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Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Módulo 3:
Controle de Pragas e
Doenças
Chegamos ao módulo 3 do curso, que trata do Controle de Pragas e
Doenças.
Já passamos pelo preparo do solo e pelo plantio, agora precisamos cuidar
bem do investimento.
Neste módulo você vai conhecer as principais pragas e doenças que podem
atingir uma floresta plantada, bem como saber o controle adequado para
plantas daninhas e casos de incêndios.
Vamos lá?

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Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Este módulo é composto de quatro aulas. Conheça os assuntos que serão


tratados em cada uma:

Aula 1 - Controle de Pragas


• Principais pragas do eucalipto
• Formigas Cortadeiras
• Lagartas e Besouros Desfolhadores
• Insetos Aneladores
• Insetos Broqueadores
• Insetos Sugadores
• Insetos Galhadores

Aula 2 - Controle de Doenças


• Principais doenças do eucalipto
• Outros distúrbios e danos ao eucalipto
• Manejo integrado de doenças

Aula 3 - Controle de Plantas Daninhas


• Interferência de plantas daninhas sobre o
eucalipto
• Fatores que afetam a aplicação de herbicidas
• Identificação das plantas daninhas
• Formas e períodos de controle
• Melhoria na qualidade da aplicação
• Eficiência no controle de plantas daninhas
• Equipamentos e sistemas para aplicação

Aula 4 - Incêndio Florestal


• Principais causas de incêndios florestais
• Classificação dos combustíveis florestais
• Classificação das formas de incêndio florestal

Pronto(a) para começar a primeira aula?

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Aula 1:
Controle de
Pragas
Quando se substitui uma área de vegetação nativa, ou mesmo uma capoeira
ou uma cultura agrícola, por uma plantação de eucalipto, por exemplo, são
promovidas mudanças na presença dos animais no local. Quanto maior a
área substituída, maiores serão tais modificações.
No caso de insetos é provável que, além daqueles que já são pragas do
eucalipto, apareçam outros que possam, posteriormente, se tornar pragas
dessa cultura.
Conviver com insetos-pragas é natural em qualquer lugar e circunstância.
O importante é estabelecer medidas de controle que permitam explorar o
eucalipto de forma econômica.

O aumento de pragas nas plantações de eucalipto,


muitas vezes, se dá pela entrada de insetos
provenientes de outros países ou regiões. Por isso, é
necessário cautela em relação à aquisição de mudas
que venham de fora do estado.

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Principais pragas do eucalipto


São pragas do eucalipto: as formigas cortadeiras, alguns tipos de cupins
e outros insetos desfolhadores (lagartas e besouros), aneladores,
broqueadores, sugadores e galhadores. Formigas e cupins são os primeiros
insetos-pragas em campo com os quais o produtor tem de se preocupar.

Formigas cortadeiras
Pode-se afirmar que a formiga é, sem exagero, a principal praga do
eucalipto no Brasil. O produtor que plantar eucalipto e não fizer o devido
combate a esse inseto terá uma enorme perda devido ao desfolhamento
que as formigas provocam.

Esquerda: ninhos de formigas cortadeiras no Mato Grosso do Sul;


Direita: ataques de formigas em eucalipto.

De olho nos valores


Fique atento!
Na colheita final, o ataque de formigas pode
diminuir a produção de madeira de eucalipto
em até 13%. Quando não há nenhum controle,
registram-se casos de perda total do plantio.
Lembre-se que esses fatores precisam ser
colocados nas planilhas de custo da produção e na
hora de precificar os produtos!

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A quantidade de isca a ser aplicada em um formigueiro é calculada


multiplicando-se a dosagem recomendada pelo fabricante (geralmente
entre 6 e 10 g) pela área ocupada pela terra solta do formigueiro em metros
quadrados. Existem duas maneiras para cálculo da área:
a. método da área total de terra solta e
b. método de área estratificada.

Método da área total de


terra solta:
Área resultante da
multiplicação do maior
comprimento (CD) pela
maior largura (AB) da área
ocupada pelos montes de
terra do formigueiro.

Método de área
estratificada:
Área resultante da soma
das áreas individuais de
cada monte de terra solta.
Existem diversas variações
desse método, o mais usado
é aquele que considera
cada monte de terra solta
como um formigueiro
independente.

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O combate aos formigueiros, com o uso de iscas, pode ser realizado de


duas maneiras: combate localizado ou combate sistemático.

Consiste em distribuir os trabalhadores alinhados


Combate no campo e distanciados, entre eles, de 3 a 5 m, para
localizado: que percorram a área combatendo os formigueiros
ao encontrá-los.

Consiste em distribuir o formicida na área de


plantio independentemente da localização dos
formigueiros. A aplicação de isca formicida é
Combate
feita em dosagem única por metro quadrado
sistemático: (geralmente, 3 a 5 gramas por cada 6 m2 de área
de plantio).

• Nunca aplicar as iscas dentro do olheiro ou


sobre o carreiro, pois as formigas podem
devolver o produto para desobstruir o canal ou
limpar a trilha. As iscas devem ser colocadas
em época seca, próximo da entrada (10 a 15
cm) de olheiros isolados, murunduns e boca
seca, e também ao lado de carreiros ativos.

• A estratificação da área do formigueiro reduz


em três vezes a quantidade de isca a ser
aplicada, em comparação com a área total,
sem reduzir a eficiência do combate.

• Consulte um técnico sobre o melhor método a


ser usado.

Os formigueiros podem ser controlados também por termonebulização.


É um método eficiente para eliminar formigueiros de todos os portes,
pois não depende das condições climáticas, promovendo ainda rápida
paralisação das atividades da colônia. Todavia, tem as seguintes restrições:
constantes manutenções de equipamentos, necessidade de treinamento
para os operadores, dificuldade de transporte dos equipamentos em áreas
extensas e riscos de incêndios.

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O combate aos formigueiros deve ter início dois meses


antes do plantio. Um novo controle deve ser feito 15
dias antes do preparo do solo, englobando, além da
área do plantio, o seu entorno.

As avaliações no campo devem ser feitas por talhão, na seguinte sequência


de intervalos:
a. semanais, no primeiro mês após o plantio ou no aparecimento das
brotações, no caso de um segundo ciclo em talhadias;
b. quinzenais, durante os dois meses seguintes;
c. mensais, por mais quatro meses; e
d. anualmente, após a plantação completar 12 meses de idade.

O monitoramento de formigas cortadeiras serve


para aumentar a eficiência, reduzir os custos com o
controle e diminuir o impacto ambiental decorrente das
aplicações exageradas de inseticidas.

A amostragem de formigas cortadeiras pode ser feita pelos


métodos da parcela ao acaso ou por transecto em faixas.

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Parcelas de 720 a 1.

formigueiro

Método da parcela ao acaso:


árvore
Costuma-se usar parcelas com
áreas entre 720 e 1.080 m2,
com largura correspondente ao
espaçamento de 2 a 3 linhas de
plantio, para facilitar sua marcação
no campo. Normalmente, utiliza-se
uma parcela a cada 3 e 5 ha.

Método por transecto em faixas:


São parcelas de comprimento variável, igual ao da linha
de plantio, e largura variando, de 2 a 3 entrelinhas, em
intervalos diferentes de acordo com o plano de amostragem.

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Os cupins atacam a raiz pivotante e as raízes finas em plantas jovens de


eucalipto causando o murchamento e depois o secamento das folhas. Os
danos promovem desuniformidade no povoamento e obrigam o produtor
a gastar recursos com o replantio, aumentando os custos.
Para o controle dos cupins, usa-se como ferramenta inicial o monitoramento,
que deve ser feito por meio de amostragem antes e depois do plantio.

Mão na terra
O monitoramento de cupins pode ser feito com a
instalação de iscas de papelão no solo, na densidade
de uma isca/ha. Tais iscas devem ser avaliadas
depois de 30 dias e, a partir do resultado, elabora-
se um mapa de infestação indicando as áreas de
maior risco de dano.

Nas áreas de maior risco, recomenda-se o tratamento das mudas a serem


plantadas com uma calda inseticida composta de uma solução de fipronil
a 0,4 kg do ingrediente ativo/100 L de água, juntamente com o fosfato
monoamônio (MAP), que tem a função de estimular o desenvolvimento das
raízes. Em última instância, pode-se substituir o MAP por NPK 6+30+6,
utilizando-se a mesma dosagem (de 1,0 a 1,5 kg/100 L de água).

• O produtor pode gastar desnecessariamente


se aplicar a calda inseticida sem a realização do
monitoramento.

• Com o monitoramento, a redução do uso de


inseticidas químicos é expressiva, sendo em média
acima de 60%, variando de aproximadamente 50
até 100%, em algumas regiões.

• Existem dados que mostram perdas expressivas na


produção do eucalipto, da ordem de 10%, devido ao
ataque de cupins às mudas.

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Na fase pós-plantio, devem ser amostradas as linhas de plantio, contando-


se, em cada linha, a porcentagem atacada de mudas, considerando-se
como nível de controle a porcentagem de 2 a 5% de mudas afetadas.

Lagartas e besouros desfolhadores


São insetos que merecem maior atenção de quem planta eucalipto.
O consumo de folhas por lagartas, em eucalipto, pode chegar a até 100%
da massa foliar, reduzindo a área fotossintética da planta.

Ataques sucessivos causam redução no crescimento


vegetal e morte de plantas novas.

As lagartas desfolhadoras ocorrem esporadicamente, em surtos, e por


isso o uso de parasitas e parasitoides não tem tido um resultado eficaz,
apesar de relatos desse tipo de controle.
O controle mais utilizado e eficaz tem sido com a bactéria Bacillus
thurigiensis (Berliner), comercializada sob o nome Dipel, que, após ser
ingerida, mata as lagartas pela ruptura de seus intestinos.

Produtores e técnicos do Distrito Federal e de Goiás


devem ficar atentos com a lagarta parda (Thyrinteina
arnobia) do eucalipto, uma vez que ela tem tido maior
ocorrência no Brasil.

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Predadores também contribuem para o controle das lagartas


desfolhadoras. Destacam-se os pássaros e alguns insetos sugadores
(hemípteros) das famílias Pentatomidae e Reduviidae.
O controle químico deve ser feito somente quando as demais alternativas
tiverem sido tentadas sem êxito.

Esse controle deve ser feito apenas com produtos


registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA).

Besouros desfolhadores
De todos os besouros, o Costalimaita
ferruginea (besouro-amarelo-do-
eucalipto) já tem registro de ataques
na área de expansão das plantações
de eucalipto no Brasil. Plantadores
de Eucalyptus urophylla e/ou
urograndis devem ficar de olho, pois
existem trabalhos mostrando que o
besouro parece não gostar muito do
Eucalyptus camaldulensis; gostar
mais ou menos de E. citriodora e do E.
pellita; mas gostar especialmente das
folhas do urophylla e do urograndis.

A presença do inseto ocorre no início do período de


chuvas e costuma causar um bom prejuízo. Pode
destruir até ¾ da copa do eucalipto, ocasionando um
prejuízo de 10% no volume de madeira.

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Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Insetos aneladores
Os insetos aneladores são os insetos-praga que merecem maior atenção
de quem planta eucalipto. No caso de ocorrência, o controle deve ser o
seguinte:
• Anualmente, coletar os galhos alguns meses após o encerramento total
da atividade dos aneladores. Deve-se estender a coleta até as áreas no
entorno do povoamento, abrangendo, inclusive, florestas nativas que
apresentem infestações, se possível;
• Os galhos coletados devem ser postos em uma vala (trincheira) de 1,0
m x 1,0 m (largura x profundidade) e comprimento variável conforme
cada caso;
• Cobrir a trincheira com uma tela com malha que permita a saída de
microhimenópteros parasitoides das larvas de Oncideres e reter os
espécimes adultos.

Esse processo de cobrir a trincheira objetiva o aumento


da pressão desses parasitoides nas florestas, fato que
não ocorre no caso da queima dos galhos.

A coleta de galhos também deve ser realizada ao final do ciclo de cultivo.


No corte raso do povoamento, coletam-se os galhos com as larvas para
evitar futuras infestações.
A alternativa de controle promissora é a utilização de armadilhas do tipo
frasco caça-moscas, com o extrativo de tanino ou o melaço como isca.

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Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Não se recomenda a queima dos galhos, para evitar


Cuidado
Ambiental incêndios florestais.

Insetos broqueadores
Os insetos broqueadores não assumem muita importância como pragas
do eucalipto na região de expansão da eucaliptocultura no Brasil, embora
haja ocorrência em Minas Gerais. O principal é a coleobroca Phoracantha
semipunctata.

Insetos sugadores
As armadilhas devem estar sempre próximas aos ramos mais jovens da
planta, assim o efeito será mais eficaz.
O percevejo-bronzeado já foi registrado nos estados de São Paulo, Paraná,
Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Minas Gerais e Mato Grosso do
Sul.
São hospedeiros do percevejo-bronzeado as espécies e clones híbridos
de Eucalyptus, incluindo E. camaldulensis, E. tereticor-nis, E. viminalis, E.
grandis, E. dunnii, E. saligna, E. benthamii, E. grandis x E. camaldulensis, E.
grandis x E.urophylla, E. urophylla x e E. camaldulensis.
O inseto é um sugador, que na fase adulta mede 3,0 mm de comprimento,
tendo um corpo achatado, com cor marrom clara e hábito gregário. Os
ovos são pretos e encontrados nas folhas das árvores, contribuindo para
o reconhecimento das plantas infestadas.

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Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Da esquerda para a direita: adulto, ninfa, ovos e infestação no campo.

O percevejo-bronzeado causa
queda de folhas, diminui a área
fotossintética e pode levar à morte
as árvores. Os sintomas começam
com o prateamento das folhas,
que assumem, aos poucos, tons
de marrom e vermelho e se tornam
bronzeadas no final. Esses sintomas
alteram a coloração da copa das
árvores, possibilitando, assim, a
sua identificação à distância.
Esta imagem mostra os danos
causados pelo percevejo
bronzeado.

O controle com o inimigo natural, parasitoide de ovos, Cleruchoides


noackae, tem avançado no Chile e no Brasil. Outros trabalhos estão
sendo realizados em busca de controle dessa praga.

• O percevejo-bronzeado consegue desenvolver e


produzir descendentes férteis em temperaturas
entre 14 e 30 ± 1 °C, por isso, tem possibilidade de
ocorrência em toda a área de expansão do eucalipto
no Brasil.

• Em qualquer suspeita da ocorrência do inseto, solicite


apoio a um técnico.

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Características físicas do psilídeo-de-concha:

Quando adultos, a cor varia


de amarelo a amarelo-claro
ou amarelo-esverdeado,
apresentando pequenas
manchas de cor marrom,
preta e vermelha pelo corpo
(Figura A). Sua infestação é
bem característica, uma vez
Inseto adulto (A), infestação (B),
fumagina (C) e seca de que são observados conjuntos
ponteiros (D). de conchas na superfície das
folhas.
O psilídeo-de-concha suga as
folhas (Figura B), reduz, enrola e deforma o limbo foliar e induz o
aparecimento de fumagina (Figura C), diminuindo, desse modo,
a área fotossintética e acelerando a queda de folhas maduras.
Por fim, causa um superbrotamento ou “envassouramento” e a
seca de ponteiros (Figura D), reduzindo, assim, o crescimento
da árvore e ocasionando a morte dos brotos apicais dos ramos
e, por vezes, da planta como um todo.

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Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

O monitoramento do inseto é
feito com armadilhas amarelas
adesivas (conforme figura
ao lado), coleta de folhas e
observação visual. Devem
ser vistoriadas todas as áreas
florestais, principalmente em
plantios jovens (até um ano e
Monitoramento de psilídeo-de-
concha com armadilha amarela meio).
adesiva.

Por ser muito caro, o uso de inseticida sistêmico é inviável em longo


prazo. Tem-se indicado como método mais eficiente o controle biológico
com o parasitoide Psyllaephagus bliteus, que tem proporcionado até 80%
de controle.

Infestações de psilídeo-de-concha são facilmente


reconhecidas pelas conchas cônicas brancas
secretadas pelas ninfas. Árvores muito atacadas
costumam apresentar gotejamento de uma espécie
de mel e queda de conchas velhas.

Insetos galhadores
Os principais insetos desse grupo são a vespa-da-galha do
eucalipto (Leptocybe invasa) e a microvespa-do-eucalipto-citriodora
(Epichrysocharis burwelli). Na região de expansão das plantações
florestais no Cerrado brasileiro, a preocupação deve ser com a vespa-da-
galha, pois ela tem ocorrido em alguns estados da região de expansão das
plantações de eucalipto no Cerrado.

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Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Inseto-praga Ocorrência Nome Espécies atacadas


científico

Eucalyptus grandis; E. urophylla;


E. urograndis; E. grandis x E.
BA, MA, PE,
camaldulensis; E. saligna; E.
TO, SP, PR, Leptocybe
Vespa-da-galha botryoides; E. bridgesiana; E.
BA, MG, MS, invasa
cinerea; E. globulus; E. gunnii; E.
ES, RS
nicholii; E. pulverulenta; E. robusta;
E. rudis; E. tereticornis; E. viminalis

Fonte: FREITAS (1979).

A infestação com a vespa-da-galha é observada durante todo o ano. A


injúria causada pelo inseto é a presença de galhas na nervura central, no
pecíolo e em hastes de plantas jovens.

Presença de galhas no pecíolo das folhas (A) e nas galhas em


plantas jovens (B).

A vespa-da-galha tem uma particularidade


importante: de modo geral, só há fêmeas, que dão
origem a novas fêmeas. Por isso, o potencial de
crescimento populacional é enorme.

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Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

• Como há variações entre os clones quanto à


suscetibilidade à vespa-da-galha, recomenda-
se buscar informações com um técnico sobre
como se comportam, em relação a essa praga,
os clones com potencial para plantio em seu
empreendimento.

• Realizar inspeção das mudas no viveiro, para


comprar apenas aquelas de qualidade e isentas
da presença da vespa-da-galha.

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Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Aula 2:
Controle de
Doenças

Principais doenças do eucalipto


As doenças que podem ocorrer em eucaliptais são: ferrugem do eucalipto,
mancha de Cylindrocladium, mancha de Aulographina, mancha de
Teratosphaeria e Mycosphaerella, mancha de Cryptosporiopsis, mancha
de Harknessia, mancha de Coniella e cancro de Quambalaria, murcha
bacteriana, murcha de Ceratocystis, cancro do eucalipto, enfermidade
rosada ou rubelose do eucalipto, cancro e podridão-branca de Inocutis,
cancro de Coniothyrium, cancro de Cytospora, cancro de Botryosphaeria,
cancro de Crysoporthe e estromas negros de Hypoxylon.
A seguir, será possível saber um pouco mais sobre as principais doenças
de ocorrência no Brasil.

Ferrugem do eucalipto
A ferrugem do eucalipto é causada pelo fungo Puccinia psidii e se desenvolve
melhor quando a temperatura varia entre 18 e 25 ºC (principalmente aos
23 ºC), quando há orvalhamento noturno ou garoas por mais de 6 horas,
por 5 a 7 dias seguidos, e a presença de folhas jovens.

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Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Sintomas de ferrugem em eucalipto.

Os níveis de severidade da doença estão representados pela escala


diagramática, que compreende quatro diferentes graus da doença:

Planta isenta de sintomas (planta sadia).

Poucas pústulas de ferrugem (difícil de


serem encontradas).

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Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Pústulas normais de ferrugem, esparsas ou


em agregados de pústulas abundantes, nos
limbos e folhas novas.

Plantas com pústulas normais abundantes,


podendo haver necrose das porções
atacadas.

Espécies de eucalipto mais atacadas pela ferrugem:


Eucalyptus grandis, E. cloeziana, E. dunnii, E.
benthamii, E. phaeotricha, E. globulus e E. nitens.

Espécies de eucalipto mais resistentes ao ataque


da ferrugem: Eucalyptus citriodora, E. torreliana, E.
camaldulensis, E. microcorys, E. pellita, E. pilularis, E.
propinqua, E. resinífera, E. robusta, E. saligna, E. tereticornis
e E. urophylla. Em regiões favoráveis à ferrugem, não
utilizar plantios seminais de Eucalyptus grandis (de
procedência da África do Sul e Coff´s Harbour 9583).

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Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Lá na fazenda Rio Novo


O Marcos, técnico do Senar, comentou com a
gente que além do uso de espécies ou clones
delas derivados, existem outras práticas que
podem diminuir o ataque, como: o uso de mais de
um clone na área de plantio (mosaicos clonais); a
utilização de clones com crescimento precoce; e
o controle químico.

Para utilizar o controle químico, o produtor deverá


pedir o aconselhamento de um técnico para que ele
indique o produto autorizado pelo MAPA, a dosagem, a
forma de aplicação e a periodicidade de uso correta.

Murcha bacteriana
Ralstonia solanacearum é o agente que causa a murcha bacteriana que
ataca os eucaliptos Eucalyptus grandis, E. urophylla e seus híbridos.
São consideradas condições favoráveis para o desenvolvimento dessa
doença o plantio em áreas recém-desmatadas, o enovelamento de raízes,
temperatura e umidade elevadas. São portas de entrada para o agente o
enovelamento radicular e as trincas na casca na base do caule. As trincas
são causadas por temperatura excessiva do solo, déficit hídrico e/ou
afogamento do coleto.
Como prevenção, recomenda-se plantar mudas novas e sadias, com parte
aérea e um sistema radicular bem formados e, no momento do plantio,
evitar danos nas raízes e afogamento do coleto. Além disso, é importante
efetuar inspeção constante e desinfestar implementos utilizados em tratos
culturais e corte da floresta.

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Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Murcha de ceratocystis
O causador dessa doença é o
Ceratocystis fimbriata, que tem
ocorrência registrada em áreas de
Cerrado da Bahia, Maranhão, Minas
Gerais, São Paulo e Mato Grosso do
Sul. As condições favoráveis para o
seu desenvolvimento são a umidade
e as temperaturas elevadas, bem
como os ferimentos na planta. Como
controle preventivo, recomenda-se
o isolamento de áreas afetadas, a
destruição das plantas doentes e
de suas vizinhas, a desinfestação
dos implementos utilizados em
tratos culturais e o corte da floresta
plantada. É importante que o Murcha de Ceratocystis.
monitoramento do plantio seja feito
de forma contínua.

Cancro do eucalipto
O principal agente causador
do cancro é o fungo de nome
Chrysoporthe cubensis. Suas
preferências são os Eucalyptus
grandis e saligna. De norte a sul
do Brasil, têm-se encontrado
danos, até de importância
econômica, causados pelo cancro
de chrysoporthe em condições
nas quais as temperaturas médias
são maiores do que 23 ºC e a
pluviosidade supera os 1.200 mm
de chuva por ano. O ataque do
fungo parece ser maior em regiões
com déficit hídrico acentuado,
Sintomas de cancro no
seguido por estação de chuvas eucalipto.
intensas.

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Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Esse tipo de cancro tem como controle preventivo o uso de clones ou


espécies de eucaliptos com maior tolerância. Há que se ter, também,
bastante atenção ao balanço nutricional das plantas, uma vez que a
deficiência de boro, junto com condições ambientais favoráveis, leva a
rachaduras naturais na base do tronco que facilitam a invasão por agentes
fitopatogênicos.

• A presença de ferimentos provocados por


insetos, ventos, granizo e práticas silviculturais
são condições favoráveis à doença.

• Ataca casca, câmbio e lenho.

Os principais sintomas da doença são o trincamento na base, feridas


típicas, anelamento na base, pau-preto e quebra pelo vento.

• A finalidade, a capacidade de rebrota e o


rendimento volumétrico podem limitar o uso de
espécies imunes, como Eucalyptus paniculata, E.
robusta, Corymbia citriodora, E. camaldulensis,
E. tereticornis e E. pilularis. Também é
interessante a produção de híbridos vigorosos e
resistentes de E. grandis e E. urophylla.

Outros distúrbios e danos ao eucalipto


Existem doenças que não são causadas por fungos, bactérias ou vírus,
e sim por outros fatores ambientais. São vários fatores que ocasionam
tais problemas de saúde nos eucaliptos. Entre eles, destacam-se: danos
radiculares, falta de água, excesso de umidade, estiolamento, afogamento
de coleto, queima do coleto, canela-preta, queima por geada, estragos
por granizo, queima por fogo, quebra de árvores pelo vento, desequilíbrio

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Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

nutricional e toxidez por adubos, fungicidas, herbicidas e inseticidas.


Há também casos, um pouco diferentes, como gomose e pau-preto do
eucalipto e, também, a seca de ponteiros do eucalipto do Vale do Rio Doce
(SPEVRD).

Distúrbios radiculares
Os distúrbios no sistema radicular distúrbios no sistema radicular
Ou seja, raízes malformadas
provocam um menor crescimento das ou deformadas.
plantas no campo e as deixam com menor
capacidade de competição com plantas
daninhas.

As plantas podem morrer durante períodos


de estiagem por causa do enovelamento e do
estrangulamento das raízes.

O controle deve ser preventivo, descartando as mudas malformadas


e aquelas que, por terem passado muito
tempo no viveiro, apresentem a parte aérea aérea desproporcional
ao sistema radicular
desproporcional ao sistema radicular.
É a relação raiz /
parte aérea.

Distúrbios devidos a déficit hídrico


O déficit hídrico pode levar à ocorrência de lesões nas folhas, no formato
de “V” invertido. No caso de falta excessiva de água, a planta seca e as
folhas tomam o aspecto de palha. Sob déficit hídrico moderado, mas
contínuo, as plantas costumam reduzir o crescimento, arroxearem as
folhas e apresentarem queima foliar.

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Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

É recomendável que produtores localizados


em regiões com déficit hídrico procurem o
aconselhamento de um técnico sobre os materiais
genéticos mais tolerantes a tal situação climática.

No campo, recomenda-se utilizar hidrogel durante o plantio


e clones mais tolerantes à seca, como I-144 (“urograndis”).

Excesso de umidade no ar e no solo


No terreno de plantio, drenagem deficiente ou lençol freático alto podem
ocasionar clorose das plantas, com arroxeamento posterior e até mesmo
secamento e morte. Indica-se, como controle preventivo, evitar o plantio
em locais onde possam ocorrer alagamentos ou encharcamentos.

Afogamento de coleto
O sintoma inicial é a ocorrência
de tonalidade dourada da copa,
Certo
Errado
plantio
seguido de um arroxeamento,
fundo terminando com o secamento e
morte da planta. Observa-se, em
alguns casos, um anelamento no
caule, na linha do solo, logo acima
da área lesionada.
O principal cuidado para evitar o
afogamento do coleto é, durante
o plantio, colocar a muda no nível
Modo correto de plantio das mudas em do solo.
contraste com plantio inadequado, causador
de afogamento do coleto.

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Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Assamento de coleto
O assamento do coleto predispõe a planta à ação de agentes infecciosos,
como é o caso de fungos que causam cancro e/ou murcha. O problema
de assamento torna-se mais grave quando há déficit hídrico, afogamento
do coleto e temperaturas elevadas, principalmente se o solo ao redor da
planta é coberto com plástico preto.

É recomendável a retirada de qualquer tipo de


material que possa promover o aumento da
temperatura da superfície do solo e evitar plantar
materiais genéticos não adaptados às regiões com
elevada temperatura.

Canela-preta
Anelamento do coleto, e/ou ao longo do caule, promove, no início do
crescimento, um arroxeamento e murcha das mudas plantadas. Às
vezes, são observados trincamentos e descolamentos da casca no local
lesionado. Minicancros podem ser vistos, assim como brotações abaixo da
área afetada. Difere-se da canela-preta de origem biótica pelo fato de não
ocorrer esporulação de Cylindrocladium spp.

De forma preventiva, não é recomendável utilizar


mudas que passaram demasiado tempo no
viveiro e que, por isso, apresentam a parte aérea
desproporcional ao sistema radicular. As mudas
devem ser bem enfolhadas, com boa arquitetura,
sistema radicular bem formado e agregado.

113
Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Queima por geada


O frio excessivo promove a queima das hastes e das folhas novas, devido
à baixa temperatura. A geada induz à presença de pequenos cancros
nos troncos e nos galhos, arroxeamento e bronzeamento da copa e pode
ocasionar morte da planta.

Recomenda-se o plantio de espécies ou clones


tolerantes ao frio. Porém, geada só é possível de
ocorrer na região de expansão do eucalipto no
Cerrado em situações muito específicas.

Estrago por granizo


No campo, para injúrias mecânicas no caule, trincamento da casca e
morte da planta quando a intensidade do granizo é grande não há medidas
de controle.

Queima por fogo


A queima por fogo provoca a carbonização da casca e do tronco, fazendo
com que fiquem com uma cor negra, e pode ocasionar morte da planta.
Quando as plantas não morrem, meses depois, observam-se brotações ao
longo do tronco e dos galhos.

Quando a finalidade do plantio é celulose,


árvores queimadas são rejeitadas, uma vez
que o carvão não é eliminado no processo
de branqueamento da polpa.

114
Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Quebra de árvores pelo vento


Algumas medidas para reduzir o risco este risco são plantar materiais
genéticos resistentes e evitar plantios em locais onde haja possibilidade de
formação de corredores de vento. E. grandis e seus híbridos, geralmente,
resistem mais aos ventos fortes que E. urophylla e seus híbridos.

Desequilíbrio nutricional
O reflexo no povoamento depende dos nutrientes. Recomenda-se
análise de solo e de folhas com base em programa de acompanhamento
nutricional.

Fitotoxicidade por fertilizantes


Os sintomas são queima, clorose, encarquilhamento foliar, anelamento
nas inserções do pecíolo e dos ramos.
Dificilmente ocorre no campo. Para evitar, deve-se fazer a aplicação de
fertilizantes nas quantidades indicadas pela análise de solo e planta; não
adubar em períodos muito quentes do dia; e impedir o contato direto
entre adubo e partes da planta. No caso de suspeita de excesso de
fertilizantes, promover irrigação buscando lavar tal excesso.

Fitotoxicidade por fungicidas, herbicidas e


inseticidas
São variáveis e dependentes do produto aplicado. Em ação por contato,
é comum a observação de encarquilhamento foliar e secamento dos
ponteiros. Para evitar, recomenda-se utilizar produtos não tóxicos,
nas doses e frequências mínimas indicadas no produto, separar os
equipamentos de aplicação de inseticidas, fertilizantes, herbicidas e
fungicidas.

115
Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Manejo integrado de doenças


Apesar do controle químico ter assumido uma posição de destaque na
proteção das plantas, a preocupação da sociedade com o impacto de tal
prática sobre o ambiente vem alterando esse cenário. As pressões sociais
têm levado ao desenvolvimento de sistemas de cultivo mais sustentáveis
e, portanto, menos dependentes de práticas de controle que utilizam, tão
somente, produtos químicos.

Mão na terra
Saiba que um controle adequado das doenças do
eucalipto exige, atualmente, o entendimento da
importância do manejo integrado das mesmas, no
que diz respeito ao uso de princípios e medidas
que, aplicados integradamente, possam afetar a
interação entre o agente da doença e a planta.

Saiba que o eucalipto e o ambiente, erradicando


total ou parcialmente o inóculo, barrando
o progresso da doença e, por conseguinte,
encurtando o tempo em que a planta a ela fica
exposta.

Para que as medidas de controle de doenças do eucalipto possam ser


tomadas adequadamente e com eficiência, é preciso conhecer bem como
e onde o agente causador da doença sobrevive, como ele é disseminado,
quais são as suas vias de infecção e que condições ambientais favorecem
a sua colonização e multiplicação.

116
Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Aula 3:
Controle de
Plantas Daninhas
Normalmente, as plantas daninhas resistem bem a pragas e doenças e,
por isso, predominam no local selecionado para o plantio, tendo com elas
vantagens competitivas. A competição pode se dar por luz, nutrientes e
água, afetando o desenvolvimento do eucalipto.

O desafio inicial de quem planta alguma espécie florestal arbórea ou


arbustiva com finalidade comercial é livrar a espécie da concorrência com
as plantas daninhas, principalmente na fase inicial do plantio. O insucesso
impede a espécie florestal de se desenvolver bem.

• O eucalipto, mesmo sendo uma espécie de rápido


crescimento, não tolera plantas daninhas, pois
necessita estar livre da competição nos seus dois
primeiros anos de crescimento.

• O controle de plantas daninhas deve ser realizado


com eficiência, pois envolve custos que podem
chegar a 66% do custo total de implantação.

117
Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Interferência de plantas daninhas sobre


o eucalipto
As plantas daninhas podem interferir de forma direta, por meio da
competição, e de forma indireta, por serem intermediárias de pragas
e doenças, além de facilitar a propagação de incêndios florestais,
constituindo-se em material combustível.
Para o eucalipto a competição é mais prejudicial no início do seu
crescimento, principalmente no primeiro ano.

Fatores que afetam a aplicação de


herbicidas
Para se alcançar uma boa qualidade no controle de plantas daninhas,
devem ser considerados três fatores importantes:
a. comunidade infestante;
b. equipamento; e
c. ambiente.

Identificação das plantas daninhas


Antes de escolher o herbicida, é imprescindível um levantamento das
plantas daninhas no local. O produtor e o técnico, quando for necessário,
podem se apoiar em manuais de ajuda para a caracterização de plantas
daninhas. É importante, também, conhecer o ciclo de vida e a forma de
reprodução delas.

Somente conhecendo bem as plantas daninhas


é que o produtor e o técnico poderão definir que
herbicida aplicar, como fazer o uso correto do mesmo
e em que parte da planta utilizar.

118
Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Condições ambientais
As condições ambientais são importantes para que uma pulverização
seja efetiva. A umidade relativa, o vento e a temperatura são básicos para
a definição de uma estratégia de controle.

Equipamentos para pulverização


Os equipamentos mais utilizados em propriedades rurais médias
localizadas em áreas planas do bioma Cerrado são os pulverizadores de
barra, que podem ser acoplados ao sistema de três pontos do trator, de
arraste ou autopropelido.

De olho nos valores


Vale lembrar que o produtor (silvicultor) deverá
considerar, no mínimo, o tamanho das áreas de
eucaliptos a serem plantados na propriedade,
bem como o relevo desse terreno e a sua
capacidade financeira antes de definir qual tipo de
equipamento de pulverização fará uso.

A capacidade dos equipamentos de pulverização varia de 200 a 2 mil litros


de calda e as barras, de 12 a 30 m. A velocidade de trabalho vai de 4 a 6
km/h-1 nos dois primeiros tipos, sendo que nos autopropelidos ela pode
chegar a 25 km/h-1.
Ao comprar um pulverizador, deve-se levar em conta a demanda de outras
culturas. Uma grande área de cultivo pode justificar o equipamento,
independentemente do eucalipto.

119
Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Escolha de herbicidas
Uma vez definidas as plantas daninhas e tendo um bom equipamento para
aplicação, o técnico e/ou o produtor deverão buscar entre os herbicidas
registrados no sistema Agrofit do MAPA aquele que melhor se adeque à
sua condição.
A escolha do produto deverá considerar modo de ação, formulação,
dosagem, restrições de uso, custo, classificação toxicológica, impacto
ambiental, fase de crescimento em que o eucalipto se encontra e a
experiência de outros plantadores de eucalipto do município.

Formas e períodos de controle


As formas de controle são mecânica, física e química.

Controle mecânico

A capina, ou roçada, é a mais usada por pequenos produtores. Os médios


silvicultores utilizam quando se mostra imprescindível na composição
de uma estratégia de controle integrado, complementando o controle
químico.

Controle físico

Deve ser usado quando, após uma avaliação inicial, concluir-se que
uma cobertura morta, deixada pelo cultivo mínimo, será suficiente para
controlar as plantas daninhas. Esse caso, tem múltiplo efeito: controle
das espécies invasoras, manutenção da umidade e proteção contra
erosão.

Controle químico

Deve ser utilizado quando as plantas daninhas são muito agressivas,


cobrindo totalmente a área a ser plantada. Para o produtor apoiado pelo
Projeto ABC Cerrado, será a forma usual.

120
Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Na maioria das vezes, o controle químico em propriedades que plantam


eucalipto segue a seguinte sequência:

a. Controle de pré-plantio:
Têm-se observado, dependendo da área, três tipos de
estratégias de controle:
• Produtores que utilizam glyphosate em faixa com largura de
1 metro na linha de plantio.
• Produtores que aplicam glyphosate em coroas de 1 metro
de diâmetro nos locais onde serão feitas as covas.
• Produtores que aplicam glyphosate em área total como
dessecante de toda a comunidade de plantas daninhas.

b. Pós-plantio:
Os produtores que utilizam as duas primeiras estratégias
citadas no item anterior costumam, aos 40 dias após o
plantio, ou no momento da adubação de cobertura, realizar
um coroamento com enxada, ao redor de cada planta, em um
diâmetro de 1 m, seguido de um roço (com roçadeira mecânica)
nos espaços entre coroas. Quando a principal competidora
é a brachiaria, usa-se o material decorrente do roço como
cobertura morta na coroa.
Para os produtores que se utilizam da terceira estratégia, é feita
a aplicação de um pré-emergente em área total.

121
Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Do ponto de vista de uma silvicultura de baixo


carbono, deve-se atentar para a possibilidade de
Cuidado que o manejo de plantas daninhas seja integrado, ou
Ambiental
seja, utilizando-se das diversas formas de controle:
mecânico, físico e químico.

Melhoria na qualidade da aplicação


A aplicação de herbicida é uma atividade que exige elevada qualidade
técnica, principalmente se o herbicida um pré-emergente. Procure o
auxílio de um técnico para garantir uma boa aplicação. A aplicação
malfeita de um herbicida pré-emergente não tem correção, como no caso
de herbicidas de pós-emergência, em que se consegue cobrir as falhas
com um repasse.
Ressalte-se, no entanto, que essa possibilidade de repasse dos pós-
emergentes leva a um aumento expressivo de custos, dependendo das
correções a serem feitas.

Eficiência no controle de plantas


daninhas
O controle de plantas daninhas segue uma sequência de passos importantes
e o Marcos, técnico do Senar, nos encaminhou uma explicação sobre eles.
Confira:

122
Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Dica do Técnico

Olá, tudo bom?

Quero te passar algumas dicas, ou melhor algumas recomendações,


afinal, depois de todo trabalho e planejamento para o plantio é
importante seguir algumas recomendações no controle de plantas
daninhas, como, por exemplo:

• Seguir a tendência atual de trabalhar sempre com um volume


menor de calda, desde que se consiga a cobertura mínima
necessária de aplicação.

• Nunca diminuir o volume indicado para o espalhante alegando


redução de custos.

• Quando usar herbicidas não seletivos para o eucalipto, discutir


exaustivamente com o agente de ATER o tamanho de gotas, pois,
apesar de gotas menores levarem a um aumento de cobertura,
estas podem ocasionar deriva para o eucalipto, ocasionando
problemas muito sérios. A deriva de herbicidas, glyphosate, por
exemplo, que ocorre em ocasiões de vento forte, pode causar
problemas tão ou mais graves que os causados pelas plantas
daninhas.

• Avaliar muito bem os fatores ambientais no momento da aplicação:

◊ os ventos podem ocasionar a deriva;

◊ a umidade relativa do ar e a temperatura poderão influenciar


na evaporação do herbicida;

◊ a inversão térmica pode levar o herbicida a subir, ao invés de


descer; e

◊ o ponto de orvalho pode suscitar o escorrimento do herbicida


pela superfície de contato.

• Buscar saber com um técnico o nível de tolerância da espécie


ou do clone e a deriva do herbicida disponível para o controle de
plantas daninhas concorrentes.

• Procurar saber as especificidades dos herbicidas indicados para


o controle das plantas daninhas do local de plantio; modo de
ação; reação em relação às condições climáticas no momento da
operação de aplicação (tolera ou não à chuva após a aplicação,
por exemplo).

123
Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

• Avaliar a compatibilidade entre área a ser controlada e a


quantidade de equipamento e de pessoal treinado.

• Cuidar muito bem da qualidade da água utilizada para a


pulverização.

Seguindo essas orientações, tenho certeza que você não terá


problemas com essas plantas invasoras.

Equipamentos e sistemas para


aplicação
Equipamentos
Os equipamentos atualmente disponíveis para aplicação de herbicidas são:

pulverizador costal, o eletroherb o autopropelido

124
Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

o pulverizador mecanizado e o mecanizado de arraste


montado ou acoplado aos 3 pontos

Sistemas de aplicação
Em relação aos sistemas de aplicação, dois merecem observações:

Sistema de barra protegida


A importância desse sistema se dá
porque o uso de glifosato ainda é muito
grande na cultura do eucalipto e os
problemas decorrentes de sua deriva
são bastante sérios.

Sistema eletroherb
Tem funcionado bem em áreas não declivosas, matando as
plantas daninhas via mecanismo de choque de alta voltagem
que atinge o sistema radicular, alterando a fisiologia da
planta de forma irreversível e fazendo com que ela perca
a capacidade de absorver água, oxigênio e nutrientes. O
eletroherb passa a ser, em um futuro próximo, uma excelente
opção dentro do conceito de silvicultura de boas práticas. Se
adaptado à plantação de eucalipto, será um grande avanço,
tanto para os plantios puros quanto para os agroflorestais.

125
Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Aula 4:
Incêndio
Florestal
Não importa onde seu plantio esteja implantado. Os cuidados com os
incêndios florestais são importantíssimos. No Cerrado, o clima associado à
vegetação faz com que a preocupação com o fogo passe a ser ainda mais
intensa.

Os incêndios são responsáveis por grandes perdas na


Cuidado biodiversidade e também, em alguns casos, por sérios
Ambiental prejuízos para a sociedade.

Principais causas de incêndios


florestais
Existem inúmeras causas de incêndios florestais, entre as quais destacam-
se: queimadas, uso de fogueiras em áreas de lazer, linhas de alta tensão,
descargas elétricas naturais, atividades econômicas geradoras de faíscas,
negligência de fumantes, além de incêndios intencionais ou aqueles
provocados por outras causas, que não serão tratadas neste curso. Há um
curso do Senar específico sobre Incêndios Florestais.

126
Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Classificação dos combustíveis


florestais
É importante que o produtor saiba que há níveis diferentes de perigo
quando se trata de combustíveis florestais:

• Combustíveis perigosos: têm grande capacidade de perda de umidade


e necessitam de uma temperatura menor para queimar. São materiais
secos e de rápida combustão.
• Combustíveis semiperigosos: como tocos, galhos e ramos mais
grossos, turfa e húmus. Apesar de queimarem mais lentamente do que
os perigosos, podem assegurar o avanço do fogo lento e a conservação
latente da combustão.
• Combustíveis verdes: são materiais vivos com umidade alta e menos
inflamáveis.

Classificação das formas de incêndio


florestal
A classificação mais aceita separa os incêndios florestais em três grupos:
incêndios de solo, incêndios superficiais e incêndios de copas.

A maioria dos incêndios florestais inicia-se


como superficial.

E assim concluímos os estudos do Módulo 3. Vá até o AVA para realizar a


atividade de aprendizagem obrigatória e liberar o acesso ao último módulo
do curso!

127
Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

Atividade de
aprendizagem
Chegou o momento de verificar sua compreensão dos conceitos
apresentados até aqui.

As atividades aqui na apostila servem apenas para você ler


e respondê-las com mais tranquilidade.

Entretanto, você deverá acessar o AVA e responder lá as


questões. Você terá duas tentativas para responder cada
questão e só desbloqueará o próximo módulo depois que:

1. acertar as questões; ou

2. usar todas as suas tentativas.

Questão 1
Um silvicultor plantou 100 hectares de eucalipto em sua propriedade,
localizada em área de Cerrado de Minas Gerais. Buscando proteger a
floresta do ataque de formigas cortadeiras e seguindo as recomendações
técnicas, o silvicultor tomou algumas decisões. É correto afirmar:

a) O silvicultor utilizou iscas formicidas, que são eficientes no controle


de formigueiros de todos os portes, pois não dependem das
condições climáticas.

b) O silvicultor começou o combate aos formigueiros dois meses antes


do plantio e realizou um novo controle 15 dias antes do preparo do
solo, englobando, além da área do plantio, o seu entorno.

128
Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças

c) O silvicultor aplicou as iscas formicidas dentro do olheiro e sobre o


carreiro, pois, dessa forma, as formigas carregam a isca para dentro
do formigueiro visando desobstruir o canal e limpar a trilha.

d) O silvicultor aplicou as iscas formicidas em um dia chuvoso,


colocando próximo da entrada (10-15 cm) de olheiros isolados e
murunduns, ao lado de carreiros ativos.

Questão 2
A aplicação de herbicida é uma atividade que exige elevada qualidade
técnica, principalmente se o herbicida é um pré-emergente. Um silvicultor
deseja implantar 100 hectares de eucalipto em sua propriedade, localizada
em área de Cerrado de Minas Gerais, em uma área que possuía pastagem
degradada e foi realizada aração e gradagem. O silvicultor, então, procurou
o auxílio de um técnico para garantir a boa indicação e aplicação de um
herbicida pré-emergente. Você, como técnico, recomendaria:

a) 60 dias após a aplicação do herbicida pré-emergente, realizar um


repasse para cobrir falhas.

b) Diminuir o volume indicado para o espalhante, pois dessa maneira


consegue-se diminuir custos de implantação.

c) O herbicida pré-emergente deverá ser registrado no sistema Agrofit


do MAPA para a cultura do eucalipto.

d) Evitar aplicação em dias chuvosos.

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