Você está na página 1de 44

UNINOVE

UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO

PROJETO INTEGRADOR
Observação Do Desenvolvimento Humano: Bebês, Crianças e Adolescentes.

Ariane Pereira Alves RA: 3019111933


Bruna Goulart da Silva RA: 3019111022
Cristian Bruno de Almeida Espindola RA: 419100855
Emilly Belo dos Santos RA: 1419105048
Hayra Farias da Costa RA: 3019101522
Laurita dos Santos Vale RA: 3019114330
Letícia Amorim Pereira RA: 3019109150
Lucas Fernando Muñoz de Assis RA: 3019113961
Raquel Teixeira Flavio RA: 1419100929
Vagner Ribeiro Bortoletto RA: 3019114971

São Paulo
2021
UNINOVE
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO

PROJETO INTEGRADOR
Observação Do Desenvolvimento Humano: Bebês, Crianças e Adolescentes.

Este Projeto Integrador é parte da exigência para a


aprovação na disciplina: Desenvolvimento Humano: Bebês,
Crianças e Adolescentes, ministrada pela Prof.ª Claúdia Yoshi
Amadio Goto.

Ariane Pereira Alves RA: 3019111933


Bruna Goulart da Silva RA: 3019111022
Cristian Bruno de Almeida Espindola RA: 419100855
Emilly Belo dos Santos RA: 1419105048
Hayra Farias da Costa RA: 3019101522
Laurita dos Santos Vale RA: 3019114330
Letícia Amorim Pereira RA: 3019109150
Lucas Fernando Muñoz de Assis RA: 3019113961
Raquel Teixeira Flavio RA: 1419100929
Vagner Ribeiro Bortoletto RA: 3019114971

São Paulo
2021
RESUMO

O presente trabalho consiste em apresentar um Projeto integrador cujo foco é a observação do


desenvolvimento da criança a partir da compreensão das várias fases deste processo. Portanto,
tem como objetivo apresentar informações relevantes acerca do processo de desenvolvimento
humano, focando no desenvolvimento infantil, mais precisamente, de crianças com idades de
2, 6 e 7 anos. A parte teórica foca na psicologia do desenvolvimento, abordando todas as
etapas de desenvolvimento humano: físico-motor, intelectual, afetivo-emocional e social,
desde o nascimento até a idade adulta em que todos os aspectos atingem o mais completo grau
de estabilidade e maturidade. Dentre os autores selecionados neste estudo pode-se destacar
Bock, Furtado e Teixeira (2001), os quais ajudam na melhor compreensão sobre as
características comuns presentes em cada faixa etária do desenvolvimento, também se destaca
as teorias de Papalia, Olds e Feldman (2006) quando falam sobre a constante evolução e
transformação do ser humano, apresentando algumas características que permanecem ao
longo da vida. Também pode-se destacar Corrêa (2017) quando estuda sobre Piaget e seu
profundo interesse em estudar o processo de desenvolvimento do pensamento e como ele se
relaciona com o desenvolvimento ao longo da infância. O presente estudo aprofunda o
pensamento de Sigmund Freud que entendeu o desenvolvimento humano através da teoria
psicossexual, que se divide em fases que são: oral, anal, fálica, latência e fase genital. Trata-se
de um estudo campo realizado através de observação, utilizando para embasamento teórico
livros, artigos científicos e e-books publicados nas plataformas digitais. No estudo de campo,
foi observada a importância de cada estágio no processo de desenvolvimento de bebês,
crianças e adolescentes, por exemplo, observou-se nas atitudes de algumas crianças que elas
se encontravam no estágio locomotor genital, uma vez que elas demonstravam sentimento de
culpa e interesse em resolver a situação, demonstrando autonomia e vontade própria. Também
se percebeu crianças em estágio de latência, estas crianças demonstraram ter autoconfiança na
realização de algumas atividades, revelando-se ainda a questão do cooperativismo e
solidariedade em suas atitudes.

Palavras chave: Processo de desenvolvimento. Bebês. Crianças. Adolescentes.


ABSTRACT

The present work consists of presenting an integrative Project whose focus is the observation
of the child's development from the understanding of the various phases of this process.
Therefore, it aims to present relevant information about the human development process,
focusing on child development, more precisely, of children aged 2, 6 and 7 years. The
theoretical part focuses on developmental psychology, addressing all stages of human
development: physical-motor, intellectual, emotional-emotional and social, from birth to
adulthood in which all aspects reach the most complete degree of stability and maturity .
Among the authors selected in this study, we can highlight Bock, Furtado and Teixeira
(2001), which help in better understanding about the common characteristics present in each
age group of development, the theories of Papalia, Olds and Feldman (2006) also stand out )
when they talk about the constant evolution and transformation of the human being,
presenting some characteristics that remain throughout life. It is also possible to highlight
Corrêa (2017) when studying Piaget and his deep interest in studying the process of
development of thought and how it relates to development throughout childhood. The present
study deepens the thinking of Sigmund Freud who understood human development through
psychosexual theory, which is divided into phases that are: oral, anal, phallic, latency and
genital phase. This is a field study carried out through observation, using as a theoretical basis
books, scientific articles and e-books published on digital platforms. In the field study, the
importance of each stage was observed in the development process of babies, children and
adolescents, for example, it was observed in the attitudes of some children that they were in
the genital locomotor stage, since they demonstrated a feeling of guilt and interest in resolving
the situation, demonstrating autonomy and self-will. It was also noticed that children in the
latency stage, these children demonstrated to have self-confidence in carrying out some
activities, also revealing the issue of cooperativism and solidarity in their attitudes.

Keywords: Development process. Babies. Kids. Teenagers.


Sumário

1. Introdução.............................................................................................................3

2. Objetivo e Justificativa.........................................................................................5

2.1. Objetivo.........................................................................................................5

2.2. Justificativa....................................................................................................5

3. Sigmund Schlomo Freud.......................................................................................6

3.1. Conceitos Sobre Desenvolvimento Humano Freudiano................................8

3.1.1. Fase Oral....................................................................................................8

3.1.2. Fase Anal...................................................................................................9

3.1.3. Fase Fálica.................................................................................................9

3.1.4. Fase Latência.............................................................................................9

3.1.5. Fase Genital.............................................................................................10

4. Jean William Fritz Piaget....................................................................................11

4.1. O Desenvolvimento Humano segundo Piaget.............................................13

4.1.1. Período sensório-motor (0 a 2 anos)........................................................13

4.1.2. Período Pré-Operatório (2 a 7 anos)........................................................14

4.1.3. Período das operações concretas (7 a 12 anos).......................................14

4.1.4. Período das Operações Formais (12 anos em diante)..............................15

5. Método................................................................................................................17

5.1. Caracterização de Pesquisa..........................................................................17

5.2. Participantes.................................................................................................17

5.3. Equipamento................................................................................................17

5.4. Procedimentos e Brincadeiras.....................................................................17

5.4.1. Encaixe Geométrico................................................................................17

5.4.2. Pintura.....................................................................................................17

5.4.3. Massinha de modelar...............................................................................18


5.4.4. Bola no Cesto..........................................................................................18

5.4.5. Afunda ou Boia.......................................................................................18

5.4.6. Vivo ou Morto.........................................................................................18

5.4.7. O Mestre Mandou....................................................................................18

5.4.8. Criação de histórias a partir de objetos....................................................19

5.4.9. O Caça Tesouro.......................................................................................19

6. Resultados...........................................................................................................20

6.1. Criança de 2 anos de idade..........................................................................20

6.2. Visão Freud..................................................................................................28

6.2.1. Criança de 2 anos de idade, sexo masculino (Fase anal).........................28

6.2.2. Criança de 6 anos de idade, sexo masculino (Fase Fálica)......................28

6.2.3. Criança de 7 anos de idade, sexo feminino (Fase Latência)....................29

6.3. Visão Piaget.................................................................................................30

6.3.1. Criança de 2 anos de idade, sexo masculino (Pré-Operatório)................30

6.3.2. Criança de 6 anos de idade, sexo masculino (Pré-Operatório)................31

6.3.3. Criança de 7 anos de idade (Operações Concretas).................................32

7. Discussão............................................................................................................34

8. Conclusão............................................................................................................36

9. Referências..........................................................................................................38
Lista de Tabelas
Tabela 1: AQUISIÇÕES PSICOMOTORAS DE T. (2 ANOS)...............................................20
Tabela 2: AQUISIÇÕES INTELECTUAIS DE T. (2 ANOS).................................................21
Tabela 3: AQUISIÇÕES SOCIAIS DE T. (2 ANOS)..............................................................22
Tabela 4: ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA DE T. (2 ANOS)..............................................22
Tabela 5: AQUISIÇÕES PSICOMOTORAS DE J. (6 ANOS)...............................................23
Tabela 6: AQUISIÇÕES INTELECTUAIS DE J. (6 ANOS)..................................................24
Tabela 7: AQUISIÇÕES SOCIAIS DE J. (6 ANOS)...............................................................24
Tabela 8: ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA DE J. (6 ANOS)...............................................24
Tabela 9: AQUISIÕES PSICOMOTORAS DE E. (7 ANOS).................................................25
Tabela 10: AQUISIÇÕES INTELECTUAIS DE E. (7 ANOS)...............................................26
Tabela 11: AQUISIÇÕES SOCIAIS DE E. (7 ANOS)............................................................27
3

1. INTRODUÇÃO

O Projeto integrador tem como foco a “Observação do desenvolvimento da criança”


buscando compreender as varias fases do processo de desenvolvimento que uma criança
vivencia, ou seja, o presente trabalho consiste em apresentar informações relevantes acerca do
processo de desenvolvimento humano, focando no desenvolvimento infantil, mais
precisamente, de crianças com idades de 2, 6 e 7 anos.
O campo do desenvolvimento humano é um estudo realizado pela psicologia do
desenvolvimento que irá explicar todas as etapas de desenvolvimento humano em todos os
aspectos sendo eles: físico-motor, intelectual, afetivo-emocional e social, desde o nascimento
até a idade adulta em que todos os aspectos atingem o mais completo grau de estabilidade e
maturidade. Ajudando a entender as características comuns presentes em cada faixa etária do
desenvolvimento (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA; 2001).
O estudo do desenvolvimento humano aponta que os que as pessoas estão em
constante evolução e transformação, assim como algumas características e também
permanecem ao longo da vida, ou seja, é o estudo da mudança e da continuidade durante todo
o ciclo da vida (PAPALIA, OLDS, FELDMAN; 2008).
As várias etapas do desenvolvimento infantil são de extrema importância para o sua
vida adulta, portanto é de grande importância entender os vários fatores do desenvolvimento e
seus estágios, pois ambos afetam a criança ao longo de sua vida.
É de suma importância ressaltar que existem várias teorias sobre o desenvolvimento
humano em psicologia, que foram elaboradas a partir de observações, pesquisas em grupos de
indivíduos de diferentes faixas etárias e culturas, estudos de casos clínicos e acompanhamento
de crianças desde seu nascimento até a vida adulta. (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA; 2001).
Jean Piaget é uma das figuras mais influentes no estudo do desenvolvimento infantil.
Ele desenvolveu sua teoria do desenvolvimento cognitivo com base na ideia de que as
crianças constroem ativamente o conhecimento à medida que exploram e manipulam o mundo
ao seu redor. Piaget estava interessado no desenvolvimento do “pensamento” e como ele se
relaciona com o desenvolvimento ao longo da infância. Sua teoria dos quatro estágios do
desenvolvimento cognitivo, apresentada pela primeira vez em meados do século XX, é uma
das teorias mais famosas e amplamente aceitas no desenvolvimento cognitivo infantil até hoje
(CORRÊA, 2017).
Conforme Corrêa (2017), Piaget desenvolveu sua teoria do desenvolvimento cognitivo
com base na ideia de que as crianças constroem ativamente o conhecimento à medida que
4

exploram e manipulam o mundo ao seu redor. Os quatro estágios da teoria de


desenvolvimento cognitivo de Piaget correspondem à idade da criança; eles incluem os
estágios: sensório-motor, pré-operacional, operacional concreto e operacional formal.
Além das teorias de Piaget, este presente estudo aprofunda o pensamento de Sigmund
Freud que entendeu o desenvolvimento humano através da teoria psicossexual, que se divide
em fases que são: oral, anal, fálica, latência e fase genital.
Segundo Bee e Boyd (2011, pag. 268) Freud conceitua o comportamento como algo
que é influenciado pelo processo consciente e inconsciente e que é impulsionado três
conjuntos instintuais: o instinto sexual (libido), instintos de preservação da vida, incluindo
evitação de fome e dor e instintos agressivos.
O estágio sensório-motor ocorre desde o nascimento até os 2 anos de idade e é
caracterizado pela ideia de que os bebês “pensam” manipulando o mundo ao seu redor. A fase
pré-operacional ocorre dos 2 aos 6 anos e é caracterizada pela ideia de que as crianças usam
símbolos para representar suas descobertas (PASQUALINI, 2009).
O estágio operacional concreto ocorre dos 7 aos 12 anos e é caracterizado pela ideia de
que o raciocínio das crianças se torna focado e lógico. O estágio operacional formal ocorre
dos 11 anos à idade adulta e é caracterizado pela ideia de que as crianças desenvolvem a
capacidade de pensar de maneira abstrata (PASQUALINI, 2009).
Trata-se de um estudo campo realizado através de observação, utilizando para
embasamento teórico livros, artigos científicos e e-books publicados nas plataformas digitais.
5

2. OBJETIVO E JUSTIFICATIVA

2.1. Objetivo

Verificar a particularidade do comportamento infantil de crianças com idades de 2, 6 e


7 anos, das quais serão observadas e descritas nesse estudo com base nas teorias de Piaget e
Freud.

2.2. Justificativa

A importância desse presente estudo se divide em três pilares: o primeiro deles é a


grande notoriedade que estudo trará para vida acadêmica dos estudantes de psicologia que
possivelmente vão se tornar psicólogos e que através desse conhecimento poderão aplicá-lo
em sua futura atuação profissional. A temática também é considerável para as crianças e a
famílias que irá participar deste estudo de caso, pois viabiliza uma possível orientação caso
seja necessário aos responsáveis quando existir uma demanda que irá necessitar de uma
análise aprofundada através de um profissional psicólogo especializado. E por último, o
presente trabalho é importante para a sociedade como um todo que se interessa na temática do
desenvolvimento humano.
6

3. SIGMUND SCHLOMO FREUD

Sigmund Schlomo Freud é considerado o pai da psicanálise e da psiquiatria moderna,


nasceu em 6 de março de 1856, na pequena cidade de Freiberg, na Moravia atualmente
localizada na República Tcheca. Freud teve o nome de Sigmund em homenagem a um
lendário imperador da Morávia.
Uma velha camponesa previu que ele teria um futuro grandioso. Ele era o filho
favorito de sua mãe que o chamava carinhosamente como “Meu Sig de ouro”, sendo o único
da família que tinha seu próprio quarto para que pudesse se concentrar melhor em seus
estudos.
Quando uma de suas irmãs começou a tocar piano ele reclamou para sua mãe que o
barulho o perturbava lhe tirando sua concentração. Indicando mais uma vez como filho o
predileto de sua mãe a mesma se desfez do piano. Justificando sempre sua posição especial e
privilegiada na família através de notas altas na escola primária judaica e estudando línguas
por conta própria. Os doze anos já lia o original de Shakespeare e já falava seis idiomas
fluentes. Sempre escrevia os seus sonhos em um diário já sinalizando que se tornaria um
interprete de sonhos.
Em 1973 ingressou em Universidade de Viana para cursar medicina. Neste período
Freud se interessou pela bacteriologia. Tempos depois, Freud envolveu-se com pesquisas no
laboratório de neurofisiologia, dedicando-se à dissecação de enguias macho para estudar o seu
sistema reprodutivo. Depois se dedicou a estudos que faziam a comparação da estrutura do
cérebro humano com a de outros animais.
Depois de alguns anos ele se formou, começando a trabalhar no hospital de Viena,
continuando com as pesquisas que eram focadas em neurologia, voltando seu interesse para
doenças psíquicas chamadas de histerias, doenças essas que eram ignoradas e inexploradas
por médicos da época.

“Freud fez um curso de psiquiatria, e se especializou em neurologia, e


sofreu forte influência de um anatomista expoente da época chamado Meynert.”
(KUPFER, 2006).

Em 1884 iniciou pesquisas de uma nova droga a cocaína, acreditando que lhe traria
muito sucesso, pois havia escutado sobre os efeitos terapêuticos que ela teria despertado em
soldados austríacos. Durantes o desenvolvimento desse estudo Freud também começa a fazer
uso desta droga para amenizar sua ansiedade e dores de cabeça. Começa a defender
7

publicações sobre o uso da cocaína como complemento terapêutico, não tinha consciência dos
efeitos viciantes que essa droga possuía.
Visitou paris na França, onde conheceu Charcot, um famoso hipnoterapeuta, que
ensinou os métodos da hipnose que o levaram a se aprofundar ao chamado inconsciente,
mostrando que era possível sugerir ideias aos hipnotizados e criando possíveis sintomas
físicos. Charcot defendia a ideia de que as crenças não estavam apenas no corpo, mas também
na mente o que ele denominou de segunda mente o que mais tarde Freud chamou de
inconsciente.
Freud começou a usar a hipnose por conta própria, mas percebeu que não conseguiria
atingir seu objetivo, pois não era tão eficaz. Diante disto ele começou a fazer certos estudos a
respeito do inconsciente.
Em 5 de abril de 1886 abriu seu próprio escritório. Freud encorajava os seus pacientes
a falarem livremente e assim fazia analogias com possíveis sintomas, ou seja, fazendo
associações do passado de seus pacientes ao sintoma, esse método vai se chamar depois de
método da associação livre em 1896.
Em 1900 escreveu um livro que mudou muito a forma de ver os processos psíquicos
que foi a interpretação dos sonhos, no ano seguinte lançou um livro chamado à psicopatologia
da vida cotidiana.
Em 1933 Hitler assume o poder na Alemanha e os piores temores de Freud sobre as
forças obscuras do subconsciente se concretizava. Os livros Sigmund Schlomo Freud foram
os primeiros a serem queimados por Hitler, um deles era sua a obra mais recente e sombria “O
mal está na civilização” nele o mesmo indaga sobre guerra psíquica entre cultura e barbárie.
Neste período Freud teve que fugir para Londres para escapar de Hitler e da
perseguição imposta pelo Nazismo aos judeus. Quatro de suas irmãs morreram em campos de
concentração.
No final de sua vida ele encarou a psicanalise como a terra prometida a si mesmo
como uma espécie de Moisés, mas não acreditava que a análise acabaria com o sofrimento
humano ou as tornaria felizes, pois, o máximo que as pessoas conseguiriam era trocar o
sofrimento neurótico pela infelicidade costumeira.
Em 1923 Freud foi diagnosticado com um tumor cancerígeno na boca ocasionando na
necessidade de remover grande parte de sua mandíbula. Esse quadro clínico fez com que ele
realizasse mais de 30 cirurgias em 16 anos, pois a doença afetava sua vida, tendo dificuldades
para falar e comer. Em 1939 faleceu em decorrência desta doença.
8

3.1. Conceitos Sobre Desenvolvimento Humano Freudiano

Freud foi um dos estudiosos mais engajados em desenvolver teorias sobre a


sexualidade e a existência dela na infância. A psicanálise é uma das abordagens psicológicas
que mais aprofunda sobre os traumas e os possíveis transtornos futuros relacionados aos
aspectos sexuais frutos de uma cultura reprimida sexualmente. Freud dividiu o
desenvolvimento humano em cinco fases psicossexuais que são: Oral, anal, fálica, latência e a
fase genital.
Como se sabe, a motivação sexual foi muito enfatizada por Freud, particularmente,
nos seus primeiros trabalhos. Vejamos o que diz o Vocabulário de Psicanálise a respeito:
Na experiência e na teoria psicanalítica sexualidade não designa apenas as atividades e
o prazer que decorrem do funcionamento do aparelho genital, mas toda uma série de
excitações e de atividades presentes desde a infância, que proporcionam um prazer irredutível
à satisfação de uma necessidade fisiológica fundamental (respiração, fome, função de
excreção etc.) e que se encontram a título de componentes na chamada forma normal de amor
sexual.
Segundo Freud (2014) em sua teoria do desenvolvimento humano considerou o
critério afetivo, que corresponderia ao comportamento do indivíduo frente aos seus objetos de
prazer e dividiu esse desenvolvimento em fases sucessivas, atribuindo a cada uma delas um
nome ligado a parte do corpo que parecia dominar o hedonismo naquela ocasião. Todo o
desenvolvimento seria marcado por essas fases que se caracterizariam, sobretudo pela
mudança do que é desejado em cada uma e pela maneira como esses desejos são atingidos.

3.1.1. Fase Oral

De acordo com Hall e Lindzey (1984), na fase oral que acontece do 0 aos 18 meses da
criança (aproximadamente), comer é a atividade mais prazerosa e que é produzida pela boca,
comer estimula os lábios e a cavidade oral, podendo ser jogado fora o alimento que não
agradar. Quando acontece o crescimento dos dentes, a boca também servirá para morder e
fazer a mastigação dos alimentos. A mastigação e o morder, podem dizer muito sobre a
personalidade, o caráter que pode aparecer futuramente em alguém, assim os autores trazem
como exemplo a personalidade ingênua de alguém, que “se fixou no nível de receptividade
oral da personalidade; tal pessoa, em geral “engole” tudo o que lhe dizem”. Já uma pessoa que
morde ou agride oralmente tem tendências a ser sarcástico e a discussões. Portanto, a fase oral
está relacionada com o prazer saciado ao se alimentar.
9

3.1.2. Fase Anal

Segundo Hall e Lindzey (1984) a fase anal ocorre dos 18 meses aos 3 anos
(aproximadamente) de vida da criança, e é nesse estágio que após ocorrer a digestão dos
alimentos, eles ficam acumulados no intestino, para depois ser expelido. As fezes quando são
expulsas levam junto o que dá desconforto promovendo certa sensação de alívio ao sujeito. Os
esfíncteres começam a ser controlados a partir dos dois anos de vida, e é nesse momento que a
criança tem a sua primeira experiência de decidir o controle de um impulso que vem de seu
próprio instinto, pois ela começa a aprender a segurar sua necessidade de aliviar as tensões
anais. O modo como à criança é educado e o jeito que a mãe encara as situações de proscrição
das fezes pode produzir nas crianças efeitos que dizem respeito com a formação de valores da
criança.

3.1.3. Fase Fálica

De acordo com Hall e Lindzey (1992, 42) Essa fase acontece dos 3 aos 6 anos da
criança (aproximadamente), e é nele que surge as primeiras sensações sexuais e uma certa
agressividade no que diz respeito ao funcionamento dos genitais. É nesse estágio que aparece
o complexo de Édipo, que decorre do início da masturbação e de fantasias que a criança
produz em sua vida. Os autores ainda salientam que, Freud considerou que identificar o
Complexo de Édipo se tornou uma de suas maiores descobertas no estudo da sexualidade. A
denominação desse complexo se deu por conta do Rei de Tebas que haveria matado o próprio
pai, e após teria se casado com a própria mãe. O complexo de Édipo se caracteriza pelo fato
de o menino desejar a mãe e a menina desejar o pai, e com isso segue-se o desejo do menino
de afastar o pai e a menina de afastar a mãe.

3.1.4. Fase Latência

Nessa fase é observado dos seis até a puberdade (aproximadamente), é marcada pelo
desenvolvimento sexual da criança. Nesse estágio também se vê uma irregularidade, podendo
acontecer completo ou parcialmente, como descreve Freud:

“Nada de certo se pode dizer sobre a regularidade e periodicidade das


oscilações deste desenvolvimento, mas parece que a vida sexual da criança, por
volta do terceiro ou quarto ano, já se manifesta de uma forma que a torna acessível à
observação.” (1970, p.90 apud NUNES; SILVA 2000, p.48).
10

Conforme NUNES e SILVA (2000, p.48- 49) o período da Latência pode se dar por
completo ou parcialmente. Nesse período o psicológico ganha mais força, podendo fazer com
que mais adiante no processo de desenvolvimento sexual da criança aconteçam obstáculos a
serem vencidos, pois é aí que aparecem as inibições sexuais, que fazem com que nessa fase
aconteça o desgosto, a moralidade, o pudor e o desejo estético. É considerado que a infância
acontece do nascimento da criança até o Período da Latência, que pode ser tida como o
intermédio da infância com a puberdade.

3.1.5. Fase Genital

O último período das fases psicossexuais segundo Freud é o estágio genital. Notasse
seu início a partir dos 12 anos (aproximadamente), acompanhando os primeiros indícios da
puberdade. Hall e Lindzey (1984) dizem que estas que antecedem o período Genital são
narcisistas em relação ao caráter, pois neles os indivíduos podem adquirir satisfação
estimulando o próprio corpo, e a satisfação com outras pessoas pode se dar porque apresentam
outras maneiras de prazer físico a criança. Quando chega o período da adolescência o
narcisismo vai sendo deixado de lado, canalizado, pois o adolescente começa a aprender a
amar outras pessoas, e esse amor não é apenas de forma pessoal ou de maneira egoísta. Na
adolescência aparecem às primeiras manifestações de atração sexual a outras pessoas, é maior
a socialização do indivíduo, cresce o interesse profissional, e aparece a preparação para o
casamento e para a constituição de família. Quando a adolescência termina, esses interesses se
tornam estáveis e é então que o indivíduo abandona a ideia de criança narcisista que só pensa
nela mesma e passa a se tornar um adulto socializável, que está preparado para enfrentar as
realidades e obstáculos da vida adulta. Mesmo com a chegada do período Genital, as fases que
o indivíduo passou anteriormente não são apagadas e nem substituídas, pois eles se juntam
para formar os impulsos genitais. Como já citado, no período Genital a pessoa está em
momento de preparação para constituir uma família, sendo que o principal exercício do
Estágio Genital é a reprodução. Para que isso aconteça o psicológico trabalha de uma forma
que lhe dê segurança e estabilidade para tal responsabilidade.
11

4. JEAN WILLIAM FRITZ PIAGET

Nascido em 9 de agosto de 1896, em Neuchâtel, Suíça, Jean William Fritz Piaget foi
um biólogo, psicólogo e epistemologista genético importante do século XX (RIBEIRO,
2018). Seu pai, historiador especialista em história medieval, em menor grau, à história de
Neuchâtel, era um homem de mente meticulosa e crítica, que não tinha medo de começar uma
briga quando encontrava a verdade histórica e que detestava generalizações improvisadas.
Piaget considerava sua mãe esperta e enérgica, dotada de um temperamento neurótico
(PIAGET, 1951).
Dos sete aos dez anos de idade despertou certo interesse por mecânica, pássaros,
fósseis da Era Secundária e Terciária e por conchas do mar e ao entrar para a Latin School
decidiram se tornar uma pessoa mais séria. Ao avistar um pássaro pardal em um parque
público, desenvolveu um artigo para uma página do jornal História Natural de Neuchâtel
(PIAGET, 1951).

“O jornal publicou minhas linhas, e eu estava “lançado”! Escrevi, então, ao


diretor do museu de História Natural e pedi sua permissão para estudar suas
coleções de pássaros, fósseis e conchas, depois do expediente. Acontece que esse
diretor, Paul Godet, homem muito agradável, era um grande especialista em
moluscos. Convidou-me logo a assisti-lo duas vezes por semana – como ele dizia
igual ao “fâmulo” de Fausto – ajudando-o a colocar rótulos em sua coleção de
conchas da terra e da água” (PIAGET, Jean. 1951; p. 30).

Trabalhou durante quatro anos em troca de certa quantidade de espécies raras para a
própria coleção. Durante os encontros semanais, que aconteciam aos sábados, com o diretor
em seu gabinete particular o criou um estimulo pela pesquisa, tanto que dispunha do seu
tempo à colheita de moluscos. Em 1911, Paul Godet falece, e Piaget já dispunha de
conhecimentos suficientes para começar a publicar artigos sozinhos, uma série de artigos
sobre os moluscos da Suíça, da Savóia, da Bretanha e mesmo da Colômbia (PIAGET, 1951).
O diretor do museu de História Natural de Genebra, Sr. Bedot que publicava diversos
de seus artigos na Revue Suisse de Zoologie, o oferece um cargo de zelador da coleção de
moluscos, mas Piaget recusa a proposta, respondendo que ainda teria que estudar por mais
dois anos para tirar seu diploma do Bacharelado, visto que ainda não era estudante de ensino
superior. Piaget então, frequentou a Universidade de Neuchâtel, onde se graduou em Biologia
e Filosofia, recebendo seu doutorado em 1918 com a tese sobre moluscos de Valais (PIAGET,
1951).
12

Depois de obter seu diploma de Doutorado, Piaget foi para Zurich (Suíça) a fim de
trabalhar em um laboratório de psicologia, registrando então seu trabalho em dois ambientes
G. E. Lipps e o de Wreschner e também na clínica psiquiátrica de Bleuler.

“As experiências de Lipps e Wreschner me pareciam ter pouca conexão


com problemas fundamentais. Por outro lado, a descoberta da Psicanálise (eu lia
Freud e o jornal Imago, e ouvia ocasionalmente as palestras de Jung e Pfister) e os
ensinamentos de Bleuler me fizeram sentir o perigo da meditação solitária. Decidi
então esquecer meu sistema para não me tornar vítima do “autismo” (PIAGET, Jean.
1951; p. 35).

Em 1919, tomou um trem a Paris, onde passou dois anos na Sorbonne. Completou o
curso Dumas em Psicologia Patológica, onde aprende a entrevistar pacientes mentais em
Saint-Anne, e os cursos de Piéron e Delacroix. Estuda também Lógica e Filosofia da Ciência
com Lalande e Brunschwieg, onde sofre grande influência devido ao seu método histórico-
crítico e suas referências à Psicologia (PIAGET, 1951).
A convite de Alfred Binet, um famoso psicólogo infantil que desenvolve testes
padronizados para crianças, o convida para trabalhar em seu gabinete, onde Piaget nota que
crianças francesas da mesma idade cometem erros semelhantes durante a aplicação dos testes,
onde conclui que o pensamento lógico se desenvolve gradualmente, onde no mesmo ano,
inicia o seu estudo sobre a mente humana.
Em 1921, retorna a Suíça para assumir o cargo de Diretor no Instituto J. J. Rousseau,
de Genebra a convite de E. Claparède. Lá, desenvolve grande parte de sua pesquisa, onde os
resultados estão contidos em seus cinco livros: Psicologia Infantil: A linguagem e o
pensamento na criança (1923); O Raciocínio na criança (1924); A representação do mundo na
criança (1926); A causalidade física na criança (1927); O juízo moral na criança (1931)
(PIAGET, 1951).
Casa-se com Valentine Châtenay em 1923, procriando então três filhas. Grandes
partes de suas teorias foram baseadas nas observações de suas filhas em convivência com sua
esposa.
Enquanto publicava diversos livros e artigos, Piaget lecionou em diversas
universidades internacionais, em países como França. Até o seu falecimento, Piaget fundou e
dirigiu o Centro Internacional para Epistemologia Genética e ao longo de sua carreira,
desenvolveu e publicou diversos livros e artigos que se tornam conjunto do currículo nos
13

cursos de psicologia e áreas da educação. Jean Piaget falece, aos 84 anos, em 17 de setembro
de 1980, em Genebra, Suíça.

4.1. O Desenvolvimento Humano segundo Piaget

O desenvolvimento humano relaciona-se ao desenvolvimento mental e ao crescimento


orgânico (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA; 2001). Do mesmo jeito que o corpo está em
evolução constante, a vida mental pode ser concebida como evoluindo a um equilíbrio final.
Piaget (1964) define o desenvolvimento como uma equilibração progressiva, uma passagem
continua de um estado de equilíbrio menos para um superior. Deste ponto de vista, o
desenvolvimento mental é uma construção continua e comparável à edificação de um prédio,
que em medida que se acrescenta algo, mais sólido ficará.
É importante entender que a criança não possui o mesmo grau de desenvolvimento do
adulto. Estudar o desenvolvimento humano é entender e conhecer as principais características
que cada faixa etária apresenta, permitindo reconhecer individualidades e nos tornando mais
aptos ao reconhecimento (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA; 2001).
Piaget divide sua teoria do desenvolvimento humano em quatro períodos, de acordo
com a aparição e de novas qualidades do pensamento, que interfere no desenvolvimento
global. Segundo Piaget, todos os indivíduos passam por todas as fases, porém no início ou no
fim de cada uma delas, depende das características e dos fatores educacionais e sociais
(BOCK, FURTADO, TEIXEIRA; 2001).

4.1.1. Período sensório-motor (0 a 2 anos)

Em seu livro, “Seis Estudos de Psicologia” destaca essa fase como o período que vai
até a aquisição da linguagem. É marcado pelo extraordinário desenvolvimento mental. No
recém-nascido, a vida mental se reduz aos exercícios de aparelhos reflexos, ou seja, desde o
início os reflexos de sucção melhoram com o exercício, exemplo, o feto mama melhor depois
de uma ou duas semanas do que nos primeiros dias (PIAGET, 1964).
Por volta dos cinco meses, à criança já é capaz de coordenar os movimentos das mãos
e os olhos e pegar objetos, aumentando a capacidade de adquirir novos costumes. No final
deste período a criança á é capaz de utilizar instrumentos a fim de um objeto, por exemplo, ao
puxar a toalha da mesa, percebe que a bolacha ficará mais perto dela, utilizando a inteligência
sensório-motora, envolvendo percepções e movimentos. (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA;
2001).
14

“Ao longo deste período, irá ocorrer na criança uma diferenciação


progressiva entre o seu eu e o mundo exterior. Se no início o mundo era uma
continuação do próprio corpo, os progressos da inteligência levam-na a situar-se
como um elemento entre outros no mundo. Isso permite que a criança, por volta de 1
ano, admita que um objeto continue a existir mesmo quando ela não o percebe, isto
é, o objeto não está presente no seu campo visual, mas ela continua a procurar ou a
pedir o brinquedo que perdeu, porque sabe que ele continua a existir” (BOCK,
FURTADO, TEIXEIRA; 2001. p. 133).

Nesta fase também ocorre diferenças no aspecto afetivo, como por exemplo, aparição
de medos ao escutar um barulho muito forte. Manifesto de escolha e preferências por
brinquedos, objetos, familiares e etc. Por volta dos dois anos, evolui-se a um comportamento
interativo ao ambiente, embora compreenda algumas palavras, mesmo no final do período, só
é capaz de reproduzir uma fala imitativa (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA; 2001).

4.1.2. Período Pré-Operatório (2 a 7 anos).

Neste período o comportamento mais importante é a Linguagem. Com o aparecimento


deste comportamento, as condutas da criança são profundamente modificadas no aspecto
afetivo e intelectual. A criança, graças à linguagem, é capaz de reproduzir suas questões
através de narrativas e de antecipar suas ações futuras através da representação verbal, o que
resulta em três consequências essenciais para o desenvolvimento mental: Socialização,
Pensamento e Intuição. (PIAGET, 1964).
Bock et al. (2001) destaca que com o aparecimento da linguagem, o pensamento de
acelera e a criança começa a usar as referências para explicar o mundo real, sua própria
atividade e suas leis morais. No final do período, começa a buscar a causa finalista de tudo (a
era dos porquês).
Nota-se que neste período, os seus sentimentos estão mais relevantes, com o destaque
ao respeito que a criança possui a adultos que se julgam acima a ela, como por exemplo, a
relação com pais, professores e etc. Com o conhecimento do mundo, a criança desperta seu
interesse a pelas diferentes atividades e passa a avaliar as próprias ações partindo desta escala.
Importante tornar relevante, a maturação que a neurológica e fisiológica apresentada, como a
coordenação motora fina (capacidade de segurar objetos com a ponta dos dedos, escrever e
etc. (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA; 2001)).
15

4.1.3. Período das operações concretas (7 a 12 anos).

A idade que coincide com o começo da escolarização da criança, uma marca de


modificação decisiva no desenvolvimento mental da criança (PIAGET, 1964).

“O desenvolvimento mental, caracterizado no período anterior pelo


egocentrismo intelectual e social, é superado neste período pelo início da construção
lógica, isto é, a capacidade da criança de estabelecer relações que permitam a
coordenação de pontos de vista diferentes. Estes pontos de vista podem referir-se a
pessoas diferentes ou à própria criança, que “vê” um objeto ou situação com
aspectos diferentes e, mesmo, conflitantes. Ela consegue coordenar estes pontos de
vista e integrá-los de modo lógico e coerente. No plano afetivo, isto significa que ela
será capaz de cooperar com os outros, de trabalhar em grupo e, ao mesmo tempo, de
ter autonomia pessoal” (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA; 2001. p. 135).

Bock et al. (2001) destaque que o que possibilita isto é o surgimento de uma nova
capacidade: as operações. A criança consegue realizar ações físicas ou mentais com um
objetivo, um exemplo é quando uma criança está montando um jogo de quebra cabeças,
quando nota o erro, é capaz de desmanchar o jogo e recomeça-lo. Neste período a criança
começa a ter a capacidade de reflexão, pensar antes de agir, recuperar fatos do passado e etc.
A criança adquire uma autonomia crescente, em relação ao adulto, passando a organizar seus
valores morais caracterizados como: respeito, honestidade, companheirismo e etc. A
satisfação de pertencer a um grupo de amigos se torna mais forte, o que torna a criança mais
forte para poder, no final do período, enfrentar opiniões e ideias dos adultos.

4.1.4. Período das Operações Formais (12 anos em diante)

A adolescência é uma crise passageira devida à puberdade que separa a infância da


fase adulta. Começam a entrar em evidencias os instintos sexuais e os desiquilíbrios
momentâneos (PIAGET, 1964). Neste período, o adolescente é capaz de lidar com conceitos
de liberdade, justiça, etc., domina a capacidade de abstrair e generalizar criando teorias sobre
o mundo e principalmente sobre questões que gostaria de mudar, graças à capacidade de
reflexão espontânea (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA; 2001).
O adolescente se afasta da família, começa a não aceitar concelhos dos adultos, mas na
realidade, é o próprio alvo de suas reflexões. Mais tarde, atinge o equilíbrio do pensamento
com a realidade, quando começa a entender a importância da reflexão para a sua própria ação
no mundo real. Tem desejo de se libertar do adulto, mas ainda assim, dependendo dele e
possui desejo de aceitação pelos amigos dos adultos. Começa a mudar o seu tipo de
16

vestimenta e a forma de se comunicar começando a estabelecer a sua forma moral individual


(BOCK, FURTADO, TEIXEIRA; 2001).
Na idade adulta, não surge nenhuma nova estruturação mental, sendo assim, o
indivíduo adulto se proporciona ao aumento gradual do desenvolvimento cognitivo, tendo
uma maior profundidade, e um maior senso de compreensão dos problemas gerados pela
realidade que podem o atingir, influenciando nos aspectos emocionais (BOCK, FURTADO,
TEIXEIRA; 2001).
17

5. MÉTODO

5.1. Caracterização de Pesquisa

Pesquisa de campo exploratório, explicativa e qualitativa.

5.2. Participantes

Participaram dessa atividade de observação três crianças, sendo duas do sexo


masculino e uma do sexo feminino, com idades de 2, 6 e 7 anos.

5.3. Equipamento

Para a realização das brincadeiras e atividades foram utilizados os seguintes objetos e


materiais.
 Brinquedo de encaixe geométrico;
 Tintas, pincel e cartolina;
 Massinha e forminhas de modelar;
 Bolinhas de papel e cesto;
 Recipiente com água, brinquedos e alimentos;
 Pequenos objetos diversificados.

5.4. Procedimentos e Brincadeiras

5.4.1. Encaixe Geométrico

A execução dessa atividade foi realizada em um quarto, onde a criança de 2 anos


estava sentada sob a orientação de um adulto. Foi apresentado um cubo colorido educativo a
ela, contendo algumas peças que deveriam ser encaixadas corretamente sobre cada figura
representada. O adulto a perguntava qual figura correspondia à peça que havia sido escolhida,
e a criança a direcionava até o seu respectivo lugar. Essa atividade teve duração de 2 minutos
e 47 segundos, somando o total de 10 tentativas.

5.4.2. Pintura

Nessa atividade a criança de 2 anos também permaneceu sentada sob a orientação de


um adulto, no mesmo local da atividade anterior. Foi colocado um papel cartolina no chão e
entregue a ela um pincel, conforme o adulto colocava os potinhos de tinta a criança molhava o
pincel e passava sobre a cartolina. O tempo de duração foi de 9 minutos e 34 segundos.
18

5.4.3. Massinha de modelar

Foi apresentado a criança ainda de 2 anos uma diversidade de massinhas de modelar, o


adulto a pediu que escolhesse uma cor e entregou a ela à princípio a criança brincava
espontaneamente, e logo após, em um determinado momento, o adulto ofereceu “forminhas
de modelagem” com formatos de animais, pediu a ela que escolhesse entre as forminhas com
o objetivo de estimular a criança a fazer os moldes com as massinhas. O tempo de duração foi
de 21 minutos e 3 segundos.

5.4.4. Bola no Cesto.

Foi proposto a uma criança de 6 anos o desafio de jogar bolas no cesto. A atividade
foi realizada em uma sala de estar, onde havia esse cesto. A criança foi orientada por um
adulto a amassar folhas de revista formando bolinhas de papel e a jogar de uma distância de
aproximadamente um metro, o objetivo era acertar dentro do cesto. O tempo de duração foi de
5 minutos e 50 segundos, totalizando 16 tentativas.

5.4.5. Afunda ou Boia.

No mesmo ambiente da atividade anterior, foi colocado para a criança de 6 anos um


recipiente com água e separadamente, alguns brinquedos, objetos e alimentos. O objetivo
dessa brincadeira era coloca-los dentro do recipiente e descobrir o que boiava e o que
afundava, tendo duração de 6 minutos e 28 segundos, totalizando em 23 tentativas.

5.4.6. Vivo ou Morto.

A participante dessa vez foi uma criança de 7 anos do sexo feminino. A brincadeira foi
realizada em um quarto, onde a mesma deveria agachar quando o adulto dissesse a palavra
“morto” e levantar, permanecendo em pé quando o adulto dissesse “vivo”. Foram 20
tentativas, tendo duração de 1 minuto e 20 segundos.

5.4.7. O Mestre Mandou.

Ainda para a mesma criança de 7 anos, foi proposto a brincadeira do O Mestre


Mandou, era perguntado a participante “O mestre mandou?” e ela respondia “Fazer o quê?”,
assim era designado um desafio para a criança e ela deveria cumprir. Foram lançados 7
desafios, tendo duração de 2 minutos e 16 segundos.
19

5.4.8. Criação de histórias a partir de objetos.

A realização dessa atividade ocorreu também em um quarto e sob uma mesa de


estudos, foram colocados alguns objetos. A criança deveria criar uma história a partir dos
objetos, como orientado criou uma historinha utilizando todos eles.

5.4.9. O Caça Tesouro.

A brincadeira proposta foi “O Caça Tesouro”, no mesmo quarto das atividades


anteriores, o intuito foi mostrar a criança um objeto e em seguida pedir a ela que fechasse os
olhos, pois aquele objeto seria escondido e objetivo era encontra-lo. O tempo de duração foi
de 2 minutos e 27 segundos.
20

6. RESULTADOS

Essa seção de resultados apresentará os aspectos observados nos vídeos e as


informações coletadas através de breves questões respondidas pelos responsáveis das três
crianças objetos deste estudo. Esses dados foram organizados em 11 quadros, que estão
divididos de acordo com a idade de cada criança e as respectivas aquisições esperadas das
mesmas. Com isso, a finalidade do quadro é apresentar quais as habilidades as crianças já
desenvolveram ou não.

6.1. Criança de 2 anos de idade

Tabela 1: AQUISIÇÕES PSICOMOTORAS DE T. (2 ANOS)


21

Tabela 2: AQUISIÇÕES INTELECTUAIS DE T. (2 ANOS)


22

Tabela 3: AQUISIÇÕES SOCIAIS DE T. (2 ANOS)

Tabela 4: ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA DE T. (2 ANOS)


23

Tabela 5: AQUISIÇÕES PSICOMOTORAS DE J. (6 ANOS)


24

Tabela 6: AQUISIÇÕES INTELECTUAIS DE J. (6 ANOS)

Tabela 7: AQUISIÇÕES SOCIAIS DE J. (6 ANOS)

Tabela 8: ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA DE J. (6 ANOS)


25

Tabela 9: AQUISIÕES PSICOMOTORAS DE E. (7 ANOS)


26

Tabela 10: AQUISIÇÕES INTELECTUAIS DE E. (7 ANOS)

Tabela 11: AQUISIÇÕES SOCIAIS DE E. (7 ANOS)


27

6.2. Visão Freud

A partir da pesquisa realizada neste trabalho sobre o desenvolvimento psicossexual


freudiano, foi produzido uma filmagem de 3 (três) crianças de idades 2,6 e 7, conforme a
28

autorização de participação pelos responsáveis. Foram aplicados jogos e brincadeiras para


elas emitirem comportamentos, das quais foram analisados e correlacionados com a teoria
estudada. Segundo Freud o termo “psicossexual” se refere aos impulsos libidinais da criança e
a obtenção de prazer sexual de qualquer parte do corpo. Caso esses impulsos forem frustrados
na infância, o indivíduo iria experimentar ansiedade na vida adulta, e que persiste como uma
neurose, transtorno mental funcional.

6.2.1. Criança de 2 anos de idade, sexo masculino (Fase anal)

O observado aparece nos vídeos em alguns momentos usando frauda e isso indica que
ele ainda não controla o intestino e a bexiga. Porém, por estar numa idade intermediaria da
fase anal, ele está em processo de treinamento para o uso do toalete (conforme relato da mãe).
Esse treinamento tem como finalidade fazer com que a criança tenha uma conclusão da fase
bem-sucedida. Segundo Hall e Lindzey (1984) a fase anal tem grande importância na
construção da personalidade dessa criança quando estiver na vida adulta.
Em um artigo de Cherry (2020) ela descreve que a personalidade nesta fase se divide
em duas consequências anal-retentiva e anal-expulsiva. A anal-retentiva se refere ao
treinamento precoce ou severo dos pais com a criança no uso do banheiro. Se os pais tentarem
forçar a criança, ele pode começar a agir deliberadamente segurando – se como rebelião. Vão
se tornar um adulto que odeia bagunça, pontual e respeitoso com autoridade. A autora diz
também que esses adultos podem também ser muito teimosos e ter cuidado excessivo com o
dinheiro. A anal-expulsiva Cherry explica que são crianças que tiveram seu treinamento de
higiene pessoal liberal, em oposição à retentiva. Na expulsiva as crianças defecam ou urinam
em momentos ou lugares inapropriados, sujam as calças como ato de rebelião contra ao uso
do banheiro e se tornarão adultos que gostam de compartilhar e distribuir coisas a colegas, às
vezes confusos, desorganizados e rebeldes. Eles também não vão considerar o sentimento dos
outros.

6.2.2. Criança de 6 anos de idade, sexo masculino (Fase Fálica)

A criança observada brincou de “boia ou afunda” onde a finalidade era colocar objetos
em um recipiente completado com água e falar se o objeto iria boiar ou afundar. Durante a
brincadeira é possível observar que a criança mostrou o desenvolvimento do Superego
(valores e ideais) da qual segundo Freud é através da identificação com o pai que ele usa para
superar o conflito do Complexo de Édipo (possuir a mãe e matar o pai). Durante a aplicação
29

das brincadeiras foi observado que a criança obedeceu aos comandos da mãe a todo o
momento, o que indica uma noção de hierarquia estabelecida.
Conforme Cherry (2020) ela descreve em seu artigo que uma fixação não resolvida no
estágio fálico poderia levar ao egoísmo, à baixa autoestima, às mulheres sedutoras e
promíscuas, à timidez, à inutilidade e aos homens que tratam as mulheres com desprezo. Uma
fixação neste estágio produz personalidades resolutas, autônomas, orgulhosas e egoístas.
Freud acreditava que esta era a fase em que a homossexualidade se desenvolve. Essas pessoas
mostram sinais de promiscuidade ou assexualidade, amoralidade ou puritanismo. Eles mudam
comportamentos de acordo com a doutrina dos opostos. Se o conflito não for resolvido, o
adulto pode não querer ou ser incapaz de desenvolver um relacionamento amoroso com outras
pessoas.

6.2.3. Criança de 7 anos de idade, sexo feminino (Fase Latência)

Dentre todas as crianças filmadas, essa foi a que mais brincou e jogou. Foram 4
brincadeiras diferentes, e isso para Freud tem um grande significado. O foco em brincadeiras
e interação social são pontos que desenvolvem e tem maior importância para a criança na fase
latência. No final do vídeo da brincadeira “vivo ou morto” a mãe pergunta a criança
“Cansou?’ e ela diz “Não”. Assim a mãe prossegue dizendo que vai fazer outra brincadeira.
Entende que esse comportamento emitido é baseado numa fase fálica que passou de forma
bem-sucedida com o conflito do Complexo de Édipo resolvido.
Segundo artigo de Cherry (2020) a criança então começa a se identificar com o pai do
mesmo sexo. A libido é transferida dos pais para amigos do mesmo sexo, clubes, figuras de
heróis/modelos, brincadeiras e bonecas. Os impulsos sexuais e agressivos são expressos em
formas socialmente aceitas através dos mecanismos de defesa da repressão e sublimação.

6.3. Visão Piaget

Ressaltando que o presente trabalho tem como finalidade entender as várias fases que
uma criança vivencia, observamos os comportamentos de crianças de 2, 6 e 7 anos através de
30

brincadeiras a partir do estágio que as crianças se encontram. Iremos relacionar os


comportamentos destacados com as fases do desenvolvimento a partir das teorias de Piaget.

6.3.1. Criança de 2 anos de idade, sexo masculino (Pré-Operatório)

Segundo CRAIDY e KAERCHER (2007) teoria de Piaget afirma que conhecer é


inserir objetos de conhecimento em determinados sistemas de relações a partir de ações
realizadas nos objetos. Portanto, tal processo envolve a capacidade de organizar, compreender
e, em seguida, explicar pensamentos e ações por meio da obtenção de fala. Dessa forma,
conforme a criança tenta ativamente se conectar com o mundo, sua inteligência será
aprimorada. Por exemplo: Quando um bebê pega um objeto, ele tem a oportunidade de
explorar e observar cuidadosamente, entender seus atributos (tamanho, cor, textura, cheiro) e,
gradualmente, estabelecer contato com outros objetos. Essa experiência é à base de seu
processo de desenvolvimento.
Iniciamos análise com uma criança de dois anos do sexo masculino que iremos chama-
lo de T. através das seguintes brincadeiras e atividades: encaixe geométrico, massinha de
modelar e pintura com tinta. Segunda a teoria de Piaget, T. se encontra no estágio sensório-
motor, é nesta fase que a criança irá conhecer o mundo através de seus movimentos e
sensações.
Durante aplicação das atividades conseguimos perceber o mundo de descobertas de T.
– Ele demonstra autonomia durante a realização das brincadeiras, por muitos momentos ele
conduzia as atividades de acordo com suas vontades, dando preferência escolhendo objetos e
materiais específicos levando parcialmente em consideração as orientações direcionadas a ele
por seu recriador.
Através da observação notamos que ele apresenta habilidades psicomotoras bastante
desenvolvidas, pois fica em pé, levanta, senta, ajoelha, segura alguns objetos com firmeza,
mas durante a pintura apreensão do pincel é bastante variável dentro do desenvolvimento
previsto conforme a literatura, consegue direcionar e apontar com o dedo o que deseja, imita
movimentos motores como abrir a massinha de modelar com os dedos e com rolo. Segundo
BOCK et al (2001) é através das habilidades físico-motoras que identificamos o crescimento
orgânico, a maturação neurofisiológica, ou seja, a capacidade de manipular os objetos e
exercitar o próprio corpo.
Neste estágio as crianças desenvolve a noção do objeto permanente, ou seja,
conseguem perceber que o objeto existe mesmo que não esteja em seu campo de visão. Algo
31

que percebemos durante as atividades com massinha de modelar e pintura com tinta T.
buscava por itens e objetos que não estavam ao seu alcance.

“A ideia de que os objetos possuem existência, características e localização


no espaço próprio independente - é fundamental para uma visão organizada da
realidade física. O conceito de objeto é a base para a consciência das crianças de que
elas mesmas existem separadamente dos objetos e das outras pessoas. Ele é
essencial à compreensão de um mundo repleto de objetos e acontecimentos”
(PAPALIA et al, pag.191, 2006).

Durante a aplicação das brincadeiras conseguimos verificar as aquisições intelectuais,


sendo por tanto, a habilidade de pensamento e raciocínio desenvolvidos por T., consegue
nomear e identificar alguns objetos como: cores de tintas e das massinhas de modelar, ele
nomeia e dá característica ao seu desenho e mesmo não respondendo verbalmente em alguns
momentos, comunica-se por gestos mostrando ou identificando o objeto solicitado. Na
atividade de encaixa geométrico ele conseguiu encaixar com independência mais de três
encaixes diferentes.
Segundo Bock et al (2001) as “aquisições sociais é a maneira como o indivíduo reage
diante das situações que envolvem outras pessoas”, diante disto T. demonstra independência
ao se engajar em todas as brincadeiras propostas, mesmo contando com a presença de um
recriador ele interage de forma espontânea na realização de seu desenho deixando
estabelecido as suas escolhas e desejos.

6.3.2. Criança de 6 anos de idade, sexo masculino (Pré-Operatório)

A segunda criança que participou das nossas observações foi JP do sexo masculino,
com seis anos de idade, que segundo Piaget está na segunda infância classificado como
estágio pré-operacional, que segundo PAPALI et al (2006) este é o segundo maior estágio que
marca seu início aproximadamente dos dois aos sete anos de idade, nesta fase mostra- se
através do aprimoramento da linguagem mesmo ainda não utilizando a lógica, ou seja, o uso
do pensamento é simbólico.
A primeira brincadeira foi a do boia ou afunda o que nós forneceu a perspectiva exata
sobre o uso do pensamento simbólico, pois durante a atividade JP ficou muito focado saber o
que aconteceria com o objeto não se preocupando em alguns momentos de responder as
perguntas do seu recriador se tal objeto boiaria ou afundaria focado apenas em ver o resultado
exato.
32

Ao longo da brincadeira JP se mostra inseguro em suas respostas, pois não sabe ao


certo o que aconteceria com objeto que seria colocado na água realizando contato visual com
o aplicador da atividade para saber se respondeu corretamente, JP entende que a atividade tem
uma causa e efeito mais ainda não consegue associar de maneira lógica que a causa e efeito
ocorre por conta do peso dos objetos.

“A função simbólica consiste na capacidade que a criança adquire de diferenciar


significantes e significados. Por meio de suas manifestações, a criança torna-se
capaz de representar um significado (objeto, acontecimento) através de um
significante diferenciado e apropriado para essa representação” (PIAGET apud
FREITAS, 2010).

A segunda atividade desenvolvida foi bola no cesto, JP teve que amassar folhas de
jorna e revistas e arremessa-las no cesto, demostrando um bom controle voluntário dos
movimentos, mantendo-se empenhado durante a brincadeira recebendo e arremessando
rapidamente a bola no cesto, mostrando competitividade e intergeração bastante reciproca
com seu recriador sempre o chamando para participar do jogo e pontuando seus erros e
acertos.

6.3.3. Criança de 7 anos de idade (Operações Concretas)

A nossa última análise foi realizada com uma criança de sete anos do sexo feminino
que iremos chama-la como E. Segundo Piaget E. está no final do período pré-operatório e no
início do período das operações concretas.
Segundo Bock et al (2001) o estágio pré-operatório é caracterizado pelo surgimento da
linguagem (desenvolve a fala), acelerando o pensamento, acarretando modificações nos
aspectos intelectual, afetivo e social da criança.

“No início do período, ele exclui toda a objetividade, a criança transforma o


real em função dos seus desejos e fantasias (jogo simbólico); posteriormente, utiliza-
o como referencial para explicar o mundo real, a sua própria atividade, seu eu e suas
leis morais; e, no final do período, passa a procurar a razão causal e finalista de tudo
(é a fase dos famosos “porquês”). E um pensamento mais adaptado ao outro e ao
real” (Bock et al, pág. 134).

Podemos perceber esse desenvolvimento da fala e do pensamento em E. durante a


realização da atividade “criação de história a partir de objetos” em que era entregues alguns
objetos e criativamente a criança foi contando a sua história, diferenciando o que real do
33

imaginário segundo suas crenças, suas ideias de moral e leis, pois quando conta sua história
ela faz associação do imaginário com o real, com o ambiente que está inserido e com a
situação que está vivenciando, em determinado momento ele entrega uma máscara descartável
para um dos seus personagens explicando a importância do uso e fazendo referência ao
momento pandêmico que estamos vivenciando.
Percebemos que E. desenvolve bem a aquisição psicomotora permanecendo sentada e
atenta a atividades durante períodos longos.
Para Bock et al (2001) o estágio das operações concretas é caracterizado pelo início da
construção lógica, compreendendo ponto de vistas diferentes, conseguindo trabalhar em grupo
e ao mesmo tempo mantendo sua autonomia.
Através da realização das brincadeiras percebemos que ela consegue estabelecer
corretamente as relações de causa, efeito, meio e fim, pois quando está contando sua história
consegue sequenciar ideias e os eventos que vão ocorrendo, pontuando as causas e efeitos
através da importância do uso da máscara, pontuando que o ursinho não pode sair sem a
autorização da mãe.
Portanto, através da realização de todas as brincadeiras identificamos que E.
compreende e coopera com as regras propostas, permanecendo sempre atenta aos
direcionamentos fornecidos por seu recriador, característica bem presentes neste estágio, pois
Piaget aponta que a compreensão e cooperação é a capacidade que vai sendo desenvolvida ao
longo deste período, facilitando principalmente o trabalho em grupo. As crianças que estão
nessa fase começam a elaborar suas próprias maneiras de organização de grupo, reconhecendo
as regras e normas presente como validas e verdadeiras.
34

7. DISCUSSÃO

Ao longo da realização do estudo de campo conseguimos identificar teoria de outros


autores de suma importância para o estudo do desenvolvimento humano que seguiram
diferentes perspectivas.
Erick Erikson assim como Freud estudou o desenvolvimento humano seguindo a
perspectiva psicanalítica, mas como vimos no capitulo que desenvolvemos sobre Freud
percebe-se que ele refere-se a sua teoria de desenvolvimento através do prazer. Já Erikson
relaciona sua teoria para o social, pois segundo ele a sociedade influencia o desenvolvimento
da personalidade.
Em sua teoria Erikson separou em oito estágios o desenvolvimento psicossocial em
nossa análise podemos notar três desses estágios: estágio muscular anal (dezoito meses aos
três anos), estágio locomotor genital (três aos seis anos) e estágio de latência (seis aos doze
anos). Conseguimos perceber a importância de cada estágio durante o nosso estudo de campo.
Verificamos que no estágio muscular anal os pais de T. estão iniciando o processo de
desfralde, ou seja, T. começa a desenvolver o controle de seus esfíncteres (necessidades
fisiológicas), começando a se tornar mais independente.
Já o JP se encontra no estágio locomotor genital que é caracterizado pela iniciativa
versus a culpa, a criança desenvolve a capacidade de iniciar e prosseguir as próprias
atividades e começa a demonstrar que tem vontade própria. Percebemos que JP desenvolve
bem essa habilidade quando convida o seu recriador para participar da brincadeira “bola no
cesto”, sendo assim JP impõe suas vontades.
O estágio de latência descrito por Erikson é estágio em que E. se encontra. Está fase é
descrita pelo teórico como o período da autoconfiança versus inferioridade, é marcado pela
introdução da criança no âmbito escolar, para adaptação desta nova rotina é necessário
autoconfiança, obtida através da aprendizagem. No relatório respondido pelos responsáveis de
E. podemos perceber que ela desenvolve bem essas habilidades, suas experiências sociais são
mais conscientes em intensas; sendo mais cooperativa e solidaria. Já está mais habituada com
o ambiente escolar mesmo não frequentando a escola por conta da pandemia.
Outra perspectiva importante para o desenvolvimento humano é da aprendizagem
desenvolvido pelos teóricos: Pavlov, Skinner, Watson e Bandura. Os três primeiros teóricos
vão apontar através de suas teorias que o comportamento dos indivíduos é controlado pelo
ambiente e que a experiência de cada um favorece a mudança de seu comportamento,
35

relacionando a aprendizagem com o desenvolvimento, ou seja, são aspectos adquiridos que


vão sendo aprendidos e modificados.
Ambas as crianças presentes no nosso estudo de caso se enquadram perfeitamente nas
teorias de Pavlov, Skinner e Watson, pois estão em constante processo de aprendizagem do
comportamento operante, que seria o comportamento aprendendo, ou seja, os ambientes que
estas crianças estão inseridas favorecem e influenciam comportamento e o processo de
aprendizagem através dos brinquedos, atividades e incentivo dos pais e familiares.
Bandura acredita na aprendizagem através da perspectiva social, pois segundo ele a
aprendizagem está relacionada à observação de modelos e reprodução do mesmo. Bandura
em sua teoria também irá falar sobre à auto eficácia que é desenvolvida na medida em que se
percebe a própria capacidade de vencer desafios e alcançar metas.
Todas as crianças presentes em nossa pesquisa estão no processo de desenvolvimento
descrito por Bandura, pois todas tendem a observar comportamentos e reproduzi-los durante o
seu processo de aprendizagem e convívio social.
Já Vigotski, dentro de sua teoria marxista, acredita que todos os fenômenos têm que
ser estudados como processos de transformação e que a linguagem e o pensamento do ser
humano, possui origem social. A cultura possui um grande pesar dento do desenvolvimento
humano da criança, assim para Vigotski, deste o nascimento é realizado uma interação
constante com os adultos.
No início das representações, as crianças possuem resultados naturais, especialmente
apresentados pela herança biológica e através do contato com os adultos, estes processos se
apresentam de forma mais complexa, o que nos é apresentado diante dos resultados expostos.
De forma sucinta, podemos observar neste estudo, que diversas teorias podem ser
aplicadas para explicar o desenvolvimento de uma criança ao ser apresentado algum tipo de
atividade que faça criar um estimulo físico ao longo dos estágios de crescimento.
36

8. CONCLUSÃO

Este estudo permitiu a aquisição de conhecimentos relacionados ao processo de


desenvolvimento de bebês, crianças e adolescentes. A partir das teorias de Jean Piaget,
observa-se que ele focou no processo de desenvolvimento cognitivo com base na ideia de que
as crianças constroem ativamente o conhecimento à medida que exploram e manipulam o
mundo ao seu redor.
Os quatro estágios da teoria de desenvolvimento cognitivo de Piaget correspondem à
idade da criança; eles incluem os estágios sensório-motor, pré-operacional, operacional
concreto e operacional formal. O estágio sensório-motor ocorre desde o nascimento até os 2
anos de idade e é caracterizado pela ideia de que os bebês “pensam” manipulando o mundo ao
seu redor. A fase pré-operacional ocorre dos 2 aos 7 anos e é caracterizada pela ideia de que
as crianças usam símbolos para representar suas descobertas. O estágio operacional concreto
ocorre dos 7 aos 11 anos e é caracterizado pela ideia de que o raciocínio das crianças se torna
focado e lógico. O estágio operacional formal ocorre dos 11 anos à idade adulta e é
caracterizado pela ideia de que as crianças desenvolvem a capacidade de pensar de maneira
abstrata.
Compreende-se que as crianças constroem ativamente o conhecimento à medida que
exploram e manipulam o mundo ao seu redor, sendo que à medida que as crianças crescem e
seus cérebros se desenvolvem, elas passam por estágios distintos, caracterizados por
diferenças no processamento do pensamento, sendo que cada estágio se baseia no
conhecimento aprendido no estágio anterior.
Com relação a Freud, ficou claro que ele acreditava que cada estágio do
desenvolvimento de uma criança, começando no nascimento, está diretamente relacionado a
necessidades e demandas específicas, cada uma baseada em uma parte específica do corpo e
todas enraizadas em uma base sexual. Freud ofereceu explicações dinâmicas e psicossociais
para o comportamento humano. Sua proposta em um processo desenvolvimento da
personalidade, que na infância ocorre durante cinco estágios psicossexuais, que são os
estágios oral, anal, fálico, latência e genital. Durante cada estágio, a energia sexual (libido) é
expressa de diferentes maneiras e por meio de diferentes partes do corpo.
No tocante as experiências obtidas no estudo de campo, identificou-se que o
comportamento de cada criança varia de acordo com a personalidade de cada uma, devendo-
se respeitar cada uma destas personalidades, pois cada criança tem sua própria identidade,
37

algumas têm maiores pretensões ao prazer e outras ao aspecto social, conforme foi possível
perceber nesta pesquisa.
Algumas crianças têm mais dificuldades em se socializar, outras têm mais facilidade
em se comunicar com os colegas, do mesmo modo ocorre com relação a autonomia para
realizar algumas atividades, algumas demandam um tempo maior e precisam ser estimuladas,
outras, possuem agilidade e autonomia para perceber as coisas a sua volta.
Foi observada a importância de cada estágio no processo de desenvolvimento de
bebês, crianças e adolescentes, por exemplo, observou-se nas atitudes de algumas crianças
que elas se encontravam no estágio locomotor genital, uma vez que elas demonstravam
sentimento de culpa e interesse em resolver a situação, demonstrando autonomia e vontade
própria. Também se percebeu crianças em estágio de latência, estas crianças demonstraram ter
autoconfiança na realização de algumas atividades, revelando-se ainda a questão do
cooperativismo e solidariedade em suas atitudes.
38

9. REFERÊNCIAS

BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Transi.
Psicologias, Uma Introdução ao Estudo de Psicologia, 13º edição, Ed. Saraiva, 2001.

BEE e BOYD. A criança e desenvolvimento. 12ª Edição. São Paulo. Editora Artmed. 2011

CORRÊA, R.G.L. A relação entre desenvolvimento humano e aprendizagem:


perspectivas teóricas. Psicologia Escolar e Educacional, SP. Volume 21, Número 3,
Setembro/Dezembro de 2017.

CHERRY, kendra; 2020; Estágios psicossexuais de desenvolvimento de Freud. Disponível


em: https://www.verywellmind.com/freuds-stages-of-psychosexual-development-2795962.

CRAIDY, Carmem; KAERCHER, Gládis E. Educação Infantil – Para que te quero? Rio
Grande do Sul: Artmed Editora S. A, 2001.

FADIMAN, J. & FRAGER, R. Teorias da Personalidade. São Paulo: Ed. Harbra, 1986.

FREUD, Sigmund. A sexualidade Infantil. Disponível em:


http://www.portalgens.com.br/filosofia/textos/a_sexualidade_infantil_freud.pdf.

HALL, Calvin Springer; LINDZEY, Garnder. Teorias da personalidade. São Paulo, E.P.U.,
1984.

JORGE, M. A. C; FERREIRA, N. P. Freud: Criador da Psicanálise. São Paulo: Ed. Zahar,


2002.

KUPFER, M.C. Freud e a Educação. O mestre do impossível. 2 ed. São Paulo: Editora
Scipione, 2006.

NUNES, C. A educação sexual da criança: subsídios teóricos e propostas práticas para


uma abordagem da sexualidade para além da transversalidade. Campinas, São Paulo:
Autores Associados, 2000.

PASQUALINI, J. C. A perspectiva histórico-dialética da periodização do


desenvolvimento infantil. Psicologia em Estudo, 2009.

PAPALIA, D. E; OLDS, S. W; FELDMAN, R.D. Desenvolvimento humano. 8a ed. Porto


Alegre: Artmed, 2008.

PIAGET, Jean. Autobiografia. in EVANS, Richard. Jean Piaget: o homem e suas ideias.
Rio de Janeiro: Forense, 1980. Pág. 125-153.

PIAGET, Jean. Seis Estudos da Psicologia. Tradução de Maria Alice Magalhães D’Amorim
e Paulo Sérgio Lima Silva. 24º edição. Ed. Forence Universitária, Rio de Janeiro, 1999.

RIBEIRO, André Elias Morelli. PRINCÍPIOS DO MÉTODO CLÍNICO DE JEAN


PIAGET: uma análise dos protocolos de pesquisa entre 1920 e 1922. Tese de Doutorado –
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências e Letras. Assis, 2018.
39

Você também pode gostar