonalidade. A Educação sempre teve papel central nos atos
das pessoas, e este programa de Educação do Gosto, não se limita a classificar qualidades
nutricionais dos alimentos, mas enfatiza seu significado de prazer, cultura e convívio.
Acredita que esta é a melhor defesa contra o alimento de má qualidade e adulterado, e que
pode combater a invasão do Fast Food na vida das pessoas. Sobretudo ajuda a preservar a
cozinha regional, produtos tradicionais, espécies vegetais e animais inclusive com risco de
extinção (O MOVIMENTO SLOW FOOD, acesso em 18 de outubro de 2017).
Para viabilizar esta educação, fizeram oficinas, apresentadas em grandes eventos, onde
especialistas ensinam os participantes a degustarem alimentos, e combinarem estes com
vinhos e outras bebidas. Nas escolas, lançaram os projetos de hortas comunitárias, visando a
melhoria das merendas, e propiciando aos alunos entenderem sobre o plantio, tempos da
natureza e aprendizado sobre comidas mais saborosas (O MOVIMENTO SLOW FOOD, acesso
em 18 de outubro de 2017)
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Também houve uma grande preocupação com alimentos em perigo de extinção, e criaram o
Projeto Arca do Gosto, que é um catálogo mundial que identifica, localiza, descreve e
divulga sabores quase esquecidos de produtos ameaçados de extinção e deste
catalogo surgiu o Projeto Fortalezas, onde estes alimentos têm sua produção protegida e
auxiliada financeiramente para garantir sua continuidade. O Brasil tem diversos produtos
nestes projetos, como o palmito Juçara, alguns tipos de queijo, pimentas, espécies de mel, e
até peixes como o Pirarucu e a Tainha (O MOVIMENTO SLOW FOOD, acesso em 15 de
outubro de 2017; ARCA DO GOSTO acesso em 19 de outubro de 2017).
Todos podemos e devemos fazer nossa parte, divulgando nas redes sociais e sites;
Escolhendo todos os dias, alimentos bons, limpos e justos; Comendo produtos locais e de
temporada; Cozinhando com zelo pela natureza, promovendo ingredientes que incluam
sustentabilidade, biodiversidade e respeito pelo planeta (O MOVIMENTO SLOW FOOD, acesso
em 15 de outubro de 2017).
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Essa evolução levou ao surgimento da gastronomia molecular, com um estilo bem moderno
de cozinhar e que é praticada por cientistas e profissionais de alimentos em muitas cozinhas
e laboratórios e tiram vantagens dessas inovações técnicas (SANTA GASTRONOMIA, acesso
em 20 de outubro de 2017).
A gastronomia molecular é o estudo cientifico dos processos químicos e físicos que ocorrem
durante o cozimento, criando novos métodos, técnicas e equipamentos, além de aperfeiçoar
os que já existem. A cozinha molecular lança mão os conhecimentos descobertos da
gastronomia molecular em seus pratos (PRATO FUNDO, acesso em 20 de outubro de 2017).
Não é nova a ideia de usar técnicas, através da química e da física para o estudo dos
alimentos. Antoine Laurent Lavoisier é o mais famoso entre eles, em 1783, ele estudou os
processos de preparação de massa através da medição da densidade para avaliar a
qualidade. Outra figura importante foi Benjamin Thompson, que estudou transformações
culinárias e fez muitas invenções para melhora-los, como inventar uma cafeteira especial
para uma melhor fermentação. O conceito de gastronomia molecular foi talvez um presságio
por Marie Antoine Carême (1784-1833), um dos chefs franceses mais famosos, que disse no
início do século XlX que ao fazer um estoque de alimentos observou que o caldo deveria
ferver lentamente para que a albumina não coagulasse, ou seja, a agua não tendo tempo
para penetrar na carne, impedia a parte gelatinosa do osmazone de separar-se (SANTA
GASTRONOMIA, acesso dia 20 de outubro de 2017).
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gastronomia. Nicholas Kurti e Hervé This iniciaram assim, um novo conceito gastronômico,
com o objetivo de introduzir novas ferramentas, ingredientes e métodos para cozinhar,
inventado novos pratos (SANTA GASTRONOMIA, acesso dia 20 de outubro de 2017).
Muitos chefs de cozinha tem aderido à gastronomia molecular. E os processos são os mais
variados, desde a encapsulação de compostos e ingredientes para fazer com que elas
“explodam” na boca até o uso de enzimas para melhorar a textura da carne (PORTAL UMAMI,
acesso dia 20 de outubro de 2017).
Dentre esses chefs da atualidade, nesse seguimento da culinária modernista, o chef catalão
Ferran Adriá é referência. A mais de 20 anos desenvolvendo um trabalho brilhante, onde
revolucionou radicalmente a culinária. Considerado o melhor chef do mundo, com inúmeros
prêmios na França e Espanha (SANTA GASTRONOMIA, acesso dia 20 de outubro de 2017).
Para desenvolver 1.500 receitas sob a ótica de física e química, mais do que bons ingrediente
e técnicas é necessária tecnologia, com experimentos científicos sobre a melhor forma de
grelhar um bife ou fritar uma omelete. Assumiu o restaurante Ell Bulli, numa praia perto de
Barcelona, que tinha uma fila de espera acima de seis meses, onde revolucionou a alta
gastronomia ao incorporar ao ato de cozinhar as técnicas e os equipamentos usados nos
laboratórios de química, assim criando espumas, sopas e cremes aerados e surpreendentes.
Adriá começou a usar furadeiras, nitrogênio líquido, centrifugas industriais e autoclaves de
esterilização de material cirúrgico. Como técnica de cocção para transformar os alimentos,
optou pelo cozimento a vácuo. Nessa técnica, os alimentos são colocados num saco plástico
e selado a vácuo. O alimento é imerso em agua quente e cozido em baixas temperaturas por
horas (ou mesmo dias). Com verduras e legumes, o resultado é um alimento crocante que
mantem sua coloração original, mas com sabor intensificado. As carnes cozinham sem perder
o sumo (SANTA GASTRONOMIA, acesso 20 de outubro de 2017).
3. CONCLUSÃO
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recursos.
O importante é que estas tendências, sobretudo vem focando pela preservação da natureza,
prezando pela defesa das cozinhas regionais, valorizando tradições e uma alimentação mais
saudável, natural e menos industrializada com ênfase nos alimentos orgânicos e
valorizando as pessoas que produzem, incentivando a pratica de preços justos envolvidos em
toda cadeia.
E estas tendências nos trazem a esperança de um futuro melhor com uma reversão no
desgaste que tem sido gerado no planeta pelo uso indiscriminado de seus recursos, e pelo
aquecimento global gerado pela forma como os alimentos são tratados ainda hoje.
4. REFERÊNCIAS
BONA, Fabiano Dalla. Comida como obra de arte: da revolução futurista à nouvelle cousine.
2007. Dissertação (Mestrado em Letras Neolatinas) – Programa de Pós-Graduação em Letras
Neolatinas, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.
CLUBE ORGANICO. O movimento Slow Food: Alimento bom, limpo e justo pra todo mundo.
Disponível em http://food.Acessado em 19 de outubro de 2017.
FOLHA DE SÃO PAULO. Chef Paul Bocuse, um dos criadores da Nouvelle cousine completa 90
anos. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/comida/2016/02/1738726-chef-paul-bocuse-um-dos-criadores-d
a-nouvelle-cuisine-completa-90-anos.shtml. Acessado em 18 de outubro de 2017.
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FREIXA, Dolores; CHAVES, Guta. Gastronomia no Brasil e no mundo. Rio de Janeiro: SENAC,
2012.
NASSER, Luis Carlos Blehring. Slow Food: Um movimento pelo alimento bom, limpo e justo.
Disponível em http://agriculturasustentavel.org.br/artigos/slow-food-um. Acessado em 18 de
outubro de 2017.
[1]
Pós-graduada em Direito Constitucional. Bacharel em Direito, Sommelier de cervejas e
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[2]
Acadêmica do curso de graduação em gastronomia.
[3]
Acadêmica do curso de graduação em gastronomia.
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