Você está na página 1de 20

Notas de Aula .

Teoria da Firma - Produção


Microeconomia

Anderson M. Teixeira

Economia

Junho, 2018

Anderson M. Teixeira (UFG) Notas de Aula . Teoria da Firma - Produção Junho, 2018 1 / 20
Teoria da Firma

Na primeira parte do curso, analisamos o comportamento dos


consumidores. Desse comportamento, obtivemos a demanda por um
bem, quase sempre decrescente no seu preço.
Agora vamos analisar o comportamento das firmas nessa parte do
curso. O comportamento desses dois agentes pode levar a uma
situação de equilı́brio no mercado do bem em estudo, onde a
quantidade demandada iguala a quantidade produzida.
Neste capı́tulo, particularmente, nós veremos como as firmas fazem
uso de alguma ”tecnologia de produção” para transformar insumos
em seus produtos.

Anderson M. Teixeira (UFG) Notas de Aula . Teoria da Firma - Produção Junho, 2018 2 / 20
Tecnologias e Funções de Produção

Uma firma é um agente econômico que consome certos bens,


chamados insumos ou ”fatores de produção”, para produzir outros
bens, chamados de produtos.
Suponha, por exemplo, que o processo de produção da firma faça uso
de ”n” bens. Logo uma ”cesta de consumo” da firma é simplesmente
um vetor Y = (y1 , y2 , ...yn ) em Rn que nos diz quanto a firma está
usando de cada insumo no seu processo de produção.
A tecnologia de uma firma descreve a sua capacidade de produzir
bens usando insumos de produção.
Exemplo, uma ”padaria” consegue produzir 1000 pães por dia se usar
um espçao de 30m2 , dois padeiros, três ajudantes, farinha, ovos e etc.

Anderson M. Teixeira (UFG) Notas de Aula . Teoria da Firma - Produção Junho, 2018 3 / 20
Conjunto de Possibilidade de produção

O conjunto de possiblidade de produção de uma firma é o conjunto de


todas as combinações de insumos e produtos disponı́veis para a firma.
Esse conjunto é denotado por Y ⊂ Rn , onde n é a quantidade total
de bens.
Um vetor y ∈ Y é um plano de produção. Usamos a convenção de
que se o bem i é um insumo lı́quido (a firma usa mais desse bem do
que é capaz de produzir), a coordenada i de y é negativa (yi < 0).
Significa que o bem i está sendo usado como insumo no processo de
produção da firma.
Se o bem i é um produto lı́quido da firma ( a firma produz mais desse
bem do que o consome no processo produtivo), então a coordenada i
de y é positiva.

Anderson M. Teixeira (UFG) Notas de Aula . Teoria da Firma - Produção Junho, 2018 4 / 20
Conjunto de Possibilidade de produção
O conjunto de possiblidade de produção é a forma mais geral de
descrever a tecnologia de uma firma.
Esse conjunto é composto por listas de bens que têm o que pode ser
produzido (coordenadas positivas) e o que deve ser usado na
produção (insumos).
A figura abaixo ilustra um exemplo desse conjunto para o caso de
apenas um insumo e um produto

Anderson M. Teixeira (UFG) Notas de Aula . Teoria da Firma - Produção Junho, 2018 5 / 20
Hipóteses sobre o Conjunto de Possibilidades de Produção

Existe diversas hipóteses que podem ser levantadas sobre o conjunto


de possibilidades de produção. Cada hipótese é uma restrição
diferente sobre a tecnologia da firma.
Hipótese 1): O vetor de zeros pertence a Y: ”Essa hipótese diz
que sem nada não produzimos nada”.
Hipótese 2): Descarte Livre
A segunda hipótese dizq ue se uma dada quantidade de insumos é
suficiente para produzir um certo tanto de bens, então uma
quantidade maior desse bems insumos é capaz de produzir o mesmo
tanto de bens finais. Firma pode dispensar insumos sem custo algum.

Anderson M. Teixeira (UFG) Notas de Aula . Teoria da Firma - Produção Junho, 2018 6 / 20
Hipóteses sobre o Conjunto de Possibilidades de Produção

De forma análoga, a hipótese 2 diz que se é possı́vel produzir uma


certa quantidade de produtos usando uma certa quantidade de
insumos, então é possı́vel, produzir menos utiizando mais insumos.
Se a firma produz apenas um bem, a fronteira do conjunto de
possibilidade de produção descreve o nı́vel de produção sem
desperdı́cios:
o máximo que pode ser produzido dada aquela quantidade de
insumos.Essa fronteira é normalmente descrita por uma função.
Logo:
A função de produção relaciona a quantidade máxima de
produto que a firma pode obter para os insumos utilizados.
Por simplicidade vamos analisar apenas firmas que produzem um
único produto. Firmas que produzem mais de um bem deverá ser
visto em Organização industrial.

Anderson M. Teixeira (UFG) Notas de Aula . Teoria da Firma - Produção Junho, 2018 7 / 20
Função de Produção
Suponha que a firma utiliza ”n” insumos, x1 , x2 , ...xn . A função de
produção é dada por:
y = f (x1 , x2 , ...xn ).
Para o caso de dois bens podemos chamar x1 de trabalho (l) e x2 de
capital (k). Um ponto importante quando lidamos com funções de
produção, abandonamos a convenção de representar insumos por
números negativos.
Uma isoquanta descreve essas combinações de insumos que produzem
a mesma quantidade do bem final. Isoquanta é um conceito similar
ao da curva de indiferença.
Porém, o rótulo de uma curva de indiferença, não tem nenhum
significado, enquanto o rótulo da isoquanta tem um significado
preciso: é a quantidade de bem produzido.
Uma isoquanta pode ser definida, em termos da função de produção:
Q(y ) = x ≥ 0, f (x) = y
Anderson M. Teixeira (UFG) Notas de Aula . Teoria da Firma - Produção Junho, 2018 8 / 20
Função de Produção: Propriedades

Propriedade 1. f(0,0,....0) = 0. O item 1 diz que nada não produz


nada (equivale a dizer que 0 ∈ Y
Propriedade 2. Contı́nua - mudanças pequenas nos insumos mudam
pouco o nı́vel de produção. Vamos assumir que a função de produção
possui derivadas primeiras e segundas contı́nuas.
Propriedade 3. Estritamente Crescente - diz que mais insumos
geram mais produto.
Propriedade 4. Estritamente quase-côncava - Essa condição equivale
a dizer que as isoquantas serão estritamente convexas, terão o
formato como o exemplo abaixo.

Anderson M. Teixeira (UFG) Notas de Aula . Teoria da Firma - Produção Junho, 2018 9 / 20
Função de Produção
Se a função de produção é estritamente quase côncava, então os dois
insumos são conjuntamente importante na produção.
Podemos combinar tecnologias diferentes, e essa combinação será
mais eficiente do ponto de vista da quantidade produzida do bem
final.

Anderson M. Teixeira (UFG) Notas de Aula . Teoria da Firma - Produção Junho, 2018 10 / 20
Exemplos de Funções de Produção

Vamos ver alguns exemplos de funções de produção e das isoquantas


que geram. As funções de produção que usaremos têm a mesma
forma paramétrica das funções de utilidade que vimos na teoria do
consumidor.
Proporções fixas Uma tecnologia de ”proporções fixas” exige que
para se produzir uma certa quantidade do bem final, os fatores de
produção sejam usados em proporções fixas.
Não existe nenhum grau de substituição entre os fatores - a firma não
pode diminuir o uso de um dos insumos e aumentar o uso de outro,
mantendo o nı́vel de produção constante.
A função de produção dessa tecnologia no caso de dois insumos é:
Y = f (min(l, k)) onde f é uma função crescente estritamente
crescente.

Anderson M. Teixeira (UFG) Notas de Aula . Teoria da Firma - Produção Junho, 2018 11 / 20
Exemplos de Funções de Produção
As isoquantas dessa função de produção têm a mesma forma das
curvas de indiferença de bens complementares perfeitos. Para o caso
de dois insumos, a figura é:

Anderson M. Teixeira (UFG) Notas de Aula . Teoria da Firma - Produção Junho, 2018 12 / 20
Exemplo de Funções de Produção

Substittuos Perfeitos: Nesse tipo de tecnologia, os fatores de


produção podem ser perfeitamente substituı́dos um pelo outro, para
qualquer nı́vel de produção.
Portanto, existe grau máximo de substituição entre os fatores a firma
pode diminuir o uso de um insumo e aumentar o uso de outro
mantendo o nı́vel de produção constante
A função de produção dessa tecnologia no caso de dois insumos;
Y = f (l + k)

Anderson M. Teixeira (UFG) Notas de Aula . Teoria da Firma - Produção Junho, 2018 13 / 20
Exemplo de Funções de Produção
As isoquantas dessa função de produção têm a mesma forma das
curvas de indiferença de bens substitutos perfeitos. Para o caso de
dois insumos, isoquantas são ilustradas na figura abaixo.

Anderson M. Teixeira (UFG) Notas de Aula . Teoria da Firma - Produção Junho, 2018 14 / 20
Exemplo de Funções de Produção

Cobb-Douglas: Nesse tipo de tecnologia, os fatores de produção


podem ser substituidos um pelo outro, mas não de forma perfeita.
Portanto, existe algum grau de substituição entre os fatores a firma
pode diminuir o uso de um insumo e aumentar o uso de outro,
mantendo o nı́vel de produção constante.
A função de produção de Cobb-Douglas para o caso de dois insumos
é representada por:
Y = Al α k β

Anderson M. Teixeira (UFG) Notas de Aula . Teoria da Firma - Produção Junho, 2018 15 / 20
Exemplo de Funções de produção
As isoquantas dessa função de produção são convexas.

Anderson M. Teixeira (UFG) Notas de Aula . Teoria da Firma - Produção Junho, 2018 16 / 20
Produto Marginal

A função de produção relaciona insumos com a quantidade produzida


do bem final. Se derivarmos essa função com relação a algum dos
insumos, achamos o produto marginal desse insumo:
PMx (x) = ∂f (x)/∂X1 = fi (x) , i = 1,... n
No caso de apenas dois fatores capital e trabalho, o produto marginal
do trabalho, mede o quanto a produção aumentará se aumentarmos
(um pouco) a quantidade de trabalho usada, mantendo a quantidade
de capital fixa.
Supondo qe vale a propriedade de ”descarte livre” dos insumos
(propriedade de free disposal dos insumos.
Nesse caso, a produtividade marginal de um insumo é sempre não
negativa, ou seja, se aumentarmos o uso do insumo, o nı́vel de
produção não diminuirá.

Anderson M. Teixeira (UFG) Notas de Aula . Teoria da Firma - Produção Junho, 2018 17 / 20
Produto Marginal

A lei do produto marginal decrescente: diz que o produto


marginal de qualquer insumo decresce à medida que usamos mais
desse insumo mantendo o uso dos outros insumos inalterados.
Ou seja, se a firma mantém o nı́vel de capital fixo e vai acrescentando
trabalhadores na linha de produção, cada novo trabalhador adicionado
trará um acréscimo na produção igual ou menos ao trabalhador que
foi empregado antes dele.
Essa propriedade é bem razoável e está ligada à idéia de exaustão de
um dos fatores de produção.
Se a firma continua a contratar funcionários sem aumentar o seu
espaço fı́sico, suas máquinas, etc chega uma hora que esse acréscimo
de funcionários passa a trazer cada vez menos acréscimos na
produção.

Anderson M. Teixeira (UFG) Notas de Aula . Teoria da Firma - Produção Junho, 2018 18 / 20
Taxa Técnica de Substituição - TTS

A taxa técnica de substituição (TTS) entre dois insumos mede o


quanto a firma deve abrir mão de um desses bens insumos e
acrescentar do outro insumo para continuar produzindo a mesma
quantidade do bem final.
A TTS entre os insumos i e j pode ser obtida do seguinte modo.
Suponha que alteramos os insumos i e j em dxi , dxj de modo a
manter o nı́vel de produção inalterado (dy = 0).
Usando a formula de diferencial total, obtemos:
”equação”
Ou seja, a razão em que temos que trocar insumo x pelo insumo y
para que a produção da firma permaneça mais ou menos constante

Anderson M. Teixeira (UFG) Notas de Aula . Teoria da Firma - Produção Junho, 2018 19 / 20
Elasticidade de Substituição

Caso - Cobb-Douglas
Caso - CES

Anderson M. Teixeira (UFG) Notas de Aula . Teoria da Firma - Produção Junho, 2018 20 / 20

Você também pode gostar