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Processo Civil – P1

Mandado de Segurança – Lei nº 12016/2009

“É uma ação civil de rito sumário e especial. Para definir o


cabimento do H.C ou do Mandado de Segurança, utiliza-se
o critério da exclusão.”

O mandado de segurança, criação brasileira, é uma ação


constitucional de natureza civil, qualquer que seja a natureza do ato
impugnado, seja ele administrativo, seja ele jurisdicional, criminal,
eleitoral, trabalhista, etc.
O constituinte de 1988 assim o definiu: “concerder-se-á mandado de
segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por
habeas corpus ou habeas data, quando e responsável pela ilegalidade
ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.” Art. 5º, LXIX.
O direito líquido e certo é aquele que pode ser demonstrado de plano
mediante prova pré-constituída, sem a necessidade de dilação
probatória. Trata-se de direito “manifesto na sua existência,
delimitado na sua extensão e apto e ser exercitado no momento da
impetração.”

Procedimento especial: Sumário –não se admite instrução


- não há oitiva de testemunhas

O Rito Sumário ≠ Procedimento do art. 275. O direito é liquido e


certo, apenas prova documental é suficiente, sem audiências.

Ilegalidade ou abuso de poder:


O cabimento do mandado se segurança dá-se quando perpetrada
ilegalidade ou abuso de poder por autoridade pública ou agente de
pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

Legitimidade ativa e passiva:


Pode ser ativa, sendo que esta pode ser tanto pessoa física quanto
jurídica. Quando passiva, é a autoridade coatora ou pessoa jurídica
que ela representa
O legitimado ativo, sujeito ativo, impetrante é o detentor de “direito
líquido e certo não amparado por habeas corpus ou habeas data.”

Universalidades de bens e direitos (espólio, massa falida,


condomínio), agentes políticos (governadores, parlamentares), o MP
etc.
Assim, dentro do rol “detentor de direito líquido e certo” incluem-se:
pessoas físicas (brasileiras ou não, residentes ou não, domiciliadas ou
não), jurídicas, órgãos públicos despersonalizados, porém com
capacidade processual (chefias dos executivos, mesas do legislativo),

Já o legitimado passivo, sujeito passivo, impetrado é a autoridade


coatora, responsável ou abuso de poder, autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público. A autoridade, portanto, é o “agente público investido de
poder de decisão para anular o ato atacado ou para suprir a omissão
lesiva do direito líquido e certo do impetrante, não se confundindo,
portanto, com o mero executor.” Dentro do conceito de “agente de
pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público” a
doutrina e a jurisprudência vêm entendendo caber impetração de
mandado de seg. em face de diretor de estabelecimento particular
de ensino, p. exemplo.

Competência:
A competência para processar e julgar o MS dependerá da categoria
da autoridade coatora e sua sede funcional, sendo definida nas leis
constitucionais, bem como na própria CF. No tocante à competência
do mandado de segurança contra atos e omissões diz a doutrina “o
Supremo Tribunal Federal carece de competência constitucional
originária para processar e julgar mandado de segurança impetrado
contra qualquer ato ou omissão de Tribunal Judiciário, tendo sido o
art. 21, VI, da Lei orgânica da Magistratura Nacional (Lom.)
inteiramente recepcionado. Por essa razão, a jurisprudência do
Supremo é pacífica em reafirmar a competência dos próprios
tribunais para processarem e julgarem os mandados de segurança
impetrados contra seus atos e omissões.” O mesmo se aplica ao STJ,
conforme súmula 41. E CF, ainda, súmula 624/STF.
Portanto, quanto à competência:
• MS impetrado na Justiça Estadual tem competência na Justiça
estadual, bem com na Lei orgânica da Magistratura.
• Com relação a atos “ilegatio” praticado por juízes de 1º grau, a
competência é do TJ/SP., no que tange a competência para
impetração da “mandadus” relativa a atos “ilegitis” de
magistrados vinculados ao Juizado Especial.
• Há entendimento que seja na turma recursal, que por outro
lado alguns sustentam que deve prevalecer a competência do
TJ ou da Justiça Federal conforme o caso, em virtude da lei
orgânica da magistratura.
• Na Cf. é estabelecida a competência: no STF – art. 102, I, “b”;
no STJ – art. 102, I, “b”; TRF – art. 109, VIII; Justiça Eleitoral
– 121, §4º, V.
O mandado de segurança pode ser repressivo de ilegalidade ou
abuso de poder já praticados, ou preventivo, quando estivermos
diante de ameaça a violação de direito líquido e certo do
impetrante. Muitas vezes, para evitar p perecimento do objeto, o
impetrante poderá solicitar concessão de liminar, desde que, é
claro, demonstre o fumus boni iuris e o periculum in mora (Art. 7º,
II, Lei nº 1533/51)

Prazo:
O prazo para impetração do mandado de segurança, de acordo
com o art. 18 da lei em comento, é de 120 dias, contado da
ciência, pelo interessado, do ato a ser impugnado. O STF já se
posicionou pela recepção do art. 18 da lei, considerando
perfeitamente possível o estabelecimento de prazo decadencial
pela lei do mandado de segurança.
Ex.: se o último dia caiu num sábado, o prazo fatal é na sexta.
Quando há uma omissão a autoridade deve ser

Petição Inicial:
Segue os requisitos do art. 282, inclusive com o valor da causa.
Petição em duas vias, com Xerox de documentos.
Obs.: Obrigatório sob pena do art. 284, prazo de 20 dias para
correção. Caso se estiver inepta, quando é indeferido de plano,
art. 295. Documentos têm força probatória absoluta.

Procedimento:
O juiz poderá conceder a liminar desde preenchido os requisitos:
fundamento relevante e ineficácia da medida ao final (perigo de
demora).
O juiz determina que a autoria coatora preste informações no
prazo de 10 dias. Caso não preste, não tem revelia., embora tenha
natureza jurídica de defesa, são apenas informações.

Recursos:
Liminar – Agravo de Instrumento (art. 7º, § 1º da lei 16016/2009.

1º Grau sai a Sentença – Apelação, tendo efeito meramente


devolutivo, art. 12 parágrafo único.

2º Grau - o relator indefere a impetração do MS, cabe Agravo


interno (legal, inominado) contra decisão monocrática, com base
no art. 557 do CPC.

Contra Acórdão proferido pelos Tribunais, cabe Recurso Ordinário.


Incabível no MS (art. 25 da lei): embargos infringentes; não há
condenação de honorários advocatícios; multa para litigância de
má-fé. É possível aplicação da litigância de má-fé em razão de
aplicação subsidiária do CPC.
Se a autoridade coatora não cumprir a decisão constitui crime de
desobediência, art. 26 CC e art. 330 do CP.
Se a sentença denegatória julgar no mérito, não impede de entrar
com ação ordinária. Permite discussão

O MS corre no recesso até o deferimento ou não da liminar.


.
Mandado de Segurança Coletivo

“Ação judicial impetrada por partido político, organização


sindical, sindicato de classe ou associação legalmente
constituída em funcionamento há um ano, fundando-se
em direito líquido e certo ameaçado por ilegalidade ou
abuso de poder praticado por autoridade pública.”
Art. 21

A grande diferença entre o mandado de segurança individual e o


coletivo (este último criado pela CF/88) reside em seu objeto e na
legitimação ativa. As ponderações sobre direito líquido e certo,
ilegalidade e abuso de poder, legitimação passiva, campo residual,
são adotadas também no mandado de segurança.

Objeto, legitimidade ativa e objetos:

Como o mandado de segurança coletivo busca-se a proteção de


direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas
data (campo residual), contra os atos de omissão ilegais ou com
abuso de poder de autoridade, buscando a preservação
(preventivo) ou reparação (repressivo) de interesses
transidividuais, quais sejam, individuais homogêneos, coletivos e
difusos.

O MS coletivo, de acordo com o art. 5º, LXX, pode ser impetrado


por: partido político com representação no Congresso Nacional, ou
seja, um deputado ou um senador; organização sindical, entidade
de classe ou associação, desde que estejam legalmente
constituídas e em funcionamento há pelo menos um ano, em
defesa dos interesses de seus membros ou associados.
Organização sindical, entidade de classe e associação legalmente
constituída se unem por um requisito especial, a pertinência
temática, ou seja, o tema do mandado deve ser pertinente com o
que ele representa, com sua finalidade.
O MP tem legitimidade prevista no art. 127 e 129, II.
Pessoa física não pode impetrar.
O prazo para impetração é de 120 dias da ciência do ato de
impugnação.

Partidos políticos:
No tocante aos partidos políticos, bastará a existência de um único
parlamentar na Câmara ou no Senado, filiado ao partido, para que
se configure a “representação no Congresso Nacional”.
A questão discutida é: os partidos políticos poderão representar
somente seus filiados e na defesa de, apenas, direitos políticos?
Entende-se que não, podendo defender qualquer direito inerente à
sociedade, pela própria natureza do direito de representação
previsto no art. 1º, parágrafo único. Esta, todavia, não é a posição
adotada pelo STF, no entender do doutrinador, data vênia,
restritiva do previsto na CF, burlando objetivo maior de defesa da
sociedade, já que o constituinte originário não colocou qualquer
limitação à atuação dos partidos políticos, a não ser a
representação no Congresso Nacional.

Organizações Sindicais, Entidades de Classe e Associações:


Já as organizações sindicais, entidades de classe e associações
deverão preencher os seguintes requisitos constitucionais: estar
legalmente constituídas e atuar na defesa dos interesses dos seus
membros ou associados.
O requisito estarem em funcionamento há pelo menos um ano é
exclusivo das associações, não sendo exigida referida pré-
constituição ânua para os partidos políticos, organizações sindicais
e entidades de classe.
Nesse sentido, “tratando-se de mandado de segurança coletivo
impetrado por sindicato, é indevida a exigência de um ano de
constituição e funcionamento, porquanto esta restrição destina-se
apenas às associações, nos termos do art. 5º, LXX, “b” in fine da
CF.
Acompanhando jurisprudência do STF, entendemos que não há
necessidade de autorização específica dos membros ou associados,
desde que haja previsão expressa no estatuto social.
Ao se referir à defesa dos interesses dos membros ou associados,
a Constituição estabeleceu a necessária existência da pertinência
temática do objeto da ação coletiva com os objetos institucionais
do sindicato, entidade de classe ou associação.
Trata-se da verdadeira substituição processual (legitimação
extraordinária) das entidades representando direitos alheios de
seus associados.

Liminar:
A liminar só poderá ser decidida após audiência (no sentido de
ouvir) do representante da pessoa jurídica de direito público que
deverá se pronunciar no prazo de 72 hrs, nos termos do § 2º do
art. 22 da lei 12016/09. Aqui está se exigindo um contraditório
antecipado desde que não atrapalhe.
O procedimento são os mesmos que o do mandado de segurança
individual. Assim funciona também para os efeitos dos recursos.
Tendo aplicação subsidiária ao CPC.

Objetivos:
Os dois objetivos buscados com a criação do mandado de
segurança coletivo, no entender de Michel Temer: fortalecimento
das organizações classistas e pacificar as relações sociais pela
solução que o judiciário dará a situações controvertidas que
poderiam gerar milhares de litígios com a conseqüente
desestabilização da ordem social.

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