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DOI: 10.1590/1413-81232015209.

12232014 2847

Estratégia do apoio matricial: a experiência de duas equipes

temas livres free themes


do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF)
da cidade de São Paulo, Brasil

Matrix support strategies: the experience of two Family Health


Support Centers (NASFs) in São Paulo, Brazil

Juliana de Oliveira Barros ¹


Rita Maria de Abreu Gonçalves 2
Ronaldo Pires Kaltner ¹
Selma Lancman ¹

Abstract The aim of Family Health Support Resumo Os Núcleos de Apoio à Saúde da Fa-
Centers (NASFs) is to expand and qualify prima- mília (NASF) objetivam ampliar e qualificar as
ry health care initiatives. Working together with ações da Atenção Primária em Saúde. Para tanto,
Family Health Teams (EqSFs) they use matrix no trabalho junto às Equipes de Saúde da Famí-
support strategies. This paper discusses how NASF lia (EqSF), utilizam-se da estratégia do matricia-
professionals develop their work, emphasizing mento. Este artigo buscou apresentar e discutir
how matrix support approaches are appropriat- como os profissionais do NASF desenvolvem seu
ed and incorporated into daily working practices. trabalho, com ênfase na apropriação e incorpo-
The results that are presented are based on a case ração do matriciamento no cotidiano das práti-
study of the work process of NASFs in a region of cas. Os resultados apresentados compõem estudo
the city of São Paulo, Brazil. In order to investi- de caso sobre o processo de trabalho dos NASF
gate this issue, specific questions were introduced de uma região de São Paulo. Para investigar esta
at different stages of the ergonomic work analysis. temática foram introduzidas questões específicas
The implementation of the NASF, without a re- nas diversas etapas da Análise Ergonômica do
view of the guidance documents provided by the Trabalho. A implantação do NASF sem a revisão
EqSF, created the following paradoxes: the differ- dos documentos norteadores das EqSF criou al-
ent requirements of productivity and the working guns paradoxos: as diferentes exigências de produ-
strategies between the NASF and the EqSF; the tividade e de estratégias de trabalho entre NASF e
different demands of care for the population and EqSF; demandas distintas de atendimento popu-
different priorities for action, which were reflected lacional e diferentes prioridades de ação, com re-
in the division of tasks and the time allocated to flexos na divisão das tarefas e do tempo destinado
each of them, etc. The practices that have been ac- a cada uma delas, etc. A prática acumulada desde
cumulated since the creation of the NASF suggests a criação dos NASF pode favorecer uma revisão
¹ Faculdade de Medicina, a review of these documents in order to transform destes documentos no intuito de transformar as
Universidade de São the organization of planned work of these orga- organizações de trabalho previstas para criar
Paulo. Av. Dr. Arnaldo 455, nizations in order to create better conditions for maiores condições para o trabalho compartilhado.
Cerqueira César. 01246-
903 São Paulo SP Brasil. shared working practices. Palavras-chave Matriciamento, Núcleo de apoio
juliana.obarros@usp.br Key words Matrix support, Family Health Sup- à saúde da família, Atenção primária em saúde,
2
Centro de Referência port Center (NASF), Primary health care, Health Trabalho em saúde
em Saúde do Trabalhador
da Mooca, Prefeitura do work
Município de São Paulo.
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Barros JO et al.

Introdução se de uma estratégia vinculada ao modo de ope-


rar, ou seja, às formas de viabilizar e organizar o
O objetivo deste artigo é o de apresentar, proble- desenvolvimento do trabalho entre duas equipes:
matizar e discutir como os profissionais inseridos uma delas, constitui-se como referência para o
nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) sujeito (individual ou coletivo) que demanda o
desenvolvem seu trabalho, sobretudo no que tan- cuidado; já a outra, não tem, necessariamente,
ge a apropriação e incorporação do apoio matri- relação direta com os usuários, mas, quando so-
cial no cotidiano das práticas. licitada, deve auxiliar a ampliar a compreensão
O NASF foi criado em 2008 visando inte- do caso, bem como as possibilidades de ação e
grar, fortalecer e ampliar as ações desenvolvidas resolução do mesmo6-8,10-13.
na Atenção Primária em Saúde (APS). Ancorada Tal processo pode ser materializado nas prá-
nos princípios da integralidade, do acesso uni- ticas de saúde de distintas formas: discussões de
versal, da participação social e da equidade1,2, a caso e de temáticas consideradas relevantes para
APS constitui-se como porta de acesso ao Sis- as equipes; atendimentos individuais e grupais
tema Único de Saúde (SUS). Caracteriza-se por compartilhados; visitas e atendimentos domi-
“um conjunto de ações de saúde, no âmbito indi- ciliares compartilhados; e, quando necessário, a
vidual e coletivo, que abrange desde a promoção equipe de apoio acolhe diretamente o sujeito em
e a proteção da saúde até a prevenção de agravos, questão10-13,15.
o tratamento, a reabilitação e a manutenção da Esta proposta de organização do trabalho ob-
saúde”3. jetiva favorecer a orientação do cuidado em saúde
Para responder a gama de necessidades dos enquanto processo contínuo, longitudinal e inte-
usuários da APS, as equipes multiprofissionais grado de ações, que se torna mais resolutivo10,13.
são imprescindíveis. Assim, é a partir do trabalho Campos16 e Merhy17 consideram que, para que
desenvolvido pelas Equipes de Saúde da Família os profissionais de saúde substituam ações episte-
(EqSF), atualmente com o apoio das equipes do mologicamente centradas no modelo biomédico
NASF, em parceria com a população e demais re- por perspectivas nucleadas em modelos biopsi-
cursos sociais e de saúde, que torna-se possível cossociais, é imprescindível à transformação dos
materializar o processo de cuidado1,2,4. Os profis- processos de trabalho, sobretudo a partir da in-
sionais inseridos neste cenário, alocados em Uni- corporação da prática interdisciplinar. O apoio
dades Básicas de Saúde (UBS) responsáveis por matricial constitui-se como estratégia fundamen-
uma população delimitada, com necessidades tal para desterritorializar os profissionais de seu
específicas, devem fomentar práticas de cuidado núcleo de saber específico e favorecer a busca de
abrangentes e resolutivas. novas possibilidades de produção de saúde e a
As EqSF são compostas por, no mínimo, um consolidação de um novo paradigma17,18.
médico de família, um enfermeiro, um auxiliar Assim, o trabalho entre o NASF e a EqSF de-
de enfermagem e de 4 a 6 agentes comunitários pende da corresponsabilidade e do desenvolvi-
de saúde5. Já dos NASF, a depender do tipo e mento de ações compartilhadas, que, por sua vez,
da instituição contratante, o número e tipo de devem ser planejadas a partir das demandas dos
profissionais pode variar entre as distintas for- territórios sob a responsabilidade das duas equi-
mações: serviço social, farmácia, fisioterapia, pes. Partilhar e construir reflexões e ações exige
fonoaudiologia, psicologia, terapia ocupacional, disponibilidade não apenas temporal, mas tam-
medicina, entre outros5. bém subjetiva dos trabalhadores que integram as
O NASF, enquanto equipe de apoio, oferece equipes10,13,16,19.
retaguarda especializada às EqSF e utiliza o apoio O trabalho do NASF está relacionado direta-
matricial como a principal estratégia para o de- mente ao da EqSF, fato que, necessariamente, in-
senvolvimento do trabalho4,5. As terminologias terfere na dinâmica de funcionamento das duas
“matriciamento” e “apoio matricial” têm sido equipes. O trabalho de ambas é norteado por
utilizadas na literatura, sobretudo nas publica- diretrizes contidas em documentos ministeriais
ções relacionadas à APS, desde o final da década e municipais. Tais documentos são apenas um
de 901,6-14. Neste artigo, serão empregadas como ponto de partida já que as práticas se delineiam
sinônimos. de forma particular a depender das equipes (for-
Em linhas gerais, matriciar significa compar- mação, experiência profissional, integração, etc.),
tilhar, apoiar, corresponsabilizar-se por determi- do território de abrangência, dos recursos, das
nada demanda de saúde apresentada por uma condições de trabalho disponíveis e das caracte-
pessoa, uma família, ou uma comunidade. Trata- rísticas da população atendida.
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Como o período de implantação da EqSF é Método
significativamente superior ao do NASF, essas
possuem processos de trabalho mais consolida- Entre os anos de 2011 e 2012 foi desenvolvido
dos. Desta forma, a proposta pioneira trazida um estudo de caso de natureza qualitativa, sobre
pelo NASF e as estratégias de trabalho utilizadas o processo de trabalho das duas únicas equipes
estão em fase de reconhecimento e implantação NASF da região estudada. Juntas, essas equipes
para todos os profissionais envolvidos e para a totalizavam 30 trabalhadores de diferentes cate-
população20,21. gorias profissionais. Todos eles foram convidados
Destaca-se que, ainda que presentes na lite- a participar da pesquisa. Ao longo do estudo, 22
ratura nacional e em algumas experiências piloto profissionais estiveram envolvidos com, pelo me-
em municípios de diversos Estados do país6,22,23, nos, um dos procedimentos realizados.
as estratégias e demais formas de organização do A pesquisa “O processo de trabalho nos Nú-
trabalho propostas pelo NASF são inovadoras. cleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) e seus
É a partir do cotidiano dos Núcleos em funcio- efeitos na saúde mental dos trabalhadores” con-
namento no país que tal experiência vem sendo tou com apoio do Conselho Nacional de Desen-
melhor compreendida e aprimorada. volvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e
Este cenário disparou o interesse dos pesqui- foi aprovada pelos comitês de ética da Faculdade
sadores em conhecer melhor como se dá o traba- de Medicina da USP e da Prefeitura de São Paulo.
lho do NASF, sobretudo em relação ao uso da es- Todos os trabalhadores que aceitaram participar
tratégia do matriciamento e os possíveis desafios do estudo assinaram o Termo de Consentimento
encontrados no cotidiano das práticas. Livre e Esclarecido (TLCE).
Nesse estudo buscou-se apreender o proces-
Contexto de Desenvolvimento do Estudo so de trabalho do NASF em sua complexidade.
Para tanto, utilizou-se os referenciais teórico me-
Atualmente o município de São Paulo possui todológicos da Psicodinâmica do Trabalho26, da
11,4 milhões de habitantes. No tocante à gestão, Ergonomia27 e da Organização do Trabalho em
é organizado em 32 subprefeituras que, por sua Serviços28. Todos eles, apesar de utilizarem méto-
vez, são subdivididas em distritos administrati- dos e procedimentos distintos, estudam situações
vos24,25. Por delegação da Secretaria Municipal reais de trabalho e o “trabalhar”, ou seja, a relação
de Saúde (SMS), existem cinco Coordenadorias indissociável entre o trabalho e quem o executa.
Regionais de Saúde (CRS) que gerem o SUS em Neste artigo, a partir dos objetivos delineados,
suas respectivas áreas de abrangência, por meio optou-se por se ater e se aprofundar em questões
das Supervisões Técnicas de Saúde (STS), res- específicas advindas da Ergonomia e das diversas
ponsáveis pelos aspectos técnicos e operacionais etapas e procedimentos utilizados pelo seu mé-
do funcionamento dos serviços. todo - Análise Ergonômica do Trabalho (AET).
Em São Paulo, existem parcerias entre a SMS A busca fundamental de uma AET é a cons-
e algumas Organizações Sociais de Saúde (OSS), trução de um diagnóstico da atividade real de
que são instituições do setor privado, sem fins lu- trabalho visando contribuir na elaboração de
crativos que atuam em parceria e de forma com- propostas de transformação do mesmo, no apri-
plementar com o município na gestão de serviços moramento da sua qualidade, na melhoria da
de saúde. Tais serviços, no entanto, continuam saúde de quem o executa e da produtividade.
sendo públicos e pertencentes ao município24. Para tanto, os principais pontos abordados são:
Este estudo foi realizado no distrito admi- relação entre trabalho prescrito e realizado; or-
nistrativo do Butantã, que pertence a CRS Cen- ganização do trabalho e processos de produção;
tro-Oeste, que responde pela saúde de 1.483.322 dificuldades operacionais; valorização do saber
habitantes, dos quais estima-se que 44.4% seja dos trabalhadores e de diferentes pontos de vista
exclusivamente usuário do SUS25. A gestão dos sobre o trabalho; dimensão coletiva do trabalho,
principais serviços dessa região, assim como a entre outros aspectos29.
contratação das equipes eram realizadas por uma O método da AET é composto por diversas
OSS vinculada a uma Faculdade de Medicina. etapas: análise e reformulação da demanda; le-
Em decorrência de tal parceria e também pelo vantamento e análise de dados da empresa e dos
fato da região estudada se constituir como uma trabalhadores; análise de tarefas e de atividades;
plataforma de ensino e pesquisa, a presença de diagnóstico, validação e recomendações. Para
alunos, preceptores e docentes era constante nos tanto, utiliza-se de diferentes recursos e procedi-
distintos trabalhos realizados na região. mentos tais como: análise de documentos; reali-
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zação de reuniões, entrevistas, observações aber- tas semiestruturadas com trabalhadores de dife-
tas, observações sistemáticas, fotos, filmagens, rentes categorias profissionais, sendo seis indi-
entre outros27. Nesta pesquisa, devido ao recorte viduais e uma de grupo e, ainda, uma entrevista
e característica do estudo, utilizou-se apenas de com a coordenação das equipes NASF. Tais entre-
algumas etapas e procedimentos que compõem vistas foram guiadas por roteiros que, em linhas
a AET. gerais, versavam obter dados acerca do trabalho
A análise dos dados em Ergonomia confi- prescrito e realizado; gestão do tempo de cada
gura-se como do tipo comparativa normativa, profissional e da produção; divisão das tarefas e
sendo realizada a partir das informações obje- conteúdo das mesmas; relação e estratégias uti-
tivas obtidas ao longo da coleta de dados, com lizadas pelo NASF para apoiar à EqSF; principais
vistas a compreensão do hiato entre o trabalho temáticas discutidas nas reuniões entre as duas
prescrito (diretrizes dos documentos ministe- equipes; distribuição da carga horária de traba-
riais e municipais) e o trabalho real (aquele que lho, entre outros aspectos.
os trabalhadores efetivamente realizam diante Posteriormente, de posse destas informações,
dos recursos que dispõem, da variabilidade e foram feitas observações abertas de algumas tare-
divisão das tarefas, das condições de execução, fas (uma reunião da equipe NASF, duas reuniões
e do tempo destinado para o desenvolvimento entre NASF e EqSF, um grupo de gestantes). As
das atividades). Verifica-se, ainda, neste contex- tarefas observadas foram aquelas consideradas
to, se existem práticas que superam as diretrizes pela equipe como as menos invasivas para os
previstas e que podem se tornar referências para usuários e de menor interferência na dinâmica
outros trabalhos assemelhados e, com isso, fazer do trabalho. Foram verificadas ainda as agendas
o próprio trabalho prescrito avançar. A análise é de alguns profissionais, no intuito de observar o
concluída por meio de um processo de validação tipo e a natureza dos agendamentos realizados e
dos achados em reuniões com os trabalhadores demais atividades desenvolvidas.
envolvidos no estudo. Destacamos que, com exceção das observa-
Para auxiliar o trabalho de campo e facilitar a ções, que foram apenas transcritas, os demais
comunicação entre os pesquisadores e as equipes, procedimentos foram gravados, transcritos e
no início da pesquisa, foi constituído um grupo posteriormente analisados. As entrevistas indi-
gestor formado por 4 representantes da equi- viduais, grupais, reuniões e observações totaliza-
pe técnica e 4 da equipe de pesquisadores. Esse ram, aproximadamente, 52 horas de trabalho de
grupo se reunia quando necessário e auxiliava na campo.
aproximação entre pesquisadores e trabalhado- Após compilação e análise dos dados coleta-
res, no agendamento de entrevistas, observação dos, eles foram apresentados, discutidos, modifi-
do trabalho e participação dos pesquisadores em cados e, finalmente validados com as equipes em
atividades selecionadas. duas reuniões. Posteriormente os NASF e a res-
Para conhecimento do trabalho prescrito pectiva coordenação receberam o relatório final.
foi realizado um levantamento e análise de do-
cumentos Ministeriais e municipais, utilizados
como norteadores para o trabalho dos NASF. Resultados
Para a caracterização da região e da população de
trabalhadores estudada foi realizado um levanta- A apresentação dos resultados será iniciada pela
mento documental da estrutura organizacional caracterização das equipes estudadas, seguida da
das UBS em que estavam inseridos os NASF e análise de alguns aspectos do trabalho realizado,
de dados do perfil dos trabalhadores tais como destacando o matriciamento como eixo central e
idade, sexo, escolaridade, tempo de trabalho no irradiador das ações desenvolvidas. Por fim, para
NASF, entre outros. melhor compreender a abrangência do “apoio
Para conhecimento do trabalho real, foram matricial” no contexto estudado, organizamos as
realizadas duas reuniões com a coordenação dos práticas desenvolvidas pelos trabalhadores e sua
NASF e cinco com o grupo gestor da pesquisa. representação em três grandes temas: concepção
Tais reuniões tiveram como objetivo favorecer das equipes NASF acerca da estratégia do apoio
um primeiro contato com o trabalho e com a ro- matricial; vivência cotidiana do apoio matricial
tina dos trabalhadores, com as reuniões e grupos nas práticas de APS; e potencialidade e limites da
desenvolvidos junto à população e demais ações utilização do apoio matricial no desenvolvimen-
dos NASF. Foram realizadas ainda oito entrevis- to das práticas do NASF.
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Caracterização das Equipes Estudadas
Ações compartilhadas
As duas equipes NASF possuíam 30 trabalha- Reuniões entre NASF e EqSF (atendimentos, visitas
dores, representantes de distintas profissões (mé- domiciliares, grupos, etc)
dicos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas,
psicólogos, fonoaudiólogo, educador físico, nutri- PROCESSO DE
MATRICIAMENTO
cionista). Eram compostas, em sua maioria, por
jovens (50% deles tinham entre 31 e 40 anos) e por Realização de parceiras com
mulheres (69%) que, em grande parte, já possuía Reuniões entre a equipe NASF serviços sociais e de saúde -
experiência no campo da APS e, especificamente, tecendo redes de cuidado
com a estratégia do matriciamento em outros con-
textos de prática, principalmente em NASF21. Figura 1. Estratégia do matriciamento.
Com relação às jornadas semanais de traba-
lho, 62,5% trabalhavam 20 horas e os demais 40
horas, de segunda a sexta-feira, entre 7h e 17h. Na
época os dois NASF apoiavam respectivamente,
9 e 10 EqSF, distribuídas em 4 UBS. Ambas esta- volver ações e estratégias, com vistas à interseto-
vam alocadas na mesma região de São Paulo e fo- rialidade;
ram implantadas no ano de 2010: uma no mês de · Discutir teoricamente, a partir da experiên-
maio e a outra em outubro. Na primeira equipe, cia prática, temas de interesse coletivo.
todos os profissionais participantes do estudo in- A dinâmica das reuniões variava a depender
gressaram juntos. Já na segunda, apenas metade da relação entre as equipes, ao número de e a
deles estava desde o início das ações. complexidade das situações a serem discutidas,
Assim, as duas equipes NASF possuíam perfis etc. A Figura 2 sistematiza como as demandas de
semelhantes e respondiam à mesma coordenação saúde da população e àquelas da EqSF chegavam
e OSS, que fazia também a gestão das UBS en- até o NASF bem como as possibilidades de des-
volvidas. Os territórios de abrangência e as EqSF, dobramento.
para as quais eram referência, também eram aná-
logos, permitindo o agrupamento e a generaliza- Concepção das Equipes Nasf acerca da Es-
ção dos resultados obtidos. tratégia do Apoio Matricial

O Trabalho Realizado Apesar de considerarem o apoio matricial


e o Matriciamento como Eixo Central uma estratégia recente no bojo das ações na APS,
existia uma homogeneidade entre os trabalhado-
Estar em equipe e/ou desenvolver atividades res do NASF em relação à compreensão concei-
de caráter coletivo era uma das prioridades do tual da proposta, sua importância e a missão de
trabalho realizado pelas equipes estudadas, o que implantá-la.
exigia que pactuações também fossem feitas de Para eles, tal estratégia tinha como base a
forma coletiva. Assim, a maior parte da carga ho- troca de experiências e de conhecimentos teó-
rária das equipes era destinada à participação em rico-práticos, que objetivavam a ampliação das
reuniões com cada um das EqSF referenciadas. possibilidades de compreensão e de atuação nos
A partir do uso da estratégia do matriciamen- casos. Neste sentido, “matriciar” implicaria, ne-
to (Figura 1) nessas reuniões, era possível: cessariamente, democratização do conhecimen-
· Identificar, coletivamente, as necessidades to, discussão, reflexão e, por fim, pactuação de
prioritárias para subsidiar o planejamento de responsabilidades para continuidade das ações.
ações subsequentes; A partir da demanda do caso ou da situação,
· Discutir casos considerados pela EqSF todos os atores envolvidos no processo trocariam
como de maior complexidade e definir atribui- conhecimentos específicos, fosse por meio de
ções e responsabilidades por meio da elaboração discussões de caso ou de atendimentos compar-
de projetos terapêuticos singulares (PTS), que tilhados.
contemplassem ações multiprofissionais e desen- Ao participar de atendimentos compartilhados,
volvessem, nos trabalhadores a ideia de corres- ao ver várias vezes um profissional fazendo uma
ponsabilidade; orientação específica, o outro profissional pode re-
· Identificar a necessidade de articular-se aos produzir, posteriormente, não com a mesma especi-
serviços sociais e de saúde do território e desen- ficidade e particularidade profissional. (ent.ind.3)
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Ações
compartilhadas
(Visitas
domiciliares,
grupos,
EqSF Reuniões entre
Demandas atendimentos
(elegia casos / situações NASF e EqSF
individuais / individuais, etc)
/ temáticas de maior (discussão dos casos +
coletivas complexidade) temas de interesse mútuo)

Ações exclusivas da
Equipe NASF

Figura 2. Fluxo da chegada das demandas ao NASF.

Esta estratégia fortalecia trocas interdiscipli- Foi possível detectar algumas ações conside-
nares e a abordagem dos problemas sob novas radas primordiais no desenvolvimento do traba-
perspectivas permitindo a construção de novas lho do NASF e que, envolviam, o apoio matricial.
lógicas de trabalho entre profissionais e, sobretu- Entre as principais, destacamos as reuniões que
do, entre equipes. Para tanto, era necessário que eram a fonte disparadora de toda e qualquer ação
se trabalhasse simultaneamente com a transfor- subsequente e onde eram realizados os pactos ne-
mação das práticas profissionais e da organização cessários para subsidiar a resolução dos proble-
do trabalho. mas específicos de sujeitos ou de comunidades.
Matriciamento é a lógica do compartilhar, é a Entre as principais reuniões destacamos as que
desconstrução da lógica de referência e contra refe- aconteciam semanalmente entre os NASF e as
rência existente até então no serviço público. (ent. EqSF e entre as próprias equipes de NASF, e as
grupal 1) que aconteciam mensalmente, como as reuniões
 Por fim, além das discussões de caso e dos técnicas, com os profissionais de saúde das UBS e,
atendimentos compartilhados, o chamado especificamente, aquelas realizadas entre os mé-
“apoio técnico-pedagógico” ou “apoio educati- dicos do NASF e médicos e enfermeiros das EqSF.
vo”, que compõe o matriciamento, acontecia em Nas reuniões realizadas entre representantes
todas as ações desenvolvidas pela parceria estabe- dos NASF e as EqSF, eram identificadas as deman-
lecida entre EqSF e NASF. das prioritárias para a construção de projetos de
cuidados específicos, que contemplassem a sin-
Vivência Cotidiana do Apoio Matricial gularidade de cada situação. Os desdobramentos
nas Práticas de APS destas discussões eram variados e podiam ser ma-
terializados de forma compartilhada entre NASF
Para os NASF, todas as ações desenvolvidas, e EqSF, ou apenas por algum dos profissionais de
inclusive as assistenciais, se configuravam como cada equipe. Entre as principais ações pactuadas
matriciamento, não apenas com relação as EqSF destacavam-se o desenvolvimento de: grupos te-
ou entre os profissionais da equipe NASF, mas rapêuticos e educativos; oficinas com temáticas
também com os profissionais inseridos em ou- específicas; atendimentos individuais e/ou avalia-
tros serviços de saúde parceiros. ção de casos; visita ou consultas domiciliares.
... quando se discute um caso nos CAPS, esta-
mos construindo uma ação, trocando saberes, você Potencialidades e Limites da Utilização
está matriciando o outro o tempo inteiro... tudo o do Apoio Matricial como Estratégia
que a gente faz é matriciamento, (ent.ind.4) Prioritária do Desenvolvimento
Segundo as equipes NASF, as EqSF também das Práticas no NASF
“matriciavam” o NASF, sobretudo a partir do co-
nhecimento que possuíam acerca do território No cotidiano de trabalho do NASF eram en-
adstrito e da demanda das famílias e da comu- contrados desafios para colocar em prática o ma-
nidade. triciamento. Alguns deles, referiam-se a aspectos
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objetivos, relacionados à organização do trabalho A discussão e o aprofundamento dos casos, fa-
entre as duas equipes, NASF e EqSF; outros, refe- vorecem a ampliação do olhar para a saúde indivi-
riam-se a aspectos subjetivos, vinculados a for- dual e coletiva. (ent.ind.1)
ma como cada profissional ou equipe conseguia Soma-se a isso o fato das equipes NASF e
expor suas necessidades sem sentir-se fragilizado EqSF, após algum tempo de trabalho juntas, te-
ante seus pares. rem a possibilidade de acumular saberes que,
Segundo os trabalhadores do NASF, a novi- futuramente, poderiam ser utilizados de forma
dade trazida pelo matriciamento, ainda não esta- autônoma no manejo de outros casos.
va totalmente assimilada por alguns profissionais A forma sistemática com que ocorriam as
das EqSF, o que dificultava a introdução e utiliza- reuniões para discussão dos casos favorecia a
ção desta lógica de trabalho. Para eles, muitas das aproximação entre os profissionais e, conse-
EqSF sentiam-se fiscalizadas, vigiadas e conside- quentemente, o aprimoramento dos processos
ravam que, quando demandavam alguma discus- de trabalho e a ampliação do escopo das ações
são com o NASF, de uma forma ou de outra, ex- desenvolvidas.
punham falhas no desenvolvimento do trabalho A possibilidade de criar conjuntamente dispo-
e até uma certa incompetência. Neste contexto, o sitivos que atendam a demanda da ESF, a fim de
Papel do NASF seria mostrar outras possibilidades ampliar o olhar da assistência, visando também à
de fazer matriciamento, mas a ESF tem dificuldade prevenção, facilita o trabalho. (ent. ind. 6)
em fazer essa discussão e reflexão. (ent. grupal 2) Para responder a complexidade de demanda
 Do ponto de vista da organização do traba- dos usuários e da comunidade, o NASF, a partir
lho, um dos principais dificultadores das ações do matriciamento, conseguia promover a articu-
de matriciamento referia-se ao trabalho previsto lação com a rede de serviços sociais e de saúde.
para ambas as equipes, baseado nos respectivos Para eles, tal articulação e a autonomia para re-
documentos norteadores e ao tempo que cada alizá-la eram fundamentais para o fortalecimen-
uma delas destinava às ações que realizavam. to de uma rede mútua de apoio que, a médio e
O que para o NASF era prioridade, como, por longo prazo, traria como resultado a melhora da
exemplo, as ações compartilhadas, para as EqSF condição de vida e de saúde do coletivo de usuá-
não era, sobretudo frente a demanda da popula- rios do serviço.
ção por atendimentos individuais.  Poder fazer várias articulações com equipa-
O que para uma equipe pode ser vivenciado mentos fora das UBS sem ser questionado e/ou
como perda de tempo frente à imensa quantidade controlado. Poder sair da unidade durante o horá-
de demanda, para a outra é essencial para a con- rio de trabalho para fazer articulações com a rede.
cretização do seu trabalho (ent.ind.2) (ent. ind.5)
 Outro desafio era o diálogo para pactuação Foi destacado também o caráter recente da
de ações que fossem consensuais e pautadas nas criação do NASF, não apenas na região estudada,
necessidades das equipes e na singularidade dos mas no país. Isso permitia que o trabalho pudesse
sujeitos e territórios atendidos. Porém, era jus- ser construído de maneira longitudinal, a longo
tamente quando se borravam as fronteiras pro- prazo, produzindo assim mudanças culturais im-
fissionais e todos sentiam-se responsáveis por portantes acerca do cuidado em saúde.
determinada problemática que se construíam No caso específico da região estudada, pelo
práticas coletivas e mais adequadas à necessidade fato de se caracterizar como uma plataforma de
da população.  ensino e pesquisa, a estratégia do matriciamento
Através do matriciamento, com o tempo, o pro- também contribuía para os processos de ensino e
fissional vai deixando sua especificidade e sendo aprendizagem.
apenas mais um profissional do NASF... O matri-
ciamento propicia isso. (ent.ind.2)
A diversidade de categorias profissionais que Discussão
compunham a equipe NASF favorecia o diálogo,
a reflexão e a ampliação da compreensão acerca Um dos principais desafios vivenciados pelos
da complexidade de cada caso e, consequente- profissionais do NASF era fazer uso contínuo do
mente, melhoravam a efetividade e resolutivida- matriciamento e incorporá-lo efetivamente às
de dos mesmos. ações cotidianas junto as EqSF. Matriciar impli-
O contato e aproximação com outros profissio- ca trocar ideias e informações, ajustar expectati-
nais permitem a ampliação de olhares e reflexões. vas, pactuar decisões. Neste sentido, apropriar-se
(ent.ind.6) dessa proposta, além de expor dúvidas, dificul-
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Barros JO et al.

dades e desconhecimento tanto teórico quanto Destaca-se ainda que, a prioridade de ações
prático, exige dos profissionais disponibilidade, coletivas, prevista nos documentos norteadores
confiança e cooperação. De acordo com as equi- do NASF conflitava com as demandas da popu-
pes NASF, alguns profissionais da EqSF apresen- lação por atendimentos específicos, como por
tavam pouca disponibilidade para este tipo de exemplo, os de reabilitação, o que favorecia si-
prática e, consequentemente, criavam limitações tuações de sobrecarga de trabalho para os pro-
para a realização de ações conjuntas. fissionais devido à inexistência de suporte para
Uma das potencialidades do apoio matricial responder a essas demandas14,20,21.
é promover a integração profissional, entretanto, Entretanto, a introdução do apoio matricial
para que isso ocorra é necessário que a hierarquia na prática das EqSF, a partir da criação do NASF,
e as relações entre os profissionais sejam menos possibilita instituir novos processos que facilitem
burocratizadas e mais horizontalizadas6,7,30. Para o diálogo e a capacidade de assumir novos com-
a construção de uma postura profissional mais promissos com a saúde dos usuários6. É impor-
permeável a novos processos de trabalho é neces- tante destacar, neste sentido, que o uso do matri-
sário que as práticas cotidianas estejam organi- ciamento pelas equipes fortalece a mudança de
zadas de modo que as relações de cooperação e paradigmas no campo da APS, ao propor uma
confiança sejam favorecidas e subsidiem, inclu- nova lógica de trabalho. Implica em transformar
sive, a compreensão e apropriação da proposta. práticas profissionais já estabelecidas, descons-
Cunha e Campos12 destacam que os traba- truir a lógica da referência e contra referência
lhadores da área da saúde tendem a querer lidar existente, bem como, favorecer mudanças impor-
apenas com os problemas para os quais seu nú- tantes na organização do trabalho.
cleo de conhecimento é suficiente para intervir e, Campos e Domitti7 referem que o apoio ma-
quando são dadas opiniões sobre suas condutas tricial provoca uma reformulação na organização
sentem como sendo inoportunas e invasivas. As- dos serviços, de forma que as áreas especializa-
sim, esses profissionais apresentam baixa capaci- das, outrora verticais, possam oferecer apoio téc-
dade para lidar com a incerteza e com a interdis- nico pedagógico horizontal às equipes da atenção
ciplinaridade, o que dificulta o trabalho intra e primária. Afirmam que, para a utilização dessa
inter equipes. No entanto, é quando as fronteiras estratégia é necessário mudanças ou mesmo uma
entre os diferentes núcleos de conhecimento fi- transformação global na maneira como se orga-
cam indefinidas que é possível constituir práticas nizam e funcionam os serviços de saúde.
coletivas, mais adequadas às necessidades da po- Campos6 e Campos e Domitti7 asseguram
pulação e às características do território. Silva et que o matriciamento é um dispositivo importan-
al.23 ressaltam a importância de se evitar a hierar- te para a clínica e para o trabalho transdiscipli-
quização, o especialismo e a fragmentação entre nar. Implica em um modo de operar dialógico e,
os diversos profissionais das equipes NASF e SF. em construir uma nova lógica da ação na APS.
Matriciar exige mudança nas prioridades de Porém, é importante destacar que, ao longo dessa
ação das equipes: o que antes era oferecido ape- pesquisa, foi percebida uma grande heterogenei-
nas por um profissional a um sujeito ou a uma dade teórico-prática com relação à compreensão
população, deve ser não apenas implantado, mas e utilização da estratégia. Tal configuração acaba
também planejado de forma compartilhada e co- por banalizar o próprio termo “matriciamento”,
letiva. Entretanto, o presente estudo indica que, que passa a ser utilizado de forma genérica para
como as prioridades de ação para o NASF e para representar o desenvolvimento de toda e qual-
a EqSF eram distintas, havia dificuldades no de- quer ação destes profissionais.
senvolvimento do trabalho compartilhado.
As questões apontadas se somam a orienta-
ção do trabalho das duas equipes, fruto de do- Considerações finais
cumentos norteadores distintos para cada uma
delas, que determinavam diferenças e uma gran- O apoio matricial constitui-se como a principal
de heterogeneidade do ponto de vista da orga- estratégia das equipes NASF para a concretização
nização do trabalho; no trabalho previsto; nas do trabalho. Para que possa ser incorporado e
prioridades de ação; no tempo destinado para a tornar-se referência no cenário da APS, é neces-
realização das atividades; nas metas, na produti- sário que todos os atores envolvidos, sobretudo o
vidade exigida, nos indicadores de desempenho próprio NASF e as EqSF, fomentem espaços cole-
utilizados; na coordenação técnica e na organiza- tivos de reflexão, discussão e prática. Neste con-
ção administrativa para cada equipe20,21. texto, é fundamental que, no exercício cotidiano
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Ciência & Saúde Coletiva, 20(9):2847-2856, 2015


do trabalho, haja investimento significativo nos avaliados: as distintas realidades dos municípios
processos comunicacionais intra e interequipes, e regiões brasileiras; o número de EqSF de refe-
para que os trabalhadores possam construir es- rência para cada equipe NASF; as características
paços de confiança e respeito, de forma que as de cada uma destas equipes; o número e as ca-
parcerias necessárias ao desenvolvimento do tra- tegorias profissionais que as compõe; a rede de
balho se consolidem. atenção secundária e terciária, etc. Entretanto,
A implantação do NASF, sem a revisão dos independente dos aspectos supracitados, o ma-
documentos norteadores das práticas das EqSF triciamento constitui-se como central e deve,
criou alguns paradoxos que necessitam ser revis- necessariamente, ser incorporado ao trabalho
tos, tais como as diferentes exigências de produti- realizado por todas as equipes no país.
vidade e de estratégias de trabalho entre NASF e Desta forma, a partir dos objetivos iniciais
EqSF; demandas distintas de atendimento popu- apresentados na criação dos NASF, é importan-
lacional, já que a EqSF configura-se como porta te a realização de novos estudos que busquem
de entrada da APS e o NASF não; diferentes prio- compreender, do ponto de vista das EqSF, quais
ridades de ação entre NASF e EqSF, com reflexos foram os impactos da chegada dos NASF, quais
na divisão das tarefas e do tempo destinado a cada eram suas expectativas iniciais, como foram in-
uma delas, etc. Assim, a prática acumulada desde corporando as propostas apresentadas, sobre-
a criação dos NASF pode favorecer uma revisão tudo em relação a estratégia do matriciamento,
destes documentos, no intuito de criar maiores para que possam ser implantadas mudanças po-
condições de entrosamento e confluências, sobre- sitivas nos processos de trabalho das duas equi-
tudo no tocante à organização do trabalho. pes. Tais transformações poderiam favorecer a
É importante destacar que, para se refletir so- melhoria do atendimento da população e tam-
bre os limites e potencialidades do trabalho de- bém o avanço das políticas públicas brasileiras
senvolvido pelo NASF, muitos fatores devem ser no campo da APS.

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