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Resumo
A acne é uma doença que acomete cerca de 80% dos adolescentes em algum momento da
puberdade. Esse fato comum entre os jovens contribui com a falsa ideia de que isso é um
fenômeno da idade e que, portanto, não necessita de maiores cuidados. Entretanto, quando
não tratada de forma adequada à acne pode deixar cicatrizes permanentes, acarretar
problemas sociais, psicológicos e incapacidade operacional. Diversos tratamentos são
utilizados na cura da acne, sendo o mais comum à base de antibióticos tópicos. Ocorre que
esse tipo de tratamento tende a perder eficiência com o passar do tempo, pois os micro-
organismos ficam mais resistentes aos componentes da fórmula. Em função disso, diversos
métodos alternativos estão sendo utilizados, entre eles o óleo de melaleuca. Recentemente a
indústria farmacêutica descobriu que além dessas propriedades, o óleo extraído da folha da
melaleuca é um excelente antisséptico, antifúngico, parasiticida e possui grande capacidade
de se misturar a secreção sebácea e penetrar profundamente na pele para combater a
presença do Propionibacterium acnes, bactéria que propicia a inflamação da acne. O
presente trabalho teve por objetivo destacar a importância do óleo de melaleuca no
tratamento da acne grau I, e utilizou como ferramenta para esse estudo pesquisas
bibliográficas.
Palavras - chave: Acne; Tratamento; Óleo de melaleuca.
1. Introdução
Estudos revelam que a acne acomete cerca de 80% dos jovens entre 12 e 24 anos, em algum
momento desse espaço de tempo, mesmo que venha surgir esporadicamente na sua forma
mais branda. Esse índice elevado durante a adolescência é explicado pelo fato de que, na
puberdade ocorre aumento da produção de andrógenos que estimulam o crescimento das
glândulas sebáceas que, por sua vez, provavelmente por predisposição genética, estimula
anormalidades no nível de queratinização provocando o surgimento de comedões e retenção
da secreção sebácea.
Esse excesso de secreção sebácea ao juntar-se as células mortas nos ductos dos folículos,
acelera a produção bacteriana no local, principalmente a Propionibacterium acnes,
responsável pelo surgimento de inflamações. A explosão de estímulos hormonais durante a
puberdade tende a reduzir no início da fase adulta, esse fato explica o motivo pelo qual a acne
é mais frequente na adolescência.
Diversos métodos de tratamento são utilizados no combate a acne, entre esses, o mais
frequente está associado ao uso de antibióticos tópicos. Ocorre que, esse tipo de tratamento
com o passar do tempo torna-se menos eficiente, em função do organismo desenvolver
resistência aos componentes da fórmula, outro fator negativo são os efeitos colaterais que
eventualmente surgem em alguns pacientes. Assim, a busca por tratamentos alternativos vem
se tornado mais frequente. Entre os diversos tratamentos destaca-se o óleo de melaleuca pelo
seu poder antibacteriano e anti-inflamatório.
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Neste contexto, o presente estudo visa demonstrar a eficácia do uso do óleo de melaleuca no
tratamento da acne grau I. A metodologia da pesquisa foi considerada quanto a sua natureza
de forma qualitativa, pois o devido estudo não utilizou demonstrações numéricas e nem
técnicas estatísticas. O seu cunho é bibliográfico, por se tratar de uma pesquisa na qual o
assunto já havia sido abordado em outros artigos, livros e em matérias disponibilizados na
internet. A análise das informações obtidas dá-se através de comparações com os tratamentos
tradicionais como, por exemplo, a utilização de medicamentos tópicos, em relação ao óleo de
melaleuca, ressaltando a sua eficácia e os seus poucos efeitos colaterais.
2. Sistema Tegumentar
É um órgão complexo, muitas vezes esquecido que é essencial para a manutenção da vida,
com funções específicas como: proteção, comunicação, sensibilidade, regulação de
temperatura corpórea, excreção, reserva energética, síntese de vitamina D e função plástica
(JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2006).
Para Azulay e Azulay (2006) a pele apresenta alterações constantes, sendo dotadas de grande
capacidade renovadora e de reparação, e de certo grau de impermeabilidade. Tem como
função maior e vital a conservação da homeostasia.
Porto (2001) e Azulay e Azulay (2006) afirmam que além de todas as funções já citadas da
pele, ela também preserva o organismo contra agentes nocivos físicos, químicos ou
biológicos.
Junqueira e Carneiro (2006) afirmam ainda que, a estrutura da pele está definida como um
tecido de origem endodérmico dividida em duas camadas: epiderme e derme.
2.1 Epiderme
2.2 Derme
De acordo com Guirro e Guirro (2010) a derme é a camada mais profunda da pele composta
por tecido conjuntivo denso irregular que fornece uma base robusta e flexível à epiderme e
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3. A Acne
A acne é resultado de uma inflamação da pele caracterizada pelo aumento da secreção das
glândulas sebáceas possibilitando a formação de uma espécie de sebo. Para Magalhães
(2008), a acne é uma afecção inflamatória, multifatorial, com fase aguda e crônica, que
acomete especialmente na adolescência, os folículos pilossebáceos da face e do tronco,
embora incida mais raramente em outras áreas.
Estudos revelam que a acne afeta homens e mulheres indistintamente, mais especificamente
na adolescência, nas meninas as primeiras manifestações ocorrem por volta dos 14 anos e nos
meninos geralmente aos 16 anos. A acne é uma doença dermatológica que afeta cerca de 80%
dos adolescentes predominantemente do sexo feminino, entretanto, as formas mais graves
geralmente ocorrem nos homens (AZULAY, 2007).
A patogênese da acne consiste de quatro fases distintas, afetando áreas onde há maior
concentração de glândulas sebáceas. Para Kede (2004), a patogênese baseia-se em quatro
pontos fundamentais, relacionados entre si: a hiperplasia sebácea com hiperseborréia; a
hipercornificação ductal folicular; alterações da flora microbiana da pele, com colonização do
Propioniobacterium acnes e o surgimento de mediadores inflamatórios ao redor da derme e do
folículo.
A hiperplasia sebácea é o aumento da produção de sebo ocasionado pela inflamação da
glândula sebácea, decorrente do aumento da produção de testosterona e sua taxa metabólica.
Segundo Habif (2005), a testosterona é convertida em diidrotestosterona na pele, e age
diretamente na glândula sebácea para aumentar seu tamanho e sua taxa metabólica.
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da doença podem surgir cistos e nódulos, que podem deixar graves cicatrizes, além de afetar
psicológica e socialmente o paciente.
A acne é tida como não inflamatória, quando surge apenas comedões. Já nas papulopustulosas
se observa a presença de seborréia intensa, com lesões inflamatórias de diferentes graus. O
nódulo é resultado do rompimento da parede folicular devido a uma inflamação severa do
folículo pilossebáceo, que pode evoluir para cisto. O cisto é resultado da drenagem da
secreção no interior dos nódulos, compostos de células epiteliais e pus (KEDE, 2004).
O surgimento das acnes está mais comumente ligado a fatores hormonais, mais
especificamente aos sexuais, em função disso, essas lesões aparecem com maior frequência
durante a puberdade, época que esses hormônios começam a ser produzidos pelo organismo,
atingindo a ambos os sexos indistintamente. As acnes surgem com maior frequência no rosto,
mas em casos mais raros podem aparecer também no peito, ombro, braços e costas
(AUGUSTO et al, 2008).
Dependendo do tipo de lesão e o grau de intensidade a acne pode deixar cicatrizes de difícil
reversão e, isso é a única consequência fisiológica de longo prazo, entretanto, os fatores
psicológicos são os mais preocupantes, podendo ocasionar problemas de autoestima e
depressão. A doença tem implicações que vão muito além das poucas marcas que podem
surgir prejudicando significantemente o aspecto pessoal e a autoestima (HABIF, 2005).
4. Óleo de Melaleuca
A complexidade química do Óleo de Melaleuca que lhe confere uma admirável ação
antimicrobiana e bactericida, associada à grande capacidade de se misturar a secreção sebácea
e penetrar profundamente na pele, propiciou um crescimento continuado da sua utilização,
quando usado como antisséptico tópico na forma de sabonete, sabonete líquido e loção, em
substituição aos antibióticos tópicos, pois os estudos demonstraram que a substância quando
utilizada em concentração entre 2,5 a 10% é extremamente segura e eficaz (WILLIANS apud
SIMÕES et al, 2002, p.8).
5. Metodologia
6. Resultados e Discussão
superfície afetada pela acne diariamente, demonstrou que ambos propiciaram melhoras
significativas no número de lesões inflamadas e não inflamadas. Entretanto, o Peróxido de
Benzoíla foi um pouco mais consistente nas lesões não inflamadas, ao passo que, os efeitos
colaterais foram menos frequentes nos tratamentos com a Melaleuca (AZEVEDO, 2002).
Entre os anos de 2004 e 2005, um estudo semelhante foi realizado nos Estados unidos,
envolvendo 60 pacientes com acne vulgar facial leve e moderada na faixa etária de 12 a 24
anos, cada um deles com aproximadamente 20 comedões. A metodologia da pesquisa
consistia em dividir os participantes em dois grupos de 30 pessoas, denominados de grupos A
e B, sendo que, o primeiro grupo seria tratado com óleo de melaleuca a 5% ao passo que, o
segundo receberia aplicações de placebo em gel na mesma proporção, duas vezes ao dia
durante 20 minutos por 45 dias.
O resultado demonstrou que o grupo A tratado com óleo de melaleuca obteve um redução nas
lesões equivalente a 43,64%, enquanto a redução no grupo B, que se utilizou de placebo foi
de apenas 12,03%. Outro fator importante esta relacionado ao índice de pacientes que
relataram algum tipo de reação adversa, de apenas 10% o mesmo percentual relatado pelos
membros do grupo B. Desta forma, o tratamento com óleo de melaleuca a 5% se mostrou
bastante eficaz contra as manifestações da acne e com raríssimos casos de reação alérgica
(ENSHAIEH, 2007).
Segundo De Santi (2003), o óleo de melaleuca apresenta ação germicida, bacteriostático,
fungistático, antimicrobiano e antiinflamatório. A associação dessas propriedades classifica o
óleo essencial da melaleuca como um excelente cicatrizante e analgésico. O óleo pode ser
apresentado na forma hidrossolúvel e lipossolúvel.
Hidrossolúvel é a característica dos produtos que podem ser dissolvidos em água. Assim, o
óleo essencial de melaleuca pode ser desenvolvido para formulações límpidas por se tratar de
uma microemulsão aquosa sob a forma de gel antiacne, sabonete líquido antibacteriano ou
gotas. Já a versão lipossolúvel, por se tratar de substância altamente solúvel na presença de
lipídeos e gorduras, além da indicação para o tratamento da acne, pode ser utilizada como
antisséptico e antifúngico na forma de sabonete e loção.
Os tratamentos tradicionais a base de antibióticos tópicos tem demonstrado grande eficiência,
entretanto, vale ressaltar que esse tipo de medicamento quando utilizado por um longo
período de tempo, se tornam menos eficazes em função do organismo desenvolver resistência
aos componentes da fórmula. Esse fato associado a uma demanda maior por tratamento
alternativos faz do óleo de melaleuca um substituto ideal aos antibióticos, dado os resultados
expressivos com esse tipo de substância.
7. Conclusão
Embora a acne seja considerada pela grande maioria da população como uma doença natural
da adolescência e que raramente persiste na fase adulta, o certo é que quanto mais
precocemente as lesões forem tratadas, maior a probabilidade de sucesso e menor será a
possibilidade dessas lesões deixarem cicatrizes permanentes.
A mudança de comportamento quanto à forma de se tratar a acne e seus efeitos nocivos no
aspecto físico e mental, está relacionado ao processo de reeducação dos pais, maior
informação nas escolas e nos meios de comunicação para a população em geral, quanto à
gravidade da doença.
Estudos relacionados às propriedades curativas do óleo de melaleuca demonstraram que essa
substância apresenta ação germicida, bacteriostática, fungistática, antimicrobiana e anti-
inflamatória e que, sua eficácia no tratamento da acne esta associado à ação antibacteriana que
inibe a proliferação de diversos tipos de micro-organismos, entre os quais as bactérias
associadas à acne.
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Os consumidores cada vez mais preocupados com a sua saúde, sua alimentação e os efeitos
negativos provocados pelos medicamentos sintéticos, passaram a buscar alternativas naturais,
entre elas, para o tratamento da acne, surgiu o uso de óleo de melaleuca.
Embora existam relatos do uso do óleo de melaleuca pelas tribos aborígines da Oceania desde
a antiguidade, o uso pela indústria farmacêutica é bem recente e alguns aspectos relacionados
à sua eficácia carecem de estudos científicos mais apurados. Desta forma, sugerimos que se
realizem novas pesquisas direcionadas a utilização da melaleuca nas patologias ligadas a acne,
considerando-se o fato que a demanda por produtos naturais encontra-se em plena expansão,
afetando diretamente a indústria farmacêutica e de estética.
8. Referências
AUGUSTO, Adriana Borges; DUARTE, Cíntia Soraia. et al. Curso didático de estética. São
Paulo: Yendis, 2008.
AZULAY, Luna; BONALUMI, Aguinald; AZULAY, David Rubem; LEAL, Fabiano. Atlas
de Dermatologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
AZULAY, Rubem David; AZULAY, David Rubem. Dermatologia. 4 ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2006.
ENSHAIEH, S.; JOOYA,A; SIDAT, A.H et al. Eficácia do Óleo de Melaleuca 5% na acne
vulgar leve a moderada: um estudo randomizado, duplo cego e controlado por placebo.
Disponível em: http://www.dohmsweb.net/apparenza/informes/168_dermatologia_art_tec.pdf
Acesso em 23 de janeiro de 2014.
KEDE, Maria Paulina Villarejo; SABATOVICH, Oleg. Dermatologia Estética. São Paulo:
Atheneu, 2004.
PRESTON, Lydia; MACEDO, Otávio. Acne tem Cura. São Paulo: Globo, 2007.
ROBBINS, Stanley L.; COTRAN, Ramzi S. Patologia – Bases Patológicas das Doenças. 7
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
SIMÕES, Roberta Pessoa; GROPPO, Francisco Carlos; et al. Efeito do Óleo de Melaleuca
Alternifólia sobre a Infecção Estafilocócica. Disponível em:
<http://www.aja.org.br/oleos/Estudo_tea_tree4.pdf> Acesso em: 22 de junho de 2010.
VAS, Ana Lúcia. Acne Vulgar: bases para o seu tratamento. Disponível em:
<http://www.srsdocs.com/parcerias/publicacoes/diversos/acne_resumo.pdf> Acesso em: 22
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