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” Meninos, eu vivi…

Onde canta o sabiá, Onde cantam Dalva & Lamartine “

SINOPSE

“La la la la lauê
Fala Martim Cererê!
Vem cá, Brasil,
Deixa eu ler a sua mão, menino,
Que grande destino reservaram pra você”.

A música tocava todos os dias na novela de Dias Gomes, uma adaptação de Romeu e Julieta passada num
subúrbio do Rio. Não sei quem era Montechio ou Capuleto – mas a música nos levava ao subúrbio, a uma
escola de samba.

Foi Fernando Pamplona que sugeriu a Dias Gomes, autor da novela, que tomasse a pequena e
desconhecida escola de samba de Ramos como sede de sua locação. Ficou conhecida a escola, seu
compositor Zé Catimba e o magnífico samba, cujos versos previam um futuro grandioso para um menino
que ainda jovem entrou para o Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Seu nome era Arlindo Rodrigues.

Lá conheceu Fernando Pamplona no setor de Cenografia e Montagens. Aprendeu rapidamente e logo se


tornou um colaborador nas invencionices do amigo Fernando. Foi assim que entrou em contato com a
escola de samba Acadêmicos do Salgueiro. Para lá foi Fernando, para lá foi Arlindo. E juntos fizeram os
desfiles tomarem outros rumos – “que grande destino reservaram pra você.” Adicionaram elementos de
espetáculos teatrais – como colocar fantasia na bateria – uma inovação -, utilizar proporções grandiosas
para os trajes, bordar em grandes espaços, dando visibilidade aos desenhos, e a utilizar de materiais
inusitados como os espelhos, que foram substituir as luzinhas, tão em voga na época embora ineficientes.
Os temas eram absolutamente inéditos, criando uma nova vertente para enredos cujas histórias não
constavam dos livros escolares, como a de Zumbi dos Palmares, de Chica da Silva e de tantos outros,
dando ênfase a assuntos ligados a negritude. Muitos desses enredos acabaram virando filmes, dado o
sucesso que alcançaram.

Um dia, Arlindo resolveu mudar de ares e de escola de samba, e foi para a Mocidade Independente de
Padre Miguel. Deu Arlindo na cabeça! O enredo Descobrimento do Brasil conseguiu desbancar as outras
concorrentes, deixando até mesmo o Salgueiro de seu amigo Pamplona para trás.

Foi o primeiro campeonato da escola de Padre Miguel. Alguns temas tinham forte cunho nacionalista.
Arlindo dirigira um espetáculo no Theatro Municipal com música de Villa Lobos intitulado
Descobrimento do Brasil. Pois virou enredo em várias ocasiões sob ângulos diferentes

A Canção do Exílio lhe serviu de referência para o desfile da Imperatriz em 1982, “Onde canta o Sabiá”,
e foi um representante do romantismo em sua obra. Em cada carnaval, um novo Brasil nos era
apresentado através de suas interpretações da cultura do nosso povo.

Depois de uma breve permanência em Padre Miguel, aceitou o convite para assumir o carnaval da escola
de samba Imperatriz Leopoldinense, a convite de seu presidente Luizinho Drumond. Escolha acertada, e o
presidente, disposto a levar sua escola para ficar entre as melhores dos desfiles, deu carta branca ao
carnavalesco. Novamente a estrela de Arlindo iria brilhar.

E Gonçalves Dias influenciou sua obra, impregnada de nacionalismo romântico com toques do
modernismo de Villa-Lobos e de seu Descobrimento do Brasil, a negritude na louvação à Bahia e ao
Carnaval de Lamartine. Por uma dessas incríveis coincidências, Arlindo conhecera pessoalmente
Lamartine, que era júri de concurso de quadrilhas em Ramos, sendo Arlindo o criador do troféu desse
mesmo concurso.

“Eu vou embora, vou, no trem da Alegria, ser feliz um dia.” Seria uma alusão à estrada de ferro que
passava em Ramos ou ao trenzinho caipira do Villa-Lobos?

Inquietos, tanto o presidente Luisinho quanto Arlindo, depois de separados por um tempo, voltaram a se
encontrar para celebrar a Estrela Dalva. Novamente o teatro se misturou ao carnaval, pois o espetáculo
Dalva lotava todos os dias o Teatro João Caetano. Foi nesse ano que a estrela Arlindo se apagou,
deixando lembranças de grandes criações tão brasileiras.

Vendo o programa do espetáculo Descobrimento do Brasil, notamos mais um de seus achados. Na lista de
aderecistas, na ficha técnica, um deles se destaca: João Jorge Trinta, que viria a se tornar um grande
carnavalesco.

Eles viveram tudo que contei, mas eu. meninos, eu vi.

Desenvolvimento, pesquisa e texto: Rosa Magalhães.

Compositor: Gabriel Melo

EU AINDA ERA MENINO


À LUZ DE UM NOBRE DESTINO
O DOM DE TOCAR CORAÇÕES
E VOCÊ ERA MENINA, SUSPIRANDO POESIAS
ENTRE VERSOS E ESTAÇÕES
QUANDO A MÃO DO GRANDE PROFESSOR
NOSSO CAMINHO EM OURO ENFEITOU
FUI DA RIBALTA À AVENIDA
VOCÊ TÃO LINDA, FOI CENÁRIO DE AMOR (Lá lá lá lá lauê)
FIZ DA ORQUESTRA DA FOLIA, MANEQUIM DAS FANTASIAS
QUE JOÃO NOUTRO TEMPO RASGOU

PEGA NA SAIA RENDADA! PRA VER O QUE EU VI


ESPELHO DA RAÇA ENCARNADA… XICA E ZUMBI!
E DESCOBRIR NOVOS BRASIS NA IDENTIDADE
CANTA SALGUEIRO, Ô, SALVE A MOCIDADE!

LEMBRO QUE O IMPERADOR


ME LEVOU PRA SER REI EM SUA ASSÍRIA
AMANHECEU E NÓS DOIS
FOMOS UMA SÓ VOZ NO ALTAR DA BAHIA
BRILHEI… NO SEU PALCO ILUMINADO
DANCEI… SABIÁ CANTOU MEU APOGEU
NUMA DERRADEIRA SERENATA

SONHEI COM DALVA E FUI MORAR COM DEUS


SEU SAMBA NASCENDO NO MORRO
ECOA DO POVO E RESSOA NO CÉU
DESPERTO EM SEUS BRAÇOS DE NOVO
NO MAIS BELO TRAÇO DA FLOR NO PAPEL
SE A SAUDADE É CERTEZA
UM DIA A TRISTEZA SERÁ CICATRIZ
ETERNA SEJA! AMADA IMPERATRIZ!

VEM ME ENCANTAR, VOLTA PRO SEU LUGAR!


SEU MANTO É MEU BEM QUERER
E LÁ DO ALTO O PAI MAIOR MANDOU DIZER
QUEM VIVEU PRA TE AMAR, SEGUIRÁ COM VOCÊ!
Autores: Me Leva, Gil Branco, Gabriel Coelho, Luiz Brinquinho e Renne Leme Filmes

Participação Especial: Francisco Ribeiro e Antônio Crescente


E se a saudade fosse poesia
Quem dera reviver aqueles “dias”
O doce subúrbio do compositor
Versos de asfalto que o destino abraçou
Dos “Ramos” onde brotaram artistas geniais
Inspiração de outros carnavais
Pra ver o meu povo sorrindo… Arlindo!
Abre a cortina
A minha luz ainda reflete na ribalta
Se a vida é um enredo que anuncia
A fantasia veste a batucada

PRETO VELHO BENEDITO, TERRA DO JACARANDÁ


PEGA NO GANZÊ, PEGA NO GANZÁ
NEGRITUDE DEU O TOM, A VOZ DA LIBERDADE
CHICA DA SILVA TEM BRAVURA DE PALMARES

VERA CRUZ É SANTA CRUZ, NAVEGANTE DESCOBRIU


A FESTA DO DIVINO, MEU RIO COLORIU
NO AXÉ DO GANTOIS, BRILHA UMA ESTRELA GUIA
FIZ BATER FORTE O TAMBOR DA ACADEMIA

Quando o verde-esperança
Em cada traço meu encontra a paz
Bordando sonhos em alegorias
No trem da alegria de tempos atrás
“Quem dera”…
Que a vida fosse uma “estrela” que ilumina
Reluzente como a luz do dia
Linda feito o canto de um sabiá
No meu lugar…
Vi meninos desenhando tanta emoção
Brasilidade refletida no espelho
Realeza de um tal João

SE TU ÉS COLOMBINA, EU SOU TEU ARLEQUIM


IMPERATRIZ, ÉS O MEU GRANDE AMOR
A VIDA QUIS ASSIM, PODER TE REENCONTRAR
E RELEMBRAR AQUELE TEMPO QUE PASSOU

SE TU ÉS COLOMBINA, EU SOU TEU ARLEQUIM


IMPERATRIZ, ÉS O MEU GRANDE AMOR
A VIDA QUIS ASSIM, PODER TE REENCONTRAR
A TUA HERANÇA JAMAIS SE APAGOU
COMPOSITORES: Moisés Santiago, Aldir Senna, João Paulo, Wilson Mineiro, Guilherme Macedo

Part. Esp: Mariano Araújo

ABRO A CORTINA, O PALCO DÁ LUZ À VIDA A BELA ARTE DE UM SONHADOR


GÊNIO DA CULTURA, O ARTISTA
QUE O GRANDE DESTINO RESERVOU
NO MESTRE, O ESPELHO DOS SEUS SONHOS FORJADO PELO CHÃO DA ACADEMIA
DESPONTOU NO CÉU DA MOCIDADE
O TALENTO EM ALMA PURA… BRASILIDADE
E FEZ-SE O DESTINO DO ARLINDO IMORTAL TRAÇADO O CAMINHO DO SEU CARNAVAL
NA LEOPOLDINA, SUA ESTRELA FEZ BRILHAR

(ÊH BAHIA)
ÊH BAHIA ÊH MAGIA
TEM FEITIÇO E CANDOMBLÉ
TEM AXÉ DO ORIXÁ
MÃE BAIANA PRA BENZER
PREGOEIRO A GRITAR:
QUEM VAI QUERER? QUEM VAI PROVAR?

NOS TRILHOS DA FELICIDADE, POR TODA CIDADE DEIXOU SEU LEGADO, CANTOU
LÁLÁ…
LALALAIA (LAMARTINE) LALALAIA
NO CANTO DE UM SABIÁ…
DO SERTANEJO O CLAMOR
XICA DA SILVA É A SEDUÇÃO NA COR
ESTRELA DALVA …VOZ QUE ENCANTOU
HOJE VOCÊ É SAUDADE
ETERNIZADA EM MEU PAVILHÃO
AMOR DE VERDADE, CARREGO NO PEITO
ESSE AMOR SEM IGUAL… ARLEQUIM DO CARNAVAL

(EU VI…)
EU VI… MENINOS EU VI
ESSA HISTÓRIA É REAL… EU VIVI
NA LUTA POR CADA VITÓRIA
NOS BRAÇOS DE RAMOS
ARLINDO E LUIZ… COROANDO A IMPERATRIZ!

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