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DERMATOLOGIA

EPIDERME
 Queratinócitos são sua principal célula
 Possui as camadas estratificadas: basal, espinhosa, granulosa e córnea
 Entre as células: desmossomos
 Outras células: melanócitos/langherhans (defesa)

DERME
 Dividida em área reticular e papilar
 Reticular: vasos, nervos, glândulas sudoríparas e folículo piloso
 Faz contato com a epiderme através da área papilar

LESÕES ELEMENTARES

COR (manchas / máculas):


- Vasculossanguíneas
 Eritema: desaparece à digitopressão
o Enantema (mucosa)
o Exantema (morbiliformes x escarlatiniforme)

 Púrpura: não desaparece à digitopressão


o Petéquia (< 1 cm)
o Equimose (> 1 cm)
o Víbices

Na prova de residência, a púrpura sugere uma plaquetopenia ou uma vasculite!

- Pigmentares
 Melanodérmicas (hipercrômicas)
o Sardas
 Leucodérmicas (hipocrômicas)
o Vitiligo

SÓLIDAS LÍQUIDAS
 Pápula (< 1 cm)  Vesícula (< 0,5 cm) → conteúdo seroso
 Nódulo (1 – 3 cm)  Bolha (> 0,5 cm) → áreas de atrito
 Tumor (> 3 cm)  Pústula (< 1 cm) → conteúdo purulento
 Placa (platô)  Abscesso (> 1 cm)
 Hematoma (sangue)
ESPESSURA
 Ceratose (camada córnea) → mais comum em palmas e planta dos pés
 Liquenificação: espessamento com aumento dos sulcos
 Esclerose: endurecimento com aumento do colágeno

CONTINUIDADE
 Erosão (epiderme)
 Ulceração (derme)

HANSENÍASE
 Mycobacterium leprae
 Transmissão aérea
 Alta infectividade/baixa patogenicidade
 Incubação prolongada (média 2 a 7 anos)
 Doença de acometimento cutâneo e neurológico  lesão cutânea + acometimento de sensibilidade
 Perda da sensibilidade térmica > dolorosa > tátil, nesta ordem
 Quadro clínico:
o Forma indeterminada: boa parte regride para cura espontânea – mácula hipocrômica, sem pelo,
baciloscopia negativa
o Outra parte progride para forma tuberculoide (consegue controlar o bacilo, imunidade celular),
virchowiana (não consegue controlar o bacilo, imunidade humoral) ou dimorfa (pode migrar para a
tuberculoide ou virchowiana, intermediária)
o Tuberculoide – placa eritematosa/hipocrômica, delimitada, baciloscopia negativa, reação de mitsuda
positiva (imunidade celular, em desuso)
o Virchowiana – placa eritematosa infiltrativa difusa, nódulações, madarose, fáceis leonina,
baciloscopia positiva
o Dimorfa/borderline – placas eritematosas variadas, baciloscopia positiva
 Diagnóstico: clínico, a baciloscopia não é fundamental
o A baciloscopia é realizada a partir da linfa de lóbulos da orelha e cotovelos (pelo menos 4 locais), se
bacilos estiverem em alta quantidade pode haver globia (acúmulo de bacilos unidos)
o Complementar: histopatologia, anti-PGL1, PCR

Classificação Forma clínica Tratamento


Indeterminada Rifampicina 600mg 1x/mês
Paucibacilar
Tuberculoide Dapsona 100mg 1x/mês +
< 5 lesoes de pele
100mg/dia
Dimorfa/borderline
Multibacilar Idem + Clofazimina 300mg 1x/mês +
>5 lesões de pele Virchowiana 50mg/dia

Paucibacilar: 6 doses sob supervisão (até 9 meses)


Multibacilar: 12 doses sob supervisão (até 18 meses)

Reações hansênicas
 Tipo 1 (reação reversa): reação celular, lesão cutânea agudizada, piora da neuropatia
o Tratamento: prednisona 1-2mg/kg/dia
 Tipo 2 (eritema nodoso): imunocomplexos, nódulo subcutâneo eritematoso, orquite, glomerulite
o Tratamento: talidomida (corticoide ou pentoxifilina são outras opções)
 Não precisa interromper ou reiniciar o tratamento se reação hansênica

Profilaxia
 Contactantes: exame dermatoneurológico
o Assintomáticos: uma dose BCG
o 2 cicatrizes: não fazer BCG
o Está em curso protocolo de profilaxia com rifampicina

LEISHMANIOSE TEGUMENTAR
 L. braziliensis / amazonensis / guyanensi
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
 Transmissão vetorial: flebotomíneos (Lutzomyia)
P Paracoco
 Reservatório: animais
 Incubação: 1 a 3 meses L Leishmania
 Promastigota (inoculada), Amastigota (tecidual) E Esporotricose
 Clínica: pápula → úlcera → vegetação C Cromomicose / CEC
o A lesão inicia-se como ulcerada e/ou vegetante. T Tuberculose
 A leishmaniose tegumentar difusa é muito parecida com a hanseníase virchowiana
 Diagnóstico: exame direto / cultura (meio NNN) / sorologia

 Sorologia: REAÇÃO DE MONTENEGRO (+) → exceto na forma difusa


Tratamento
 Antimonial Pentavalente (Glucantime)
 Anfotericina B
 Pentamidina

MICOSES CUTÂNEAS
 Camada córnea/ haste livre dos pelos... “não inflama”

PTIRÍASE VERSICOLOR
 Causada pela Malassezia furfur – não inflama a pele
 Local: áreas de maior produção sebácea → face, pescoço, MMSS
o Poupa mucosas e palmas/plantas dos pés
 Máculas confluentes, hipo/hipercrômica/eritema, descamação furfurácea (fina)... esticando a pele (sinal de
Zileri) ou com unha (sinal de Besnier)

Diagnóstico
 Clínico
 Lâmpada de Wood
 Exame micológico direto

Tratamento
 Sulfeto de selênio
 Imidazólicos (tio / iso / cetoconazol)

DERMATOFITOSES
 Queratinolíticos... “inflamação superficial”, coça!

TINEA
 Microscoporum, Trichophyton, Epidermophyton → são queratinolíticos

Tinea capitis: alopecia focal e descamativa (pelo quebradiço)


 Tratamento: griseofulvina VO

Tinea corporis: eritema circinado, elevado e descamativo, prurido


 Atinge locais úmidos do corpo
 Tratamento: antifúngico (imidazólico / terbinafina / ciclopirox)

Outros: pedis, ungueal, barba

MICOSES SUBCUTÂNEAS E SISTÊMICAS


 Transpidérmicas... disseminação por contiguidade/linfática

Esporotricose: relacionada ao jardineiro, arranhadura ou mordedura de gatos...


 Forma cuteoneolinfática (70%): nódulo ulcerativo + linfangite (“rosário”)
 Diagnóstico: exame direto negativo, cultura, aglutinação, esporotriquina
 Tratamento: iodeto de potássio / itraconazol / anfotericina B

Cromomicose: causada pelo Fonsecae pedrosoi


 Aspecto verrucoso
 Tratamento: itraconazol + cirurgia

Paracoco: associado ao meio rural (BK rural)


 Microscopia: aspecto de roda de leme
 Tratamento: itraconazol / anfotericina B
ECTOPARASITOSES
ESCABIOSE
 Fêmeas de Sarcoptes scabiei → escava a epiderme e põe ovos
 Túnel escabiótico + eminência pápulocrostosa + prurido (noturno)
 Áreas quentes: abdome, nádegas, axila, mama, interdigital
 Lactentes: cabeça, palma/planta (poupa áreas de fralda)
 Diagnóstico: eminentemente clínico

Tratamento
 Permetrina (aplicar à noite, repetir em 1semana)
 Enxofre: criança < 2 meses e gestantes
 Ivermectina (oral): escabiose crostosa... evitar se < 15kg
 Tratar a família / higiene das roupas

Escabiose crostosa (Sarna Norueguesa)


 Imunodeprimidos → acometimento disseminado

DERMATOVIROSES
MOLUSCO CONTAGIOSO
 Causado pelo Poxivírus (DNA)
 Acomete mais crianças
 Clínica: pápulas (0,5cm) agrupadas com umbilicação central
 Doença frequentemente associada à dermatite atópica!
 Tratamento: curetagem do molusco

FARMACODERMIAS
 Reações cutâneas medicamentosas
 Todo fármaco pode causar alteração cutânea
 Pode aparecer até 6 semanas do uso
 Mecanismo imune (alérgico) ou não imune

Mais frequentes
 Amoxacilina (penicilinas), AINE, alopurinol
 Bactrim (sulfas)
 Convulsão (fenitoína, carbamazepina)

Manifestações mais comuns


 Exantema (rash): maculopapular simétrico no tronco e MMSS
o Rash desaparece com a digitopressão, a petéquia não
o Suspender droga/anti-histamínico/corticoide
o Diagnóstico diferencial: doença exantemática
 Urticária: placa eritematosa de centro pálido, com prurido intenso e transitória (< 24h)
o Angioedema (lábios, pálpebras, língua – áreas de baixa pressão de perfusão tecidual): 50% dos casos
o Anafilaxia (cardiorrespiratória): adrenalina IM

Manifestações mais graves


Síndrome de Stevens Johnson (SSJ)
Necrólise epidérmica tóxica (NET)
 Pródomo (2semanas): febre, mialgia, artralgia
 Exantema + acometimento mucoso + descolamento da epiderme (sinal de Nikolsky – tração)
 SSJ (< 10% da pele): também pode ser causada por Mycoplasma pneumoniae (< 10%)
 NET (> 30% da pele): mais associada a medicamento, mais grave e sistêmica (pulmão, gastro...)
 Entre 10 e 30% é chamado de síndrome de sobreposição/overlap
 Biópsia: clivagem dermoepidérmica
 Diagnóstico diferencial: síndrome da pele escaldada estafilocócica (SSSS)
o Ação por exotoxina, poupa mucosa, clivagem intraepidérmica
 Tratamento: suporte (hidratação, antibiótico)/desbridamento
o Imunoglobulins / ciclosporina / anti-TNF

CÂNCER DE PELE

CARCINOMA BASO/ESPINOCELULAR
 Fenótipo claro, idade avançada, homens, expostos à radiação UV
 Diagnóstico: biópsia
 Tratamento: curetagem / eletrocoagulação / cirurgia

CBC
 Câncer mais comum do mundo, 2/3 superiores da face
 Aumento da relação com exposição solar específica
 Nódulo-ulcerativo: mais comum, perolado com telangectasias
 Pouco agressivo: invasão local e recidivas (região H da face)

CEC
 1/3 inferior da face, maior risco de metástase, mais comum em negros
 Relação maior com exposição solar continua
 Lesões prévias: cicatriz de queimadura, HPV, ceratose actínica
 Associado aos transplantados! Relacionado com imunossupressão
 Invasivo: placa ceratótica que ulcera e sangra... “PLECT”

MELANOMA
 Fatores de risco
o Nevo melanocítico: > 50 nevos, displásico, congênito > 20 cm
 Apenas 25% dos melanomas têm nevo prévio
o História familiar ou pessoal (segue em vigilância)
o Predisposição genética: CDK2NA/ fenótipo claro (fitzpatrick 1-2) / UV-B (penetração mais
superficial/epidérmica)
 Clínica ABCDE
o Assimetria
o Borda irregular
o Cor variada (2 ou mais na lesão)
o Diâmetro (> 6mm) – quanto maior, maior a chance de ser melanoma
o Evolução (tamanho, formato, sintomas)
 Tipos de melanoma
o Extensivo superficial (70%): mais comum, lento, radial, mácula; em homens mais comum no dorso e
mulheres em perna
o Nodular: mais grave, rápido, vertical, nódulo; dorso, cabeça, pescoço
o Lentigo maligno: mais lento, idosos, melhor prognóstico, cabeça e mãos
 Diagnóstico
o Dermatoscopia + biópsia excisional (margem ~ 2 mm)
o Biópsia incisional: lesão extensa ou face
 Tratamento
o Cirurgia: ampliação das margens da biópsia de acordo com espessura/profundidade (Breslow)
 In situ: 0,5 – 1cm
 < 1mm: 1cm
 > 1-2: 1-2cm
 > 2mm: 2cm ou mais
o Se acometimento ganglionar: linfadenectomia
o Pesquisa de linfonodo sentinela: espessura > 0,8mm ou < 0,8mm com ulceração (lesões de alto risco)
o Adjuvante: inibidores PD1 / receptor CTLA4 / proteíno quinase MAPk

ECZEMA (DERMATITE) ATÓPICA


 Edema intercelular (espongiose)  xerose e liquenificação
 Colonização por S.aureus (75-90%) + perda de barreira: aumento infecções
 Clínica: dermatite papulovesicular + prurido + atopia (80%)
 Lactente: exsudativo – face, couro cabeludo e área extensora, poupa área de fralda
o < 2-3 meses = pensar em dermatite seborreica
 Criança, adulto: “seca” – área flexora, mãos, pescoço, pálpebra
 Dupla prega palpebral = prega de dennie-morgan
 Tratamento: ambiental e emolientes (hidratação), corticoide tópico, anti-histamínico oral, imunomodulador

ECZEMA DE CONTATO
 Por irritante primário: lesão direta
o Teste de contato negativa (feito para sensibilização imune do composto)/lesão no local do contato
o Detergente, fralda
 Alérgico: sensibilização prévia – hipersensibilidade tipo IV (celular)
o Teste de contato positivo – lesão no local do contato ou distante
o Níquel: bijuteria, relógio
o Dicromato de K: couro, cimento
o Formalina: esmalte
o Tiuram: borracha
 Tratamento: ambiental, emoliente e corticoide tópico

ECZEMA SEBORREICO
 RN (hormônio materno < 3m) / homem/ ansiedade / Parkinson
 Área seborreicas: couro cabeludo, sobrancelha, sulco nasolabial
 Escama sebácea – eritematodescamativa: M. furfur
 Tratamento: xampu/ creme “anticaspa”
o Sulfato de selênio, zinco, “azol”/ ácido salicílico

PSORÍASE
 Genética... Hiperproliferação celular + vasodilatação
Psoríase vulgar
 Placa delimitada, eritemodescamativa, tom prateado – couro cabeludo, cotovelo, joelho
 Diagnóstico: curetagem Brocq (sinal da vala/membrana/Auspitz – orvalho sanguíneo)
 Piorada por: etilismo, tabagismo, obesidade, drogas (Bbloq, lítio, AINEs)
 Melhora com: sol, gestação
Psoríase ungueal
 Unhas em dedal
Psoríase invertida Fenômeno de Koebner: surge lesão em
 Predomínio de áreas flexoras área de trauma
 HIV, negros, obesos Koebner reverso: melhora da lesão após
Psoríase invertida trauma
 Criança / faringite estreptocócica
 Aguda, autolimitada, forma mais benigna
Psoríase pustulosa
 Inflamação /estéril / grave (Von Zumbusch)

Tratamento
 Fototerapia/ acitretina / metotrexate / anticorpos monoclonais/ apremilabts
BULOSES

PÊNFIGO FOLIÁCEO
 Anticorpo antidesmossoma (desmoglina 1) – granulosa
 Lesões crostosas
 Poupa mucosas

PÊNFIGO BOLHOSO
 Anticorpo antidesmossoma (desmoglina 3) – espinhosa
 Bolhas flácidas, erosão, “bife sangrante”
 Acomete mucosa

 Tratamento: corticoide / imunoglobulina / plasmaférese

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