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Fichamento Hist. Mod. da Trans.

do
Feudal. as reform. religiosas.
Aula 1: A invenção da modernidade.
Objetivos: Propiciar uma introdução ao estudo da primeira época moderna, discutindo a
questão do poder e da religião; Trabalhar em torno de conceitos estruturantes, como os de
Estado, Monarquia e Império, assim como os fenômenos conhecidos como Renascimento e
Reformas;Discutir as continuidades e rupturas associadas a essa fronteira entre o medievo e o
moderno;

Transição:

 É possível compreender a transição a partir de explicações que privilegiem sistemas


políticos ou econômicos ? Isso é suficiente?
 Considerar apenas o espaço em torno da Europa é o suficiente para entender a Idade
média ?

Valorizaremos as continuidades e as rupturas, a partir de um processo histórico!

Noções preliminares para o estudo da Idade Moderna:

 Segundo Falcon, a ideia de idade Moderna nos remete a uma concepção tripartida do
tempo histórico(...) conforme tradição do século XVII, temos a existência de três
tempos: Antiguidade, Idade Média e Idade Moderna.
 Na busca por características distintas que constituem-se como marcos dos tempos
modernos temos algumas discussões que distinguem alguns recortes históricos:
 Grandes Navegações- séculos XV/XVI
 Grandes Invenções ( bússola, imprensa)- século XV
 A tomada de Constantinopla pelos Turcos Otomanos- Século XV
 O começo da Reforma Protestante na Alemanha- século XVI
 Deslocamento do eixo econômico da Europa do Mediterrâneo para o Atlântico.

Outra perspectiva: A transição feudal-capitalista.

 Outros caminhos interpretativos poder ser localizados. A partir do plano da história


econômica, privilegia-se a transição por transformações nas estruturas econômicas
(mercantilismo).
 Neste caminho, o que se coloca em destaque são as formas diferenciadas de recrutar e
remunerar mão-de-obra, tais como: escravismo, servidão, encomenda, parceria,
arrendamento e assalariamento.
 O que se pontua como fase final do feudalismo corresponde, segundo Falcon, a uma
fase de transição caracterizada pela coexistência de elementos típicos do feudalismo,
em processo de progressiva desagregação, e de outros, propriamente capitalista,
ainda emergentes.
Outros caminhos para o estudo da idade Moderna:

 Parece lícito supor que nesta discussão, segundo Falcon, nem a modernidade
propriamente dita, tal como nós hoje a identificamos instaurou-se naquela época, nem
se processou uma ruptura completa e abrupta entre a cultura medieval e a moderna.
 Atividades econômicas, estruturais e relações sociais, formas políticas, ideologias,
manifestações culturais, tudo afinal modificou-se em menor ou maior grau, embora
em ritmos e proporções bastante diferenciadas.

ESSA NOÇÃO ESTÁ LONGE DE CONSTITUIR UM CONCEITO UNÍVOCO!

Circulação do conhecimento:As cidades urbanas

Segundo Peter Burke, " O que as pessoas sabiam estava relacionado ao lugar em que viviam".

 A invenção da prensa tipográfica ampliou a oportunidade de circulação de


conhecimento, através de publicações por toda a Europa.
 Segundo Peter Burke, devemos evitar o pressuposto de que na idade moderna houve
o progresso intelectual, desprezando o conhecimento da Idade Média.s sentido a
noção de conhecimento deve ser plural, por tratar-se " de tudo ue passa por
conhecimento na sociedade";
 As rotas comerciais intensificaram o intercâmbio de conhecimento desde as Cruzadas;
 As Universidades- eram corporações que concentravam-se na transmissão do
conhecimento, e não em sua descoberta;
 A circulação do conhecimento não inibiu a prática da leitura oral;

Espaços de circulação do conhecimento

 Práticas oriundas da China, Japão e Índia e demais regiões são lidas e discutidas por
toda a Europa;
 A função das cidades como encruzilhadas e pontos de encontro ao final da Idade
Média marcam essa circulação, porque o conhecimento não se distribuía igualmente
por toda a Europa;
 Novos espaços de conhecimento surgem, como as bibliotecas, cafés,
anfiteatros;saindo dos espaços tradicionais de conhecimento como os mosteiros. Os
espaços públicos das cidades facilitaram a interação entre os homens da época;
 Os habitantes dos pontos dirigiam-se regularmente ao cais para obterem informação
daqueles que voltavam de expedições. Havia comércio de astrolábios, cartas e mapas.

Aula 2: A transição: Medievo à modernidade


Objetivo: Reforçaremos algumas reflexões sobre aspectos da transição da sociedade medieval
para sociedade moderna; Estabeleceremos as principais características da sociedade do Antigo
Regime; Identificaremos os agentes sociais dessa formação e consolidação do Antigo Regime;

Relembrando algumas discussões dessa transião...


 Vimos que a concepção da Idade Média como a " A Idade das Trevas" foi uma ideia
iluminista. Por outro lado, veremos que esse mesmo iluminismo irá criticar i chamado
período moderno, identificando-o como Antigo Regime;

Como pensar essa sociedade do Antigo regime em termos de mobilidade social ? De que forma
devemos pensar essa relação de poder?

A noção de Antigo Regime não é homogênea em toda a Europa.

Europa na Transição ( cartografia do século XVI):

 80% da Europa era composta de camponeses;


 Viviam em aldeias, cidades, e por conta disso não há homogeneidade social;
 As cidades abrigavam minorias étnicas, abrigavam judeus, mouros, gregos e os lázaros;
 A variação regional na cultura era muito grande, "a cada terra o seu uso";
 A legitimidade do "ouvi dizer", a força dos relatos;
 Recuperação demográfica após a Peste Negra;
 Ao final do século XV- mais de 5000 oficinas tipográficas, cerca de 200.000 exemplares
distribuídos por toda a Europa;

A noção de Antigo Regime:

 O antigo regime herda a concepção da pirâmide social (Clero, Nobreza, Povo


( camponeses), incluindo também a burguesia);
 A historiografia encontra dificuldades para apontar ou demarcar esses marco iniciais
do Antigo Regime, porque não podemos concebê-lo de forma homogênea oor toda a
Europa. Uma grande diversidade pode ser observada nos modelos de absolutismo na
Europa ocidental e oriental, tampouco há uniformidade temporal. Podemos localizae
entre os séculos XV e XVI.
 O absolutismo espanhol sofre sua primeira derrota em fins do século XVII.
 O absolutismo inglês foi derrubado em meados do século XVII
 Segundo Perry Anderson, a história do absolutismo tem múltiplos pontos de partida e
pontos finais dispares e escalonados;
 Segundo Manuel Haspana, embora não se encontre na documentação histórica da
época Moderna, uma referência a "mobilidade social" pensada no sentido que
concebemos atualmente, nas sociedades do Antigo Regim, ela pode ser pensada a
partir de poderes extraordinários, com o do rei que emancipa, legitima e enobrece;

Como pensar essas sociedades ?

As alterações nas "formas" de exploração feudal desde o final da época medieval estavam
longe de serem desprezadas. Foram essas mudanças que modificaram a forma do Estado. O
Estado absolutista era uma "nova roupagem" política. Não devendo ser pensada como
unicamente um aparelho da burguesia nascente

As sociedades no Antigo Regime:


 Enriquecer ou empobrecer não era um fato social decisivo do ponto de vista da
categorização, a riqueza ela não é em si mesma um fator decisivo de mudança social:
O nobre empobrecido, continua nobre; O burguês enriquecido, continua burguês.
 A noção de sociedade estamental nos encaminha para uma divisão jurídica e para uma
divisão comportamental. Nesta sociedade de ordens, o indivíduo apenas existe se
inserindo numa corporação ou grupo.

Honra, virtude e privilégios no Antigo Regime

 Se por um lado, a burguesia compra títulos de nobreza para estabelecer-se nesse


sistema estamental, por outro, não são considerados nobres de berço, não pertencem
a " sociedade de corte". Eram vistos como uma nobreza de 2a classe.
 Os casamentos eram grandes alianças políticas que asseguravam o fortalecimento
político dos reinos católicos
 Unificação da Espanha com o casamento de Fernando de Aragão e Izabel de Castela;
 Ninguém adquire a nobreza por si mesmo, mas por dignidade do ofício ou por
concessão real.
 Nobreza por letramento
 A "mercê" régia (pagamento do dever da gratidão) concedida pelo rei por serviços
prestados da vassalagem
 Há um caráter sagrado dessa realeza. O rei dentro da concepção do "corpo social" é a
cabeça que regula e organiza essa sociedade de ordens;
 Herbert Elias, em " A sociedade da corte" discute as práticas dos cerimoniais, da
etiqueta, da honra e tradição que marcam esse Antigo Regime.

Aula 3: A economia na modernidade:

Objetivo: Identificaremos as origens da economia Moderna; Analisaremos os principais


conceitos econômicos da modernidade; Reconheceremos o mercantilismo como a base do
sistema capitalista;

Refletindo sobre os aspectos econômicos....

Vimos que a historiografia por muito tempo privilegiou as estruturas econômicas para explicar
os diferentes períodos da História.

É possível pensar a sociedade do Antigo Regime, a partir de uma análise essencialmente


econômica ? Quais as reflexões necessárias para pensar essas práticas ?

Há relação estreita e recíproca com as principais transformações ocorridas nesse período de


transição?

O que é o mercantilismo?

 Devemos considerar que tanto a noção, quanto a palavra mercantilismo são


posteriores aos fenômenos aos quais se referem.
 No final do XVIII e início do século XIX os economistas construíram a ideia do sistema
de comércio ou sistema mercantil para designar:
 A forma que caracteriza uma economia nacional;
 O capitalismo mercantil ou comercial;
 Etapa da evolução econômica da economia medieval para a economia moderna;
 Mudança de modo de produção entre o feudalismo e o capitalismo;

O que é um sistema econômico?

Há varias definições possíveis, mas podemos utilizar uma conceituação clássica:

" é a forma como a sociedade se organiza, visando solucionar os seus problemas de produção,
circulação e distribuição de riquezas."

Resumindo: É a maneira como as sociedades resolvem os problemas econômicos


fundamentais: o que e quanto, como e pra quem produzir?

As práticas mercantis: uma conceituação.

 Segundo Falcon, o mercantilismo não reúne um conjunto de características que possa


defini-lo como um sistema econômico. Pode ser entendido como:
"Um conjunto de ideias e práticas político-econômicas que caracterizam a história
europeia e, principalmente, a política econômica dos Estados Modernos europeus
entre os séculos XV e XVIII"
 Não podemos deixar de lado a formação dos Estados Modernos, isto é, as monarquias
absolutas representando de fato uma intervenção cada vez maior dos reis e príncipes
na vida econômica de seus reinos.

O que é modo de produção?

 Fatores de produção: Recursos de que as pessoas e, consequentemente a sociedade


( o que pode ser um país, uma região, uma comunidade, etc) dispõe para produzir
qualquer bem ou serviço. Os fatores de produção se dividem em quatro categorias:
trabalho, recursos naturais, capital e tecnologia (instrumentos).
 Modo de produção, por Karl Marx: Devemos entender a maneira como se organiza o
processo pelo qual o homem age sobre a natureza material para satisfazer as suas
necessidades. " Produzir é (...) trabalhar", pondo " em movimento forças" que ajam
sobre a natureza. Estas forças variam com a história e com a sociedade. O trabalho é
assim não só "um processo (...) entre o homem e a natureza" mas " supõe uma forma
de sociedade" realizando-se em certas "condições sociais", as "relações sociais de
produção".
 Segundo Marx, a passagem de um modo de produção a outro dá-se no momento em
que o nível de desenvolvimento das forças produtivas entra em contradição com as
relações sociais de produção
" Quando isso ocorre, há um sufocamento da produção em virtude da inadequação
das relações nas quais ela se dá. Nesse momento surgem as possibilidades objetivas
de transformação desse modo de produção"
As principais características do Mercantilismo:
1. Segundo Falcon, ideias e práticas mercantilistas transformaram-se
constantemente durante essa época. É ilusório imaginar que algumas delas
tenham criado raízes definitivas em qualquer país durante três séculos.
Mesmo com a herança feudal, podemos observar objetivos distintos nessa
prática mercantil:
1. Objetivos econômicos e sociais: defender o mercado "nacional" em
formação e assegurar as condições de monopólio para uma burguesia
ascendente.
2. Objetivos político-sociais: Buscar a defesa das estruturas sociais típicas
do Antigo Regime. O Estado era ao mesmo tempo sujeito e objeto das
práticas mercantis.
 Estado absolutista: Apoio aos negócios da burguesia; O Estado sustenta a
nobreza.
 Mercantilismo:
1.Objetivos: Metalismo (Entesouramento de metais
preciosos); Fortalecimento do poder real.
2.Meios: Protecionismo; Colonialismo; Pirataria:
Balança comercial favorável.
Metalismo:
 De acordo com as ideias e práticas da época, o acúmulo de ouro e prata era
sinônimo de riqueza e de crescimento econômico. Como um "índice" de
riqueza e poder
"Um país rico, tal como um homem rico, deve ser um país com muito dinheiro
(...) e juntar outro e prata num país deve ser a forma mais fácil de enriquecer".
Essa premissa antecipou uma outra preocupação para cada Estado.
COMO MANTER ESSE ACÚMULO DE OURO E PRATA NA NAÇÃO? COMO
EVITAR AS SAÍDAS DE NUMERÁRIO E AS EXPORTAÇÕES DE OURO E PRATA?
Muitos Tratados foram redigidos para essa discussão.
Protecionismo:
 Governos absolutistas passaram a interferir na economia de seus estados,
estabelecendo uma política protecionista. Essas praticas visavam proteger o
estado e assegurar o acúmulo de riquezas
 Altos impostos como política alfandegária ( Altas taxas para produtos
importados
 Estímulo para a fabricação interna de mercadorias.
 Concessão de prêmios e facilidade ás exportações.
 A intervenção (via protecionismo, monopólios e exploração colonias)
fortaleceu os reinos e enriqueceu a burguesia.
 A agricultura não desaparece, mas é tratada como atividade secundária,
visando a produção do necessário para a subsistência.

Balança comercial favorável: A prática consistia em ter exportação maior que a


importação, auxiliando a manter as reservas de ouro e prata de cada estado.
Pacto colonial: Estratégia fundamental para quem as tinha. A metrópole comprava mais barato
da colônia e vendia mais caro para os reinos vizinhos. A criação das companhias de navegação,
são armas nessa brincadeira "guerra de prata".

Breve panorama do mercantilismo:

 As práticas mercantis tiveram ritmos diferenciados em diferentes regiões da Europa.


1. Mercantilismo Ibérico: essencialmente metalista, exercendo total monopólio sobre os
negócios ultramarinos.
2. Mercantilismo holandês: caracterizado como um regime de "aparente" liberdade
existente nas atividades mercantis. Bem representado pelas companhias de comércio
organizadas.
3. Mercantilismo francês (Colbert): Identificado como a mais forte intervenção de estado
nas atividades mercantis. política marcada por protecionismo com criação de
companhias de comércio privilegiadas.
4. Mercantilismo Inglês (Parlamento e atos de navegação): Resultado de políticas
internas de contorno próprio, que reduziu significativamente a intervenção estatal.
 Segundo Falcon houve um gradual aprimoramento teórico e também das práticas
mercantis, desde a noção de acúmulo de ouro e prata como sinônimo de riqueza, até a
adoção de políticas ancoradas na estratégia da balança comercial favorável.
 Para Pierre Dayon, na Europa modera não havia mais lugar de honra para os estados
incapazes de mobiliza exércitos e frotas numerosas.
 A formação dos estados nacionais estabelece um novo equilíbrio dos grupos sociais.
 Percebe-se um sentimento nacional das grandes monarquias européias (sobretudo no
século XVI) em buscar políticas econômicas para a supremacia do estado.
 As políticas mercantis já revelam certa laicização da vida pública.
 O Mercantilismo forneceu novas motivações, as rivalidades internacionais.
 O mercantilismo evocou, por suas ambições, o dinamismo das futuras sociedades
industriais.

Aula 4: O estado.
Objetivo: Identificar os diversos modelos de absolutismo europeu; Reconhecer a importância
da religião para a formação dos estados nacionais; Analisar comparativamente a estrutura
política da península Ibérica com a da Inglaterra e da França.

Refletindo sobre a formação dos estados absolutistas...

Unificação territorial significa necessariamente centralização de poder?

Os estados absolutistas resolveram as tensões sociais, políticas e religiosas do período de


transição?

Absolutismo: Algumas considerações sobre o termo:


 Podemos considerar que a expressão monarquia absolutista, assim como o termo
absolutismo é um "conceito operacional" que foi criado muito tempo depois do
processo histórico que a expressão tentou definir, fruto dos intelectuais do final do
século XVIII e dos historiadores liberais do século XIX.
 A expressão de uso corrente à época foi potestas absoluta (latim " pátria potesta".
pátrio poder).
 Na crítica liberal da Europa ocidental, "absolutismo" expressava os aspectos negativos
do poder dos príncipes do Antigo Regime
 A expressão categorizava a natureza específica da soberania exercida pela realeza.
"A questão nunca foi se deveriam ser governados por um poder arbitrário, mas em
quais mãos ele deveria ficar".

Noção de Estado:
 A concepção de Estado que se tem hoje não é a mesma das Monarquias
Renascentistas.
 Segundo o historiador espanhol José Antonio Maravall "(...) se o Estado absolutista,
com a relativa novidade de seu poder soberano é, em certa medida, criação
moderna, produz-se sobre um complexo de circunstâncias herdadas, sobre a
sobrevivência de formas políticas tradicionais".
 As alterações nas formas de exploração feudal no final da época medieval estavam
longe de serem insignificantes(...).Foram precisamente essas mudanças que
modificaram as formas de Estado. O Absolutismo era apenas isto: um aparelho de
dominação feudal recolocado e reforçado. (Anderson, 2004).

A necessidade de uma ordem política:

 Diante da instabilidade política e das crises sociais do Antigo Regime, a monarquia


absolutista do século XVII foi a esperança de construção da ordem política como uma
via de salvação pública.
 Segundo o historiador francês Rolando Mounsier "o absolutismo era o desejo das
multidões, que viam sua salvação na concentração dos poderes nas mãos de um
homem, encarnação do reino, símbolo vivo da ordem da unidade almejadas".
 As ideias legitimadoras do poder régio ganharam força e aceitação ao longo dos
aproximadamente dois séculos da era dos reis absolutistas. Foram produzidas em meio
a contextos históricos quase sempre marcados por crises políticas e lutas sociais.

Os casamentos: As alianças políticas

 As diversas casas reais da Europa eram todas aparentadas entre si. A prática do
casamento servia para a formação de alianças.
 Várias famílias podem reivindicar o trono, já que são parentes em algum grau. O
quadro fica mais acirrado quando o rei morre sem deixar herdeiros.

O Estado na península Ibérica.

Portugal:
 Durante a idade média, não havia ma identidade nacional. O que havia era o
compartilhamento de uma mesma crença, a fé católica. Dessa forma, podemos dizer
que os reinos Ibéricos foram unificados tendo como base o catolicismo.
 As cartas de foral foram a base da administração portuguesa entre os séculos XII e XVI.
Regulava a sua administração, limites e privilégios. Era a base do império português.
 Em razão da morte precoce de Dom Sebastião e, por consequência, com o fim da
dinastia de Avis, o trono foi reivindicado por vários nobres. Entre 1580 e 1640 Portugal
e Espanha são unificados: A União Ibérica.
 Sebastianismo: o mito do rei oculto
 O exemplo de Portugal nos mostra que a anexação territorial não é sinônimo de
absolutismo.

Espanha:

 A ascensão da Espanha (Habsburgo) ocupa posição qualitativa distinta no processo


geral de formação dos estados nacionais. É inegável o impacto das práticas
absolutistas nos demais processos das monarquias renascentistas.
 Se compararmos a estrutura de poder espanhola com a francesa, considerada
absolutista por excelência, veremos que elas apresentam muitas diferenças.
 Os reinos de Aragão e Castela, unidos por Fernando e Isabel, representavam uma base
extremamente diversa para a construção de uma monarquia espanhola no final do
século XV.
 Durante o século XVI, a Espanha foi o mais poderoso império da Europa. Em uma
época de relações internacionais instáveis, cabia a igreja Católica o papel de
intermediador nas questões que envolvessem os diversos países e reinos.
 Nesse contexto, a Igreja tem um papel político fortíssimo no Estado espanhol,
obviamente, uma tensão para uma monarquia absolutista. Em nenhum outro país
católico a inquisição atuou com tanta veemência.
 A vantagem obtida com a unificação precoce dura pouco: Após a formação dos
Estados francês e inglês, a Espanha perde terreno político na Europa, sendo
sobrepujada pelos demais países.

O Estado Francês:

 Entre os séculos XVI e XVIII a "era dos reis" controlada as crises e instabilidades
políticas. Na França, após a vitória na Guerra dos Cem Anos, consolida-se o poder
monárquico.
 Católicos e protestantes protagonizam guerras religiosas, a doutrina protestante, em
especial o calvinismo, faz muitos adeptos na Paris do século XVI.
 Tal qual em outras monarquias absolutistas, o Estado Francês se vê obrigado a
conciliar interesses entre burguesia e nobreza. Concede aos chamados huguenotes
alguns privilégios, como o direito de celebrar cultos em alguns pontos específicos da
frança.
 A dinastia dos Valois encontrou evidente dificuldade administrativa de gerir um Estado
do tamanho da França, com os instrumentos do governo ue contava tal dinastia. Com
a morte do último Valois, o trono foi entregue a um protestante, Henrique IV, que,
para assumi-lo, tem que se converter ao catolicismo.
 Com Henrique IV inaugura-se a dinastia Bourbon, que a princípio estava sob forte
influência da igreja católica, representados por ministros reais.
 Embora o rei exercesse o poder de direito, quem o exercia de fato era o seu ministro,
o cardeal Richelieu. Ele e seus sucessores deram início à construção de uma máquina
administrativa capaz de executar o controle e a intervenção dos direitos da monarquia
em toda a França.
 Luís XIV é a melhor representação do absolutismo, modelo que concentra todas as
decisões do Estado em sua figura. Uma prática de governo personalista que ignora as
necessidades da população, buscando integralmente manter o equilíbrio entre nobres
e a alta burguesia.
 Na França do século XVI identificamos as transformações mais evidentes nas maneiras
de se conceber as tarefas e oa afazeres do dia-a-dia dos príncipes europeus. A corte
francesa era numerosa e a vida na corte era um luxo,
 Segundo Norbert Elias, o poder de Luís XVI era demonstrado através de atos
simbólicos, presentes tanto nos assuntos políticos quanto nos particulares
"O seu despertar, o momento de ir dormir e os amores de Luís XVI eram tão
importantes quanto a assinatura de um acordo governamental e eram configuradas
com o mesmo nível de organização"

O Estado Inglês.

 Guerra dos Cem Aos (sec. XIV): rivalidade com a França


 A desorganização política e administrativa da Inglaterra é a razão pela qual o Estado
inglês acabo se unificando tardiamente se comparado a península ibérica.
 Seguindo a tradição de casamentos entre casas reais, Henrique VIII toma por esposa a
princesa espanhola Catarina de Aragão, católica fervorosa. A escola a princípio pareceu
favorecer a Inglaterra, já que a Espanha era um poderoso império.
 O poder pessoal do monarca foi seguido por instituições de caráter coletivo da classe
dominante, com características singulares: Os parlamentos
 Características do estado inglês: Parlamento- Câmara dos Lordes: Clero e Nobreza
( hereditariedade)/Câmara dos comuns: Burguesia e cavaleiros ( Eleitos por voto).

Síntese: O absolutismo, primeiro sistema de estado internacional no mundo moderno, nunca


foi um árbitro entre a aristocracia e a burguesia e menos ainda um instrumento da burguesia
nascente contra a aristocracia, ela era a nova carapaça política de uma nobreza atemorizada.

Aula 5: Renascimento.
Objetivo: Identificar a importância do pensamento medieval para o mundo moderno; Avaliar o
sentido do termo idade das trevas para designar a Idade média; Relacionar o conceiro de
humanismo aos diversos renascimentos.

Resgatando algumas reflexões


 Ao longo de todas as aulas temos debatido sobre a influência da igreja católica
durante a Idade Média e como ela conseguiu reconfigurar o seu poder na formação
dos Estados nacionais;
 Em cada região, esse poder é percebido com características diferenciadas. Isso se
aplica também na relação de poder da Igreja nos diferentes grupos sociais dessa
transição.
A mesma conjuntura desencadeia processos diferentes. Há várias recepções
dependendo do lugar, da classe social e, portanto, dependendo do tempo histórico.

Refletindo sobre o conceito de Renascimento...

 Se o humanista europeu afirma ter "reformado" o mundo olhando a literatura clássica,


o que isso nos diz respeito do Renascimento ou do mundo?
 As renascenças foram apenas europeias?

As universidades:

 A palavra original universitas quer dizer corporação. De origem latina, ela também tem
o sentido de universalidade, já que nele eram estudados diversos saberes;
 Como uma instituição do seu tempo, a Universidade exerceu a função de espaço para
treinamento para o clero, assim como local de estudo para o exercício de alguns
ofícios. Os Estados modernos privilegiam-se de turistas, burocratas, teólogos e demais
funcionários que iriam compor o aparelho burocrático.
 Na idade média, a maioria dos professores e alunos das Universidades era constituída
por membros do clero(sobretudo, as ordens religiosas). Era comum circularem de
universidade em universidade. Os professores eram intitulados como "homens das
letras", mestres ou filósofos.
 O surgimento das cidades e Universidades foi simultâneo em toda a Europa, a partir do
século XIII.No século XV já totalizavam mais de 50. Eram corporações com privilégios
legais. Dentre tantas, havia as instituições-modelo, como Bolonha, Paris, Salamanca,
Nápoles, Praga e Cracóvia.
 Nessa época, admitia-se como indiscutível que as universidades deviam se concentrar
na TRANSMISSÃO do conhecimento e não em sua descoberta. Ali interpretavam os
grandes pensadores, como Aristóteles ou Tomás de Aquino.
 Aristóteles tornou-se a base do ensino universitário, essa oesença assumiu várias
definições: tomismo e escolaticismo.
 O sistema das disciplinas fixas
oTeologia: incluía o estudo da Bíblia.
oDireito: compreendia o estudo do corpo jurídico
oMedicina: envolvia as artes e a filosofia, incluindo também ética e metafísica.

A herança do oriente...

 Nos processos de unificação dos estados nacionais, os muçulmanos foram expulsos.


Entretanto, há um enorme legado cultural.
 Muitas obras chegam a Europa através do Oriente, (aliás, desde as Cruzadas, pelo
contato comercial). Outro bom exemplo vem da Espanha que reúne obras em árabe e
grego oriundas dos Mouros que dominaram anteriormente essa região.
 Tradição Bizantina: Conservação de textos de Aristóteles (como também de Platão e
outros poetas gregos) no original grego, divulgando-os e produzindo comentários. Essa
literatura foi que trazida para a Itália no século XV influenciou o renascimento do
século XVI.
 Tradição Árabe: As traduções concentraram-se nos autores ligados à matemática,
astronomia, medicina, astrologia, alquimia e filosofia.

Idade das trevas?

 Como vimos em muitas outras aulas, o termo idade das trevas foi apropriado pelos
iluministas como uma analogia a época de misticismo, regida ainda, pelas sagradas
escrituras. No entanto, a historiografia no século XX, rediscute essas noções e permite
vários trabalhos que ressaltam a importância das ideias e práticas medievais para a
formação da Idade Moderna;
 É inegável a contribuição desses espaços (Universidades, bibliotecas, dentre outros)
para a expansão do ensino e da cultura. Por isso que o termo Idade das trevas não
representa a importância desse período da história para o mundo moderno que vê aí
seus primeiros contornos.

Mas o que é Humanismo...

 A partir do século XV, o movimento humanista associado ao Renascimento foi


inovador e consciente, no sentido de se opor a muito do saber convencional dos
"escolásticos", em outras palavras, dos filósofos e teólogos que dominavam os
universidades da idade média.
 Nesse momento, o humanismo não é o um retorno "cego" à antiguidade, mas uma
possibilidade de construção de novos modelos interpretativos, a partir desses
teóricos. Sobretudo se pensarmos o Homem a partir de uma perspectiva histórica.
 A definição do humanismo pode ser entendida como o conjunto de ideias e valores
que priorizam a visão de mundo do homem. Mas essa noção não é tão simples assim,
foi a época da descoberta do individual, seja na natureza ou na sociedade. Com a
formulação dessa relação entre universal e o particular iniciava-se a marcha para a
ciência moderna;
 Quando pensamos a Idade Média, logo nos vem a ideia de um predomínio do
pensamento religioso, em diferentes esferas do conhecimento. Qualquer fenômeno
ou acontecimento tinham modelos explicativos baseados em teorias teocêntricas.
 Neste sentido, o humanismo renascentista representou novas possibilidades
interpretativas para construção de outras visões de mundo. Neste contexto, os
dogmas católicos passam a ser questionados, sobretudo pela questão mercantil, do
acumulo de capital. (Antropocentrismo)

Visões de mundo: O que mudava?

 Teocentrismo > Antropocentrismo.


 Geocentrismo>Heliocentrismo.

Renascimento: um ou muitos?

 É na arte que o renascimento se manifesta de maneira mais visível. mas o


renascimento é bem mais do que uma manifestação artística e cultural. É uma
transformação no campo das ideias, em diferentes áreas de conhecimento.
 O Renascimento dirigiu todas as suas forças produtivas e intelectuais para o profundo
exame do indivíduo.
 " Na Idade Média o homem só tinha consciência de si mesmo como raça, família ou
corporação, apenas através de uma categoria geral (...) O Renascimento produziu
descobertas da natureza e do homem a partir do próprio coração da religião.
( Cassirer, 1963)
 Segundo Goody, houve outras ocasiões na Europa que receberam o nome de
renascimento ou renascença . Falam da renascença carolíngia do século VIII, da
Renascença do Direito Romano do século XII, do Islã no Renascimento da medicina na
Europa ou ainda a influência do Oriente na revitalização das artes.
" NA Europa, a situação gerou uma pluralidade se Renascenças, mas, esses períodos
ocorreram também na Ásia, nem sempre com uma florescência repentina como a que
encontraram na Itália, mas, ainda assim representando um passo para a modernidade.
(Goody,2011)

O Renascimento em suas diferentes expressões:

Leonardo da Vinci

 Como já vimos, o renascimento representou uma nova maneira do homem se


expressar e descrever o mundo que o cerca. Leonardo da Vinci é considerado um
homem do renascimento por representar o espírito artístico da época.
 Na antiguidade, já existia uma preocupação com o corpo humano e com a simetria das
formas. Na arte renascentista poderemos observar este mesmo contorno no padrão
estético do que era produzido.

Nicolau Copérnico

 No século XV, Nicolau Copérnico desenvolve o modelo heliocêntrico, que mudaria por
completo a astronomia. Antes de Copérnico, vigorava o modelo geocêntrico de
universo, como já vimos.
 A igreja recusa a descoberta, apesar de Copérnico ser, dentre outras funções, cônego
da Igreja Católica. A inquisição irá imprimir um controle maior da Igreja sobre novas
descobertas e as produções que circulavam por toda a Europa.
 Suas principais obras são incluídas na lista INDEX (índice dos livros proibidos) da Igreja.

Galileu Galilei

 Foi perseguido e questionado diversas vezes pela igreja por sua cosmologia.
 Deixou importantes contribuições para a matemática e a física. Suas ideias circularam
por toda a Europa.
 Seus Tratados mais conhecidos
o Tratado (1610) informando os avanços com as descobertas a
partir do uso do telescópio.
o Compilação de cartas (1613) sobre as manchas solares
o Diálogo (1632) apresenta uma defesa do sistema de Copérnico.

A invenção da imprensa: Novos espaços de circulação


 Já vimos o quanto a invenção da imprensa fomentou a circulação de
conhecimento no mundo moderno.
 Os editores representavam importante papel nesta difusão, pois havia
também um comércio paralelo de obras listadas o INDEX.
 O acesso ao conhecimento foi deixando de ser um privilégio da igreja ou de
letrados. A prática da leitura oral ajudava na transmissão dessas novas visões
de mundo que circularam durante a Idade Moderna.

Aula 6: Novas e velhas mentalidades


Objetivo:Avaliar a importância de São Tomás de Aquino para a filosofia moderna;Aplicar o
conceito de circularidade cultural; Identificar como as mudanças operadas no campo das
mentalidades são assimiladas pelo homem moderno.

Refletindo sobre aspectos culturais...

 Podemos estabelecer relação entre a cultura de classes subalternas e das classes


dominantes?
 Há subordinação da primeira em relação a segunda?
 É possível falar em circularidade entre os dois níveis de cultura?

Como conciliar a fé a a razão...

 O pensamento medieval não foi simplesmente substituído por uma nova mentalidade.
Ele, na verdade, surgiu como base para o pensamento moderno. Mesmo no interior da
Igreja Católica, existiam pensadores que procuravam conciliar as novas
transformações e descobertas com a ideologia católica.

O pensamento tomista...

 São Tomás de Aquino foi um dos principais representantes da filosofia conhecida como
escolástica. Esse filósofo viveu no século XIII, mas sua influencia chega até a idade
moderna.
 A escolástica é uma corrente filosófica muito disseminada na Idade Média, sobretudo
a partir do século X) e que serviu como ponto de partida para a filosofia moderna.
 São Tomás também recupera um filósofo da antiguidade, Aristóteles.
 A concepção que temos hoje sobre filosofia nos encaminha para o entendimento
dessa disciplina como algo ligado ao "mundo das ideias", e, aparentemente, descolado
do mundo físico e das ciências exatas. Essa concepção é em si, um equívoco, já que a
filosofia constituiu o fundamento da maior parte das ciências e os grandes cientistas
eram, também, filósofos.
 Ao retomar Aristóteles, São Tomás destaca o MÉTODO de observação de mundo desse
filósofo, na qual todos os eventos e todos os indivíduos tem um propósito implícito.
Há, portanto, uma ordem universal nas coisas que, para São Tomás, era dada pela
vontade divina.
 Dessa forma, a partir do pensamento tomista, a igreja adquire um fundamento
teológico baseado na Bíblia e um fundamento racional baseado na filosofia. Assim, não
haveria contradição ou separação entre fé e ciência.

Mas o que é Dogma...

 Dogma é considerado um ponto fundamental e indiscutível de uma crença, um


princípio irrefutável.
 Não pode ser racionalizado
 É uma verdade absoluta
 Todas as religiões se fundamentam em dogmas
 Os dogmas são fundamentos doutrinários que não permitem divergências e levam a
unidade da igreja.

Quais os indícios que nos chegam nos documentos?

 Documentos e iconografias no "contam" sobre burgueses, nobres e clérigos, mas onde


estão aqueles que não estão incluídos nessas "categorias"? Como podemos chegar
nesses homens?
 A utilização da noção de "cultura" e do termo "popular" é um problema. O termo
cultura tendia a referir-se a arte, literatura e música. Segundo Peter Burke, hoje, os
historiadores usam o termo mais amplamente, para referir-se a quase tudo o que
pode ser aprendido em uma dada sociedade, como comer, beber, andar, falar,
silenciar, e assim por diante.(...) A história da cultura inclui a história das ações ou de
noções que dizem respeito à vida cotidiana que varia de sociedade a sociedade.
 A prática da oralidade é uma das mais preciosas ferramentas para transmitir o
conhecimento entre as classes.
 Práticas do cotidiano eram passos de geração para geração: contos, estórias, práticas
de cura. O que se ouvia era transformado e reformulado a partir das experiências de
cada geração, no tempo em que viviam. Ex: músicas, festas populares, teatro,
sermões, paródias...

A cultura popular....

 O conceito de cultura popular tora-se mais ambíguo quando se fala das sociedades pré
industriais, atribuindo ora uma passiva adequação aos subprodutos culturais
distribuídos pelas classes dominantes, ora como uma proposta de valores autônomos
em relação às classes dominantes.
 Bakhtin propõe uma visão mais enriquecedora sobre cultura popular, trabalhando com
a ideia de uma influência recíproca entre a cultura das classes subalternas e a cultura
dominante.
Dentre outro s trabalhos, analisa as trocas entre a cultura popular e a
cultura erudita através de François Rabelais, entendendo o contexto de seu tempo e a
influência da igreja no período em que Rabelais viveu.

O conceito de circularidade cultural...

 Assim como Bakhtin, Carlo Ginzburg, trabalha com a concepção de uma influência
recíproca entre as culturas das classes abastadas e das classes subalternas . Esse é o
conceito de "circularidade" entre as classes." (...) um relacionamento circular feito de
influências recíprocas, que se movia de baixo para cima, bem como de cima para
baixo..." ( GINZBURG, 2009, pag 12)
 Ginzburg, através de um manuscrito de julgamento, analisa o processo de um moleiro
do norte da Itália do século XVI, Menocchio, acusado por ordem do Santo Ofício por
sustentar que o mundo tinha sua origem na putrefação. O queijo e os vermes nos
narra a vida desse homem que saiu do total anonimato.
 A impressionante convergência entre o moleiro desconhecido e grupos de intelectuais
conhecedores de seu tempo reacende o problema da circularidade cultural.

Um estudo de Caso: O moleiro italiano de Carlo Ginzburg...

 Chamava-se Domenico, conhecido por Menocchio. Nasceu em 1532 em uma pequena


aldeia nas colinas da Itália (Friulli), considerada como uma sociedade tipicamente
arcaica.
 Viveu sempre em sua aldeia. Levava uma vida igual a de qualquer moleiro.
 Sabia ler, escrever e somar. Falava um pouco de Latim...
 Bem aceito em sua comunidade. Reconhecido por gostar de defender as suas ideias.
Não era tido como louco..
 Teve acesso a cerca de 11 livros ( 6 religiosos e os demais: cônica de viagem, leitura
apócrifa e poemas).
 Foi condenado pelo Santo Oficio e queimado.
 Ideias e cosmologia de Menocchio
 Tudo era um caos e todo aquele movimento surgiu a massa e tal qual o queijo que é
feito do leire, surgem os vermes.
 Dizia não acreditar no poder do Papa e nem nas regras da Igreja.
 Critica o uso do latim nos tribunais, como forma de afastar os pobres através de uma
língua incompreensível para a maioria.
 Questiona a riqueza da igreja.
 Acreditava que Deus distribuía o Espírito Santo para todos: cristãos, heréticos, judeus,
turcos...
 Recusa todos os sacramentos
 Em depoimento ao Santo Ofício "... senhor, nunca encontrei alguém que tivesse essas
opiniões. As minhas opiniões saíram da minha própria cabeça"
 Menocchio tinha sede de conhecimento, curiosidade. Essa paixão que a Igreja e os
poderes reprimiam, e que os renascentistas valorizavam
 " O importante não é o que Menocchio leu ou recebeu- é como leu, é o que fez de suas
experiências; o que diminui a distância que se costuma propor entre a leitura e a
escrita. (Ginzberg, 1987, pag 206).
 Há uma afirmação provocativa de Roger Chartier ao dizer que cada leitor, cada
expectador, cada ouvite produz uma apropriação inventiva da obra ou do texto que
recebe. Assim reforça a ideia de que o consumo cultural é, ele mesmo uma produção
silenciosa, disseminada, anônima, mas uma produção.
 Segundo Chartier: " um texto só existe se houver um leitor para lhe dar um
significado".

O teatro de Shakespeare: diferentes recepções

 As criações de Shakespeare não eram movidas pela vontade divina, mas faziam sas
escolhas certas ou erradas, e sofriam as consequências de seus atos. Como Hamlet e
Romeu e Julieta.
 Nas suas peças convivem o real e o sobrenatural, assim como na mentalidade
moderna do homem. Em um sociedade cuja maioria era analfabeta, é através do
teatro que essas ideias que circulam no mundo letrado chegam à população.

Aula 7: Uma disputa secular: Gládio espiritual e Gládio temporal.


Objetivo: Esclarecer as origens do cristianismo e sua influência no medievo e na modernidade;
Identificar a relação entre o poder temporal e o espiritual; Diferenciar o papel ocupado pela
Igreja na Idade Média e na moderna.

Refletindo sobre aspectos culturais...

 Como conciliar novas concepções filosóficas com o cristianismo cujas influências


persistiam sobre o cotidiano dos homens da renascença?
 É possível resumir em uma "fórmula única" o pensamento de uma época de transição
que procurava pôs em suas ideias a ordem e a harmonia próprias à época de
necessidade de organização e de equilíbrio?

Relembrando algumas discussões: O período medieval foi marcado pela importância adquirida
pela igreja católica. Entretanto, essa importância não surge nessa época. Ela é anterior e
remonta ao império Romano. O cristianismo passou a ser a religião do império Romano.

Como foi esse processo...

 No início do século IV, os cristãos obtém de Roma a liberdade de culto e no final desse
mesmo século, o cristianismo se torna a religião oficial do Império. Isso ocorre a partir
da conversão do imperador Constantino. Não podemos atribuir as razões dessa
conversão a algo puramente espiritual.
 De todo modo foi a consolidação de Roma o primeiro momento de afirmação da fé
Cristã. Após a crise do fim do império romano, a igreja católica continua a existir e a
aumentar o seu poder, confundindo-se cada vez mais com o próprio estado.
 O fato do cristianismo não ter desaparecido junto com o próprio império romano deu-
se, sobretudo, pela conversão dos povos germânicos a essa religião. Quando ocorrem
as invasões bárbaras que desagregam o império, os germanos adotam o deus dos
cristãos.
 Neste sentido, as culturas, sejam elas vencidas ou vencedoras, mantêm um diálogo e
influenciam-se mutuamente.

O poder da igreja na Idade Média.

 Em um mundo fragmentado como é o caso do mundo medieval, a igreja constituiu


muito mais do que apoio espiritual, mas também a própria identidade política e
cultural de um continente.
 Os diversos feudos que constituíam a estrutura medieval não possuíam características
unificadoras. Cada um deles funcionava de maneira autônoma, mantendo seus
costumes, seu dialeto, sua economia, enfim, é como se cada unidade feudal fosse um
universo em si mesmo.
 Nesse contexto, a igreja surge como instituição única. O mesmo livro sagrado, a bíblia,
é a base onde quer que ela se estabeleça. As missas são rezadas em latim e a mesma
hierarquia é montada em todos os lugares
 Um bispo, por exemplo, terá seu status garantido independente da
região que esteja.
 Os cargos eclesiásticos e a legitimidade do Papa são comuns às mais diversas regiões
da Europa. Conferindo um caráter de identidade em um mundo fragmentado como o
da Idade Média.
 Progressivamente, o seu poder econômico será igualmente importante ao lugar que
ela já ocupa na mentalidade europeia. Através de compras e doações de fiéis, a igreja
se torna a maior proprietária de terras do continente. Em um momento em que
possuir terras é sinal de riqueza, não havia nenhuma instituição que se equiparasse à
igreja nesse quesito.

Aspectos do cotidiano...

 O cristianismo é hoje uma religião entre várias outras. Queiramos ou não, o clima de
nossas sociedades ocidentais é sempre profundamente um clima cristão. Outrora, no
século XVI, segundo Febvre, o cristianismo era o próprio ar que se respirava na Europa
 " Pois hoje escolhe-se. Ser Cristão ou não. No século XVI, não havia escolha. Era ser
cristão de fato" ( Febvre, 2009)
 Do nascimento à morte, havia uma cadeia de cerimônias, de tradições, de costumes e
de práticas que, sendo todos cristãos ou cristianizados, "travavam" o homem
involuntariamente, mesmo que se pretendesse ser livre. Era uma atmosfera na qual o
homem vivia sua vida intelectual, privada, pública e profissional. Eram práticas
religiosas!

Uma discussão sem juízo de valor...

 Como historiadores, devemos separar o estudo da igreja católica, ou de qualquer outra


religião, da crença ou fé que professamos individualmente.
 Devemos reconhecer as diferenças entre estudar um objeto e defender uma ideologia.
A trajetória da Igreja Católica está inserida em um contexto específico e não nos cabe
fazer juízo de valor.
 Não devemos atribuir a essa história adjetivos como boa, má, opressora ou autoritária.
Afinal assim como os homens, as instituições também são fruto de seu tempo.

Práticas da vida privada:

 Após o nascimento, batizava-se a criança rapidamente,na igreja, para ser ungida.


Mesmo aquelas que nasciam com risco de vida, recebiam as palavras sacramentais
para logo ser um cristão a mais. Antes de sua precoce morte.
 O nome de batismo era um nome cristão (geralmente de santos). Era o pároco que
inscrevia o nome da criança no "caderno de catolicidade"
 As famílias mais ricas da região pagavam pelo privilégio de serem enterradas no
interior dos templos. Quanto mais próxima do alta, mais rica e nobre era a família.
 Mesmo na morte, assegurava-se a posição social: Muitos senhores pagavam uma
enorme quantia para que seu nome fosse mencionado nas missas, mesmo após a sua
morte.
 Havia a prática da recusa de enterrar em solo cristão os excomungados por dívidas.
Isso causava humilhação aos familiares.
 A prática de uma benção, nos momentos de refeição.
 A igreja, neste sentido, regulava até o que se comia e em que período. Ex: não comer
carne na semana santa; os jejuns. Sob punição no descumprimento.
 Temia-se ficar doente. O médico aliviaria o doente mas só Deus traria a cura. Ex:
pestes, epidemias.
 De certa forma, devido a ausência da precisão técnica, até mesmo o TEMPO era
ordenado pela igreja
 Os sinos das igrejas anunciavam o início do dia e da noite
 O calendário cristão orientava o cotidiano: atividades que deveriam
iniciar após dia de alguns santos ou de festas religiosas.

Práticas da vida profissional...

 Os ritos das universidades ainda não estavam laicizados no século XVI.


 Nas Universidades os atos solenes eram feitos nas igrejas
 Os santos padroeiros das Universidades
 Os próprio trabalho movia-se em âmbito cristão: A proibição do trabalho aos
domingos, nos dias santos, nas principais festas religiosas.
 Como proprietária de terras a igreja era também uma senhora feudal e possuía os
privilégios dessa posição. recebia uma parte dessa colheitas e era isenta de pagar
impostos, podendo assim acumular riquezas e expandir sua influência.

Práticas da vida pública...

 A formação das monarquias nacionais, à exemplo da França, representa essa


ritualização em torno do Rei. Afinal era ungido com óleo santo e acumulava poder
temporal e espiritual.
 Os tribunais da justiça e a igreja estabeleciam acordo permanente, ode clérigos
ocupavam parte significativa desses tribunais.
 Os acontecimentos públicos eram informados na igreja. Nesse sentido era um espaço
reconhecido para reuniões de todos os tipos
 O Homem, sobretudo no século XVI, abrigava-se sob esta religiosidade. Para insurgir-
se seria preciso, primeiro, espantar-se...

A igreja na formação das monarquias nacionais.

 O papel da igreja foi fundamental e nele podemos notar a disputa ente os poderes
temporais e espirituais, colocando a igreja de um lado e o estado, do outro.
 A colonização da América.
 Os jesuítas no projeto de expansão de além mar.
 É certo que a igreja moderna não é a mesma igreja que vivenciou o período medieval,
mas sua presença na configuração dos estados nacionais aponta para uma
transformação e adaptação aos novos tempos.
 Se por um lado é mais fácil identificar a religiosidade nos hábitos da população, é na
esfera do estado que a igreja consolida o seu poder e remodela o seu espaço de
atuação.

Aula 8: As Grandes Navegações.


Objetivo: Definir as bases do processo de expansão marítima; Reconhecer os fatores do
pioneirismo Ibérico; Comparar as diferentes iniciativas de expansão entre os diversos países
envolvidos.

Refletindo sobre os descobrimentos...

 A expansão marítima e a visão do "outro". Como as sociedades europeias trataram


essas recepções?
 De que forma a era dos " Grandes Descobrimentos"influenciou o cotidiano do homem
moderno?

Tempos de descobrimentos...

 Devemos entender a expansão marítima como um acontecimento que interferiu direta


ou indiretamente em todos os indivíduos, não só da Europa e da América mas do
mundo como um todo.

Como foi esse processo...

 Na historiografia esse processo ficou conhecido como expansão marítima.


 Um novo continente se apresenta para a Europa: A América!

As grandes navegações: Um desdobramento comercial

 Devemos entender esse processo como fruto de um conjunto de fatores, em especial,


o fortalecimento da burguesia e a centralização do Estado. Sem o poder estatal e o
investimento burguês, os projetos expansionistas não seriam possíveis naquele
momento.
 Vimos que o século XV foi um momento de relativa prosperidade. Com a centralização
dos Estados e o renascimento urbano e comercial, havia um acúmulo financeiro e
também uma necessidade crescente de investir e expandir o comércio.

Aspectos Culturais...

 Embora, aos nossos olhos contemporâneos, a expansão marítima pareça ser natural,
na verdade representou a superação de uma série de obstáculos, não só políticos e
econômicos, mas também culturais.
 A chegada do europeu na América, o contato com os indígenas.
 Torna-se necessário também refletirmos sobre as mudanças culturais percebidas no
processo de expansão marítima.

As crônicas de além mar...

 O mar, para o homem europeu, era a própria definição do desconhecido.


 Aventurar-se no Oceano era uma experiência que estava repleta de muitos perigos.
Desde a antiguidade, as sociedades tinham enorme familiaridade com o comércio
marítimo, tendo desenvolvido várias técnicas importantes de navegação.
 Durante a Idade Média construiu-se um vasto campo de representações sobre o mar,
lendas que descreviam criaturas marinhas apavorantes.
 Não é a toa que o Atlântico era conhecido como mar tenebroso.
 Numa época em que ouvir valia mais do que ver: tudo quanto se via era filtrado pelos
relatos de viagens fantásticas, de terras longínquas, de homens monstruosos que
habitavam os confins do mundo conhecido. Aos poucos (...) as evidências da novidade
cresceriam sobre o acervo milenar do imaginário europeu. (Souza, 1986, p22)
 A narrativa constituía o ponto de partida para novas viagens
 Os mapas, neste contexto, constituem mais que representações do que se vê, eles são,
até certo ponto, reflexos do que se quer ver.

Problemas da crise feudal...

 No século XV, embora o comércio tenha se desenvolvido, ainda havia resquícios do


feudalismo, sobretudo nas zonas rurais. Nelas, ainda predominava o trabalho servil,
mas este não se desenvolvia no mesmo ritmo que o comércio urbano. Isso acarretava
uma crise agrícola que, por sua vez, gerou crises de abastecimento generalizadas.
 A produção agrícola não era suficiente para abastecer o campo e a cidade. Por sua vez,
a produção artesanal das cidades não tinham consumidores na população camponesa.
 A este problema, soma-se outro. O comércio de luxo europeu, que produzia lucros
extraordinários, era baseado, sobretudo, nas especiarias vindas do oriente.

A navegação pelos oceanos era onerosa. Só o Estado centralizado tinha poder e estrutura
econômica suficiente para apoiar e organizar este empreendimento.

 Cartógrafos
 Missionários
 Escriba
 Soldados
 Outras tripulações ( médicos, carpinteiros...)
 Homens do mar

O projeto expansionista português:

 Portugal saiu na frente na formação de um Estado Nacional, com quase dois séculos de
diferença para a Espanha.
 A "era dos descobrimentos"deve ser entendida a partir de fatores religiosos,
econômicos, estratégicos e políticos. Nem sempre dosados nas mesmas proporções.
 A igreja legitimava Portugal, através de bulas papais, o direito de comércio, posse e
colonização em nome de uma missão cristã. Elas estabelecem diretrizes para o
comportamento Europeu posterior no mundo tropical.
 A Igreja, com o efeito cumulativos das bulas, permitiu aos portugueses uma atitude
dominadora com relação a todas as raças que estivessem fora da cristandade

O projeto expansionista espanhol:

 Embora também tenha sido pioneira nas grandes navegações, a Espanha tinha outras
preocupações internas.
 A permissão dos reis católicos para a viagem marítima de Colombo só veio após a
expulsão dos muçulmanos em 1492, ainda para estabelecer a unificação.
 A exploração dos metais preciosos das minas, em especial a prata do Peru, tornou a
Espanha um dos grandes impérios europeus.

Resultados dessa hegemonia:

 O pioneirismo de Portugal e Espanha na expansão não assegurou a concentração da


riqueza que obtiveram com a exploração de suas colônias.
 O investimento feito na manufatura era incipiente e obrigava aos ibéricos a comprar
produtos manufaturados, sobretudo da Inglaterra.
 A dificuldade em administrar m território tão extenso.
 Impedir o desvio de metais preciosos, assegurar a chegada dos navios em segurança
na Europa e montar uma rede administrativa eficiente foram alguns dos principais
problemas que se apresentavam.

Aula 9: Ampliando o olhar.


Objetivos: Definir o conceito de império de acordo com a especificidade das sociedades
estudadas; Reconhecer as diferenças entre a modernidade no Ocidente e no Oriente;
Identificar os principais pontos de confluência na história moderna nos diversos países fora do
eixo da Europa Ocidental.

Refletindo sobre esse "outro" olhar...


 Podemos buscar paralelos ente o Renascimento italiano com períodos similares nas
sociedades da Ásia e do seu extremo oriente?
 A ideia de modernidade pode ser concebida a partir da recepção de cada sociedade e
de suas práticas sociais?

Valorização de m olhar europeu: Aspectos historiográficos:

 Grande parte dos estudos e pesquisas que foram produzidos, durante bastante tempo,
valorizam o olhar europeu , em detrimento dos outros países.
 Mas a modernidade não ocorre somente na Europa, ela atinge também outros países
fora do eixo Inglaterra-França e Península Ibérica.

A ideia de império.

 A ideia de império é defendida por alguns historiadores como uma herança da


antiguidade para o mundo medieval.
 Isso ocorre porque o Império Romano, mesmo depois de sua extinção, era símbolo de
civilização e representava a própria ideia de mundo ocidental.
 O império romano permaneceu vivo como herança imaterial das sociedades desse
período
 Imperadores como Carlos Magno no século VIII traduzem perfeitamente a ideia de
império. Na formação do império Carolíngio há muito dessa herança da antiguidade.

O sacro império romano-germânico:

 A aliança católica formada no império Carolíngio será fundamental na


formação e na consolidação do sacro império. No século X, os duques
germânicos fundam o Reino Germânico e elegem o rei Henrique I, do reino da
Saxônia.
 No entanto, foi o filho de Henrique, Oto I, quem o transformou em um grande
império. Oto foi coroado imperador pelo papa João XII e, mais uma vez, nascia
um imperador e um império, o Sacro Império Romano-Germânico.

A formação do império Russo.

 A história do império Russo também se confunde com a história religiosa. Neste caso,
da igreja Ortodoxa.
 A região do império russo, muito antes de se organizar como uma estrutura imperial,
foi invadida pelos povos bárbaros, em especial os mongóis e, mais tarde, os tártaros.
 A Rússia estava então dividida em principados e os príncipes russos pagavam tributos
aos bárbaros. Esse período é conhecido pelo domínio tártaro-mongol.
 O principal centro da fé ortodoxa era Constantinopla, mas com sua queda e tomada
pelos turcos otomanos, a fé russa tornou-se um fator agregador.
 A partir do século XIV, os russos começam a se reunir e procuram expulsar os
invasores bárbaros após séculos de dominação. A religião nesse caso funciona como
um motor, proporcionando uma identidade entre etnias muito diversas.
 O Estado de Moscou conhece a sua origem no século XIV, ainda sob o domínio dos
tártaros, mas se desenvolve e se expande nos séculos seguintes. Moscou era um ponto
estratégico e privilegiado, pois ficava no cruzamento de diversas rotas comerciais.
 A presença bárbara deixou uma forte herança que se fez sentir também do ponto
administrativo. Os príncipes russos compunham o terror e praticavam uma extensa
corança de impostos que enriquecia e favorecia o estado em expansão.

O império Chinês: o "império do meio"

 No século III a.C , a China era dividida em reinos, a exemplo da Europa ocidental:mas já
no século seguinte foi unificada por Qin Shihuang.
 O imperador começou a centralizar o poder e estabeleceu uma nova administração,
padronizando, por exemplo, a escrita e a moeda. Estabeleceu também uma espécie de
censura, queimando todos os livros que não fossem considerados clássicos.
 O autoritarismo que hoje associamos ao estado Chinês também não é nada novo na
sua história.Apesar da cobrança de impostos , o primeiro império passou por crises
econômicas , mas estas não abalaram o desejo de grandeza e imortalidade do
imperador.
 A chamada dinastia Qin iniciou a construção de um dos maia famosos monumentos
do mundo, a muralha da China.
 Foram descobertas, na década de 70, aproximadamente oito mil estátuas , na cidade
de Xian. O exército de terracota, conhecido também como exército do imperador Qin.
 A modernidade chinesa ocorre após a expulsão mongol e durante a mais famosa
dinastia, a Ming, no século XIV. Grande parte do que conhecemos como a China
tradicional foi criada nesse período.
 A dinastia investiu na formação de um poderoso exército, ampliou o comércio
marítimo, terminou a construção da grande muralha e iniciou a construção da cidade
proibida ( Pequim, sede do estado Ming)
 As rebeliões camponesas não tardaram a acontecer,no século XVII, aproveitando o
enfraquecimento do poder Ming, os Manchus, originários da Manchúria invadem e
tomam o poder, inaugurada a dinastia Qing, a última dinastia chinesa que perdurou
até o fim da monarquia, no século XX.

Aula 10: As reformas religiosas.


Objetivo: Localizar a reforma protestante no conjunto de transformações da idade moderna;
Reconhecer o movimento reformista como fruto de seu tempo; Distinguir as diferenças entre
os diversos tipos de movimentos.

Refletindo sobre a influência da igreja na modernidade...

 De que forma as reformas religiosas influenciaram o homem moderno?


 Como o poder da igreja articulava-se com as necessidades dos recentes Estados
nacionais?

Relações de poder da igreja católica.


 A igreja não se mantém inerte ao conjunto de transformações sociopolíticas no mundo
que a cerca, mas se adapta e cria novos mecanismos para sobreviver e manter o seu
poder.
 Na idade Média o catolicismo constituía o instrumento de unidade em uma realidade
fragmentada, no entanto com a formação dos Estados, a igreja remodela suas
estratégias, reconfigurando sua relação de poder frente a um novo processo: A
reforma protestante.

As reformas religiosas.

 Após essa breve análise , podemos considerar que a reforma ocorre não só devido ao
contexto político-econômico , mas também espiritual. É ascensão burguesa, o
renascimento comercial e a centralização dos Estados que criam as condições para
que ela ocorra e se propague.
 As críticas ao modo de proceder da igreja católica não começam com os grandes
reformistas como Lutero e Calvino.Suas doutrinas ganharam destaque e adeptos
porque ocorreram em uma conjuntura propícia. Entretanto, a contestação ao
catolicismo não era nova.

A difusão da imprensa: As críticas da igreja

 A circulação de conhecimento, a partir da imprensa, reacende e intensifica críticas ao


modelo de atuação da igreja
 Críticas aos abusos do papado, ao luxo da igreja e ao estilo de
vida do clero que vivia de forma opulenta com o dinheiro dos pobres
 Críticas a venda de indulgências
 Essas críticas encontraram eco no sacro Império Romano Germânico que por sua vez
tinha relações intrínsecas com a igreja
 A bíblia é traduzida para diversas línguas.

O impasse no Sacro Império Romano Germânico.

 Os reformistas não eram pensadora laicos. Ao contrário , normalmente eram


membros da Igreja, teólogos, professores das universidades , pensadores que estavam
ligados ao catolicismo e conheciam a fundo seus dogmas.
 É o caso de Martinho Lutero. Teólogo que vivia no Sacro Império Romano Germânico
( região onde a igreja e o estado se confundiam).
 No Sacro império, portanto, o luteranismo criou um impasse. Enquanto o imperador o
condenava, diversos príncipes o estimulavam e incentivavam. Em 1555, concedeu-se
autonomia a cada príncipe para adotar a sua própria religião em seus domínios. Esse
documento ( Dieta de Augsburgo) foi considerado central na reforma luterana.

A reforma luterana.

 Além de perceber-se as contradições no seio da igreja. Lutero se concentrou nos


ensinamentos bíblicos de Paulo, no Novo Testamento e na obra de Santo Agostinho.
Ele parte de um princípio que é parte integral do ensinamento bíblico, a salvação pela
fé.
 As ideias de Lutero se espalharam como incêndio na Europa. Surgiram outros
reformadores da fé Católica. Aproximadamente em 1534, o francês João Calvino, a
partir da reforma luterana, estabeleceu sua própria doutrina, o Calvinismo.
Simplificando o custo e a arquitetura dos templos.

A resposta ao movimento reformista:A Contrarreforma.

 A reação da igreja Católica contra a reforma não tardou e a religião perdia adeptos a
cada dia, especialmente entre a classe burguesa.
 Os burgueses estavam interessados nas novas doutrinas que se espalhavam pela
Europa. Aderindo assim, ao protestantismo, mais afinado ao modo de vida burguês
( não condenavam o lucro, nem o comércio).
 O Concílio de Trento: A remodelação das estratégias da igreja
 No século XVI ocorreu o Concílio de Trento que,na prática, estabelecia as estratégias
de reação católicas. Reafirmando : A importância da missa e do celibato eclesiástico; A
transubstanciação do pão e vinho no corpo e sangue da missa, no sacramento da
comunhão; A hierarquia da Igreja e o culto aos santos.
 Instituiu0se o Index Proibithorum, uma lista de livros proibidos e cuja posse e leitura
constituíram uma heresia.
 A ideia de heresia ganha contornos muito amplos, ultrapassando à práticas de
doutrinas que fossem opostas à Igreja Católica. Bastava a posse de um livro para ser
considerado heresia.
 É fundada então, a Companhia de Jesus, também conhecida como ordem jesuíta. Com
a missão de levar a fé católica aos povos pagãos, especialmente no projeto de
expansão Português.
 "Será nossa obrigação executar sem desculpas tudo o que Sua Santidade nos ordenar
para o bem das almas ou a propagação da fé, quer ele nos envie junto aos turcos, ao
novo mundo, junto aos Luteranos ou quaisquer outros fiéis ou infiéis(...)Esse voto
pode dispersar em diversas partes do mundo"
 Os tribunais do Santo Ofício da Inquisição fortaleciam os preceitos da igreja. Processos,
julgamentos e confiscos cresciam vertiginosamente instaurando o terror no homem
moderno.
 Estando a vivência da fé profundamente relacionada com a ordem social, a Inquisição
se torna um sinal de aliança entre o poder eclesiástico e o poder civil na perseguição
aos hereges(...) de tal modo que o Estado via bis movimentos heréticos um berço de
traidores em potencial, que poderiam minar a fé da Cristandade e,
consequentemente, a ordem social.

Os contornos de uma modernidade

 As mudanças nas mentalidades costumam ser fenômenos de longa duração. Não foi
est da reforma. As mudanças provocadas foram tão intensas e profundas que
ultrapassaram oceanos, chegaram à América e à Ásia e alteraram completamente o
panorama do mundo moderno.
 Restringir as reformas religiosas ao campo de uma mudança ideológica ou no plano
das ideias seria simplificá-las, assim como vê-las como fruto da necessidade de uma
nova classe social. Todos os fatores atuaram para que a reforma fosse definitiva e a fé
na modernidade adquirisse novas práticas e novas representações.

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