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LINGUAGEM, CONSCIENCIA E VIDA HUMANA NO PENSAMENTO DE BAKHTIN E VYGOTSKY Maria Teresa de Assuncao Freitas Pré-texto: intreduzindo 0 tema Pretendo abordar o tema da linguagem como constituidora da consciéncia e elemento transformador do processo de vida humana, a partir da perspectiva hist6rico cultural tomando como base os textos de Vygotsky e de Bakhtin e seu Circulo. A linguagem é um ponto central na perspectiva histérico-cultural: 0 fio que tece toda a trama constitutiva dessa abordagem teérica. Linguagem vista para além de sua funcao comunicativa, compreendida também como consti- tutiva do pensamento e da propria consciéncia humana. Vygotsky! e Bakhtin consideram 0 homem como um ser histérico e produto de um conjunto de relagdes sociais. Partindo dessa concep¢ao indagam como os fatores sociais podem modelar a mente, construir 0 psiquismo e a consciéncia. A resposta que apresentam para essa questao nasce de uma perspectiva semiolégica na qual o signo como um produto social tem uma fungao geradora e organizadora dos processos psiquicos. Como a linguagem na perspectiva hist6rico-cultural pode ser compre- endida como constituidora do pensamento, do psiquismo e da consciéncia no ser humano? A linguagem pode ser vista, na concepgao da perspectiva hist6rico-cultural, como geradora de transformacGes? Essas sfio questdes que me implicam em meu fazer cotidiano como professora e pesquisadora. Para responder essas perguntas analiso algumas possibilidades entrevistas nas obras de Vygotsky, Bakhtin e Volochinov, lembrando que os trés russos falam de lugares enunciativos diferentes. Vygotsky esté preocupado em responder uma grande questo: 0 que é a consciéncia? A partir dai empreende uma critica 4 psicologia de seu tempo (final do século XIX e inicio do século XX), que se encontra cindida entre os modelos objetivistas, que negam a consciéncia e os modelos subjetivistas, 1 Durante 0 todo do texto, mantenho essa grafia em relaco a Vygotsky, mas nas referéncias bibliogréticas & citagGes ulilzo a grafia presente no texto correspondente. 14 que a concebem desligada das condigdes materiais sendo ambos incapazes de explicar a constituigao das fun¢des mentais superiores. Seu grande empreen- dimento é a construgao de uma teoria psicolégica alicergada no materialismo historico dialético, compreendendo o homem em sua totalidade, concebendo consciéncia e comportamento como aspectos integrados de uma unidade. Sua teoria é tecida no didlogo com as questdes artisticas, semidticas e pedagdgicas. Considerando Bakhtin e Volochinov como participantes do Circulo de Bakhtin entendo que a linguagem é 0 elemento que une o pensamento tedrico do grupo. Discutem extensamente a linguagem desenvolvendo em relacao a ela uma reflexdo de natureza filoséfica. Esto interessados na linguagem no como um sistema formal de normas, mas na sua eventicidade, nos enunciados ctiados e que sempre geram uma resposta, uma tomada de posigdo axiolégica. Eles estudam o enunciado como uma unidade do discurso, uma unidade real da comunicacao verbal. Para esses autores a realidade da lingua no esta em sua expressao monoldgica isolada nem em seu sistema abstrato de normas, mas na interacao verbal. Portanto, est&o interessados na construgao de uma translinguistica. Além desse elemento comum é também preciso distinguir as especificidades do Circulo. Volochinov apresenta um tom mais marcada- mente marxista em sua discussao da linguagem enquanto Bakhtin expressa um maior interesse com a construgdo de uma reflexao filosdfica marcada pelo dialogismo, envolvendo preocupagoes éticas ¢ estéticas. Referenciada nas teorias e nos escritos de Vygotsky, Bakhtin e Volochinov, formulo cinco itens, no interior dos quais, do meu lugar enunciativo como professora ¢ pesquisadora, reflito sobre a linguagem como constituidora do humano, da consciéncia, formadora do discurso interior e busco compreender sua dimensao transformadora nesses aspectos como também nos processos de ensino-aprendizagem e da pesquisa nas ciéncias humanas. 1. Linguagem e constituicio do humano Bakhtin, Volochinov e Vygotsky conferem 4 linguagem o carater dife- renciador entre homem e 0 animal. ‘Vygotsky (1996) explicita bem esta diferenga ao dizer que os animais refietem diretamente os estimulos do meio externo nao havendo, em seus cé- rebros, significados, categorias e conceitos. Portanto, como seres biolégicos, tém apenas fun¢gdes mentais elementares. O homem, por sua vez, além do nascimento biolégico tem um segundo nascimento: 0 cultural. Ele ascende a humanidade, no momento que reflete a realidade objetiva de forma mediada, ao utilizar instrumentos psicologicos, os signos, na interacdo com 0 outro. BAKHTIN PARTILHADO 15 A sua insergao na cultura, na interagdo com o outro, via linguagem, é 0 que ihe possibilita se transformar, de um ser biolégico, em um ser cultural hu- mano. Assim, as suas funcdes mentais elementares (FME), se transformam qualitativamente em fungdes mentais superiores (FMS) pela utilizagdo da linguagem constituida nas relagdes sociais (VYGOTSKI, 1995). Bakhtin (Volochinov) no livro “O Freudismo”, de 1925, também veem a linguagem como um carater diferenciador do homem em relagao ao animal. Para eles, nao existe 0 individuo biolégico abstrato, nao existe o homem fora da sociedade. O nascimento fisico nao é condi¢do suficiente para que o homem ingresse na histéria. O animal também nasce fisicamente e nao entra na histéria. O homem, portanto, precisa de um outro nascimento: o social. “O homem nfo nasce como um organismo biolégico abstrato, mas como fazendeiro ou camponés, burgués ou proletario: isso é o principal. Ele nasce como russo ou francés e, por ultimo, nasce em 1800 ou 1900” (2007, p. 11). E por essa localizac4o social ¢ histérica que se define 0 contetido da ligagdo do homem a vida e a cultura. Ligacao que se tora possivel com a lin- guagem. E nesse sentido que Bakhtin (Volochinov) em “Marxismo e Filosofia da Linguagem” (1988) indagam sobre qual a realidade do psiquismo subjetivo do homem. Se esse ¢ produzido pelo social, a sua realidade é a do signo. Sem material semidtico como falar de psiquismo? Interessante, nesse sentido, a argumentagao de Morson & Emerson (2008), ao dizerem que o psiquismo, sendo um produto social, torna-se impossivel pensar que se localize dentro de uma pessoa. O cérebro faz parte do organismo interno do homem, mas 0 psiquismo, segundo Bakhtin (Volochinov), tem outra localizacio definida a partir de sua realidade semidtica. Por sua natureza, 0 psiquismo subjetivo localiza-se no limite do organismo e do mundo exterior, vamos dizer, na fronteira dessas duas esferas da re- alidade. E nessa regido limitrofe, que se dé o encontro entre 0 organismo € 0 mundo exterior, mas este encontro no ¢ fisico: 0 organismo e 0 mundo se encontram no signo. A atividade psiquica constitui a expresstio semidtica do contato entre 0 organismo e o meio exterior, Eis porque 0 psiquismo interior ndo deve ser analisado como uma coisa; ele no pode ser compreendido e analisado sendo como wn signo (BAKHTIN (VOLOCHINOV), 1988, p. 49). Bakhtin, em diversos outros trabalhos, desenvolve e aprofunda essa andlise afirmando que o homem sempre se envolve em dois tipos de atividade comunicativa: primeiro se relacionando com outras pessoas e, ao mesmo tempo, estabelecendo relagées entre o mundo exterior e seu proprio psiquismo. Essa atividade dupla faz do psiquismo um fenédmeno de fronteira entre o interno e 0 externo, entre o Eu e 0 Outro. 16 2, Linguagem e constituicdo da consciéncia Esses autores consideram que a consciéncia é engendrada no social, a partir das relagdes que os homens estabelecem entre si, por meio de uma atividade signica, portanto, pela mediacio da linguagem. Para Vygotsky (1996, 2001), a consciéncia ¢ 0 resultado dos préprios signos. Esses permitem as relagdes do homem com os outros € consigo mesmo. Relagées geradoras de transformagdes nos outros e no meio como também a regulagao da propria conduta. “Conhecemos os outros na medida em que conhecemos ands mesmos [...] ‘Temos conseiéncia de nés mesmios porque a temos dos demais e pelo mesmo procedimento através do qual conhecemos os demais [...]” (VIGOTSKI, 1996, p. 82). Esse € um dos argumentos do autor para dizer que a consciéncia ¢ social. Explica o desenvolvimento da consciéncia, desde o momento em que se nasce, sua procedéncia das experiéncias, seu cardter secundério e, por conseguinte, sua dependéncia psicologica em relagao ao meio. Ela nao nos é dada, mas construida na relacdo, portanto, a consciéncia é um contato social consigo mesmo. “A experiéncia determina a consciéncia” (VIGOTSKI, 1996, p. 80). Essas so reflexdes bem iniciais de Vygotsky, apresentadas em um texto escrito em 1925: “A consciéncia como problema da psicologia do comportamento” > no qual a ideia de signo nao esta ainda presente, mas s6 0 social. O conceito de signo surge mais tarde como continuagao de seus estudos e pesquisas. E interessante flagrar esse processo de construgao tedrica em um texto: “O problema da consciéncia”, resultante do arquivo de um semindrio interno realizado com Vygotsky e seus colaboradores em 1933, no qual se encontra a seguinte afirmagao: “Nos primeiros trabalhos ignordvamos que o significado € proprio do signo” (VIGOTSKI, 1996, p. 175). Em seguida, 0 autor diz estar naquele momento em condigdes de afirmar que “O significado é 0 caminho do pensamento para a palavra. O significado ¢ algo mais definido; é a estru- tara interna da operagao do signo” (p. 179). “No significado sempre ocorre uma realidade generalizada” (p. 185), Na pagina seguinte hé afirmacao de que “A consciéncia em seu conjunto tem estrutura semantica (apd p. 186) e continua: “A fala produz mudangas na consciéncia. Com seu aparecimento a fala modifica por principio a consciéncia” (p. 187). Conclui dizendo que “A andlise semidtica é 0 tmico método adequado para estudar a estrutura do sistema e 0 contetido da consciéncia” (p. 188). Essas ideias esbogadas durante uma reunido de estudos se organizam e se completam estando presentes no livro Pensamento e Linguagem' escrito 2 Esse texto foi escrito em 1925 ¢ publicado em KORNILOY, K. N. (Org) Psicologia e Marxismo: Moscou LLeningrado, 1925. Em portugués foi publicado como um capitulo do lvro: VIGOTSKI, LS, Teoria e Método em Psicologia, Sao Paulo: Martins Fontes, 1996, 3 Este livro, no Brasil, tem uma tradugo feita pelo prot Paula Bezerra, diretamente do russo, nttulada: A construgéo do pensamento e da linguagem, Sao Paulo: Martins Fontes, 2001, BAKHTIN PARTILHADO- 7 em 1934, Neste livro Vygotsky apresenta o resultado de dez anos de pes- quisas realizadas por ele ¢ seus colaboradores sobre a relagao pensamento e linguagem. Trabalho esse, que comega da colocagao do problema e da busca de um método para sua investigagao tecendo criticas as teorias psicologicas que tratavam a relac&io pensamento linguagem de forma dualista. Vygotsky conclui no prefacio escrito para o livro em questo, que o “tema pensamento € linguagem, é questao fulcral de toda a psicologia do homem e leva diretamente 0 pesquisador a uma nova teoria psicolégica da consciéncia” (2001, p. XIX). No tiltimo capitulo do livro, Pensamento e Palavra, o autor diz que um dos resultados de suas pesquisas aponta para o fato de que A relagdo entre pensamento ¢ palavra é um processo vivo de nascimento do pensamento na palavra [...] Mas 0 vinculo entre 0 pensamento ¢ a palavra no é um vinculo primario, dado de uma vez por todas. Surge no desenvolvimento, ¢ ele mesmo se desenvolve (2001, p. 484). Nas duas tltimas paginas do livro, Vigotski afirma de forma conclu- siva: “Nossa investigagio nos leva inteiramente ao limiar de outro problema mais vasto, mais profundo, mais grandioso que o problema do pensamento - a questiio da consciéncia” (p. 485). A seguir o autor indica que, com suas pesquisas, conseguiu perceber que 0 traco distintivo funcional da palavra ¢ 0 refiexo generalizado da palavra. Com isto abordamos um aspecto da natureza da palavra, cujo significado ultrapassa os limites do pensamento como tal ¢ em toda a sua plenitude 86 pode ser estudado em composi¢ao com uma questiio mais genérica: a da palavra e da consciéncia (VIGOTSKI, 2001, p. 485). O instigante pensador russo termina dizendo que “o pensamento ¢ a linguagem sio a chave para a compreensio da natureza da consciéncia hu- mana” (p. 485). Nao é um simples pensamento, mas toda a consciéneia em seu conjunto que est vinculada em sua constituicdo ao desenvolvimento da palavra. Sua concluséo é que: Pesquisas eficazes mostram a cada passo que a palavra desempenha o papel central na consciéncia e nao fungées isoladas [...] Ela é a expressiio mais direta da natureza histérica da consciéneia humana. A consciéncia se reflete na palavra como o sol em uma gota de agua [...] Ela ¢ o pequeno mundo da consciéncia. A palavra consciente é o microcosmo da consci- €ncia humana (2001, p. 486) O tema da consciéneia é também abordado por Bakhtin (Volochinov), no livro “Marxismo e Filosofia da Linguagem”, de 1929, que critica tanto a 18 filosofia idealista para quem a consciéncia é tudo; como 0 positivismo psico- légico que reduz a consciéncia a nada. Afirmam que “A propria consciéncia 86 pode surgir e se afirmar como realidade mediante a encarnagio material em signos” (1988, p. 33). Aprofundam sua critica dizendo que a consciéncia individual nada pode explicar e que a tinica definicdo objetiva de consciéncia éa de ordem socioldgica. Seus fundamentos nao sao fisiolégicos, nem biol6- gicos, mas sim sociolégicos nao podendo ser reduzidos a processos internos. “A consciéncia adquire forma e existéncia nos signos criados por um grupo organizado no curso de suas relacées sociais. [...] A consciéncia individual é um fato sécio-ideolégico” (BAKHTIN (VOLOCHINOV), 1988, p. 35). Os signos sao, portanto, o alimento e a matéria de desenvolvimento da conscién- cia. Sem material semidtico a consciéncia resulta em ficg’o. Além dos signos ha em nossa consciéncia imagens de forma, cores, odores, sabores, porém essas imagens s6 adquirem um cardter significativo, s6 se transformam numa sensorialidade humana, pela linguagem. A matéria do psiquismo, portanto é semiotica, sua realidade ¢ a realidade do signo e este é social. A consciéncia se constitui, pois, no processo de assimilacdo da experiéncia alheia através da comunicagao social. Continuando, Bakhtin (Volochinov) concluem que [...] esse aspecto semidtico e esse papel continuo da comunicagio social como fato condicionante no aparecem em nenhum lugar de maneira mais clara e completa do que na linguagem, A realidade toda da palavra 6 absorvida por sua fungdio de signo [...] A palavra é 0 modo mais puro e sensivel de relagdo social (1988, p. 36) 3. Linguagem e a formacao do discurso interior Até aqui, do que foi apresentado, fica a ideia de que compreender a vida psiquica é compreender também o discurso interior. De que forma ele & produzido? Como se relaciona com a situagao social e com os enunciados externos? Como capturar o discurso interior? Que movimento de transforma- ao gera o discurso interior? Essas so questdes importantes que os autores da perspectiva histérico-cultural apresentam, procurando respostas de acordo com seus lugares enunciativos. Vygotsky no Ambito da psicologia esté preocupado com a génese da linguagem e 0 modo como a crianca a apreende. Ele indaga, portanto, sobre a relacdo do pensamento com 0 discurso interior e sobre os modos pelos quais eles se tornam entrelacados na aprendizagem infantil da linguagem e as mu- dangas que opera quando o pensamento se torna discurso interior (MORSON; EMERSON, 2008). BAKHTIN PARTILHADO 19 ‘Na discuss&o que empreende sobre o pensamento e a palavra, Vygotsky (2001) defende a necessidade de se ter uma compreensao clara da natureza psicolégica do discurso interior. Na busca da compreens&o do desenvolvimento da linguagem da crianca Vygotsky identifica trés movimentos assim ordenados: fala exterior, fala egocéntrica e fala (discurso) interior. Considerando que a fala exterior representa o inicio do desenvolvimento da linguagem na crianca, e é construida no processo de interagiio verbal, o autor se detém de um modo especial analisando a fala que se interioriza em pensamento: 0 discurso interior. Diante da dificuldade de investiga-la, descobre na fala, que Piaget chamou de egocéntrica, o caminho para a compreensao do discurso interior. Discordando de Piaget — que nao percebeu a relacdo genética da fala egocéntrica com 0 discurso interior, atribuindo-Ihe a uma socializago insuficiente, e prevendo seu futuro desaparecimento — Vygotsky salienta que ambas sao sociais, embora com fungées diferentes. A fala egocéntrica acontece no momento em que a crianga transforma formas sociais e cooperativas de comportamento em formas psiquicas internas. Ela representa assim uma etapa transitoria na evolugao da fala exterior (oral) para a fala (discurso) interior, no s6 acompanhando as atividades da crianca, mas principalmente se colocando a servico da orientagio mental, da compreensio consciente com a superagdo de suas dificuldades. A fala egocéntrica esta assim relacionada com 0 pensamento e em sua curva ascendente segue uma evolucio: transforma-se em fala (discurso) interior. ‘Tem a fungiio estratégica de transformar a atividade da crianga ao nivel de um pensamento intencional. No discurso interior a crianga adquire uma nova capacidade: a de pensar as palavras, em vez de pronuncid-las. Vygotsky define o discurso interior como uma formagao particular por sua natureza psicolégica, uma modalidade especifica de linguagem dotada de particularidades absolutamente espe- cificas ¢ situada em uma relag3o complexa com as outras modalidades de linguagem (2001, p. 425). Em seguida esclarece suas fungdes distinguindo-o da linguagem exterior. O discurso interior, é uma linguagem para si, enquanto a linguagem exterior é para os outros. A linguagem interior no é sé aquilo que antecede a linguagem exterior ou a reproduz na meméria, mas é oposta & linguagem exterior. Este é um processo de transformagio do pensamento em palavra, é a sua materia- lizagdo e sua objetivacdo [...] Aqui temos 0 outro processo de sentido oposto [...] um proceso de evaporagiio da linguagem no pensamento (VIGOTSKI, p. 425). Para 0 autor 0 trago distintivo do discurso interior é ser uma linguagem muda, silenciosa. Ela se desenvolve através do enfraquecimento externo de seu aspecto sonoro mas nao deve ser vista como fala menos som mas como uma fungao discursiva especifica e original que se organiza em uma sintaxe abreviada, fragmentaria, predicativa A linguagem interior ¢ até certo ponto um pensamento por significados puros. A linguagem interior é 0 momento dindmico instavel e fluido que se insinua entre a palavra e o pensamento. ‘As unidades do discurso e do pensamento niio coincidem. Ambos 0s pro- cessos revelam unidade, mas nfo identidade. Esto ligados por complexas transigdes, por complexas transformagées, mas nao se sobrepdem como duas retas sobrepostas (VIGOTSKI,2001, p. 475). Percebo que, para Vygotsky, a relagéo entre pensamento ¢ palavra é um processo vivo de nascimento do pensamento na palavra. Mas esse vinculo niio é dado de uma vez por todas, surge no desenvolvimento no qual esta integrado e no qual também se transforma. Por sua vez, Bakhtin (Volochinoy) (1988), partem do principio de que o problema do discurso interior ¢ de natureza filos6fica ¢ que, metodologica- mente, ele s6 pode ser resolvido no campo da filosofia da linguagem, enquanto filosofia do signo. A palavra é compreendida como o material semidtico da consciéncia, determinando o contetido da vida interior, do discurso interior. Toda a vida psiquica é semiética. Pensamos com nosso discurso interior ¢ nele nao ha lugar para caracteristicas linguisticas, e sim para enunciados. E necessdrio compreender as caracteristicas especificas dos enunciados para compreender a vida psiquica. Em Bakhtin (Volochinov), 0 proceso de discurso amplamente entendido como processo da atividade de linguagem, tanto inte- rior quanto exterior, acontece continuamente. Nao conhece comego nem fim. ‘A enunciago realizada é como uma ilha emergindo de um oceano sem limites, o discurso interior. As dimensdes e as formas dessa ilha sfio de- terminadas pela situacdo da cnunciagdo e por seu auditério (BAKHTIN (VOLOCHINOV), 1988, p. 125). Nessa perspectiva o centro organizador da atividade mental nao esta no interior do sujeito, mas fora dele, na interacdo verbal. Nao € a atividade mental que organiza a expressdo, mas € a expressdo que organiza a atividade mental. Um falante, ao expressar seu pensamento para alguém, ou ao escrever anotando suas ideias, vé que suas palavras retornam para o interior do pensa- mento, enriquecidas e modificadas. A verbalizacio externa das ideias contribui para uma compreensiio mais clara do discurso interior, organizando melhor 0 pensamento. O discurso interior se forma interiorizando 0 discurso exterior e mantendo, ainda que em grau diverso, sua caracteristica mais constitutiva: BAKHTIN PARTILHADO 21 a dialogicidade. Os enunciados, em seu cardter externo, s strumentos da relagao com os outros. Ao tomarem-se interiores, convertem-se em instru- mentos internos ¢ subjetivos da relacdo consigo mesmo. E um didlogo consigo mesmo gerado pelo didlogo com o outro. Bakhtin no texto “O Discurso no Romance” considera a vida psiquica como discurso interior. Focaliza esse discurso interior, no como Vygotsky que se concentra nas primeiras etapas da aquisicaio da linguagem, mas tomando 0 processo num ponto posterior, quando os mundos, interior e exterior, ao indi- viduo esto totalmente saturados de palavras. Introduz ai a presenga de dois tipos de discurso: 0 discurso autoritario e o discurso internamente persuasivo. O discurso autoritério emana da autoridade, é imposto ao outro, exigindo que o reconhe¢a como tal. Trata-se de um discurso monossémico, inflexivel, gue exige um reconhecimento incondicional e no uma compreensio ativa. Buscando compreender esse discurso autoritdrio na psique, Morson & Emerson (2008) comentam que este é fechado para o crescimento e para a inconclusi- bilidade. O eu deixa de crescer na medida em que assume e incorpora essas palavras autoritarias. O discurso internamente persuasivo, por outro lado, se entrelaca com as palavras alheias, tornando-se metade minha, metade de outrem. Ele organiza do interior 0 conjunto de minhas palavras e estabelece um relacionamento tenso e conflituoso com as minhas outras palavras interiormente persuasivas. Ele desperta meu pensamento e minha palavra aut6noma. S&o peculiaridades do discurso internamente persuasivo: 0 inacabamento do sentido para mim, sua possibilidade de prosseguir sua vida criativa no contexto de minha cons- ciéncia ideolégica, de minhas relacdes dialdgicas com ela. Referindo-se a palavra internamente persuasiva Bakhtin assim se expressa ‘Nos a introduzimos em novos contextos, a aplicamos a um novo material, nés a colocamos numa nova posigiio, a fim de obter dela novas respostas, novos esclarecimentos sobre seu sentido e novas palavras “para nds” (uma vez que a palavra produtiva do outro engendra dialogicamente em resposta uma nova palavra nossa) (BAKHTIN, 1993, p. 146) O discurso internamente persuasivo nao é totalmente meu. A forma de orquestrar, dentro de mim, as vozes dos outros, é que me pertence. Nesse sentido, o eu nao se constitui em apenas uma voz interior particular, mas na forma com que combinamos e dialogamos interiormente com as muitas vozes que nos falam. Nesse processo “‘a consciéncia toma forma e nunca cessa de tomar forma, como um processo constante de interago entre discursos auto- ‘trios e interiormente persuasivos” (MORSON; EMERSON, 2008, p. 236) Todo o movimento do discurso interior é transformador da consciéncia 2 atua na constitui¢ao do eu, nos constitui. 22 4. Linguagem e aprendizagem: um processo de transformagées? A aprendizagem é um dos conceitos chave da obra de Vygotsky, um autor da psicologia preocupado com a educacio. O que é aprender para Vygotsky? E preciso atentar aqui para a palavra aprendizagem compreendendo os sentidos que ela assume para 0 autor. Be- zerra (2001) ao discutir sobre a dificil arte da tradugao se refere aos proble- mas que teve para traduzir para o portugués a palavra russa obutchénie nos textos de Vygotsky. Essa palavra pode variar de significados, dependendo do verbo do qual deriva: ensinar, transmitir conhecimento ou aprender, assimilar conhecimentos. Vygotsky utiliza a mesma palavra obutchénie para se referir ao ensino e aprendizagem. Essa imprecisio poderia estar contida no préprio conceito de aprendizagem de Vygotsky como algo que se realiza entre pessoas interagindo entre si, 0 que supde um duplo movimento: aprender/ensinar ensinar/aprender, Dentro de sua perspectiva dialética ¢ possivel pensar que um movimento gera 0 outro. De acordo com Vygotsky (1991, p. 64), “aquilo que se realiza em um pro- cesso interpessoal é transformado num processo intrapessoal”. E possivel pensar que 0 processo de aprendizagem (ensinar/aprender) se realiza nesse movimento que parte das relagdes entre pessoas para uma relagdo consigo mesmo. O que & internalizado? Sao os discursos sobre 0 conhecimento construidos nas relagées entre o discurso dos autores estudados, do professor e dos colegas. A pratica pedagégica supée essas relages interpessoais nas quais ocorrem interacées re- ciprocas via linguagem de um sujeito ativo com outros sujeitos ativos. No dizer do Isaia (1998), na sala de aula os alunos nao podem ser usuarios passives da produgao cultural, mas sim individuos capazes dela se apropriarem ativamente. A linguagem possibilita e permeia todo esse proceso, A internalizagao de que fala Vygotsky é uma reconstruedo interna pessoal e ativa do que aconteceu externamente. Ao internalizar os discursos produzidos na sala de aula, 0 aluno produz o seu préprio discurso, isto ¢, ele o torna seu, apropria-se do que foi construido com 0(s) outro(s) na interagio, no compartilhamento, que é 0 eixo principal da Zona de Desenvolvimento Proximal proporcionando condigées de uma aprendizagem geradora de desenvolvimento. Nesse processo a apropriacao é o elemento chave na dinamica educativa ressaltando-se af a importancia da linguagem. Ela é, no dizer de Isaia (1988), 0 veiculo responsével nao sé pela apropriactio dos conhecimentos j4 produzidos e geraciio dos novos, como também pelo repasse dos mesmos. Além de expres- sar conhecimentos a linguagem incorpora em si as transformagGes cognitivas relativas 4 apropriagdo. A linguagem ¢, pois, o grande instrumento mediador que permite a professores e alunos entrelagarem-se no processo de produgio do conhecimento como elementos constitutivos do ensino e da aprendizagem. BAKHTIN PARTILHADO 23 Sendo a apropriagao a nogao-chave para a compreensio da dinamica educativa reconheco a grande importéncia da linguagem. Ela ¢ 0 veiculo responsivel, no 6 pela apropriac%o dos conhecimentos Ja produzidos ¢ pela gerac3o dos novos, como também pelo repasse dos ‘mesmos. Saliento ainda que, além de veicular conhecimento, a linguagem incorpora em si as transformagdes cognitivas relativas 4 apropriagao deste ao longo da histéria humana, determinando assim alterages nas funcdes psicoldgicas superiores de todos aiqueles (no caso, professores e alunos) que a utilizam, buscando novas formas de pensar e conceber 0 mundo, bem como de operar sobre ele [...] Nesse proceso cognitivo-educativo, [...] cabe aos professores serem intermediadores entre os conhecimentos, procedimentos e valores, gerados pela cultura humana ao longo de sua hist6ria, e, a diligéncia dos alunos em adquiri-los, repensé-los e transforma- -los (ISAIA, 1988, p. 31-32). Assim, so os professores que orientam e direcionam o processo de apropriagao, dispondo aos alunos os instrumentos necessarios para que es- tes, em um movimento que vai do interpessoal para o intrapessoal, possam apropriar-se das intensidades culturais e, portanto, desenvolver-se. Na obra do Circulo de Bakhtin este conceito de aprendizagem nao surge explicitamente, pois seus temas de estudo est&o mais vinculados com a filosofia da linguagem, a literatura, a estética e a ética na perspectiva de uma dialética dialégica. No entanto, como a linguagem perpassa 0 conceito de aprendizagem, convido Bakhtin e Volochinov para um didlogo com Vygotsky sobre 0 conceito de aprendizagem. Vejo que no conceito de compreensio ativa esta entrevista a sua perspectiva de aprendizagem. Para Bakhtin (Volochinov) (1988) a com- preensdo passiva é aquela que apenas identifica o sinal ¢ o significado, tratando apenas de repetir e até memorizar 0 que 0 outro diz, mas nao chegando as suas proprias palavras, excluindo, assim, a possibilidade de resposta. N&o ha, para Bakhtin (2003), compreensiio na simples passagem da linguagem do outro para a minha. A compreensio ativa, ao contrario, é aquela em que se estabelece uma Tuta com a palavra do outro procurando encontrar nela os seus proprios sentidos. A compreensio ativa traz em si o germe de uma resposta e leva a apreensiio dos sentidos do enunciado, “Compreender é opor a palavra do outro uma con- trapalavra” (BAKHTIN(VOLOCHINOV), 1988, p. 132). A cada palavra da enunciagao que estamos em processo de compreender, fazemos coresponder uma série de palavras nossas, formando uma réplica. Quanto mais numerosas e substanciais forem, mais profunda e real é a nossa compreensdo (BAKHTIN (VOLOCHINOY), 1988, p. 133). Nos “Apontamentos de 1971”, Bakhtin diz que [...] a compreensio responsiva completa o texto do outro: cla é ativa e criadora. O sujeito da compreensio nao pode excluir a possibilidade de mudanga e até de rentincia aos seus pontos de vista ¢ posigdes ja prontos. No ato da compreensio desenvolve-se uma luta cujo resultado éa mudanea muitua e 0 enriquecimento (BAKHTIN, 2003, p. 378). Para 0 autor, dois momentos sao constituintes de uma compreensio ati do reconhecimento do repetivel e ja conhecido, e a descoberta do novo. E assim que vejo a aprendizagem, nesse diélogo com o conhecido e o novo, fundidos no ato vivo da compreensdo. Nessa perspectiva, Bakhtin diz que “[...] a palavra do outro coloca diante do individuo a tarefa especial de compreendé-la” (2003, p. 380). Mais adiante no mesmo texto, Bakhtin apresenta algumas reflexdes que para mim sintetizam bem 0 que acontece ou deve acontecer em um processo de aprendizagem. A primeira tarefa para compreender as palavras do outro, a obra escrita do autor, é procurar compreende-la como o préprio autor a compreende. A segunda tarefa é tomar distancia temporal cultural e pensa-la em meu con- texto, procurar minhas proprias palavras, chegar 4 minha compreensao ativa anotando concordancias e discordancias. E importante nesse processo fazer 0 que Bakhtin (2003) assim descreve: “Essas ‘palavras alheias’ séio reelaboradas dialogicamente em “minhas-alheias-palavras” com 0 auxilio de outras “palavras alheias” (nao ouvidas anteriormente) e em seguida [nas] minhas palavras (por assim dizer, com a perda das aspas) ja de indole criadora” (p. 402). Essa aprendizagem nesse movimento de transformacées pelas palavras é que gera o desenvolvimento. 5. A linguagem como elemento transformador na pesquisa das ciéncias humanas Vygotsky e Bakhtin e seu Circulo trazem contribuigdes importantes para pensarmos a pesquisa nas ciéncias humanas e nela compreendermos o papel transformador da linguagem. Vygotsky esta, sobretudo, preocupado com 0 método da pesquisa. Em sua perspectiva orientada pelo materialismo historico dialético considera que ao agir e transformar a natureza o homem também se transforma. No texto: “Os problemas de método” Vygostsky diz: “Estudar alguma coisa historicamente significa estudé-la no processo de mudanga; este é 0 requisito basico do método dialético” (1991, p. 74) Assim a tarefa da pesquisa é estudar o fendmeno em seu processo vivo indo além da sua descrigiio, que revela apenas os aspectos externos e completando-a com a explicagdo, que leva a compreensio de seus aspectos internos. Ele supde que essa agao humana no processo de pesquisa BAKHTIN PARTILHADO 25 interfere no préprio objeto de estudo, em seu contexto e em seus participantes, como elemento transformador. Essa aco transformadora é possibilitada pela linguagem, pelas trocas discursivas ocorridas durante o proceso de pesquisa. Trocas discursivas que afetam pesquisador e pesquisados provocando neles transformagées. Bakhtin também traz no conjunto de sua obra importantes implicagdes para a pesquisa nas ciéncias humanas, mas é especificamente no texto “Meio- dologia das Ciéncias Humanas” (2003) que se encontra um conjunto maior de reflexdes sobre o tema. Para 0 autor, onde se procura o homem vamos sempre encontrar textos. Assim, caracteriza as ciéncias humanas, em sua especificidade, como ciéncias do texto. Compreendendo o homem como um produtor de textos considera que “o objeto das ciéncias humanas é 0 ser ex- pressivo e falante” (BAKHTIN, 2003, p. 395). Se nao ha texto nao ha objeto para a investigacao. O que é, portanto, nessa perspectiva, fazer pesquisa nas ciéncias humanas? Ir a procura do outro, encontra-lo em seus textos. Para isso, 0 pesquisador se utiliza de varios instrumentos de pesquisa que denomino de desencadeadores de discurso. A fungao dos instrumentos de pesquisa: entrevista dialdgica, observacao mediada, grupo focal, sess6es reflexivas ow outro instrumento, é propiciar o encontro do pesquisador com o pesquisado via discurso. Nos enunciados trocados, nas relagGes dialégicas estabelecidas, organiza-se um processo de compreensio responsiv: ‘Toda compreensdo da fala viva, do enunciado vivo é de natureza ativamente responsiva [...] toda compreensao é prenhe de resposta, ¢ nessa ou naquela forma a gera obrigatoriamente: 0 ouvinte se toma falante (BAKHTIN, 2003, p. 271). O enunciado é elaborado como que para ir ao encontro da resposta do ouvinte, Compreender ativamente 0 enunciado de outrem significa orientar- -se na direc&o do outro (FREITAS, 2003). O processo compreensivo entre jeitos parte inicialmente de um movimento de identificag&o com o outro, e se completa com um movimento exotépico. Isto é, ao tomar distancia, se coloca fora do outro, 0 que confere ao pesquisador um excedente de visio que lhe permite dar forma ¢ acabamento ao que ouviu, completando-o. Esse processo compreensivo bakhtiniano supde duas consciéncias, dois sujeitos que se interpenetram, intercambiam enunciados, buscam respostas, resistem, argumentam e se alteram mutuamente (FREITAS, 2010). Nesse movimento iscursivo, pesquisador e pesquisados tém, pois, possibilidades de apren- Gizagem, transformagii e ressignificagdes durante o processo de pesquisa. 26 Uma palavra final O tema da linguagem como constituidora da consciéncia e elemento transformador do processo de vida humana, foi aqui discutido no ambito da perspectiva histérico-cultural tomando como referéncia os textos de Vygotsky e de Bakhtin e seu Circulo. Ao tracar este percurso foi possivel refletir sobre como a linguagem em sua perspectiva transformadora € constituidora do ser humano, de sua consciéncia e de seu discurso interior. Esse movimento se evidencia também nos processos de ensino-aprendizagem e da pratica de pesquisa nas ciéncias humanas. No conjunto dessa reflex&o pude concluir que os enunciados pertencem ao mundo da vida e nfo so neutros uma vez que emergem de um contexto impregnado de sentidos e valores consistindo sempre em uma tomada de posigao, em um ato responsivo. Dialogia e alteridade sio marcas da concep¢ao de linguagem presente na perspectiva histérico-cultural na qual o eu é constituido pelo outro: ser é expressar-se pelo dialogo. Nesse sentido, a compreensdo se torna ativa, responsiva, porque compreender € fazer uma réplica ao discurso do outro, posicionar-se diante dele. Todos es- ses aspectos supdem, portanto, nao a identificacao, mas um movimento de mudanga e transformacao. sKHTIN PARTILHADO 27 REFERENCIAS BAKHTIN, M. (Volochinov) Marxismo e Filosofia da linguagem. Sao Paulo: ucitec, 1988. . (Volochinov) O Freudismo. S. Paulo: Perspectiva. 2007. . O discurso no romance. In: BAKHTIN, M. 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