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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

IPUC - Instituto Politécnico


Disciplina:
7078.1.00 : ESTRUTURAS DE MADEIRA

2. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA MADEIRA


A. QUÍMICA DA MADEIRA

Formação da Fotossíntese
Madeira
clorofila
6(CO2  2 H 2O )  6(CH 2O  H 2O  O2 )

Unidade formadora dos carboidratos


(glicoses ou açucares)

oxigênio
Componentes orgânicos principais
CO2 da madeira:
- Celulose

- Hemicelulose e

- Lignina
 Celulose: n(C6H10O5)

-É o principal componente da parede celular dos vegetais.

- As cadeias de celulose se unem por ligações de hidrogênio:

Cadeia de celulose

OH • ÁGUA LIVRE
(ou de Capilaridade)
OH OH O H Molécula de água

• ÁGUA DE IMPREGNAÇÃO
H
HO HO
HO

Cadeia de celulose
Cadeia de celulose
B. Características Físicas da Madeira

B.1 : Umidade
Água Livre (ou de Capilaridade):
Contida no interior dos vasos ou traqueídes.
Não provoca variações nas dimensões das peças (retração ou inchamento).

Água de Impregnação:
Contida nas paredes dos vasos, fibras e traqueídes.
Provoca variações nas dimensões das peças (retração ou
inchamento).
Ponto de saturação (PS):
Umidade abaixo da qual toda água existente é de impregnação (entre 20% e 30%)
NBR 7190  25 % para PS
Umidade de Equilíbrio (UE) :
Teor de umidade em que se estabiliza a madeira, depois de algum tempo em contato
com o ar atmosférico.

Ela é função da temperatura (T) e umidade relativa do ar (URA)


Varia entre 12 e 15%.
NBR 7190 especifica 12% como referência ( atingida a T = 20° C e URA = 65%)
(OBS: TABELA 7 pag 14 NBR 7190 / TABELA 1.1 pag. 1 APOSTILA)

Classes de Umidade relativa do Umidade de


umidade ambiente equilíbrio

1 65% 12%

2 65%< URA <75% 15%

3 75%< URA <85% 18%

URA > 85% (longos


4 >25%
períodos)

TEM-SE AINDA A ÁGUA EM FORMA DE VAPOR  DESPREZADA


TERMINOLOGIA

Para caracterizar propriedades da madeira em relação ao teor de umidade :

- MADEIRA VERDE:

Caracterizada por uma umidade igual ou superior ao ponto de saturação.

- MADEIRA SECA AO AR:

Caracterizada por uma umidade adquirida nas condições atmosféricas local, ou seja, é a
madeira que atingiu um ponto de equilíbrio com o meio ambiente.

A NBR 7190/97 considera o valor de 12% como referência.


Determinação da Umidade

1 - Experimentalmente segundo a NBR 7190

Estufa – temperatura máx 103 ± 2º C

5 cm

2 cm
3 cm

MASSA
Pesar a cada 6 horas até variação peso < 0,5% da última massa medida
SECA

mi  ms m i : Massa Inicial da Amostra


U (%)  100%
ms m s : Massa da Madeira Seca
2 - Através de medidores elétricos:

PARA MEDIDAS MAIS EXPEDITAS

Easy - Nicawe
Aquameter M-70
EXEMPLOS:

1.DESEJA-SE DETERMINAR A PORCENTAGEM DE UMIDADE DE UMA PEÇA DE JATOBÁ, A


SER EMPREGADA NA CONFECÇÃO DE UM PISO.
DELA RETIRA-SE UMA AMOSTRA, DE ACORDO COM AS RECOMENDAÇÕES DA NBR 7190.
A MASSA INICIAL DA AMOSTRA É DE 42,88 g.
A MASSA SECA É DE 28,76 g.
QUAL O VALOR DA UMIDADE PROCURADA (U) ?

2.UMA PEÇA DE MADEIRA PARA EMPREGO ESTRUTURAL TEM MASSA DE 6148 g A U %


DE UMIDADE E DEVE SER SUBMETIDA À SECAGEM ATÉ ATINGIR 12%, CONDIÇÃO NA
QUAL SERÁ UTILIZADA.
SABENDO QUE UMA AMOSTRA RETIRADA DA REFERIDA PEÇA, NAS DIMENSÕES
INDICADAS PELA NBR 7190, PESOU 34,52 g ( A U % DE UMIDADE) E 25,01 g (MASSA
SECA), PEDE-SE ESTIMAR O PESO DA PEÇA EM QUESTÃO QUANDO FOR ATINGIDA A
UMIDADE DE 12 %.
EXEMPLOS:

1-
água
U  100%
ms

mi  ms 42,88  28,76
U (%)  100  100  49,10%
ms 28,76
Resposta: U = 49,1 %

2-

mi  ms 34,52  25,01
U (%)  100  100  38 %
ms 25,01

mi  ms 100 mi 100 . 6148
U (%)  100  mS    4455 g
ms U  100 38  100

mS (U  100) 4455 . (12  100)


m12    4990 g
100 100 Resposta: m = 4990 g
B.2 : Densidade da Madeira

1 - Densidade Básica

Massa específica convencional


ms
 bas  ( g / cm³ )
5 cm
Vsat

2 cm Vsat : medidas das dimensões finais do CP que ficou


3 cm
submerso em H2O até atingir massa constante
ou variação de 0,5% em relação a medida
anterior

2 - Densidade aparente

Quanto maior a densidade melhor serão as características mecânicas da madeira

m12
 ap  ( g / cm³ )
V12
B.3 – Variação Dimensional da Madeira
Aproximação ou afastamento das cadeias de celulose

 ocasionada pela diminuição ou aumento da água de impregnação

Retração ou inchamento da madeira

Devido à anisotropia da madeira as retrações ou inchamentos ocorrem


diferentemente segundo as direções radial, tangencial e axial.
B.3.1 – Determinação das Porcentagens de Retração e de Inchamento

VARIAÇÃO DIMENSIONAL NAS DIREÇÕES PRINCIPAIS


 CALCULADA EM RELAÇÃO ÀS DIMENSÕES INICIAIS
PARA O CÁLCULO DAS DIMENSÕES INICIAIS :
AMOSTRAS COM UMIDADE IGUAL OU SUPERIOR AO PONTO DE SATURAÇÃO (PS)

NBR 7190  DETERMINAÇÃO DAS PORCENTAGENS DE RETRAÇÃO TOTAL ou


DEFORMAÇÕES ESPECÍFICAS DE RETRAÇÃO

Onde,

 Li , sat  Li , sec  Li , sat


r, j    . 100

: Dimensão linear, para umidade igual ou

 Li , sat  superior a o PS

Li , sec : Dimensão linear, para umidade igual 0%

j = 1 : direção longitudinal
j = 2 : direção radial
j = 3 : direção tangencial
NBR 7190  DETERMINAÇÃO DAS PORCENTAGENS DE INCHAMENTO TOTAL ou
DEFORMAÇÕES ESPECÍFICAS DE INCHAMENTO

 Li , sat  Li , sec 
i , j    . 100

 Li , sec 

VARIAÇÃO VOLUMÉTRICA = função DIMENSÕES DOS CORPOS DE PROVA COM UMIDADE

IGUAL OU SUPERIOR AO PS ( Vsat ) e COM UMIDADE DE 0% ( Vseca)

 Vsat  V sec  Vsat  L1,sat . L2,sat . L3,sat


V    . 100

 V sec 
Vsec  L1,sec . L2,sec . L3,sec
CORPOS DE PROVA : NBR 7190

5 cm longitudinal

2 cm tangencial
3 cm
radial

AS DIMENSÕES L i = MÉDIA DE PELO MENOS 3 MEDIDAS EM CADA LADO DO CP

DEVEM SER DESCONSIDERADAS AS AMOSTRAS QUE APRESENTAREM DEFEITOS


DECORRENTES DO PROCESSO DE SECAGEM
EXEMPLO
R T

Retração tangencial: variação dimensional (9,5% )


Retração radial: variação dimensional (6,8% )
Retração longitudinal: variação dimensional muito pequena
Retração volumétrica: variação dimensional (16% )
VARIAÇÃO DIMENSIONAL DE ALGUMAS ESPÉCIES BRASILEIRAS
ESPÉCIE R (%) T (%) RELAÇÃO T / R
Angelim Pedra 4,3 7,0 1,6
Cambará 3,6 8,7 2,4
Castanheira 4,7 9,4 2,0
Cedro 4,0 5,3 1,3
Cupiúba 4,3 7,1 1,7
Eucalipto 6,5 9,6 1,5
Citriodora
Eucalipto 7,3 16,7 2,3
Tereticornis
Freijó 6,3 11,7 1,9
Goiabão 8,9 18,8 2,1
Ipê 5,1 7,8 1,5
Jatobá 3,6 6,9 1,9
Louro Preto 4,2 8,0 1,9
Mandioqueira 4,7 9,3 2,0
Mogno 3,0 4,1 1,4
Sucupira 5,9 7,3 1,2
COMENTÁRIOS:

• BAIXA RELAÇÃO T / R e

• BAIXOS VALORES ABSOLUTOS DE T e R

 ESPÉCIES DE MELHOR DESEMPENHO À ESTABILIDADE DIMENSIONAL

NA TABELA :

MAIS ESTÁVEIS  Cedro, Mogno e Sucupira

Observação:
IPÊ  T / R = 1,5  R = 5,1 e T = 7,8
EUCALIPTO CITRIODORA  T / R = 1,5  R = 6,5 e T = 9,6
O IPÊ É MAIS ESTÁVEL POIS TEM R e T MENORES

MAIS INSTÁVEIS  Cambará, Eucalipto Tereticornis e Goiabão


As madeiras mais estáveis quanto às suas dimensões são as que apresentam

menores valores para as retrações e menores diferenças entre as retrações nas

três direções consideradas.

Exemplos de madeiras EXCELENTES: cedro, sucupira e mogno

Exemplos de madeiras NORMAIS: ipê, pinus, araucária, peroba-rosa

Exemplos de madeiras POUCO ESTÁVEIS: imbuia, jatobá e eucalipto

FONTE : REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°59

A diferença nas retrações nas três direções provocam parte dos defeitos de secagem:
empenamentos e rachaduras.
DEFEITOS DEVIDO À SECAGEM
Os defeitos mais comuns que se estabelecem durante a secagem são:
1 - fendas e rachaduras, geralmente devido a uma secagem rápida nas primeiras
horas;

2 - colapso, que se origina nas primeiras etapas da secagem e muitas vezes


acompanhado de fissuras internas;
3 - abaulamento, que se deve a tensões internas, apresentada pela árvore,
combinada a uma secagem irregular.

No caso 3, a deformação é causada pela contração diferenciada nas três


direções do corte da madeira, originando defeitos do tipo arqueamento,
encanoamento, encurvamento e torcimento

Fonte: Apostila Secagem de


Madeiras
Projeto PIMADS – ESALQ -
USP

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