Você está na página 1de 3

Na Antiguidade Clássica existia uma sociedade marcada pela desigualdade e exercício

despótico da autoridade pelo “pater família”, senhor absoluto e incontestável, que detinha
poder de vida e morte sobre sua mulher e filhos, e sobre quaisquer outras pessoas que
vivessem sob seus domínios. Em resumo, sua vontade era lei soberana e incontestável. O
homem como papel de senhor absoluto de seus domínios perdurou através dos tempos e,
ainda no Brasil – colônia, era permitido àquele que surpreendesse sua mulher em adultério,
matar o casal de amantes, previsto na legislação portuguesa.

Em 1830, o primeiro Código Penal Brasileiro, suprimiu tal permissão, mas como mudar, de
forma tão rápida como a vigência das leis exige, a cultura de um povo que durante anos suas
gerações cresceram, viveram e presenciaram tal comportamento como se correto fosse? Pois
ainda se acreditava que a infidelidade da mulher feria os direitos do marido, onde sua honra
manchada só se lavava com sangue da adúltera.

A violência contra a mulher traz em seu seio, relação com as categorias de gênero, classe e
etnia e sua relação de poder. Tais relações estão retratadas numa ordem patriarcal
proeminente da sociedade brasileira, a qual atribuiu aos homens o direito de dominar e
controlar suas mulheres, podendo em certos casos, atingir os limites da violência, gerando a
morte da vítima.

A passos lentos, somente em 1988 foi que a Constituição Federal igualou os direitos entre
homens e mulheres, retirando do nosso ordenamento os inúmeros dispositivos que tratavam
de forma discriminatória a mulher e deu a responsabilidade ao Estado de criar mecanismos
para coibir a violência no âmbito das relações familiares. Em 1983 outro crime chocou não só o
país, mas a comunidade internacional também, que foi a violência ocorrida contra Maria da
Penha, que ficou paraplégica após ter sido vítima de seu, a época, marido. Com sua luta e
apoio de organizações de defesa dos Direitos Humanos conseguiu condenar seu agressor e
mudar a legislação de seu país.

https://discord.gg/ypuYUKphKh
A Lei n. 11.340, sancionada em 7 de agosto de 2006, passou a ser chamada Lei Maria da Penha
em homenagem à mulher cujo marido tentou matá-la duas vezes e que desde então se dedica
à causa do combate à violência contra as mulheres. A Lei Maria da Penha estabelece que todo
o caso de violência doméstica e intrafamiliar é crime, deve ser apurado através de inquérito
policial e ser remetido ao Ministério Público. Esses crimes são julgados nos Juizados
Especializados de Violência Doméstica contra a Mulher, criados a partir dessa legislação, ou,
nas cidades em que ainda não existem, nas Varas Criminais. A lei também tipifica as situações
de violência doméstica, proíbe a aplicação de penas pecuniárias aos agressores, amplia a pena
de um para até três anos de prisão e determina o encaminhamento das mulheres em situação
de violência, assim como de seus dependentes, a programas e serviços de proteção e de
assistência social.

A mais recente, Lei 13.984/20, altera a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) para permitir que
juízes possam obrigar o agressor de mulher a frequentar centro de educação e de reabilitação
e a ter acompanhamento psicossocial.

Lei 13.836/19 

Acrescenta dispositivo ao art. 12 da Lei nº 11.340/2006, para tornar obrigatória a informação


sobre a condição de pessoa com deficiência da mulher vítima de agressão doméstica ou
familiar.

Lei 13.931/19 

Altera a Lei nº 10.778/2003, para dispor sobre a notificação compulsória dos casos de suspeita
de violência contra a mulher.

Lei 13.882/19

Altera a Lei Maria da Penha, para garantir a matrícula dos dependentes da mulher vítima de
violência doméstica e familiar em instituição de educação básica mais próxima de seu
domicílio.

Lei 13.880/19 

Altera a Lei Maria da Penha, para prever a apreensão de arma de fogo sob posse de agressor
em casos de violência doméstica, na forma em que especifica.

Lei 13.871/19

Altera a Lei Maria da Penha para dispor sobre a responsabilidade do agressor pelo
ressarcimento dos custos relacionados aos serviços de saúde prestados pelo SUS às vítimas de
violência doméstica e familiar e aos dispositivos de segurança por elas utilizados

Lei 13.827/19

Altera a Lei Maria da Penha, para autorizar a aplicação de medida protetiva de urgência à
mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou a seus dependentes, e para
determinar o registro da medida protetiva de urgência em banco de dados mantido pelo
Conselho Nacional de Justiça.

A Revolta da Vacina, ocorrida durante o período da República Velha, teve entre um


de seus motivos o desconhecimento populacional em relação aos benefícios da
vacinação. Consonamente, o atual cenário brasileiro também conta com desafios
relacionados à aplicação da vacina, o que acaba comprometendo a vivência
coletiva. Tal problemática deve-se tanto a fatores de ordem governamental como
de ordem social.

A priori, tem-se que o descaso estatal diante da atual crise de vacinação é


fundamental na consolidação do problema. Isso porque, apesar da saúde ser um
pilar garantido constitucionalmente, o Estado falha ao não priorizar investimentos
em campanhas de vacinação e em recursos que garantam uma ampla cobertura
vacinal, rompendo assim com a teoria do filósofo São Tomás de Aquino de que
todos os civis devem ser auxiliados pelo governo vigente. Um exemplo disso é a
reincidência de doenças como sarampo e poliomielite nas regiões de fronteira,
que poderiam ser evitadas com medidas preventivas a toda a população local.
Dessa maneira, tal negligência contribui com uma maior disseminação de
patologias, bem como corrobora com a precária situação da saúde pública.

Outrossim, vale ressaltar que a falta de informação social é outro fator que
dificulta o controle de doenças, uma vez que muitas pessoas, por não conhecerem
os graves riscos que a não imunização pode causar, negligenciam essa prevenção
e acabam reduzindo a segurança da população como um todo. Além disso, a
disseminação de notícias falsas que associam a vacina ao ato de manifestar
patologias interferem diretamente, por exemplo, na escolha dos pais de levarem
seus filhos para se vacinar. Nesse sentido, tem-se uma preocupante
potencialização do movimento antivacina e, consequentemente, uma população
mais suscetível e vulnerável.

É visível, portanto, que a vacinação no Brasil conta com entraves que precisam ser
contidos. Logo, cabe às mídias públicas, aliadas às instituições educacionais,
deliberar acerca desse problema - haja vista a forte influência que exercem na
população - por meio de debates elucidativos, tanto nas redes sociais e demais
veículos de comunicação, como nas salas de aulas, com o fito de esclarecer a
importância da vacinação, além de ratificar seus riscos. Para mais, os órgãos
governamentais devem investir em recursos de imunização que abranjam todas as
localidades, sobretudo as regiões mais remotas dos país. Dessa forma, a situação
será atenuada e a teoria Aquiniana será melhor aplicada.

Você também pode gostar