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Curso piloto sobre “Licenciamento Ambiental - LiA”

1º SEMESTRE 2008
Prezados colegas,

É com muita satisfação que apresento o curso de licenciamento ambiental para os


municípios, importante passo rumo ao fortalecimento e consolidação do Sistema Nacional do Meio
Ambiente, o Sisnama. Neste texto apresento primeiramente o histórico do qual o curso é fruto, em
seguida apresento sua contextualização para finalmente apresentar o curso.

Histórico

Apesar de o Sisnama ter sido instituído pela Lei 6.938 de 31 de agosto de 1981, e
posteriormente a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 23, estabelecer que a gestão
ambiental é competência comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, foi somente
durante a 1ª. Conferência Nacional de Meio Ambiente, ocorrida no segundo semestre de 2003,
que se deliberou pelo fortalecimento da ponta do sistema, ou seja, os municípios.
Esta necessidade se dá não apenas por serem os municípios os entes que menos contam
com estruturas e instrumentos de gestão em aplicação, mas também porque será para eles a
transferência de diversas atribuições no processo de descentralização pelo qual o sistema deve
passar após a regulamentação do artigo 23, que se encontra tramitando no Congresso Nacional.
A primeira iniciativa nesse sentido foi o lançamento do Programa Nacional de
Capacitação de Gestores Ambientais - PNC, concebido pelo Ministério do Meio Ambiente em
conjunto com a Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente – Abema e a
Associação Nacional dos Órgãos Municipais de Meio Ambiente – Anamma, por meio da Comissão
Técnica Tripartite Nacional.
O PNC foi lançado oficialmente dia 23 de agosto de 2005 e instituído por meio da Portaria
Ministerial n° 286 de 29 de setembro de 2005. Para implementação do PNC foram assinados
convênios com 12 estados, com recursos da União e da Petrobras, importante parceira neste
processo. Até o final de 2007, já tinham sido capacitadas quase 7 mil pessoas de 886 municípios.
Neste processo, o Ministério do Meio Ambiente contou com parcerias fundamentais para o
sucesso do PNC. Além da Petrobras, que aportou os recursos para dez dos doze convênios
assinados, a Caixa Econômica Federal tem apoiado com sua estrutura o desenvolvimento do
PNC.
Porém, para aumentar sua abrangência e alavancar os resultados, foi preciso utilizar de
outras modalidades de ensino, como o ensino a distância. É nesse contexto que foi firmada
importante parceria com o Instituto Banco Mundial (World Bank Institute) – WBI e a Rede Global
de Aprendizagem para o Desenvolvimento (Global Development Learning Network) – GDLN. No
âmbito dessa parceria foram realizados 17 seminários temáticos pelo sistema de
videoconferências.
Os resultados do PNC foram além do número de pessoas capacitadas. Por meio do
programa foi possível identificar várias demandas dos municípios. Entre elas, a necessidade de
aprofundamento em temáticas como a gestão de resíduos sólidos e licenciamento ambiental.
Com vista a atender a estas demandas, o Ministério do Meio Ambiente em parceria com o
WBI, GDLN e a Associação Brasileira de Empresas Públicas e Resíduos Especiais – Abrelpe
promoveu o Curso à Distância em Gestão Integrada de Resíduos Sólidos entre outubro e
dezembro de 2007, certificando 104 gestores de 6 estados.
Contextualização

É importante entender o quanto a realização do curso vem atender às demandas da


sociedade. No âmbito federativo, a regulamentação do artigo 23 da Constituição Federal irá
estabelecer claramente as competências dos três entes, União, Estados e Municípios, havendo
uma clara necessidade que os municípios se preparem para assumir as responsabilidades que lhe
serão atribuídas.
Outro aspecto importante é a sobrecarga de trabalho em que se encontram os órgãos
estaduais de meio ambiente, não conseguindo atender ao número de licenças ambientais
solicitadas. A demora na expedição das licenças ambientais tem sido alvo de críticas, atrasando
vários empreendimentos, e a questão ambiental passou a ser vista como entrave para o
desenvolvimento. Com os municípios assumindo o licenciamento de atividades de impacto local,
haverá maior divisão do trabalho, agilizando e melhorando a expedição de licenças ambientais,
permitindo, dessa forma, a compatibilização do desenvolvimento econômico social com a
preservação da qualidade do meio ambiente, um dos objetivos da Política Nacional do Meio
Ambiente, conforme o artigo 4, inciso I, da Lei 6.938/1981.

O curso de licenciamento

A concepção do curso nasceu da parceria do Ministério do Meio Ambiente com o Instituto


Banco Mundial e GDLN, devido às experiências anteriores no ensino à distância. A EaD é um
poderoso instrumento que viabiliza o atendimento em larga escala, considerando o vasto território
brasileiro e os mais de 5.560 municípios.
Especificamente, na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o Departamento de
Coordenação do Sisnama – DSIS, ficou responsável pela mobilização dos estados, utilizando-se
da rede já constituído por meio do PNC, sendo que o Departamento de Licenciamento e Avaliação
Ambiental – DLAA, ficou responsável pela elaboração do conteúdo do curso.
Ao Instituto Banco Mundial, coube o papel de conduzir a elaboração do curso em
metodologia EaD e disponibilizar sua sala de videoconferências em Brasília para as aulas, além
da transmissão do curso via webstreaming, tecnologia que permite que as aulas sejam
acompanhadas pela internet. A GDLN, em parceria com a Rede Nacional de Pesquisa – RNP - irá
disponibilizar as salas de videoconferências.
O curso será realizado na modalidade semi-presencial, com duração de 9 semanas. Serão
4 módulos ministrados à distância, sempre iniciando com uma videoconferência transmitida às
segundas-feiras, seguindo a discussão e realização de atividades de cada módulo no ambiente de
ensino à distância. A plataforma utilizada para ensino à distância é o Moodle, software livre de
larga utilização neste segmento.
Os módulos ministrados à distância tratarão de temas gerais relacionados ao
licenciamento: qualidade ambiental, acesso à informação, legislação ambiental e procedimentos
de licenciamento. O módulo presencial tem como objetivo que cada estado apresente suas
especificidades e possa permitir o intercâmbio de experiências e integração dos alunos.
Foram convidados para participarem do curso de licenciamento todos os estados que
aderiram ao PNC, mesmo aqueles que ainda não firmaram convênio. O curso será realizado em
regime de cooperação, cabendo ao estado a responsabilidade de indicar um tutor e promover o
encontro presencial.
A avaliação será feita por meio da participação do aluno no ambiente virtual, nas
videoconferências, no módulo presencial e na entrega do Trabalho de Conclusão do Curso – TCC.
Maiores detalhes, como o cronograma do curso, distribuição das turmas, estão disponíveis
nos arquivos postados no ambiente virtual.

Desejo a todos bons estudos e um aproveitamento satisfatório do curso.

Atenciosamente,

Jorge Gabriel Moisés Filho


Coordenador Geral do Curso de Licenciamento
Brasília, 28 de abril de 2008

Ministério do Meio Ambiente


Secretaria de Mudanças Climáticas e qualidade Ambiental
Departamento de Licenciamento e Avaliação Ambiental

Gestão Ambiental Compartilhada


Discussão: Licenciamento Ambiental de empreendimentos e
atividades com características de impacto local e
os Critérios para os Municípios exercerem a
Gestão Ambiental.

“UMA CONTRIBUIÇÃO DO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE”

Abril 2008
I – INTRODUÇÃO

O presente documento tem por objetivo contribuir, de forma preliminar, com a


discussão sobre Gestão Ambiental Compartilhada entre os três entes federados, a partir
da formulação de uma proposta conceitual de diretrizes para o estabelecimento de
acordos para a tipificação de empreendimentos e atividades com características de
impacto local, e cooperação para a implementação da Gestão Ambiental Compartilhada.

O aspecto preliminar desse documento reside no conceito de gestão


compartilhada, onde diretrizes e modelos de acordo devem ser trabalhados com a
participação, não só dos entes, mas também da sociedade civil, e podem ocorrer em
seminários, reuniões tripartites e de conselhos estaduais e municipais de meio ambiente.

II - CONTEXTUALIZAÇÃO

A capacidade de atuação do Estado na área ambiental baseia-se na idéia de


responsabilidades compartilhadas entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
além da relação desses com os diversos setores da sociedade.
Essa concepção tem origem na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que
dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente. A Lei, além de estabelecer conceitos,
princípios, objetivos, instrumentos, mecanismos de aplicação e de formulação, institui o
Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA.
O SISNAMA surge, nesse contexto, com a finalidade de estabelecer um conjunto
articulado de órgãos e entidades responsáveis pela proteção e pela melhoria da qualidade
ambiental. Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, e dos
Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela
proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituem o SISNAMA. O modelo de gestão
definido na Lei estimula a participação da sociedade civil, a cooperação e interação dos
organismos envolvidos com o controle e promoção da melhoria ambiental. Suas principais
funções são:
• Implementar a Política Nacional do Meio Ambiente;
• Estabelecer um conjunto articulado de órgãos, entidades, regras e
práticas responsáveis pela proteção e pela melhoria da qualidade
ambiental; e
• Garantir a descentralização da gestão ambiental, através do
compartilhamento entre os entes federados (União, Estados e
Municípios).
No entanto, para atuar como um sistema, não basta ao SISNAMA um conjunto de
órgãos e de instrumentos. É preciso instâncias de articulação para gerenciar e
compartilhar a informação, possibilitar a avaliação e o acompanhamento permanentes das
políticas ambientais do país.
Nesse contexto, foram criadas as Comissões Tripartites (
http://www.mma.gov.br/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=23 ) como um espaço
formal de diálogo e articulação entre os órgãos e entidades ambientais. As Comissões
Técnicas Tripartites Estaduais e a Nacional são compostas por representações paritárias
dos órgãos e entidades ambientais da federação, os quais desenvolvem seus trabalhos
de acordo com uma lógica de consenso, onde as decisões são construídas por
unanimidade. Essas comissões são fundamentais para promoção da gestão ambiental
compartilhada e descentralizada.
É consenso, na Comissão Tripartite Nacional a necessidade de avançar em
diversos aspectos para o compartilhamento da gestão ambiental, como: (i) a
regulamentação, por Lei Complementar, do Art. 23 da Constituição Federal que trata
da divisão de competências entre os entes federados, no que diz respeito à gestão
ambiental; (ii) o desdobramento da Resolução CONAMA 237/97 em outras normas e
procedimentos no âmbito dos estados e municípios; (iii) a implementação do Programa
Nacional de Formação e Capacitação de Gestores Municipais, visando à inclusão
maciça dos municípios na gestão ambiental compartilhada; e (iv) a articulação para a
necessária implementação do Sistema Nacional de Informações de Meio Ambiente,
dentre outros.
Algumas dessas ações estão em desenvolvimento como o Programa Nacional de
Capacitação de Gestores Municipais e o Sistema Nacional de Informações de Meio
Ambiente.
A regulamentação do artigo 23 da CF está em discussão no Congresso Nacional (
http://www.camara.gov.br/sileg/integras/531058.pdf ou
(http://www2.camara.gov.br/proposicoes/chamadaExterna.html?
link=http://www.camara.gov.br/sileg/prop_detalhe.asp?id=104885 ). O estágio atual do
Projeto de Lei que busca essa regulamentação teve a participação fundamental dos
integrantes do SISNAMA, por meio do Ministério do Meio Ambiente, coordenando as
discussões, da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente –
ABEMA e da Associação de Entidades Municipais de Meio Ambiente – ANAMMA. Essa
discussão teve como Marco o Seminário “Repartição de Competências: a regulamentação
do art. 23 da Constituição Federal e o Fortalecimento do SISNAMA”, realizado em outubro
de 2004, evento que contou com a participação de procuradores federais e estaduais, e
representantes dos diversos órgãos e entidades que integram o SISNAMA. Desse
seminário extraiu-se diretrizes para elaboração de um Projeto de Lei Complementar.
Com base nessas diretrizes, um grupo de Trabalho criado pela Comissão Tripartite
Nacional elaborou um Projeto de Lei Complementar fixando normas para a cooperação
entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no que se refere às
competências comuns previstas no artigo 23 - incisos III, VI e VII e parágrafo único,
estabelecendo questões fundamentais como: (i) a repartição de competências entre os
membros do SISNAMA em relação ao licenciamento ambiental, tendo como base a
abrangência e magnitude do impacto ambiental da atividade; (ii) harmonização entre as
competências para a realização do licenciamento ambiental e autorização para a
supressão de vegetação; (iii) regras claras para ação da fiscalização e da gestão florestal;
(iv) competência supletiva dos entes federados e não apenas da União, dentre outras.
Como encaminhamento do seminário “Repartição de Competências” ficou
estabelecido que paralelamente à discussão da regulamentação do Artigo 23 da CF, a
Comissão Tripartite Nacional iria sugerir às Comissões Técnicas Tripartites Estaduais
critérios para a definição das atividades consideradas com características de impacto
local.
Ao definir as tipologias de atividades a ser licenciadas por cada ente federado
haverá uma melhoria na operacionalidade dos órgãos licenciadores, que atualmente
atuam com uma carga de solicitações superior à sua capacidade de operação. No
entanto, para que os municípios assumam, de fato, suas responsabilidades é necessário
que, considerando as peculiaridades regionais, sejam adotados critérios para
regulamentar as tipologias de empreendimentos e atividades com características de
impacto local.
Ainda em 2004, a Comissão Tripartite Nacional aprovou o Documento Base de
Apoio às discussões Estaduais – Tipologia de Impacto Ambiental
(http://www.mma.gov.br/estruturas/DAI/_arquivos/tipificacao_tipologia_impacto_ambiental.
pdf).

III – GESTÃO AMBIENTAL COMPARTILHADA: A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO


DOS MUNICÍPIOS

A Constituição de 1988 estabeleceu o marco para a ação municipal sobre o meio


ambiente - define a competência para proteção ambiental como objeto comum entre os
entes federados e a inclusão dos municípios como entes partícipes da federação em
igualdade de condições, dotados de autonomia política, administrativa e financeira.
Esse novo marco consagrou e fortaleceu de várias formas a ação municipal e a
ação cooperada prevista desde a instituição do SISNAMA. Assim, os Municípios podem
estabelecer sua própria agenda de prioridades ambientais.
Em observância ao critério constitucional da autonomia e responsabilidade
compartilhada entre os entes federados, o Conselho Nacional de Meio Ambiente -
CONAMA editou, em dezembro de 1997, a Resolução nº 237 regulamentando a atuação
dos órgãos integrantes do SISNAMA na execução do licenciamento ambiental. Essa
resolução reafirmou os princípios de cooperação da política ambiental e buscou
determinar e explicitar os critérios de competências correspondentes aos níveis de
governo federal, estadual e municipal para a execução do licenciamento ambiental, com
base nos impactos ambientais da atividade ou empreendimento.
Para tanto, os municípios devem estruturar-se para implementação de seus
sistemas de gestão ambiental em termos políticos, técnicos, tecnológicos e operacionais.
É necessário que criem uma instância executiva (secretaria, departamento, entre outras)
que seja responsável pelas atividades de gestão ambiental e que contemple um quadro
técnico capacitado para responder pelas questões ambientais.
O município ao assumir seu papel constitucional traz uma série de benefícios, tais
como: (i) mais proximidade dos problemas a enfrentar e melhor acessibilidade dos
usuários aos serviços públicos; (ii) maiores possibilidades de adaptação de políticas e
programas às peculiaridades locais; (iii) melhor utilização dos recursos e mais eficiência
na implementação de políticas; (iv) maior visibilidade e conseqüentemente mais
transparência das tomadas de decisões; e (v) democratização dos processos decisórios e
de implementação, favorecendo a participação da população envolvida e as condições
para negociação de conflitos.
Várias são os municípios que enfrentam dificuldades sociais, econômicas e
ambientais, decorrentes da inexistência de um planejamento local adequado para o
desenvolvimento e gestão ambiental do seu território. Assim, a cada município cabe
preparar-se e assumir a defesa ambiental e a garantia da qualidade de vida dos seus
cidadãos. Ressalta-se que o comprometimento dos municípios é fundamental para
assegurar um desenvolvimento sustentável.
A ação ambiental dos municípios pode estar associada a inúmeras possibilidades
de interação entre os Estados e a União, compartilhando responsabilidades em condições
de autonomia, cooperação e complementaridade.
A gestão ambiental compartilhada e descentralizada do meio ambiente encontra
respaldo pleno nas diretrizes básicas que norteiam a atual política do Ministério do Meio
Ambiente:
O Ministério do Meio Ambiente tem se pautado pela visão de um novo ciclo de
desenvolvimento que compreenda as dimensões econômica, ambiental, política,
social e cultural. Tal modelo de desenvolvimento implica na superação de uma
visão puramente econômica da sociedade, optando por práticas sustentáveis na
produção e no consumo, bem como a democratização do acesso aos recursos do
país. Essa é a idéia do desenvolvimento sustentável, ou seja, a promoção dos
fundamentos de um novo ciclo de desenvolvimento caracterizado pela qualidade
de vida e inclusão social para a maioria dos brasileiros.
A atual política ambiental federal tem se expressado também na institucionalização
de espaços de planejamento e participação social além de formas de controle
público como, por exemplo, a realização das conferências nacionais de meio
ambiente, a ampliação das consultas públicas e a implementação do Sistema
Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente – SINIMA.
O fortalecimento do SISNAMA, dotando o Estado brasileiro de meios técnicos
mais robustos para que ele seja capaz de responder aos desafios ambientais. A
parceria com os estados e municípios na implementação do Programas Nacional
de Capacitação para Gestores Ambientais Municipais é um exemplo de iniciativa
empreendida no âmbito das Comissões Tripartites Nacional e Estaduais, criadas
em todos os estados, com a participação dos entes federados.
A adoção da transversalidade na política ambiental, buscando a inserção da
dimensão ambiental nas diversas políticas públicas - rompendo o isolamento
setorial em relação às questões ambientais.

IV. – EXPERIÊNCIAS DE DESCENTRALIZAÇÃO DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL E


GESTÃO COMPARTILHADA
Ao longo da década de noventa, assistiu-se a um intenso processo de
institucionalização da ação municipal no campo ambiental. Alguns municípios pioneiros já
haviam instituído suas Políticas Municipais de Meio Ambiente como um dos mecanismos
do Poder Público local para definir diretrizes e estabelecer normas na forma de lei que
regulamenta as questões ambientais locais.
No que concerne ao compartilhamento do processo de licenciamento ambiental,
alguns estados optaram pela desconcentração das atividades, estabelecendo unidades
regionais de licenciamento vinculados ao órgão central. Outros estados implementaram
experiências em que municípios foram habilitados, por meio de convênio ou instrumento
legal, a fazer o licenciamento de determinadas atividades. Finalmente, existem os
Estados que estabeleceram uma política de municipalização do licenciamento ambiental
pautada no critério da competência originária para empreendimentos e atividades com
características de impacto local, definindo regras gerais e requisitos ao licenciamento
municipal.
Nos estados que tipificaram as atividades de impacto local verifica-se a adoção de
procedimentos e critérios técnicos diversos, possivelmente justificados por especificidades
regionais.
A disseminação das experiências de descentralização é fundamental para a
discussão e articulação entre os entes federados, de forma a possibilitar a incorporação
do princípio cooperativo entre os órgãos integrantes do SISNAMA.
Assim, apresenta-se a seguir os modelos adotados por alguns estados, de forma
sintetizada:
DESCENTRALIZAÇÃO DO PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Bahia Lista atividades e empreendimentos cujos impactos ambientais ocorrem dentro dos limites
territoriais do município.
Condicionante: firmar convênio com Municípios que possuem Sistema de Gestão Ambiental e
corpo técnico multidisciplinar.
Ceará Lista atividades de impacto local, classificadas como pequeno e médio porte, potencial
poluidor/degradador de impacto local.
Condicionante: firmar convênio com Municípios que possuem Sistema de Gestão Ambiental e
corpo técnico multidisciplinar.
Espírito Lista atividades e empreendimentos consideradas de impacto local, fixando portes e grau
Santo * poluído/degradador.
Condicionante: habilitação do Município junto ao CONSEMA, sem a necessidade de convênio.
Goiás * Lista atividades e empreendimentos consideradas de impacto local, fixando portes e grau
poluído/degradador.
Condicionante: Municípios deverão credenciar-se junto ao CEMAm, sem a necessidade de
convênio.
Minas Qualquer classe de empreendimentos (Classe I, II e III) definidos com base no porte e
Gerais potencial poluidor ou degradador.
Condicionante: firmar convênio com Municípios que possuem Sistema de Gestão Ambiental e
corpo técnico multidisciplinar..
Paraná Estabelecimento de tipologias de atividades que serão licenciadas pelos municípios (qualquer
tipologia) e de acordo com o grau de impacto ambiental e a capacidade operacional do órgão
municipal.
Condicionante: firmar convênio com Municípios.
Paraíba Firmar convênios com prefeituras: Estado orienta a estruturação do Sistema Municipal de Meio
Ambiente, com criação de Secretaria, Conselho e do Fundo Municipal de Meio Ambiente.
Termo Aditivo ao Convênio: para os municípios instruir e protocolar os processos de
licenciamento repassando-os em seguida ao Estado p/ análise técnica.
Último passo: transferência do licenciamento ambiental de atividade com impacto local,
conforme prevê a Resolução nº 237/97.
Pernamb Empreendimentos e atividades de pequeno potencial poluidor/degradador.
uco
Condicionante: firmar convênio com Municípios que possuem Sistema de Gestão Ambiental e
corpo técnico multidisciplinar.
Rio Lista os empreendimento e atividades, fixando os respectivos portes que caracterizam
Grande impacto local e o potencial poluidor.
do Sul
Condicionante: habilitação do Município pelo CONSEMA, sem a necessidade de convênio.
Santa Qualquer tipo de empreendimento pode ser licenciado pelos municípios, desde que tenha
Catarina pequeno ou médio potencial poluidor.
Condicionante: firmar convênio com Municípios que possuem Conselho Municipal e
profissionais habilitados.
São Lista atividades que poderão ser licenciado pelos municípios.
Paulo
Condicionante: firmar convênio com Municípios que possuem Sistema de Gestão Ambiental e
corpo técnico multidisciplinar.
* Processos discutidos nas Comissões Tripartites Estaduais e encaminhados aos respectivos Conselhos de Meio Ambiente.

Nota-se que além de adotarem procedimentos e critérios técnicos diversos na


listagem de empreendimentos e atividades licenciáveis pelos municípios, os estados
adotaram também condicionantes e formalidades diferenciadas para que os municípios
possam proceder ao licenciamento ambiental.
Ressalta-se que a Resolução CONAMA nº 237/97, em seu artigo. 6º estabelece
competência aos municípios procederem ao licenciamento ambiental de
empreendimentos de impacto local, sem a necessidade de formalização de convênios.
V - RECOMENDAÇÕES

Para a concepção de um modelo compartilhado do processo de licenciamento


ambiental devem ser consideradas as especificidades regionais de um país tão rico na
sua diversidade socioambiental, cujos 5.562 municípios compõem um cenário com
características geográficas, culturais, sociais, econômicas e políticas diferentes e em
alguns casos, conflitantes.
Um modelo ideal de gestão ambiental deve ter enfoque na administração do meio
ambiente compartilhando as ações públicas e privadas com a participação de setores
sociais.
Para exercício da gestão ambiental compartilhada, os órgãos integrantes do
SISNAMA poderão utilizar alguns instrumentos como: (i) deliberação dos Conselhos de
Meio Ambiente enquanto esferas de gestão participativa para definição das atribuições e
controle de suas execuções; (ii) consórcios entre os entes federados e entre as entidades
integrantes do SISNAMA; (iii) firmar acordos e convênios e instrumentos similares com
outros órgãos do Poder Público para auxiliar no desempenho de suas competências; (iv)
firmar convênios, acordos de cooperação técnica e instrumentos similares com outros
órgãos e entidades do Poder Público e do SISNAMA, para auxiliar no desempenho de
suas competências.
A definição do tipo de empreendimento e atividade com característica de impacto
local deve ter a participação de representantes de municípios, sociedade civil e discutida,
inicialmente, nas Comissões Técnicas Tripartites Estaduais e posteriormente nos
Conselhos de Meio Ambiente dos Estados.
Deve-se considerar que os diplomas legais, em vigor, excluem a necessidade de
convênio entre os entes federados para proceder ao licenciamento ambiental de
empreendimentos e atividades consideradas de impacto local, definidas em comum
acordo e estabelecidas em legislação própria.
Adotar as recomendações do Documento Base: Tipologia de Impacto Ambiental
Local, aprovado pela Comissão Tripartite Nacional, em 09 de dezembro de 2004:
• Qualquer tipo de empreendimento pode ser licenciado pelos municípios
desde que tenha características de impacto local, definido por tipo de
atividade, porte e grau poluidor e, cujos limites, sejam definidos por
legislação estadual e discutidos, preferencialmente, nos Conselhos
Estaduais de Meio Ambiente.
• Para exercício de sua competência o município deve possuir além do
estabelecido no artigo 20 da Resolução CONAMA nº 237/97 - Conselho de
Meio Ambiente, com caráter deliberativo e participação social, e um quadro
de profissionais legalmente habilitados a sua disposição: Política Municipal
de Meio Ambiente; Política de Financiamento do Sistema Municipal de Meio
Ambiente e legislação que discipline o licenciamento ambiental municipal.
• Nos Planos Diretores ou de Diretrizes Urbanas deve ser contemplada a
variável ambiental como diretriz de desenvolvimento estratégico.
• Ampla discussão no âmbito das Comissões Técnicas Tripartites Estaduais
para propor, em comum acordo entre os entes federados, as questões
relativas à legislação estadual.

Como subsídio à discussão e definição das tipologias de empreendimentos e


atividades de impacto local, o Ministério do Meio Ambiente está executando um projeto no
âmbito do TAL AMBIENTAL – Assistência Técnica para a Agenda de Sustentabilidade,
com o objetivo de avaliar as experiências de municipalização do licenciamento em
implementação em alguns estados, visando a formulação de uma proposta de diretrizes e
critérios para a tipificação de empreendimentos e atividades de impacto local, bem como
do processo de compartilhamento do licenciamento ambiental.
Esse projeto contempla, também, a análise da sinergia e cumulatividade de
impactos decorrentes da implantação de empreendimentos ou atividades de uma mesma
tipologia de impacto local, numa determinada bacia hidrográfica ou região, visando: (i)
identificar se a sinergia ou cumulatividade gerada pelo conjunto de empreendimentos de
mesma tipologia perde, em escala, a característica de impacto local; (ii) definir
estratégias/procedimentos de licenciamento ambiental para grupos de empreendimentos
e atividades de mesma tipologia.

VI – SUGESTÃO DE METODOLOGIA DE DISCUSSÃO.

Considerando a necessidade de estabeler uma metodologia para o processo de


discussão sobre Tipologia de empreendimentos e atividades consideradas de impacto
local, e considerando que essa discussão é uma proposta de ação pactuada pela
Comissão Tripartite Nacional como estratégica para o fortalecimento do SISNAMA,
sugere-se:
• Realizar a discussão na Comissão Técnica Tripartite Estadual - CTTE, lembrando que
a pauta dessas comissões sempre serão definidas por consenso entre seus membros.
• Adotar como referência as experiências e avanços desenvolvidos nos estados.
• Realizar Seminário Técnico Estadual como forma de ampliar a participação dos órgãos
do SISNAMA e setores da sociedade buscando nivelar as informações e conceitos da
proposta estadual de gestão ambiental compartilhada.
• Encaminhamento da proposta ao Conselho Estadual de Meio Ambiente de cada
Estado para discussão e aperfeiçoamento.
VII - ELABORAÇÃO DA PROPOSTA

Para a elaboração da proposta de Gestão Ambiental Compartilhada devem ser


considerados os seguintes aspectos estruturantes:
• A definição da competência para o licenciamento ambiental deve levar em
consideração a abrangência do impacto ambiental e não a titularidade do bem.
• A capacidade instalada ou a ser instalada no município para o exercício de sua
competência.
É fundamental que a proposta a ser construída estabeleça a estrutura mínima que
o município deverá dispor para o exercício da gestão ambiental compartilhada.
O MMA sugere que o município disponha de:
3. Estrutura administrativa (Secretaria, Fundação ou outra) que abrigue um quadro
de técnicos responsáveis pelo licenciamento municipal. Essa estrutura pode ser
organizada através de consórcio de vários municípios que partilham equipe
multidisciplinar para atuar em uma região;
4. Conselho Municipal de Meio Ambiente, com participação de segmentos da
sociedade e com caráter deliberativo;
5. Legislação municipal que discipline o Licenciamento Ambiental, contemplando a
cobrança de taxa de licenciamento;
6. Política Municipal de financiamento do Sistema Municipal do Meio Ambiente;
7. Plano diretor que contemple a questão ambiental ou Plano Municipal de Meio
Ambiente.

• Definição de uma estratégia de transição para o compartilhamento da gestão


ambiental e do licenciamento ambiental pelos municípios.
Essa política de transição deve considerar a necessidade de capacitação dos
técnicos dos municípios, o repasse de procedimentos, metodologias, tecnologias e
a celebração de acordos de cooperação técnica.
Criação de um grupo de técnicos, no âmbito da Secretaria de Meio Ambiente do
Estado ou do órgão executor da política estadual de meio ambiente, que auxilie a
estruturação dos sistemas municipais de meio ambiente e que acompanhe as
atividades realizadas pelos municípios, visando a sua organização e sua
continuidade.
A concretização da fase estruturante do processo de transição dar-se-á pela
análise da proposta municipal, por uma Câmara Técnica do Conselho Estadual de
Meio Ambiente e aprovação pela Plenária do mesmo.
• Construção de uma proposta de financiamento do Sistema Nacional do
Meio Ambiente, discutindo a Rede de Fundos Sócio Ambientais, a
regulamentação da Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental - TCFA, o
ICMS Ecológico, o IR Ecológico entre outras alternativas que possibilitem a
sustentabilidade do SISNAMA.
GLOSSÁRIO

Ação Civil Pública – Figura jurídica que dá legitimidade ao Ministério Público,


à administração pública ou associação legalmente constituída para acionar os
responsáveis por danos causados ao meio ambiente, aos consumidores ou aos
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (Lei
n. 7347 de 24/07/1985).

Ação proativa – ação que está ligada à prevenção de perdas.

Ações demolitórias – Que contêm ordem de demolição; que mandam


demolir, derrubar.

Agrotóxico – Substância química, geralmente artifi cial, destinada a combater


as pragas da lavoura (insetos, fungos etc). Muitas dessas substâncias acabam
por prejudicar também os animais inofensivos e o próprio homem. São
também conhecidos por defensivos agrícolas, pesticidas ou praguicidas
(Glossário Ibama, 003 ).

Água bruta – Água de uma fonte de abastecimento antes de receber


tratamento químico destinado a torná-la potável.

Águas jurisdicionais – Águas sobre as quais o Brasil exerce soberania, como


a faixa de mar territorial, por exemplo.

Alvará – Documento passado a favor de alguém por autoridade judiciária ou


administrativa, que contém ordem ou autorização para a prática de
determinado ato.

Análise dos impactos – em um estudo ambiental, designa a atividade de


identificar, prever a magnitude e avaliar a importância dos impactos
decorrentes da proposta em estudo. (Sánchez,2006)

Análise de riscos – conjunto de atividades de identificação, estimativa e


gerenciamento de risco (Sánchez, 2006).

Aquicultura – Produção, em cativeiro, de organismos com habitat


predominantemente aquático, em qualquer um de seus estágios de
desenvolvimento.

Aqüífero – Estrutura de rochas, cascalhos e areias situada acima de uma capa


de rochas impermeáveis, que por sua porosidade e permeabilidade possui a
capacidade da armazenar água que circula em seu interior.

Área de Estudo – Área geográfica na qual são realizados os levantamentos


para fins de diagnóstico ambiental. (Sánchez,2006)
Área de Influência - Área geográfica na qual são detectáveis os impactos de
um ´projeto. (Sánchez,2006)

Área de Preservação Permanente (APP) – área protegida, coberta ou não


por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos
hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico
de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações
humanas.

Assoreamento – Obstrução de rio, canal, estuário ou qualquer corpo d’água


por acúmulo de substância minerais (areia, argila) ou orgânicas (lodo),
diminuindo sua profundidade e a força de sua correnteza (Glossário Ibama,
2003).

Audiência pública. (1) Consulta à população sobre um problema ambiental


ou sobre um projeto que pode causar problemas ao meio ambiente. (2)
Exposição à comunidade interessada ou afetada por um empreendimento ou
política a ser implantada, previamente à implantação, da proposta e, ao Meio
Ambiente (RIMA), dirimindo dúvidas e recolhendo críticas e sugestões a
respeito. A audiência pública pode ser solicitada por entidade civil, pelo
Ministério Público ou por cinqüenta ou mais cidadãos. Quando houver pedido
de audiência pública, qualquer licença concedida sem sua realização não terá
validade. (3) Procedimento de consulta à sociedade, ou a grupos sociais
interessados em determinado problema ambiental ou que estejam
potencialmente afetados pelo projeto. A audiência pública faz parte dos
procedimentos, como canal de participação da comunidade nas decisões em
nível local.Autuação – ato de lavrar um auto contra alguém, processar.

Avaliação de Impacto Ambiental - Estudo realizado para identificar, prever


e interpretar, assim como, prevenir as conseqüências ou efeitos ambientais que
determinadas ações, planos, programas ou projetos podem causar à saúde, ao
bem estar humano e ao entorno.

Avaliação de risco – processo pelo qual os resultados da análise de riscos


são utilizados para a tomada de decisão (Sánchez,2006).

Bacia hidrográfica – Conjunto de terras drenadas por um rio principal, seus


afluentes e subafluentes. A idéia de bacia hidrográfica está associada à noção
da existência de nascentes, divisores de águas e características dos cursos de
água, principais e secundários, denominados afluentes e subafluentes. A área
física, assim delimitada, constitui-se em importante unidade de planejamento e
de execução de atividades sócio-econômicas, ambientais, culturais e
educativas.

Biodiesel – Combustível produzido a partir da mistura de óleos vegetais,


como os de mamona, babaçu, macaúba etc.

Biodiversidade – Representa a diversidade de comunidades vegetais e


animais que se interrelacionam e convivem num espaço comum que pode ser
um ecossistema ou um bioma (Glossário Ibama, 2003).

Bioma – Conjunto de vida (vegetal e animal) definida pelo agrupamento de


tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com
condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças,
resultando em uma diversidade biológica própria. Biomas são as grandes
'paisagens vivas' existentes no planeta, definidas em geral de acordo com o
tipo dominante de vegetação. A Caatinga, o Cerrado e a Floresta Atlântica são
exemplos de biomas.

Biota – é o conjunto de seres vivos de um ecossistema, o que inclui a flora, a


fauna, os fungos, os protistas (algas unicelulares e protozoários) e as
bactérias.

Carcinicultura – Criação de crustáceos, como caranguejos e camarões.

CIDE Combustíveis – Significa o imposto cobrado sobre importação e


comercialização de álcool etílico combustível, de gás natural e seus derivados,
bem como de petróleo e seus derivados. Parte da arrecadação desse imposto
deve ser destinada, por lei, a projetos ambientais.

Clientelismo – Tipo de relação política em que uma pessoa dá proteção a


outra em troca de apoio, estabelecendo-se um laço de submissão pessoal que,
por um lado, não depende de relações de parentesco e, por outro, não tem
conotação jurídica. (Dicionário Aurélio Século XXI)

Comissão Tripartite – Instância criada para articular os órgãos federais,


estaduais e municipais de meio ambiente e outras organizações da sociedade
para a promoção da gestão ambiental compartilhada e descentralizada entre
os entes federados. É composta por representações paritárias dos órgãos e
entidades ambientais da federação, os quais desenvolvem seus trabalhos de
acordo com uma lógica de consenso, em que as decisões são construídas por
unanimidade. A Comissão Tripartite Nacional foi criada pela Portaria MMA nº.
189 de 25 de maio de 2001. É composta por representantes do Ministério do
Meio Ambiente (MMA), da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio
Ambiente (ABEMA) e da Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente
(ANAMMA). As Comissões Tripartites Estaduais e a Comissão Bipartite do
Distrito Federal, instituídas pela Portaria MMA nº. 473 de 9 de dezembro de
2003, têm as mesmas incumbências em âmbito estadual.

Compensação ambiental – Medida destinada a indenizar financeiramente a


sociedade por impactos ambientais adversos que não foi possível evitar ou
para os quais não se encontrou quaisquer medidas de mitigação. Exemplo:
contribuição para o fundo de meio ambiente ou a aquisição de área destinada a
um parque municipal como forma de compensar o município pela exploração
de minérios.

Compostagem – Processo de transformação de resíduos orgânicos (restos de


alimentos, fezes humanas e de animais, restos de culturas agrícolas) em
adubo.

Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). é o órgão consultivo e


deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA, foi instituído
pela Lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,
regulamentada pelo Decreto 99.274/90. O CONAMA é composto por Plenário,
CIPAM, Grupos Assessores, Câmaras Técnicas e Grupos de Trabalho. O
Conselho é presidido pelo Ministro do Meio Ambiente e sua Secretaria
Executiva é exercida pelo Secretário-Executivo do MMA.

Conscientização pública – Uma das modalidades da educação ambiental,


voltada a formar opinião pública sobre determinados temas relativos ao meio
ambiente. Pode ser realizada mediante ações de sensibilização e mobilização,
utilizando, para isso, diferentes meios de comunicação.

Conservação ambiental – O manejo do uso humano da natureza,


compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a
restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o
maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu
potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras, e
garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral. (art. 2º, Lei 9985/00).

Consultivo – O caráter de ser consultado e de prestar assessoria sempre que


necessário.

Controle social – Ação de fiscalização, exercida pela sociedade, sobre os


governos, visando garantir transparência na definição das prioridades das
políticas e nos gastos públicos.

Corpos d’água – Qualquer coleção de águas interiores. Denominação mais


utilizada para águas doces, abrangendo rios, igarapés, lagos, lagoas, represas,
açudes etc. (Glossário MUNIC/IBGE, 2002).

Corredores ecológicos – Porções dos ecossistemas naturais ou semi-


naturais, ligando unidades de conservação e outras áreas naturais, que
possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a
dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a
manutenção de populações que demandam, para sua sobrevivência, áreas com
extensão maior do que aquela das unidades individuais.

Degradação ambiental – Alteração imprópria às características do meio


ambiente.

Deliberativo – Significa decidir sobre os temas e problemas apresentados.

Desenvolvimento sustentável – Existem mais de 80 significados diferentes


para desenvolvimento sustentável. Trata-se de um “termo em disputa” pelos
mais diversos setores da sociedade. Nesta capacitação adotamos a definição
do ICLEI (International Council for Local Environmental Initiatives – “Governos
Locais pela Sustentabilidade”), segundo a qual, desenvolvimento sustentável é
“o desenvolvimento que provê a todos os serviços econômicos e ambientais
básicos, sem ameaçar a viabilidade dos sistemas natural, social e construído,
dos quais esses serviços dependem” (Toronto/Canadá, 1996).

Dessedentação – Ato de saciar, matar a sede.

Diagnóstico ambiental – Descrição das condições ambientais existentes em


determinada área no momento presente; ou, descrição e análise da situação
atual de uma área de estudo feita por meio de levantamentos de componentes
e processos do meio ambiente físico, biótico e antrópico e de suas interações.

Diretriz - Conjunto de instruções ou indicações para se tratar e levar a termo


um plano, uma ação, um negócio.

Economicista – Relativo à predominância do enfoque econômico sobre as


demais áreas do conhecimento.

Efeitos ambientais - Alterações nas características e na qualidade do meio


ambiente produzida por ação humana (FEEMA, 1997).

Efeito estufa - Fenômeno que ocorre quando gases, como o dióxido de


carbono, entre outros, atuando como as paredes de vidro de uma estufa,
aprisionam o calor na atmosfera da Terra, impedindo sua passagem de volta
para a estratosfera. O efeito estufa funciona em escala planetária e o
fenômeno pode ser observado, como exemplo, em um carro exposto ao sol e
com as janelas fechadas. O efeito estufa é um dos principais agentes das
mudanças climáticas. (Glossário CETESB)

Efluente – Qualquer tipo de água ou líqüido, que flui de um sistema de coleta,


ou de transporte, como tubulações, canais, reservatórios, e elevatórias, ou de
um sistema de tratamento ou disposição final, com estações de tratamento e
corpos de água receptores. (Dicionário de Meio Ambiente do IBGE).

EIA/RIMA - Instrumento Legal do Licenciamento Ambiental, é uma exigência


constitucional para a instalação de obra ou atividade potencialmente poluidora
de significativa degradação do meio ambiente.

Emissão – Ação de emitir ou expelir de si.

Empreendimento - Toda e qualquer ação física com objetivos sociais ou


econômicos específicos, seja de cunho público ou privado, que cause
intervenções sobre o território, envolvendo determinadas condições de
ocupação e manejo dos recursos naturais e alteração sobre as peculiaridades
ambientais.

Entorno - Área que circunscreve um território.


Espeleológico – Relativo ao estudo e à exploração das cavidades naturais do
solo: grutas, cavernas etc.

Estratégia – Habilidade de aplicar os meios disponíveis com vista à


consecução de objetivos específicos.

Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Estudo detalhado destinado a


identificar e avaliar todas as alterações que determinada atividade poderá
causar ao meio ambiente. Deve ser elaborado apenas para as atividades
capazes de provocar impactos significativos.

Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) – Modalidade específica de estudo


de impacto ambiental adaptado a empreendimentos e impactos urbanos.
(Sánchez,2006).

Estudos Ambientais - são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos


ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de
uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise
da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de
controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano
de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de
risco. (Resolução Conama nº 237/97)

Extensão rural – Sistema de assistência aos produtores rurais e suas


famílias. (Dicionário Eletrônico Aurélio Século XXI)

Fiscalização – Procedimentos utilizados por órgão competente para verificar


se as normas e leis estão sendo cumpridas.

Focos de calor – áreas identificadas por meio de sensores que transmitem


intensidade de calor elevada.

Foz – Extremidade de onde o rio descarrega suas águas no mar.

Gestão ambiental – Trata-se de um conjunto de políticas, programas e


práticas que levam em conta a saúde e a segurança das pessoas e a proteção
do meio ambiente. A gestão é realizada por meio da eliminação ou da
minimização de impactos e danos ambientais decorrentes do planejamento,
implantação, operação, ampliação, realocação ou desativação de
empreendimentos e atividades, incluindo-se todas as fases do ciclo de vida de
um produto.

ICMS Ecológico – Iniciativa destinada a incentivar a conservação ambiental


por meio da adoção de critérios ambientais na distribuição dos recursos do
Imposto sobre a Circulação de Mercadorias (ICMS) aos municípios. Dessa
forma, recebem mais recursos aqueles que protegem suas áreas naturais.

Impacto ambiental - qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e


biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou
energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente,
afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população, as atividades sociais
e econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e
a qualidade dos recursos ambientais.

Impacto Ambiental Regional - é todo e qualquer impacto ambiental que


diretamente (área de influência direta do projeto), no todo ou em parte, o
território de dois ou mais Estados. (Resolução Conama nº 237/97)

Impacto ambiental local - impacto ambiental direto que ocorre dentro dos
limites territoriais do município.

Incêndio florestal - Fogo sem controle que incide sobre qualquer forma de
vegetação. Pode ser provocado pelos seres humanos ou por fonte natural.

Indicadores - São índices de medida que nos ajudam a compreender uma


determinada situação. Por exemplo: o número de árvores por habitante de um
município indica a sua cobertura vegetal e é um dos indicadores de sua
qualidade ambiental. Este número pode ser comparado ao recomendável e
usado para decidir se é necessário plantar mais árvores. Depois, este mesmo
indicador servirá para medir o sucesso ou fracasso de um programa de
reflorestamento.

Infração administrativa ambiental – “Infração administrativa ambiental é


toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção,
proteção e recuperação do meio ambiente”. (artigo 70 da lei no 9.605/98).

Iniciativa popular de lei – Meio pelo qual o povo pode apresentar


diretamente projetos de lei ao Legislativo subscritos por um número mínimo de
cidadãos.

“In natura” - a expressão “in natura”, ao pé da letra, quer dizer apenas «na
natureza». No entanto, os contextos em que é habitualmente utilizada
autorizam e requerem traduções mais amplas como: «no estado que se
encontra na natureza», «no seu estado natural», «não transformado».

Instituir – Estabelecer, criar, fundar por meio de lei.

Insumos – São os bens e serviços necessários à execução de um projeto e


relacionam-se à descrição de suas atividades.

Interdição – suspensão de funcionamento.

Interface - Dispositivo físico ou lógico que faz a adaptação entre dois


sistemas.

Interoperabilidade - “Habilidade de dois ou mais sistemas (computadores,


meios de comunicação, redes, software e outros componentes de tecnologia da
informação) de interagir e de intercambiar dados de acordo com um método
definido, de forma a obter os resultados esperados.” (ISO)
Inversão térmica – É a condição climática que ocorre quando uma camada
de ar quente se sobrepõe a uma camada de ar frio, impedindo o movimento
ascendente do ar atmosférico. Em ambiente industrializado ou em grandes
centros urbanos, a inversão térmica leva à retenção dos poluentes nas
camadas mais baixas, próximas ao solo, podendo ocasionar problemas de
saúde em casos de alta concentração e período de duração excessivo. É um
fenômeno que ocorre durante o ano todo, porém no inverno se apresenta em
baixa altitude. (Glossário CETESB).

Lei Orgânica Municipal – Considerada a “constituição” do município, dispõe


sobre a estrutura, o funcionamento e as atribuições dos poderes Executivo e
Legislativo municipais.

Lençol freático – Lençol de água subterrâneo que se forma em profundidade


relativamente pequena; lençol superficial, lençol de água. Pode ser considerado
como a parte ou camada superior das águas subterrâneas.

Licença Ambiental - ato administrativo pelo qual o órgão ambiental


competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle
ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou
jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou
atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou
potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar
degradação ambiental. (Resolução Conama nº 237/97)

Licenciamento Ambiental – procedimento administrativo pelo qual o órgão


ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a
operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos
ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas
que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando
as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao
caso. (Resolução Conama nº 237/97)

Manejo ambiental - Ato de intervir no meio natural com base em


conhecimentos científicos e técnicos, com o propósito de promover e garantir a
conservação da natureza.

Maricultura – Técnica de criar frutos-do-mar em fazenda marinha. (Dicionário


Eletrônico Aurélio Século XXI)

Matriz de planejamento – Utilizada para expressar de forma clara e concisa


as intervenções propostas para resolver determinado problema. Na matriz
estão relacionadas as possíveis estratégias para alcançar os resultados
desejados, juntamente com as atividades, insumos, custos, responsáveis pelas
ações e meios para se verificar se o que foi proposto de fato ocorreu e atingiu
os objetivos originais.

Medidas mitigadoras – Medidas destinadas a minimizar problemas


decorrentes de obras ou atividades poluidoras ou que causem degradação
ambiental.
Meio ambiente - Conjunto dos agentes físicos, químicos, biológicos e dos
fatores sociais susceptíveis de exercerem um efeito direto ou mesmo indireto,
imediato ou a longo prazo, sobre todos os seres vivos, inclusive o homem.
(Dicionário de Meio Ambiente, IBGE)

Metais pesados – Grupo de metais de peso atômico relativamente alto.


Alguns, como zinco e ferro, são necessários ao corpo humano, em
pequeníssimas concentrações. Outros, como chumbo, mercúrio, cromo e
cádmio, mesmo em baixas concentrações costumam ser tóxicos aos animais e
às plantas. Esses metais acumulam-se no organismo ao invés de se
degradarem ou dissiparem, causando diversas doenças degenerativas. Dois
elementos não-metálicos, o arsênico e o selênio, também integram o grupo.
Embora o alumínio não seja um metal pesado, também é tóxico para as
plantas. (http://www.cdb.gov.br/MOP3/news_mop/glossario-de-termos-para-
mop3-cop8)

Monitoramento – Trata-se do ato de acompanhar o comportamento de


determinado fenômeno ou situação com o objetivo de detectar riscos e
oportunidades.

Monitoramento ambiental – Procedimento destinado a verificar a variação,


ao longo do tempo, das condições ambientais em função das atividades
humanas.

Mudanças climáticas – Fenômeno causado pelo aumento da concentração de


gás carbônico na atmosfera, o que provoca a elevação da temperatura média
do Planeta – o chamado “efeito estufa”, produzindo aquecimento global, degelo
dos pólos, mudando o regime de chuvas e secas, com grande ameaça às
espécies vivas. Isso se deve, principalmente, ao desmatamento e à queima de
combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão mineral).

Normativo – que tem a atribuição de estabelecer normas.

Oitiva – Audiência realizada para dar voz à comunidade sobre os problemas


que a afetam.

Orçamento participativo – Processo através do qual a população do


município discute, decide e influi na decisão de onde aplicar as verbas
destinadas a investimentos públicos.

Orçamento participativo – Processo de definição do Orçamento público que


possibilita a realização de debates, audiências e consultas públicas sobre
propostas do Plano Plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei
Orçamentária Anual, como condição obrigatória para a sua aprovação pela
Câmara dos Vereadores.

Orçamento público – Instrumento de planejamento de gestão dos recursos


públicos que obriga o governo a estabelecer a quantia que deverá ser gasta
em cada uma de suas áreas de atuação e em cada nova obra ou programa a
ser executada.

Ouvidoria – Espaço criado pelas instituições para acolher críticas e sugestões


de clientes e usuários de seus serviços.

Pacto – Conformidade, acordo ou concordância de idéias, de opiniões.


(Dicionário Aurélio Eletrônico Século XXI)

Parâmetros ambientais – Valor de qualquer das variáveis de um


componente ambiental que lhe confira uma situação qualitativa ou
quantitativa.

Parcelamento compulsório – Medida prevista no Estatuto da Cidade,


visando dar melhor aproveitamento ao solo urbano, de forma a atender à sua
função social.

Paridade – Representação em igualdade numérica.

Paritário – constituído por número igual de representantes das diferentes


categorias que compões o sistema, a fim de garantir representação em pé de
igualdade.

Passivo ambiental – Conjunto de deveres das empresas, decorrente de


danos causados ao meio ambiente.

Passivos – Conjunto de dívidas e obrigações de uma pessoa ou empresa.


Num balanço, significa também o conjunto de contas que registra a origem dos
recursos da empresa: capital próprio, financiamentos, etc. (Dicionário
Eletrônico Aurélio Século XXI)

Patrimônio arqueológico – Conjunto de testemunhos materiais relativos à


pré-história da humanidade.

Perigo – Condição ou situação física com potencial de acarretar conseqüências


indesejáveis. (Sánchez, 2006)

Plano de Uso Público – Conjunto de normas e ações voltadas a garantir a


visitação, a recreação e outras formas de uso público em espaços legalmente
protegidos.

Plano Diretor – Instrumento básico de planejamento de uma cidade e que


dispõe sobre sua política de desenvolvimento, ordenamento territorial e
expansão urbana. (Dicionário Eletrônico Aurélio Século XXI)

Plebiscito – Consulta de caráter geral, que objetiva decidir de forma prévia


questões políticas ou institucionais.

Poluição – É a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades


que direta ou indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar
da população, criem condições adversas às atividades sociais e econômicas,
afetem desfavoravelmente a biota, afetem as condições estéticas ou sanitárias
do meio ambiente, e lancem materiais ou energia em desacordo com os
padrões internacionais estabelecidos.

Prognóstico ambiental – Projeção da provável situação futura do ambiente


potencialmente afetado, caso a prposta em análise (projeto, plano, programa
ou política) seja implementada.

Qualidade ambiental - “expressão das condições e dos requisitos básicos que


um ecossistema detém, de natureza física, química, biológica, social,
econômica, tecnológica e política, resultantes da dinâmica dos mecanismos de
adaptação e dos mecanismos de auto-superação dos ecossistemas”. (Tauk,
1991).

Ratificação de embargo – Confirmação do impedimento judicial à execução


de obra capaz de causar prejuízo a prédio vizinho.

Recuperação ambiental – Ação destinada a reverter processos de


degradação ambiental por meio de práticas e técnicas que visem restaurar o
equilíbrio perdido.

Recuperação ambiental – Retorno de um ecossistema ou de uma população


silvestre degradada a uma condição não-degradada, que pode ser diferente de
sua condição original.

Referendo – Mecanismo de ratificação ou de regulação de matérias


anteriormente decididas pelo poder público, como a aprovação ou rejeição de
projetos de lei.

Regulamentar – expedir regulamento, prescrever regras de implementação


de normas de superior hierarquia.

Regulamentar - Sujeitar a regulamento, regular, regularizar.

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) – Documento que reflete as


conclusões do Estudo de Impacto Ambiental, redigido em linguagem acessível,
de modo que se possa entender as vantagens e desvantagens de um projeto,
bem como todas as conseqüências ambientais de sua implementação.

Remanescentes de quilombos – Áreas onde vivem tradicionalmente


populações negras descendentes dos antigos quilombos, em regime de uso
comunitário do solo.

Reserva Legal – área localizada no interior de uma propriedade ou posse


rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável
dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à
conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas.

Reserva Particular do Patrimônio Natural – É área de domínio privado a


ser especialmente protegida por iniciativa de seu proprietário, mediante
reconhecimento do Poder Público, por ser considerada de relevante
importância para a biodiversidade, ou pelo seu aspecto paisagístico, ou ainda
por suas características ambientais que justifiquem ações de recuperação.
Enquadra-se na categoria de unidade de conservação de uso sustentável.

Resíduo – Material descartado, individual ou coletivamente, pela ação


humana, animal ou por fenômenos naturais, que pode ser nocivo à saúde e ao
meio ambiente quando não reciclado ou reaproveitado.

Resíduos organoclorados – Materiais descartados no ambiente, resultantes


de inseticidas organo-sintéticos, que contêm na sua molécula átomos de cloro,
carbono e hidrogênio. Exemplo: DDT, Aldrin e Dieldrin.

Risco ambiental – Potencial de realização de consequências adversas para a


saúde ou vida humana, para o ambiente ou para bens materiais. (Segundo
Society for Risk Analysis).

Sanção - Medida repressiva infligida por uma autoridade.

Serviços ambientais – Serviços prestados pelos ecossistemas em estado


natural ou pouco alterado, tais como conservação e oferta de água, regulação
do clima, conservação do solo e controle de enchentes.

Silvicultura – Manejo científico das florestas (nativas ou plantadas) para a


produção permanente de bens e serviços. (Dicionário de Meio Ambiente do
IBGE).

Sinergia – Conceito derivado da Química. Indica um fenômeno no qual o


efeito obtido pela ação combinada de duas substâncias diferentes é maior do
que a soma dos efeitos individuais dessas mesmas substâncias. O emprego
desse termo indica, portanto, a potencialização dos processos de cooperação.

Sistemas agroflorestais – Sistemas agroflorestais são formas de uso ou


manejo do solo, nos quais se combinam espécies arbóreas (frutíferas e/ou
madeireiras) com cultivos agrícolas e/ou criação de animais, de forma
simultânea ou em seqüência temporal, e que promovem benefícios econômicos
e ecológicos. (Projeto Biodiversidade Brasil).

SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente, constituído pelos órgãos e


entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos
Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público,
responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental. Tem como
principais funções: (i) implementar a Política Nacional do Meio Ambiente; (ii)
estabelecer um conjunto articulado de órgãos, entidades, regras e práticas
responsáveis pela proteção e pela melhoria da qualidade ambiental; e (iii)
garantir a descentralização da gestão ambiental, através do compartilhamento
entre os entes federados (União, Estados e Municípios).

Software – Qualquer programa ou conjunto de programas de computador.


Subsidiariedade – Princípio segundo o qual a gestão ambiental deve ser
implementada tendo como base a idéia de que o que pode ficar a cargo do
município não deve ser realizado pelo estado e o que pode ser executado pelo
estado não precisa ser executado pela União.

Suprapartidário – Que está acima dos partidos políticos. (Dicionário


Eletrônico Aurélio Século XXI)

Terceiro Setor – Conjunto de instituições com fins públicos, porém de caráter


privado, que não se enquadram no Primeiro Setor (Estado) e não se guiam por
objetivos mercantis, não sendo, portanto, qualificadas como Segundo Setor
(Mercado). Incluem-se nas entidades do Terceiro Setor as organizações não-
governamentais (ONGs), associações, fundações, entidades de assistência
social, educação, saúde, esporte, meio ambiente, cultura, ciência e tecnologia,
entre outras instituições da sociedade civil.

Termo de Referência – Conjunto de critérios exigidos para a realização de


determinada atividade.

Tombamento – Ato ou efeito de colocar bens móveis e imóveis de interesse


público sob a guarda do Estado, com a intenção de conservá-los e protegê-los,
devido ao seu valor histórico, artístico, arqueológico, etnográfico, paisagístico
ou bibliográfico.

Tramitação – Seqüência de procedimentos para se alcançar um efeito ou


objetivo.

Unidades de conservação – Porções do território nacional com


características de relevante valor ecológico e paisagístico, de domínio público
ou privado, legalmente instituídas pelo poder público com limites definidos sob
regimes especiais de administração, aos quais se aplicam garantias adequadas
de proteção. Exemplo: Parque Nacional, Reservas Biológicas, Estações
Ecológicas.

Urbanização' – A idéia de urbanização está intimamente associada à


concentração de muitas pessoas em um espaço restrito (a cidade) e na
substituição das atividades primárias (agropecuária) por atividades
secundárias (indústrias) e terciárias (serviços).

Urbanização'' – entendida como um processo define-se como o aumento da


população urbana em relação à população rural e, nesse sentido, só ocorre
urbanização quando o percentual de aumento da população urbana é superior
a da população rural.

Várzea - planície aluvial, cujas águas, ricas em nutrientes, são responsáveis


pela enorme produtividade das áreas adjacentes ao leito do rio e pela alta
quantidade de peixes nos lagos.

Viabilidade Ambiental – compatibilidade entre o empreendimento ou


atividade, e os aspectos socioambientais, alternativas tecnológicas e
locacionais, considerando os impactos positivos e negativos, mitigáveis e não
mitigáveis decorrentes da implantação do projeto.

Zona de amortecimento – Área no entorno de uma unidade de conservação,


onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas,
com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a Unidade. (Guia de
Chefe/IBAMA, 2000).

Zoneamento ambiental – Estudo que envolve várias áreas de conhecimento


e define as possíveis ocupações do solo de acordo com a sua vocação
ecológica.
Programa Nacional de Capacitação de
Gestores Ambientais do Sisnama

Curso piloto sobre “Licenciamento Ambiental - LiA”

Módulo 2 – Qualidade e informação ambiental

ACESSO À INFORMAÇÃO

1 – Democracia, cidadania e acesso à informação ambiental.

2 – A informação ambiental na Constituição Federal de 1988 e na atual


legislação infraconstitucional do Brasil.

3 – O Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente – Sinima.

4 – O Portal Nacional de Licenciamento Ambiental – PNLA.

Roberto Rodriguez Suarez

Analista Ambiental do
Ministério do Meio Ambiente
Curso piloto sobre “Licenciamento Ambiental - LiA”

Módulo 2 – Qualidade e informação ambiental

ACESSO À INFORMAÇÃO

1 – Democracia, cidadania e acesso à informação ambiental.

2 – A informação ambiental na Constituição Federal de 1988 e na atual


legislação infraconstitucional do Brasil.

3 – O Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente – Sinima.

4 – O Portal Nacional de Licenciamento Ambiental – PNLA.

SUMÁRIO

Neste tópico trataremos do Princípio da Publicidade a ser observada pela


Administração Pública, e da previsão legal que garante aos cidadãos e às
organizações privadas e governamentais, o direito do acesso à informação
dos atos praticados pelas instituições criadas para a gestão do patrimônio e
dos interesses públicos, como são os relacionados aos recursos naturais.

A Lei da Informação Ambiental (Lei no 10.650, de 16 de abril de 2006) e o


Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente – Sinima,
instituído na Política Nacional do Meio Ambiente (Lei no 6.938, de 31 de
agosto de 1981) como um dos instrumentos para a implementar, são as
diretrizes normativas que determinam a divulgação da informação ambiental
gerada nos órgãos do Sistema Nacional de Meio Ambiente – Sisnama.

Sendo este curso voltado ao instrumento do Licenciamento Ambiental, de igual


forma instituído pela Política Nacional do Meio Ambiente, trataremos do Portal
Nacional de Licenciamento Ambiental – PNLA, ferramenta criada para
agregar e sistematizar informações sobre o licenciamento ambiental geradas
nas entidades formadoras do Sistema Nacional de Meio Ambiente.
1 – Democracia, cidadania e acesso à informação ambiental.

1.1 - Democracia e cidadania.

A sociedade brasileira está organizada politicamente na forma de


um Estado republicano e democrático, regido por uma Constituição, e tem
por objetivo principal assegurar a todos o pleno exercício dos direitos
coletivos e individuais.

Dentre outros princípios constitucionais fundamentais, e da mesma


relevância para o bem-comum, destacamos os de respeito à vida e da
garantia aos direitos à liberdade, à segurança e ao bem-estar social,
direta e totalmente vinculados à qualidade do meio ambiente.

O pleno exercício desses direitos é a própria cidadania,


palavra derivada de cidade, do latim civitas, no sentido de local onde se vive e
participa-se comunitariamente. Em tese a cidadania é obtida ao nascer, mas a
realidade é de que a cidadania é conquistada a partir do exercício dos
direitos conferidos às pessoas pelos valores sociais e normas jurídicas
decorrentes desses valores.

Um desses direitos garantidos na Lei Maior, ou Carta Magna - a


Constituição Federal, e também nas Constituições Estaduais e nas Leis
Orgânicas Municipais e do Distrito Federal, é o do acesso à informação,
sendo dever da administração pública criar e disponibilizar meios que
possibilite aos cidadãos exercerem esse direito fundamental.

Em harmônia com o nosso princípio constitucional do direito de


acesso à informação, em relação ao tema ambiental têm-se o Princípio 10 da
Declaração do Rio de Janeiro, que resultou da ECO 92 - Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada
em 1992 na cidade do Rio de Janeiro.

Sendo o Brasil um dos países signatários dessa Declaração, esse


princípio também é válido como compromisso político nacional a ser
observado, e que está contextualizado na implementação da Agenda 21,
documento resultante da ECO 92 que estabeleceu a importância de cada país
se comprometer a refletir, global e localmente, sobre a forma pela qual os
governos, as empresas, as organizações não-governamentais e todos os
setores da sociedade podem cooperar no estudo de soluções para os
problemas socioambientais.

1.2 - Informação pública.

Outro aspecto relevante é da informação a ser disponibilizada à


sociedade ser confiável (ter fé pública) e atualizada, responsabilidade das
instituições criadas para a gestão do patrimônio e dos interesses públicos.
Neste curso o nosso foco é a informação ambiental, ou melhor, a
informação que registre e divulgue os recursos e os usos do
patrimônio natural, assim como sobre a qualidade do meio ambiente,
que é indicada a partir das características dos elementos básicos - ar, água e
solo, e da ocorrência e diversidade dos organismos vivos presentes na
Biosfera.

Sabemos que toda forma de vida conhecida é dependente do


ambiente natural e dos recursos físicos e bióticos existentes. Esse patrimônio,
sem o qual a vida deixa de existir (e da mesma forma a indisponibilidade
ou o comprometimento da qualidade inviabilizaria muitas atividades humanas)
é bem de interesse comum e pertence a todos.

Uma das formas da gestão pública desse patrimônio coletivo é o


instrumento do licenciamento ambiental, conjunto de procedi-mentos
técnicos e administrativos pelo qual o órgão ambiental competente
autoriza a localização, a instalação, a ampliação e a operação de
empreendimentos e atividades que utilizam recursos ambientais e são
consideradas efetiva ou potencialmente polui-doras, ou daquelas que,
sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.

ONDE ESTAMOS: Destacamos neste texto introdutório algumas


diretrizes legais que garantem o direito do acesso público à informação
ambiental, enquanto direito e garantia do exercício da cidadania e, aos
participantes interessados neste tema, disponibilizamos leituras
complementares.

2 – A informação ambiental na Constituição Federal de 1988


e na atual legislação infraconstitucional do Brasil.

O Poder Público no Brasil é formado pelo Legislativo, Executivo e


Judiciário, todos independentes e harmônicos entre si e cada qual, por
determinação constitucional, com atribuições específicas.

Ao Legislativo compete a elaboração de leis e demais normas,


em observância aos valores e interesses do conjunto maior da
sociedade.

Esse ordenamento legislativo orienta e delimita a atuação do


Executivo na implementação das ações necessárias a garantir o bem-
estar das pessoas.

Ao Judiciário a sociedade recorre quando tem direito lesado ou


há o risco de ser, independente de ser causador o Poder Público ou um
particular.
Esse Poder é patrimônio soberano do Povo, que o exerce de
diversas maneiras: diretamente ou por meio de representantes escolhidos
para desempenharem determinadas funções nos parlamentos (Legislativo) e
na administração pública (Executivo), ou na forma definida em Lei para ocupar
cargos do Judiciário que exigem qualificações específicas.

Um dos muitos modos de a sociedade acompanhar a correção da


atuação do Poder Público, ou seja, dos agentes que o desempenha, é por meio
do acesso à informação do que está sendo feito, em especial quanto ao
uso dos recursos públicos e da repartição dos mesmos entre os
diversos segmentos sociais. Alguns recursos são patrimônio para usufruto
privativo, mas outros, como os ambientais, visam ao benefício de todos.

2.1 - Princípio da publicidade.

"A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência ...", em observância ao artigo 37 da Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988 (grifo nosso).

É para cumprir com esse mandado constitucional que um dos


princípios que orienta a gestão pública é a publicidade dos atos que
realiza. Os atos materiais de gerenciamento da coisa pública são possíveis
devido ao aporte dos recursos financeiros que a Nação arrecada por meio de
tributos e outras receitas. Sendo contribuinte, direto ou indireto, qualquer
cidadão tem legitimidade para requerer do administrador público a
prestação de contas.

A publicidade é princípio administrativo porque se entende


que o Poder Público, por ser público, deve agir com a maior
transparência possível e garantir aos administrados o pleno exercício
do direito de serem informados sobre o que os administradores do
patrimônio público fazem.

Destacamos alguns trechos da legislação brasileira, avaliados mais


relevantes para contextualizar a obrigatoriedade da transparência da
gestão pública, e da divulgação de informações ambientais de
interesse dos cidadãos, para o pleno exercício de seus direitos em defesa do
meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida.
É igualmente importante o registro da discricionariedade do Poder
Público em exigir de pessoas físicas e jurídicas, privadas e públicas, a
prestação periódica de informação sobre os impactos ambientais potenciais e
efetivos de suas atividades, independente da existência, ou da necessidade de
instauração, de qualquer processo administrativo.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

...
TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - ...
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
profissional (grifo nosso);
XV - ...
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular, ou de interesse
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado
(grifo nosso);
XXXIV - ...
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou
de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
da sucumbência (grifo nosso);
LXXIV - ...
TÍTULO III
Da Organização do Estado
CAPÍTULO VII
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte (grifo nosso):
I - ...
§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e
campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo,
informativo ou de orientação social, dela não podendo constar
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de
autoridades ou servidores públicos (grifo nosso) .
§ 2º - ...
...
TÍTULO VIII
Da Ordem Social
CAPÍTULO VI
DO MEIO AMBIENTE
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações (grifo nosso) .
§ 1º - ...
...
Brasília, 5 de outubro de 1988.

OBS: A integra da Constituição da República


Federativa do Brasil, e dos demais ordena-mentos
jurídicos parcialmente apresentados a seguir, está
disponível na documentação complementar deste
tópico do curso.
__________________________________________________

LEI DA POLÍTICA NACIONAL


DE MEIO AMBIENTE

LEI Nº 6.938, DE 31 DE AGOSTO DE 1981


Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e
mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
...
DOS OBJETIVOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO
AMBIENTE (grifo nosso)
Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
I - ...
V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à
divulgação de dados e informações ambientais e à formação de
uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da
qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico (grifo nosso);
VI - ...
DOS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO
AMBIENTE (grifo nosso)
Art 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:
I - ...
III - a avaliação de impactos ambientais;
IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou
potencialmente poluidoras (grifo nosso);
V - ...
VII - o sistema nacional de informações sobre o meio
ambiente (grifo nosso);
VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de
Defesa Ambiental;
IX - ...
XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio
Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzí-las,
quando inexistentes (grifo nosso); (Incluído pela Lei 7.804, de 18
de julho de 1989)
XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente
poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais. (Incluído pela
Lei 7.804, de 18 de julho de 1989)
XIII - ...
...
Art 20 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.
Art 21 - Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, em 31 de agosto de 1981; 160º da Independência e 93º da
República.
JOÃO FIGUEIREDO
Mário David Andreazza
__________________________________________________

LEI DA INFORMAÇÃO AMBIENTAL

LEI No 10.650, DE 16 DE ABRIL DE 2003.


Dispõe sobre o acesso público aos dados e informações existentes
nos órgãos e entidades integrantes do Sisnama.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso


Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Esta Lei dispõe sobre o acesso público aos dados e


informações ambientais existentes nos órgãos e entidades
integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente -
o
Sisnama, instituído pela Lei N 6.938, de 31 de agosto de 1981
(grifo nosso).
Art. 2o Os órgãos e entidades da Administração Pública, direta,
indireta e fundacional, integrantes do Sisnama, ficam obrigados a
permitir o acesso público aos documentos, expedientes e
processos administrativos que tratem de matéria ambiental e
a fornecer todas as informações ambientais que estejam sob
sua guarda, em meio escrito, visual, sonoro ou eletrônico,
especialmente as relativas a (grifo nosso) :
I - qualidade do meio ambiente (grifo nosso) ;
II - políticas, planos e programas potencialmente causadores
de impacto ambiental (grifo nosso) ;
III - resultados de monitoramento e auditoria nos sistemas
de controle de poluição e de atividades potencialmente
poluidoras, bem como de planos e ações de recuperação de
áreas degradadas (grifo nosso);
IV - acidentes, situações de risco ou de emergência
ambientais (grifo nosso);
V - emissões de efluentes líquidos e gasosos, e produção de
resíduos sólidos (grifo nosso);
VI - substâncias tóxicas e perigosas (grifo nosso);
VII - diversidade biológica (grifo nosso);
VIII - organismos geneticamente modificados (grifo nosso).
§ 1o Qualquer indivíduo, independentemente da
comprovação de interesse específico, terá acesso às
informações de que trata esta Lei, mediante requerimento
escrito, no qual assumirá a obrigação de não utilizar as
informações colhidas para fins comerciais, sob as penas da
lei civil, penal, de direito autoral e de propriedade industrial,
assim como de citar as fontes, caso, por qualquer meio,
venha a divulgar os aludidos dados (grifo nosso).
§ 2o É assegurado o sigilo comercial, industrial, financeiro ou
qualquer outro sigilo protegido por lei, bem como o relativo
às comunicações internas dos órgãos e entidades
governamentais (grifo nosso).
§ 3o A fim de que seja resguardado o sigilo a que se refere o § 2o,
as pessoas físicas ou jurídicas que fornecerem informações de
caráter sigiloso à Administração Pública deverão indicar essa
circunstância, de forma expressa e fundamentada.
§ 4o Em caso de pedido de vista de processo administrativo, a
consulta será feita, no horário de expediente, no próprio órgão ou
entidade e na presença do servidor público responsável pela guarda
dos autos.

§ 5o No prazo de trinta dias, contado da data do pedido,


deverá ser prestada a informação ou facultada a consulta,
nos termos deste artigo (grifo nosso).
Art. 3o Para o atendimento do disposto nesta Lei, as
autoridades públicas poderão exigir a prestação periódica de
qualquer tipo de informação por parte das entidades
privadas, mediante sistema específico a ser implementado
por todos os órgãos do Sisnama, sobre os impactos
ambientais potenciais e efetivos de suas atividades,
independentemente da existência ou necessidade de
instauração de qualquer processo administrativo (grifo
nosso).
Art. 4o Deverão ser publicados em Diário Oficial e ficar disponíveis,
no respectivo órgão, em local de fácil acesso ao público, listagens e
relações contendo os dados referentes aos seguintes assuntos:
I - pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva
concessão;
II - pedidos e licenças para supressão de vegetação;
III - autos de infrações e respectivas penalidades impostas pelos
órgãos ambientais;
IV - lavratura de termos de compromisso de ajustamento de
conduta;
V - reincidências em infrações ambientais;
VI - recursos interpostos em processo administrativo ambiental e
respectivas decisões;
VII - registro de apresentação de estudos de impacto ambiental e
sua aprovação ou rejeição.
Parágrafo único. As relações contendo os dados referidos neste
artigo deverão estar disponíveis para o público trinta dias após a
publicação dos atos a que se referem.
Art. 5o O indeferimento de pedido de informações ou
consulta a processos administrativos deverá ser motivado,
sujeitando-se a recurso hierárquico, no prazo de quinze dias,
contado da ciência da decisão, dada diretamente nos autos
ou por meio de carta com aviso de recebimento, ou em caso
de devolução pelo Correio, por publicação em Diário Oficial
(grifo nosso).
Art. 6o (VETADO)
Art. 7o (VETADO)
Art. 8o Os órgãos ambientais competentes integrantes do Sisnama
deverão elaborar e divulgar relatórios anuais relativos à qualidade
do ar e da água e, na forma da regulamentação, outros elementos
ambientais.
Art. 9o As informações de que trata esta Lei serão prestadas
mediante o recolhimento de valor correspon-dente ao
ressarcimento dos recursos despendidos para o seu
fornecimento, observadas as normas e tabelas espe-cíficas,
fixadas pelo órgão competente em nível federal, estadual ou
municipal (grifo nosso).
Art. 10. Esta Lei entra em vigor quarenta e cinco dias após a data de
sua publicação.
Brasília, 16 de abril de 2003; 182o da Independência e 115o da
República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Marina Silva
Álvaro Augusto Ribeiro Costa

PARA AONDE VAMOS: A partir das diretrizes emanadas do


ordenamento legal acima citado, foi implementado o Sistema Nacional de
Informação sobre Meio Ambiente - Sinima e criado o Portal Nacional de
Licenciamento Ambiental - PNLA, este último para facilitar o acesso público
à informação gerada nos procedimentos de Licenciamento Ambiental,
instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente.

O Sinima e o PNLA são sumariamente comentados a seguir.


3 – O Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente
– Sinima.

3.1 - Sobre o Sinima

O Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente - Sinima,


foi criado pela Lei N0 6.938/1981, como um dos instrumentos da Política
Nacional de Meio Ambiente, e tem por objetivo disponibilizar
informações relacionadas com o meio ambiente e a qualidade
ambiental.

A Lei N0 10.650/2003 (Lei da Informação Ambiental) veio


regulamentar as formas de os órgãos e entidades do Sistema Nacional de Meio
Ambiente – Sisnama, disponibilizarem ao público interessado as informações,
documentos e processos administrativos que tratam de temas relacionados à
gestão ambiental, fortalecendo o Sinima como instrumento da cidadania.

O Sinima também busca atender às diretrizes sobre informação das


I e II Conferências Nacionais de Meio Ambiente, marco da gestão
ambiental participativa no Brasil, e ao Princípio 10 da Declaração do Rio de
Janeiro que resultou da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento - a ECO 92.

O Sinima não é um sistema convencional, mas uma estrutura


compartilhada, integrada e descentralizada, formada por um conjunto
de sistemas de informação de múltiplas fontes e focos, que têm em
comum a temática e o compromisso com a divulgação da informação e
a transparência da gestão ambiental.

3.2 - Estrutura do Sinima.

O Sinima está estruturado em três eixos: um referente às


ferramentas da tecnologia de teleprocessamento de acesso à
informação; outro focado nos meios para a integração e o
compartilhamento dos sistemas de informação das entidades do Sisnama
e demais instituições envolvidas; e um terceiro eixo, voltado à
sistematização dos processos de produção, coleta e análise de
estatísticas para elaborar indicadores de qualidade ambiental e
implementação das políticas de desenvolvimento sustentável.

O Sinima foi pautado e configurado para uso de softwares livres,


e a integração das bases de dados com recursos de tecnologias de
interoperabilidade a partir da rede mundial de computadores (internet).

Formatam o Sinima vários sistemas de instituições gover-


namentais, entidades acadêmicas e não-governamentais, estando igualmente
aberto às organizações públicas municipais que tenham interesse e disponham
de sistema informatizado de informação ambiental.
A participação no Sinima é feita a partir da livre anuência,
formalizada por meio de Acordos de Adesão celebrados entre o Ministério do
Meio Ambiente e as entidades interessadas, que a partir desse termo assumem
compromisso institucional de alimentar e atualizar os dados nos
respectivos sistemas de informação vinculados ao Sinima.

3.3 - O que o Sinima informa.

Uma das missões do Sinima é divulgar informações de


interesse social, institucional, profissional ou pessoal sobre projetos
ou obras que podem afetar a vida ou qualquer elemento do meio
ambiente. Essas informações podem estar relacionadas à:
• qualidade do meio ambiente;
• políticas, planos e programas que podem causar impacto ambiental;
• resultados do controle de poluição e de ações em áreas que sofreram
impacto ambiental;
• acidentes, situações de risco ou de emergência ambientais;
• emissões de substâncias líquidas, gases e produção de lixo;
• substâncias tóxicas e perigosas;
• diversidade biológica;
• organismos geneticamente modificados.

Se no Sinima não estiver disponível a informação de interesse de


pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, o interessado a requer
por escrito ao órgão responsável, que as deve prestar, ou possibilitar a leitura
direta, no prazo máximo de trinta dias, contados a partir da data do
requerimento protocolado.

É importante registrar que o emprego dessas informações


visa o esclarecimento das comunidades efetiva ou potencialmente
afetadas por impactos ambientais, mas não podem ser utilizadas para
fins comerciais, estando o uso indevido sujeito às sanções previstas
nas leis cível, penal, de direito autoral e de propriedade industrial.

Sendo do interesse do cidadão a leitura dos documentos que


compõem processos administrativos, este deve dirigir-se diretamente ao órgão
do Sisnama, no horário de expediente, e consultar os autos na presença do
servidor público responsável pela guarda desses documentos.

Independente da divulgação de informações nos sistemas


formadores do Sinima, e da consulta pública nas próprias dependências, as
entidades ambientais, em observância ao art. 4º da Lei nº 10.650/2003, devem
publicar em Diário Oficial e colocar em local de fácil acesso ao público, nas
respectivas sedes, listagens e relações contendo dados sobre os
seguintes assuntos:

• pedidos de licenciamento, e a emissão das licenças;


• pedidos e licenças para supressão de vegetação;
• autos de infrações (aplicação de multa ou suspensão das atividades) e as
penalidades impostas pelos órgãos ambientais;
• assinatura de Termos de Compromisso de Ajustamento de Conduta;
• registros de apresentação de Estudos de Impacto Ambiental e respectiva
aprovação ou rejeição.

Neste momento vamos relembrar a distinção entre dados e


informação.

Dados são registros, elementos isolados ou indícios relacionados a


alguma entidade ou evento que, agrupados e sistematizados, podem gerar
informação.

Informação é o resultado da manipulação, organização e


processamento de dados que resulte em conhecimento.

CONTINUANDO A CAMINHAR: Para conhecer e explorar o Sistema


Nacional de Informação sobre Meio Ambiente, acesse o sítio eletrônico
http://www.mma.gov.br/sinima e frutífera expedição nesse mundo da
informação da gestão ambiental.

Se você tiver interesse em ler um pouco mais sobre o Sinima,


consulte, no capítulo 5 do Volume I dos Cadernos de Formação do Programa
Nacional de Capacitação de Gestores Ambientais, os textos sobre a “alma” do
Sistema Nacional de Meio Ambiente – a informação.

4 – O Portal Nacional de Licenciamento Ambiental - PNLA

4.1 - Sobre o Portal Nacional de Licenciamento Ambiental.

O Portal Nacional de Licenciamento Ambiental - PNLA é um meio


de divulgar informações sobre o licenciamento ambiental em âmbito
nacional, e vem atender ao disposto na Lei Nº 10.650, de 16 de abril de
2003, que determina o acesso público aos dados e informações
ambientais existentes nos órgãos e entidades que compõem o Sistema
Nacional de Meio Ambiente - Sisnama.

O PNLA integra o Sistema Nacional de Informação sobre Meio


Ambiente - Sinima, e foi criado para agregar e sistematizar informações
sobre licenciamento ambiental de todas as esferas de governo:
federal, estadual, distrital e municipal.

Iniciada em 2005, a construção do PNLA envolveu um amplo


processo de articulação institucional entre o Ministério do Meio Ambiente e os
órgãos ambientais dos estados, e foi viabilizada a partir da revisão e do
aprimoramento dos sistemas estaduais de licenciamento ambiental.

Esse projeto foi desenvolvido com apoio do Programa Nacional


do Meio Ambiente - PNMA, durante a segunda fase implementada entre
2005 e 2008. O PNMA atua na melhoria da qualidade ambiental por meio do
incentivo à gestão integrada dos recursos naturais e do fortalecimento das
entidades do Sisnama, e pretende contribuir na consolidação da gestão
ambiental descentralizada.

O Portal Nacional do Licenciamento Ambiental integra as ações de


Desenvolvimento Institucional do PNMA, que têm por objetivo o
aperfeiçoamento de instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente
considerados estratégicos, sendo o licenciamento ambiental um deles.

4.2 - O que encontramos no PNLA.

O Portal Nacional é um meio para disponibilizar informação


e visa assegurar a transparência do processo de licenciamento,
permitindo o controle social, além de ser ferramenta de suporte à
formulação de políticas e diretrizes de ação do Ministério de Meio
Ambiente e das demais entidades formadoras do Sistema Nacional de Meio
Ambiente.

Ao agregar e compatibilizar informações sobre licenciamento, o


Portal Nacional não substitui os sistemas do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis–Ibama, nem
tampouco de órgãos estaduais e municipais de meio ambiente –
OEMAs e OMMAs, pois disponibiliza as informações em nível de macro-
estatísticas, sendo atribuição de cada organismo federal, estadual, distrital e
municipal, o detalhamento e atualização das informações sobre os processos
de licenciamento ambiental nos respectivos portais.

O público que o PNLA e o Sinima buscam atender é formado por


pesquisadores, professores, estudantes, ONGs, servidores públicos,
empreendedores, profissionais do meio ambiente, dentre outros atores
da sociedade civil interessados em temas ambientais.

Na atual versão o PNLA traz informações sobre o processo de


licenciamento ambiental, permite o acesso à dados de licenças
emitidas, lista legislações relacionadas, disponibiliza publicações no
formato digital, divulga as entidades e contatos dos órgãos
licenciadores do Sisnama e difunde eventos de capacitação em temas
de interesse do licenciamento.

Em 2008, sob a coordenação do Departamento de Licenciamento e


Avaliação Ambiental da Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade
Ambiental do Ministério do Meio Ambiente – DLAA/SMCQ/MMA, está sendo
iniciada uma nova etapa, com a reestruturação e maior qualificação do
Portal Nacional de Licenciamento Ambiental.
A melhoria do PNLA será construída com apoio da terceira fase do
Programa Nacional de Meio Ambiente - PNMA III, coordenado pelo
Departamento de Coordenação do Sisnama, da Secretaria de Articulação
Institucional e Cidadania Ambiental - DSIS/SAIC/MMA, em parceira com as
instituições formadoras do Sistema Nacional do Meio Ambiente.

4.3 - Aprimorando a informação.

A nova estrutura a ser implementada no PNLA objetiva qualificar


ainda mais a informação e garantir, a partir de Acordos de Nível de Serviço,
a atualização da informação e a padronização das pesquisas.

O objetivo central é facilitar a consulta dos usuários do PNLA,


orientando-se pelo compromisso de contribuir com a democratização do
acesso à informação e a consolidação do licenciamento ambiental como
instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente.

Uma das formas de se qualificar as pesquisas sobre


licenciamento, é a definição de critérios mínimos, padronizados
nacionalmente, adotando-se campos comuns e palavras-chave que
relacionem os empreendimentos de tipologias similares.

A adoção desses critérios mínimos também visa garantir a


interoperabilidade entre os sistemas de licenciamento ambiental, e
possibilitar a integração das informações geradas no licenciamento com
as de procedimentos correlatos, como os de autorização de supressão
de vegetação e de outorga de uso de recursos hídricos.

Outra integração importante a ser fortalecida com uma


padronização de critérios mínimos, é a articulação entre as etapas de
licenciamento com os demais instrumentos da gestão ambiental, como
o são o planejamento, o monitoramento e a fiscalização.

Nesse sentido, está sendo apreciado na Câmara Técnica de


Controle e Qualidade Ambiental - CTCQA, do Conselho Nacional do Meio
Ambiente - Conama, proposição de Resolução que tem por objeto definir
informações mínimas que devem constar das licenças ambientais
emitidas no âmbito do Sistema Nacional do Meio Ambiente, para serem
divulgadas no Portal Nacional de Licenciamento Ambiental.

Ao Portal Nacional de Licenciamento Ambiental podemos chegar


por muitos caminhos: a partir do sítio http://www.mma.gov.br/; do
http://www.mma.gov.br/sinima, em Eixos Estruturantes - integração e
compartilhamento das bases de informação ambiental, e de alguns sítios de
órgãos estaduais de meio ambiente, onde há esta logomarca:

Portal Nacional do Licenciamento Ambiental - PNLA


ONDE QUERIAMOS CHEGAR: Mas a divulgação da informação
relacionada ao licenciamento de empreendimentos e atividades que
utilizam recursos ambientais efetiva ou potencialmente poluidoras, e
daquelas que possam causar degradação ambiental, está diretamente
vinculada às etapas e atividades pretéritas das equipes técnicas dos órgãos
licenciadores.

O que é o licenciamento, conceitos, objetivos, tipos de licença,


atividades a serem licenciadas e outros temas relacionados, será objeto do
próximo módulo.

Para leitura complementar sobre acesso à informação,


disponibilizamos normas, publicações e artigos relacionados com esse tema.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 25ª edição.


Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2007.

-------. Tribunal de Contas da União. Cartilha de Licenciamento Ambiental. TCU,


com colaboração do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis - Ibama. 2ª edição. Brasília: TCU, Quarta Secretaria de
Controle Externo, 2007.

-------. Ministério do Meio Ambiente & Fórum das Organizações Não-Governamentais e


Movimentos Sociais. Controle Social e Licenciamento Ambiental. Brasília:
MMA, 2006.

-------. Ministério das Relações Exteriores. Declaração do Rio de Janeiro da


Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente e
desenvolvimento. Rio de Janeiro. 1992.

ISA/ABDL. Instituto SocioAmbiental & Associação Brasileira para o Desenvolvi-mento


de Lideranças. Direito à Informação - Marco Legal. Iniciativa de Acesso
no Brasil. Raul Silva Telles do Valle. 2005.
BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA COMPLEMENTAR:

BRASIL. Presidência da República. Centro de Estudos da Subchefia para


Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República.
Participação, informação e comunicação: novos desafios para a
sociedade de risco. CHEVITARESE, Aléssia Barroso Lima Brito
Campos. Revista Jurídica. Brasília, v. 9, n. 85, pp. 63-72, jun/jul,2007.
http://www.presidencia.gov.br/revistajuridica.

FURRIELA, Rachel Biderman. A lei brasileira sobre acesso à informação


ambiental como ferramenta para a gestão democrática do meio
ambiente. (artigo impresso).

ISA/ABDL. Instituto SocioAmbiental & Associação Brasileira para o


Desenvolvimento de Lideranças. Acesso à informação, participação
e justiça ambiental no Brasil. Relatório Técnico. dezembro de
2005.

WLASSAK, Thomas. O princípio da publicidade. Considerações sobre


forma e conteúdo. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 60, nov. 2002.
Disponível_em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3425>.
Acesso em 31 de março de 2008.

___________________________________________________________
Programa Nacional de Capacitação de
Gestores Ambientais do Sisnama

Curso piloto sobre “Licenciamento Ambiental - LiA”

Módulo 2 – Qualidade & Informação Ambiental


Tópico: Qualidade Ambiental e a Gestão Municipal

Abril/2008
ÍNDICE

• A Qualidade Ambiental como um Elemento da Gestão Municipal -


conceitos e contextualização 5

2. Interfaces entre AIA e os Instrumentos da Gestão Municipal 14

3. A Gestão Ambiental Municipal 21

4. Referências Bibliográficas 25

Elvira Maria Xavier Vieira


Técnica Especializada
Ministério do Meio Ambiente

Abril 2008
SUMÁRIO

O presente texto aborda a questão da “qualidade ambiental”, no


contexto do Curso de Licenciamento Ambiental para os Gestores Municipais,
visando reunir um conjunto de informações sobre os aspectos do meio
ambiente que são relevantes para a gestão ambiental ao nível do Município.

Genericamente, pode-se afirmar que o objetivo principal da Gestão


Municipal é melhorar a qualidade de vida da população. Também, observa-se
que as atividades desenvolvidas na cidade pela população e a gestão
municipal, de forma geral, impactam o meio ambiente e podem causar
problemas de qualidade ambiental que, por sua vez, podem impactar a
população e a própria gestão ambiental. Esse é o caso, por exemplo, da
contaminação das águas com esgotos, de efluentes industriais, dos
sedimentos, da contaminação do ar pela exaustão e veículos automotores, das
emissões de atividades industriais, da queima de lixo e da degradação de áreas
de grande vulnerabilidade ambiental, como as que são definidas como áreas
de preservação permanente (APPs): margens de cursos d'água, topos de
morro e áreas com acentuada declividade. De outra forma, a qualidade de vida
da população é impactada quando a saúde das pessoas começa a ser afetada
pela qualidade do ar, ou quando doenças de veiculação hídrica proliferam, ou
os peixes desaparecem e os pescadores ficam sem renda, ou a biodiversidade
diminui e pragas se estabelecem, ou ainda, quando pessoas são feridas e
soterradas por deslizamentos em áreas de risco geológico. Percebe-se,
portanto, que a manutenção e o gerenciamento da qualidade ambiental é uma
dimensão fundamental da gestão municipal.

Assim, neste módulo, pretende-se explorar essa temática e


propiciar espaço para a reflexão e discussão, no âmbito deste curso piloto de
licenciamento ambiental, sobre as formas como o licenciamento ambiental
pode contribuir para a formulação de uma política municipal transversal que
considere a dimensão ambiental.

O assunto está distribuído em três capítulos, assim organizados:

O capítulo 1 é uma introdução ao tema, contextualizando a questão


globalmente e, no cenário da política pública ambiental brasileira, tecendo
algumas considerações sobre a atuação que compete ao Município, para
assegurar uma qualidade ambiental compatível com a qualidade de vida, no
âmbito local. Também, busca-se explicitar como a avaliação de impacto e o
licenciamento tem se configurado numa importante ferramenta a favor da
preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental. Ainda neste
capítulo, trata-se da questão da geração de informações e do monitoramento
ambiental

No capítulo 2, discorre-se brevemente sobre os instrumentos de


gestão municipal – com destaque para o Plano Diretor e a Lei de Uso e
Ocupação do Solo –, sobre alguns exemplos de atividades cujo licenciamento
ambiental compete ao município e, finalmente, sobre vários e significativos
problemas ambientais, que afligem os municípios brasileiros, decorrentes do
crescimento populacional e expansão urbana desordenada, característicos do
processo de urbanização no País, bem como do uso inadequado de
agrotóxicos, na zona rural. Com esse arranjo pretende-se apresentar um
quadro das possíveis interfaces da Política Nacional de Meio Ambiente com os
instrumentos de gestão municipal.

O 3º e último capítulo reúne algumas considerações sobre a gestão


compartilhada e a competência municipal para o licenciamento ambiental,
concluindo sobre as possibilidades de atuação do município na perspectiva do
desenvolvimento sustentável, visando à melhoria da qualidade de vida dos
seus cidadãos.
1 – A Qualidade ambiental como um Elemento da Gestão
Municipal

1.1. - Contextualização

O tema qualidade ambiental é muito amplo e um conceito de difícil


definição, que tem implícitas em sua formulação questões de ponto de vista,
de necessidade, de gosto, enfim, aspectos de muita subjetividade.

“A beleza de uma paisagem, o valor de


uma espécie animal, o estágio cultural
de uma comunidade indígena são
exemplos de valores subjetivos
associados à qualidade ambiental e que
variam para cada época e de acordo
com o grupo social que lhes atribui”1.

Para efeito deste curso, entende-se como qualidade ambiental a


“expressão das condições e dos requisitos básicos que um ecossistema detém,
de natureza física, química, biológica, social, econômica, tecnológica e política,
resultantes da dinâmica dos mecanismos de adaptação e dos mecanismos de
auto-superação dos ecossistemas”2.
A preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental é o
objetivo central da Política Nacional de Meio Ambiente, tal como foi
estabelecida pela Lei nº 6938, de 31 de agosto de 1981. No próprio texto da
Política, observa-se que há uma “meta” embutida nesse objetivo central, que é
o de ser “propícia à vida”.

Então, o que é essa qualidade ambiental que é propícia à vida?

Essa questão – da qualidade ambiental influenciando a qualidade


de vida das pessoas – remonta, contemporaneamente, aos anos 70, uma
década marcada pelas discussões em torno da escassez de recursos naturais,
atribuída à sua exploração desordenada e ao aumento dos níveis de poluição,
que vinham afetando as capacidades de regeneração desses recursos em
diversas regiões do Planeta.

Tais discussões culminaram na realização da Conferência das


Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, em 1972, na Suécia, que teve como
um dos documentos resultantes a Declaração de Estocolmo, onde foram
afirmadas como princípios básicos a conciliação entre
desenvolvimento e proteção ambiental e a salvaguarda dos recursos
naturais em benefício das gerações atuais e futuras, tendo como pano de
fundo o planejamento racional.
1
Parágrafo extraído de texto sobre licenciamento ambiental , em: 2006 © STCP Engenharia de Projetos Ltda (Leitura
complementar).
2
definição extraída de Tauk (1991).
Não entraremos em detalhes, neste texto, sobre a participação do
Brasil na Conferência de Estocolmo, contudo, é importante destacar os
desdobramentos dessa reunião no País, principalmente quanto à evolução do
modelo de controle ambiental adotado que, voltado inicialmente para atender
requisitos de financiamento de grandes obras, chegou ao status de
licenciamento ambiental de atividades potencialmente degradadoras do meio
ambiente.

E é quanto ao licenciamento ambiental, o controle ambiental


exercido pelo poder público sobre as intervenções humanas poluidoras ou
degradadoras do meio ambiente, que entram as grandes questões envolvendo
a instância municipal.
Os municípios brasileiros estão sofrendo os efeitos do processo de
urbanização desordenado que, juntamente com o desenvolvimento de projetos
agropecuários implantados sem o devido cuidado com a questão ambiental,
têm provocado conseqüências indesejáveis sobre o ambiente como poluição
atmosférica, poluição e contaminação das águas, acúmulo de resíduos sólidos,
entre outras formas de degradação do meio.
Os recursos naturais são seriamente afetados por esses processos,
influenciando negativamente a qualidade de vida da população humana local:
A qualidade ambiental tem, portanto, uma estreita relação com a qualidade de
vida das pessoas, o que enseja um exame mais detalhado das interfaces entre
esses dois aspectos, no contexto do planejamento e da gestão do território
municipal.

Porém, antes de entrar nesse aspecto, cabe destacar que, sendo o


Município a base territorial onde se vivenciam, de fato, os problemas e as
soluções para a qualidade de vida, e considerando a influência dos problemas
ambientais sobre a qualidade da vida das pessoas nessa instância local, a
participação municipal, nas ações administrativas e legislativas, quanto ao
controle da qualidade ambiental, no âmbito do licenciamento ambiental, é
legítima, restando no entanto, definir os procedimentos para o exercício de
suas atribuições.

1.2. - A Estruturação da Política Nacional de Meio Ambiente

Em meados da década de 1970, a atuação pública federal e


estadual no controle sobre a qualidade ambiental era de caráter mais corretivo,
tendo um alcance mais restrito aos grandes centros urbanizados e industriais,
à exceção dos investimentos federais na criação de espaços protegidos como
estações ecológicas e áreas de interesse turístico.

Influenciada pelas novas idéias sobre meio ambiente,


desenvolvimento e planejamento, que vinham tomando vulto,
mundialmente, a política interna brasileira na questão ambiental assume, a
partir de então, uma feição mais preventiva. Nos estados, destacam-se: em
São Paulo, a Lei nº 898 de dezembro de 1975 – que disciplinou o uso do
solo para a proteção de mananciais, cursos e reservatórios de água; a Lei nº
1172 de 17 de novembro de 1976 – que delimitou as áreas de proteção
relativas aos mananciais, cursos e reservatórios de água protegidos pela Lei
898/75. Ressalta-se que essa atuação mais preventiva, no entanto, não foi
suficiente para impedir a degradação dos mananciais de água na Grande São
Paulo.
Paralelamente, foram adotadas iniciativas para separar a áreas
residenciais de áreas que deveriam ser destinadas à ocupação por atividades
industriais. Nesse sentido, foram editadas leis estaduais sobre diretrizes para o
zoneamento e a localização de indústrias na Região Metropolitana, em São
Paulo, para “compatibilizar o desenvolvimento industrial com a melhoria de
condição de vida da população e com a preservação do meio ambiente” 3.

Essa atuação, de caráter mais preventivo, prossegue, por meio do


planejamento territorial, com a edição da Lei Federal nº 6766/79,
denominada Lei de Parcelamento do Solo Urbano e, na instância
estadual, em São Paulo, por meio da Lei nº 6.803 de 02 de julho de 1980,
que fixou diretrizes para o zoneamento industrial nas áreas críticas de
poluição, e na qual aparece a primeira menção formal à avaliação de impacto
ambiental no Brasil.

As críticas feitas ao planejamento territorial, nos moldes em que


era desenvolvido, revelam que esse apresentava vários problemas comuns à
política anterior, que tinha foco apenas no controle, reativo, da poluição
industrial. Esses problemas eram basicamente: i) aplicação a porções restritas
do território (apenas zonas urbanas); ii) não havia mecanismos para garantir a
participação pública na formulação dos planos de uso do solo; e iii) o controle
ambiental debruçava-se apenas sobre projetos da iniciativa privada, de modo
que as grandes obras de infraestrutura do governo desenvolviam-se sem o
crivo do controle ambiental.

Em 31 de agosto de 1981, foi promulgada a Lei nº 6938, que


estabeleceu a Política Nacional de Meio Ambiente, a qual apresenta,
entre outras inovações:

• instituiu a AIA e o licenciamento ambiental como instrumentos de


execução da Política Nacional de Meio Ambiente, em nível federal;

• criou o Sistema Nacional de Meio Ambiente, o Sisnama, uma estrutura


político-administrativa composta por um conjunto articulado de órgãos,
entidades, regras e práticas responsáveis pela proteção e melhoria da
qualidade ambiental;

• criou o Conselho Nacional do Meio Ambiente, o Conama, órgão


colegiado de caráter deliberativo e consultivo que, entre outras
responsabilidades, delibera sobre normas e padrões4 para um
ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de
vida. O Conama constitui-se num mecanismo formal de participação da

3
Sánchez (2006).
4
Veja Resoluções Conama sobre qualidade da água, controle da poluição sonora e do ar e gestão de resíduos e
produtos perigosos (Conama, 2006).
sociedade e de cooperação entre governo e sociedade, propiciando o
debate de temas ambientais relevantes entre representantes da União,
dos estados e municípios, da iniciativa privada e de organizações da
sociedade civil”5;

• instituiu o princípio da responsabilidade objetiva do poluidor


(independente de haver ou não culpa, o poluidor identificado obriga-se a
reparar o dano causado ao meio ambiente); e

• incluiu as iniciativas governamentais (as que cabiam) no rol das


atividades que deviam se submeter aos princípios da legislação
ambiental.

A Constituição Federal, promulgada em 05 de outubro de 1988,


assumiu a relevância da questão ambiental no País, dedicando ao meio
ambiente o Capítulo VI, Art. 225, que define os direitos e deveres do
Poder Público e da coletividade em relação à conservação do meio
ambiente como bem de uso comum. No Parágrafo 1º, Inciso IV do Art.
225, a avaliação de impacto ambiental foi recepcionada pela Constituição
Federal, devendo assim ser exigida pelo Poder Público (como “estudo prévio de
impacto ambiental”), para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente.

Dessa maneira, vale destacar a leitura que Sánchez fêz sobre o


papel da avaliação de impacto ambiental, em seu livro de 2006 sobre o
assunto, referenciado ao final deste texto:

“...ficou consolidado o papel da AIA como o


instrumento de execução da Política Nacional de
Meio Ambiente, para a coleta e organização de dados,
e como procedimento para considerar os efeitos de
projetos de desenvolvimento sobre a qualidade ambiental
e a produtividade dos recursos naturais, em associação
ao licenciamento das atividades utilizadoras dos
recursos ambientais, consideradas efetiva ou
potencialmente poluidoras, resguardando o caráter
prévio da avaliação e vinculando-a ao processo
decisório”. (Sánchez, 2006)

Como será muito enfatizado no módulo sobre procedimentos de


Licenciamento Ambiental, ao se “exigir licenciamento ambiental para
determinadas atividades ou empreendimentos, busca-se estabelecer
mecanismos de controle ambiental nas intervenções setoriais que possam vir a
comprometer a qualidade ambiental”.

Em outras palavras, a principal razão de se fazer o


licenciamento é evitar o comprometimento da qualidade do meio
ambiente. Mas, sem o papel que a AIA exerce como instrumento de política
5
(Conama, 2006).
ambiental, é possível que o licenciamento ambiental de atividades poluidoras
talvez fosse reduzido a um simples registro de intervenções ambientais e uma
preparação para recuperar danos causados por essas intervenções,
identificados os responsáveis.

Dessa maneira, a avaliação de impactos pode conferir uma


antecipação de prováveis danos ambientais, ensejando medidas preventivas
para garantir a qualidade ambiental.
Conforme já mencionado a Avaliação de Impacto Ambiental foi
vinculada ao processo de licenciamento ambiental por meio da resolução
Conama nº 001/86, que estabelece os critérios básicos e as diretrizes gerais
para uso e implementação de Avaliação de Impactos Ambientais, e define o
conceito de impacto ambiental e determina a subordinação da elaboração do
EIA/RIMA ao sistema de Licenciamento Ambiental de atividades modificadoras
do meio ambiente, entre outras diretrizes.

A elaboração dos Estudos de Impactos


Ambientais consiste no desenvolvimento dos
procedimentos referentes à sistemática de
avaliação de impactos ambientais.

No âmbito do planejamento e gestão, visando à preservação, melhoria e


recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, são instituídos diversos
outros instrumentos importantes de execução da Política Nacional, como, por
exemplo, o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental, o zoneamento
ambiental, a avaliação de impactos ambientais, o licenciamento e a revisão de
atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, os incentivos à produção e
instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados
para a melhoria da qualidade ambiental, a instituição do Relatório de Qualidade
do Meio Ambiente e a garantia da prestação de informações relativas ao Meio
Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzí-las, quando inexistentes”.

O Licenciamento Ambiental, até chegar à conformação atual,


também passou por um processo de evolução bastante longo, desde simples
autorizações governamentais para o exercício de atividades que tem
interferência com o meio ambiente, como, por exemplo, no âmbito federal, as
autorizações para desmatamento, previstas no Código Florestal,
estabelecido pela Lei n° 4771 de 1934 e as autorizações para caça e
pesca em florestas remanescentes.

No Estado do Rio de Janeiro foram editados o Decreto-Lei nº


134/1975, que tornou obrigatória a prévia autorização para operação ou
funcionamento de instalação ou atividades real ou potencialmente poluidoras e
o Decreto 1633 de 1977, que instituiu o Sistema de licenciamento de
atividades poluidoras, prevendo os três tipos de licença ordinárias da legislação
ambiental atual, a Licença Prévia, a Licença de Instalação e Licença de
Operação.

Em São Paulo, a lei estadual nº 997 de 1976 criou o Sistema


de Prevenção e Controle da Poluição do Meio Ambiente, também com
previsão de licenças para instalação e funcionamento.

Esses licenciamentos aplicavam-se à fontes de poluição, que eram


atividades basicamente industriais e certos projetos urbanos como aterros de
resíduos e loteamentos.

Com a incorporação da AIA à legislação brasileira, esses sistemas


de licenciamento preexistentes sofreram adaptações, principalmente quanto ao
campo de aplicação e quanto ao tipo de análise, como seguem:

- adaptações quanto ao campo de aplicação – em vez de apenas


cobrir atividades poluidoras, a AIA aplicava-se também às
atividades que utilizam recursos ambientais ou que possam causar
degradação ambiental;

- adaptações quanto ao tipo de análise – não mais abrangendo


somente emissões de poluentes e sua dispersão no meio, mas
incluindo também os seus efeitos sobre a biota, os impactos sociais,
etc.

Isso representa uma evolução quanto ao entendimento das causas da


deterioração da qualidade ambiental. Ao longo de sua aplicação, a gestão
ambiental desenvolveu-se por meio de mecanismos de ação de reparação e
correção de danos, ou preventivos. Ressalta-se o caráter preventivo
embutido na associação da avaliação de impactos ao licenciamento
ambiental, que significou um avanço qualitativo na questão da gestão
ambiental.

1.3. - Qualidade, Informação e Monitoramento Ambiental

Outro avanço significativo foi o reconhecimento da necessidade do gestor


e dos direitos das pessoas às informações sobre a qualidade do meio
ambiente em que vivem, permitindo-lhes entre outras possibilidades,
avaliar, planejar, reparar e exigir reparações cabíveis, ou prevenir
danos futuros. Tal reconhecimento está legalmente expresso na
Constituição Federal de 1988, na Política Nacional de Meio Ambiente, e
na Lei da Informação Ambiental (Lei 10.650/2003), assunto que será
tratado no tópico sobre Acesso à Informação Ambiental.
Então, a divulgação ou comunicação dos resultados de diagnósticos
e da aplicação dos métodos de avaliação de impactos, além de atender ao
preceito constitucional da publicidade, e à legislação ambiental, acima
mencionada, pode oferecer informações resultantes de procedimentos
sistematizados, que qualificam o planejamento para a melhor gestão da
política ambiental, considerando os aspectos social, econômico, ambiental,
espacial e cultural 6.

6
“-social - entendido como o processo de desenvolvimento voltado para uma nova concepção de crescimento, com
melhor distribuição de renda;
Incorporando alguns princípios da Declaração do Rio (da CNUMAD),
que fundamentam a Agenda 21 (idem), afirma-se a necessidade de informar à
população os resultados de análise sobre qualidade ambiental num cenário
atual para planejar o futuro de forma sustentável, com a participação da
sociedade, numa abordagem integrada e sistêmica das dimensões econômica,
social, ambiental e político-institucional da localidade.

A divulgação de resultados sobre a qualidade ambiental está


prevista na Política Nacional de Meio Ambiente. Por exemplo, no inciso X,
artigo 9º da Lei 6938/81, está prevista a instituição do Relatório de
Qualidade do Meio Ambiente, o qual deveria ser divulgado anualmente pelo
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA,
com o propósito de informar a sociedade sobre o estado do meio ambiente no
país, seus principais problemas e avanços.

Segundo Sánchez (2006), a “comunicação sobre os resultados da


“avaliação de impacto ambiental busca transmitir informação técnica
multidisciplinar a um público variado com interesses específicos distintos”.
Assim, no EIA/RIMA7 devem constar: todas as alternativas tecnológicas e de
localização do projeto; os impactos ambientais relativos às fase de implantação
e operação da atividade projetada; a área de influência do projeto; a
identificação dos planos e programas governamentais, propostos e em
implantação na área de influência. Essas informações devem subsidiar a
decisão sobre a viabilidade ambiental do projeto.

O monitoramento ambiental procura conhecer o estado e as


tendências qualitativas e quantitativas dos recursos naturais e as influências
exercidas pelas atividades humanas e por fatores naturais sobre o meio
ambiente. Tal conhecimento permite estabelecer critérios para a tomada de
decisões emergenciais, visando evitar situações críticas, como enchentes,

- econômico - representado pela alocação e gestão mais eficientes dos recursos públicos;
- ambiental - adequada utilização dos recursos naturais, que tem por base a redução do volume de resíduos e
dos níveis de poluição, a pesquisa e implantação de tecnologias de produção limpas e a definição das regras para
proteção ambiental;
- espacial - significando equilibrar as relações entre os espaços rural e urbano através de uma melhor
distribuição de usos do solo, evitando a concentração espacial das atividades econômicas e a destruição de
ecossistemas, e também promovendo o manejo adequado dos projetos agrícolas;

• cultural - com vistas ao respeito às tradições culturais das populações urbana e rural, valorizando
cada espaço e cada cultura. Cada município é um espaço territorial único, resultante das inter-relações e
conflitos entre as forças sociais que ali atuam. A política ambiental voltada para o desenvolvimento
sustentável deve considerar a diversidade dos quadros natural, cultural, sócio-político e histórico de cada
município”. (Manual de Saneamento Ambiental)
7
O Conama publicou, em 23 de janeiro de 1986, a Resolução nº 001, onde define responsabilidades, critérios básicos
e diretrizes para o uso e implementação da avaliação de impacto ambiental de projetos, na forma de um estudo de
impacto ambiental- EIA. As informações do EIA, por sua vez, devem ser “traduzidas em linguagem acessível,
ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que se possam
entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as consequências ambientais de sua
implementação”. O documento contendo essa tradução é o Relatório de Impacto Ambiental- RIMA. O EIA/RIMA
consiste então numa série de informações às quais se deve dar publicidade por meio de audiências públicas,
normatizadas pela Resolução do CONAMA nº 09/87, e disponibilizar nos centros de documentação e bibliotecas dos
órgãos de meio ambiente, no intuito de viabilizar a participação da sociedade no processo de discussão sobre o
impacto ambiental de projetos.
deslizamentos de terra, apagões, bem como para minimizar seus efeitos. Tem
grande influência nas medidas de planejamento bem como auxilia a definir
políticas ambientais8.

Um exemplo importante de informações para o planejamento e


gestão ambiental, no Brasil, é o Programa de Monitoramento Ambiental (MMA,
2002), que foi realizado por um conjunto de instituições federais, estaduais,
universitárias, institutos de pesquisas e organizações não-governamentais.
Outro exemplo é o Programa de Monitoramento da Qualidade da Água, sob a
responsabilidade da Agência Nacional de Águas – ANA, visando: garantir os
usos múltiplos da água, conforme os Planos de Bacia e as classes de
enquadramento dos cursos d'água; apoiar / elaborar planos de bacia,
enquadramento, outorga, cobrança, fiscalização; permitir a análise de
tendências e a verificação da efetividade das ações (estruturais e não
estruturais); e, finalmente, disponibilizar um diagnóstico nacional da qualidade
da água no país9.

1.4. - Qualidade Ambiental em uma perspectiva estratégica ZEE e AAE

Ao final da década de 80, com a promulgação da Constituição


Federal de 1988, e após a aprovação da Lei no 6938/81, acontece uma
redefinição de direitos e responsabilidades, das quais decorrem o Zoneamento
Ecológico Econômico – ZEE um “instrumento de estado que possibilita
recuperar uma visão de conjunto da nação, bem como subsidiar políticas
autônomas para uso estratégico do território. No ZEE, potencialidades e
limitações naturais se conectam, na organização do território, às contingências
e potencialidades sociais. Funciona como um sistema de informações e
avaliação de alternativas, servindo como base de articulação às ações
públicas e privadas que participam da reestruturação do território,
segundo as necessidades de proteção, recuperação e desenvolvimento com
conservação”.

Recentemente, foram desenvolvidos alguns instrumentos de gestão


ambiental, como resposta “às necessidades dos governos dos países
desenvolvidos de melhorar o planejamento de suas ações e a eficiência do
controle das atividades econômicas, ou às exigências da sociedade, cada vez
mais preocupada com os processos de degradação do meio ambiente causado
por práticas produtivas e de consumo reconhecidamente nocivas” (MMA,2002).
Desses instrumentos, a Avaliação Ambiental Estratégica – AAE, já tem sido
aplicada no Brasil.

A AAE10 representa um processo que, embora tenha uma raiz


comum com a avaliação de impacto ambiental, os objetos da avaliação são
estratégias de desenvolvimento futuro, com um elevado nível de incertezas,
diferentemente da AIA, onde os objetos avaliados são propostas e medidas
concretas e objetivas, para execução de um projeto. Essa diferença de objetos
8
(MMA, 2006, v.4, p.32)
9
http://www.ana.gov.br/SalaImprensa/anexos/A_ANA_Qualidade_da_Agua.pdf
10
Leitura Complementar: http://www.mma.gov.br/port/sqa/aae/index.cfm
determina abordagens metodológicas diferenciadas, relacionadas com a escala
de avaliação e com o processo de decisão. A abordagem de AAE, desse modo,
deve permitir que sejam avaliadas e antecipadas as consequências de
decisões adotadas antes de serem concebidas em projetos, e então, as
alternativas ambientais podem ser analisadas na fase de planejamento,
conjuntamente com os fatores econômicos e sociais no desenvolvimento. É um
instrumento e/ou processo de apoio ao planejamento estratégico.

No contexto dessas abordagens que têm como foco o território e,


por conseguinte, têm perspectiva mais abrangente, que demandam uma
metodologia específica, com sistematização de informações sobre o meio
ambiente, o governo brasileiro desenvolveu e está aplicando os estudos de
Avaliação Ambiental Integrada-AAI11, que consiste numa “análise ambiental de
cenários e impactos cumulativos e sinérgicos de políticas existentes ou
planejadas, planos e programas de desenvolvimento previstos para a bacia
hidrográfica, num contexto de desenvolvimento sustentável e de
procedimentos ajustados a uma visão abrangente, senão estratégica do
território, objetivando orientar tomadas de decisão, visando à compatibilização
do uso e conservação dos recursos naturais da bacia hidrográfica”12.

Então, numa perspectiva de decisão pública, a Avaliação Ambiental


Integrada relaciona conhecimento e ação, avaliando os processos naturais e
humanos e suas interações, no espaço e no tempo, facilitando a definição e
implementação de políticas e estratégias.

11
Leitura Complementar: http:// www.mma.gov.br/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=46&idMenu=1351
12
Definição extraída do Parecer nº 017/2007/GAIA/DLAA/SMCQ, de 28/12/2007.
2. Interfaces entre AIA e os Instrumentos de Gestão
Municipal

2.1. - Aspectos ambientais dos instrumentos de gestão municipal: o


Plano Diretor e a Lei de Uso e Ocupação do Solo

Há interfaces entre AIA e os instrumentos de gestão


municipal?

Os planos diretores e as leis de uso e ocupação do solo são os


principais instrumentos de política para o desenvolvimento urbano. Juntamente
com a Lei de Parcelamento de Uso do Solo Urbano13, esses instrumentos
são complementares na definição de diretrizes para melhorar a qualidade de
vida das pessoas no âmbito do município. Vejamos se existem e quais são os
aspectos ambientais que cada um deles apresenta, de modo a identificar
interfaces.

O Plano Diretor, obrigatório para os municípios com mais de


20.000 habitantes, é disciplinado por meio de lei, no âmbito do Município,
que estabelece diretrizes para a ocupação da cidade, identificando e analisando
as características físicas, as atividades predominantes e as vocações da cidade,
os problemas e as potencialidades.

O Plano Diretor é um conjunto de regras básicas que determinam o


que pode e o que não pode ser feito em cada parte de cidade. É uma
possibilidade para que a prefeitura em conjunto com a sociedade, busque
direcionar a forma de crescimento, conforme uma visão de cidade
coletivamente construída e tendo como princípios uma melhor qualidade de
vida e a preservação dos recursos naturais. Esse instrumento deve, portanto,
ser discutido e aprovado pela Câmara de Vereadores e sancionado pelo
prefeito. O resultado, formalizado como Lei Municipal, é a expressão do pacto
firmado entre a sociedade e os poderes Executivo e Legislativo locais.

O Plano Diretor está definido no “Estatuto das Cidades”14 (Lei


Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001, que é a regulamentação dos
artigos 182 e 183 da CF/88), como instrumento básico para orientar a política
de desenvolvimento e de ordenamento da expansão urbana do município,
devendo estabelecer um modelo compatível com a proteção dos recursos
naturais, em defesa do bem-estar da população.

A elaboração do Plano Diretor pressupõe o conhecimento das


deficiências, fragilidades e potencialidades do território municipal e da região
vizinha, para que se possa priorizar as intervenções sobre esse espaço e
viabilizar os recursos necessários à sua realização e sustentação.

O Plano Diretor pode contribuir para o aumento da eficiência

13
A Lei Federal 6.766/79 dispõe sobre o parcelamento do solo urbano, definindo diretrizes para elaboração e
aprovação de projetos (o parcelamento de glebas). Essa lei está em revisão e já existe uma proposta de alteração
transitando no Congresso Nacional (PL nº3057/2000).
14
Câmara dos Deputados , 2002.
econômica local e regional e preservar a qualidade ambiental e o
patrimônio coletivo, cultural e histórico. Constitui-se, dessa forma, num
pacto entre as classes e forças sociais, em prol da qualidade de vida.

A lei de parcelamento do solo urbano orienta o processo de


expansão urbana, controlando a abertura de novos loteamentos ou a divisão
de áreas, tendo em vista que estabelece as condições para a sua
regularização, entre as quais destacam-se a proibição do parcelamento em
áreas de preservação permanente, inundáveis ou de risco, a proteção de
reservas naturais para preservação da fauna e flora, e a reserva de áreas de
lazer e para equipamentos públicos.

O município pode legislar sobre parcelamento do solo,


imputando medidas restritivas e/ou regulatórias. Por ser
uma atividade potencialmente poluidora, devido à
movimentação de terra e às implicações decorrentes da
própria ocupação humana, o parcelamento deve ser
submetido ao licenciamento ambiental.

A Lei de Uso e Ocupação do Solo define os usos dos diversos


espaços e as condições para a sua ocupação em áreas urbanas, portanto, cada
município elabora a sua Lei, tendo como referência básica as necessidades de
garantir condições adequadas de iluminação, ventilação, salubridade, melhor
circulação de veículos, a proteção de áreas de interesse ambiental, e ainda
compatibilizar os diversos usos. O assentamento de atividades e/ou
empreendimentos potencialmente poluidores, em especial os que provocam
poluição atmosférica e sonora, em áreas predominantemente residenciais,
deve ser regulamentado com vistas ao controle ambiental.

As características físicas relacionadas à topografia, clima, ventos


dominantes e aspectos geológicos são básicas para se definir a localização
adequada de assentamentos industriais, residenciais e comerciais.

Com o diagnóstico das características ambientais do município


podem ser delimitadas as áreas adequadas aos diversos usos e atividades:
áreas destinadas à preservação permanente, à proteção ambiental, áreas
adequadas à expansão urbana e industrial.

Para realizar o diagnóstico ambiental do município, são levantados


dados estatísticos e informações disponíveis. Dados adicionais devem ser
objeto de pesquisas complementares, entrevistas ou estudos específicos para
ampliar o conhecimento das questões ambientais locais.

Observa-se, portanto, que a aplicação de diretrizes para melhoria


da qualidade de vida por meio da implantação conjunta do Plano Diretor, da
Lei de Parcelamento do Solo Urbano e das leis de uso e ocupação do
solo, no Município, pode ter um rebatimento imediato, senão, prévio,
sobre a atuação para a melhoria de qualidade ambiental ao nível
municipal.

Há outros instrumentos de planejamento e gestão municipal que


também concorrem para a qualidade ambiental como:
A Lei Municipal de Meio Ambiente, que deve apresentar as diretrizes
gerais para a atuação municipal, em sintonia com o Plano Diretor, devendo
avaliar a realidade local em termos políticos, econômicos, sociais e ambientais.

O município pode editar norma legal para condicionar a implantação


de atividades que provoquem degradação ambiental à realização
prévia de avaliação de impactos. Paralelamente à edição de normas,
o município deve coordenar a avaliação da operação das atividades já
instaladas, de forma a identificar danos passíveis de correção e ou
prevenção. Por exemplo: ao município compete organizar e
disciplinar os serviços de coleta e disposição final de resíduos15.

A Lei Orgânica define o que é conveniente, no espaço territorial


do Município - para a organização social e econômica em um município,
compatíveis com a proteção e melhoria da qualidade de vida local.

O Código de Obras, que tem como objetivo garantir às


construções, públicas ou privadas, condições mínimas de segurança, conforto e
higiene. Questões relativas à saúde e ao meio ambiente devem constar do
Código de Obras: tratamento de efluentes industriais e domésticos, controle da
poluição sonora, instalação de equipamentos de proteção contra incêndio,
normas técnicas para armazenamento de produtos perecíveis ou tóxicos,
dimensionamento de áreas de ventilação e iluminação, etc.

O Código de Posturas, que define e regula a utilização dos


espaços públicos e de uso coletivo. Trata de questões relacionadas ao controle
da poluição sonora, à apreensão de animais, ao cuidado com as calçadas e
passeios públicos, à disposição de resíduos, instalação de placas e cartazes,
arborização pública, exploração de pedreiras e areiais, à proibição do
lançamento de esgotos nos cursos d' água, etc.

O Código de Posturas deve ser atualizado periodicamente, para que lhe


sejam incorporadas as alterações tecnológicas e os padrões em vigor na
legislação ambiental. Dessa forma, com as necessárias adequações,
esse instrumento legal pode ser utilizado pelos municípios no controle
ambiental.

O Código Tributário, que permite instituir incentivos para os


cidadãos ou empreendimentos que se proponham a proteger, conservar e/ou
15
A normatização da limpeza pública urbana define objetivamente as responsabilidades dos cidadãos, das
entidades privadas e dos governos para a obtenção de níveis adequados de higiene individual e/ou coletiva. Fonte:
Manual de Saneamento e Proteção Ambiental para os Municípios
(http://www.enge.com.br/saneamento_municipios.htm)
recuperar o meio ambiente municipal, com a adoção de medidas como a
preservação de construções e monumentos de interesse histórico, cultural e
paisagístico; a recuperação, manutenção ou construção de praças e jardins
públicos; o desenvolvimento de projetos de educação ambiental; e o emprego
de tecnologias alternativas para uso sustentado dos recursos naturais. Os
incentivos à proteção do ambiente e do patrimônio cultural induzem a
mudanças positivas de comportamentos relacionados à questão ambiental.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias, que é importante para o


sucesso das políticas municipais, uma vez que determina a aplicação de
recursos compatíveis com as diretrizes de um plano diretor. Deve prever
recursos destinados ao plano municipal de saneamento básico, à implantação e
manutenção de áreas de proteção ambiental, entre outros projetos, e ainda
alocar recursos necessários à integração do município com associações
regionais, consórcios intermunicipais, etc. Para definir adequadamente as
prioridades de aplicação dos recursos, de forma a atender às reais
necessidades sociais do município, é fundamental que, no processo de
elaboração do orçamento, haja uma efetiva participação da comunidade.

2.2. - Exemplos de atividades e/ou empreendimentos municipais

Os grandes problemas ambientais no âmbito municipal decorrem


principalmente de urbanização não planejada, do mau uso de produtos
agrícolas na zona rural, e de atividades típicas dos municípios como, por
exemplo o parcelamento do solo. Dentre algumas dessas atividades, abaixo
apresentadas, incluem-se dois exemplos de atividades que serão tratadas
como estudo de caso neste Curso de Licenciamento, que são o parcelamento
do solo urbano e a instalação de Postos de Combustíveis.

a) Parcelamento do solo urbano16 - essa atividade se realiza


mediante loteamento ou desmembramento, o qual, desenvolvido sem os
regramentos ambientais e urbanos, tem sido responsável pelo
comprometimento da qualidade ambiental e da segurança e qualidade
de vida da população. Está relacionada a “casos de desabamentos de
moradias, enchentes, assoreamento e poluição de cursos d' água,
destruição de cobertura vegetal nativa, desenvolvimento de processos
erosivos, dificuldades de acesso a serviços, equipamentos e infra-
estrutura urbana básica”. Como essa atividade tem sido realizada
tradicionalmente pela administração pública local, o papel do Município é
fundamental na avaliação prévia dos impactos potenciais do parcelamento do
solo sobre o meio ambiente. (Lei nº 6766, de 19 de dezembro de 1979)

b) Postos de combustíveis17 – A instalação e operação de um


16
A Lei Federal nº 6.766/79 regulamentou o parcelamento do solo urbano e definiu a competência municipal para
disciplinar e fiscalizar a atividade. Alguns municípios elaboraram e aprovaram leis de parcelamento próprias,
adaptando a legislação federal vigente às peculiaridades locais.

17
Resolução CONAMA no. 273, publicada em 8 de janeiro de 2.001, estabelece a obrigatoriedade de licenciamento
ambiental para atividades de armazenamento e comércio varejista de combustíveis líquidos derivados de petróleo,
álcool carburante e gás natural veicular, e fixa prazo para o cadastramento dos estabelecimentos em operação e
posto de revenda de combustíveis envolve uma série de atividades como o
armazenamento de derivados de petróleo e álcool, além do abastecimento, a
troca de óleo, a lavagem de veículos, e os serviços acessórios (geralmente,
lojinhas de conveniência, mas também lanchonetes e restaurantes). Portanto,
é uma atividade potencialmente poluidora, e o controle do comprometimento
da qualidade ambiental está normatizado numa série de dispositivos legais,
normas, resoluções, como é o caso das Resoluções Conama (273/2000 e
09/93, sobre resíduos perigosos), normas da ABNT e da Lei Federal nº
9605/98 (Crimes Ambientais).

c) Saneamento ambiental – considera-se como saneamento


ambiental os serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário (rede
de coleta e sistema de tratamento e disposição final). disposição dos efluentes
e a coleta de resíduos sólidos. A atividade saneamento é, portanto, composta
pelo conjunto de medidas, visando “preservar ou modificar as condições do
ambiente com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde”. Nesse
caso, submetem-se ao controle ambiental do município a decisão sobre a
localização (a captação de água, a Estação de Tratamento de Esgoto e
respectivos emissários, a disposição final dos resíduos sólidos) e as obras de
engenharia.

Ainda que apenas cerca de 0,1% do esgoto de origem doméstica


seja constituído de impurezas de natureza física, química e
biológica, e o restante seja água, o contato com esses efluentes e a
sua ingestão é responsável por cerca de 80% das doenças e 65%
das internações hospitalares. Atualmente, apenas 10% do total de
esgotos produzido recebem algum tipo de tratamento, os outros
90% são despejados "in natura" nos solos, rios, córregos e
nascentes, constituindo-se na maior fonte de degradação do meio
ambiente e de proliferação de doenças.

d) projetos típicos da zona rural: construção de barragens e


diques, e aberturas de canais para drenagem, voltados à atividades
agropecuárias como projetos agrícolas e criação de animais, exploração
econômica da madeira ou lenha e subprodutos florestais e manejo de recursos
aquáticos vivos (aquicultura), são atividades que se enquadram na
competência municipal, cujo licenciamento está previsto na Resolução
Conama nº 237 de 1997.

dos novos empreendimentos


2.3. - Problemas ambientais que os municípios enfrentam18

a) Poluição atmosférica - lançamentos de compostos químicos


no ar poluem a atmosfera, com destaque para o monóxido de carbono (CO),
produzido pelos veículos que circulam nas cidades. A poluição do ar causa
inúmeros e variados efeitos sobre a saúde, e suas principais fontes são a
circulação de veículos e a atividade industrial.. Acrescente-se, ainda, que a
própria construção das obras viárias causa impactos ao meio ambiente. O
conjunto desses vários aspectos coloca o transporte como relevante fator de
poluição ambiental nas grandes cidades.

Programas de meio ambiente e de inspeção de veículos


são importantes para o controle da qualidade do ar e para
a redução de acidentes e congestionamentos urbanos. No
planejamento e na operação do sistema de transporte e
trânsito é necessário incluir o parâmetro ambiental.

b) Poluição sonora - é um dos tipos de poluição mais freqüentes


no ambiente urbano, gerada principalmente por atividades noturnas,
industriais e comerciais, e pelos meios de transporte. Causa incômodo e danos
à saúde física e mental da população.

c) Poluição da água – A competência para legislar sobre águas é


privativa da União 19, mas como o ordenamento territorial do Município tem
implicações sobre a quantidade e a qualidade das águas dos rios, ribeirões,
riachos, lagos e represas e os efluentes domésticos e industriais são matéria
de interesse local, o Município pode suplementar mais restritivamente as
normas federais e estaduais, quanto à captação para o abastecimento público
e à capacidade atual e futura de diluição dos efluentes nos corpos d'água20.

As águas de rios, ribeirões, riachos, lagos e represas podem ser


contaminadas por resíduos agrícolas (de natureza química ou orgânica),
esgotos, resíduos industriais, por lixo ou por sedimentos vindos da erosão.
Considerando a necessidade do município em garantir o abastecimento
humano, sua atuação no controle daquelas fontes de contaminação é
fundamental,visando à preservação dos mananciais intactos que ainda restam
para que as populações locais possam dispor de um reservatório de água
potável para sua sobrevivência.

d) Poluição por derramamento acidental de produtos21 - pode


ser provocada em várias circunstâncias. Há, por exemplo, o transporte de

18
Veja leitura complementar “ Atividades, Problemas Ambientais e Impactos Locais”.
19
art. 22, inciso IV da Constituição Federal de 1988.
20
Machado (2001)
21
Explosivos, gases, líquidos inflamáveis, substâncias oxidantes, tóxicas, infectantes e irritantes, além das
corrosivas, são algumas das classes de produtos perigosos cujo manejo, transporte e acondicionamento dispõem
de legislação específica.
produtos perigosos, já que esses são transportados nas cidades, aumentando o
risco da poluição acidental.

e) assoreamentos – algumas atividades exigem movimentação de


terra – escavação e aterros - que freqüentemente provocam assoreamento nos
fundos dos vales, leito de cursos d água, lagoas e represas, aumentando o
risco de ocorrência de inundações e ainda obstrução da drenagem urbana.
Observam-se ainda ocorrência de acidentes, como os deslizamentos de
encostas em decorrência do índice elevado de impermeabilização do solo e da
ocupação inadequada de terrenos.

f) desmatamentos - as áreas verdes urbanas desempenham


papel importante para a qualidade ambiental das cidades: amortecem ruídos,
embelezam o ambiente, protegem contra ventilação ou insolação excessivas,
alterando o micro-clima local, abrigam a fauna, ajudam no controle da erosão,
melhoram a qualidade do ar, protegem mananciais de água, além de
proporcionarem recreação, lazer e descanso. Por conseguinte, a retirada
dessas áreas verdes fatalmente vem acompanhada de perdas significativas na
qualidade ambiental.

O controle do corte de árvores nas áreas urbanas, especialmente em


decorrência da realização de obras públicas ou privadas, deve
compatibilizar a necessidade de supressão com a de manutenção da
vegetação, através de reposições em áreas pré - determinadas. Os
instrumentos educativos são de importância fundamental para
minimizar as agressões, não só à arborização, quanto ao meio
ambiente como um todo.
3. A gestão ambiental municipal

O Município é a base territorial apropriada para a constituição de


um fórum permanente de discussão da questão ambiental em nível local, em
articulação com os demais entes do Sisnama, guardando as disposições
federais e estaduais relativas à matéria e dentro de suas competências.

A competência para a proteção ambiental está prevista na


Constituição Federal de 1988 como objeto comum entre todos os entes
federados e a inclusão dos municípios como entes partícipes da federação
em igualdade de condições, dotados de autonomia política, administrativa e
financeira.

Essa proteção estende-se às seguintes atividades, previstas nos


incisos III, VI e VII do art. 23 da CF/88:

(...)

III – proteger os documentos, as obras e outros bens de valor


histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens
naturais notáveis e os sítios arqueológicos;

(...)

VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer


de suas formas;

VII – preservar as florestas, a fauna e a flora.

Já em termos de legislação sobre matéria ambiental, a


competência é concorrente entre a União, os Estados e o Distrito Federal,
conforme o disposto no art. 24 da CF/88:

“Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar


concorrentemente sobre:
(...)

VI- florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa


do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e
controle da poluição;

VII- proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e


paisagístico;

VIII- responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor,


a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico (...)”.

O art. 24 da CF/88 exclui dos municípios a competência


legislativa em matéria ambiental. Porém, da interpretação do art. 30 da
Constituição Federal depreende-se que cabe aos municípios legislar
sobre assuntos de interesse local (inciso I) e de forma suplementar à
legislação federal e estadual no que couber (inciso II), não
especificando a matéria. Desta forma, mesmo em matéria de meio
ambiente, caberá aos municípios legislar sobre temas de interesse local.
Portanto, conclui-se que os municípios brasileiros têm competência
administrativa e legislativa em matéria de meio ambiente, bem como o
dever de protegê-lo.

Esse novo marco consagrou e fortaleceu de várias formas a ação


municipal e a ação cooperada prevista desde a instituição do SISNAMA. Assim,
os Municípios podem estabelecer sua própria agenda de prioridades
ambientais.

Considerando a autonomia e responsabilidade compartilhada entre


os entes federados, atribuída pela CF/88, o Conselho Nacional de Meio
Ambiente - Conama editou, em dezembro de 1997, a Resolução nº 237,
regulamentando a atuação dos órgãos integrantes do Sisnama na execução
do licenciamento ambiental. “Essa resolução reafirmou os princípios de
cooperação da política ambiental e buscou determinar e explicitar os critérios
de competências correspondentes aos níveis de governo federal, estadual e
municipal para a execução do licenciamento ambiental, com base nos impactos
ambientais da atividade ou empreendimento”.

Resolução nº 237/97 Art. 6º - Compete ao órgão ambiental municipal,


ouvidos os órgãos competentes da União, dos Estados e do Distrito
Federal, quando couber, o licenciamento ambiental de empreendimentos
e atividades de impacto ambiental local e daquelas que lhe forem
delegadas pelo Estado por instrumento legal ou convênio

Como ainda não se tem uma definição legal para impacto local, o
assunto será discutido nas Comissões Técnicas Tripartites Estaduais, após
o que será levada aos conselhos estaduais de meio ambiente, para aprovação.

Encontra-se em discussão no Congresso Nacional Projeto de Lei


Complementar que fixa, nos termos do parágrafo único do art. 23 da
Constituição, normas para a cooperação entre a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios, nas ações administrativas decorrentes do
exercício da competência comum relativa à proteção das paisagens
naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição
em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e
da flora.

A aprovação desse PL representa, pois, a regulamentação da


ação administrativa municipal relativa ao licenciamento ambiental.
O processo de licenciamento ambiental, tal como se desenvolveu,
criou um espaço efetivo, institucionalizado, de participação da
sociedade, que pode e deve mediar diferentes interesses, por um
lado, de desenvolvimentistas e, por outro, dos que reivindicam a
salvaguarda dos seus direitos à qualidade ambiental.

Os instrumentos de política municipal, a despeito de guardarem


alguns aspectos ambientais na sua formulação, não são suficientes para fazer
a delicada mediação acima mencionada.

O entendimento dos limites dos instrumentos de planejamento e


gestão urbana tem ensejado a proposição de métodos e abordagens
específicas para a questão local. É o caso do Estudo de Impacto de
Vizinhança – EIV, conceito adotado pelo Estatuto da Cidade, que lhe dedicou
três artigos:

“Art. 36. Lei Municipal definirá os empreendimentos e atividades


privados ou públicos em área urbana que dependerão de elaboração de estudo
prévio de impacto de vizinhança (EIV) para obter as licenças ou autorizações
de construção, ampliação ou funcionamento a cargo do Poder Público
Municipal.
Art. 37. O EIV será executado de forma a contemplar os efeitos positivos
e negativos do empreendimento ou atividade quanto à qualidade de vida da
população residente na área e suas proximidades, incluindo a análise no
mínimo, das seguintes questões:
I – adensamento populacional;
II – equipamentos urbanos e comunitários;
III – uso e ocupação do solo;
IV – valorização imobiliária;
V – geração de tráfego e demanda por transporte público;
VI – ventilação e iluminação;
VII – paisagem urbana e patrimônio natural e cultural;
Parágrafo único. Dar-se-á publicidade aos documentos integrantes do
EIV, que ficarão disponíveis para consulta, no órgão competente do Poder
Público municipal, por qualquer interessado.
Art. 38. A elaboração do EIV não substitui a elaboração e aprovação do
estudo prévio de impacto ambiental (EIA), requeridas nos termos da legislação
ambiental.”
Os requisitos da Prefeitura para a implementação da gestão
ambiental no âmbito do município são, basicamente, a organização de uma
equipe técnica permanente e capacitada e a criação de um Conselho de Meio
Ambiente22 por meio do qual a participação da comunidade possa ser
ampliada. Cada município deve criar condições próprias para constituir o seu
Conselho, obter as informações básicas sobre a localidade e entorno, definir e
reunir a sua equipe, cuja capacitação cabe à União, representada pelo
Ministério do Meio Ambiente.

A organização institucional para gestão ambiental ao nível


municipal ainda não é realidade para um grande número de municípios
brasileiros. Dessa questão tem se ocupado o Ministério do Meio Ambiente que,
na condição de órgão central do Sisnama, vem articulando junto aos
municípios a construção de bases conceituais, metodológicas e estruturais
(Cadernos do PNC, 2006), para que cada município possa assumir o seu papel
na defesa ambiental e na garantia da qualidade de vida dos seus cidadãos, na
perspectiva do desenvolvimento sustentável23.

22
O Conselho Municipal de Meio Ambiente é um órgão colegiado, consultivo e de assessoramento ao executivo
municipal, e deliberativo no âmbito de sua competência.
23
Nesse modelo de desenvolvimento, que implica na superação de uma visão puramente econômica da sociedade,
opta-se por práticas sustentáveis na produção e no consumo, com democratização do acesso aos recursos do país,
que se traduzem em qualidade de vida e inclusão social para a maioria dos brasileiros (N.I.
4. Referências Bibliográficas

Brasil, Constituição (1988) – Constituição: República Federativa do


Brasil.Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988.

Câmara dos Deputados – Estatuto da Cidade: guia para implementação


pelos municípios e cidadãos. 2ª ed. CAIXA..Brasília, 2002.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA/MMA) – Resoluções do


Conama. 1ª ed. Brasília, 2006.

GEO Brasil (2002) – Perspectivas do Meio Ambiente no Brasil. Thereza


Christina Carvalho Santos e João Baptista Drummond Câmara (org.). Brasília,
edições IBAMA, 2002.

Machado, P.A.L. – Direito Ambiental Brasileiro. Malheiros Editores, 9ª ed.


2001.

Medauar, O. (org.) – Coletânea de Legislação Ambiental, Constituição


Federal. 7ª ed. Ed, Revista dos Tribunais. São Paulo, 2008.

Ministério do Meio Ambiente – Agenda 21 brasileira: resultados da


consulta nacional/Comissão de Políticas de Desenvolvimento
Sustentável e da Agenda 21 Nacional. 2{ ed. MMA. Brasília, 2004

Ministério do Meio Ambiente - Cadernos de Formação do Programa


Nacional de Capacitação de Gestores Ambientais, (vol 4). Brasília, 2006.

Ministério do Meio Ambiente/SDS – Zoneamento Ecológico Econômico-ZEE:


Gestão do Território com a Participação da Sociedade. Brasília/DF, 2007.

Ministério do Meio Ambiente/SQA – Coletânea de Legislação para o


Licenciamento Ambiental: Resíduos Sólidos Urbanos e Sistemas de
Tratamento de Esgotos – vol 1. Brasília, 2006.

Ministério do Meio Ambiente – Gestão Ambiental Compartilhada:


licenciamento ambiental de empreendimento e atividades com
características de impacto local e os critérios para os Municípios
exercerem a Gestão Ambiental. Brasília, 2006.

Mota, Suetônio – Urbanização e Meio Ambiente. ABES. Rio de Janeiro,


2003.
Sánchez, L.E. - Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos.
São Paulo: Oficina de Textos, 2006.

Tauk, S.M (org) – Análise Ambiental: uma visão multidisciplinar. Ed.


UNESP/FAPESP, 1991.

USP/Manole. Curso de Gestão Ambiental. Arlindo Philippi Jr., Marcelo de


Andrade Roméro, Gilda Collet Bruna, editores. (Coleção Ambiental:1).Barueri-
SP, 2004.
Programa Nacional de Capacitação de
Gestores Ambientais do Sisnama

Curso piloto sobre “Licenciamento Ambiental - LiA”

Módulo 3 – Licenciamento Ambiental: Legislação e Procedimentos

Abril/2008
LEGISLAÇÃO FEDERAL REFERENTE AO LICENCIAMENTO
AMBIENTAL

Índice
1. Introdução

2. Licenciamento ambiental e competências constitucionais

3. O licenciamento ambiental como instrumento da Política Nacional do Meio


Ambiente

3.1. Competência exclusiva dos estados e da União

3.2. Competência comum de todos os entes federativos

4. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC e a


Compensação Ambiental

5. Código Florestal

5.1. Áreas de Preservação Permanente

5.2. Reserva Legal

6. Lei dos Crimes Ambientais

7. Regulamentação do art. 23 e tipologia de impacto local

8. Índice de legislação federal

9. Bibliografia

Professora Beatriz Martins Carneiro


Abril 2008
1. Introdução

O conceito do poder de polícia remonta à própria formação do Estado


moderno. Tradicionalmente, o poder de polícia é definido como a faculdade que
o Estado possui de intervir na vida social para coibir determinados
comportamentos julgados nocivos para a vida em comunidade.

O Estado tem a obrigação de fundamentar todos os seus atos em


preceito legal, desta forma, as restrições e limitações impostas pelo Poder
Público ao cidadão decorrem de lei.

Neste contexto, as atividades das quais possam resultar intervenções no


meio ambiente estão submetidas ao controle do Estado. O licenciamento
ambiental é um dos mais importantes mecanismos de controle, pois é
através deste que o Poder Público estabelece condições e limites ao exercício
de determinada atividade.

O sistema de licenciamento ambiental no Brasil antecede a própria


Constituição Federal de 1988, ele foi criado pela Lei da Política Nacional do
Meio Ambiente – Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981. Contudo, a Constituição
Federal recepcionou esta Lei e, ela mesma, tratou do licenciamento ambiental.
2. Licenciamento ambiental e competências constitucionais

A Constituição Federal recepcionou o sistema de licenciamento ambiental


previsto na Lei da Política Nacional do Meio Ambiente. No entanto, ela inovou
ao estabelecer a competência ambiental comum dos entes federativos. Da
mesma forma, elevou à condição de preceito constitucional a proteção e defesa
do Meio Ambiente, bem como a necessidade de Estudo Prévio de Impacto
Ambiental para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente. Assim vejamos:

O art. 225 da Constituição Federal afirma que incumbe ao Poder


Público e à coletividade o dever de defender e preservar o meio
ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras
gerações.

O conceito Poder Público é um termo genérico que faz referência aos


diversos entes da administração pública, assim, cabe à União, aos estados
e aos municípios defender e preservar o meio ambiente ecologicamente
equilibrado.

A Constituição Federal repartiu as competências, em matéria de meio


ambiente, entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios em
razão da autonomia de cada ente federado.

Em meio ambiente, as competências constitucionais podem ser de dois


tipos: administrativa e legislativa.

A competência administrativa é competência comum à União, aos


estados e aos municípios.

Estabelece o art. 23 da Constituição Federal:


“Art. 23 – É competência comum da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios:
(...)
III – proteger os documentos, as obras e outros bens de valor
histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens
naturais notáveis e os sítios arqueológicos;

VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em


qualquer de suas formas;

VII – preservar as florestas, a fauna e a flora.


(...)
Parágrafo único. “Leis complementares fixarão normas para a
cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do
bem-estar em âmbito nacional.”

Assim, União, estados, Distrito Federal e municípios têm o comum


dever/poder de proteger o meio ambiente. É importante esclarecer que não há
uma hierarquia entre os entes federativos, tais entes possuem autonomia
entre si.

A definição do papel de cada ente federativo é tema de fundamental


importância para a eficácia das normas de proteção ambiental. A ausência de
critérios claros na definição das competências vem trazendo conflitos na
aplicação dos instrumentos da gestão ambiental, como a sobreposição de
ações de entes federados ou mesmo a omissão destes no cumprimento de
seus deveres constitucionais de proteção ao meio ambiente.

Sobre conflito de competência para o licenciamento ambiental


recomendo a leitura do Parecer 312/CONJUR/MMA/2004.

A competência legislativa em matéria ambiental é concorrente entre


a União, os Estados e o Distrito Federal, conforme o disposto no art. 24 da CF:
“Art. 24 – Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal
legislar concorrentemente sobre:
(...)

VI- florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza,


defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente
e controle da poluição;

VII- proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico,


turístico e paisagístico;

VIII- responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao


consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico (...)”.
Cabe à União estabelecer normas gerais, ou seja, fixar parâmetros
mínimos de proteção ao meio ambiente que deverão ser observados pelos
demais entes federativos.

Aos estados e ao Distrito Federal incumbe legislar suplementarmente,


adaptando as normas jurídicas às peculiaridades regionais.

Note que o art. 24 exclui dos municípios a competência legislativa em


matéria ambiental. Porém, da interpretação do art. 30 da Constituição Federal
depreende-se que cabe aos municípios legislar sobre assuntos de interesse
local (inciso I) e de forma suplementar à legislação federal e estadual no que
couber (inciso II), não especificando a matéria. Desta forma, mesmo em
matéria de meio ambiente, caberá aos municípios legislar sobre temas de
interesse local.

Conclui-se, portanto, que todos os entes federativos poderão legislar


sobre meio ambiente.

Ressalte-se, no entanto, que os estados, o Distrito Federal e os


municípios não poderão legislar de modo a oferecer menor proteção ao
meio ambiente do que aquela prevista nas normas federais.

Como vimos, os municípios brasileiros têm competência administrativa e


legislativa em matéria de meio ambiente, bem como o dever de protegê-lo.

Resumo:

• Cabe à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios


executarem ações para a proteção do meio ambiente. Tal competência é
comum.

• A competência para legislar sobre temas ambientais é concorrente.


A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios podem editar leis que
tratem de temas ambientais.

• No exercício da competência concorrente cabe à União a fixação de


parâmetros mínimos de proteção ao meio ambiente. Os estados e municípios
jamais poderão legislar de modo a oferecer menor proteção ao meio ambiente
do que a legislação federal.
3. O licenciamento ambiental como instrumento da Política Nacional do
Meio Ambiente

3.1. Competência exclusiva dos estados e da União

O licenciamento ambiental é um procedimento bastante complexo que se


desenvolve em diversas etapas. Como visto acima, existe até mesmo
previsão constitucional para determinados procedimentos a serem adotados
no licenciamento de uma atividade potencialmente poluidora.

O art. 9º da Lei 6.938/81, em seu inciso IV, estabelece que o


licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras é
instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente. Em razão da estrutura
federativa do Estado brasileiro o licenciamento ambiental ocorre nos três
níveis de governo, de acordo com a natureza da atividade a ser licenciada.

A Lei 6.938/81 prevê, em seu artigo 10, a competência para o


licenciamento. Essa competência era conferida, inicialmente, aos estados e à
União – na figura do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis - Ibama.

Além disso, a referida lei prevê a competência supletiva do Ibama


para licenciar, em relação ao órgão ambiental estadual, em duas situações: (i)
se o órgão ambiental estadual não for tecnicamente apto ou (ii) se o mesmo
permanecer inerte ou omisso. Desta forma, caso o órgão ambiental estadual
não proceda ao licenciamento o Ibama poderá fazê-lo, em caráter supletivo, de
acordo com o disposto no art. 10 da Lei 6.938/81.

Para regulamentar a Lei 6.938/81, foi editado o Decreto Federal 99.274,


de 6 de junho de 1990, que figura como uma das principais normas legais a
dispor sobre licenciamento ambiental. Em seu artigo 17 e seguintes o Decreto
99.274/90 fixa critérios gerais a serem adotados no licenciamento de
atividades utilizadoras de recursos ambientais e potencialmente poluidoras,
sendo que tais critérios podem ser modificados pelos estados, desde que os
padrões estaduais impliquem em maior proteção ao meio ambiente – como
visto no item 2.

Tanto a Lei 6.938/81 quanto o Decreto 99.274/90 atribuem ao Conselho


Nacional do Meio Ambiente – Conama a competência para estabelecer
normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou
potencialmente poluidoras.

O Conama, no exercício das competências que lhe foram atribuídas,


instituiu uma série de Resoluções que tratam do licenciamento ambiental,
sendo as mais importantes a Resolução 01, de 23 de janeiro de 1986 e a
Resolução 237, de 19 de dezembro de 1997.

A Resolução Conama 01/86 traz a definição de impacto ambiental e


estabelece que o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente
dependerá da elaboração de Estudo de Impacto Ambiental - EIA e respectivo
Relatório de Impacto Ambiental – RIMA, que deverá ser aprovado pelo órgão
competente. A Resolução traz, ainda, em seu artigo 2º, uma lista
exemplificativa das atividades sujeitas à apresentação de EIA/RIMA no
processo de licenciamento.

3.2. Competência comum de todos os entes federativos

Como vimos, a legislação anterior à Constituição Federal atribuía à União


e aos estados a competência em matéria ambiental, excluindo dos municípios
o poder para atuar nessa área.

A Constituição Federal, contudo, estabeleceu que as competências em


matéria de meio ambiente são comuns aos diversos entes da federação –
União, estados e municípios.

A Resolução Conama 237/97, considerando as competências comuns em


matéria ambiental previstas na Constituição Federal, instituiu um sistema de
licenciamento ambiental onde as competências para licenciar são atribuídas
aos diferentes entes federativos em razão da localização do
empreendimento, da abrangência dos impactos diretos ou em razão da
matéria.

A partir desta Resolução os municípios passam a ter o poder/dever de


licenciar os empreendimentos e atividades cujo impacto seja local.

Nos termos da Resolução Conama 237/97, a competência legal para


licenciar, quando definida em função da abrangência dos impactos diretos
que a atividade pode gerar, pode ser: (i) do município - se os impactos diretos
forem locais; (ii) do estado - se os impactos diretos atingirem dois ou mais
municípios; e (iii) do Ibama - se os impactos diretos se derem em dois ou mais
estados.

Além disso, a competência pode ser definida em razão da localização do


empreendimento e da matéria. Algumas atividades, por terem uma
importância estratégica, são licenciadas obrigatoriamente pelo Ibama – são
elas: (i) aquelas cujos impactos diretos ultrapassem os limites do País; (ii) as
localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; (iii)
no mar territorial; (iv) na plataforma continental; (v) na zona econômica
exclusiva; (vi) em terras indígenas; (vii) em unidades de conservação de
domínio da União; (viii) as atividades envolvendo material radioativo; e (ix) os
empreendimentos militares.

Por fim, a Resolução Conama 237/97 prevê que o licenciamento


ambiental se dará em um único nível de competência, isso quer dizer que,
uma vez estabelecida a competência de um ente federado para licenciar, os
demais deverão abster-se de fazê-lo – salvo no caso da competência supletiva
do Ibama.

Alguns autores questionam a validade da atribuição de competências


trazida pela Resolução Conama 237/97, sob o argumento de que a atribuição
do Conama para instituir normas e critérios para o licenciamento não se
confunde com poder de conferir competência para os entes federativos
licenciarem.

Nesse caso, uma Resolução estaria alterando uma lei federal (Lei
6.938/81) – que atribuía aos estados e à União a competência para licenciar,
ao estender aos municípios essa competência, o que violaria a hierarquia
administrativa e acarretaria o vício de inconstitucionalidade e ilegalidade
dos arts. 4º e 7º da Resolução Conama 237/97.

Cabe ressaltar, ainda, que os critérios de definição de competência


guardam um certo nível de subjetividade, o que tem ensejado
questionamentos judiciais sobre a competência do ente licenciador, como no
caso da Usina Hidrelétrica Corumbá IV, cujo licenciamento foi inicialmente feito
pelo estado de Goiás e depois transferido para a União, por decisão judicial.

Outro caso clássico de conflito de competência para o licenciamento


ambiental é o caso do empreendimento Rodoanel Mário Covas, no estado de
São Paulo, em que o Ministério Público Federal propôs ação civil pública
pleiteando a assunção exclusiva pelo Ibama de todo o processo de
licenciamento da obra, sob o argumento de que a mesma causaria impactos
regionais e afetaria áreas consideradas patrimônio histórico da humanidade,
declarada pela UNESCO, Unidades de Conservação e Terras Indígenas.

A sentença de primeiro grau deu provimento ao pedido, atribuindo ao


Ibama a competência para o licenciamento do empreendimento. As partes –
Ibama, Estado de São Paulo, DERSA - Desenvolvimento Rodoviário S.A. e
Ministério Público Federal fizeram um acordo no qual o Estado de São Paulo
prosseguiria com o licenciamento mediante a participação ativa e vinculante
do Ibama. Vide texto complementar da Desembargadora Federal Consuelo
Yatsuda Moromizato Yoshida.

Resumo:

• Anteriormente à Constituição Federal, a competência legal para o


licenciamento ambiental era dos estados e da União – na figura do Ibama, em
caráter supletivo;

• Com a Constituição Federal, a competência administrativa em


matéria de meio ambiente passa a ser comum aos diversos entes federados;

• A partir do conceito de competência comum dos entes federados em


matéria de meio ambiente, prevista na Constituição Federal, a Resolução
Conama 237/97 cria um novo sistema de licenciamento, onde são atribuídas
funções à União, aos estados, Distrito Federal e aos municípios, sintetizada
abaixo:

Abrangência dos Impactos Competência para licenciar


Diretos
Dois ou mais estados Ibama
Dois ou mais municípios Órgão Estadual de Meio Ambiente
Local Órgão Municipal de Meio Ambiente
4. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza –
SNUC e a Compensação Ambiental

A Lei 9.985, de 18 de julho de 2000, criou o Sistema Nacional de


Unidades de Conservação da Natureza – SNUC. O art. 2º da lei define as
Unidades de Conservação como “espaços territoriais e seus recursos
ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais
relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de
conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual
se aplicam garantias adequadas de proteção”.

As Unidades de Conservação integrantes do SNUC dividem-se em dois


grupos: Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável.

As Unidades de Proteção Integral são destinadas “a manutenção dos


ecossistemas livres de alterações causadas por interferência humana,
admitindo apenas o uso indireto dos seus atributos naturais”. São elas: (i)
Estação Ecológica; (ii) Reserva Biológica; (iii) Parque Nacional; (iv) Monumento
Natural e (v) Refúgio de Vida Silvestre.

As Unidades de Uso Sustentável são aquelas onde há “a exploração do


ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais
renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais
atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente
viável”. São elas: (i) Área de Proteção Ambiental; (ii) Área de Relevante
Interesse Ecológico; (iii) Floresta Nacional; (iv) Reserva Extrativista; (v)
Reserva de Fauna; (vi) Reserva de Desenvolvimento Sustentável e (vii)
Reserva Particular do Patrimônio Natural.

Do ponto de vista do licenciamento ambiental, duas questões trazidas


pela Lei do SNUC nos interessam: (i) a compensação ambiental e (ii) a
necessidade de autorização do órgão responsável pela administração da
Unidade de Conservação afetada pelo empreendimento.

O art. 36 da Lei do SNUC prevê que, nos casos de licenciamento


ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim
considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em EIA/RIMA,
o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de
Unidade de Conservação do grupo de Proteção Integral, é a chamada
Compensação Ambiental. A exceção é feita às unidades de Uso Sustentável
que forem afetadas diretamente, ou que tiverem suas zonas de amortecimento
afetadas, pela atividade objeto do licenciamento.

Note que o instituto da Compensação Ambiental foi criado para a


implantação e manutenção de Unidades de Conservação e os seus recursos
devem ser aplicados exclusivamente para este fim, não podendo ser
utilizados no fortalecimento institucional, nem no aparelhamento dos órgãos de
meio ambiente, sob pena de responsabilidade civil e criminal dos
dirigentes.

O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para a


compensação ambiental não pode ser inferior a 0,5% (meio por cento) dos
custos totais previstos para a implantação do empreendimento, sendo que o
percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador deverá ser proporcional ao
grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento.

O Decreto 4.340, de 22 de agosto de 2002, regulamentou o art. 36 da


Lei do SNUC e, em seus artigos 31 a 34, trata dos procedimentos para o
cálculo e a aplicação dos recursos da compensação ambiental. Segundo o
Decreto, o órgão ambiental licenciador estabelecerá o grau de impacto a
partir do EIA/RIMA apresentado pelo empreendedor, sendo considerados os
impactos negativos e não mitigáveis aos recursos ambientais.

O Decreto prevê a criação de câmaras de compensação, no âmbito


dos órgãos licenciadores, com a finalidade de analisar e propor a aplicação da
compensação ambiental.

A aplicação dos recursos da compensação ambiental, em Unidades de


Proteção Integral ou em Unidades de Uso Sustentável – quando afetadas pelo
empreendimento, deverá obedecer a seguinte ordem de prioridade: (i)
regularização fundiária e demarcação das terras; (ii) elaboração, revisão ou
implantação de plano de manejo; (iii) aquisição de bens e serviços necessários
à implantação, gestão, monitoramento e proteção da Unidade, compreendendo
sua área de amortecimento; (iv) desenvolvimento de estudos necessários à
criação de nova Unidade de Conservação; e (v) desenvolvimento de pesquisas
necessárias para o manejo da Unidade de Conservação e área de
amortecimento.

A Resolução Conama 371, de 5 de abril de 2006, estabelece diretrizes


aos órgãos ambientais para o cálculo, cobrança, aplicação, aprovação e
controle de gastos de recursos advindos de compensação ambiental.

A Resolução Conama 371 especifica que para o estabelecimento do grau


de impacto de um empreendimento serão considerados somente os impactos
ambientais causados aos recursos ambientais, excluindo os riscos da operação
do empreendimento, não podendo haver redundância de critérios.

Para o cálculo do percentual o órgão ambiental deverá elaborar


instrumento específico com base técnica. Até que o órgão ambiental
estabeleça e publique metodologia para definição do grau de impacto, o valor
da compensação ambiental está fixado em 0,5% (meio por cento) dos custos
totais para a implantação do empreendimento.

A Resolução determina, ainda, que os recursos da compensação


ambiental devam ser aplicados, preferencialmente, em unidades de
conservação situadas no mesmo bioma e bacia hidrográfica do
empreendimento ou atividade licenciada.

Outro ponto importante está no § 3º do art. 36 da Lei do SNUC, que


prevê que quando um empreendimento afetar uma Unidade de Conservação
ou sua zona de amortecimento, o licenciamento só poderá ser concedido
mediante autorização do órgão responsável por sua administração e a
Unidade afetada, mesmo que não pertencente ao grupo de Proteção Integral,
deverá ser uma das beneficiárias dos recursos da compensação.

Resumo:
• Nos casos de licenciamento de empreendimentos de significativo
impacto ambiental o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e
manutenção de Unidade de Conservação;

• O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para a


compensação ambiental não pode ser inferior a 0,5% (meio por cento) dos
custos totais previstos para a implantação do empreendimento;

• Os recursos da Compensação Ambiental devem ser aplicados


exclusivamente na implantação e manutenção de Unidade de Conservação, sob
pena de responsabilidade civil e criminal dos dirigentes;

• O percentual a ser pago pelo empreendedor deverá ser proporcional ao


grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento;

• Para o cálculo do percentual o órgão ambiental deverá elaborar


instrumento específico com base técnica;

• Até que o órgão ambiental estabeleça e publique metodologia para


definição do grau de impacto, o valor da compensação ambiental está fixado
em 0,5% (meio por cento) dos custos totais para a implantação do
empreendimento;

• Quando um empreendimento afetar uma Unidade de Conservação ou


sua zona de amortecimento, o licenciamento só poderá ser concedido mediante
autorização do órgão responsável por sua administração, e a Unidade afetada,
mesmo que não pertencente ao grupo de Proteção Integral, deverá ser uma
das beneficiárias dos recursos da compensação.
5. Código Florestal

No curso dos processos de licenciamento ambiental o órgão licenciador


pode se deparar com questões previstas na Lei 4.771, de 15 de setembro de
1965 - Código Florestal que restringem ou impedem o desenvolvimento de
atividades ou empreendimentos em determinados locais.

As florestas existentes no território nacional “são bens de interesse


comum a todos os habitantes do País”. Partindo deste princípio, a Constituição
Federal em seu art. 225, § 1º, inciso III criou os chamados espaços territoriais
especialmente protegidos, onde a alteração e supressão são permitidas apenas
através de lei, sendo vedada qualquer utilização que comprometa a integridade
dos atributos que justifiquem a sua proteção.

5.1. Áreas de Preservação Permanente

O Código Florestal, em seus artigos 2º e 3º, criou as chamadas Áreas de


Preservação Permanente – APP, espaços territoriais especialmente protegidos
definidos como: “área coberta ou não por vegetação nativa, com a função
ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e
assegurar o bem-estar das populações humanas”.
“Art. 2° Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito
desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas:
a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu
nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será:
1 - de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de
menos de 10 (dez) metros de largura;

2 - de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que


tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;

3 - de 100 (cem) metros para os cursos d'água que


tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de
largura;

4 - de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água


que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de
largura;

5 - de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água


que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros;

b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água


naturais ou artificiais;

c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados


"olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num
raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura;

d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;

e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a


45°, equivalente a 100% na linha de maior declive;

f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras


de mangues;

g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha


de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros
em projeções horizontais;

h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros,


qualquer que seja a vegetação.

Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas


as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e
nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o
território abrangido, obervar-se-á o disposto nos respectivos planos
diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a
que se refere este artigo.

Art. 3º Consideram-se, ainda, de preservação permanentes,


quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais
formas de vegetação natural destinadas:

a) a atenuar a erosão das terras;

b) a fixar as dunas;

c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e


ferrovias;

d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das


autoridades militares;

e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor


científico ou histórico;

f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de


extinção;

g) a manter o ambiente necessário à vida das populações


silvícolas;

h) a assegurar condições de bem-estar público.” (Grifos


nossos)

Note que mesmo em área urbana a faixa de APP deve ser respeitada,
não importando se a mesma se encontra em propriedade pública ou particular.

Nos termos do art. 4º do Código Florestal, a supressão de vegetação em APP


somente pode ser autorizada em casos de utilidade pública ou interesse
social, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento,
ou em casos de supressão eventual e de baixo impacto ambiental.

Ressalte-se que a utilidade pública e o interesse social devem ser


caracterizados em procedimento administrativo próprio, onde fique
demonstrada a inexistência de alternativa técnica e locacional.

Veja que o licenciamento de atividades que impliquem na supressão de


vegetação em APP é medida excepcional, que só pode ser autorizada em
caso de utilidade pública ou interesse social, quando inexistir alternativa
locacional.

O próprio Código Florestal define, em seu art. 1º, utilidade pública e


interesse social, assim: (i) utilidade pública – “as atividades de segurança
nacional e proteção sanitária, e as obras essenciais de infra-estrutura
destinadas aos serviços públicos de transporte, saneamento e energia”; (ii)
interesse social – “as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da
vegetação nativa, tais como: prevenção, combate e controle do fogo, controle
da erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies
nativas, conforme resolução do CONAMA, e as atividades de manejo
agroflorestal sustentável praticadas na pequena propriedade ou posse rural
familiar, que não descaracterizem a cobertura vegetal e não prejudiquem a
função ambiental da área”.
Além dessas hipóteses, o Código Florestal, em seu art. 1º, § 2º, incisos
IV e V, delegou ao Conama a competência para definir as demais obras,
planos ou atividades ou projetos que serão considerados de utilidade pública
ou interesse social.
Nesse sentido, a Resolução Conama 369, de 28 de março de 2006,
dispõe sobre os casos excepcionais em que o órgão ambiental competente
pode autorizar a intervenção ou supressão de vegetação em APP para
implantação de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou
interesse social, ou para ações consideradas eventuais e de baixo impacto
ambiental.
O art. 2º da Resolução Conama 369/06 apresenta uma lista dos casos
em que o órgão ambiental competente pode autorizar a intervenção ou
supressão de vegetação em APP.
Os artigos 10 e 11 da referida Resolução dispõem sobre os casos de
intervenção ou supressão eventual e de baixo impacto ambiental em APP.
Nesses casos, a intervenção ou supressão da vegetação não poderá exceder ao
percentual de 5% (cinco por cento) da APP impactada.
O art. 4º da Resolução estabelece que cabe ao órgão estadual
competente autorizar, com anuência prévia dos órgãos federais e municipais de
meio ambiente – quando couber, as obras, planos, atividades ou projetos de
utilidade pública, interesse social ou de baixo impacto ambiental.
O mesmo artigo, em seu §2º, estabelece que cabe ao município
autorizar a intervenção ou supressão de vegetação em APP, situada em área
urbana, desde que o município possua conselho de meio ambiente com
caráter deliberativo e plano diretor, ou lei de diretrizes urbanas – no caso de
municípios com menos de vinte mil habitantes, mediante anuência prévia do
órgão estadual competente, fundamentada em parecer técnico.
Por fim, o art. 15 da Resolução Conama 369/06 determina que os órgãos
licenciadores devem cadastrar no Sistema Nacional de Informação de Meio
Ambiente – SINIMA as informações sobre licenças concedidas para as obras,
planos e atividades enquadradas como de utilidade pública ou interesse social.
5.2. Reserva Legal

Outro espaço territorialmente protegido, nos termos do art. 225 da


Constituição Federal, e previsto no art. 16 do Código Florestal, é a chamada
Reserva Legal. A Reserva Legal é a “área localizada dentro de uma propriedade
ou posse rural necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à
conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção da fauna e flora nativas”.

“Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa,


ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim
como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de
legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam
mantidas, a título de reserva legal, no mínimo:

I - oitenta por cento, na propriedade rural situada em área de


floresta localizada na Amazônia Legal;

II - trinta e cinco por cento, na propriedade rural situada em área


de cerrado localizada na Amazônia Legal, sendo no mínimo vinte por
cento na propriedade e quinze por cento na forma de compensação em
outra área, desde que esteja localizada na mesma microbacia, e seja
averbada nos termos do § 7o deste artigo;

III - vinte por cento, na propriedade rural situada em área de


floresta ou outras formas de vegetação nativa localizada nas demais
regiões do País; e

IV - vinte por cento, na propriedade rural em área de campos


gerais localizada em qualquer região do País.
(...)
§ 2 A vegetação da reserva legal não pode ser suprimida,
podendo apenas ser utilizada sob regime de manejo florestal
sustentável, de acordo com princípios e critérios técnicos e científicos
estabelecidos no regulamento, ressalvadas as hipóteses previstas no §
3o deste artigo, sem prejuízo das demais legislações específicas.
(...)
§ 4 A localização da reserva legal deve ser aprovada pelo
órgão ambiental estadual competente ou, mediante convênio,
pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente
habilitada, devendo ser considerados, no processo de aprovação, a
função social da propriedade, e os seguintes critérios e instrumentos,
quando houver:

I - o plano de bacia hidrográfica;


II - o plano diretor municipal;

III - o zoneamento ecológico-econômico;

IV - outras categorias de zoneamento ambiental; e

V - a proximidade com outra Reserva Legal, Área de Preservação


Permanente, unidade de conservação ou outra área legalmente
protegida.

§ 5 O Poder Executivo, se for indicado pelo Zoneamento Ecológico


Econômico - ZEE e pelo Zoneamento Agrícola, ouvidos o CONAMA, o
Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Agricultura e do
Abastecimento, poderá:

I - reduzir, para fins de recomposição, a reserva legal, na Amazônia


Legal, para até cinqüenta por cento da propriedade, excluídas, em
qualquer caso, as Áreas de Preservação Permanente, os ecótonos, os
sítios e ecossistemas especialmente protegidos, os locais de expressiva
biodiversidade e os corredores ecológicos; e

II - ampliar as áreas de reserva legal, em até cinqüenta por cento


dos índices previstos neste Código, em todo o território nacional.

§ 6 Será admitido, pelo órgão ambiental competente, o cômputo


das áreas relativas à vegetação nativa existente em área de preservação
permanente no cálculo do percentual de reserva legal, desde que não
implique em conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo, e
quando a soma da vegetação nativa em área de preservação permanente
e reserva legal exceder a:

I - oitenta por cento da propriedade rural localizada na Amazônia


Legal;
II - cinqüenta por cento da propriedade rural localizada nas demais
regiões do País; e
III - vinte e cinco por cento da pequena propriedade definida pelas
alíneas "b" e "c" do inciso I do § 2o do art. 1o.
(...)
§ 8 A área de reserva legal deve ser averbada à margem da
inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente,
sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de
transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da
área, com as exceções previstas neste Código.
(...)
§ 11 Poderá ser instituída reserva legal em regime de condomínio
entre mais de uma propriedade, respeitado o percentual legal em relação
a cada imóvel, mediante a aprovação do órgão ambiental estadual
competente e as devidas averbações referentes a todos os imóveis
envolvidos. (Grifos nossos)
O tamanho das áreas de Reserva Legal varia de acordo com a localização
ou o bioma onde se situa a propriedade rural, podendo variar entre 20 e 80%
da área da propriedade. As áreas de Reserva Legal, ao contrário da APP,
somente incidem sobre as posses ou propriedades privadas, não se
aplicando às terras de domínio público.

A vegetação nas áreas de Reserva Legal não pode sofrer corte raso
podendo ser explorada, contudo, através de manejo florestal sustentável.

A localização da Reserva Legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental


estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão municipal.

Após definida a localização, a Reserva Legal deverá ser averbada à


margem da inscrição da matrícula do imóvel, no registro de imóveis
competente. Após averbada, essa área não poderá sofrer alteração de sua
destinação, nem nos casos de alienação do imóvel.

Além do exposto, o Código Florestal prevê, ainda, em seu art. 19 que a


exploração de florestas e de formações sucessoras, de domínio público ou
privado, dependerá de aprovação prévia do IBAMA.

O art. 22 atribui aos municípios a competência para fiscalizar as


áreas urbanas, assim entendidas aquelas “compreendidas nos perímetros
urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e
aglomerações urbanas, em todo o território abrangido”.

Resumo:

• A supressão de vegetação em APP somente pode ser autorizada em


casos de utilidade pública ou interesse social, quando inexistir alternativa
técnica e locacional ao empreendimento, ou em casos de supressão eventual e
de baixo impacto ambiental.
• Cabe ao município autorizar a intervenção ou supressão de vegetação
em APP, situada em área urbana, desde que o município possua conselho de
meio ambiente com caráter deliberativo e plano diretor, mediante anuência
prévia do órgão estadual competente, fundamentada em parecer técnico.
• As áreas de Reserva Legal devem ser mantidas em todas as
propriedades rurais privadas, podendo variar, de acordo com a localização ou o
bioma onde se situa, entre 20 e 80% da área da propriedade.
• A localização da Reserva Legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental
estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão municipal.
• Cabe aos municípios a competência para fiscalizar o cumprimento do
Código Florestal nas áreas urbanas.
6. Lei dos Crimes Ambientais

Como vimos, a Constituição Federal impõe ao Poder Público o dever de


defender o meio ambiente ecologicamente equilibrado e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações. Ao Poder Público incumbe tomar todas as
medidas elencadas nos incisos do art. 225 para assegurar a efetividade do
direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Dentre essas
medidas está a exigência, na forma da lei, de EIA, previamente à instalação de
obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do
meio ambiente.

Desta forma, a competência para o licenciamento é muito mais que um


poder do ente federado, é um dever que deverá ser atendido sob pena de
responsabilidade de seus técnicos e dirigentes.

A Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, dispõe sobre as sanções


penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio
ambiente.

O art. 60 da Lei define como crime: “construir, reformar, ampliar,


instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional,
estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou
autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas
legais e regulamentares pertinentes”. Tal crime é punido com pena de
detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente.

Note que cabe aos órgãos ambientais, dentro dos limites de suas
competências, fiscalizar o descumprimento deste artigo.

A Seção V da Lei de Crimes Ambientais é dedicada aos tipos penais que atentam contra a
administração ambiental, são eles:

Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa,


omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos em
procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autorização ou


permissão em desacordo com as normas ambientais, para as atividades,
obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder
Público:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses


a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.

Observe que no caso do artigo 67 é necessária a análise da conduta do


servidor público em relação às normas aplicáveis, para apurar eventual
desacordo existente. Desta forma, por exemplo, o funcionário que licencia um
empreendimento (i) sem a apresentação de EIA/RIMA, nos casos em que este
é exigido, (ii) sem a autorização de outro órgão público (FUNAI, IPHAN, etc),
(iii) sem a autorização do órgão gestor da Unidade de Conservação afetada
pelo empreendimento, ou (iv) deixar de realizar audiência pública, incorre no
crime previsto no art.67.

Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-
lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses


a um ano, sem prejuízo da multa.

Para a tipificação da conduta prevista no artigo 68 a análise que se faz


não é do ato do servidor público em comparação à conduta prevista em
normas legais, e sim da omissão do servidor público em realizar obrigação de
relevante interesse ambiental. Não existe definição para relevante
interesse ambiental, o juiz tem uma grande margem para apreciação se
determinada conduta omissiva é ou não contrária a relevante interesse
ambiental. Entende-se que estão contemplados nesse artigo os casos em que o
servidor público deixa de apurar infração administrativa ambiental, deixa de
fiscalizar o cumprimento das licenças e das autorizações, e de realizar
monitoramentos e inspeções.

Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no


trato de questões ambientais:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão


florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo
ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive
por omissão:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

§ 1o Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.

§ 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois


terços), se há dano significativo ao meio ambiente, em decorrência
do uso da informação falsa, incompleta ou enganosa.

Em complementação à Lei de Crimes Ambientais foi editado o Decreto


3.179, de 21 de setembro de 1999, que dispõe sobre as sanções aplicáveis às
condutas lesivas ao meio ambiente.

O Decreto elenca uma série de atividades que constituem infrações


administrativas ambientais e estabelece as penalidades aplicáveis a cada caso.

Resumo:

• É crime construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em


qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços
potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais
competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes.

• Pode ser responsabilizado criminalmente o servidor público que


conceder licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas
ambientais.

• Pode ser responsabilizado criminalmente o servidor público que deixar


de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental.
7. Regulamentação do art. 23 e tipologia de impacto local

A Resolução Conama 237/97, em seu art. 5º, atribui aos municípios a


competência para o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades
de impacto ambiental local. Assim, compete ao órgão ambiental municipal,
ouvidos os órgãos competentes da União, dos estados e do Distrito Federal,
quando couber, o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades
de impacto ambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo estado
por instrumento legal ou convênio.

Note que há duas hipóteses para o licenciamento municipal (i)


empreendimentos e atividades de impacto local e (ii) atividades de
competência do estado delegada ao município através de instrumento legal ou
convênio. Na primeira hipótese, a competência é originária do município, e
esse não precisa firmar convênio nem ser habilitado pelo estado para exercer
seu dever de licenciar.

Para que o município possa exercer sua competência para o


licenciamento ambiental ele deverá ter implementado seu conselho de meio
ambiente com caráter deliberativo e participação social, além de possuir em
seus quadros, ou à sua disposição, profissionais legalmente habilitados.

Aqui vemos a importância dos conselhos municipais de meio ambiente


como instrumental necessário à capacidade do município de licenciar.

Como já vimos, há questionamentos quanto a validade da atribuição


de competências aos municípios trazida pela Resolução Conama 237/97. Com
relação a isso tramita, atualmente na Câmara dos Deputados, o projeto de lei
complementar 12, de 2003, que estabelece normas para a cooperação entre
os entes federativos no que se refere às competências comuns previstas nos
incisos VI e VII do art. 23 da Constituição Federal.

Essa regulamentação é fundamental para a melhor cooperação


entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios na defesa do meio
ambiente, pois: (i) acabaria com os questionamentos sobre a
constitucionalidade da competência dos municípios para o licenciamento
ambiental, e (ii) explicitaria as competências dos diferentes entes públicos em
matéria ambiental.

O PL 12/03 propõe a garantia de regras claras para atuação dos


entes federativos considerando os critérios de porte, potencial poluidor e
natureza da atividade ou empreendimento, bem como o critério de
predominância do interesse.

Outra contribuição prevista no PL 12/03 é a ação supletiva dos


entes federativos – não apenas da União em relação aos estados, como
previsto atualmente, mas também da União com relação aos municípios e dos
estados com relação aos municípios. Novidade – a ação subsidiária deve ser
solicitada pelo ente originariamente detentor da competência para o
licenciamento ambiental.

Devemos ressaltar que outra condição à capacidade do município em


licenciar é a definição de impacto local. Como vimos, os municípios têm
competência legal originária para licenciar atividades e empreendimentos cujo
impacto direto seja local. Ocorre que não há definição legal de impacto local,
tendo ficado a cargo dos estados, através de seus conselhos de meio
ambiente, a definição da tipologia de impacto local. Essa definição deve ser
feita em conjunto com representantes dos municípios e da sociedade civil, e
deverá ser discutida nas Comissões Técnicas Tripartites Estaduais, antes de ser
levada aos conselhos estaduais de meio ambiente, para aprovação.

Para ajudar a dirimir essas questões e fortalecer o Sistema Nacional


do Meio Ambiente – Sisnama, o Ministério do Meio Ambiente, através da
Portaria MMA nº 189, de 25 de maio de 2001, criou a Comissão Técnica
Tripartite Nacional com o objetivo de propor estratégias e diretrizes para
promover a gestão ambiental compatilhada entre União, estados e municípios.
Essa Comissão é composta por representantes do Ministério do Meio Ambiente,
da Associação Brasileira de Entidades de Meio Ambiente – Abema e da
Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente – Anamma.
A Comissão Tripartite Nacional, em 09 de dezembro de 2004, aprovou
um documento contendo recomendações para a definição da tipologia de
impacto local.

Nesse sentido o PL 12/03 atribui aos Conselhos Estaduais de Meio


Ambiente a definição da tipologia de impacto local, considerando os critérios
de porte, potencial poluidor e natureza da atividade.

Além disso, o PL 12/03 traz dispositivos relativos ao aperfeiçoamento


dos instrumentos de cooperação – em especial as Comissões Técnicas
Tripartites Nacionais e Estaduais.

Em resumo, há a necessidade de uma maior interação dos


municípios com os estados para a definição da tipologia de impacto local, de
modo a permitir que os municípios licenciem as atividades e empreendimentos
de impacto ambiental local. E nesse sentido, o PL 12/03, com a
regulamentação do artigo 23 da Constituição Federal, tem muito a contribuir.
8. Índice de legislação federal

Constituição Federal;
Lei 4.771, de 19 de setembro de 1965;
Lei 6.766, de 19 de dezembro de 1979;
Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981;
Decreto 99.274, de 6 de junho de 1990;
Lei 9.985, de 18 de julho de 2000;
Decreto 4.340, de 22 de agosto de 2002;
Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998;
Decreto 3.179, de 21 de setembro de 1999;
Resolução Conama 01, de 23 de janeiro de 1986;
Resolução Conama 9, de 3 de dezembro de 1987;
Resolução Conama 5, de 15 de junho de 1988;
Resolução Conama 13, de 6 de dezembro de 1990;
Resolução Conama 237, de 19 de dezembro de 1997;
Resolução Conama 273, de 29 de novembro de 2000;
Resolução Conama 279, de 27 de junho de 2001;
Resolução Conama 284, de 30 de agosto de 2001;
Resolução Conama 306, de 05 de julho de 2002;
Resolução Conama 308, de 21 de março de 2002;
Resolução Conama 312, de 10 de outubro 2002;
Resolução Conama 319, de 04 de dezembro de 2002;
Resolução Conama 334, de 03 de abril de 2003;
Resolução Conama 335, de 03 de abril de 2003;
Resolução Conama 369, de 28 de março de 2006
Resolução Conama 371, de 5 de abril de 2006;
Portaria MMA nº 189, de 25 de maio de 2001.

www.presidencia.gov.br/legislacao
www.mma.gov.br/Conama
www.camara.gov.br
9. Bibliografia

- Coletânea de Legislação de Direito Ambiental, organizadora Odete Medauar,


ed. Revista dos Tribunais;

- Crimes e Infrações Administrativas Ambientais, Nicolao Dino de Castro e


Costa Neto, Ney de Barros Bello Filho e Flávio Dino de Castro e Costa, ed.
Brasília Jurídica;

- Direito Ambiental, Paulo de Bessa Antunes, ed. Lumen Juris;

- Direito Ambiental Brasileiro, Paulo Affonso Leme Machado, Malheiros


Editores;

- Direito Ambiental Constitucional, José Afonso da Silva, Malheiros Editores;

- Direito Ambiental Sistematizado, Toshio Mukai, ed. Forense Universitária;

- Livro de Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama,


Ministério do Meio Ambiente.

Textos:

- “A experiência do licenciamento ambiental do Rodoanel Mário Covas e os avanços no trato das


questões federativas, institucionais e ambientais". In: 9º Congresso Internacional de Direito
Ambiental, 2005, São Paulo. Paisagem, natureza e direito - Landscape, nature and law. São Paulo:
Instituto O Direito por um Planeta Verde, 2005. v. 1. p. 231-250.

– Parecer 312/CONJUR/MMA/2004.


Programa Nacional de Capacitação de
Gestores Ambientais do Sisnama

Curso piloto sobre “Licenciamento Ambiental - LiA”

Módulo 3 – Licenciamento Ambiental: Legislação e Procedimentos

Abril/2008
“COM LICENÇA”

• Parte 1 – Contextualização do Licenciamento Ambiental

• Parte 2 - Procedimentos do Licenciamento Ambiental

• Parte 3 - Articulação do processo de Licenciamento Ambiental

• Referências Bibliográficas

Lucia Regina Moreira Oliveira


Técnica Especializada
Ministério do meio Ambiente

Abril 2008
SUMÁRIO

O Licenciamento Ambiental é um instrumento da Política Nacional de


Meio Ambiente instituído pela Lei nº 6938, de 31 de agosto de 1981. Tem
como finalidade promover o controle prévio à construção, instalação,
ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de
recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem
como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental.

O processo de licenciamento ambiental tem como principais normas


legais a Lei nº 6938/81; a Resolução Conama24 nº 001, de 23 de janeiro de
1986, que estabeleceu diretrizes gerais para elaboração do Estudo de Impacto
Ambiental e respectivo Relatório de Impacto Ambiental – EIA/RIMA nos
processos de licenciamento ambiental; e a Resolução nº 237, de 19 de
dezembro de 1997, que estabeleceu procedimentos e critérios, e reafirmou os
princípios de descentralização presentes na Política Nacional de Meio Ambiente
e na Constituição Federal de 1988.

Para a condução do Licenciamento Ambiental, foi concebido um processo


de avaliação preventiva que consiste no exame dos aspectos ambientais dos
projetos em suas diferentes fases: concepção/planejamento, instalação e
operação. O processo de licenciamento se dá em etapas, por meio da
concessão das Licenças Prévia, de Instalação e de Operação, e
acompanhamento das conseqüências ambientais de uma atividade econômica
ou empreendimento.

O presente documento de apoio ao Curso sobre Licenciamento Ambiental


traz uma abordagem sobre esse processo de avaliação prévia, de forma a
entender que, ao exigir licenciamento ambiental para determinadas atividades
ou empreendimentos, busca-se estabelecer mecanismos de controle ambiental
nas intervenções setoriais que possam vir a comprometer a qualidade
24
Conama é o órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente-Sisnama. O Conselho é um
colegiado representativo de cinco setores: órgãos federais, estaduais e municipais, setor empresarial e sociedade
civil.
ambiental.

Ou seja:...deixar de dizer apenas o “não pode”, mas criar a forma


correta de fazer “como fazer”.25

25
Citação de discurso da Ministra Marina Silva
PARTE 1 - CONTEXTUALIZAÇÃO

Apresenta-se a seguir uma abordagem histórica da discussão ocorrida


sobre os problemas ambientais decorrentes do crescimento econômico.
Apresenta, ainda, conceitos, critérios e características do Licenciamento
Ambiental, Licenças Ambientais e Estudos Ambientais, empreendimentos que
necessitam de licenciamento ambiental, e órgãos ambientais competentes para
proceder ao licenciamento ambiental.
1. – INTRODUÇÃO

Durante muitos anos, o desenvolvimento econômico decorrente da


revolução industrial impediu que os problemas ambientais fossem
considerados. A poluição e os impactos ambientais do desenvolvimento
desordenado eram visíveis, mas os benefícios proporcionados pelo progresso
eram justificados como um “mal necessário”, algo com que deveríamos nos
resignar.

Foi apenas na década de 1960 que o termo “meio ambiente” foi utilizado
pela primeira vez - numa reunião do Clube de Roma26, cujo objetivo era a
reconstrução dos países no pós-guerra. Ali foi estabelecida a polêmica sobre os
problemas ambientais.

A avaliação e priorização de projetos se encontravam extremamente


limitados a uma análise econômica, sem meios de identificar e incorporar as
conseqüências ou efeitos ambientais de um determinado projeto, plano ou
programa que acarretassem degradações ao bem estar social e ao seu
entorno.

A primeira manifestação, de maneira institucionalizada, de política


relacionada ao tema impacto ao meio ambiente veio com a criação do NEPA
(National Environmental Policy Act) em 1969, nos Estados Unidos da América,
institucionalizando, no ano seguinte, o processo de Avaliação de Impacto
Ambiental – AIA, como um instrumento da sua política ambiental. Esse
instrumento legal dispunha sobre os objetivos e princípios da política ambiental
norte-americana, exigindo para todos os empreendimentos com potencial
impactante, a observação dos seguintes pontos: identificação dos impactos
ambientais, efeitos ambientais negativos da proposta, alternativas da ação,
relação dos recursos ambientais negativos no curto prazo e a manutenção ou

26
O Clube de Roma foi constituído em 1968, composto por cientistas, industriais e políticos, que tinha como objetivo
discutir e analisar os limites do crescimento econômico levando em conta o uso crescente dos recursos naturais.
Detectaram que os maiores problemas eram: industrialização acelerada, rápido crescimento demográfico, escassez de
alimentos, esgotamento de recursos não renováveis, deterioração do meio ambiente. Um dos documentos mais
importantes, em termos de repercussão entre os cientistas e os governantes foi o Relatório Meadows, conhecido como
Relatório do Clube de Roma.
mesmo melhoria do seu padrão no longo prazo e, por fim, a definição clara
quanto a possíveis comprometimentos dos recursos ambientais para o caso de
implantação da proposta. Mais tarde, esse instrumento também foi adotado
pela França, Canadá, Holanda, Grã-Bretanha e Alemanha.

Em junho de 1972, em Estocolmo, foi realizada a I Conferência


Mundial de Meio Ambiente com o objetivo de “estabelecer uma visão global e
princípios comuns, que sirvam de inspiração e orientação à humanidade para
preservação e melhoria do ambiente”, que resultou na Declaração sobre o
Ambiente Humano, a qual, entre outras deliberações, determina que: “...deve
ser confiada, às instituições nacionais competentes, a tarefa de planificar,
administrar e controlar a utilização dos recursos naturais dos Estados, com o
fim de melhorar a qualidade do meio ambiente”.

Pode-se afirmar que a Conferência de Estocolmo representa um marco


que mudou de patamar a preocupação com as questões ambientais e passou a
fazer parte das políticas de desenvolvimento adotadas nos países mais
avançados e, também, naqueles em processo de desenvolvimento. Dos
diversos instrumentos e métodos de avaliação desenvolvidos e ali
apresentados com objetivo de incorporar as questões ambientais ao processo
de decisão, a avaliação de impactos ambientais (AIA) tem sido o instrumento
mais discutido.

Daquela época até os dias de hoje houve um grande avanço no


tratamento das questões ambientais, tanto no tocante ao aprimoramento da
legislação ambiental quanto à conscientização da população.

No Brasil, as primeiras tentativas de aplicação de metodologias para


avaliação de impactos ambientais foram decorrentes de exigências de órgãos
financeiros internacionais para aprovação de empréstimos a projetos
governamentais. Com a crescente conscientização da sociedade, tornou-se
cada vez mais necessária a adoção de práticas adequadas de gerenciamento
ambiental em quaisquer atividades modificadoras do meio ambiente.

Essa preocupação levou o governo brasileiro a sancionar, em 1981, a Lei


nº 6.938 que estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente e cria o Sistema
Nacional do Meio Ambiente - Sisnama27, contemplando fundamentos para a
proteção ambiental no país, os quais vêm sendo regulamentados através de
decretos; resoluções dos Conselhos Nacional, Estaduais e Municipais; normas;
e portarias.

Neste contexto, para proceder sua operacionalização foram instituídos,


dentre outros instrumentos, o “Licenciamento Ambiental”.

O licenciamento ambiental constitui-se, portanto, em um dos


instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente28 e tem como finalidade
promover o controle prévio à construção, instalação, ampliação e o
funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos
ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, bem como os
capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental.

Aplicado inicialmente às indústrias de transformação, o licenciamento


ambiental passou a abranger uma gama de projetos de infra-estrutura
promovidos por empresas e organismos governamentais, estendendo-se ainda
às indústrias extrativas e aos projetos de expansão urbana, agropecuária e
turismo, cuja implantação possa, efetiva ou potencialmente, causar
degradação ambiental.

Ao exigir licenciamento ambiental para determinadas atividades ou


empreendimentos, busca-se estabelecer mecanismos de controle ambiental
nas intervenções setoriais que possam vir a comprometer a qualidade
ambiental.

Reforçando a Política Nacional do Meio Ambiente, a Lei nº 9.605, de 12


de fevereiro de 1998, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas
lesivas ao meio ambiente, em seu artigo 60, estabelece a obrigatoriedade do
licenciamento ambiental das atividades degradadoras da qualidade ambiental,

27
A atuação do Sisnama se dá mediante articulação coordenada dos Órgãos e entidades que o constituem,
observado o acesso da opinião pública às informações relativas às agressões ao meio ambiente e às ações de proteção
ambiental, na forma estabelecida pelo CONAMA.

28
Artigo 9º, inciso IV da Lei nº 6.938/81
contendo, inclusive, as penalidades a serem aplicadas ao infrator.
2. - O QUE É LICENCIAMENTO AMBIENTAL?

Licenciamento Ambiental é um instrumento da Política Nacional de Meio


Ambiente, estabelecida pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que tem
como objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental
propícia à vida, visando assegurar condições ao desenvolvimento
sócioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da
dignidade da vida humana.

O processo de regulamentação do licenciamento ambiental iniciou por


meio da Resolução Conama nº 001/86, que estabeleceu diretrizes gerais para
elaboração do Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto
Ambiental – EIA/RIMA nos processos de licenciamento ambiental, definindo,
ainda, critérios para sua aplicação. O EIA/RIMA constitui-se num importante
meio de aplicação de uma política preventiva, sendo, portanto, um documento
de subsídio ao processo de licenciamento ambiental.

Ressalta-se que o EIA/RIMA não é o único estudo ambiental


considerado no processo de licenciamento. Outros estudos,
que abordam os aspectos ambientais relacionados à
localização, instalação e operação de uma atividade ou
empreendimento, podem se configurar como subsídio à
análise de licença requerida, como o Plano de Controle
Ambiental – PCA e Relatório de Controle Ambiental – RCA,
dentre outros. O tema “Outros Estudos” será tratado neste
documento.

O Licenciamento Ambiental é realizado por meio de procedimento


administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização,
instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades
utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente
poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação
ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas
técnicas aplicáveis ao caso.
Para a condução do Licenciamento Ambiental, foi concebido um processo
de avaliação preventiva que consiste no exame dos aspectos ambientais dos
projetos em suas diferentes fases: concepção/planejamento, instalação
(construção) e operação.

Trata-se, portanto, de um processo sistemático de avaliação ambiental,


realizado em três etapas - Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de
Operação. Porém, nos casos atípicos, essas fases poderão ser desenvolvidas
conforme as peculiaridades do empreendimento.

Buscando aperfeiçoar o Sistema de Licenciamento Ambiental, o Conama


aprovou, em dezembro de 1997, a Resolução nº 237. Esta Resolução reafirmou
os princípios de descentralização presentes na Política Nacional de Meio
Ambiente e na Constituição Federal de 1988, e regulamentou a atuação dos
membros do Sisnama na execução do licenciamento ambiental com o
estabelecimento de procedimentos e critérios, efetivando a utilização do
licenciamento como instrumento de gestão ambiental.
3. - LICENÇA AMBIENTAL

A Licença Ambiental é o “ato administrativo pelo qual o órgão ambiental


competente estabelece as condições, restrições e medidas de controle
ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou
jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou
atividades utilizadores dos recursos ambientais consideradas efetiva ou
potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar
degradação ambiental”29.

Cada fase do empreendimento ou atividade (planejamento, instalação e


operação) tem uma licença específica.

As licenças ambientais estão estabelecidas no Decreto 99.274/90, que


regulamenta a Lei 6.938/81, e detalhadas na Resolução Conama nº 237/97:

Licença Prévia (LP) - “concedida na fase preliminar do planejamento


do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e
concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os
requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas
fases de sua implementação”.

Assim, a LP é concedida se for atestada a viabilidade ambiental do


empreendimento, após exame dos impactos ambientais por ele gerados, dos
programas de redução e mitigação de impactos negativos e de maximização
dos impactos positivos.

A LP não autoriza o início de quaisquer obras destinadas à implantação


do empreendimento.

Aqui vale citar o Acórdão 1.869/2006-TCU-Plenário, subitem


2.2.2: “o órgão ambiental não poderá admitir a postergação de
estudos de diagnóstico próprios da fase prévia para as fases
posteriores sob a forma de condicionantes do licenciamento”30.

29
Resolução Conama nº 237/97
30
Brasil. Tribunal de Contas da União. Cartilha de Licenciamento Ambiental – http://www.tcu.gov.br
Licença de Instalação (LI) - “autoriza a instalação do
empreendimento ou atividade de acordo com as especificações
constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as
medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual
constituem motivo determinante”.

Licença de Operação LO - “autoriza a operação da atividade ou


empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que
consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e
condicionantes determinados para a operação”.

As licenças ambientais poderão ser expedidas isoladas ou


sucessivamente, de acordo com a natureza, características e
fase do empreendimento ou atividade31.

As licenças ambientais deverão ser publicadas em quaisquer de suas


modalidades, inclusive os pedidos de licenciamento e renovação das mesmas32.

Também, a Lei nº 10.650, de 16 de abril de 2003, que dispõe sobre o


acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades
integrantes do Sisnama, estabelece que deverão ser publicados em Diário
Oficial e ficar disponíveis, no respectivo órgão, em local de fácil acesso ao
público, listagens e relações contendo pedidos de licenciamento, sua renovação
e a respectiva concessão.

A publicação dos pedidos de licenças, renovação e respectivas


concessões, em quaisquer de suas modalidades, deverão constar:

a) - nome da empresa e sigla (se houver)

b) - sigla do órgão onde requereu a licença

c) - modalidade da licença requerida

d) - finalidade da licença

31
art. 8º Resolução Conama nº 237/1997

32
Resolução Conama nº 006/97
e) - prazo de validade de licença (no caso de publicação de concessão da
licença)

f) - tipo de atividade que será desenvolvida

h) - local de desenvolvimento da atividade


3.1. - Outras Licenças

Em função da natureza, características e peculiaridades de determinadas


atividades ou empreendimentos, o Conama definirá, quando necessário,
licenças ambientais específicas, observando, inclusive, a compatibilização do
processo de licenciamento com as etapas de planejamento, implantação e
operação.

Veja alguns casos em que foram adotadas licenças específicas:

• Licenciamento ambiental de atividades relacionadas à exploração e lavra de


jazidas de combustíveis líquidos e gás natural. O Conana, por meio da
Resolução nº 23/94, estabeleceu as seguintes licenças ambientais:

Licença Prévia para Perfuração – LPper, autorizando a atividade de


perfuração. O empreendedor apresentará para a concessão desta licença o
Relatório de Controle Ambiental - RCA das atividades e a delimitação da
área de atuação pretendida.

Licença Prévia para Produção para Pesquisa – LPpro, autorizando a


produção para pesquisa da viabilidade econômica da jazida. O
empreendedor apresentará para a concessão desta licença o Estudo de
Viabilidade Ambiental – EVA.

Licença de Instalação – LI, autorizando, após a aprovação do EIA ou


RAA e contemplando outros estudos ambientais existentes na área de
interesse, a instalação das unidades e sistemas necessários à produção e
ao escoamento.

Licença de Operação – LO, autorizando, após a aprovação do Projeto de


Controle Ambiental - PCA, o início da operação do empreendimento.

• Licenciamento ambiental de agroindústrias de pequeno porte e baixo


impacto ambiental. O Conama por meio da Resolução nº 385/06,
estabeleceu as seguintes licenças ambientais:

Licença Prévia e de Instalação-LPI, que autoriza a localização e


instalação de abatedouros e estabelecimentos que processem pescados.
Licença de Operação-LO, que autoriza a operação de abatedouros e
estabelecimentos que processem pescados.

Licença Única de Instalação e Operação-LIO, para as demais


atividades agroindustriais de pequeno porte e baixo impacto ambiental.

• Licenciamento ambiental simplificado de Sistemas de Esgotamento


Sanitário. O Conama por meio da Resolução nº 377/06, estabeleceu as
seguintes licenças ambientais:

Licença Ambiental Única de Instalação e Operação-LIO ou ato


administrativo equivalente: ato administrativo único que autoriza a
implantação e operação de empreendimento de unidades de transporte e
de tratamento de esgoto sanitário, separada ou conjuntamente, de
pequeno porte (não se aplica aos empreendimentos situados em áreas
declaradas pelo órgão competente como ambientalmente sensíveis).

A LIO ou ato administrativo equivalente serão requeridos mediante a


apresentação dos seguintes documentos: (i) informações gerais sobre o
projeto e outras informações consideradas relevantes pelo órgão ambiental
competente; (ii) declaração de responsabilidade civil e a respectiva
Anotação de Responsabilidade Técnica-ART; (iii) autorização para
supressão de vegetação, quando for o caso; (iv) outorga de direito de uso
de recursos hídricos para lançamento de efluentes; e (v) localização em
conformidade com instrumento de ordenamento territorial do Município ou
do Distrito Federal.

• Licenciamento ambiental de Projetos de Assentamentos de Reforma


Agrária. O Conama por meio da Resolução nº 387/06, estabeleceu as
seguintes licenças ambientais:

Licença Prévia-LP: licença concedida na fase preliminar do planejamento


dos Projetos de Assentamentos de Reforma Agrária aprovando sua
localização e concepção, sua viabilidade ambiental e estabelecendo os
requisitos básicos a serem atendidos na próxima fase do licenciamento;

Licença de Instalação e Operação-LIO: licença que autoriza a


implantação e operação dos Projetos de Assentamentos de Reforma
Agrária, observadas a viabilidade técnica das atividades propostas, as
medidas de controle ambiental e demais condicionantes determinadas para
sua operação.
4. - ESTUDOS AMBIENTAIS COMO INSTRUMENTO DO
PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL

“Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos


aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e
ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio
para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e
projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico
ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e
análise preliminar de risco”33.

“O órgão ambiental competente, verificando que a atividade ou


empreendimento não é potencialmente causador de significativa degradação
do meio ambiente, definirá os estudos ambientais pertinentes ao respectivo
processo de licenciamento”34 .

Os estudos necessários ao processo de licenciamento


deverão ser realizados por profissionais legalmente
habilitados, às expensas do empreendedor.

4.1 - Avaliação de Impacto Ambiental

A Avaliação de Impacto Ambiental foi vinculada ao processo de


licenciamento ambiental por meio da resolução Conama nº 001/86, que
estabelece os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação
de Avaliação de Impactos Ambientais, e determina:

• o conceito de impacto ambiental;


• a subordinação da elaboração do EIA/RIMA ao sistema de Licenciamento
Ambiental de atividades modificadoras do meio ambiente;
• uma listagem, em caráter indicativo, de tipologias de atividades e
empreendimentos, que dependerão da elaboração do EIA/RIMA35 para

33
Art. 1º, Resolução Conama nº 237/97

34
(Art. 3º, Resolução Conama nº 237/97)
35
Conheça a listagem de tipologias de atividades e empreendimentos que dependerão da elaboração de
EIA/RIMA no final deste documento – Parte 01
obtenção de licença ambiental, especificando para algumas um valor ou
limite de referência do porte ou capacidade produtiva; e
• a definição do escopo mínimo dos fatores e componentes ambientais que
devem constar no desenvolvimento de EIA/RIMA’s exigidos.

A elaboração dos Estudos de Impactos Ambientais consiste no


desenvolvimento dos procedimentos referentes à sistemática de avaliação de
impactos ambientais.

As avaliações de impactos ambientais são, segundo Bolea (1984),


“estudos realizados para identificar, prever e interpretar, assim como prevenir,
as conseqüências ou efeitos ambientais que determinadas ações, planos,
programas ou projetos podem causar à saúde, ao bem estar humano e ao
entorno”. Estes estudos incluem alternativas à ação ou projeto e pressupõem a
participação do público, representando não um instrumento de decisão em si,
mas um instrumento de conhecimento a serviço da decisão.

A avaliação de impacto ambiental deve ser uma atividade contínua,


antes e posterior à tomada de decisões, procedendo-se a sua revisão e
atualização periodicamente, após o pleno funcionamento do projeto ou
atividade.

4.2 - Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto


Ambiental – EIA/RIMA

É um documento de natureza técnica, que tem como finalidade


avaliar os impactos ambientais gerados por atividades e/ou empreendimentos
potencialmente poluidores ou que possam causar degradação ambiental.
Deverá contemplar a proposição de medidas mitigadoras e de controle
ambiental, garantindo assim o uso sustentável dos recursos naturais.

O estudo de impacto ambiental deverá abordar, no mínimo, os


seguintes aspectos:

• Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, contendo


descrição dos recursos ambientais e suas interações, caracterizando as
condições ambientais antes da implantação do projeto. Este diagnóstico
deverá contemplar os meios físico, biótico e sócio-econômico.

• Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas,


através de identificação, previsão da magnitude e interpretação da
importância dos prováveis impactos relevantes (diretos e indiretos;
imediatos e a médio e longo prazos; temporários e permanentes; seu
grau de reversibilidade; a distribuição dos ônus e benefícios sociais).

• Medidas mitigadoras - são aquelas destinadas a corrigir impactos


negativos ou a reduzir sua magnitude. Identificados os impactos, deve-
se pesquisar quais os mecanismos capazes de reduzi-los ou anulá-los.

• Programas de acompanhamento e monitoramento, estabelecidos ainda


durante o EIA/RIMA, de modo que se possam comparar, durante a
implantação e operação da atividade, os impactos previstos com os que
efetivamente ocorreram.

O Relatório de Impacto Ambiental - RIMA deve refletir as


conclusões do EIA. O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e de fácil
compreensão. As informações devem ser apresentadas em linguagem
acessível, acompanhadas de mapas, quadros, gráficos etc., de modo a que as
vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as conseqüências
ambientais de sua implantação, fiquem claras.

O RIMA deve apresentar, no mínimo, as seguintes informações:

• objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as


políticas setoriais, planos e programas governamentais;

• descrição do projeto, apresentando suas alternativas locacionais e


tecnológicas e especificando, para cada uma delas, nas fases de construção
e operação, a área de influência, a matéria-prima e mão-de-obra, as fontes
de energia, processos e técnicas operacionais, prováveis efluentes,
emissões, resíduos e a oferta de empregos diretos e indiretos;

• listagem sintética dos resultados do diagnóstico ambiental da área de


influência do projeto;

• descrição dos prováveis impactos nas suas diferentes fases de


desenvolvimento (implantação e operação) e suas características;

• cenário futuro da qualidade ambiental na área de influência do


empreendimento, comparando as diferentes situações da adoção do projeto
e de suas alternativas, bem como a hipótese de sua não realização;

• descrição dos efeitos esperados após as medidas mitigadoras, identificando


os impactos não corrigíveis e o grau de alteração esperado;

• programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos negativos.

4.3 - Projeto Básico Ambiental - PBA

O Projeto Básico Ambiental -PBA é determinado pela Resolução


Conama nº 006, de 16/09/87, e deverá apresentar um detalhamento de todos
os programas e projetos ambientais previstos, ou seja, aqueles provenientes
do EIA/RIMA, bem como os considerados pertinentes pelo órgão licenciador.
Constitui-se em um dos documentos-base para a obtenção da Licença de
Instalação-LI.

Embora tenha sido concebido para empreendimentos do setor de


energia, alguns órgãos tem solicitado a apresentação do PBA para os diversos
tipos de empreendimentos.

4.4 - Plano de Controle Ambiental - PCA

O plano de Controle Ambiental - PCA é exigido pela Resolução


Conama nº 009/90 para a concessão da Licença de Instalação -LI de atividade
de extração mineral de todas as classes. O PCA é uma exigência adicional ao
EIA/RIMA, apresentado na fase anterior à concessão da Licença Prévia.

No entanto, o Plano de Controle Ambiental tem sido exigido,


também, para o licenciamento de outros tipos de atividades.

4.5 - Plano de Recuperação de Áreas Degradadas - PRAD


O Plano de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD36 foi
concebido para a recomposição de áreas degradadas pela atividade de
exploração de recursos minerais. No entanto, tem sido utilizado para os
diversos tipos de empreendimentos, e geralmente, é previsto no escopo dos
Estudos Ambientais.

4.6 - Relatório de Controle Ambiental - RCA

O Relatório de Controle Ambiental - RCA é exigido pela Resolução


Conama nº 010/90, na hipótese de dispensa do EIA/RIMA para a obtenção da
Licença Prévia -L.P de atividades de extração mineral da classe II. Deve ser
elaborado de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo órgão ambiental
competente.

O RCA tem sido exigido por alguns órgãos de meio ambiente


também para o licenciamento de outros tipos de atividade.

4.7 - Análise de Risco

A avaliação de riscos é um instrumento de grande utilidade,


particularmente quando se trata de gerenciar riscos de produtos tóxicos,
explosivos, etc. Esse método procura determinar a evolução provável de
determinado efeito sobre a saúde ou sobre o meio natural ou outros bens,
decorrentes da presença de certo agente, a um determinado nível, no
ambiente (BURSZSTYN, 1994).

Segundo BLOKKER (1999), a Análise de Risco consiste em uma


metodologia para analisar as possíveis conseqüências negativas para a
sociedade de atividades humanas ou das forças da natureza.

A análise de riscos subsidia a “Gestão de Riscos”, que é um


processo de avaliação; manutenção de medidas preventivas, de modo a
manter a probabilidade de ocorrências de conseqüências negativas tão baixa
quanto possível; e de tomada de decisão. Além disso, pertencem igualmente
ao campo da gestão de riscos o planejamento das situações de emergência e a
manutenção de um grau de prontidão para reagir nessas situações. Para
36
Recuperação deverá ter por objetivo o retorno do sítio degradado a uma forma de utilização, de acordo
com o plano preestabelecido para o uso ou capacidade produtiva dos recursos ambientais.
tomar as suas decisões, o gestor de riscos, seja um responsável político
governamental ou um diretor de uma instalação industrial, utiliza todas as
informações disponíveis resultantes dos estudos de impacto ambiental e de
avaliações de riscos (BLOKKER, 1999).

4.8 - Termo de Referência - TR

Todos esses estudos e outros aqui não mencionados são aplicáveis


a vários tipos de atividades e empreendimentos e, por esse motivo, o órgão
ambiental elabora um Termo de Referência - TR, que orienta a elaboração do
estudo específico de cada empreendimento, de acordo com suas
especificidades e o local proposto para sua implantação.

Portanto, o Termo de Referência é o instrumento orientador da


elaboração de qualquer tipo de estudo ambiental (EIA/RIMA, PCA, RCA, PRAD,
etc.). Deve ser elaborado criteriosamente, utilizando-se de todas as
informações disponíveis sobre o empreendimento e sobre o local onde será
implantado, bem como da legislação pertinente.

Tem por objetivo estabelecer diretrizes, conteúdo e abrangência do


estudo exigido do empreendedor, em etapas antecedente à implantação da
atividade modificadora do meio ambiente. É elaborado pelo órgão ambiental
licenciador a partir das informações prestadas pelo empreendedor na fase de
solicitação de Licença Prévia - LP.

Em alguns casos, o órgão ambiental licenciador solicita que o


empreendedor elabore o Termo de Referência, reservando-se apenas o papel
de julgá-lo e aprová-lo.

Um Termo de Referência bem elaborado é um


dos passos fundamentais para que um estudo
ambiental alcance a qualidade esperada.
5. - EMPREENDIMENTOS E ATIVIDADES QUE NECESSITAM DE
LICENCIAMENTO AMBIENTAL

A localização, construção, instalação, ampliação, modificação e operação


de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais
consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como os
empreendimentos capazes, sob qualquer forma, de causar degradação
ambiental, dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental
competente, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis.

A Resolução Conama nº 237/97, em seu Anexo 1, traz uma listagem de


empreendimentos e as atividades sujeitos ao licenciamento ambiental.

No entanto, caberá ao órgão ambiental competente definir os critérios de


exigibilidade, o detalhamento e a complementação desse anexo, levando em
consideração as especificidades, os riscos ambientais, o porte e outras
características do empreendimento ou atividade37.

Conheça alguns tipos de empreendimentos e atividades que


precisam de licenciamento ambiental38.

• Extração e tratamento de minerais


• Indústria de produtos minerais não metálicos
• Indústria metalúrgica
• Indústria mecânica
• Indústria de material elétrico, eletrônico e comunicações
• Indústria de material de transporte
• Indústria de madeira
• Indústria de papel e celulose
• Indústria de borracha
• Indústria de couros e peles
• Indústria química

37
§ 2º, art 2º da resolução Conama nº 237/97

38
Para maiores detalhes consulte o Anexo 1 da Resolução Conama nº 237/97, no final deste documento – Parte 01.
• Indústria de produtos de matéria plástica
• Indústria têxtil, de vestuário, calçados e artefatos de tecidos
• Indústria de produtos alimentares e bebidas
• Indústria de fumo
• Indústrias diversas
• Obras civis
• Serviços de utilidade
• Transporte, terminais e depósitos
• Turismo
• Atividades diversas
• Atividades agropecuárias
• Uso de recursos naturais
6. - ÓRGÃO AMBIENTAL COMPETENTE PARA PROCEDER AO
LICENCIAMENTO AMBIENTAL

De acordo com o artigo 23, incisos VI e VII, da Constituição Federal, é


competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios proteger o meio ambiente, combater a poluição em qualquer de
suas formas e preservar as florestas, a fauna e a flora.

A Lei nº 6.938/81, que estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente,


criou o Sistema Nacional do Meio Ambiente – Sisnama, constituído pelos
órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
bem como das fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela
proteção e melhoria da qualidade ambiental.

Em observância ao critério constitucional da autonomia e


responsabilidade compartilhada entre os entes federados, o Conselho Nacional
de Meio Ambiente - Conama editou, em dezembro de 1997, a Resolução nº
237 regulamentando a atuação dos órgãos integrantes do Sisnama na
execução do licenciamento ambiental.

Essa resolução reafirmou os princípios de cooperação da política


ambiental e explicitou os critérios de competências correspondentes aos níveis
de governo federal, estadual e municipal para a execução do licenciamento
ambiental, com base nos impactos ambientais da atividade ou
empreendimento.

Portanto, constitui-se em órgão ambiental competente para proceder


ao licenciamento ambiental: (i) o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis; (ii) os órgãos ou entidades estaduais
responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e
fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental; e (iii)
os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização
dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições.

No entanto, essa mesma resolução determinou que os entes federados,


para exercerem suas competências licenciatórias, deverão ter implementados
os Conselhos de Meio Ambiente, com caráter deliberativo e participação social
e, ainda, possuir em seus quadros ou a sua disposição profissionais legalmente
habilitados.

Destaca-se que os empreendimentos e atividades


serão licenciados em um único nível de
competência39.

Agora a pergunta é: Quem licencia o que? - que


empreendimentos são licenciados pelo Ibama, pelos estados e pelos
municípios?

A resposta está na resolução Conama nº 237/97 que regulamentou a


atuação do Sisnama na execução do licenciamento ambiental e, em
observância ao critério constitucional da responsabilidade compartilhada entre
os entes federados40, estabeleceu os três níveis de competência para o
licenciamento:

Art. 4º - Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e


dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama, órgão executor
do Sisnama, o licenciamento ambiental, a que se refere o
artigo 10 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, de
empreendimentos e atividades com significativo impacto
ambiental de âmbito nacional ou regional, a saber:

I - localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e


em país limítrofe; no mar territorial; na plataforma
continental; na zona econômica exclusiva; em terras
indígenas ou em unidades de conservação do domínio da
União.

II - localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados;

39
art 7º Resolução nº 237/97

40
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu o marco para a ação municipal sobre o meio ambiente “a proteção
ambiental é objeto comum entre todos os entes federados”.
III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os
limites territoriais do País ou de um ou mais Estados;

IV - destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar,


transportar, armazenar e dispor material radioativo, em
qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em
qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da
Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN;

V- bases ou empreendimentos militares, quando couber,


observada a legislação específica.

§ 1º - O Ibama fará o licenciamento de que trata este artigo


após considerar o exame técnico procedido pelos órgãos
ambientais dos Estados e Municípios em que se localizar a
atividade ou empreendimento, bem como, quando couber, o
parecer dos demais órgãos competentes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, envolvidos no
procedimento de licenciamento.

§ 2º - O Ibama, ressalvada sua competência supletiva,


poderá delegar aos Estados o licenciamento de atividade
com significativo impacto ambiental de âmbito regional,
uniformizando, quando possível, as exigências.

Art. 5º - Compete ao órgão ambiental estadual ou do


Distrito Federal o licenciamento ambiental dos
empreendimentos e atividades:

I - localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou


em unidades de conservação de domínio estadual ou do
Distrito Federal;

II - localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais


formas de vegetação natural de preservação permanente
relacionadas no artigo 2º da Lei nº 4.771, de 15 de
setembro de 1965, e em todas as que assim forem
consideradas por normas federais, estaduais ou municipais;

III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os


limites territoriais de um ou mais Municípios;

IV – delegados pela União aos Estados ou ao Distrito


Federal, por instrumento legal ou convênio.

Parágrafo único. O órgão ambiental estadual ou do Distrito


Federal fará o licenciamento de que trata este artigo após
considerar o exame técnico procedido pelos órgãos
ambientais dos Municípios em que se localizar a atividade ou
empreendimento, bem como, quando couber, o parecer dos
demais órgãos competentes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, envolvidos no
procedimento de licenciamento.

Art. 6º - Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os


órgãos competentes da União, dos Estados e do Distrito
Federal, quando couber, o licenciamento ambiental de
empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e
daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por
instrumento legal ou convênio.

Após a edição da resolução ficou claro o que cada ente da federação


deveria licenciar. Ocorre que menos de 1% dos empreendimentos brasileiros
são licenciados pelo Ibama, ou seja, aqueles com foco nas grandes obras de
infra-estrutura e, como a maioria dos municípios não estão preparados, com
estrutura mínima necessária para realizar o licenciamento ambiental
(profissionais legalmente habilitados e Conselhos de Meio Ambiente), todos os
demais empreendimentos e atividades estão sendo licenciados pelos órgãos
estaduais. Destaca-se, que grande parte dos processos referem-se à
empreendimentos e atividades considerados de impacto local, que deveriam
ser licenciados pelos Municípios.
A Pesquisa de Informações Básicas Municipais. Perfil dos
Municípios Brasileiros. Meio Ambiente 2002, realizada pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)41, mostra
que 77,8% dos municípios não tem conselhos de meio ambiente
ativos; 86,4% não tem legislação adaptada às condições locais;
93,46% não possuem fundos municipais de meio ambiente, e
que somente 22% possuem esses três instrumentos. Outro dado
importante, também dessa pesquisa, é que de cada 100
servidores municipais, apenas um trabalhava no setor
responsável pelo meio ambiente.

No entanto, a situação relatada pelo IBGE está mudando visto que


alguns estados iniciaram uma política de compartilhamento do licenciamento
ambiental pautada no critério da competência originária, definindo regras
gerais e requisitos ao licenciamento municipal.

Pode-se citar como exemplo, os Estados do Espírito Santo, Goiás, Rio


Grande do Sul, Santa Catarina, dentre outros.

41
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ministério do Meio Ambiente, Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão. Pesquisa de Informações Básicas Municipais. Perfil dos Municípios Brasileiros.
Meio Ambiente 2002. Rio de Janeiro: IBGE, 2005. 382p.
ANEXO 1 da Resolução Conama nº 237/97

Extração e tratamento de minerais


- pesquisa mineral com guia de utilização
- lavra a céu aberto, inclusive de aluvião, com ou sem beneficiamento
- lavra subterrânea com ou sem beneficiamento
- lavra garimpeira
- perfuração de poços e produção de petróleo e gás natural

Indústria de produtos minerais não metálicos


- beneficiamento de minerais não metálicos, não associados à extração
- fabricação e elaboração de produtos minerais não metálicos tais como:
produção de material cerâmico, cimento, gesso, amianto e vidro, entre outros.

Indústria metalúrgica
- fabricação de aço e de produtos siderúrgicos
- produção de fundidos de ferro e aço / forjados / arames / relaminados com
ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia
- metalurgia dos metais não-ferrosos, em formas primárias e secundárias,
inclusive ouro
- produção de laminados / ligas / artefatos de metais não-ferrosos com ou sem
tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia
- relaminação de metais não-ferrosos , inclusive ligas
- produção de soldas e anodos
- metalurgia de metais preciosos
- metalurgia do pó, inclusive peças moldadas
- fabricação de estruturas metálicas com ou sem tratamento de superfície,
inclusive galvanoplastia
- fabricação de artefatos de ferro / aço e de metais não-ferrosos com ou sem
tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia
- têmpera e cementação de aço, recozimento de arames, tratamento de
superfície

Indústria mecânica
- fabricação de máquinas, aparelhos, peças, utensílios e acessórios com e sem
tratamento térmico e/ou de superfície

Indústria de material elétrico, eletrônico e comunicações


- fabricação de pilhas, baterias e outros acumuladores
- fabricação de material elétrico, eletrônico e equipamentos para
telecomunicação e informática
- fabricação de aparelhos elétricos e eletrodomésticos

Indústria de material de transporte


- fabricação e montagem de veículos rodoviários e ferroviários, peças e
acessórios
- fabricação e montagem de aeronaves
- fabricação e reparo de embarcações e estruturas flutuantes

Indústria de madeira
- serraria e desdobramento de madeira
- preservação de madeira
- fabricação de chapas, placas de madeira aglomerada, prensada e
compensada
- fabricação de estruturas de madeira e de móveis

Indústria de papel e celulose


- fabricação de celulose e pasta mecânica
- fabricação de papel e papelão
- fabricação de artefatos de papel, papelão, cartolina, cartão e fibra prensada

Indústria de borracha
- beneficiamento de borracha natural
- fabricação de câmara de ar e fabricação e recondicionamento de pneumáticos
- fabricação de laminados e fios de borracha
- fabricação de espuma de borracha e de artefatos de espuma de borracha ,
inclusive látex

Indústria de couros e peles


- secagem e salga de couros e peles
- curtimento e outras preparações de couros e peles
- fabricação de artefatos diversos de couros e peles
- fabricação de cola animal

Indústria química
- produção de substâncias e fabricação de produtos químicos
- fabricação de produtos derivados do processamento de petróleo, de rochas
betuminosas e da madeira
- fabricação de combustíveis não derivados de petróleo
- produção de óleos/gorduras/ceras vegetais-animais/óleos essenciais vegetais
e outros produtos da destilação da madeira
- fabricação de resinas e de fibras e fios artificiais e sintéticos e de borracha e
látex sintéticos
- fabricação de pólvora/explosivos/detonantes/munição para caça-desporto,
fósforo de segurança e artigos pirotécnicos
- recuperação e refino de solventes, óleos minerais, vegetais e animais
- fabricação de concentrados aromáticos naturais, artificiais e sintéticos
- fabricação de preparados para limpeza e polimento, desinfetantes,
inseticidas, germicidas e fungicidas
- fabricação de tintas, esmaltes, lacas , vernizes, impermeabilizantes,
solventes e secantes
- fabricação de fertilizantes e agroquímicos
- fabricação de produtos farmacêuticos e veterinários
- fabricação de sabões, detergentes e velas
- fabricação de perfumarias e cosméticos
- produção de álcool etílico, metanol e similares

Indústria de produtos de matéria plástica


- fabricação de laminados plásticos
- fabricação de artefatos de material plástico

Indústria têxtil, de vestuário, calçados e artefatos de tecidos


- beneficiamento de fibras têxteis, vegetais, de origem animal e sintéticos
- fabricação e acabamento de fios e tecidos
- tingimento, estamparia e outros acabamentos em peças do vestuário e
artigos diversos de tecidos
- fabricação de calçados e componentes para calçados

Indústria de produtos alimentares e bebidas


- beneficiamento, moagem, torrefação e fabricação de produtos alimentares
- matadouros, abatedouros, frigoríficos, charqueadas e derivados de origem
animal
- fabricação de conservas
- preparação de pescados e fabricação de conservas de pescados
- preparação , beneficiamento e industrialização de leite e derivados
- fabricação e refinação de açúcar
- refino / preparação de óleo e gorduras vegetais
- produção de manteiga, cacau, gorduras de origem animal para alimentação
- fabricação de fermentos e leveduras
- fabricação de rações balanceadas e de alimentos preparados para animais
- fabricação de vinhos e vinagre
- fabricação de cervejas, chopes e maltes
- fabricação de bebidas não alcoólicas, bem como engarrafamento e
gaseificação de águas minerais
- fabricação de bebidas alcoólicas

Indústria de fumo
- fabricação de cigarros/charutos/cigarrilhas e outras atividades de
beneficiamento do fumo

Indústrias diversas
- usinas de produção de concreto
- usinas de asfalto
- serviços de galvanoplastia

Obras civis
- rodovias, ferrovias, hidrovias , metropolitanos
- barragens e diques
- canais para drenagem
- retificação de curso de água
- abertura de barras, embocaduras e canais
- transposição de bacias hidrográficas
- outras obras de arte

Serviços de utilidade
- produção de energia termoelétrica
-transmissão de energia elétrica
- estações de tratamento de água
- interceptores, emissários, estação elevatória e tratamento de esgoto sanitário
- tratamento e destinação de resíduos industriais (líquidos e sólidos)
- tratamento/disposição de resíduos especiais tais como: de agroquímicos e
suas embalagens usadas e de serviço de saúde, entre outros
- tratamento e destinação de resíduos sólidos urbanos, inclusive aqueles
provenientes de fossas
- dragagem e derrocamentos em corpos d’água
- recuperação de áreas contaminadas ou degradadas
Transporte, terminais e depósitos
- transporte de cargas perigosas
- transporte por dutos
- marinas, portos e aeroportos
- terminais de minério, petróleo e derivados e produtos químicos
- depósitos de produtos químicos e produtos perigosos

Turismo
- complexos turísticos e de lazer, inclusive parques temáticos e autódromos

Atividades diversas
- parcelamento do solo
- distrito e pólo industrial

Atividades agropecuárias
- projeto agrícola
- criação de animais
- projetos de assentamentos e de colonização

Uso de recursos naturais


- silvicultura
- exploração econômica da madeira ou lenha e subprodutos florestais
- atividade de manejo de fauna exótica e criadouro de fauna silvestre
- utilização do patrimônio genético natural
- manejo de recursos aquáticos vivos
- introdução de espécies exóticas e/ou geneticamente modificadas

- uso da diversidade biológica pela biotecnologia


Lista Exemplificativa de Empreendimentos e Atividades que
dependem de EIA/RIMA42

Dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de


impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA), empreendimentos e atividades
consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação
do meio, tais como:
I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;
II - Ferrovias;
III - Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
IV - Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do Decreto-Lei nº
32, de 18.11.66;
V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de
esgotos sanitários;
VI - Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV;
VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como:
barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de
irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação
de cursos d'água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias,
diques;
VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);
IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de
Mineração;
X - Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou
perigosos;
Xl - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia
primária, acima de 10MW;
XII - Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos,
siderúrgicos, cloro químicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de
recursos hídricos);
XIII - Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI;
XIV - Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100

42
Resolução Conama n0 001/86
hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em termos
percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental;
XV - Projetos urbanísticos, acima de 100ha. ou em áreas consideradas de
relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e
estaduais competentes;

XVI - Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a dez
toneladas por dia.


Programa Nacional de Capacitação de
Gestores Ambientais do Sisnama

Curso piloto sobre “Licenciamento Ambiental - LiA”

Módulo 3 – Licenciamento Ambiental: Legislação e Procedimentos


Abril/2008
“COM LICENÇA”

• Parte 1 – Contextualização do Licenciamento Ambiental

• Parte 2 - Procedimentos do Licenciamento Ambiental

• Parte 3 - Articulação do processo de Licenciamento Ambiental

• Referências Bibliográficas

Lucia Regina Moreira Oliveira


Técnica Especializada
Ministério do meio Ambiente

Abril 2008
PARTE 2 – PROCEDIMENTOS DO LICENCIAMENTO

AMBIENTAL

Apresenta-se a seguir as etapas estabelecidas pela Resolução


Conama nº 237/97 para o processo de licenciamento ambiental, e proposta de
procedimentos e rotinas para análise de cada Licença Ambiental – Licença
Prévia, Licença de Instalação, Licença de Operação e Monitoramento.
1. - PROCEDIMENTOS DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Como visto anteriormente, o Licenciamento Ambiental é realizado


por meio de procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental
competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de
empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais.

Assim, e buscando regulamentar o processo o Conama, ao


elaborar a resolução nº 237/97, estabeleceu as seguintes etapas:

I - Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação


do empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais,
necessários ao início do processo de licenciamento correspondente à licença a
ser requerida;

II - Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor,


acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes,
dando-se a devida publicidade;

III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do


Sisnama , dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a
realização de vistorias técnicas, quando necessárias;

IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão


ambiental competente, integrante do Sisnama, uma única vez, em decorrência
da análise dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados,
quando couber, podendo haver a reiteração da mesma solicitação caso os
esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios;

V - Audiência pública, quando couber, de acordo com a


regulamentação pertinente;

VI - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão


ambiental competente, decorrentes de audiências públicas, quando couber,
podendo haver reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e
complementações não tenham sido satisfatórios;

VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber,


parecer jurídico;
VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-
se a devida publicidade.

Em função da natureza, características e peculiaridades da


atividade ou empreendimento e, ainda, da compatibilização do processo de
licenciamento com as etapas de planejamento, implantação e operação, o
órgão ambiental competente poderá estabelecer procedimentos específicos
para as licenças ambientais.

Também, poderão ser estabelecidos procedimentos simplificados


para as atividades e empreendimentos de pequeno potencial de impacto
ambiental, neste caso, deve ser submetido à aprovação dos respectivos
Conselhos de Meio Ambiente.

Outro procedimento, também considerado pela Resolução Conama


nº 237/97, é a adoção de um único processo de licenciamento ambiental para
pequenos empreendimentos e atividades similares e vizinhos, desde que
definida a responsabilidade legal pelo conjunto de empreendimentos ou
atividades.

Quer saber como são, na prática, os procedimentos


e rotinas para condução do processo de licenciamento
ambiental?

Veja a seguir...
1.1 - Procedimentos para concessão da Licença Prévia

Considerando que a Licença Prévia é concedida na fase preliminar


do planejamento de um empreendimento ou atividade, aprovando sua
localização e atestando sua viabilidade, após exame dos impactos ambientais
por ele gerados, dos programas de redução e mitigação de impactos negativos
e de maximização dos impactos positivos, é necessário que o órgão licenciador
competente tenha informações suficientes para análise e tomada de decisão.

Desta forma, e considerando as etapas estabelecidas na Resolução


nº 237/97, e procedimentos adotados pelo Ibama e outros órgãos ambientais,
propõe-se os seguintes procedimentos:

• Consulta ao órgão licenciador competente

O empreendedor, de posse de informações e documentos que caracterizem


devidamente seu empreendimento/atividade, sua localização e inserção
ambiental, consulta ao órgão licenciador competente sobre os estudos
necessários ao licenciamento ambiental.

• Definição do estudo ambiental

O órgão licenciador, após a compreensão geral do


empreendimento/atividade, define o estudo ambiental necessário ao início
do processo de licenciamento ambiental e elabora o Termo de Referência
-TR43 norteador do mesmo, e quando for o caso, o submete à apreciação de
instituições que tem interface com o empreendimento (IPHAN, FUNAI,
Fundação Palmares, SVS)44.

Sugere-se a realização de vistoria técnica ao local


pretendido para instalar o empreendimento ou
atividade antes da definição final do TR.

Dependendo do tipo do empreendimento, o órgão licenciador poderá

43
Leia sobre Termo de Referência no Item “Estudos Ambientais”.
44
Leia sobre outros órgãos que participam do processo de licenciamento ambiental na Parte 03
solicitar a apresentação de Análise de Riscos ou Avaliação de Riscos.

• Elaboração dos estudos ambientais

O empreendedor, de posse do TR, elabora os estudos ambientais e


encaminha ao órgão licenciador juntamente com o requerimento de
solicitação de Licença Prévia.

• Solicitação da Licença Prévia

O empreendedor solicita a LP e publica a solicitação da conforme Resolução


Conama nº 06/86.

• Quando for necessário ouvir outros órgãos45

O órgão licenciador, ao receber os estudos ambientais, encaminha os aos


demais órgãos envolvidos no processo de licenciamento ambiental, quando
for o caso, e solicita o respectivo parecer técnico.

No procedimento de licenciamento ambiental deverá


constar, obrigatoriamente, a certidão da Prefeitura
Municipal, declarando que o local e o tipo de
empreendimento ou atividade estão em conformidade
com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo e,
quando for o caso, a autorização para supressão de
vegetação e a outorga para o uso da água, emitidas
pelos órgãos competentes.

45
Leia sobre a participação de outros órgãos na Parte 03 deste documento “Licenciamento Ambiental”
• Quando se tratar de EIA/RIMA

Quando se tratar de EIA/RIMA, o órgão licenciador, publica o recebimento


do mesmo, fixando o prazo de 45 dias para solicitação de Audiência Pública.

Sempre que julgar necessário ou quando for solicitado


por entidade civil, pelo Ministério Público ou por 50
(cinqüenta) ou mais cidadãos, o órgão licenciador
promoverá a realização de audiências públicas46.

Respeitado o sigilo industrial, assim solicitando e demonstrando pelo


interessado, o RIMA deverá ser colocado à disposição do público 47. Suas
cópias permanecerão à disposição dos interessados, nos centros de
documentação ou bibliotecas públicas e do órgão estadual de controle
ambiental correspondente, inclusive no período de análise técnica.

• Solicitação de esclarecimentos e complementações

O órgão licenciador, se necessário, solicita esclarecimentos e


complementações, uma única vez, em decorrência da análise dos estudos
ambientais apresentados, podendo haver a reiteração da solicitação, caso
os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios.

Havendo necessidade, o órgão licenciador solicita a


apresentação do projeto de engenharia para elucidações
específicas e, conforme o caso realiza vistoria(s) técnica(s).

O órgão licenciador, quando couber, solicita esclarecimentos e


complementações, decorrentes de audiências públicas, podendo haver
reiteração da solicitação, quando os esclarecimentos e complementações
não tenham sido satisfatórios.

• Parecer técnico conclusivo

46
Resolução Conama nº 009/87
47
Resolução Conama nº 001/86
Uma vez concluída a análise dos estudos ambientais e de posse do exame
técnico elaborado pelos órgãos envolvidos no processo, o órgão licenciador
emite um parecer técnico conclusivo sobre a viabilidade ambiental do
empreendimento ou atividade.

O órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos de


análise diferenciados para cada modalidade de licença (LP, LI e
LO), em função das peculiaridades da atividade ou
empreendimento, bem como para a formulação de exigências
complementares, desde que observado o prazo máximo de 6
(seis) meses a contar do ato de protocolar o requerimento até
seu deferimento ou indeferimento, ressalvados os casos em que
houver EIA/RIMA e/ou audiência pública, quando o prazo será de
até 12 (doze) meses.

A contagem do prazo previsto no caput deste artigo será suspensa durante


a elaboração dos estudos ambientais complementares ou preparação de
esclarecimentos pelo empreendedor48.

Observação: O custo de análise para a obtenção da licença


ambiental deverá ser estabelecido por dispositivo legal, visando o
ressarcimento, pelo empreendedor, das despesas realizadas pelo
órgão ambiental competente49.
Os procedimentos para recolhimento também deverão ser
estabelecidos, podendo ser no final ou no início de cada etapa do
processo.

• Concessão da Licença Prévia

48
Art. 14, Resolução 237/97
49
art. 13 da Resolução nº 237/97
O órgão licenciador, ao conceder a LP estabelecerá as condicionantes que o
empreendedor deverá cumprir antes de expirada sua validade ou quando da
entrega da solicitação de Licença de Instalação – L.I.

Aqui vale citar o Acórdão 1.869/2006-TCU-Plenário, subitem


2.2.2: “o órgão ambiental não poderá admitir a postergação de
estudos de diagnóstico próprios da fase prévia para as fases
posteriores sob a forma de condicionantes do licenciamento”50.

• Publicação da Licença Prévia

O empreendedor publica o recebimento da L.P, conforme Resolução


Conama nº 06/86.

• Indeferimento da solicitação de L.P

No caso de indeferimento da solicitação de L.P, o órgão licenciador


deverá dar a devida publicidade, conforme Resolução Conama nº 06/86.

Os órgãos e entidades da Administração Pública, direta,


indireta e fundacional, integrantes do Sisnama, ficam
obrigados a permitir o acesso público aos documentos,
expedientes e processos administrativos que tratem de
matéria ambiental e a fornecer todas as informações
ambientais que estejam sob sua guarda, em meio
escrito, visual, sonoro ou eletrônico51.

• Renovações da L.P

O empreendedor, caso necessário, solicita renovações da L.P, cujo prazo

50
Brasil. Tribunal de Contas da União. Cartilha de Licenciamento Ambiental – http://www.tcu.gov.br
51
Lei nº 10.650/2003.
global, desde a emissão da original, não pode exceder 5 (cinco) anos. Se
o atendimento das condicionantes não ocorrer antes do prazo referido, o
processo licenciamento deverá ser arquivado.

O prazo de validade da Licença Prévia (LP) deverá


ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de
elaboração dos planos, programas e projetos
relativos ao empreendimento ou atividade, não
podendo ser superior a 5 (cinco) anos.

• Atendimento às Condicionantes da L.P

Concedida a L.P, o empreendedor detalhará o projeto de engenharia do


empreendimento ou atividade, bem como os planos, programas e
projetos ambientais estabelecidos nos estudos ambientais aprovados,
além do atendimento às condicionantes da LP, para apresentação e
aprovação antes da concessão da Licença de Instalação – L.I.
1.2 - Procedimentos para concessão de Licença de
Instalação

Essa é a fase em que são analisados os planos e programas


ambientais propostos no estudo ambiental, que subsidiou a concessão da
Licença Prévia, e/ou solicitados pelo órgão licenciador, bem como o projeto de
engenharia do empreendimento. Também são analisados os documentos
técnicos por ventura solicitados como condicionante da LP.

O conjunto de documentos técnicos em atendimento às


condicionantes da LP, programas e projetos ambientais
detalhados compõe o Projeto Básico Ambiental - PBA.

Cabe aqui destacar o art 19 da Resolução Conama nº 237/97: O


órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modificar os
condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar
uma licença expedida, quando ocorrer:

I - violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou


normas legais;

II - omissão ou falsa descrição de informações relevantes que


subsidiaram a expedição da licença;

III - superveniência de graves riscos ambientais e de saúde.

• Solicitação da Licença de Instalação – L.I

O empreendedor, de posse do requerimento específico e tendo atendido às


condicionantes da LP, solicita a Licença de Instalação – LI e entrega ao
órgão licenciador o detalhamento do projeto de engenharia e dos planos,
programas e projetos ambientais, estabelecidos nos estudos ambientais
aprovados e na licença prévia.

• Publicação da solicitação da L.I

A solicitação da LI deve ser publicada conforme Resolução Conama nº


06/86.
• Quando for necessário ouvir outros órgãos

Quando for o caso, os demais órgãos envolvidos no processo de


licenciamento ambiental apreciam a documentação apresentada e emitem
seu parecer técnico e o encaminham ao órgão licenciador.

Observar o prazo máximo de 6 (seis) meses a contar do ato


de protocolar o requerimento até seu deferimento ou
indeferimento.

• Parecer técnico conclusivo e concessão da L.I

Caso haja a aprovação do PBA e deferimento da solicitação de concessão


da licença, o órgão licenciador emite o parecer conclusivo e a L.I
contemplando as condicionantes que devem ser atendidas antes da
solicitação de Licença de Operação – LO.

O prazo de validade da LI deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo


cronograma de instalação do empreendimento ou atividade, não podendo
ser superior a 6 (seis) anos.

Nesta etapa também haverá o ressarcimento, pelo


empreendedor, das despesas realizadas pelo órgão
ambiental competente.

• Publicação do recebimento da L.I

O empreendedor publica o recebimento da LI, conforme Resolução Conama


nº 06/86.

• Instalação do empreendimento e implantação dos programas


ambientais

O empreendedor implanta o empreendimento conforme o projeto de


engenharia (obras, atividades e instalações de equipamentos de controle
ambiental) e implementa os programas ambientais no que se refere à fase
de implantação do empreendimento ou atividade.

Em caso de necessidade, o empreendedor solicita a


renovação da L.I.

• Acompanhamento de Instalação do empreendimento e


implantação dos programas ambientais

O órgão licenciador acompanha a instalação do empreendimento e dos


equipamentos de controle, se for o caso, e a implantação dos programas de
monitoramento e das medidas mitigadoras.
1.3 - Procedimentos para a concessão de Licença de
Operação

É extremamente importante que o órgão licenciador acompanhe a


instalação do empreendimento e a implantação dos programas e medidas
ambientais, de forma que possa, se necessário, realizar alterações nas
condicionantes da L.I em tempo hábil.

Solicitação da Licença de Operação – L.O

O empreendedor, mediante formulário próprio, solicita a Licença de


Operação – L.O e apresenta um relatório sobre o atendimento às
condicionantes da LI.

Publicação da solicitação da L.O

A solicitação da LO deve ser publicada conforme Resolução Conama nº


06/86.

Quando for necessário ouvir outros órgãos

Quando for o caso, os demais órgãos envolvidos no processo de


licenciamento ambiental apreciam a documentação apresentada e emitem
seu parecer técnico e o encaminham ao órgão licenciador.

Observar o prazo máximo de 6 (seis) meses a contar do ato


de protocolar o requerimento até seu deferimento ou
indeferimento.

Análise e Parecer Conclusivo

O órgão licenciador analisa relatório sobre o atendimento às condicionantes


da LI, realiza vistoria nas instalações do empreendimento ou atividade
implantado, e emite um parecer técnico conclusivo sobre a concessão da
LO para o empreendimento ou atividade.

Observar o prazo máximo de 6 (seis) meses a contar do ato


de protocolar o requerimento até seu deferimento ou
indeferimento.
Concessão da Licença de Operação

Caso o parecer técnico concluir pelo deferimento da solicitação da licença, o


órgão licenciador emite a LO contemplando as condicionantes que devem
ser atendidas durante o prazo de validade da mesma.

O prazo de validade da Licença de Operação (LO) deverá considerar os


planos de controle ambiental e será de, no mínimo, 4 (quatro) anos e, no
máximo, 10 (dez) anos.

Nesta etapa também haverá o ressarcimento, pelo


empreendedor, das despesas realizadas pelo órgão
ambiental competente.

• Publicação do recebimento da L.O

O empreendedor publica o recebimento da LO, conforme Resolução


Conama nº 06/86, e inicia a operação do empreendimento ou atividade.

• Acompanhamento da Operação do empreendimento

O órgão licenciador acompanha a execução dos programas de


monitoramento, com vistorias e análise de relatórios periódicos, que
deverão ser apresentados pelo empreendedor.

• Renovações da L.O
O empreendedor solicita a renovação da L.O, com antecedência mínima de
120 (cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na
respectiva licença, ficando este automaticamente prorrogado até a
manifestação definitiva do órgão ambiental competente52.

O órgão ambiental competente, mediante decisão


motivada, poderá modificar os condicionantes e as medidas
de controle e adequação, suspender ou cancelar uma
licença expedida, quando ocorrer:
I - Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes
ou normas legais.
II - Omissão ou falsa descrição de informações relevantes
que subsidiaram a expedição da licença.
III - superveniência de graves riscos ambientais e de
saúde.53

Sugere-se que o monitoramento da atividade seja uma atividade


contínua, procedendo-se a sua revisão e atualização periodicamente.

52
Art 18 da Resolução nº 237/97
53
Art 19 da Resolução nº 237/97
5. - MONITORAMENTO54 E FISCALIZAÇÃO

O monitoramento do processo de licenciamento ambiental têm por


objetivo manter o controle permanente, a partir do momento em que se inicia
a instalação do empreendimento licenciado.

O monitoramento é um instrumento para avaliar, em processo, se


as previsões de impactos e as medidas de prevenção e controle sugeridas nos
estudos ambientais mostram-se adequadas durante a implantação e operação
do empreendimento. Essa avaliação permanente permite constatar
ineficiências no sistema de controle adotado (previsões incorretas, falhas
humanas ou ocorrências de eventos imprevistos), de forma que se possa
promover, com agilidade, as correções necessárias.

O programa de monitoramento de um determinado projeto


constitui-se num mecanismo de avaliação sistemática dos resultados de sua
implantação. Seus objetivos principais são verificar a validade e a exatidão dos
impactos previstos, particularmente aqueles que no estudo de impacto
ambiental apresentavam algum grau de incerteza, e a suficiência e a eficácia
das medidas realizadas que, conforme as características da atividade podem
ser destinadas a reduzir ou eliminar os impactos negativos, compensar os
impactos residuais ou valorizar o projeto. (BURSZTYN, 1994).

As atividades de acompanhamento e monitoramento dos impactos


ocorrem em dois níveis distintos:
54
Monitoramento é o processo de observações e mediações repetidas, de um ou mais elementos ou
indicadores da qualidade ambiental, de acordo com programas preestabelecidos, no tempo e no espaço,
para testar postulados sobre o impacto das ações do homem no meio ambiente. (Bisset, 1982).
• do empreendedor, responsável pela proposição e execução do Programa
de Acompanhamento e Monitoramento dos impactos decorrentes da
implantação do empreendimento ou atividade, que é apresentado ao
longo do processo de licenciamento ambiental para subsidiar a obtenção
das licenças ambientais;

• do órgão ambiental licenciador, que acompanha o programa proposto


pelo empreendedor, avaliando e fiscalizando o seu cumprimento.

Os procedimentos adotados para o acompanhamento e


monitoramento consistem no recebimento e análise dos relatórios de
monitoramento ambiental, elaborados pelo empreendedor por força das
exigências das licenças ambientais concedidas, e, quando da realização de
vistorias ao empreendimento, são elaborados relatórios, com emissão de
pareceres técnicos sobre a necessidade de aprimoramento das técnicas de
controle propostas e implantadas, comunicando oficialmente ao empreendedor
a necessidade de se rever seu programa de monitoramento e, se for o caso,
aplicando-se das penalidades previstas em lei.

Os dados levantados, por meio de um programa de


monitoramento, podem conduzir a uma modificação do projeto, contribuir para
o estabelecimento de normas ambientais e para a definição de critérios e
métodos de avaliação de impacto ambiental, bem como para uma melhor
previsão dos impactos ambientais de projetos ou programas semelhantes.
(BURSZTYN, 1994).

Também, os resultados do monitoramento são subsídios


fundamentais ao se analisar os impactos cumulativos e/ou sinérgicos numa
bacia ou sub-bacia hidrográfica, ou região, sendo, portanto, subsídios ao
planejamento setorial e/ou regional.

Neste contexto, é fundamental a atuação da fiscalização55, na


realização de inspeções nas instalações de empreendimentos, verificando a
situação do ponto de vista documental perante o órgão ambiental (se possui
licença ambiental, se está dentro do prazo de validade, etc), bem como

55
No contexto do licenciamento a Fiscalização é um Instrumento de controle que pode ocorrer de forma
sistemática, no qual o agente fiscal, baseado numa programação pré-estabelecida, realiza visitas de inspeção nos
empreendimentos
fazendo uma checagem dos pontos críticos nas instalações passíveis de
provocar alguma degradação ambiental.

Portanto, a Fiscalização destina a impedir o estabelecimento ou a


continuidade de atividades consideradas lesivas ao meio ambiente, ou ainda,
aquelas que estejam sendo realizadas em desconformidade com o que foi
autorizado pelo Órgão Ambiental.


Programa Nacional de Capacitação de
Gestores Ambientais do Sisnama

Curso piloto sobre “Licenciamento Ambiental - LiA”

Módulo 3 – Licenciamento Ambiental: Legislação e Procedimentos

Abril/2008
“COM LICENÇA”

• Parte 1 – Contextualização do Licenciamento Ambiental

• Parte 2 - Procedimentos do Licenciamento Ambiental

• Parte 3 - Articulação do processo de Licenciamento Ambiental

• Referências Bibliográficas

Lucia Regina Moreira Oliveira


Técnica Especializada
Ministério do meio Ambiente

Abril 2008
PARTE 3 - ARTICULAÇÃO DO PROCESSO DE

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Esta Parte do documento de apoio ao Curso de Licenciamento Ambiental


busca reforçar, no âmbito do processo de licenciamento, a articulação e
cooperação entre os órgãos e entidades que constituem o Sisnama, incluído
aqueles, que embora não integram o sistema, mas tem representatividade no
Conselho Nacional de Meio Ambiente - Conama56.

56
Conama é o órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente-Sisnama. O Conselho é um
colegiado representativo de cinco setores: órgãos federais, estaduais e municipais, setor empresarial e sociedade civil.
Compõem o plenário, dentre outros, um representante de populações tradicionais, escolhido em processo coordenado
pelo Centro Nacional de Desenvolvimento Sustentável das Populações Tradicionais-CNPT/IBAMA; um representante da
comunidade indígena indicado pelo Conselho de Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Brasil-CAPOIB;
além dos ministérios da Justiça e Cultura que discutem os interesses da FUNAI e IPHAN, respectivamente.
1. – O SISTEMA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE - Sisnama

A capacidade de atuação do Estado na área ambiental baseia-se na idéia


de responsabilidades compartilhadas entre União, estados, Distrito Federal e
municípios, além da relação desses com os diversos setores da sociedade.

Essa concepção tem origem na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981,


que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente. A Lei, além de
estabelecer conceitos, princípios, objetivos, instrumentos, mecanismos de
aplicação e de formulação, institui o Sistema Nacional do Meio Ambiente -
Sisnama.

O Sisnama surge, nesse contexto, com a finalidade de estabelecer um


conjunto articulado de órgãos, entidades, regras e práticas responsáveis pela
proteção e pela melhoria da qualidade ambiental. Os órgãos e entidades da
União, dos estados, do Distrito Federal, e dos municípios, bem como as
fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e
melhoria da qualidade ambiental, constituem o Sisnama, estruturado por meio
dos seguintes níveis político-administrativos:

Órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o


Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes
governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais.

Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio


Ambiente - Conama, com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao
Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio
ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência,
sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente
equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida. Reúne diferentes setores da
sociedade e tem o caráter normativo dos instrumentos da política ambiental. O
plenário do Conama engloba todos os setores do governo federal, dos
governos estaduais, representantes de governos municipais e da sociedade,
incluindo setor produtivo, empresarial, de trabalhadores e organizações não
governamentais.

Órgão central: ao Ministério do Meio Ambiente cabe a função de


formular, planejar, coordenar, supervisionar e controlar a política nacional e as
diretrizes governamentais para o meio ambiente.

Órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos


Naturais Renováveis - Ibama, com a finalidade de executar e fazer executar as
políticas e diretrizes governamentais definidas para o meio ambiente.

Órgãos seccionais: os órgãos ou entidades da Administração Pública


Federal direta ou indireta, as fundações instituídas pelo Poder Público cujas
atividades estejam associadas à proteção da qualidade ambiental ou as de
disciplinamento do uso dos recursos ambientais, bem como os órgãos e
entidades estaduais responsáveis pela execução de programas e projetos e
pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação
ambiental.

Órgãos locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo


controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições.

Os estados, o Distrito Federal e os municípios, na esfera de suas


competências e nas áreas de suas jurisdições, elaborarão normas supletivas e
complementares, e padrões relacionados com o meio ambiente, observados os
que forem estabelecidos pelo Conama.

Suas principais funções são: (i) Implementar a Política Nacional do Meio


Ambiente; (ii) Estabelecer um conjunto articulado de órgãos, entidades, regras
e práticas responsáveis pela proteção e pela melhoria da qualidade ambiental;
e (iii) Garantir a descentralização da gestão ambiental, através do
compartilhamento entre os entes federados (União, Estados e Municípios).

A instituição do Sisnama representou o começo da descentralização na


gestão ambiental. No entanto, para atuar como um sistema, não basta ao um
conjunto de órgãos e de instrumentos. É preciso articulações para gerenciar e
compartilhar a informação, possibilitar a avaliação e o acompanhamento
permanentes das políticas ambientais do país, assim como fornecer recursos
voltados a estruturá-lo e fortalecê-lo.
2. – A PARTICIPAÇÃO DOS ÓRGÃOS DO SISNAMA E OUTROS
ÓRGÃOS, NO PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL

A interface entre os órgãos de meio ambiente e outros órgãos no


processo de licenciamento ambiental é fundamentado nas suas atribuições
exclusivas, conferidas pela legislação. A legislação brasileira possui leis e
normas específicas que regulamentam as condições de uso e manejo dos
recursos naturais, a proteção dos bens culturais e a proteção dos povos e
comunidades tradicionais.

Portanto, durante o processo de licenciamento ambiental, dependendo


das características do empreendimento ou atividade e sua localização, poderão
ser necessárias licenças ou autorizações específicas a serem dadas pelo próprio
órgão licenciador ou por outros órgãos do Sisnama, ou ainda o
estabelecimento de condicionantes de outros órgãos gestores de políticas
públicas.

2.1 - Participação de Órgãos de Meio Ambiente

Os órgãos de meio ambiente, em determinados situações, participam de


processos de licenciamento ambiental realizados por outro órgão ambiental,
assim estabelecido pela Resolução Conama nº 237/97:

Art. 4º § 1º - “O IBAMA fará o licenciamento de que trata este


artigo após considerar o exame técnico procedido pelos órgãos
ambientais dos Estados e Municípios em que se localizar a
atividade ou empreendimento, bem como, quando couber, o
parecer dos demais órgãos competentes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, envolvidos no procedimento de
licenciamento”.

Art. 5º Parágrafo único - “O órgão ambiental estadual ou do


Distrito Federal fará o licenciamento de que trata este artigo após
considerar o exame técnico procedido pelos órgãos ambientais dos
Municípios em que se localizar a atividade ou empreendimento,
bem como, quando couber, o parecer dos demais órgãos
competentes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, envolvidos no procedimento de licenciamento”.

O Art. 6º, estabelece a competência dos municípios ...“ouvidos os


órgãos competentes da União, dos Estados e do Distrito Federal,
quando couber”,...

Já o § 1º do art. 10 estabelece: “No procedimento de


licenciamento ambiental deverá constar, obrigatoriamente, a
certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o local e o tipo de
empreendimento ou atividade estão em conformidade com a
legislação aplicável ao uso e ocupação do solo e, quando for o
caso, a autorização para supressão de vegetação e a outorga para
o uso da água, emitidas pelos órgãos competentes”.

Sugere-se que esses órgãos sejam envolvidos (consultados)


desde a formulação do Termo de Referência norteador dos
Estudos Ambientais definidos pelo órgão licenciador.

2.2 - Autorizações ou manifestações específicas:

2.2.1 - Autorização de Supressão de Vegetação57

Para a implantação/instalação de alguns empreendimentos ou atividades


poderá ser necessária a retirada da vegetação existente. Nesses casos será
necessário a Autorização de Supressão de Vegetação.

A supressão de vegetação é regulamentada pelo Código Florestal (Lei no


4.771/65) e as solicitações de autorização de supressão devem ser
apresentados ao IBAMA ou ao órgão estadual de meio ambiente. A maioria dos
Estados já dispõe de atribuição para avaliar e autorizar os pedidos de
supressão de vegetação.

57
O Projeto de Lei que visa a regulamentação do art 23 da CF estabelece: “a supressão de vegetação decorrente de
licenciamentos ambientais é autorizada pelo ente federativo licenciador”.
Os requisitos básicos para a instrução desse pedido são: caracterização e
quantificação da vegetação na área objeto do pedido, incluindo levantamento
florístico e fitossociológico, apoiado por mapas em escala adequada.

2.2.2 - Autorização de Uso de Áreas de Preservação Permanente

Área de Preservação Permanente – APP é aquela definida pelo Código


Florestal – Lei no 4.771/65 como “área protegida coberta ou não por vegetação
nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem,
a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora,
proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas”

A supressão de vegetação em área de preservação permanente somente


poderá ser autorizada em caso de utilidade pública ou de interesse social,
devidamente caracterizados e motivados em procedimento administrativo
próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento
proposto, como determinado no Código Florestal e na Resolução Conama nº
369/06.

2.2.3 - Outorga de Uso de Recursos Hídricos

O uso de recursos hídricos necessita de outorga, a ser solicitada pelo


empreendedor diretamente ao órgão gestor da bacia hidrográfica da qual
utilizará os recursos ou onde executará lançamentos. Esse órgão poderá ser de
âmbito estadual ou federal, dependendo da situação de domínio das águas da
bacia (rios federais ou estaduais).

As orientações sobre a outorga de uso de recursos hídricos federais


seguem as disposições da Lei Federal no 9.433/97 que instituiu a Política
Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos.

A Agência Nacional de Águas – ANA, segundo as Lei Federal 9.984/00,


poderá emitir outorgas preventivas de uso de recursos hídricos, com a
finalidade de declarar a disponibilidade de água para os usos requeridos.

De acordo com a lei 9.433/97, estão sujeitos a outorga e pagamento os


seguintes usos de recursos hídricos:
• derivação ou captação de água para consumo final, inclusive
abastecimento público ou insumo de processo produtivo;

• extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou


insumo de processo produtivo;

• lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos


ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte e
disposição final;

• aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;

• outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da


água existente em um corpo d’água.

2.2.4 – Autorizações de Uso de Recursos Minerais

Os empreendimentos que se destinem ao aproveitamento de recursos


minerais deverão apresentar documentos próprios ao tipo de atividade no
âmbito do processo de licenciamento ambiental.

O Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM é a autarquia


responsável gestão do patrimônio mineral brasileiro, com competência para
promover a concessão relativa ao aproveitamento dos recursos minerais, e
baixar normas, em caráter complementar, exercendo a fiscalização sobre o
controle ambiental das atividades de mineração, em articulação com os órgãos
responsáveis pelo meio ambiente.

Portanto, o órgão ambiental competente deverá solicitar ao


empreendedor que apresente as autorizações concedidas pelo DNPM de acordo
com a fase da licença requerida58.

2.2.5 - Autorização de Gestores de Unidades de Conservação


58
Ver Resoluções Conama nº 09 e 10/90.
No processo de licenciamento ambiental de empreendimentos e
atividades que afetem unidade de conservação ou sua zona de
amortecimento59, deverá constar a autorização do órgão responsável por sua
administração. A unidade afetada, mesmo que não pertencentes ao Grupo de
Proteção Integral, deverá ser beneficiária de compensação ambiental60.

2.2.6 – Manifestação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional -


IPHAN

O órgão ambiental competente, ao proceder o licenciamento ambiental


de empreendimentos e atividades que de alguma forma interferir em áreas
com sítios arqueológicos, e de interesse histórico e cultural deverá ouvir o
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN é o órgão


responsável pela preservação do patrimônio histórico nacional. O patrimônio
cultural nacional é regulado pelo Decreto Lei nº 25/37, que organiza a
proteção ao patrimônio histórico e artístico nacional e pela Lei nº 3.924/61,
que dispõe sobre os sítios arqueológicos, além dos demais instrumentos legais
incidentes na área de implantação de projetos.

Em áreas onde se pretenda implantar um empreendimento, e que tenha


potencial de ocorrência de sítios arqueológicos e locais de interesse histórico e
cultural é necessária a realização de pesquisa autorizada pelo IPHAN e
coordenada por arqueólogos devidamente registrados, previamente à execução
de obras. No caso de ocorrência, o resgate de peças e artefatos e o respectivo
envio a museus devem ser também autorizados e registrados pelo IPHAN. A
Portaria IPHAN nº 230, de 17 de dezembro de 2002, regulamenta esse
procedimento com as etapas do licenciamento ambiental.

2.2.7 – Manifestação da Fundação Nacional do Índio - FUNAI

A Fundação Nacional do Índio – FUNAI é o órgão responsável pela


demarcação e proteção das Terras indígenas e por fazer respeitar todos os
59
Zona de Amortecimento: o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a
normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade (art 2º Lei
no 9.985/2000).
60
Lei no 9.985/2000, art.36 §3º
seus bens (Art.231 CF). Regula as interferências de empreendimentos sobre os
territórios indígenas através da Lei no 6.001/73, que dispõe sobre o Estatuto
do Índio. É necessária prévia autorização do Congresso Nacional, ouvidas as
comunidades indígenas, quando se pretende o aproveitamento dos recursos
hídricos, a pesquisa e a lavra dos recursos minerais em terras indígenas.
Outros regulamentos também regem a matéria: Decreto no 1.141/94, alterado
pelo Decreto no 1.479/95 ou tira ele e escreve “e suas alterações”, que dispõe
sobre as ações de proteção ambiental, saúde e apoio às atividades produtivas
para as comunidades indígenas; e Portaria no 542/93, que aprova o regimento
interno da FUNAI.

2.2.8 – Manifestação da Fundação Cultural Palmares

A Fundação Cultural Palmares, entidade pública vinculada ao Ministério


da Cultura, instituída pela Lei Federal nº 7.668/88 e com o seu estatuto
aprovado pelo Decreto nº 418/92 tem a finalidade de promover a preservação
dos valores culturais, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na
formação da sociedade brasileira. Nesse sentido, quando se tratar de
empreendimentos que de alguma forma possam causar impactos nessas
comunidades a Fundação Cultural Palmares deverá ser ouvida no âmbito do
processo de licenciamento ambiental.

2.2.9 - Laudo de Avaliação do Potencial Malarígeno – LAPM e do Atestado de


Condição Sanitária - ATCS

Os empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental, previstos nas


Resoluções Conama nº 01/86 e 237/97, cujas atividades potencializem os
fatores de risco para a ocorrência de casos de malária nas regiões endêmicas,
deverão desenvolver, de acordo com orientação da Secretaria de Vigilância em
Saúde, estudos epidemiológicos e conduzir programas voltados para o controle
da doença e de seus vetores, a serem implementados nas diversas fases do
empreendimento61. A Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS regulamentou a
matéria por meio da Portaria nº 47, de dezembro de 2006, que harmoniza
seus procedimentos internos com os de licenciamento ambiental e estabelece a

61
Resolução Conama nº 286 de 30 de agosto de 2001
obtenção, pelo empreendedor, do Laudo de Avaliação do Potencial Malarígeno –
LAPM e do Atestado de Condição Sanitária - ATCS.

2.2.10 – Parecer da Secretaria do Patrimônio da União – SPU

A SPU emite pareceres sobre a regularidade e autorizações de uso de


áreas de propriedade da União, reguladas pela Lei nº 9.636/98 que, dentre
outros aspectos, dispõe sobre a regularização, aforamento e alienação de bens
imóveis de domínio da União. Também a Portaria no 27/98, da Diretoria de
Portos e Costa do Ministério da Marinha (DPC), aprova as “Normas da
Autoridade Marítima para obras, dragagens, pesquisa e lavras de minerais sob,
sobre e às margens das águas sob jurisdição nacional – NORMAM-11.

Portanto, nos processos de licenciamento de empreendimentos e


atividades que interferem nessas áreas, deverá constar manifestação da SPU.

Sugere-se que esses órgãos sejam envolvidos (consultados)


desde a formulação do Termo de Referência norteador dos
Estudos Ambientais definidos pelo órgão licenciador.

Programa Nacional de Capacitação de
Gestores Ambientais do Sisnama

Curso piloto sobre “Licenciamento Ambiental - LiA”

Estudo de Caso

“Parcelamento de Solo”

Abril/2008
Estudo de Caso n0 01

Com o objetivo de propiciar a aplicação dos conteúdos


apresentados durante o curso, e verificar a compreensão dos mesmos, é
apresentado o presente estudo de caso a ser trabalhado de acordo com a
seqüência dos módulos e discutido no módulo presencial, dando assim, um
caráter prático ao curso.

É um trabalho a ser elaborado em grupo, sob a orientação dos


professores, e discutido nos fóruns.

Os grupos deverão identificar a legislação e normas aplicáveis ao


caso; analisar as informações apresentadas; apresentar de forma analítica e
antecipada os procedimentos processuais e técnicos a serem adotados no
processo de licenciamento; e se for o caso, elaborar o Termo de Referência
norteador do estudo ambiental que subsidiará a análise de viabilidade
ambiental do empreendimento.

Na identificação da legislação e das normas aplicáveis deverão ser


consideradas a legislação federal, estadual e municipal, as resoluções do
CONAMA, assim como outras normativas estaduais ou municipais existentes
sobre o assunto, além das normas técnicas da ABNT.

A análise das informações apresentadas deve contemplar: a) a


identificação dos prováveis impactos relacionados ao tipo de empreendimento
e a localização proposta; b) as medidas mitigadoras e compensatórias, se for o
caso; e c) as prováveis condicionantes da licença, caso se conclua pela
viabilidade do empreendimento.

Todos os itens deverão ser discutidos à luz da legislação e das


normas identificadas, e aplicando-se os conhecimentos adquiridos ao longo do
curso. O resultado a ser entregue ao final do curso deverá ser expresso na
forma de um parecer técnico, que deverá contemplar uma análise preliminar
da situação apresentada; a descrição seqüencial das fases e procedimentos a
serem observados e adotados no processo de licenciamento e, se for o caso,
apresentar um termo de referência para a continuidade do processo.

Tendo em vista que o grupo é formado por integrantes de


municípios diversos, a escolha do Município a ser adotado como base para o
estudo de caso deve observar a seguinte ordem de critérios de prioridade: 1)
município que dispõe de estrutura para realizar licenciamento (legislação
ambiental, conselho de meio ambiente e equipe técnica); 2) município que
disponha de Plano Diretor; e 3) município que disponha de lei de uso e
ocupação do solo, ou lei de diretrizes urbanas.

A seguir, é exposta uma situação hipotética objeto do estudo de


caso, que deverá ser aplicada ao Município escolhido em consonância com o
estabelecido no parágrafo anterior.
Situação:

Um empresário do ramo imobiliário pretende realizar o


parcelamento de uma gleba desmembrada da Fazenda Eldorado, inserida na
zona de expansão urbana do município, implantando o empreendimento
denominado “Loteamento Recanto das Aves”. A área pretendida é contígua a
área já urbanizada e encontra-se inserida numa Área de Proteção Ambiental –
APA do Buritizal, criada pelo IBAMA.

A área já urbanizada possui toda infra-estrutura de abastecimento


de água potável, iluminação pública, sistema viário pavimentado, e rede
pública de coleta de esgotos. Prevendo-se a expansão da cidade, os emissários
de esgotos foram implantados até a divisa da área pretendida.

A gleba é cortada pelo Ribeirão Buriti e por um gasoduto


subterrâneo. Possui pequenos remanescentes de vegetação nativa.

Em função de sua topografia, será necessária a execução de


serviços de terraplenagem e, pelos cálculos preliminares do projetista, o
volume de corte é inferior ao de aterro.

O parcelamento pretendido destina-se a uso residencial e


comercial.

Deve-se considerar que o município é provido de sistema público


de tratamento de esgotos e de aterro sanitário adequado.

De posse dessas informações e dos croquis, em anexo, o


empresário procurou o setor de meio ambiente da prefeitura do município,
responsável pelo licenciamento, para solicitar a licença ambiental.

“Bem vindos ao mundo do licenciamento ambiental”.


Zona rural

APP
Ribeirão Zona rural
APP
Buriti (7 m)
Duto de gás
natural
(subterrâneo)
Árvore
nativa

Limites da gleba
Árvores inserida em zona de
Sistema viário nativas expansão urbana
existente
APP

Árvores APP
nativas
Rede de esgoto
existente

Área Área
verde verde
Área já Área verde
urbanizada já existente

Área Área
verde verde

Zona rural

APP
Ribeirão Zona rural
APP
Buriti (7 m)
Duto de gás
natural
(subterrâneo)

Rede de
Sistema viário
esgoto a
a implantar
implantar
Sistema viário
existente

Limites da
gleba Rede de esgoto
existente

Área Área
verde verde
Área já Área verde
urbanizada já existente

Área Área
verde verde
Zona rural
Área verde
Área
Área verde Área verde
verde
APP
L1 L2 L3 L4 Zona rural
APP

L5 L9 L12

L11 L16
L6 L13
Área verde L10

L19 L18 L17


L7 L14
L15
L8

L24 L26 L28


L20 L21 L22 L23 L29 L30

L25 L27 L31

Área Área verde


verde
Configuração final
do parcelamento Área verde
pretendido Área verde


Programa Nacional de Capacitação de
Gestores Ambientais do Sisnama

Curso piloto sobre “Licenciamento Ambiental - LiA”

Estudo de Caso

“Posto de Combustíveis”

Abril/2008
Estudo de Caso n0 02

Com o objetivo de propiciar a aplicação dos conteúdos


apresentados durante o curso, e verificar a compreensão dos mesmos, é
apresentado o presente estudo de caso a ser trabalhado de acordo com a
seqüência dos módulos e discutido no módulo presencial, dando assim, um
caráter prático ao curso.

É um trabalho a ser elaborado em grupo, sob a orientação dos


professores, e discutido nos fóruns.

Os grupos deverão identificar a legislação e normas aplicáveis ao


caso; analisar as informações apresentadas; apresentar de forma analítica e
antecipada os procedimentos processuais e técnicos a serem adotados no
processo de licenciamento; e se for o caso, elaborar o Termo de Referência
norteador do estudo ambiental que subsidiará a análise de viabilidade
ambiental do empreendimento.

Na identificação da legislação e das normas aplicáveis deverão ser


consideradas a legislação federal, estadual e municipal, as resoluções do
CONAMA, assim como outras normativas estaduais ou municipais existentes
sobre o assunto, além das normas técnicas da ABNT.

A análise das informações apresentadas deve contemplar: a) a


identificação dos prováveis impactos relacionados ao tipo de empreendimento
e a localização proposta; b) as medidas mitigadoras e compensatórias, se for o
caso; e c) as prováveis condicionantes da licença, caso se conclua pela
viabilidade do empreendimento.

Todos os itens deverão ser discutidos à luz da legislação e das


normas identificadas, e aplicando-se os conhecimentos adquiridos ao longo do
curso. O resultado a ser entregue ao final do curso deverá ser expresso na
forma de um parecer técnico, que deverá contemplar uma análise preliminar
da situação apresentada; a descrição seqüencial das fases e procedimentos a
serem observados e adotados no processo de licenciamento e, se for o caso,
apresentar um termo de referência para a continuidade do processo.
Tendo em vista que o grupo é formado por integrantes de
municípios diversos, a escolha do Município a ser adotado como base para o
estudo de caso deve observar a seguinte ordem de critérios de prioridade: 1)
município que dispõe de estrutura para realizar licenciamento (legislação
ambiental, conselho de meio ambiente e equipe técnica); 2) município que
disponha de Plano Diretor; e 3) município que disponha de lei de uso e
ocupação do solo, ou lei de diretrizes urbanas.

A seguir, é exposta uma situação hipotética objeto do estudo de


caso, que deverá ser aplicada ao Município escolhido em consonância com o
estabelecido no parágrafo anterior.
Situação:

Um empresário do segmento de comércio varejista de combustíveis


e lubrificantes para veículos (classificação CNAE 4731-8/00) deseja instalar um
posto de combustíveis e serviços (lavagem e lubrificação) no Município
selecionado.

De posse das informações sobre o local pretendido, do projeto e


croquis em anexo, o empresário procurou o setor de meio ambiente da
prefeitura do município, responsável pelo licenciamento, para solicitar a licença
ambiental.

Área do empreendimento

O terreno pretendido localiza-se em avenida marginal à uma


rodovia estadual, na área urbana do Município, nas proximidades do Ribeirão
das Antas, e distante 9,5 km de uma Unidade de Conservação de Proteção
Integral, criada pelo Governo do Estado.

As águas do Ribeirão das Antas, cuja largura é de 7 m, são


destinadas à irrigação de hortaliças, à recreação de contato primário (natação
e mergulho), e ao abastecimento público após tratamento convencional -
captação superficial para o abastecimento público realizado 5 km a jusante da
ponte que atravessa o corpo d'água.

Nas imediações do local pretendido temos (vide croqui):

• rodovia;

• curso d'água (Ribeirão das Antas);

• ponte;

• área de pastagem;

• galeria subterrânea de águas pluviais – dotada de bocas de lobo - que


desemboca no Ribeirão das Antas;

• residências unifamiliares;

• edifício multifamiliar com 3 andares, sem garagem subterrânea;


• estabelecimentos comerciais;

• escola (a 60 m);

• igreja.

O local não dispõe de rede pública de coleta de esgotos, sendo servido


somente pela rede pública de abastecimento de água potável, e serviço público
de coleta de resíduos sólidos domiciliares.

Projeto do Posto

O projeto do posto prevê que o empreendimento executará as


atividades de abastecimento de combustíveis em veículos automotores,
lavagem de veículos, venda e troca de óleo lubrificante automotivo, além dos
serviços administrativos decorrentes das atividades do empreendimento.

O sistema de armazenamento subterrâneo de combustíveis – SASC


– previsto, será composto por 3 tanques, sendo um com capacidade de 30 mil
litros para armazenamento de óleo diesel, e 2 tanques com capacidade
individual de 15 mil litros, destinados ao armazenamento de álcool hidratado e
gasolina.

A recepção/descarga do combustível será realizada à distância, e a


pista de abastecimento será dotada de 4 ilhas de abastecimento.

Além dos tanques subterrâneos para armazenamento de


combustíveis, o projeto prevê a existência de 1 tanque aéreo, com capacidade
de 1 m³, para armazenamento do óleo lubrificante usado ou contaminado
(OLUC).

A casa de máquinas contará com uma máquina lavadora de alta


pressão, engraxadeira pneumática, compressor e aspirador.

A água a ser utilizada na lavagem de veículos será proveniente de


um poço tubular dotado de bomba submersa, com 27 m de profundidade e
capacidade de 7.000 l/hora.

Outras informações:

1) Estudos pré-existentes indicam que não haverá a necessidade


de se rebaixar o lençol freático ou de se ancorar os tanques que irão compor o
SASC.

2) O aterro sanitário do Município não comporta o recebimento de


resíduos perigosos.

“Bem vindos ao mundo do licenciamento ambiental”.



MODELO DE PARECER TÉCNICO

O Trabalho de Conclusão do Curso – TCC deverá ser apresentado em forma de Parecer


Técnico, adotando este modelo.

Destaca-se que o trabalho deve considerar o material didático disponibilizado na


plataforma.
Maio/2008
PARECER TÉCNICO

Local (município escolhido para abrigar o caso) , de junho de 2008.

GRUPO XXX/BR:
• Nome, Formação e Município/UF
• Maria José Fagundes, Eng. Florestal, Jacarepaguá/BA

ESTUDO DE CASO ESCOLHIDO:


Registrar a opção escolhida e os critérios adotados para essa eleição.

I - LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CASO:


• Norma (Lei, Decreto, Resolução, Norma Técnica, etc), número, data, ente que publicou - ementa;
• Resolução no 237, de 19 de dezembro de 1997, Conama - Estabelece procedimentos e critérios para o licenciamento ambiental.

II - ANÁLISE

Neste item deve constar a análise realizada pelo grupo sobre o empreendimento
(loteamento ou posto) considerando as informações disponíveis (descritas no caso) e a
legislação pertinente.

Observação: Se o grupo entender que, de acordo com as informações apresentadas


sobre o projeto e sua localização, não há impedimentos técnicos e legais para iniciar o
processo de licenciamento, deverá ser elaborado um Termo de Referência - TR que
norteará do estudo ambiental que subsidiará a posterior análise sobre a viabilidade
ambiental do empreendimento.

O TR deverá ser um anexo do Parecer Técnico.


III - PROCEDIMENTOS

Neste item, e após analisado o caso, o grupo deve apresentar os procedimentos a serem
adotados (passo a passo) no processo de licenciamento, a partir do momento em que o
empreendedor solicitou a licença ambiental.

IV – IMPACTOS IDENTIFICADOS

Com base nas informações sobre o projeto e o local, citar/descrever os prováveis


impactos que o empreendimento pode causar naquela região/localização proposta;

V - PROPOSIÇÃO DE MEDIDAS

O grupo deverá propor medidas que podem mitigar e/ou compensar aqueles impactos
citados no item anterior;

VI - CONCLUSÃO
– Considerando as informações existentes e elabore a conclusão do grupo com
relação à solicitação da licença, justificando a decisão tomada.
TERMO DE REFERÊNCIA PARA ELABORAÇÃO DE ESTUDO AMBIENTAL

A elaboração de diferentes estudos ambientais deve ser precedida da elaboração de


Termos de Referência fornecidos pelo órgão licenciador ao empreendedor, e têm por
objetivo estabelecer as diretrizes, o conteúdo mínimo e a abrangência do estudo
ambiental, de forma a apresentar criteriosamente todas as informações disponíveis sobre
o empreendimento e sobre o local onde o mesmo será implantado.

Um Estudo Ambiental que subsidiará o processo de Licenciamento Ambiental na fase de


Licença Prévia deverá contemplar, no mínimo:

I - Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto: completa descrição e análise


dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a
situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando:

a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a


topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d'água, o regime hidrológico, as
correntes marinhas, as correntes atmosféricas;

b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora, destacando as espécies


indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas
de extinção e as áreas de preservação permanente;

c) o meio sócio-econômico - o uso e ocupação do solo, os usos da água e a sócio-


economia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da
comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais
e a potencial utilização futura desses recursos.

II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de


identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis
impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e
adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e
permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a
distribuição dos ônus e benefícios sociais.

III - Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os
equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência
de cada uma delas.

lV - Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os impactos


positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados.

Ressalta-se que pelas peculiaridades do projeto e características ambientais da área


pretendida, para instalação do empreendimento, o órgão licenciador competente elabora
o Termo de Referência – TR, de forma que o Estudo Ambiental apresente todas e
somente as informações necessárias à compreensão da introdução daquele tipo de
empreendimento naquela área específica.
O Termo de Referência constitui passo fundamental para que os respectivos estudos
alcancem o fim desejado e a qualidade esperada.
SUGESTÃO DE MODELO DE TERMO DE REFERÊNCIA

I N TR O D U Ç Ã O

A introdução é o item onde o órgão licenciador esclarece os objetivos do TR


específico de um determinado empreendimento.

“ Nos itens abaixo o órgão licenciador deve redigir, de tal forma que o empreendedor
e os profissionais que vão elaborar o Estudo Ambiental entendam o que está sendo
solicitado”.

Em alguns itens constam exemplos do que se pode ser solicitado, dependendo do


tipo e local do empreendimento.

E S TU D O AM B I E N TAL

1 – I D E N TI F I C AÇ Ã O D O E M P R E E N D E D O R

Nome ou razão social; número dos registros legais; endereço completo, telefone,
fax, nome, CPF, telefone e fax dos representantes legais e pessoas de contato.

2 – M E TO D O L O G I A

Aqui os responsáveis pela elaboração do estudo descrevem a metodologia


adotada na elaboração do estudo.

O detalhamento do método e técnicas escolhidos para a condução do estudo


ambiental (EIA/RIMA, PCA, RCA, etc), bem como dos passos metodológicos que
levem ao diagnóstico; prognóstico; à identificação de recursos tecnológicos para
mitigar os impactos negativos e potencializar os impactos positivos; às medidas
de controle e monitoramento dos impactos

3 - C AR AC T E R I Z AÇ Ã O D O E M P R E E N D I M E N TO

Caracterização e análise do empreendimento sob o ponto de vista tecnológico e


locacional
3 . 1 - Histórico do Empreendimento e cronograma proposto
3 . 2 - Alternativas Tecnológicas e Locacionais.
3 . 3 - Justificativas
• Sócio-econômicas
• Locacional
• Técnicas
• Ambientais
3 . 4 - D e s c ri ç ã o d a I n f r a - E s t r u t u r a d e I m p l a n t a çã o
• Apoio à Obra
• Infra-estrutura associada
3.5 – Área de Influência
• Área de Influência Direta
Deve ser solicitado que seja delimitada a área de influência direta do
empreendimento, baseando-se na abrangência dos recursos naturais diretamente
afetados pelo empreendimento.
• Área de Influência Indireta
Deve ser solicitado que seja delimitada área de influência indireta do
empreendimento, ou seja, da área que sofrerá impactos indiretos decorrentes e
associados, sob a forma de interferências nas suas inter-relações ecológicas,
sociais e econômicas. Deverão ser apresentados os critérios ecológicos, sociais e
econômicos utilizados para sua delimitação.
4 - D I AG N Ó S TI C O AM B I E N TAL

Descrição e análise do meio natural e socioeconômico da área de influência direta


e indireta e de suas interações, antes da implantação do empreendimento.
4.1 - Meio Físico
• 4.1.1 - Geologia, Geotecnia e Geomorfologia
• 4.1.2 - Clima
• 4.1.3 - Qualidade do ar
• 4.1.4 - Ruído
• 4.1.5 - Solos
• 4.1.6 - Recursos Hídricos
• 4.1.6.1 - Hidrologia Superficial
• 4.1.6.2 - Hidrogeologia
• 4.1.6.3 - Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas
• 4.1.6.4 - Usos das Águas Superficiais e Subterrâneas
4.2 - Meio Biótico
• 4.2.1 - Biota Terrestre
• 4.2.2. - Biota Aquática e Semi-aquática
• 4.2.3. - Áreas Prioritárias para Conservação
4 . 3 - M e i o S ó ci o - E c o n ô m i c o
• 4.3.1 - Caracterização das comunidades afetadas
• 4.3.2 - Organização social e política
• 4.3.3 - Infra-estrutura básica
• 4.3.4 - Uso e ocupação territorial
• 4.3.5 - Patrimônio Histórico, Cultural e Arqueológico
• 4.3.6 - Comunidades Tradicionais
• - AN Á L I S E I N TE G R AD A

• - IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS

Identificação e análise dos efeitos ambientais potenciais (positivos e negativos) do


projeto, e das possibilidades tecnológicas e econômicas de prevenção, controle,
mitigação e reparação de seus efeitos negativos.

• - M E D I D AS M I TI G AD O R AS , C O M P E N S AT Ó R I AS , P R O G R AM AS D E
C ON TR O L E E M O N I TO R AM E N TO

Análise e seleção de medidas eficientes, eficazes e efetivas de mitigação ou


anulação dos impactos negativos e de potencialização dos impactos positivos,
além de medidas compensatórias ou reparatórias.

III. - ANÁLISE DE RISCO

1 - Análise histórica
2 - Identificação dos perigos
2.1 - Análise das instalações
2.2 - Determinação das causas primárias dos cenários acidentais
3 - Determinação das Tipologias Acidentais
4- Análise da Vulnerabilidade do pessoal, equipamentos e estruturas expostas.
5 - Medidas para redução e reavaliação dos riscos
6 - Plano de Gerenciamento de Risco - PGR
I V. - E Q U I P E TÉ C N I C A

V. - B IB L I O G R AF I A

VI. - GLOSSÁRIO

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