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CURSO DE LÍNGUA

PORTUGUESA - MÓDULO I
PROF.ª DRA. JOAGDA REZENDE ABIB
Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior


A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma
ação integrada de suas atividades educacionais, visando à
geração, sistematização e disseminação do conhecimento,
para formar profissionais empreendedores que promovam
a transformação e o desenvolvimento social, econômico e
cultural da comunidade em que está inserida.

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emissão de conceitos.
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SUMÁRIO

AULA 01 DECIFRANDO ENUNCIADOS DE QUESTÕES 05

AULA 02 LINGUAGEM, TEXTO E DISCURSO 08

AULA 03 GÊNEROS E TIPOS TEXTUAIS 11

AULA 04 QUALIDADES DO TEXTO 21

AULA 05 INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 34


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MÓDULO I
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INTRODUÇÃO

O curso de nivelamento de língua portuguesa tem como principal objetivo ajudar você, aluno,
a interpretar e produzir textos, observando parâmetros como clareza, concisão, coerência
e correção gramatical.
Dois módulos compõem o nosso curso.
Neste primeiro módulo, visamos ao desenvolvimento de habilidades necessárias à
construção de um bom texto. Além disso, ao final das aulas, você deverá ser capaz de
identificar tipos e gêneros textuais, bem como interpretá-los com maior facilidade.
Bons estudos!!!

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AULA 01
DECIFRANDO ENUNCIADOS DE
QUESTÕES

O enunciado é o X da questão!
Costumo dizer aos meus alunos que diante de questões em que temos que fazer a leitura
de um ou mais textos devemos, antes de mais nada, fazer a leitura do enunciado, pois ao
fazê-la sabemos o que está sendo pedido e podemos ler o texto de maneira direcionada,
buscando especificamente aquilo que se pede na questão.
A leitura de um enunciado deve ser feita com cuidado e atenção.
Muitas vezes temos total domínio sobre o assunto da questão, mas nos confundimos
com aquilo que é pedido e acabamos por respondê-la de maneira incorreta.
Existem algumas palavras que quando presentes em enunciados geram muita confusão.
Vamos dar uma olhada em algumas delas:

1.1 Respectivamente

Essa palavra ao aparecer em enunciados de questões pode confundir muito! Quando se


pede para assinalar a alternativa que mostra RESPECTIVAMENTE duas coisas, elas têm que
estar na ordem em que se pede. Veja o exemplo:
Assinale a alternativa que contenha, respectivamente, uma cidade e um país:

a) Paris; Nova Iorque


b) Itália; Portugal
c) Buenos Aires; Chile
d) Uruguai; São Paulo

Perceba que nas alternativas C e D temos uma cidade e um país. No entanto, a alternativa
em que eles aparecem RESPECTIVAMENTE na ordem em que são mencionados no enunciado
é a alternativa C.

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1.2 Depreender

DEPREENDER significa chegar à conclusão, deduzir. Portanto, quando uma questão pede
para que se depreenda algo do texto devemos indicar a conclusão a que se pode chegar a
partir de sua leitura.
Muitas vezes para depreendermos informações do texto é necessário termos conhecimento
além daquilo que nos é apresentado. Então, com base em nosso conhecimento de mundo
e aquilo que é dito pelo autor do texto, podemos chegar às conclusões corretas.
Veja o exemplo a seguir:

Figura 1 - Questão ENEM 2012

Fonte: http://educacao.globo.com/provas/enem-2012/questoes/98.html

A opção D é a correta, pois ela fala da importância da obra do escritor José de Alencar
que será digitalizada para se tornar acessível, de modo a preservar a memória linguística e
a identidade do nosso país.

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1.3 Inferir

A palavra INFERIR é um sinônimo de depreender, ou seja, ambas possuem o mesmo


sentido. Quando se pergunta o que é possível inferir a partir da leitura de um texto, o que
está se pedindo é que digamos a que conclusão é possível chegar a partir de sua leitura.
Portanto, se o enunciado da questão pedir para que digamos o que se infere a partir da
leitura de um determinado texto, devemos assinalar a alternativa que mostre a que conclusão
foi possível chegar após sua leitura.

1.4 Exceto

Quando em um enunciado nos deparamos com a palavra EXCETO, devemos ter em mente
que ela pede uma exceção. Trata-se daquilo de uma alternativa que é diferente das outras.
Se a questão nos diz algo do tipo: “Todas estão corretas, EXCETO...”, por exemplo, devemos
assinalar a alternativa errada.
Veja o exemplo a seguir:

Todas as alternativas a seguir são cores, EXCETO:

a) Azul
b) Laranja
c) Rosa
d) Vinho
e) Limão

Na questão acima, todas as alternativas apresentam uma cor, com exceção da alternativa
E (EXCETO a letra E).
Além disso, prestem sempre MUITA atenção às questões que pedem para que assinalemos
a alternativa INCORRETA! Esse tipo de pergunta sempre confunde muita gente!!!

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AULA 02
LINGUAGEM, TEXTO E DISCURSO

2.1 O que é linguagem?

Os seres humanos são capazes de expressar seus sentimentos, emoções, opiniões e


pensamentos em sons articulados que se propagam pelo ar e, mais recentemente, também
por meios eletrônicos, tais como telefone, televisão etc.
Além disso, também é possível fazer isso por meio da escrita, colocando-os em palavras no
papel, no computador, no celular entre outros. Podemos ainda fazê-lo por meio de imagens,
gestos, cores etc. Quando essas mensagens são lidas ou ouvidas por outros seres humanos
são transformadas novamente em sentimentos, pensamentos, emoções e opiniões. A essa
capacidade damos o nome de LINGUAGEM.
Existem dois tipos de linguagem, a verbal e a não verbal.
LINGUAGEM VERBAL é aquela que se utiliza de palavras, faladas ou escritas. Se vemos,
por exemplo, uma placa na qual está escrita a seguinte mensagem: NÃO PISE NA GRAMA,
temos, nesse caso, um exemplo de linguagem verbal, pois foram utilizadas palavras escritas
para garantir a comunicação. Quando conversamos com alguém, seja pessoalmente ou por
telefone, quando assistimos a um programa de TV, temos situações em que é utilizada a
linguagem verbal em sua forma oral. Portanto, sempre que palavras são utilizadas para que
se estabeleça a comunicação, trata-se de LINGUAGEM VERBAL.
LINGUAGEM NÃO VERBAL, por sua vez, é aquela que não faz uso de palavras. Podemos
nos comunicar utilizando, por exemplo, imagens, cores e gestos. Quando estamos no trânsito
e vemos que um semáforo está vermelho, sabemos que precisamos parar. Nesse caso, a
comunicação se dá por meio das cores. Em um jogo de futebol, um cartão de cor amarela
serve para advertir um jogador e um de cor vermelha serve para expulsá-lo. Trata-se, portanto,
de outro caso em que as cores são utilizadas para transmitir uma mensagem.

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Figura 2 - Semáforo

Fonte: https://www.reporterdiario.com.br/noticia/2838684/sao-caetano-instala-semaforo-na-esquina-da-av-presidente-kennedy/

Figura 3 - Cartão Vermelho

Fonte: https://www.lideresportes.com/cartao-vermelho/

A comunicação pode ser feita também por meio de imagens, mímicas, expressões faciais.
Isso tudo é linguagem não verbal, pois trata-se de comunicação feita sem o uso de palavras.

2.2 O que é um texto?

O texto é uma proposta de construção de sentido. É tudo aquilo que alguém diz ou escreve
que visa a expressar, transmitir uma mensagem. Importante ressaltar também que um texto
não precisa necessariamente utilizar linguagem verbal, ou seja, não precisa utilizar palavras.

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Uma imagem pode, por exemplo, ser um texto, desde que transmita uma mensagem que
possua um sentido.
Veja a imagem abaixo:

Figura 4 - Proibido Fumar

Fonte: https://saude.ig.com.br/2017-06-19/fumar-lei-antifumo-sp.html

Temos, nessa imagem, um texto, pois ao olharmos essa placa sabemos que é proibido
fumar. Existe, portanto, uma proposta de construção de sentido.

2.3 O que é Discurso?

Quando vemos, lemos ou ouvimos um texto, fazemos um pareamento entre aquela


mensagem que nos é transmitida e o nosso passado, nossa experiência de mundo. A isso
damos o nome de discurso.
Este local não é seguro!
Se nos deparamos com uma mensagem como essa em um determinado local, sabemos,
pelo nosso conhecimento de mundo, que não se trata da segurança do lugar, mas da nossa.
Podemos depreender por meio da leitura de texto que nós é que não estamos seguros se
estivermos ali.
Outra coisa importante com relação ao discurso é que, quando duas pessoas ouvem ou
leem o mesmo texto, temos dois discursos diferentes, pois cada pessoa construirá em sua
mente sentidos exclusivos, que são resultado do pareamento entre suas próprias experiências
e o texto que lhes é apresentado.

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AULA 03
GÊNEROS E TIPOS TEXTUAIS

Você, provavelmente, já ouviu falar em gênero textual e em tipo textual. Mas você sabe
diferenciar um do outro? Veremos, nesta aula, do que se trata cada um deles.

3.1 Tipos Textuais

A tipologia textual diz respeito à função do texto. O que se quer com ele: contar alguma
história, defender ou criticar um determinado tema, descrever algo ou fazer um pedido, dar
uma ordem. Temos, com base nessas funções, quatro tipos de texto:

• Narrativo
• Dissertativo
• Descritivo
• Injuntivo

3.1.1 O texto narrativo

Em uma narração, contamos uma história. Esse tipo de texto é composto pelos seguintes
elementos: PERSONAGENS, ENREDO (a história que se conta), TEMPO (quando aconteceu),
ESPAÇO (o lugar onde se passa essa história) e FOCO NARRATIVO (1ª ou 3ª pessoa).
Quanto ao FOCO NARRATIVO, temos primeira pessoa quando o narrador faz parte da
história e terceira pessoa quando ele apenas conta o que aconteceu, sem ter participado
dos acontecimentos.

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Figura 5 - O Leão e o Ratinho

Fonte: http://projetoabelha.com.br/?page_id=4438

Com relação à estrutura, uma narrativa possui:


Introdução (ou Apresentação) – aqui são apresentados os elementos: espaço, tempo e
personagens.
Desenvolvimento – trata-se da maior parte da história, até o ponto que chamamos de
“clímax”.
Clímax – é o momento mais importante da história, o ponto máximo. Pode haver, nesse
momento, uma complicação na história.
Desfecho – traz o fim da história, no qual as ações são concluídas, as complicações
solucionadas. O desfecho pode ser chamado também de conclusão.
Uma característica dos textos narrativos é a presença de verbos no passado.
Seguem alguns exemplos de verbos nos tempos passados do indicativo:
Pretérito imperfeito = fazia, tinha, andava...
Pretérito perfeito = fez, teve, andou...
Pretérito mais que perfeito = fizera, tivera, andara...
O pretérito mais-que-perfeito não é um tempo verbal muito utilizado. É mais comum
utilizamos o pretérito mais que perfeito composto: tinha feito, tinha tido, tinha andado etc.

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Façamos uma breve análise do texto apresentado acima (O leão e o ratinho), identificando
os elementos, as partes da narrativa e os tempos verbais.
Personagens: leão, ratinhos e caçadores.
Tempo: temos dois momentos, um em que o ratinho pede para que o leão o deixe ir e
um segundo momento que acontece “algum tempo depois”, em que o ratinho salva o leão
da armadilha dos caçadores.
Espaço: floresta.
Enredo: um ratinho pede para que o leão não o coma. O leão atende seu pedido e,
posteriormente, o ratinho retribui o favor salvando-o de uma armadilha.
Apresentação: o primeiro parágrafo, o qual fala que o leão estava dormindo, foi acordado
por ratinhos e um deles não conseguiu escapar.
Desenvolvimento: o ratinho pede para que o leão não o coma.
Clímax: o momento em que o leão fica preso na armadilha dos caçadores.
Desfecho: o ratinho salva o leão, roendo a rede em que ele ficou preso.

3.1.2 O texto dissertativo

O texto dissertativo pode ser EXPOSITIVO ou ARGUMENTATIVO.


No texto DISSERTATIVO EXPOSITIVO apresentamos um assunto ao leitor, sem a intenção
de convencê-lo ou de defender um ponto de vista.
Veja o exemplo a seguir:

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Figura 6 - Antropofagia

Fonte: https://projetoacademico.com.br/dissertacao-expositiva/

Perceba que, no texto acima, o autor não quer convencer o leitor de nada. O texto fala sobre
a antropofagia traz informações sobre esse movimento, mas não busca o convencimento.
Já no texto DISSERTATIVO ARGUMENTATIVO, temos a intenção de convencer e persuadir
nosso leitor. Desse modo, defendemos nosso ponto de vista, apresentando argumentos que
o sustentem.
Veja, a seguir, um exemplo de um texto dissertativo argumentativo. Perceba que neste
texto, diferentemente do anterior, existe a tentativa de convencimento. É possível notar que
o autor defende seu ponto de vista sobre o assunto abordado.

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Figura 7 - Redação ENEM 2015

Fonte: https://www.guiadacarreira.com.br/educacao/enem-redacao-nota-1000/

O texto dissertativo é dividido em três partes: INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO e


CONCLUSÃO.
Veremos, a seguir, o que cada uma delas deve conter.
De acordo com Abreu (2002), o texto dissertativo argumentativo apresenta um tema,
um problema, hipóteses e solução. O tema e o problema são apresentados na introdução.
As hipóteses devem ser apresentadas, defendidas ou refutadas no desenvolvimento e na
conclusão é que se encontra a solução.
Introdução – este é o momento de apresentar o assunto sobre o qual falaremos em
nosso texto e também a tese que será defendida.
A tese é, segundo Abreu (2002) , a melhor hipótese que encontramos para a resolução
de um problema. Segundo ele, diante de um determinado tema, surgem questionamentos
que são chamados de problemas. Devemos, portanto, escolher um deles e elegê-lo com o

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problema a ser discutido em nosso texto. Após fazer isso, surgem as hipóteses que são
as possíveis soluções. A melhor delas será, então, a que escolheremos como nossa tese.
Desenvolvimento – trata-se da parte do texto na qual apresentaremos os argumentos
que defendem nosso posicionamento. É possível apresentar aqui nossas hipóteses, defender
aquelas que servem à nossa intenção e refutar aquelas que vão contra aquilo que queremos
defender.
Conclusão – é o fechamento do texto. O parágrafo que encerra o texto deve apresentar
uma síntese de tudo que foi dito no texto ou então apresentar uma proposta de solução
para o problema apresentado na introdução.
Importante ressaltar que ao escrever um texto argumentativo, apesar de estarmos
defendendo nossa opinião sobre um determinado assunto, não podemos nunca dizer “Eu
penso”, “Eu acho”, “Eu acredito”, “Na minha opinião”.

3.1.3 O texto descritivo

O tipo descritivo, geralmente, acontece junto com outra tipologia. Em uma narrativa, por
exemplo, é comum os personagens serem apresentados por meio de uma descrição. Veja
na figura a seguir, o início do conto “Branca de Neve e os Sete Anões”. Perceba que se trata
de um texto narrativo que traz também a tipologia descritiva

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Figura 8 - Branca de Neve e os Sete Anões

Fonte: https://pt.calameo.com/books/003907712593919e20cd7

No primeiro parágrafo, temos a descrição da personagem Branca de Neve no seguinte


trecho: sua pele era branca como a neve, seus lábios vermelhos como o sangue e os cabelos
pretos como o ébano.

3.1.4 O texto injuntivo

A tipologia textual INJUNÇÃO consiste em um texto que instrua o leitor sobre a maneira
como fazer algo. Um exemplo disso são as receitas culinárias.

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Bolo de Fubá
Ingredientes:
1 copo de leite
1 copo de açúcar
1 copo de fubá
½ copo de óleo
3 colheres de sopa de farinha de trigo
2 ovos
1 colher de fermento em pó
Modo de fazer:
Bata tudo no liquidificador e leve para assar, em forno médio, por aproximadamente 30
minutos.

Tendo visto quais são as tipologias textuais, passaremos então a falar sobre os gêneros.

3.2 Gêneros Textuais

Quando produzimos um texto ele está ligado a um tipo de interação social e esses diferentes
tipos de interação são chamados de GÊNEROS TEXTUAIS.
Os gêneros são diferentes estruturas que se encaixam dentro dos tipos textuais. Dentro
do tipo injunção, por exemplo, podemos citar receitas culinárias, bulas de remédio, manual
de instruções, receitas médicas etc.
Como exemplos de gêneros pertencentes à tipologia NARRAÇÃO, podemos citar FÁBULAS,
CONTOS, ROMANCES, CRÔNICAS entre outros.
Na tipologia DISSERTAÇÃO encontram-se os gêneros: ARTIGO DE OPINIÃO, RESENHA
CRÍTICA, CARTA AO LEITOR etc.
Exemplos de gêneros textuais do tipo DESCRITIVO são, entre outros, VERBETES DE
DICIONÁRIOS, CLASSIFICADOS etc.

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Figura 9 - Verbete Dicionário

Fonte: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/ler

Como podemos perceber, o texto acima, verbete de um dicionário, traz a descrição da


palavra “ler”. Temos apresentadas suas características (verbo transitivo direto e indireto) e
também seu significado.
Importante ressaltar que dentro de um mesmo gênero, em um mesmo texto, podemos
encontrar tipologias diferentes. Por exemplo, ao escrever um texto dissertativo argumentativo,
podemos usar como argumentação a narração de um fato. Desse modo, teremos a presença
da tipologia narrativa e da tipologia dissertativa em um mesmo texto.
É muito comum também, encontrarmos, em uma narrativa, a descrição de personagens,
do espaço e, dessa forma, temos, em um texto que é majoritariamente narrativo, a presença
da tipologia descritiva.

Anote isso

Podemos dizer que um texto:


• É o produto de uma intenção.
• É uma proposta de construção de sentido.
• Existe sempre dentro de um determinado gênero.
• Contém diferentes tipos textuais.

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3.3. Registro formal e registro informal

Os registros são os diferentes usos linguísticos que fazemos, os quais estão vinculados
ao contexto e ao tipo de interação social que fazemos.
Em contextos formais, tais como textos acadêmicos e científicos, na mídia de alta qualidade,
em textos literários etc., devemos utilizar a língua padrão, que segue à risca a gramática
normativa da língua portuguesa.
Já em contextos informais, por exemplo, uma conversa informal com um amigo por
mensagem de Whatsapp podemos utilizar registros coloquiais, tais como o que vemos a
seguir:
Cê quer colar em casa hoje?
Perceba que há a coloquialidade no uso da forma “cê”, não aceita pela normal culta da
língua como também não é aceito o uso de gírias. No exemplo acima foi utilizada a gíria
“colar” que significa ir até um determinado lugar (colar em casa = vir até minha casa).

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AULA 04
QUALIDADES DO TEXTO

4.1 Coesão

A coesão é um processo de costura do texto. É por meio dela que amarramos as ideias
e que retomamos em uma frase algo que já foi mencionado anteriormente.
Para que um texto tenha sentido, tenha sequência e não seja repetitivo, é preciso que
dominemos os mecanismos de coesão.

4.2 Tipos de Coesão

A coesão pode ser feita por meio do uso de advérbios de lugar, pronomes, artigos definidos,
elipse e sinônimos (hiperônimos).
Veremos, agora, cada uma dessas possibilidades.

4.2.1 Coesão Referencial

Quando fazemos o uso de pronomes, artigos e advérbios de lugar para realizar o processo
de coesão textual estamos fazendo um tipo de coesão chamada de COESÃO REFERENCIAL.

4.2.1.1 Advérbios de lugar

Advérbios de lugar são palavras utilizadas em uma oração para se referir à localização
do que é expresso pelo verbo. São exemplos as palavras aqui, lá, ali, fora, atrás etc.
Observe o exemplo:

Vou ficar mais um pouco aqui.

Na frase acima, a palavra “aqui” é um advérbio de lugar, pois indica o local onde a pessoa
vai ficar.
Vejamos então, a coesão feita com o uso desses advérbios:

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Ana viajou para a Europa. Lá, ela conheceu o homem com que se casou.

A palavra LÁ é um advérbio de lugar que foi utilizado na segunda frase para retomar o
termo EUROPA, presente na primeira frase, evitando sua repetição. Temos, pois, nesse caso,
a coesão feita por meio do uso de um advérbio de lugar.

4.2.1.2 Pronomes

Vejamos o mesmo exemplo dado anteriormente:

Ana viajou para a Europa. Lá, ela conheceu o homem com que se casou.

Nesse caso, a coesão está sendo realizada por meio do uso de um pronome pessoal: ELA
que foi utilizado na segunda frase para retomar o nome ANA, presente na primeira. Desse
modo, evitamos a repetição e tornamos o texto coeso.

4.2.1.3 Artigos

Ao retomar um termo mencionado anteriormente, acompanhado de um artigo indefinido


(um, uma, uns, umas), podemos repeti-lo com a utilização de um artigo definido (o, a, os, as).
Veja o exemplo a seguir:

Comprei uma bicicleta. A bicicleta, no entanto, veio com defeito e eu tive que trocá-la.

Veja que, no exemplo acima, a repetição da palavra bicicleta não tornou o texto mal
construído, pois ela foi feita com um artigo definido (a) para retomar sua primeira aparição,
junto ao artigo indefinido (uma). Esse tipo de construção nos possibilita apresentar algo de
maneira genérica e depois retomá-lo, especificando-o. Na primeira vez em que a palavra
“bicicleta” aparece, seguida do artigo indefinido “uma”, estamos falando de uma bicicleta
qualquer entre todas as que existem. Quando essa palavra é retomada com o artigo definido
“a” estamos dizendo que se trata daquela bicicleta especificamente.

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4.2.2 Coesão por Elipse

Os celulares estão cada dia mais modernos. ____ Fazem coisas que jamais poderíamos
imaginar anos atrás.
Nesse exemplo, fizemos a coesão por meio de uma ELIPSE, ou seja, apenas omitimos o
termo que queríamos retomar, pois é possível saber do que se trata (os celulares).

4.2.3 Coesão Léxica

Chamamos de COESÃO LÉXICA aquela que é feita por meio do uso de sinônimos
(hiperônimos) para retomar um termo que foi mencionado anteriormente.
Mas o que é um HIPERÔNIMO?
Um HIPERÔNIMO (ou sinônimo superordenado) é uma palavra que trata de uma categoria
mais abrangente, que engloba aquele termo que estamos retomando. Por exemplo, se
estivermos falando de uma ROSA, podemos retomá-la utilizando o hiperônimo FLOR, pois
FLOR é a categoria à qual pertence a ROSA.
Veja, a seguir, um exemplo de COESÃO LÉXICA:

Preciso falar sobre minha paixão por orquídeas. Essas flores têm uma beleza encantadora.

A COESÃO LÉXICA nos permite fazer avaliações positivas ou negativas a respeito daquilo
que se retoma. Vejamos os exemplos a seguir:

A décima sexta temporada de Grey’s Anatomy estreou em setembro na Netflix. Essa série
entendiante e previsível é umas das mais maratonadas atualmente.
A décima sexta temporada de Grey’s Anatomy estreou em setembro na Netflix. Essa série
empolgante e emocionante é umas das mais maratonadas atualmente.

Perceba que, ao realizarmos a coesão lexical, por meio do hiperônimo série, foi possível
avaliações (uma positiva e uma negativa) a respeito do assunto em questão (a série Grey’s
Anatomy).

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Anote isso

Apesar de ser muito comum vermos a coesão feita com a palavra “mesmo”, devemos
evitar esse tipo de construção. Veja:
Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se neste andar.
O exemplo acima soa muito melhor quando construído da seguinte maneira:
Antes de entrar no elevador, verifique se ele encontra-se neste andar.

4.3 Dificuldades relacionadas à coesão textual

4.3.1 Uso dos pronomes demonstrativos

Para nos referirmos a algo que foi mencionado anteriormente podemos lançar mão dos
PRONOMES DEMONSTRATIVOS (este, esse, aquele etc) é necessário, no entanto, tomar
alguns cuidados.
Primeiramente, devemos evitar construções como:

Precisamos contratar mais vendedores para trabalhar no período de festas do final do


ano. Esses serão admitidos em regime temporário

Nesse caso, devemos optar por soluções como esta:

Precisamos contratar mais vendedores para trabalhar no período de festas do final do


ano. Esses profissionais serão admitidos em regime temporário

Em caso como esses, o uso da coesão léxica soa muito melhor.


Além disso, precisamos nos ater ao uso correto dos demonstrativos.
ESTE, ESTA, ESTES, ESTAS e ISTO devem ser utilizados no texto para se referir a algo que
será mencionado a seguir ou para fazer referência ao local do próprio texto.

Antes de começar o trabalho, anote isto: os prazos devem ser cumpridos à risca.

ESSE, ESSA, ESSES, ESSAS e ISSO para nos referirmos a algo que foi mencionado
anteriormente.

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Lembro-me até hoje da nossa viagem a Roma. Essa cidade foi, sem dúvidas, a mais linda
que já visitei.

Além disso, existe também uma construção com os pronomes AQUELE e ESTE que
utilizamos quando nos referimos a duas coisas que formam mencionadas anteriormente
no texto. Usa-se ESTE para retomar o que foi mencionado por último e AQUELE para fazer
referência ao que está mais distante no texto, ao que foi citado primeiro.

Foram contratados um contador e um diretor de marketing. Este trabalhará na sede da


empresa e aquele será enviado à filial de Paris.

No exemplo acima, o pronome ESTE foi utilizado para retomar “um diretor de marketing”,
que está mais próximo e AQUELE foi utilizado para retomar o que está mais distante, “um
contador”.
Os pronomes demonstrativos também podem ser utilizados dentro de um texto para
fazer referência ao tempo. Quando se trata do momento em que o texto está sendo escrito
ou falado, utilizamos ESTE e suas variações:

Esta semana, não estou comendo doces (trata-se da semana em que o autor está vivendo).
Dia 25 de dezembro, comemora-se o Natal. Nesse dia é comum as famílias se reunirem
para confraternizações (esse dia ao qual estamos nos referindo, porém não estamos vivendo
nesse dia).

Agora, se falássemos do Natal no dia de Natal, ocorreria o seguinte:

Hoje é Natal. Este é um dia muito importante para mim (o uso do pronome “este” é o
correto neste caso, por se tratar do dia em que o texto está sendo produzido).

Com relação ao pronome AQUELE e suas variações são utilizados em um texto para fazer
referência a algo que aconteceu em um tempo distante. É por isso que nos evangelhos da
Bíblia se diz NAQUELE TEMPO.

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4.3.2 Onde x em que

O pronome relativo ONDE deve ser utilizado apenas quando nos referimos a algum lugar.
São erradas, portanto, construções do tipo:

Participei de uma reunião onde foram discutidas questões importantes sobre o futuro
da empresa.

Na frase acima, a palavra ONDE está sendo utilizada de maneira incorreta, pois retoma o
substantivo REUNIÃO que não é um lugar. Em casos assim, devemos utilizar a preposição
EM seguida do pronome relativo QUE:

Participei de uma reunião em que foram discutidas questões importantes sobre o futuro
da empresa.

Agora veja o exemplo a seguir:

Moro em uma cidade onde o trânsito está ficando cada vez pior.

Nesse exemplo, o pronome ONDE foi utilizado de maneira correta, pois retoma a palavra
CIDADE, que é um lugar.

4.3.3 Onde x Aonde

Outro problema com relação ao uso do pronome ONDE é sua confusão com o pronome
AONDE. Para facilitar nossa vida e evitar confusões, devemos pensar da seguinte maneira:
o pronome AONDE é a junção da preposição A com o pronome ONDE e é utilizado, portanto,
quando é possível substituí-lo por PARA ONDE. Veja:

A cidade aonde eu moro.


A cidade para onde eu moro.

Nesse caso, vemos que não é possível fazer a substituição, pois a segunda frase está
completamente sem sentido. Devemos, pois, utilizar o pronome ONDE.
A cidade onde moro.

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Agora compare:

O lugar aonde você vai é paradisíaco.


O lugar para onde você vai é paradisíaco.

Nos exemplos acima, podemos ver que a substituição é perfeitamente possível. Por isso,
o correto é AONDE.

4.3.4 Problemas de coesão e concordância causados por Blending

De acordo com Abreu (2020, p.84.), blending “é um processo pelo qual nossa mente mistura
duas coisas diferentes”. Um exemplo disso é a metáfora que consiste em uma comparação
direta entre duas coisas. Quando dizemos que uma determinada pessoa é uma cobra estamos
criando uma metáfora projetando na pessoa algumas características de uma cobra, como
ser traiçoeira, perigosa e venenosa.
No nosso dia a dia utilizamos muito outro processo de blending, chamado de metonímia.
A metonímia, segundo Abreu (2020) ocorre quando percebendo uma parte de algo, somos
capazes de projetar nela o seu todo. Um dos exemplos dados pelo autor é o de uma foto
3x4, pois ao nos depararmos com esse tipo de retrato podemos reconhecer a pessoa e
sabemos que ela não é apenas um rosto.
Outro exemplo de metonímia, também citado por Abreu (2020), é quando dizemos que um
fazendeiro possui cabeças de gado, pois sabemos que não se trata apenas das cabeças, mas
sim do animal como um todo. Ocorre, portanto, uma metonímia, pois por meio da cabeça
(parte), conseguimos projetar o todo (o animal).
Um tipo de blending que causa problemas com relação à coesão textual é o blending
por compressão. De acordo com Abreu (2020), em frases como “Vou comprar um sapato”,
“Preciso fazer a mão e o pé” ou “Preciso cortar meu cabelo”, realizamos um empacotamento,
uma compressão. Segundo o autor, “o que fazemos é comprimir ou empacotar os dois
sapatos em um só, os dois pés e as duas mãos em um único pé e uma única mão e todos
os cabelos em um só cabelo” (ABREU, 2020, p.86).
Outro exemplo disso é quando dizemos, por exemplo, que a conta de luz fica mais cara
a cada mês. Na verdade, não se trata da mesma, mas de contas distintas.
Esse tipo de construção, na qual fazemos um empacotamento (ou compressão) das
ideias, acaba, muitas vezes, por acarretar problemas de coesão e concordância.
Veja o exemplo a seguir:

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O brasileiro é trabalhador. Vão à luta, sem se deixar abater pelas dificuldades que têm de
ser enfrentadas.

O que aconteceu no exemplo acima foi um erro de coesão causado pelo fato de termos
feito o empacotamento e o desempacotamento no momento de realizá-la. Nós nos referimos
ao brasileiro, no singular e ao fazer a coesão por elipse, utilizamos o verbo no plural. O
correto seria, portanto:

O brasileiro é trabalhador. Vai à luta, sem se abater pelas dificuldades que têm de ser
enfrentadas.

Às vezes, esse problema ocorre dentro de uma mesma frase:

O professor é um profissional que deveria ser muito mais reconhecido e valorizado, pois
formam todas as outras profissões.

Novamente, foi feito o empacotamento e desempacotamento, o que gerou problema de


concordância, pois a palavra “professor” foi utilizada no singular e funciona, elipticamente,
como sujeito do verbo formar na segunda oração: quem forma todas as outras profissões
é o professor. O verbo deveria, portanto, estar no singular.

O professor é um profissional que deveria ser muito mais reconhecido e valorizado, pois
forma todas as outras profissões.

4.4 Concisão

A concisão de um texto está ligada à clareza. Para que um texto seja conciso devemos
evitar parágrafos muito longos e prestar atenção ao vocabulário escolhido. Vocês, com
certeza, já ouviram a expressão “encher linguiça”, utilizada para se referir a quando escrevemos
coisas desnecessárias, apenas com o intuito de tornar o texto mais longo. Ser conciso é
exatamente o contrário é apresentar o máximo de informações utilizando o menor número
possível de palavras.

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Figura 10 - Exemplo de Repetitivo

Fonte: https://desciclopedia.org/wiki/Prolixidade

Perceba que no texto acima a mesma coisa foi dita por mais de uma vez. Isso torna o
texto prolixo, ou seja, o autor não consegue sintetizar seu pensamento, tornando o texto
repetitivo e cansativo.

4.5 Clareza

Uma das características de um bom texto é a clareza. É necessário que nos façamos
entender, sem criar dúvidas em nosso leitor ou ouvinte. Muitas vezes, escolhas erradas no
momento da escrita ou da fala podem gerar ambiguidade (dupla interpretação). Uma das
ferramentas que podemos utilizar para evitar esse tipo de coisa é a coesão léxica.
Veja o exemplo a seguir:

Bolsonaro foi aos Estados Unidos para uma reunião com Donald Trump. Lá, ele lhe
apresentou propostas de aliança entre os governos.

No exemplo acima, o texto não está claro, pois ao lermos não sabemos quem apresentou
as propostas. O uso do pronome ELE nos possibilita interpretar que Bolsonaro ou Trump
tenha apresentado a proposta. Para evitar que isso ocorra, podemos recorrer à coesão léxica
que nos possibilitaria a seguinte construção:

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Bolsonaro foi aos Estados Unidos para uma reunião com Donald Trump. Lá, o presidente
dos Estados Unidos lhe apresentou propostas de aliança entre os governos.

Desse modo, fica claro que quem apresentou as propostas foi Donald Trump (o presidente
dos Estados Unidos).

4.6 Coerência

Existem algumas metarregras de coerência, propostas por Charolles (1978). São elas:
• Continuidade (coesão)
• Não contradição
• Progressão
• Relação

4.6.1 Continuidade

Trata-se de observar a coesão textual, fazendo com que o texto não seja repetitivo. Como
já vimos na aula sobre mecanismos de coesão existem várias possibilidades para fazermos
isso. Vejamos um exemplo:

Antônio viajou à África e na África Antônio ficou sensibilizado com a situação das crianças.
Antônio viajou à África e lá ele ficou sensibilizado com a situação das crianças.

Os exemplos acima mostram, respectivamente, uma frase em que há repetição e outra


em que a coesão é feita tornando o texto, além de coeso, coerente.

4.6.2 Não contradição

O texto não pode dizer algo que contradiga o que foi dito anteriormente. Note o que ocorre
no exemplo a seguir:

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Figura 11 - Placa

Fonte: http://humorgramaticos.blogspot.com/2011/02/incoerencia-textual.html

4.6.3 Progressão

Para ser coerente é necessário que o texto apresente uma progressão de sentido. Não pode
haver repetição das mesmas ideias o tempo todo. É preciso acrescentar sempre algo novo.
Observe o texto a seguir:

Figura 12 - Exemplo de Texto Incoerente

Fonte: https://www.passeidireto.com/arquivo/965792/exercicios-sobre-as-metarregras-da-coerencia#:~:text=Metarregra%20da%20repeti%C3%A7%C3%A3o%3A%20um%20
texto,que%20ficou%20pressuposto%3B%20Metarregra%20da

Perceba que o texto acima não progride. O que acontece é a repetição de informação,
que o torna prolixo, ou seja, um texto repetitivo, cansativo, que não traz informações novas.

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4.6.4 Relação

O texto precisa ter relação com coisas do mundo real ou de mundos possíveis.
Observe a frase abaixo que foi ouvida em um debate político:
É preciso tirar a camisa e arregaçar as mangas.
Esse é um exemplo de problema de coerência causado pelo não cumprimento da metarregra
de relação, pois sabemos que se trata de algo impossível de acontecer. Não podemos arregaçar
as mangas de uma camisa se não a estamos vestindo.

4.7 Informatividade

Outra qualidade necessária a um bom texto é a informatividade. Para que um texto seja
informativo é preciso que ele traga algo novo ao leitor, que o apresente novas informações.

• O uso das redes sociais tem aumentado a cada dia. As pessoas comunicam-se
instantaneamente, trocam fotos, conhecem gente nova. As distâncias foram encurtadas e
a comunicação se tornou muito mais fácil. No entanto, é preciso tomar cuidado com o nível
de exposição pessoal nas redes.
• As redes sociais são cada dia mais usadas para comunicação interpessoal. O Instagram,
por exemplo, uma das redes mais utilizadas atualmente, foi criado por Kevin Systrom e
Mike Krieger no ano de 2010. Com um ano de existência, já tinha mais de dez milhões de
usuários. Foi comprado pelo Facebook em 2012 por um valor aproximado de 1 bilhão de
dólares. Essa rede é destinada à postagem de fotos e vídeos e se tornou um lugar onde
pessoas compartilham suas experiências, sua rotina de vida. É necessário, no entanto, estar
atento ao nível de exposição nas redes.

Perceba que o primeiro texto não diz nada além daquilo que já sabemos sobre as redes
sociais. Enquanto isso, o segundo apresenta informações sobre a origem do Instagram, fato
que é desconhecido por muitos. Isso torna o texto mais interessante, pois o leitor aprende
coisas novas com sua leitura.
Daí a importância de ler. Para redigirmos com informatividade devemos ser bem informados
e a leitura é a principal ferramenta para isso.

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4.8 Criatividade

Ser criativo ao escrever um texto é ser capaz de dizer as coisas de maneira diferente do
senso comum. É ser original. De acordo com Abreu, a criatividade é “a capacidade de ver
aquilo que todo mundo vê, mas pensá-lo de modo diferente” (ABREU, 2020, p. 27).
Um texto criativo torna-se muito mais atraente e a leitura se torna muito mais prazerosa.
Compare os textos a seguir:

• Para evoluir é preciso sair da zona de conforto. Se ficarmos acomodados, se tivermos


medo de enfrentar novos desafios, dificilmente faremos progresso. Isso se aplica tanto à
vida pessoal quanto à profissional.
• Em nossa vida, tanto pessoal quanto profissional, se quisermos evoluir, é necessário sair
do raso, onde dá pé e mergulhar em águas mais profundas, pois é assim que poderemos
alcançar as coisas que a superfície não pode nos oferecer. Arrisque-se! Vá até o fundo e
descubra que você pode muito mais!

Perceba que os textos dizem a mesma coisa, no entanto, o segundo é muito mais
interessante, pois aborda o assunto de forma criativa, o que atrai a atenção dos leitores e
torna a leitura muito mais prazerosa.
São essas as qualidades necessárias à escrita de um bom texto. Com coesão, clareza,
concisão, coerência, informatividade e criatividade podemos chegar à escrita do texto perfeito!

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AULA 05
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

Não existe receita ou fórmula mágica para aprendermos a interpretar texto. Uma das
coisas mais importantes é ter em mente que, quanto mais lemos e interpretamos, melhores
ficamos com relação a essa prática.
É preciso praticar!
Sabemos que no esporte, por exemplo, é necessário muito treino para se chegar a um
alto nível. Atletas profissionais treinam horas por dia, todos os dias, incansavelmente, para
conseguirem chegar a ser um atleta de elite.
Se queremos aprender a interpretar textos precisamos ler e fazer questões, pois como
sempre ouvimos por aí: a prática leva à perfeição.
No entanto, apesar de não existir uma fórmula mágica que nos ajude a dominar a arte
da interpretação de textos, existem algumas dicas que podem nos ajudar.
Vejamos algumas delas.
Primeiramente, leia com atenção!
Em uma interpretação não devemos levar em conta nossa opinião, mas o que é dito no
texto. Precisamos observar qual foi o objetivo do autor ao escrever aquele texto, o que ele
quis dizer, qual foi sua intenção ao escrevê-lo. Uma coisa que nos ajuda a perceber isso é
saber distinguir os gêneros e tipos textuais, pois cada um deles, como já vimos, tem uma
função diferente.
Além disso, alguns pontos gramaticais podem nos ajudar muito na hora de interpretar
textos. Um exemplo disso são os pronomes. Já estudamos um pouquinho sobre eles no
capítulo que fala sobre coesão e voltaremos a falar sobre essa classe de palavras, de maneira
mais aprofundada, no segundo módulo de nosso curso.
Por serem elementos de coesão conhecer os pronomes nos ajuda muito na hora da
leitura, pois podemos identificar com maior facilidade a que eles se referem, o elemento que
retomam ou introduzem etc.

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5.1 O uso da pontuação

Estudaremos a pontuação no próximo módulo, mas para termos uma ideia do quanto uma
vírgula pode mudar o sentido de um texto, trago, a seguir, exemplos que comprovam isso:

Os políticos que são corruptos merecem ser punidos.


Os políticos, que são corruptos, merecem ser punidos.

Temos, acima, dois exemplos de orações adjetivas: “que são corruptos”. No entanto, trata-
se de dois tipos distintos. Na primeira frase, temos o que chamamos de ORAÇÃO ADJETIVA
RESTRITIVA. Percebam que ela não vem entre vírgulas. Nesse caso, estamos dizendo que
apenas os políticos que são corruptos merecem ser punidos.
Já no segundo exemplo temos uma ORAÇÃO ADJETIVA EXPLICATIVA. Esse tipo de oração
deve ser escrita entre vírgulas e seu sentido é diferente do sentido construído pela restritiva.
Na segunda frase, estamos dizendo que todos os políticos são corruptos e todos merecem
ser punidos.
A mudança de sentido se dá, como foi possível perceber, apenas pelo uso das vírgulas.
Veja outro caso em que a vírgula muda completamente o sentido da frase:

Não, vamos fazer isso!


Não vamos fazer isso!

Não primeira frase nós vamos fazer e na segunda não.


É necessário, portanto, prestar muita atenção à pontuação quando estamos interpretando
o texto, para que não entendamos uma coisa diferente daquilo que está sendo dito.
Como dito no início desta aula não existe uma fórmula mágica para aprender a interpretar
textos. Então, agora que já temos algumas dicas que podem nos ajudar, vamos à resolução
de questões para começarmos a praticar.

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CONCLUSÃO

Ao longo de nossas aulas pudemos aprender o que é necessário para se produzir um


bom texto. Vimos também algumas dicas que podem nos ajudar a interpretar melhor textos
e enunciados de questões.
Agora, é preciso observar a correção gramatical com foco em alguns pontos que são de
extrema importância e que geralmente causam confusão.
Abordaremos esses tópicos gramaticais no Módulo 2 de nosso curso.
Aguardo vocês!

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ELEMENTOS COMPLEMENTARES

LIVRO

Disponível em: https://www.amazon.com.br/Curso-Reda%C3%A7%C3%A3o-Ant%C3%B4nio-Suarez-Abreu/dp/8508091389

Título: Curso de Redação


Autor: Antônio Suárez Abreu
Editora: Editora Ática
Sinopse: Trata-se de um livro que serve de guia para aqueles que querem melhorar sua
habilidade de escrever textos, observando padrões estruturais e correção gramatical.

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Disponível em: https://lojavirtual.giostrieditora.com.br/Criatividade-uma-vis%c3%a3o-cognitiva-e-cultural-para-o-s%c3%a9culo-21

Título: Criatividade: uma visão cognitiva e cultural para o século 21


Autor: Antônio Suárez Abreu
Editora: Giostri
Sinopse: Este livro tem como objetivo ensinar processos cognitivos que nos ajudem a
desenvolver nossa criatividade.

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REFERÊNCIAS

ABREU, A.S. Curso de Redação. 11. ed. São Paulo: Editora ática, 2002.

ABREU, A.S. Criatividade: uma visão cognitiva e cultural para o século 21. São
Paulo: Giostri, 2020.

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