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Óleo de melaleuca no tratamento da acne

Wilza Maria Cordeiro Franco


wilzafranco@hotmail.com
Dayna Priscila Maia Meija
Pós-graduação em Estética e Cosmetologia – Faculdade Bio Cursos

Resumo
A acne é uma doença que acomete cerca de 80% dos adolescentes em algum momento da
puberdade. Esse fato comum entre os jovens contribui com a falsa ideia de que isso é um
fenômeno da idade e que, portanto, não necessita de maiores cuidados. Entretanto, quando
não tratada de forma adequada à acne pode deixar cicatrizes permanentes, acarretar
problemas sociais, psicológicos e incapacidade operacional. Diversos tratamentos são
utilizados na cura da acne, sendo o mais comum à base de antibióticos tópicos. Ocorre que
esse tipo de tratamento tende a perder eficiência com o passar do tempo, pois os micro-
organismos ficam mais resistentes aos componentes da fórmula. Em função disso, diversos
métodos alternativos estão sendo utilizados, entre eles o óleo de melaleuca. Recentemente a
indústria farmacêutica descobriu que além dessas propriedades, o óleo extraído da folha da
melaleuca é um excelente antisséptico, antifúngico, parasiticida e possui grande capacidade
de se misturar a secreção sebácea e penetrar profundamente na pele para combater a
presença do Propionibacterium acnes, bactéria que propicia a inflamação da acne. O
presente trabalho teve por objetivo destacar a importância do óleo de melaleuca no
tratamento da acne grau I, e utilizou como ferramenta para esse estudo pesquisas
bibliográficas.
Palavras - chave: Acne; Tratamento; Óleo de melaleuca.

1. Introdução

Estudos revelam que a acne acomete cerca de 80% dos jovens entre 12 e 24 anos, em algum
momento desse espaço de tempo, mesmo que venha surgir esporadicamente na sua forma
mais branda. Esse índice elevado durante a adolescência é explicado pelo fato de que, na
puberdade ocorre aumento da produção de andrógenos que estimulam o crescimento das
glândulas sebáceas que, por sua vez, provavelmente por predisposição genética, estimula
anormalidades no nível de queratinização provocando o surgimento de comedões e retenção
da secreção sebácea.
Esse excesso de secreção sebácea ao juntar-se as células mortas nos ductos dos folículos,
acelera a produção bacteriana no local, principalmente a Propionibacterium acnes,
responsável pelo surgimento de inflamações. A explosão de estímulos hormonais durante a
puberdade tende a reduzir no início da fase adulta, esse fato explica o motivo pelo qual a acne
é mais frequente na adolescência.
Diversos métodos de tratamento são utilizados no combate a acne, entre esses, o mais
frequente está associado ao uso de antibióticos tópicos. Ocorre que, esse tipo de tratamento
com o passar do tempo torna-se menos eficiente, em função do organismo desenvolver
resistência aos componentes da fórmula, outro fator negativo são os efeitos colaterais que
eventualmente surgem em alguns pacientes. Assim, a busca por tratamentos alternativos vem
se tornado mais frequente. Entre os diversos tratamentos destaca-se o óleo de melaleuca pelo
seu poder antibacteriano e anti-inflamatório.
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Neste contexto, o presente estudo visa demonstrar a eficácia do uso do óleo de melaleuca no
tratamento da acne grau I. A metodologia da pesquisa foi considerada quanto a sua natureza
de forma qualitativa, pois o devido estudo não utilizou demonstrações numéricas e nem
técnicas estatísticas. O seu cunho é bibliográfico, por se tratar de uma pesquisa na qual o
assunto já havia sido abordado em outros artigos, livros e em matérias disponibilizados na
internet. A análise das informações obtidas dá-se através de comparações com os tratamentos
tradicionais como, por exemplo, a utilização de medicamentos tópicos, em relação ao óleo de
melaleuca, ressaltando a sua eficácia e os seus poucos efeitos colaterais.

2. Sistema Tegumentar

É um órgão complexo, muitas vezes esquecido que é essencial para a manutenção da vida,
com funções específicas como: proteção, comunicação, sensibilidade, regulação de
temperatura corpórea, excreção, reserva energética, síntese de vitamina D e função plástica
(JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2006).
Para Azulay e Azulay (2006) a pele apresenta alterações constantes, sendo dotadas de grande
capacidade renovadora e de reparação, e de certo grau de impermeabilidade. Tem como
função maior e vital a conservação da homeostasia.
Porto (2001) e Azulay e Azulay (2006) afirmam que além de todas as funções já citadas da
pele, ela também preserva o organismo contra agentes nocivos físicos, químicos ou
biológicos.
Junqueira e Carneiro (2006) afirmam ainda que, a estrutura da pele está definida como um
tecido de origem endodérmico dividida em duas camadas: epiderme e derme.

2.1 Epiderme

Para Sampaio e Rivitti (2007) a epiderme é considerada um epitélio estratificado que


apresenta diferentes camadas celulares. É a camada mais superficial da pele, sendo formada
basicamente de tecido epitelial estratificado córneo, os quais são chamados de ceratinócitos
ou corneócitos. À medida que o corpo humano sofre alterações, as células superficiais
morrem e transformam-se em escamas de queratina que se desprendem da superfície
epidérmica. Embora não apresente vascularização, a nutrição da epiderme ocorre a partir da
difusão de leito presente.
As funções da epiderme são: proteção contra traumas físicos e químicos, principalmente em
função da camada córnea; resistência às forças de tensão a epiderme; prevenção da
desidratação e perda de eletrólitos, além da proteção contra o encharcamento do corpo quando
em contato com a água, graças à impermeabilidade da queratina. Restrição da passagem de
corrente elétrica, devido à alta impedância que a caracteriza; proteção contra a entrada de
substâncias tóxicas, proteção dos efeitos nocivos dos raios ultravioletas, através da melanina
(CUCÉ E NETO, 1990 apud PRESSI E LIMA, 2005).
Segundo Borges (2010) a epiderme está separada da derme por sua última camada, a
membrana basal ou germinativa, apoiada sobre as papilas dérmicas. É a camada avascular da
pele e mais externa do corpo.
Está dividido em quatro camadas: córnea, granular, espinhosa e basal, que é a camada
responsável pela renovação celular e está apoiada sobre as papilas dérmicas (HARRIS, 2005).

2.2 Derme

De acordo com Guirro e Guirro (2010) a derme é a camada mais profunda da pele composta
por tecido conjuntivo denso irregular que fornece uma base robusta e flexível à epiderme e
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contém um generoso suprimento vascular para a sustentação metabólica da epiderme


avascular e para termorregulação. No tecido conjuntivo encontram-se diversas moléculas, as
células de defesa é um emaranhado de fibras onde sua principal função é sustentar, dar força e
elasticidade à pele (NOGUEIRA, 2007).
Dangelo e Fattini (2007) ressaltam dizendo que está subdividida em dois componentes a
porção papilar e a porção reticular, formadas por fibras colágenas, fibras elásticas e substância
fundamental amorfa, todas produzidas pelos fibroblastos.
Segundo Obagi (2004), as fibras colágenas e elásticas são os tipos principais de fibras da
derme, é uma proteína insolúvel que constitui 75% do peso da pele, entre as fibras de
colágenos se encontram os fibroblastos são eles responsável pela produção de colágenos e a
substância fundamental amorfa da derme, e as fibras elásticas correspondem de 2 % a 4% do
volume total da derme e forma uma malha junto aos feixes de colágenos.
As fibras de colágeno conferem a estrutura ao tecido e as de elastina, a flexibilidade, e estão
intimamente entrelaçadas na derme, sendo um dos principais tecido de suporte da pele. A
elastina uma proteína fibrilar de alto poder molecular é composta por vários aminoácidos
raros, como desmosina e a isodesmosina, responsáveis por sua característica
(NASCIMENTO, et al, 2007).
A elasticidade dos tecidos é de fundamental importância para o homem em vários órgãos
inclusive a pele, que responde consecutivamente à solicitação fisiológica e patológica no
decorrer de sua vida, devido principalmente à presença de fibras elásticas no tecido
(MORAES, et al, 2000). As fibras elásticas com lesões recentes apresentam estriadas, e nas
lesões envelhecidas, fragmentam-se e se concentram em locais isolados, e assim obtém uma
ligeira depressão na textura da pele denominada estria (KEDE e SABATOVICH, 2004).
Esta fibra pode ser determinada pela orientação das linhas de fenda, ou linhas de Langer, linha
que determinam a orientação das fibras no tecido. A tensão da elasticidade varia de direção
conforme a região do corpo, isto é, se deve a variação da direção geral das fibras colágenas e
elastina da derme (GUIRRO e GUIRRO, 2010).

3. A Acne

A acne é resultado de uma inflamação da pele caracterizada pelo aumento da secreção das
glândulas sebáceas possibilitando a formação de uma espécie de sebo. Para Magalhães
(2008), a acne é uma afecção inflamatória, multifatorial, com fase aguda e crônica, que
acomete especialmente na adolescência, os folículos pilossebáceos da face e do tronco,
embora incida mais raramente em outras áreas.
Estudos revelam que a acne afeta homens e mulheres indistintamente, mais especificamente
na adolescência, nas meninas as primeiras manifestações ocorrem por volta dos 14 anos e nos
meninos geralmente aos 16 anos. A acne é uma doença dermatológica que afeta cerca de 80%
dos adolescentes predominantemente do sexo feminino, entretanto, as formas mais graves
geralmente ocorrem nos homens (AZULAY, 2007).
A patogênese da acne consiste de quatro fases distintas, afetando áreas onde há maior
concentração de glândulas sebáceas. Para Kede (2004), a patogênese baseia-se em quatro
pontos fundamentais, relacionados entre si: a hiperplasia sebácea com hiperseborréia; a
hipercornificação ductal folicular; alterações da flora microbiana da pele, com colonização do
Propioniobacterium acnes e o surgimento de mediadores inflamatórios ao redor da derme e do
folículo.
A hiperplasia sebácea é o aumento da produção de sebo ocasionado pela inflamação da
glândula sebácea, decorrente do aumento da produção de testosterona e sua taxa metabólica.
Segundo Habif (2005), a testosterona é convertida em diidrotestosterona na pele, e age
diretamente na glândula sebácea para aumentar seu tamanho e sua taxa metabólica.
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Fatores associados à predisposição genética possibilitam a hiperqueratinização no folículo


pilossebáceo que associado ao sebo, gera o surgimento de uma massa que dá início a
formação dos comedões abertos ou fechados. O acúmulo de ceratina na camada córnea causa
obstrução do folículo, reduzindo à eliminação do sebo, dando início a formação de
microcomedões que funcionam como tampões possibilitando a formação de pústulas
(MAGALHÃES, 2008).
A alteração da flora microbiana da pele possibilita o surgimento de bactérias, mais
comumente a Propioniobacterium acnes, responsável pela inflamação que dá origem a acne.
Kede (2004) relata que estudos evidenciam que alterações na composição ou na quantidade da
secreção sebácea auxiliariam na alteração do ducto glandular e conseqüente proliferação do
Propioniobacterium acnes.
Mediadores inflamatórios são substâncias andógenas ou exógenas liberadas durante o
processo inflamatório, mantendo, desencadeando, potencializando ou combatendo a
inflamação, dependendo se forem isoladas, injetadas ou bloqueadas. Fatores químicos atraem
os neutrófilos responsáveis pelo afinamento da parede folicular possibilitando seu
rompimento e o surgimento do comedão (HABIF, 2005).
Podemos considerar outros fatores que influenciam fortemente no surgimento da acne como,
por exemplo, a predisposição genética, o stress ocupacional e emocional, a utilização de
cosméticos comedogênicos, reação adversa medicamentosa, uso de esteróides e anabolizantes,
entre outros. Outras formas clínicas de acnes devem ser levadas em consideração, tais como,
acne escoriada, pré-menstrual, ocupacional, tropical e rosácea (AZULAY, 2006).
O diagnóstico da acne é basicamente clínico e deve ser realizado por médico dermatologista,
em função da necessidade de se estabelecer o grau de severidade da lesão e o tratamento mais
adequado para cada caso. É mais comumente caracterizado pela existência de comedões
abertos “popularmente conhecido como cravo”, fechados ou cravo branco, pápulas e pústulas.
O diagnóstico da acne é basicamente clínico e diagnosticado pela presença de lesões,
comedões, pápulas, pústulas, nódulos e cistos (KEDE, 2004).
Comedões são pequenas saliências esbranquiçadas ou na cor da pele constituídos de sebo ou
ceratina, podendo ser aberto ou fechado. Comedões fechados são pequenas pápulas sem
tampões visíveis presos abaixo da superfície da epiderme. Já os abertos são pápulas cujo
tampão central é formado por ceratina negra, resultado da oxidação do pigmento da melanina
(ROBBINS, 2005).
As pápulas são resultados do aumento da secreção sebácea combinada com a descamação das
células mortas. Essa combinação provoca a ceratinização no interior do folículo ocasionando
a sua inflamação, o rompimento de sua parede e o extravasamento desse material para a
derme (MAGALHÃES, 2008).
O agravamento do quadro inflamatória das pápulas provocado pela presença do
Propionibacterium acnes, dá origem a uma grave lesão infecciosa de material purulento
denominada de pústulas. Os casos mais graves de formação de pústulas podem ocasionar
lesões, cujo rompimento pode provocar sequelas na derme de difícil reversão (HABIF, 2005).
Nódulo é resultado de uma lesão profunda da pele ocasionada por uma inflamação, que pode
tornar-se supurativa ou hemorrágica, com aproximadamente 5 mm de diâmetro. A ruptura
decorrente do nódulo e a sua reepitelização levam a formação de trajetos sinusais revestidos
de epitélio que formam cicatrizes desfigurante (HABIF, 2005).
Os cistos são originados do acúmulo de secreção ou sebo na parte mais profunda do folículo
sebáceo. Nos casos mais graves a retenção do sebo causa uma espécie de tumor subcutâneo,
resultado da dilatação excessiva da glândula sebácea, podendo levar ao agrupamento com
outros folículos ocasionando a formação de uma espécie de borbulha gigante, cujo tratamento
pode requerer um tempo demasiadamente longo (PRESTON, 2007). Nas fases mais severas
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da doença podem surgir cistos e nódulos, que podem deixar graves cicatrizes, além de afetar
psicológica e socialmente o paciente.
A acne é tida como não inflamatória, quando surge apenas comedões. Já nas papulopustulosas
se observa a presença de seborréia intensa, com lesões inflamatórias de diferentes graus. O
nódulo é resultado do rompimento da parede folicular devido a uma inflamação severa do
folículo pilossebáceo, que pode evoluir para cisto. O cisto é resultado da drenagem da
secreção no interior dos nódulos, compostos de células epiteliais e pus (KEDE, 2004).
O surgimento das acnes está mais comumente ligado a fatores hormonais, mais
especificamente aos sexuais, em função disso, essas lesões aparecem com maior frequência
durante a puberdade, época que esses hormônios começam a ser produzidos pelo organismo,
atingindo a ambos os sexos indistintamente. As acnes surgem com maior frequência no rosto,
mas em casos mais raros podem aparecer também no peito, ombro, braços e costas
(AUGUSTO et al, 2008).
Dependendo do tipo de lesão e o grau de intensidade a acne pode deixar cicatrizes de difícil
reversão e, isso é a única consequência fisiológica de longo prazo, entretanto, os fatores
psicológicos são os mais preocupantes, podendo ocasionar problemas de autoestima e
depressão. A doença tem implicações que vão muito além das poucas marcas que podem
surgir prejudicando significantemente o aspecto pessoal e a autoestima (HABIF, 2005).

4. Óleo de Melaleuca

Dentre as diversas terapêuticas utilizadas no tratamento da acne, iremos destacar a utilização


do Óleo de Melaleuca por sua importante ação antimicrobiana, anti-inflamatória e na inibição
do crescimento de bactérias.
Árvore nativa da Austrália, a Melaleuca Alternifólia ou Tea Tree, da família botânica da
Mirtácea, pode atingir sete metros de altura, tem uma casca fina e folhas alongadas. A árvore
cresce muito rapidamente e pode chegar ao ponto de corte após quinze meses do cultivo,
podendo ser recortada anualmente. Sua importância econômica esta relacionada à utilização
do óleo produzido a partir de suas folhas pelas indústrias farmacêuticas e de cosméticos
mundial (WILLIANS apud SIMÕES et al, 2002, p.2).
A Melaleuca é conhecida mundialmente por suas propriedades antissépticas, antifúngicas e
parasiticidas natural. Estudos relacionados a fatores históricos relatam que as tribos aborígines
da Oceania utilizavam o óleo extraído de suas folhas e o misturavam com lama, formando
uma espécie de pasta que era utilizada como cicatrizante em cortes e antiinflamatório nas
infecções cutâneas (AZEVEDO, 2002).
O óleo de Melaleuca é obtido a partir da destilação ou hidrodestilação por arraste a vapor das
folhas da árvore, sendo esses métodos os mais eficientes e o de menor custo para a extração
dessa substância. A água obtida da derivação desses processos contém uma importante
concentração de óleos essenciais largamente testados em laboratórios, que comprovam a
importante ação germicida, antibacteriana e antiinflamatória, que inibe o crescimento de
diversos micro-organismos entre os quais podemos destacar o Propionibacterium acnes
(WILLIANS apud SIMÕES et al, 2002, p.5).
Estudos realizados no Royal Prince Hospital, localizado no estado Australiano de Nova Gales
do Sul, no ano de 1990, através de testes laboratoriais demonstraram que o Óleo de Melaleuca
é um eficaz germicida e antibacteriano e, consequentemente um ótimo antiinflamatório
natural para as lesões cutâneas.
As análises revelaram que a Melaleuca em função das suas propriedades químicas e
terapêuticas, é extremamente eficiente no combate de uma ampla variedade de micro-
organismos, entre os quais o Propionibacterium acnes que origina a acne.
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A complexidade química do Óleo de Melaleuca que lhe confere uma admirável ação
antimicrobiana e bactericida, associada à grande capacidade de se misturar a secreção sebácea
e penetrar profundamente na pele, propiciou um crescimento continuado da sua utilização,
quando usado como antisséptico tópico na forma de sabonete, sabonete líquido e loção, em
substituição aos antibióticos tópicos, pois os estudos demonstraram que a substância quando
utilizada em concentração entre 2,5 a 10% é extremamente segura e eficaz (WILLIANS apud
SIMÕES et al, 2002, p.8).

5. Metodologia

Na pesquisa bibliográfica foram consultadas várias literaturas relativas ao assunto em estudo,


artigos publicados na internet e que possibilitaram que este trabalho tomasse forma para ser
fundamentado. Segundo Marconi e Lakatos (1992), a pesquisa bibliográfica é o levantamento
de toda a bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e
imprensa escrita. A sua finalidade é fazer com que o pesquisador entre em contato direto com
todo o material escrito sobre um determinado assunto, auxiliando o cientista na análise de
suas pesquisas ou na manipulação de suas informações. Ela pode ser considerada como o
primeiro passo de toda a pesquisa científica, onde, para o desenvolvimento deste artigo, foram
consideradas bibliografias datadas de 2005 a 2014, estudas no período de Agosto de 2012 a
Maio de 2014.

6. Resultados e Discussão

O tratamento da acne visa minimizar a formação de cicatrizes, melhorar a aparência, a


autoestima e relacionamento daquele indivíduo que encontra-se sob isolamento social,
prevenir ou tratar lesões já instaladas, diminuição do desconforto físico desencadeado pelas
lesões.
Classificar corretamente a acne constitui o primeiro passo para o tratamento mais adequado a
ser adotado. Em 1990, a conferência de consenso sobre a classificação da acne concluiu que,
o padrão a ser adotado internacionalmente sobre o assunto deveria considerar o grau de
comprometimento dos tecidos no local lesionado, o nível de secreção, a existência de
hemorragia e dor. Deveria ainda ser considerada a incapacidade ocupacional e os impactos
psicossociais ocasionados pela doença (HABIF, 2005).
Para Azulay (2006), a classificação clínica da doença dividi-se em acne não inflamatória e
inflamatória, sendo a primeira formada por acne comedoniana ou de grau I e a segunda por
acne papulopustulosa ou de grau II, císticas ou de grau III, conglobata ou de grau IV e
fulminante ou de grau V.
O quadro clínico da acne pode ser dividido em cinco estágios. A de grau I é caracterizada pela
existência de cravos sem lesões e comedoniana não inflamatórias; a de grau II por cravos e
lesões pequenas e inflamadas, pontos amarelos de pus, comedões abertos e fechados; as de
grau III por lesões avermelhadas dolorosas e inflamadas, com comedões abertos e fechados;
as de grau IV por lesões pequenas, médias e grandes, lesões grandes císticas e abscessos,
bastante inflamadas e de aspecto desfigurante e, finalmente a acne de grau V ou acne
fulminante, caracterizada pela existência de pápulas, pústulas e nódulos que podem
transformar-se em úlceras (MAGALHÃES, 2008).
O tratamento da acne deve ocorrer logo após o surgimento das primeiras lesões de modo a
evitar sequelas fisiológicas e emocionais como, por exemplo, as cicatrizes e a baixa-estima,
podendo ser realizado com medicação de uso local, visando principalmente à redução da
inflamação através do controle da oleosidade e da proliferação bacteriana, ou ainda, com uso
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de medicação oral, geralmente anti-inflamatórios e antibióticos para controlar a infecção e,


tratamento hormonal para pacientes do sexo feminino (HABIF, 2005).
Segundo Preston (2007), de 80% da população juvenil acometida por algum tipo de acne,
principalmente entre as pessoas do sexo feminino, apenas um número insignificante procura
um dermatologista para indicar o melhor tratamento. Nesse contexto, para essa parcela da
população, o tratamento da acne começa e termina numa farmácia ou loja de cosméticos.
Ocorre que nesses estabelecimentos são encontrados diversos produtos para limpeza de pele,
tônicos, loções, máscaras e outros itens, que quando utilizados sem orientação profissional ou
sem nenhum critério, podem não traduzir o efeito desejado ou mesmo agravar o quadro
clínico.
Para Draelos (2005), o tratamento da acne pode ser realizado com medicamentos tópicos ou
sistêmicos, que são classificadas em categorias de medicamentos prescritos ou não prescritos.
Os cosméticos não necessitam de prescrição e podem alterar alguns mecanismos de formação
da acne, entretanto, deve-se observar na sua composição a inexistência de substâncias
comedogênicas, tais como, manteiga de cacau, óleo mineral de qualidade industrial, miristato
de isopropil e petrolatum de qualidade industrial.
Os procedimentos para tratamento da acne deverão ser iniciados e ministrados de acordo com
o tipo de lesão e o grau de comprometimento. A correta limpeza da pele é de fundamental
importância, para tanto, é recomendado o uso de sabonetes sem óleo e loção adstringente.
Para atenuar a congestão facial é indicado o uso de mascará emoliente. No tratamento da acne
são extremamente úteis as preparações antissépticas e adstringentes (MAGALHÃES, 2008).
Os retinóides ou tretinoína são fármacos para o tratamento de acne comedônica, que atuam
através da renovação celular, diminuindo a coesão das células queratinizadas, provocando a
fragmentação e expulsão dos microcomedões, tendo como consequência a conversão dos
comedões fechados em abertos, facilitando dessa forma a sua remoção. Os retinóides tópicos
são mais eficientes que as esfoliações e agem também na prevenção comedoniana (VAZ,
2003).
O tratamento da acne objetiva a normalização da queratinização folicular, a diminuição da
atividade das glândulas sebáceas e da população do Propioniobacterium acnes no folículo,
possibilitando dessa forma o controle e diminuição da inflamação (AZULAY, 2007).
Durante o processo de desobstrução comedoniana alguns procedimentos básicos por parte do
paciente, são essenciais para o sucesso do tratamento, como por exemplo, deve-se orientar o
cliente a não tentar fazer a extração manual dos comedões, visando evitar o aumento da lesão
e com isso ocasionar cicatrizes; os hábitos de higiene devem ser enfatizados e determinados
tipos de cosméticos devem se evitados (KEDE, 2004).
O profissional de estética deve considerar a personalidade do paciente, visando evitar que o
mesmo fique excessivamente esperançoso quanto aos resultados, para tanto, deve ser
informado adequadamente quanto à metodologia a ser adotada, a cronicidade da doença, o
tempo de duração e os cuidados com a higiene pessoal. Essas informações são relevantes para
evitar que o paciente abandone o tratamento em função de falsas expectativas (KEDE, 2004).
No tratamento da acne comedoniana, os retinóides tópicos recomendados por prescrição
médica, oferecem respostas rápidas e bastante positivas. Da mesma forma, a
microdermoabrasão realizada com cristais finos acoplados à seção, elimina as células mortas
possibilitando a desobstrução dos poros melhorando a microcirculação da pele. O uso de
vapor de ozônio sob a pele e aplicação de uma leve esfoliação para remoção mecânica dos
comedões, além do uso de máscaras queratolíticas melhoram a eficiência do tratamento
(MACEDO, 2005).
Um estudo realizado em 124 pacientes, durante três meses, apresentado acne suave e
moderada, comparou o uso tópico de um concentrado contendo Peróxido de Benzoíla na
proporção de 5% e um gel com Óleo de Melaleuca também a 5%, casualmente espalhado na
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superfície afetada pela acne diariamente, demonstrou que ambos propiciaram melhoras
significativas no número de lesões inflamadas e não inflamadas. Entretanto, o Peróxido de
Benzoíla foi um pouco mais consistente nas lesões não inflamadas, ao passo que, os efeitos
colaterais foram menos frequentes nos tratamentos com a Melaleuca (AZEVEDO, 2002).
Entre os anos de 2004 e 2005, um estudo semelhante foi realizado nos Estados unidos,
envolvendo 60 pacientes com acne vulgar facial leve e moderada na faixa etária de 12 a 24
anos, cada um deles com aproximadamente 20 comedões. A metodologia da pesquisa
consistia em dividir os participantes em dois grupos de 30 pessoas, denominados de grupos A
e B, sendo que, o primeiro grupo seria tratado com óleo de melaleuca a 5% ao passo que, o
segundo receberia aplicações de placebo em gel na mesma proporção, duas vezes ao dia
durante 20 minutos por 45 dias.
O resultado demonstrou que o grupo A tratado com óleo de melaleuca obteve um redução nas
lesões equivalente a 43,64%, enquanto a redução no grupo B, que se utilizou de placebo foi
de apenas 12,03%. Outro fator importante esta relacionado ao índice de pacientes que
relataram algum tipo de reação adversa, de apenas 10% o mesmo percentual relatado pelos
membros do grupo B. Desta forma, o tratamento com óleo de melaleuca a 5% se mostrou
bastante eficaz contra as manifestações da acne e com raríssimos casos de reação alérgica
(ENSHAIEH, 2007).
Segundo De Santi (2003), o óleo de melaleuca apresenta ação germicida, bacteriostático,
fungistático, antimicrobiano e antiinflamatório. A associação dessas propriedades classifica o
óleo essencial da melaleuca como um excelente cicatrizante e analgésico. O óleo pode ser
apresentado na forma hidrossolúvel e lipossolúvel.
Hidrossolúvel é a característica dos produtos que podem ser dissolvidos em água. Assim, o
óleo essencial de melaleuca pode ser desenvolvido para formulações límpidas por se tratar de
uma microemulsão aquosa sob a forma de gel antiacne, sabonete líquido antibacteriano ou
gotas. Já a versão lipossolúvel, por se tratar de substância altamente solúvel na presença de
lipídeos e gorduras, além da indicação para o tratamento da acne, pode ser utilizada como
antisséptico e antifúngico na forma de sabonete e loção.
Os tratamentos tradicionais a base de antibióticos tópicos tem demonstrado grande eficiência,
entretanto, vale ressaltar que esse tipo de medicamento quando utilizado por um longo
período de tempo, se tornam menos eficazes em função do organismo desenvolver resistência
aos componentes da fórmula. Esse fato associado a uma demanda maior por tratamento
alternativos faz do óleo de melaleuca um substituto ideal aos antibióticos, dado os resultados
expressivos com esse tipo de substância.

7. Conclusão

Embora a acne seja considerada pela grande maioria da população como uma doença natural
da adolescência e que raramente persiste na fase adulta, o certo é que quanto mais
precocemente as lesões forem tratadas, maior a probabilidade de sucesso e menor será a
possibilidade dessas lesões deixarem cicatrizes permanentes.
A mudança de comportamento quanto à forma de se tratar a acne e seus efeitos nocivos no
aspecto físico e mental, está relacionado ao processo de reeducação dos pais, maior
informação nas escolas e nos meios de comunicação para a população em geral, quanto à
gravidade da doença.
Estudos relacionados às propriedades curativas do óleo de melaleuca demonstraram que essa
substância apresenta ação germicida, bacteriostática, fungistática, antimicrobiana e anti-
inflamatória e que, sua eficácia no tratamento da acne esta associado à ação antibacteriana que
inibe a proliferação de diversos tipos de micro-organismos, entre os quais as bactérias
associadas à acne.
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Os consumidores cada vez mais preocupados com a sua saúde, sua alimentação e os efeitos
negativos provocados pelos medicamentos sintéticos, passaram a buscar alternativas naturais,
entre elas, para o tratamento da acne, surgiu o uso de óleo de melaleuca.
Embora existam relatos do uso do óleo de melaleuca pelas tribos aborígines da Oceania desde
a antiguidade, o uso pela indústria farmacêutica é bem recente e alguns aspectos relacionados
à sua eficácia carecem de estudos científicos mais apurados. Desta forma, sugerimos que se
realizem novas pesquisas direcionadas a utilização da melaleuca nas patologias ligadas a acne,
considerando-se o fato que a demanda por produtos naturais encontra-se em plena expansão,
afetando diretamente a indústria farmacêutica e de estética.

8. Referências

AUGUSTO, Adriana Borges; DUARTE, Cíntia Soraia. et al. Curso didático de estética. São
Paulo: Yendis, 2008.

AZEVEDO, Silberto. Óleo de Melaleuca ou Tea Tree Oil – Um poderoso antisséptico,


germicida e fungicida natural. Disponível em: <http://www.lemnisfarmacia.com.br/oleo-de-
melaleuca-tea-tree-oil-um-poderoso-antisseptico-germicida-e-fungicida-natural/> Acesso em:
10 de janeiro de 2014.

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