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BRUXAS ETERNAS

UM CONTO DE HALLOWEEN
"Eu a bruxa mãe a protetora das minhas irmãs e irmãos, destruidora dos seres sem
magia, parte da alma do diabo, invoco, meu rei, meu soberano. Que Lúcifer reine o
caos na terra. Viva ao soberano, viva ao soberano. Venha até nós e nos faça ver
quem realmente é o ser de magia mais poderoso da nossa raça. Há quem tenha a alma
mais rara de todas."
Uma massa de ar verde-musgo rodeia as árvores que explode, todos na terra, alguns
em escala menor sentem o tremor. No céu, sem estrelas, apenas decorado com uma lua
branca, virginal, intocada, uma luz marca-o, tornando o céu azul escuro em uma
nuvem branca, fofa. Que parece se mexer como se fosse implodir, isso acontece, ela
se dissipa, causando o barulho mais ensurdecedor do mundo.
Então todas as quatro pessoas, com aparências normais, porém com almas com grande
potencial de magia, voltam os olhos para o lago. Um bebê de pele escura, um deles
joga um amuleto na água, surge a sombra de uma garota, um reflexo distorcido da
realidade, e do futuro.
"Algo não está correto. Os olhos verdes... Apenas bruxos e bruxas com um destino
terrível tem olhos verdes, algo não está certo." "Nosso soberano nunca erra. Uma
criança nascerá e exterminará a raça de seres sem magia, nos tornando deuses. É o
destino. Agora senhor das trevas, nos revele seu nome, quem será a criança? Como
clamaremos a ela?"
Gritos quebram a barreira de silêncio e a luz verde se dissipa, formando uma nuvem
limo cobrindo o chão. Barulhos de passos, e luzes laranjas se aproximam.
"Humanos... Estão próximos."
"Serpensortia."
Um deles lança o feitiço e outros, para atrasar os predadores. Quando as pessoas
voltam a olhar no pequeno lago, o ponto mais forte de magia. Um colar. Verde-
floresta.
"Que sejamos incoerentes e ignorantes, não consigamos ver o que estará à nossa
frente. Para proteger essa criança. Apenas uma pessoa possuirá esse colar, e poderá
entrar nesse lago, concluindo o que não conseguimos, e quem tentar possuí-lo terá a
morte apropriada. Apenas a pessoa com esse colar terá a chance de se sentar no
trono, viver e reinar para sempre."
A bruxa ruiva, a mais poderosa dentre eles, levanta os olhos para o céu e estende
os braços para o mesmo. Não clamando a Deus, mas o desviando.
"Irmãs e irmãos ouçam. Uma criança nascerá, com um colar que demonstrará muito
poder. Ouçam ela ser rejeitada, mas nunca falhará ou desistirá."
Todos no círculo, mais tarde intitulado de círculo da marca, repetem, até estarem a
plenos pulmões gritando, e os sem magia os carregando a fogueira.
Dizem que os grandes quatro bruxos e bruxas gritaram e lutaram até o último
suspiro. Posso dizer que é verdade.
E que ainda é possível ver a água do lago vibrar na intensidade dos gritos deles.
Em nenhuma era foi descoberta a verdadeira identidade, mas tentaram. E cada
tentativa é um salto para me mostrar que a existência de pessoas extraordinárias é
mais raro e importante que subestimar ou estimar a raça humana.
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Uma garota de cabelos pretos ondulados. Está correndo. Não de alguém, de algo.
Para fora.
Mas você me pergunta de onde ela está correndo e do quê? Eu, antes de lhe contar,
peço que sente.
As cores naquele dia eram, pelo menos no início, turquesa, ciano e laranja. Um
contraste que faz um belo amanhecer.
Naquela noite, duas pessoas morreram, mas levei apenas uma embora, para o resto da
eternidade. No início do dia era para tudo dar certo, mas não deu.
O dia quente e laranja, se tornou frio e verde.
Ora me desculpe, meus bons modos, devo tê-los deixado em algum lugar. Porém não
acho necessário que me apresente, mas se quiser, olhe num espelho. Vamos nos
encontrar em breve, em um decorrer de acontecimentos variáveis pode ser que seja
num futuro próximo.
Aquela garota? Estava fugindo. Saindo de um lugar. Mas de onde? Da Floresta
Proibida. Fugindo dos dementadores.
Eles não haviam sido exilados? Sim, mas algo de ruim aconteceu. E agora alguém está
prestes a receber o beijo. O beijo que tira a vida, a roubando para sempre, sem
nenhuma chance de sobrevivência.
Bom, há sim uma chance. O Patrono. Expecto Patronum, um feitiço poderoso, e
intenso, que nem mesmo eu posso evitar me afastar. Mas era impossível, a garota
apenas uma vez convocou o feitiço, e também havia o fato de sua varinha estar do
outro lado da Floresta, submersa em um lago vibrante, onde apenas a escolhida
poderia entrar. E a julgar pelo fato das vestes dela estarem encharcadas e do fato
de que a menos de 10 minutos estava encontrando a varinha quebrada no fundo do
lago, pode se imaginar que ela seja a bruxa mais poderosa de todas.
Mas isso não a impede de ser morta, as criaturas das sombras apenas estarão de
joelhos quando ela se sentar no trono. O que pode vir a não acontecer. Porque tem
um deles. O que me causará.
Um vulto planando a metros de lá.
A forma humanóide, cerca de três metros de altura, é coberta por mantos encapuzados
e escuros de pano preto longo e rasgado. O corpo acidentado e decadente, como uma
coisa morta decomposta na água, sua respiração, parecida com a minha estava longa e
lenta, como se estivesse tentando sugar algo, a alma da pequena criança. Suas mãos
brilhantes, acinzentadas, de aparência viscosa, cobertas de feridas. Eles parecem
transpirar frio.
E nesse momento a garota vê o próprio diabo.
Estremecendo com o calor que ele sugou.
Ele se aproxima dela.
Partes de sua alma já não são mais suas até que todas elas não sejam.
Uma delas é a descoberta da profecia do início.
"Você sabe que isso é para que os bruxos e bruxas se sintam especiais, não?
Tentando achar aquele lago, entrando nele e
descobrindo não ser quando saem deles dementadores e sugam suas almas. Não sabe?"
A garota de cabelos loiros, inclina a cabeça e mostra a língua. "Ah, você não
consegue ser otimista?"
"Não, e você não sabe ser madura."
A garota sentada em uma das mesas de Hogwarts, sorri. Não por saber o que
aconteceria dali uma semana. Pois se soubesse estaria fugindo e levando todos com
si.
Agora a garota estava deitada no chão, vendo suas memórias felizes, se esvaindo,
sendo roubadas.
Ela até mesmo quis cravar as unhas em uma, em particular, que achava não ser feliz.

"Alice... saia da minha frente. Agora."


"Por que eu faria isso, Ash?"
A garota ruiva perguntou, não acreditando que uma pessoa como aquela em sua frente
poderia simplesmente, na frente de toda a turma, apontar a própria varinha para
ela.
"Porque quero que fique quieta. Porque está atrapalhando a todos aqui... Isso não é
um comportamento a ser honrado, Alice." Na visão periférica da garota, ela viu. Não
a mim. Mas o que me causaria.
Uma serpente gigantesca. Atrás da garota. Pronta para atacar. Ninguém, além de nós
duas, havia visto.
Eu estava adiantada, e talvez um pouco errada sobre quem eu iria levar embora
Por que a próxima coisa que vi foi, a garota morena, empurrar a ruiva. E gritar.
Como na história, só que dessa vez não para salvar uma criança. Mas para salvar a
garota que ela não suportava.
"Vipera Evanesca." Todos lá, gritam também, de susto por ver a garota lançar um
feitiço, não sabendo que era direcionado a uma outra inimiga mortal. Ainda mais
mortal era o olhar do professor, que recaiu sobre a serpente sumindo, como se
queimasse, sobre as duas garotas, e sobre os alunos que foram enxotados da sala aos
gritos. "Obrigada... Ela ia... me..."
A garota não conseguiu falar mais nada. Por que o abraço que Asha deu nela, foi
forte, surpreendente e um marco na vida daquelas duas garotas.
Que combinavam as cores azul e verde pelos corredores incertos e alegres de
Hogwarts.
Quando pensou que nada podia ser pior ver uma memória tão simples, do início de uma
amizade, ser arrancada de si. Ela vê. Seu professor. Um professor que era seu
amigo. Lufano. Leal e justo.
Sim, essa é uma ótima definição para ele. Que estava a poucos minutos se
sacrificando. Na esperança de que os dementadores parassem de aparecer. Mas não foi
possível. Porque ele não era o escolhido. E toda e qualquer pessoa que entrasse
naquelas águas para apagar a memória da escolhida teria um destino certo, a mim. A
morte.
As aulas do senhor Davies sem dúvida eram as melhores, depois das de
transfiguração, Herbologia era uma das matérias mais cobiçadas, pelo incrível
professor. Que em uma aula fazia todos rirem e aprenderem sem esforço algum.
Em um certo dia, até juntar as matérias de Feitiço, o professor não era dos mais
fáceis, com Herbologia. Até mesmo o professor de Feitiços pareceu se divertir.
Memórias felizes foram arrancadas dela.
Porém a escolhida teria um destino pior do que o dele. Rejeitando seu posto seria
tirá-lo da sua alma. Com um único beijo.
A próxima memória seria crueldade arrancar. Um jogo de quadribol. Entre Sonserina e
Grifinória. Um clássico.
O pomo, dourado, de onde vem o nome eu sei, e rápido, passa zumbindo entre as
orelhas dos batedores da Grifinória. O apanhador da Sonserina fica desnorteado
quando o pequeno objeto voador passa na frente de seus olhos. E quase cai da
vassoura quando vê Trevor, um cara por quem muitas das garotas do quarto ano
suspiram inclusive Asha, passa por ele, inclinado, como se estivesse em uma moto,
em uma curva fechada, onde o risco de cair é grande. Mas isso não acontece, porque
não estamos em um mundo onde caem de suas montarias por uma manobra.
Os batedores da Grifinória. Dois Weasley imagino, com o cabelo ruivo é fácil
reconhecer. Jogam os dois balanços na direção do apanhador da Sonserina. Fazendo
com que ele tenha que se distanciar da corrida excitante e animadora que estava
tendo com o garoto de cabelos pretos, e pele parecida com uma espécie de madeira
bruta, carvalho escuro
O pomo, a bolinha dourada, com asas pequenas, mas incansáveis voa na direção da
torcida da Corvinal. Mais precisamente na direção de uma garota, dos cabelos de
ébano.
O apanhador da Grifinória, Trevor, manobra a vassoura, enquanto o apanhador da
Sonserina continua tentando fugir dos balanços, arriscando ser atirado da vassoura.

Quando está na mira, a visão foca e desfoca. Às vezes mostrando a garota, às vezes
o pequeno pomo de ouro.
A garota sabia o que o garoto faria. E quando ele se curvou e veio direto para ela,
não pode deixar de temer. Nem de fechar os olhos. Todo o estádio de Hogwarts ficou
em silêncio terrível, ela abre os
olhos, flagrando o garoto de cabelos negros parecidos com os seus, sorrindo. E o
pomo em sua mão direita, apenas a seis centímetros do seu nariz, por isso ela teve
que inclinar o corpo para trás.
O garoto faz a última coisa que ela pensou que faria. Entrega o pomo a ela.
"Faça um bom uso dele, Asha."
Ela ouviu suspiros, quem por romance suspira? Eu e todas as pessoas sensatas que
existem no mundo.
Acreditem, já vi pessoas darem seus últimos suspiros por amor. "Farei. Pode
acreditar, Trevor."
"Sei disso... Ganhamos."
Ele e todos naquele estádio, além claro dos Sonserinos, bradam. Até virar um
mantra.
Parecido com o que a profecia nos apresenta.
Cada uma de suas memórias. Quando o professor Davies, levou os quatro. Asha, Zoe,
Alice e Trevor.
A protagonista, a melhor amiga, a nova amiga, e o primeiro amor, junto com o
professor preferido.
Corvinal.
Sonserina.
Grifinória.
Lufa-Lufa.
Uma delas, dessas pessoas, não estava na floresta quando os dementadores saíram de
suas tumbas. Zoe mais precisamente.
Alice, está sendo levada pelos professores para fora da Floresta Proibida, Trevor
está petrificado, o professor, senhor Davies, um ótimo educador está morto. Mas
vocês me perguntam sobre Asha. Ela está por um suspiro de vida. Um beijo, não dos
doces, como foi com Trevor, mas um daqueles que dá medo.
Até que ela sente. Os lábios do dementador, a alma dela se vai para longe. Uma luz
forte corta a noite escura. Talvez mais escura do que na noite da profecia.
Asha acorda, e se vê no dormitório das meninas. Era um sonho? Claro que sim. Ela
não era a escolhida.
Ela se levanta depois de sentir coragem. Mas logo cai. No chão quando vê. Seu
rosto. Igual a de um dementador.
A garota abre os olhos, e vê o dementador. A própria imagem do terror. Indo embora.
Seria poético se não fosse terrível.
Ela sente alguém encostando nela. Falando com ela. Vendo se ela está viva. Zoe.
Logo depois os professores.
A profecia não se cumpriu.
Asha jogou o colar, que estava no pomo de ouro. Destinado a ela.
Não que ela acreditasse que o destino existisse. Mas neste momento. Ela não queria
e não conseguia parar de pensar que morrer, apenas por um instante foi o
suficiente. Então mesmo que aquele colar, o colar perdido de sua mãe, valesse mais
do que ouro para ela. O perigo era demais. Por isso, um hipogrifo levou o colar e o
diretor até um local. O local mais seguro que Hogwarts. Mais que Azkaban. Área 51.
Para garantir que nunca mais alguém morresse por causa daquele colar verde-
floresta.
Os quatro garotos.
Duas Corvinas.
Uma Sonserina.
Um Grifinório.
E uma homenagem a um Lufano.
Assim termina a melhor pior história que eu já tive o prazer de narrar.
Muito longe dali. Sem que eu soubesse e não lembrasse por muitos anos. Anos na
frente. Décadas. Um milênio depois uma garota começa a cavar. Quer achar um
tesouro, mas provavelmente acha sua saída para a morte.
Porque naquele dia, o lago voltou a vibrar. A mostrar uma imagem. A imagem de uma
garota americana. Que em uma única ação, a de colocar o colar, se marcou.
O dia da profecia. Chamado de Dia da Marca.
O dia da morte de Albert Davies. O dia do Beijo da Morte.
O dia que uma garota se auto marcou. Como você chamará esse dia?

Profecia
Em uma noite, foi decidido.
Que em algum tempo, uma garota nascerá.
E fará o que os quatro grandes mal puderam fazer. Uma garota um dia, será
nossa soberana.
E nunca mais alguém morrerá.
Um centro verde de magia.
O ponto mais forte da magia que há nela.
Quem quer que tentar enganar o soberano terá uma morte rápida.
Mas se a escolhida rejeitar seu lugar, receberá um beijo da morte.

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