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ARTIGO ARTICLE
Michel Foucault and the persistence of psychiatric power
Sandra Caponi 1
Abstract This article aims studying the course held Resumo O artigo pretende estudar o curso que Mi-
by Michel Foucault at the Collège de France in 1973- chel Foucault ministra no Collège de France nos anos
1974. The records of this course were published in 1973-1974. Esse curso foi publicado em 2003 com o
2003 under the name “Psychiatric power”. The nome de “Le pouvoir psyquiatrique”. O objetivo foi
objective was to compare the different ways in which analisar os diversos modos como Michel Foucault
Foucault analyzes the question of madness in “Psy- analisa a questão da loucura em “Le pouvoir psy-
chiatric power” and in “History of Madness in the quiatrique” e em “A história da loucura na época
Classical Age” (1961). It is a comparative study clássica” (1961), através de um estudo comparativo
about the different ways of analyzing madness de- dos diferentes modos de analisar a loucura nos textos
veloped by Michel Foucault during the archeologi- de Michel Foucault no período arqueológico e gene-
cal and genealogic periods of his work. The absence alógico. Concluiu-se que a ausência de corpo, o diag-
of the body; binary diagnosis; the description of the nóstico binário, a descrição de superfície dos sinto-
surface of symptoms; the classification of diseases mas, a classificação de doenças mais próxima à clas-
more similar to the botanical classification than to sificação botânica que à nosologia patológica, o pro-
pathology; the process of cure directly linked to res- cesso de cura diretamente vinculado à restituição de
titution of behaviors and moral values; as well as condutas e valores morais, assim como o sobre-poder
the over-power of the psychiatrist, seem to speak exercido pelo psiquiatra, parecem falar da persistên-
about the persistence of an old model of power, a cia de um antigo modelo de poder, um modelo pré-
pre-modern and pre-capitalist model, a residue of moderno e pré-capitalista, um resíduo do antigo po-
the old sovereign power. der soberano.
Keys words Foucault, Psychiatry, Medical knowl- Palavras-chave Foucault, Psiquiatria, Saber médi-
edge, Psychiatric institutions co, Instituições psiquiátricas
1
Departamento de Saúde
Pública, Universidade
Federal de Santa Catarina.
Campus Universitário
Trindade. 88040-900
Florianópolis SC.
sandracaponi@newsite.com.br
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Caponi S
gico, o corpo neurológico e a ausência de corpo ças mentais. A idéia de um conhecimento diferen-
que caracteriza a psiquiatria. cial da loucura fundada sobre a anatomopatolo-
Nas últimas décadas do século XIX, o corpo gia ou a fisiopatologia ou a neurologia, esta “ten-
deixará de ser pensado exclusivamente a partir de tativa de inscrição da loucura no interior de uma
tecidos e órgãos, se começará a falar de um corpo sintomatologia médico geral”, terminará por fra-
com potencialidades, com funções precisas, com cassar no século XIX. “O fracasso desta tentativa
comportamentos desejáveis. Por volta dos anos de Charcot, o fato de que o corpo neurológico fuja
1850-1860, se começará a falar de um “corpo neu- da psiquiatra como também foge o corpo anato-
rológico”. Por uma parte, é possível afirmar que “o mopatológico, limitará o saber psiquiátrico a três
corpo neurológico é ainda o corpo da localização instrumentos de poder”1. Com o desaparecimen-
da anátomo-clínica, que não existe oposição mas to da grande esperança neurológica, não encon-
continuidade entre esses corpos”, pois o primeiro traremos mais que três elementos: os interrogató-
forma parte do segundo, “é sua deriva ou sua ex- rios, a hipnose e as drogas. Três elementos com os
pansão, e porque ambos compartilham o mesmo quais, seja no espaço asilar, seja no espaço extra
espírito de localização” 1. Mas, por outra parte, será asilar, o poder psiquiátrico funciona até hoje.
preciso observar as diferenças: “os procedimentos Então, e diante desse fracasso, resta analisar as
por ajustar a localização anatômica e a observação diferenças, a heterogeneidade, entre o diagnóstico
clínica não são os mesmos quando se trata de neu- e a terapêutica psiquiátrica e o diagnóstico e a tera-
rologia e quando se trata de medicina geral ordiná- pêutica própria da anatomopatologia. Existem pelo
ria”1. Falará de uma disposição diferente dos cor- menos duas diferenças fundamentais entre eles: por
pos, de outro modo de descrevê-los. Enquanto a um lado, a oposição entre um conhecimento dife-
anatomopatologia penetrava nos ínfimos detalhes rencial da sintomatologia da doença própria da
do organismo profundo sem interrogar a superfí- anatomopatologia e a ausência de diagnóstico di-
cie corporal, a neurologia do século XIX se limitará ferencial própria da psiquiatria; por outro, a opo-
a delinear uma descrição de superfície. Esta última sição entre a inscrição de lesões no corpo, órgãos,
descreve condutas, ações e reações, respostas a tecidos e a ausência de corpo que caracteriza o po-
movimentos concretos de sobre ou de subestimu- der psiquiátrico.
lação através da utilização de toda uma nova bate- Tentemos explicar rapidamente estas caracterís-
ria de estímulos-resposta. Foucault analisa, a par- ticas que não podem ser entendidas separadamente.
tir de documentos de Salpetrier, a descrição que Quando, no século XIX, se articulam a anato-
um aluno de Charcot realiza de uma doença neu- mopatologia e a clínica no interior do hospital, se
rológica chamada ptosis. Descrevem-se uma série abre a possibilidade de estabelecer correlações en-
de estímulos-resposta, se ordena ao paciente abrir tre uma lesão localizada no interior de um orga-
os olhos e só abre um deles, coloca-se uma luz, nismo e os sintomas apresentados pelo doente.
aproxima-se a luz, afasta-se mais e mais. Paralela- Então, a partir dessa correlação entre sintomas e
mente, a explicação do médico para cada situação lesões, se faz possível individualizar diversas doen-
concreta limita-se a uma descrição da superfície do ças, classificar diversos sintomas e estabelecer vín-
rosto do paciente, uma minuciosa descrição das culos entre as lesões e a caracterização de uma ou
rugas, dos movimentos das pálpebras, etc. outra doença. É a atribuição orgânica da lesão o
Encontramos ali uma descrição absolutamente que possibilita a construção de diagnósticos dife-
diferente de aquela que será realizada pela anato- renciais. Tais signos e sintomas correspondem a
mopatologia. Em certo sentido, com uma descrição tal lesão orgânica, e esse quadro nos permite diag-
como esta, retornamos a uma sorte de olhar de super- nosticar uma determinada doença e não outra: uma
fície, de olhar impressionista, tal como poderíamos úlcera é sempre diferente de um câncer de pulmão.
encontrar na medicina do século XVIII, em uma épo- “No espaço da psiquiatria, a situação é comple-
ca onde a pele, a coloração, o vermelho do rosto e os tamente diferente por duas razões”1. Primeira ra-
olhos injetados com sangue eram elementos impor- zão. No caso da psiquiatria, embora existam diag-
tantes para o diagnóstico clínico1. A anatomia pato- nósticos tais como a melancolia, a esquizofrenia ou
lógica de Bichat e Laenec reduziu estas descrições o transtorno bipolar, não importa tanto a precisão
impressionistas a certos signos de superfície que re- nosológica quanto saber se esse paciente é ou não
metiam a uma lesão que só poderia ser descrita após louco. Antes de qualquer caracterização, a verda-
uma operação cirúrgica ou uma autópsia. deira questão que se coloca é uma oposição biná-
Mas, o corpo neurológico e as estratégias des- ria. Está em questão uma decisão institucional: se
critivas, tal como tinham sido pensadas por Char- deve ser aceito ou não o internamento do paciente.
cot, não permitem dar novas explicações às doen- É dentro desse campo dual que se exerce o diagnós-
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encontrar as marcas que falam de uma disposição pital psiquiátrico do século XIX é um lugar de diag-
à loucura. Desse modo, ele pretende inscrever a nóstico e de classificação, retângulo botânico onde as
loucura em um quadro geral, o quadro das ano- espécies de doenças são repartidas e dispostas […]
malias, pois, “a anomalia é a condição de possibi- mas também um campo institucional onde o que está
lidade da loucura” 1. em questão é a vitória e a submissão1.
Por fim, o interrogatório, técnica privilegiada Nesse espaço, o que está em jogo é a produção
que o psiquiatra utiliza com o doente, tem duas e a terapeutização da doença mental a partir de um
últimas características. A primeira é estabelecer um conjunto bem delimitado de estratégias de poder.
cruzamento entre responsabilidade e subjetivida- Todas as técnicas ou procedimentos postos em ato
de; a outra é a capacidade de fazer com que o do- nos asilos do século XIX: isolamento, interrogatório
ente reviva a doença no momento preciso do inter- público ou privado, tratamentos punitivos como a
rogatório, diante do saber psiquiátrico. No pri- ducha, as obrigações morais, a disciplina rigorosa, o
meiro caso, o interrogatório procede de modo tal trabalho obrigatório, as recompensas, as relações de
que as ações cometidas, as faltas que levaram a preferência entre certos médicos e certos doentes, as
internamento passam a serem visualizadas como relações de posse, de subordinação, de vassalagem, de
sintomas da loucura. domesticação, de servidão do doente ao médico, tudo
Afirma-se “você pode ser libertado de toda res- isso tinha por função fazer do personagem médico o
ponsabilidade jurídica ou moral desde que reco- mestre da loucura: aquele que a faz aparecer em sua
nheça e desde que assuma que essas ações são sin- verdade (que explicita o que estava escondido e si-
tomas incontroláveis de uma doença que o possui e lencioso), aquele que a domina, a apazigua e a ab-
o domina”1. Mas o objetivo final do interrogatório, sorve depois de havê-la sabiamente desencadeado1.
ali onde encontra sua razão de ser, onde cumpre Deixemos de lado, por enquanto, as semelhan-
sua função, é no momento preciso em “que o sujei- ças que possam existir entre este quadro do século
to interrogado não só reconheça a existência de sua XIX e as estratégias terapêuticas que se perpetua-
loucura delirante mas que ele possa atualizá-la, de ram até nossos dias, ainda quando hoje possamos
modo efetivo, no momento do interrogatório”1. falar de desmanicomialização psiquiátrica, para
Cabe ao psiquiatra a confirmação final. Ele deve retornar à história do encerramento psiquiátrico.
presenciar a enunciação da loucura sob a forma Parece inevitável que nos formulemos uma per-
do reconhecimento, provocando uma confissão: gunta: quais as razões que legitimaram e justifica-
“Sim, eu escuto vozes”. Ou então, deve provocar o ram, por quase duzentos anos, a estratégia do en-
desencadeamento da doença suscitando as aluci- cerramento psiquiátrico? É bem conhecida a ima-
nações, provocando a crise histérica. Trata-se, re- gem do Pinel libertando os loucos de suas corren-
sumidamente, de gerar o enunciado confirmató- tes, e é nesse gesto simbólico do humanismo mo-
rio: “Sim, eu sou louco”. derno que o encerramento psiquiátrico encontra
Esta técnica não pode ser entendida a não ser sua legitimidade e razão de ser. O manicômio per-
dentro da lógica das estratégias e mecânicas de po- mite que se articulem magistralmente dois proble-
der: atribuição de identidade, diferenciação norma- mas sociais: a garantia de harmonia da ordem so-
lidade- anormalidade, estabelecimento de faltas e cial (que exige ser protegida contra a ameaça de
responsabilidades e, finalmente, atribuição da lou- desordem) com certas exigências de cura que fa-
cura. E é no interior dessas estratégias de poder que lam da eficiência terapêutica do isolamento e do
a psiquiatria encontra sua razão de ser. O interro- encerramento.
gatório possibilita o reconhecimento do doente Nesse contexto, Esquirol pode enunciar as cin-
como louco, mas possibilita também o reconheci- co razões principais para o isolamento dos loucos:
mento do próprio saber psiquiátrico. Como afir- (1) assegurar a segurança pessoal e da família; (2)
ma Pinel em uma entrevista estudada por Foucault: libertá-los das influências exteriores; (3) vencer suas
A terapêutica da loucura é a arte de subjugar e de resistências pessoais; (4) submetê-los a um regime
dominar, por assim dizer, ao alienado, pondo-o em médico; (5) lhes impor novos hábitos intelectuais e
estreita dependência de um homem que, por suas morais. Vê-se claramente que se trata de uma ques-
qualidades físicas e morais, está apto para exercer tão de poder, medir o poder do louco, neutralizar os
sobre ele um domínio irresistível e é capaz de trocar a poderes exteriores, estabelecer sobre ele um poder te-
cadeia viciosa de suas idéias1. rapêutico e de moralização1.
Como vemos, O poder psiquiátrico se inscreve É importante destacar que quando a psiquia-
dentro de outro marco de preocupação diferente tria fala de loucura não se refere a julgamentos
de A história da loucura. O que interessa agora é errados, não se refere à falta de correlação entre
traçar uma analítica do poder psiquiátrico: O hos- enunciados e coisas, como ocorria na época clássi-
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pêutico de restituição do corpo que falta, mas um populações que pertencem ao espaço da vida nua e
processo terapêutico moralizador que guarda enor- aquelas que formam parte da vida ativa, isto é, da
mes semelhanças com os ritos de purificação reli- condição humana que deve ser cuidada, estimula-
giosos pré-modernos. Dos dois pólos que caracte- da, multiplicada. Mas, para multiplicar a vida e o
rizam a disciplina, força de trabalho aumentada e cuidado com os cidadãos, para garantir seus direi-
capacidade de resistência diminuída, ou maior vi- tos, seu vigor e sua saúde, pode resultar legítimo
talidade, maior docilidade, aqui só achamos o se- admitir como precondição a existência de dois
gundo pólo. A ausência de corpo da que fala Fou- mundos, o mundo dos direitos e o das “exceções”, o
cault nos impede de situar a psiquiatria dentro dos mundo dos corpos que devem ser cuidados e o
saberes disciplinares que formam parte da anato- mundo habitado por aqueles que têm o estatuto de
mopolítica do corpo humano a qual esse autor se vida nua, de vidas que foram postas “fora da juris-
referirá anos mas tarde. dição humana” de modo tal que “a violência come-
Mas não é só esta distância em relação ao bio- tida contra eles não constitui nenhum sacrilégio”14.
poder próprio da modernidade o que parece ficar Basta analisar os documentos que descrevem
em evidência com uma releitura a posteriori de O o tratamento recebido pelos doentes nos hospitais
poder psiquiátrico. A psiquiatria, centrada em es- psiquiátricos, tantas vezes denunciado e evidencia-
tratégias de poder tais como o interrogatório e o do por Franco Basaglia e muitos outros15-17; basta
encerramento, fala de um excesso de poder por pensar em estratégias de poder brutais, como o
parte do médico, algo semelhante ao sobre-poder eletrochoque, ou aparentemente banais, como o
real referido por Foucault em A história da sexua- isolamento punitivo, ainda aplicadas em várias
lidade I5 (1978), que nos obriga a questionar sua instituições psiquiátricas, para verificar a existên-
afirmação de que a psiquiatria faz parte desse dia- cia e a permanência dessa “vida nua” analisada
grama de poder próprio da modernidade ao que por Agamben como a contraface do biopoder.
chamará “biopoder”. Mas essas estratégias de poder utilizadas clas-
A ausência de corpo, o diagnóstico binário, a sicamente pela psiquiatria não se limitam às insti-
descrição impressionista (de superfície) dos sinto- tuições fechadas, ao encerramento psiquiátrico, elas
mas, a classificação de doenças cujo modelo parece persistem ainda nos centros de atenção psicosso-
ser mais próximo da classificação botânica de Li- cial toda vez que a intervenção terapêutica se limita
neu que da nosologia patológica da medicina clíni- à reiteração dessas duas velhas estratégias própri-
ca, o processo de cura diretamente vinculado à res- as do saber psiquiátrico do século XIX: o interro-
tituição de condutas e valores morais, a desconsi- gatório e o uso de drogas.
deração relativa à maximização do corpo como Lamentavelmente, ainda hoje muitas vezes a
força de trabalho tão cara ao capitalismo e, por reforma psiquiátrica e a desmanicomialização se
fim, o sobre- poder exercido pelo psiquiatra, pare- limitam a descentralizar essas velhas tecnologias
cem falar da persistência de um antigo modelo de de poder. Muitas vezes, por falta de estrutura, de
poder, um modelo pré-moderno e pré-capitalista, medicação adequada ou de programas de inser-
um resíduo do antigo poder soberano. ção comunitária, essas velhas tecnologias de poder
Como afirma Didier Fassin12, as leituras con- próprias da psiquiatria clássica se reproduzem nos
temporâneas do conceito de biopoder se limita- centros psiquiátricos de referência que no Brasil
ram a utilizar essa referência em diferentes contex- conhecemos com o nome de CAPS. É verdade que
tos sem argumentar sobre seu alcance teórico, com a ordem da psiquiatria deixou que ser o interna-
exceção de dois autores provenientes da tradição mento e o encerramento; porém, hoje se trata de
filosófica, Agnes Heller13 e Giorgio Agamben14. Não medicalizar e dominar as paixões, os delírios e os
deixa de ser significativo que as duas obras que mais maus hábitos pelo uso de psicofármacos que só
contribuíram para repensar esse conceito se inspi- algumas vezes se mostram eficazes.
raram no trabalho de Hannah Arendt, que fundou, Em lugar de docilizar pelo encerramento físico
paralelamente a Foucault, uma teoria do governo manicomial, dociliza-se pelo encerramento quími-
referido à vida12. Tentamos analisar o curso do co, pelo isolamento que impõe o uso de psicofár-
Foucault de 1973-1974 a partir da articulação en- macos que modelam os hábitos e as condutas, que
tre o conceito foucaultiano de biopoder e a releitu- dominam os pensamentos e os delírios, que mini-
ra feita por Agamben. mizam o risco de violência, mas que, ao mesmo
A biopolítica, modalidade de exercício do poder tempo, exigem um custo muito elevado. O custo
própria dos Estados modernos, no momento que de perpetuar a idéia da psiquiatria clássica de “au-
garante a sobreposição entre vida e política, possi- sência de corpo do louco”. Só quando imaginamos
bilita que com um mesmo gesto sejam definidas as essa ausência de corpo podemos compreender que
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