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O sofrimento pela dor seria vencido por meio de seu aniquilamento o que
a sociedade do filme tenta alcançar com os remédios. No mundo
contemporâneo, em certa medida, buscamos soluções parecidas não
apenas para a dor, mas para tudo: para ter alegria, para dormir, para
acordar, para ter relacionamento sexual, para concentração, para
emagrecer, para engodar, para viver, para morrer.
Podemos refletir à sombra da personagem de Jonas, sobre o personagem
bíblico Jonas. O Jonas bíblico recebe do seu Senhor a ordem “Levanta-te! Vai a
Nínive, a grande cidade, e profere contra ela um oráculo, porque a maldade de
seus habitantes subiu até mim”. Prontamente Jonas levanta-se e coloca-se em
caminho contrário, fugindo a ordem dada sobre ele. Ele compra uma passagem
em um navio que iria em direção contrária a cidade que ele deveria ir, mas seu
Deus envia sobre o mar um vento violento que quase destrói a embarcação. Após
especulações dos marinheiros (tirar a sorte etc), Jonas é descoberto com o
causador daquele mal, assume a culpa e pede para ser jogado ao mar. Ele é
jogado ao mar e toda a tormenta se acalma. Jonas é engolido por um grande
peixe, permanece em seu interior durante três dias orando ao seu Deus que, após
esse período, vomita Jonas em terra firme. E, então, começa a missão de Jonas em
Nínive.
Percebemos com o livro de Jonas que todo aquele que precisa denunciar o
mal precisa ir contra a corrente de seus contemporâneos”. E este é o grande mal
estar do Jonas bíblico. Talvez em proporções diferentes, evidentemente, este é o
grande mal estar do Jonas do filme não querendo mais sua “tarefa”. Aceitar o
bem, o colorido, a alegria, o amor é deslumbrante, mas se confrontar com a dor, a
angústia, a tristeza, a morte é insuportável.
O sonho da “sociedade Ideal” não é novo, encontramos essa idealização no
livro “Utopia”, de Thomas Morus, onde o autor constrói uma sociedade ideal
onde existe paz, tolerância religiosa, respeito etc. Sua obra é uma crítica a
sociedade inglesa de sua época onde a justiça é cega, existe roubo, crimes,
crueldade e perseguição religiosa. O autor apresenta então Utopia (1516),
terminologicamente “u” é advérbio de negação de “topos” (lugar), ou seja,
refere-se a um lugar que não existe e este seria a sociedade perfeita, impraticável
(lugar sem advogados).
O lugar ideal e feliz nos remete também a ilha da ninfa Calipso. Luc Ferry,
em seu livro “A sabedoria dos mitos gregos: aprender a viver II”, descreve o
episodio presente na “Odisséia” de Homero. Após dez anos de intensa guerra
entre gregos e troianos, Ulisses consegue a vitória por meio do desfecho astuto
conhecido por nós como o presente de grego que teve como desfecho uma
verdade carnificina. Mas, terminada a guerra, Ulisses poderia retornar para casa,
para o LAR, e reencontrar para sua mulher Penélope e seu filho Telêmaco. Por
conta desta guerra (Éris, discórdia) Ulisses fica anos afastado de seu local
natural, o seu lugar no universo, entre os seus. Terminada a guerra seu desejo é
retornar para casa. Mas nada é tão simples (filme), sua viagem de volta demora
mais dez longos anos. No seu retorna ele tem que ficar um tempo na Ilha de
Calipso uma deusa de secundo escalão, mas encantadora, sublime e com poderes
sobrenaturais que se apaixona por Ulisses. Calipso apaixona-se perdidamente
por Ulisses e resolve manter prisioneiro o seu amante. Interessante saber que
Calipso vem do verbo calyptein que significa esconder. Tudo em sua ilha é
maravilhoso, bonito, lindo, verdejante, frutífero, o clima maravilhoso e as ninfas
servem Calipso e Ulisses. Mas ele não esquece de casa e quer voltar a qualquer
preço para Ítaca ficando todas as tardes desesperado chorando em frente ao mar.
A deusa Atena, por várias razões dentre elas por Páris não a ter escolhido, vendo
o sofrimento de Ulisses pede a Zeus que envie Hermes (mensageiro) para
obrigar a Calipso libertar o amado. Mas Calipso, antes de obedecer, tenta mais
uma vez convencer Ulisses a ficar na Ilha com ela oferecendo a “ imortalidade”
(desejo de todo mortal) e acrescenta a oferta beleza e vigor, ou seja, juventude e
imortalidade (detalhe: a Deusa Aurora implorou a Zeus que torna-se seu amado
imortal, Tithonus, mas esqueceu de pedir a juventude; seu amado tornou-se
imortal mas ficou ressequido, carcomido com o passar do tempo, parecendo uma
crosta velha, que Aurora acabou por transformar em uma cigarra). Mas Ulisses
recusa a proposta de Calipso. Oferta totalmente sedutora: vida eterna, juventude
eterna, viver num paraíso, servidão eterna, amor eterno. Mas não é apenas disso
que a existência humana necessita, “uma vida bem sucedida de mortal é muito
superior a uma vida fracassada de imortal”.
g) Identificação da cor vermelha (latim: pequeno verme; retirado de um
inseto conhecido como cochonilha responsável pelo corante carmim):
também conhecido como escarlate ou encarnado formado pelos maiores
comprimentos de onda visíveis ao olho humano. Já foi considerado a cor
da pureza. Símbolo do amor e da fidelidade. Na mitologia sua origem vem
do sangue de Adônis. Cor de Afrodite. Para os cristões o vermelho é o
sangue que espanta os demônios (Egito) e é pelo sangue de Cristo que
consideram a salvação.
h) Objeto de conforto/o poder de nomear: brinquedo, abstração. Nomear é
importante, pois quando nomeamos reconhecemos conceitualmente o
objetivo nomeado. Só nomeando temos o poder do conhecimento. Um
exemplo dentro da religião Cristã: Jesus e o nome dos demônios (Marcos,
capítulo 5:9 - E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? E lhe respondeu, dizendo:
Legião é o meu nome, porque somos muitos.
Alhures: Morte (o conceito de morte não existe). Vida. Controle. Pena de morte.
Hannah Arendt (Eichmann em Jerusalém) cobre o julmento de Eichamann e o descreve
como “alguém terrível e horrivelmente normal”.
“Não eliminados o homicídio e sim o levamos para dentro de casa”.