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SINOPSE
“La la la la lauê
Fala Martim Cererê!
Vem cá, Brasil,
Deixa eu ler a sua mão, menino,
Que grande destino reservaram pra você”.
A música tocava todos os dias na novela de Dias Gomes, uma adaptação de Romeu e Julieta passada num
subúrbio do Rio. Não sei quem era Montechio ou Capuleto – mas a música nos levava ao subúrbio, a uma
escola de samba.
Foi Fernando Pamplona que sugeriu a Dias Gomes, autor da novela, que tomasse a pequena e
desconhecida escola de samba de Ramos como sede de sua locação. Ficou conhecida a escola, seu
compositor Zé Catimba e o magnífico samba, cujos versos previam um futuro grandioso para um menino
que ainda jovem entrou para o Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Seu nome era Arlindo Rodrigues.
Um dia, Arlindo resolveu mudar de ares e de escola de samba, e foi para a Mocidade Independente de
Padre Miguel. Deu Arlindo na cabeça! O enredo Descobrimento do Brasil conseguiu desbancar as outras
concorrentes, deixando até mesmo o Salgueiro de seu amigo Pamplona para trás.
Foi o primeiro campeonato da escola de Padre Miguel. Alguns temas tinham forte cunho nacionalista.
Arlindo dirigira um espetáculo no Theatro Municipal com música de Villa Lobos intitulado
Descobrimento do Brasil. Pois virou enredo em várias ocasiões sob ângulos diferentes
A Canção do Exílio lhe serviu de referência para o desfile da Imperatriz em 1982, “Onde canta o Sabiá”,
e foi um representante do romantismo em sua obra. Em cada carnaval, um novo Brasil nos era
apresentado através de suas interpretações da cultura do nosso povo.
Depois de uma breve permanência em Padre Miguel, aceitou o convite para assumir o carnaval da escola
de samba Imperatriz Leopoldinense, a convite de seu presidente Luizinho Drumond. Escolha acertada, e o
presidente, disposto a levar sua escola para ficar entre as melhores dos desfiles, deu carta branca ao
carnavalesco. Novamente a estrela de Arlindo iria brilhar.
E Gonçalves Dias influenciou sua obra, impregnada de nacionalismo romântico com toques do
modernismo de Villa-Lobos e de seu Descobrimento do Brasil, a negritude na louvação à Bahia e ao
Carnaval de Lamartine. Por uma dessas incríveis coincidências, Arlindo conhecera pessoalmente
Lamartine, que era júri de concurso de quadrilhas em Ramos, sendo Arlindo o criador do troféu desse
mesmo concurso.
“Eu vou embora, vou, no trem da Alegria, ser feliz um dia.” Seria uma alusão à estrada de ferro que
passava em Ramos ou ao trenzinho caipira do Villa-Lobos?
Inquietos, tanto o presidente Luisinho quanto Arlindo, depois de separados por um tempo, voltaram a se
encontrar para celebrar a Estrela Dalva. Novamente o teatro se misturou ao carnaval, pois o espetáculo
Dalva lotava todos os dias o Teatro João Caetano. Foi nesse ano que a estrela Arlindo se apagou,
deixando lembranças de grandes criações tão brasileiras.
Vendo o programa do espetáculo Descobrimento do Brasil, notamos mais um de seus achados. Na lista de
aderecistas, na ficha técnica, um deles se destaca: João Jorge Trinta, que viria a se tornar um grande
carnavalesco.
Quando o verde-esperança
Em cada traço meu encontra a paz
Bordando sonhos em alegorias
No trem da alegria de tempos atrás
“Quem dera”…
Que a vida fosse uma “estrela” que ilumina
Reluzente como a luz do dia
Linda feito o canto de um sabiá
No meu lugar…
Vi meninos desenhando tanta emoção
Brasilidade refletida no espelho
Realeza de um tal João
(ÊH BAHIA)
ÊH BAHIA ÊH MAGIA
TEM FEITIÇO E CANDOMBLÉ
TEM AXÉ DO ORIXÁ
MÃE BAIANA PRA BENZER
PREGOEIRO A GRITAR:
QUEM VAI QUERER? QUEM VAI PROVAR?
NOS TRILHOS DA FELICIDADE, POR TODA CIDADE DEIXOU SEU LEGADO, CANTOU
LÁLÁ…
LALALAIA (LAMARTINE) LALALAIA
NO CANTO DE UM SABIÁ…
DO SERTANEJO O CLAMOR
XICA DA SILVA É A SEDUÇÃO NA COR
ESTRELA DALVA …VOZ QUE ENCANTOU
HOJE VOCÊ É SAUDADE
ETERNIZADA EM MEU PAVILHÃO
AMOR DE VERDADE, CARREGO NO PEITO
ESSE AMOR SEM IGUAL… ARLEQUIM DO CARNAVAL
(EU VI…)
EU VI… MENINOS EU VI
ESSA HISTÓRIA É REAL… EU VIVI
NA LUTA POR CADA VITÓRIA
NOS BRAÇOS DE RAMOS
ARLINDO E LUIZ… COROANDO A IMPERATRIZ!