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Capa
Folha de Rosto
Créditos
Dedicatória
Apresentação
Introdução
1 | Condicionantes externos e mudanças organizacionais
Características da sociedade do conhecimento
Globalização e hipercompetição
Escassez de recursos e pressões por competitividade
Mudanças políticas, econômicas, sociais e tecnológicas: reflexos
para as organizações
Desafios envolvidos em processos de mudança
2 | Tendências da gestão organizacional contemporânea
Valores do modelo industrial de gestão
Práticas tradicionais e a evolução da gestão organizacional
Valores do modelo pós-industrial
Novas relações de trabalho
Estratégias para expatriação e repatriação de trabalhadores
Alguns aspectos críticos e novos desafios para os gestores
3 | Alinhamento dos interesses corporativos e individuais
O desafio de conciliar os interesses corporativos e individuais
Diferenças intergeracionais: atitudes e valores
Estratégias para a integração das gerações
Competências necessárias aos profissionais do século XXI
A evolução da gestão de pessoas
A educação corporativa como instrumento de competitividade
O papel do especialista em RH como consultor interno
4 | Liderança e comportamento humano nas organizações
Desenvolvendo a inteligência emocional
Conceitos e papéis do líder: abordagens contemporâneas
Modelos de liderança: diferentes abordagens dos requisitos de
um líder
Teoria da liderança situacional, de Hersey e Blanchard
Competências gerenciais requeridas: o pipeline da liderança
Principais desafios enfrentados: a motivação como ferramenta da
liderança
Comunicação interpessoal e corporativa
Mulheres e a liderança do século XXI: um desafio ainda maior
Outras contribuições no estudo da liderança
Conclusão
Referências
Os autores
Victor Cláudio Paradela Ferreira
Antônio Raimundo dos Santos
José Eduardo Nasser
Maria Elizabeth Pupe Johann
Apresentação
Muitas vezes você, caro leitor, deve ter ouvido alguém falar que vivemos
em um tempo de grandes mudanças. Embora tal afirmação tenha sido
banalizada, ela é absolutamente verdadeira. Ainda que as mudanças tenham
marcado todas as etapas da história da humanidade, elas hoje se distinguem
por ocorrerem de forma muito mais rápida e profunda. Neste primeiro
capítulo, analisamos a grande mudança que acontece com o advento da
chamada “sociedade do conhecimento”, que dá título a este livro.
Começamos destacando suas principais características, a importância e as
principais modalidades do conhecimento, bem como a necessidade de que
sejam criadas condições adequadas ao desenvolvimento da aprendizagem
organizacional.
Depois, abordamos a globalização e seus impactos sobre as organizações e
os trabalhadores. Destacamos especialmente a hipercompetição gerada pela
economia globalizada, que exige a conquista de um novo patamar de
competitividade pelas empresas. Tal exigência é agravada pela escassez de
recursos e pelas pressões por competitividade que marcam a ambiência
corporativa atual e estão destacadas na terceira seção.
Em seguida, abordamos as mudanças políticas, econômicas, sociais e
tecnológicas que estamos vivenciando e que geram, concomitantemente,
desafios e oportunidades para as organizações públicas e privadas.
Por fim, refletimos sobre os processos de mudança organizacional que
precisam ser conduzidos, os problemas que costumam ser enfrentados e as
medidas que podem auxiliar na sua superação.
Globalização e hipercompetição
A economia passou por fortes transformações a partir do final do século
XX. O fim do chamado bloco comunista, liderado pela antiga União
Soviética, trouxe novos países para o capitalismo. A emergência de novas
potências industriais, como os chamados “tigres asiáticos”, e a formação de
blocos econômicos (Mercado Comum Europeu, Mercosul e outros)
mudaram, de forma significativa, o ambiente econômico mundial. O processo
que passou a ser conhecido como “globalização” representou uma
consequência de tais mudanças, fruto da necessidade de adaptação do sistema
à nova configuração das relações entre países.
Em um primeiro momento, os efeitos desse processo de rompimento de
barreiras comerciais e o aumento do comércio global se fizeram sentir sobre
as empresas de grande porte. No Brasil, por exemplo, até o início da década
de 1990, apenas quatro montadoras disputavam o mercado de automóveis.
Carros importados pagavam tanto imposto que não eram competitivos. Em
poucos anos, as barreiras tarifárias foram suprimidas e começaram a chegar
veículos das mais diversas procedências. Além disso, várias indústrias
originárias de outros países aqui se instalaram. Não há comparação entre a
intensidade da competição no mercado automotivo antes e depois dessas
mudanças. É natural que cada empresa que nele atue tenha passado a sofrer
muito mais pressão por produtividade.
Logo, porém, as mudanças chegaram também às pequenas e médias
empresas. As indústrias passaram a competir com os produtos chineses, que
ingressam agora no país a preços bem mais baixos do que os que
costumavam ser praticados pelas empresas aqui instaladas. Muitas acabaram
por fechar suas portas, não conseguindo competir com essa nova e agressiva
concorrência.
A expansão da internet e a diversificação de suas aplicações profissionais
trouxeram a competição mundial também para o setor de serviços. Uma
empresa brasileira pode hoje, por exemplo, contratar serviços como
manutenção de sites, elaboração de projetos, controles financeiros e muitos
outros, de prestadores instalados em qualquer lugar do mundo. Nesse setor,
assim como na indústria, a manutenção de uma elevada capacidade produtiva
é essencial à sobrevivência de qualquer organização.
Em um ambiente globalizado, um número crescente de trabalhadores está
sendo diretamente impactado, sendo necessário, em decorrência, alterar a
forma como esses trabalhadores se comportam profissionalmente. Hitt, Miller
e Colella (2013) apontam três principais impactos que podem ocorrer em
organizações que passam a atuar globalmente: empregos com foco
internacional, designações para trabalhos no exterior e relacionamento com
estrangeiros como colegas de equipe.
O primeiro caso ocorre quando uma pessoa, como parte de seu trabalho
diário, precisa atuar diretamente em questões internacionais. Por exemplo,
algumas companhias mantêm trabalhos centralizados de gerenciamento
financeiro, cabendo a um mesmo gestor acompanhar as finanças de unidades
espalhadas por vários países. O mesmo pode ocorrer em outras atividades,
como gestão da tecnologia da informação, comunicação corporativa, pesquisa
e desenvolvimento, entre outras. O gerenciamento eficaz dessas atividades
representa, mesmo em organizações domésticas, um grande desafio. Quando
se acrescenta a elas uma dimensão internacional, a complexidade cresce de
forma muito significativa. Tais profissionais tornam-se membros ou gestores
de equipes geograficamente dispersas, com características e necessidades
peculiares, e precisam conviver com diferentes condicionantes culturais,
políticos, econômicos e legais. Dependendo da área, podem necessitar
realizar tarefas durante as 24 horas do dia, atendendo aos diversos fusos
horários.
A gestão de pessoas precisa dar suporte adequado a esse tipo de trabalho,
para que sejam alcançados bons resultados e seja preservada a qualidade de
vida no trabalho das pessoas nele envolvidas. O teletrabalho está,
naturalmente, na base do relacionamento entre os profissionais que operam
com foco internacional e apresenta desafios próprios. Embora em qualquer
grupo a confiança entre os membros seja um fator fundamental, sua
importância é ainda maior nas equipes virtuais, em decorrência da ausência
da supervisão direta nos moldes tradicionais. Para tanto, um fator de grande
relevância é a construção de uma visão de futuro compreendida e aceita pelos
trabalhadores. A clareza do que se entende como referencial de sucesso
organizacional ajuda bastante na manutenção de posturas adequadas, no
alcance de um desempenho mais elevado.
A segunda modalidade de inserção internacional destacada por Hitt, Miller
e Colella (2013) – a designação para trabalhos no exterior – envolve os
chamados expatriados ou emigrados. A experiência de trabalhar no exterior
pode ser estimulante, em decorrência das novas e diferentes situações de
trabalho que são encontradas. A oportunidade de aprender sobre uma cultura
diferente e desenvolver competências para nela exercer suas atividades é
sempre valiosa. Lançar mão de gerentes expatriados pode facilitar a
coordenação entre o escritório da matriz e as subsidiárias no exterior e, por
isso, tem sido uma solução adotada por muitas organizações que se
internacionalizam.
É preciso, no entanto, que esse tipo de designação seja tratado com
cautela. Muitas coisas podem dar errado, resultando em fraco desempenho
profissional e retorno antecipado ao país de origem. Não é raro ocorrerem
choques culturais, que representam reações de estresse relacionadas a
dificuldades de lidar com as exigências da vida em um novo país. Além da
experiência do próprio profissional expatriado, a família também pode ser
vítima de estresse. Assim, a gestão de pessoas precisa atuar de forma
preventiva, investindo não apenas na capacitação técnica, mas também na
preparação psicológica dos que vão ser enviados a missões no exterior, e tal
preparação deve contemplar não só o funcionário, mas também seus
familiares. Durante a permanência no estrangeiro, um bom acompanhamento
deve ser feito, para que sejam tomadas providências imediatas para corrigir
ou minimizar os problemas que surjam. Na volta ao país de origem, faz-se
necessário também um trabalho de readaptação e a adoção de medidas
adequadas para que a organização possa tirar vantagens dos conhecimentos
obtidos durante a expatriação e apresentar desafios compatíveis com o novo
nível de desenvolvimento profissional adquirido.
Por fim, Hitt, Miller e Colella (2013) destacam que, nas organizações
globais, mesmo os trabalhadores que não tiveram oportunidade de atuar em
outros países estão expostos a diferentes culturas em função da convivência
com profissionais estrangeiros, os quais podem ser colegas, gestores ou
liderados. Essa situação pode representar uma experiência rica e
recompensadora, mas podem também surgir problemas relacionados à
diversidade cultural.
Para melhor conviver com as diferenças interpessoais, é fundamental que
sejam feitos investimentos na expansão da inteligência cultural, entendida
como a capacidade de separar os aspectos mais importantes da cultura
daqueles que são específicos do indivíduo ou de todos os seres humanos em
geral. É preciso que seja combatido o etnocentrismo, ou seja, a crença de que
sua cultura é melhor do que as demais.
Um dos efeitos da globalização foi o aumento da competição. Em grande
parte das nações, inclusive no Brasil, observamos uma significativa redução
nas barreiras alfandegárias. Muitas restrições legais foram eliminadas, e
impostos incidentes sobre importações foram reduzidos. Desde o início da
década de 1990, as empresas brasileiras precisaram conviver com uma nova
realidade, passando, em muitos casos, a enfrentar concorrentes estrangeiros.
Outro fator que contribuiu para a expansão da competição entre empresas
de diferentes países foi o crescimento do trabalho remoto, com base nas
modernas tecnologias de comunicação. Conforme já destacado, na área de
prestação de serviços, diversas tarefas podem ser realizadas por profissionais
e empresas de qualquer lugar do mundo, interagindo por meio da internet.
Em alguns setores, observou-se uma elevação nos padrões de qualidade,
tornando as organizações mais competitivas e capazes de enfrentar os novos
competidores. Em outros, porém, houve grande dificuldade, gerando perdas e
falências. As organizações precisam, para sobreviver, compreender melhor as
oportunidades surgidas e aprimorar seus modelos de gestão, usando recursos
de conectividade e alterando alguns de seus valores e práticas, conforme
destacado a seguir.
O lucro vale mais que o meio ambiente. Lucro e meio ambiente podem ser
compatíveis.
Fonte: revista Melhor Gestão de Pessoas, ano 22, n. 319, p. 6, jun. 2014.
Tecnicista
1950- Coincidindo com o início do behaviorismo, houve
1965 um avanço na relação entre capital e trabalho com
adoção de técnicas de recrutamento/seleção,
treinamento, benefícios, cargos e salários, entre
outros.
Aliás, prezado leitor, você percebeu que, mesmo sem essa intenção e
conhecimento sobre modelos teóricos, Alfredo tinha montado o próprio
pipeline de liderança, investindo no desenvolvimento dos seus liderados, tal
como foi visto anteriormente?
Entre os diversos papéis que competem aos líderes, um que se destaca
como de maior importância é a capacidade de favorecer a motivação de seus
liderados. Esse é, no entanto, um grande desafio, como veremos na próxima
seção.
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Os autores