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AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS

Marcelo Mocarzel
Armação dos Búzios – Set/2016
“Só quando enxergamos os nossos
próprios erros através de uma lente de
aumento e fazemos examente o contrário
com os demais é que chegamos a uma
justa avaliação de uns e de outros.”

Mahatma Ghandi
Constituição Federal

Art. 205. A educação, direito de todos e


dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao
pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho.
Constituição Federal

Art. 206. O ensino será ministrado com


base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o
acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar,
pesquisar e divulgar o pensamento, a
arte e o saber;
Constituição Federal

III - pluralismo de ideias e de


concepções pedagógicas[...]

VII - garantia de padrão de qualidade.


Qualidade da Educação

Até 1930 – Acesso

Entre 1930 e 1970 – Fluxo

A partir de 2000 - Performance


Nesse panorama, como avaliar as
aprendizagens dos nossos alunos e
alunas?
Problemas

1.  A avaliação não é consistente e não


dá o real retrato dos aluno;
Problemas

2. A avaliação é injusta e uniformizante.


Problemas

3. Não se tem reais condições materiais


e pedagógicas para se avaliar bem.
Problemas

4. A avaliação não propõe desafios aos


alunos.
Problemas

5. A avaliação é uma mera obrigação


burocrática.
Problemas

6. O ensino não é mais envolvente, os


alunos são tecnológicos.
Como viabilizar uma avaliação
comprometida com as aprendizagens?
Avaliação na Educação Infantil
LDB

Art. 31.  A educação infantil será organizada de


acordo com as seguintes regras comuns:
        
I - avaliação mediante acompanhamento e
registro do desenvolvimento das crianças, sem o
objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao
ensino fundamental;    
Os relatórios de avaliação representam a
análise e a reconstituição da situação
vivida pela criança na interação com o
professor. Eles representam, ao mesmo
tempo, reflexo, reflexão e abertura a
novos caminhos possíveis.
Os relatórios da avaliação não podem
reduzir o seu significado ao
cumprimento de uma função burocrática
das escolas e nem satisfazer as
necessidades que os pais têm de
controlar e conhecer o trabalho que as
escolas estão fazendo com seus filhos.
Hoffmann (2009, p.106), delineia algumas
questões que não têm sido privilegiado
pelos educadores ao elaborar tais relatórios.

•  Que áreas de conhecimento foram


trabalhadas pelo aluno?
•  Quais os avanços que vem demonstrando
nessas áreas?
•  Apresenta alguma área a ser melhor
desenvolvida?
•  Que sugestões o professor oferece nesse
sentido? Tarefas? Jogos? Leituras?
•  Como se trabalhou com ele as questões
socioafetivas?
•  Alguma sugestão aos pais?
Os relatórios de avaliação
devem expressar avanços, conquistas,
descobertas dos alunos, bem como
relatar o processo vivido em sua
evolução, em seu desenvolvimento,
dirigindo-se aos encaminhamentos, às
sugestões de cooperação entre todos
que participam do processo.
O que avaliar?
•  Socialização / Autonomia
•  Linguagem Oral e Escrita
•  Expressão Corporal e Motricidade
•  Arte (A.Visuais, Música, Dança, Teatro)
•  Raciocínio Lógico-Matemático
•  Brincadeiras e Jogos

Principais problemas

-Erros gramaticais e de concordância


-Termos pejorativos ou comprometedores
-Julgamento de valor dos pais
-Citação de terceiros
-Relatório “genérico” ou “cor-de-rosa”
-Relatório que tenta mudar o imutável
-Relatório que não condiz com a verdade
Dicas
Deve sempre começar com pontos positivos;
Deve sempre ter o nome do aluno, tornando-o
personalizado;
Deve ser cuidadoso com as palavras (agressivo
≠ violento)
Deve sempre trazer incentivos e estratégias que
foram tomadas em busca de melhorias.
Relatório sobre o aluno

O aluno precisa aprender a esperar a sua vez para se colocar, pois muitas vezes
interrompe o professor. Suas noções matemáticas estão em desenvolvimento,
de acordo com a faixa etária. Possui facilidade em comunicar-se oralmente e
quando há um conflito na sala, coloca-se como espectador. Ainda chora ao
entrar em sala, mas depois fica bem.
O aluno vem se desenvolvendo ao longo do ano letivo, sobretudo na oralidade.
Porém ainda precisa esperar sua vez de falar, pois às vezes atrapalha os demais.
Já adquiriu noções matemáticas compatíveis com sua faixa etária e estamos
estimulando-o a ir além. Outro ponto que vem sendo trabalhado é sua chegada
em sala: observamos que Pedro ainda demonstra-se inseguro para permanecer
na escola, mas assim que os responsáveis vão embora ele se integra ao grupo ,
sem maiores problemas. Estamos estimulando sua segurança diariamente
através de histórias e conversas. Por vezes, quando se envolve em conflitos, não
reage. Incentivamos para que possa resolver seus impasses de maneira pacífica.
Tem sido gratificante participar do desenvolvimento do Pedro.
Avaliação no Ensino Fundamental
Alguns equívocos comuns

•  Eliminar as provas
•  Eliminar as aulas expositivas
•  Eliminar tarefas de casa
•  Eliminar material didático
•  Eliminar conselhos de classe
•  Eliminar planejamento
Diversidade de
instrumentos avaliativos
Quando pensamos em avaliação,
rapidamente nos direcionamos ao
conceito de prova, teste, exame. A
prova é uma das formas de se avaliar,
mas existem muitas outras maneiras
que podem (e devem) ser levadas em
conta.
Prova objetiva
Pontos positivos: facilidade de preparação e
correção; consegue abranger todo o conteúdo
trabalhado; possibilidade de criar dados estatísticos da
turma.
Pontos negativos: predomina a memorização; pode
ser respondida ao acaso; facilidade de “cola”; limita a
interpretação do quanto os alunos aprenderam, pode
ser objeto de hierarquização e classificação.
Por que é importante: hoje quase todas as provas de
acesso à Universidade e de concursos se baseiam neste
modelo, por isso o aluno precisa estar preparado.
Prova Dissertativa
Pontos positivos: possibilita que o aluno analise,
interprete, argumente; o professor passa a conhecer o
nível de argumentação dos alunos.
Pontos negativos: não consegue dar conta de todo o
conteúdo; subjetividade na correção; não fornece
dados estatísticos muito precisos; possibilidade de
“enrolar”.
Por que é importante: muitos exames e tarefas
profissionais exigem interpretação, análise e
argumentação, bem como domínio da norma culta da
língua.
Estudo dirigido
Pontos positivos: supera a memorização; através da
consulta aos textos o aluno é levado a interpretar.
Pontos negativos: os alunos não sentem que
precisam se preparar, pois se apoiam na consulta; o
professor precisa pensar em questões mais complexas
e menos diretas.
Por que é importante: o trabalho de construção de
pesquisa (relatórios, monografias, artigos, teses e
dissertações) é atrelado à consulta às fontes.
Seminário
Pontos positivos: estimula a oralidade; estimula a
pesquisa; requer poder de síntese; estimula trocas com
os ouvintes.
Pontos negativos: alguns alunos podem demonstrar
resultados inferiores aos esperados por conta da
exposição; uso de fontes de pesquisa falhas.
Por que é importante: o mundo do trabalho exige
pessoas que saibam argumentar e expor situações;
compartilhamento de conhecimentos com a turma.
Trabalho em grupo
Pontos positivos: possibilita que cada um utilize seus
pontos fortes na divisão de tarefas; garante mais
tempo ao professor para envolver mais temas.
Pontos negativos: possibilidade de alguns alunos “se
encostarem” nos demais; falta de controle do
professor sobre os processos; necessidade de
momentos extraescolares.
Por que é importante: trabalhar em equipe é
competência fundamental na atualidade, bem como
lidar com a diversidade de opiniões e valores.
Debate
Pontos positivos: favorece a argumentação; a
colocação de ideias e o senso crítico.
Pontos negativos: exige conhecimento prévio do
assunto; alguns alunos podem não se colocar.
Por que é importante: ensina a esperar a vez de
ouvir e falar; desenvolve o senso crítico e a
aceitação de pontos de vista divergentes.
Relatório
Pontos positivos: instr umento ideal para
experiências, visitas orientadas, observações, estágios,
bem como para uma análise qualitativa do educando.
Pontos negativos: demanda muito tempo de
observação, registro constante e linguagem adequada.
Por que é importante: é um instrumento muito
utilizado no mundo do trabalho; garante uma análise
mais profunda das situações investigadas.
Autoavaliação
Pontos positivos: democratiza a avaliação, dando voz
ao aluno; estimula a autocrítica, essencial para a
melhoria do comportamento.
Pontos negativos: não pode ser utilizada
isoladamente, pois pode ser utilizada de forma pouco
criteriosa; pode ser um instrumento que compromete
a autoestima.
Por que é importante: a autoanálise é fundamental
para a correção e/ou adoção de posturas.
Conselho de Classe
Pontos positivos: utiliza a visão geral sobre o
aluno, evitando proteções e perseguições;
descobrem-se novos fatos ao longo do debate;
supera a esfera da nota.
Pontos negativos: ocorre com pouca frequência
na maioria dos casos; privilegia os casos negativos.
Por que é importante: a visão plural é essencial
para que o aluno seja entendido em sua
integralidade.
Competências
Hoje, o que se espera do aluno é o desenvolvimento
de competências e habilidades em relação aos
conteúdos. O conteúdo, por si só, não diz muito. É
preciso saber utilizar o conhecimento adquirido na
hora certa, da maneira adequada, não apenas gravá-lo,
ainda que a memorização seja essencial ao
conhecimento.
Devemos partir do que o aluno sabe, mas não
podemos parar nisso: a escola serve para apresentar ao
aluno novas coisas, que antes ele não sabia. A prova
deve ser o momento de se utilizar tais competências.
Verbos de comando
“Como é a organização das abelhas numa
colmeia?
R: É ótima!”

OUTRA MANEIRA DE PERGUNTAR:


“Vimos em nossas aulas como é o funcionamento
de uma colmeia. A partir disto, aponte e descreva
a função de, pelo menos, quatro membros da
colmeia.”
Verbos de comando
Comente; Dê sua opinião; O que você sabe sobre;
Caracterize; Conceitue; Justifique; Dê as principais
características... Comandos fracos, que dão margem a
qualquer tipo de resposta. É preciso que haja
CONTEXTO!

Descreva, de acordo com...; Relacione; Explique como;


Efetue; Resolva; Construa um parágrafo argumentativo...
Comandos fortes, que devem ser utilizados em
referência a alguma contextualização (TEXTO,
IMAGEM, GRÁFICO)
Para termos melhores avaliações…

É preciso ter contextualização.


Trazer informações novas e intrigantes.
Estimular competências e habilidades.
Relacionar os conteúdos com problemas do
cotidiano.
Fazer comandos objetivos e claros.
Pesar a pontuação, distribuindo-a em diferentes
instrumentos.
Indicação bibliográfica

HOFFMAN, Jussara. Avaliação mediadora. Porto Alegre:


Mediação, 2009.

MORETTO, Vasco Pedro. Prova: um momento privilegiado de


estudo, não um acerto de contas. Rio de Janeiro: Lamparina,
2008.
Obrigado!

marcelomocarzel@gmail.com

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