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EBM FEDELINO MACHADO DOS SANTOS

Componente curricular: Geografia


Professor/a: Marcelo Panis
Período de realização: 27/9 a 08/10
Aluno(a): ______________________________________________________ Turma: ______

O ESPAÇO RURAL
1 A CRIAÇÃO DE ANIMAIS
Os seres humanos trabalham a terra para produzir seu alimento há mais de 10 mil anos. Desde
então, ao longo da história, passamos a produzir o espaço rural, retirando a vegetação original para plantar
o que usamos para nossa alimentação ou para outros fins, como a fabricação de tecidos, por exemplo.
O trato com animais também é antigo. Pesquisas arqueológicas nos vários continentes, como na
Europa, no norte da África e no sudoeste da Ásia, descobriram desenhos que indicam a domesticação de
diversas espécies. Esses registros nos ajudam a entender como aquela população lidava com os animais,
além de dar vestígios de como ela vivia.
Sabemos que o boi foi um dos primeiros animais domesticados pelos seres humanos. Estima-se
que isso tenha acontecido há aproximadamente 6 mil anos. Ainda hoje a criação de bovinos representa
uma atividade importante para nossa sociedade, produzindo alimentos, como leite e carne, e matéria-
prima para a indústria, como o couro para a confecção de roupas e sapatos, por exemplo.
Sistemas pastoris
Nômade é uma pessoa ou um grupo de pessoas que não possui moradia fixa, muda-se de um lugar
a outro em busca de alimento e água para sua subsistência. O nomadismo é o modo de vida daquele que é
nômade. O pastoreio nômade ocorre com o deslocamento do pastor com seu rebanho em busca de
melhores áreas de pastagem. Ou seja, o pastor não permanece em um mesmo lugar por muito tempo. Ele
aproveita as características vegetais de uma área para alimentar seu rebanho e depois se dirige a outra
área.
As regiões desérticas e semidesérticas localizadas entre o norte da África e as estepes da
Mongólia, na Ásia Central, têm sido ocupadas pelo pastoreio nômade há cerca de 3 mil anos. Na Lapônia,
região do extremo norte europeu, vivem os pastores criadores de renas, conhecidos como lapões ou
saami.
A transumância é um sistema de criação de animais no qual os pastores se movimentam com o
seu rebanho de acordo com as estações do ano. Os animais podem ter diferentes destinos, como consumo
próprio, venda a terceiros para obter renda e comprar outros itens necessários à sobrevivência e à extração
de algo dos animais para consumo e/ou venda, como leite e lã.
Durante o inverno, o rebanho é deslocado para as terras mais baixas, próximas ao mar, onde
encontram pasto disponível. No verão, ele é transferido para as montanhas do interior, porque nesse
período o derretimento da neve proporciona extensos campos de pastagem. Essa forma de criar animais,
principalmente ovelhas e cabras, é muito usada nas terras ao redor do mar Mediterrâneo.
No Brasil, é praticada por criadores em algumas áreas do país, como no Pantanal Mato-Grossense,
com o nome de invernada, cujo objetivo é buscar alimento ou transferir o gado de lugar em época de
cheia nas áreas alagadiças. Enquanto os homens migram com o rebanho, as mulheres e as crianças
permanecem nas terras e mantêm plantações temporárias, reforçando a dieta alimentar da família.

SISTEMAS DE CRIAÇÃO NA PECUÁRIA


A pecuária é a atividade de criação de animais para fins comerciais ou para consumo próprio:
bois (bovinos), búfalos (bufalinos), porcos (suínos), aves (avícolas), cabras (caprinos), por exemplo. Há
dois tipos principais de sistemas de produção: pecuária extensiva e pecuária intensiva.
Na pecuária extensiva, os animais são criados soltos. No caso de rebanhos de bois e búfalos, os
animais ficam soltos em grandes áreas de pastagem usadas para alimentação, na página seguinte. É um
sistema de baixa produtividade, que exige pouco investimento e funciona sem empregar muita mão de
obra.
Na pecuária intensiva é feito o confinamento dos animais em espaços controlados e limitados.
Esse sistema foi possível devido aos avanços na tecnologia, como melhoramento genético, para selecionar
melhores espécies para produção de carne e leite e utilização de rações na alimentação dos animais, por
exemplo. Por isso ela envolve mais trabalhadores qualificados, como técnicos e médicos veterinários. É
um sistema que aumenta a produtividade.
As técnicas da pecuária destinam-se principalmente à produção de carne para consumo humano.
Porém, alguns animais têm mais de um destino de produção. Veja a tabela abaixo.

Existe um terceiro sistema que combina características dos dois anteriores: a pecuária
semiextensiva, na qual o animal passa parte de sua vida confinado e parte solto. No confinamento, o
animal recebe insumos para engorda e crescimento mais rápidos, mas depois é transferido para o pasto,
que é mais barato para alimentar.

A PECUÁRIA NO BRASIL

No Brasil, a pecuária tem muita importância. O país está entre os maiores produtores de gado para
produção de carne e de leite. Na produção de carne bovina, de acordo com dados de 2017, ocupa o
segundo lugar no ranking mundial, atrás apenas dos Estados Unidos, e é o líder na exportação dela.
O gado bovino para corte, isto é, para produção de carne, é produzido, principalmente, de modo
extensivo e semiextensivo. A produção de carne está presente em todo o território brasileiro, porém
concentrada na região Centro-Oeste. O estado de Mato Grosso é o maior produtor de gado para corte. O
sistema de criação extensivo gera pressão sobre áreas de proteção ambiental, que muitas vezes são
desmatadas para a presença do gado, e é responsável pelo aumento da produção de carne na região Norte
do país.
Para a produção de leite predomina a criação intensiva. O estado de Minas Gerais é o principal
produtor de leite do país, mas São Paulo também se destaca na produção de leite e derivados. O Brasil
também se destaca em outros rebanhos da pecuária. É o maior exportador de carne de frango no mundo.
A criação de suínos, assim como a de frango, é feita principalmente no sistema intensivo, com maior
concentração nos estados do Paraná e Santa Catarina.
Brasil: evolução da produção de bovinos – 1985-2016

2. SISTEMAS AGRÍCOLAS
Há cerca de 10 mil anos que a espécie humana pratica a agricultura. Por isso desde essa época
pode-se falar em espaço rural.
As terras agrícolas ocupam cerca de 12% da superfície terrestre. Existe uma grande diversidade de
produtos cultivados. Eles foram adaptados às condições climáticas e do solo pelos povos originários, que
selecionaram as sementes que melhor se adaptaram a essas condições. Portanto, por meio da
transformação da paisagem, os povos originários domesticaram animais e introduziram cultivos que ainda
hoje são a base da nossa cadeia alimentar.
Nos sistemas agrícolas, a terra, o trabalho, os recursos energéticos e os recursos financeiros estão
integrados. Esse conjunto de elementos permite a produção de alimentos.
Rotação de culturas e pousio
Em algumas regiões da América do Sul, do Rotação de Culturas
sudeste asiático e da África, por exemplo, várias
comunidades tradicionais praticam a rotação de
culturas. Nesse sistema, o agricultor usa as terras para
cultivar produtos de maneira revezada.
Nos últimos anos, foram desenvolvidos
sistemas de rotação de culturas que procuram integrar
produtos de modo a usar permanentemente o solo.
Contudo, o cultivo deve ser feito em conjunto com
uma planta que exija menos nutrientes para que se
consiga, ao mesmo tempo, fazer a reposição
necessária para aquela terra.
O pousio consiste em deixar o solo sem
cultivo por um período, possibilitando que recupere
seus nutrientes. Depois de alguns anos de descanso, a
área recuperada pelos processos naturais é retomada
pelos agricultores para um novo período agrícola.
Agricultura itinerante
A agricultura itinerante é um sistema tradicional, de baixo nível tecnológico, que não exige grande
investimento. Nesse sistema, usa-se a técnica da coivara, que é a queimada de uma área de mata para
limpar o terreno para o cultivo. Essa técnica diminui a fertilidade do solo e o pequeno agricultor desloca-
se para uma nova terra e abandona a anterior. No Brasil, é praticada por povos e comunidades
tradicionais, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos, há muito tempo. A produção é destinada para a
subsistência e a possível comercialização de excedentes.
A queimada também é praticada por grandes pecuaristas e produtores de soja, mas não está
relacionada à agricultura itinerante. Na região Norte do país, extensas áreas da Floresta Amazônica são
queimadas ilegalmente com o objetivo de expandir as áreas de produção. A queimada, em ambos os
casos, gera problemas ecológicos e ambientais, como a destruição da vegetação nativa, o risco de o fogo
sair do controle e avançar pela floresta.
Agricultura em terraços
Na cordilheira dos Andes, na América do Sul, o profundo conhecimento do relevo, do solo e do
clima pelos povos originários permitiu que se criasse um sistema de agricultura em terraços (ou em
degraus, como também é conhecido), no qual a água das chuvas é retida nas encostas, evitando a erosão.
Esse sistema também é encontrado na Ásia. Nos Andes os principais produtos cultivados são a batata e o
milho; na Ásia, o arroz.
A agricultura em terraços é decisiva para a sobrevivência das comunidades que descenderam dos
povos originários e que atuam como pequenos agricultores andinos. O terreno da região é muito
inclinado, e os terraços evitam que os processos erosivos sejam tão intensos e acabam retendo os
nutrientes que são transportados pela água, o que resulta em um acúmulo de solo mais rico que o presente
nas encostas.
Agricultura irrigada
Os chineses recorreram a métodos próprios para garantir a produção de arroz às margens do rio
Yang-tse, também conhecido como rio Azul, região caracterizada por temperaturas elevadas e grande
volume de chuvas, desenvolvendo o sistema de agricultura irrigada.
Muitos trabalhadores realizam as tarefas de semear o arroz em canteiros preparados, transplantar
as sementes para os arrozais, arrancar as ervas daninhas e, sobretudo, controlar a inundação dos campos
para o cultivo das plantas, que precisam manter suas folhas acima das águas.
O sistema de agricultura irrigada também é realizado em outros lugares. Nele há enorme
concentração de mão de obra por quilômetro quadrado e pouca terra disponível. Contudo, tal sistema é de
alta produtividade e dispensa a necessidade de uso de fertilizantes, pois são naturalmente trazidos pela
água com abundância de matéria orgânica. O sistema não somente acelera o crescimento do arroz como
tem garantido, há séculos, duas ou três colheitas por ano em um único terreno.
Agricultura mediterrânea
A agricultura mediterrânea é um sistema agrícola que pode ser encontrado nas áreas ao redor do
mar Mediterrâneo. Essas áreas apresentam inverno chuvoso, com temperaturas amenas, e verão quente e
seco.
Devido ao longo período com poucas chuvas, a agricultura mediterrânea desenvolveu-se com
técnicas de aproveitamento da umidade do solo e pouco uso de irrigação. O principal produto cultivado é
o trigo. Além dele, as oliveiras podem ser encontradas em toda a região mediterrânea, em especial nas
áreas mais secas.

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