Módulo 3:
Controle de Pragas e
Doenças
Chegamos ao módulo 3 do curso, que trata do Controle de Pragas e
Doenças.
Já passamos pelo preparo do solo e pelo plantio, agora precisamos cuidar
bem do investimento.
Neste módulo você vai conhecer as principais pragas e doenças que podem
atingir uma floresta plantada, bem como saber o controle adequado para
plantas daninhas e casos de incêndios.
Vamos lá?
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Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças
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Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças
Aula 1:
Controle de
Pragas
Quando se substitui uma área de vegetação nativa, ou mesmo uma capoeira
ou uma cultura agrícola, por uma plantação de eucalipto, por exemplo, são
promovidas mudanças na presença dos animais no local. Quanto maior a
área substituída, maiores serão tais modificações.
No caso de insetos é provável que, além daqueles que já são pragas do
eucalipto, apareçam outros que possam, posteriormente, se tornar pragas
dessa cultura.
Conviver com insetos-pragas é natural em qualquer lugar e circunstância.
O importante é estabelecer medidas de controle que permitam explorar o
eucalipto de forma econômica.
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Formigas cortadeiras
Pode-se afirmar que a formiga é, sem exagero, a principal praga do
eucalipto no Brasil. O produtor que plantar eucalipto e não fizer o devido
combate a esse inseto terá uma enorme perda devido ao desfolhamento
que as formigas provocam.
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Método de área
estratificada:
Área resultante da soma
das áreas individuais de
cada monte de terra solta.
Existem diversas variações
desse método, o mais usado
é aquele que considera
cada monte de terra solta
como um formigueiro
independente.
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Parcelas de 720 a 1.
formigueiro
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Mão na terra
O monitoramento de cupins pode ser feito com a
instalação de iscas de papelão no solo, na densidade
de uma isca/ha. Tais iscas devem ser avaliadas
depois de 30 dias e, a partir do resultado, elabora-
se um mapa de infestação indicando as áreas de
maior risco de dano.
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Besouros desfolhadores
De todos os besouros, o Costalimaita
ferruginea (besouro-amarelo-do-
eucalipto) já tem registro de ataques
na área de expansão das plantações
de eucalipto no Brasil. Plantadores
de Eucalyptus urophylla e/ou
urograndis devem ficar de olho, pois
existem trabalhos mostrando que o
besouro parece não gostar muito do
Eucalyptus camaldulensis; gostar
mais ou menos de E. citriodora e do E.
pellita; mas gostar especialmente das
folhas do urophylla e do urograndis.
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Insetos aneladores
Os insetos aneladores são os insetos-praga que merecem maior atenção
de quem planta eucalipto. No caso de ocorrência, o controle deve ser o
seguinte:
• Anualmente, coletar os galhos alguns meses após o encerramento total
da atividade dos aneladores. Deve-se estender a coleta até as áreas no
entorno do povoamento, abrangendo, inclusive, florestas nativas que
apresentem infestações, se possível;
• Os galhos coletados devem ser postos em uma vala (trincheira) de 1,0
m x 1,0 m (largura x profundidade) e comprimento variável conforme
cada caso;
• Cobrir a trincheira com uma tela com malha que permita a saída de
microhimenópteros parasitoides das larvas de Oncideres e reter os
espécimes adultos.
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Insetos broqueadores
Os insetos broqueadores não assumem muita importância como pragas
do eucalipto na região de expansão da eucaliptocultura no Brasil, embora
haja ocorrência em Minas Gerais. O principal é a coleobroca Phoracantha
semipunctata.
Insetos sugadores
As armadilhas devem estar sempre próximas aos ramos mais jovens da
planta, assim o efeito será mais eficaz.
O percevejo-bronzeado já foi registrado nos estados de São Paulo, Paraná,
Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Minas Gerais e Mato Grosso do
Sul.
São hospedeiros do percevejo-bronzeado as espécies e clones híbridos
de Eucalyptus, incluindo E. camaldulensis, E. tereticor-nis, E. viminalis, E.
grandis, E. dunnii, E. saligna, E. benthamii, E. grandis x E. camaldulensis, E.
grandis x E.urophylla, E. urophylla x e E. camaldulensis.
O inseto é um sugador, que na fase adulta mede 3,0 mm de comprimento,
tendo um corpo achatado, com cor marrom clara e hábito gregário. Os
ovos são pretos e encontrados nas folhas das árvores, contribuindo para
o reconhecimento das plantas infestadas.
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O percevejo-bronzeado causa
queda de folhas, diminui a área
fotossintética e pode levar à morte
as árvores. Os sintomas começam
com o prateamento das folhas,
que assumem, aos poucos, tons
de marrom e vermelho e se tornam
bronzeadas no final. Esses sintomas
alteram a coloração da copa das
árvores, possibilitando, assim, a
sua identificação à distância.
Esta imagem mostra os danos
causados pelo percevejo
bronzeado.
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O monitoramento do inseto é
feito com armadilhas amarelas
adesivas (conforme figura
ao lado), coleta de folhas e
observação visual. Devem
ser vistoriadas todas as áreas
florestais, principalmente em
plantios jovens (até um ano e
Monitoramento de psilídeo-de-
concha com armadilha amarela meio).
adesiva.
Insetos galhadores
Os principais insetos desse grupo são a vespa-da-galha do
eucalipto (Leptocybe invasa) e a microvespa-do-eucalipto-citriodora
(Epichrysocharis burwelli). Na região de expansão das plantações
florestais no Cerrado brasileiro, a preocupação deve ser com a vespa-da-
galha, pois ela tem ocorrido em alguns estados da região de expansão das
plantações de eucalipto no Cerrado.
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Aula 2:
Controle de
Doenças
Ferrugem do eucalipto
A ferrugem do eucalipto é causada pelo fungo Puccinia psidii e se desenvolve
melhor quando a temperatura varia entre 18 e 25 ºC (principalmente aos
23 ºC), quando há orvalhamento noturno ou garoas por mais de 6 horas,
por 5 a 7 dias seguidos, e a presença de folhas jovens.
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Murcha bacteriana
Ralstonia solanacearum é o agente que causa a murcha bacteriana que
ataca os eucaliptos Eucalyptus grandis, E. urophylla e seus híbridos.
São consideradas condições favoráveis para o desenvolvimento dessa
doença o plantio em áreas recém-desmatadas, o enovelamento de raízes,
temperatura e umidade elevadas. São portas de entrada para o agente o
enovelamento radicular e as trincas na casca na base do caule. As trincas
são causadas por temperatura excessiva do solo, déficit hídrico e/ou
afogamento do coleto.
Como prevenção, recomenda-se plantar mudas novas e sadias, com parte
aérea e um sistema radicular bem formados e, no momento do plantio,
evitar danos nas raízes e afogamento do coleto. Além disso, é importante
efetuar inspeção constante e desinfestar implementos utilizados em tratos
culturais e corte da floresta.
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Murcha de ceratocystis
O causador dessa doença é o
Ceratocystis fimbriata, que tem
ocorrência registrada em áreas de
Cerrado da Bahia, Maranhão, Minas
Gerais, São Paulo e Mato Grosso do
Sul. As condições favoráveis para o
seu desenvolvimento são a umidade
e as temperaturas elevadas, bem
como os ferimentos na planta. Como
controle preventivo, recomenda-se
o isolamento de áreas afetadas, a
destruição das plantas doentes e
de suas vizinhas, a desinfestação
dos implementos utilizados em
tratos culturais e o corte da floresta
plantada. É importante que o Murcha de Ceratocystis.
monitoramento do plantio seja feito
de forma contínua.
Cancro do eucalipto
O principal agente causador
do cancro é o fungo de nome
Chrysoporthe cubensis. Suas
preferências são os Eucalyptus
grandis e saligna. De norte a sul
do Brasil, têm-se encontrado
danos, até de importância
econômica, causados pelo cancro
de chrysoporthe em condições
nas quais as temperaturas médias
são maiores do que 23 ºC e a
pluviosidade supera os 1.200 mm
de chuva por ano. O ataque do
fungo parece ser maior em regiões
com déficit hídrico acentuado,
Sintomas de cancro no
seguido por estação de chuvas eucalipto.
intensas.
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Distúrbios radiculares
Os distúrbios no sistema radicular distúrbios no sistema radicular
Ou seja, raízes malformadas
provocam um menor crescimento das ou deformadas.
plantas no campo e as deixam com menor
capacidade de competição com plantas
daninhas.
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Afogamento de coleto
O sintoma inicial é a ocorrência
de tonalidade dourada da copa,
Certo
Errado
plantio
seguido de um arroxeamento,
fundo terminando com o secamento e
morte da planta. Observa-se, em
alguns casos, um anelamento no
caule, na linha do solo, logo acima
da área lesionada.
O principal cuidado para evitar o
afogamento do coleto é, durante
o plantio, colocar a muda no nível
Modo correto de plantio das mudas em do solo.
contraste com plantio inadequado, causador
de afogamento do coleto.
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Assamento de coleto
O assamento do coleto predispõe a planta à ação de agentes infecciosos,
como é o caso de fungos que causam cancro e/ou murcha. O problema
de assamento torna-se mais grave quando há déficit hídrico, afogamento
do coleto e temperaturas elevadas, principalmente se o solo ao redor da
planta é coberto com plástico preto.
Canela-preta
Anelamento do coleto, e/ou ao longo do caule, promove, no início do
crescimento, um arroxeamento e murcha das mudas plantadas. Às
vezes, são observados trincamentos e descolamentos da casca no local
lesionado. Minicancros podem ser vistos, assim como brotações abaixo da
área afetada. Difere-se da canela-preta de origem biótica pelo fato de não
ocorrer esporulação de Cylindrocladium spp.
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Desequilíbrio nutricional
O reflexo no povoamento depende dos nutrientes. Recomenda-se
análise de solo e de folhas com base em programa de acompanhamento
nutricional.
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Mão na terra
Saiba que um controle adequado das doenças do
eucalipto exige, atualmente, o entendimento da
importância do manejo integrado das mesmas, no
que diz respeito ao uso de princípios e medidas
que, aplicados integradamente, possam afetar a
interação entre o agente da doença e a planta.
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Aula 3:
Controle de
Plantas Daninhas
Normalmente, as plantas daninhas resistem bem a pragas e doenças e,
por isso, predominam no local selecionado para o plantio, tendo com elas
vantagens competitivas. A competição pode se dar por luz, nutrientes e
água, afetando o desenvolvimento do eucalipto.
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Condições ambientais
As condições ambientais são importantes para que uma pulverização
seja efetiva. A umidade relativa, o vento e a temperatura são básicos para
a definição de uma estratégia de controle.
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Escolha de herbicidas
Uma vez definidas as plantas daninhas e tendo um bom equipamento para
aplicação, o técnico e/ou o produtor deverão buscar entre os herbicidas
registrados no sistema Agrofit do MAPA aquele que melhor se adeque à
sua condição.
A escolha do produto deverá considerar modo de ação, formulação,
dosagem, restrições de uso, custo, classificação toxicológica, impacto
ambiental, fase de crescimento em que o eucalipto se encontra e a
experiência de outros plantadores de eucalipto do município.
Controle mecânico
Controle físico
Deve ser usado quando, após uma avaliação inicial, concluir-se que
uma cobertura morta, deixada pelo cultivo mínimo, será suficiente para
controlar as plantas daninhas. Esse caso, tem múltiplo efeito: controle
das espécies invasoras, manutenção da umidade e proteção contra
erosão.
Controle químico
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a. Controle de pré-plantio:
Têm-se observado, dependendo da área, três tipos de
estratégias de controle:
• Produtores que utilizam glyphosate em faixa com largura de
1 metro na linha de plantio.
• Produtores que aplicam glyphosate em coroas de 1 metro
de diâmetro nos locais onde serão feitas as covas.
• Produtores que aplicam glyphosate em área total como
dessecante de toda a comunidade de plantas daninhas.
b. Pós-plantio:
Os produtores que utilizam as duas primeiras estratégias
citadas no item anterior costumam, aos 40 dias após o
plantio, ou no momento da adubação de cobertura, realizar
um coroamento com enxada, ao redor de cada planta, em um
diâmetro de 1 m, seguido de um roço (com roçadeira mecânica)
nos espaços entre coroas. Quando a principal competidora
é a brachiaria, usa-se o material decorrente do roço como
cobertura morta na coroa.
Para os produtores que se utilizam da terceira estratégia, é feita
a aplicação de um pré-emergente em área total.
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Dica do Técnico
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Sistemas de aplicação
Em relação aos sistemas de aplicação, dois merecem observações:
Sistema eletroherb
Tem funcionado bem em áreas não declivosas, matando as
plantas daninhas via mecanismo de choque de alta voltagem
que atinge o sistema radicular, alterando a fisiologia da
planta de forma irreversível e fazendo com que ela perca
a capacidade de absorver água, oxigênio e nutrientes. O
eletroherb passa a ser, em um futuro próximo, uma excelente
opção dentro do conceito de silvicultura de boas práticas. Se
adaptado à plantação de eucalipto, será um grande avanço,
tanto para os plantios puros quanto para os agroflorestais.
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Aula 4:
Incêndio
Florestal
Não importa onde seu plantio esteja implantado. Os cuidados com os
incêndios florestais são importantíssimos. No Cerrado, o clima associado à
vegetação faz com que a preocupação com o fogo passe a ser ainda mais
intensa.
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Atividade de
aprendizagem
Chegou o momento de verificar sua compreensão dos conceitos
apresentados até aqui.
1. acertar as questões; ou
Questão 1
Um silvicultor plantou 100 hectares de eucalipto em sua propriedade,
localizada em área de Cerrado de Minas Gerais. Buscando proteger a
floresta do ataque de formigas cortadeiras e seguindo as recomendações
técnicas, o silvicultor tomou algumas decisões. É correto afirmar:
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Questão 2
A aplicação de herbicida é uma atividade que exige elevada qualidade
técnica, principalmente se o herbicida é um pré-emergente. Um silvicultor
deseja implantar 100 hectares de eucalipto em sua propriedade, localizada
em área de Cerrado de Minas Gerais, em uma área que possuía pastagem
degradada e foi realizada aração e gradagem. O silvicultor, então, procurou
o auxílio de um técnico para garantir a boa indicação e aplicação de um
herbicida pré-emergente. Você, como técnico, recomendaria:
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