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PONTA GROSSA
2021
Objetivo
Utilização de ligas estruturais de alta resistência à base de nióbio em
automóveis. Desenvolvimento de tecnologias para a produção de ligas à base de
nióbio, que possam ser utilizados no ramo de transporte e engenharia. Redução de
custos e densidade na indústria automobilística. Melhoria em algumas etapas do
processamento.
Introdução
O Brasil só exporta o nióbio em si, não fabrica produtos derivados dele, pois,
ninguém está disposto a pagar uma fortuna pelo nióbio, porque o Brasil não
consegue dar valor agregado a ele. Vende-se matéria-prima e compra-se produtos
prontos. O surgimento de novas tecnologias pode levar ao aumento da demanda de
nióbio, consequentemente aumentando a presença brasileira no mercado
internacional e a elevação do PIB, favorecendo a economia interna. Nós temos o
equivalente a 842 milhões de toneladas de nióbio, que valem inacreditáveis US$ 22
trilhões: o dobro do PIB da China, ou duas vezes todo o petróleo do pré-sal. Ao
desenvolver tecnologias capazes de produzir produtos à base de nióbio, seria
possível aproveitar melhor essa grande reserva brasileira, e dominar ainda mais a
produção de nióbio no mercado mundial.
História do Nióbio
O nióbio foi descoberto pelo químico inglês Charles Hatchett em 1801, a partir
de estudos do mineral columbita. Ele nomeou o novo elemento encontrado de
columbium (Cb). Posteriormente, em 1846, o químico alemão Henrich Rose
descobriu o elemento e nomeou-o de nióbio, nome adotado pela comunidade
internacional a partir de 1950. Nióbio é um metal brilhante, extraído principalmente
do mineral columbita, e considerado de baixa dureza. Entre suas utilizações
comerciais, podemos citar o uso em dispositivos médicos, como o marca-passo, pois
suas ligas metálicas são fisiologicamente inertes e com características
hipoalergênicas. Por esse motivo, também é utilizado em fabricação de joias.
Apesar da dureza e resistência que o nióbio agrega às ligas metálicas, o composto
puro é macio e de baixa densidade.
Em 1960 foi descoberta, em Araxá (MG), a primeira grande reserva de nióbio
do mundo, cinco anos depois, o americano Arthur W. Radford, integrante do
conselho da mineradora Molycorp, e o banqueiro brasileiro Walther Moreira Salles
montaram uma empresa de exploração desse elemento. O Brasil possui a maior
parte do nióbio disponível no planeta (cerca de 94%) e também é responsável por
grande parte da comercialização desse metal. Por não ter utilização comprovada
desse elemento, em 1965, o governo permitiu que a Companhia Brasileira de
Metalurgia e Mineração (CBMM), em parceria com o governo americano, explorasse
as reservas de nióbio encontradas no solo brasileiro. Nos anos seguintes, a CBMM
foi comprando a parte que cabia aos americanos e passou a ser a controladora
mundial da comercialização do nióbio. Entre 1959 até 1965, a companhia
desenvolveu uma técnica de concentração de nióbio nas ligas entre 2,5% até 60% -
utilizado em especial na indústria siderúrgica.
As primeiras aplicações do nióbio foram no século XX. Atualmente ele é
utilizado principalmente na produção de condutores de fluidos (petróleo e água)
como componente das ligas de aço. Em 2012, a média do preço da liga ferro-nióbio
ficou em US$ 26,5 o quilo. A demanda do mercado mundial sobre o nióbio é de 100
mil toneladas anuais, na qual o Brasil contribui com 90% desse total.
Características
É o elemento químico de número atômico 41 e massa atômica 92,9 u, seu
símbolo é Nb. Pertence ao 5º período da tabela e ao grupo 5 e, portanto, é
considerado um metal de transição na classificação periódica dos elementos
químicos. Suas propriedades químicas assemelham-se às propriedades do tântalo
(Ta), localizado no mesmo grupo logo abaixo do nióbio. É um metal brilhoso, com
coloração cinza em condições normais, apresentando um tom azulado quando
oxidado, é considerado um metal de baixa dureza e alta ductilidade, apresentando
propriedades supercondutoras, além de ser resistente à corrosão.
Nb
Série química Metal de transição
Grupo 5, 5, d
–Densidade 8,57 g/cm³
Dureza 6,0 Mohs
Massa atômica 92,9 u
Raio atômico 146 pm
Conf. eletrônica 4d³5s²
Estrutura CCC
Ponto de Fusão 2750 ºC
Eletronegatividad 1.6
e
Tabela 1- Propriedades do Nióbio
Além de ser o mais leve dos metais refratários, é considerado hoje um metal
estratégico por suas propriedades de resistência quando submetido a alta
temperatura e a corrosão e pelo fato de que a adição de 200 gramas a 1.000 gramas
do metal a uma tonelada de ferro serem suficientes para mudar as propriedades do
aço radicalmente para melhor, tornando-o mais leve e, portanto, mais eficiente do
ponto de vista energético. Outra vantagem é sua elevada temperatura de fusão, que
lhe permite ser utilizado em ligas empregadas em aplicações de alta temperatura.
Igualmente significativo é o fato de o nióbio desenvolver propriedades
supercondutoras quando submetido a temperaturas inferiores a -264°C.
O nióbio tem diversas características similares ao tântalo e ao zircônio. Ele
reage com muitos elementos químicos da classe dos não metais em altas
temperaturas: o nióbio reage com o fluoreto numa caldeira com gás cloro e
hidrogênio sob temperatura de 200 °C e com nitrogênio com temperatura de 400 °C,
produzindo os produtos intersticiais e não estequiométricos. O metal começa a
oxidar na atmosfera sob temperatura de 200 °C, e é resistente à corrosão e ao
contato de elementos alcalinos e por ácidos, incluindo água regia, o ácido clorídrico,
o ácido sulfúrico, o ácido nítrico e o ácido fosfórico. O nióbio é atacado pelo ácido
fluorídrico, e, por misturas de ácido fluorídrico com o ácido nítrico. Embora o nióbio
apresente todos os estados de oxidação formal de +5 à −1, na maioria dos
compostos de nióbio, encontra-se geralmente no estado de oxidação +5. Os
compostos que têm estados de oxidação menor de +5 geralmente têm ligações Nb–
Nb.
Torna-se um material supercondutor sob temperaturas criogênicas. Sob
pressão atmosférica, possui a temperatura crítica mais elevada dos elementos
supercondutores: 9,2 K tendo a melhor supercondutividade. Além disso, ele é um
dos três elementos supercondutores Tipo 2, junto com o vanádio e o tecnécio. As
propriedades supercondutoras são fortemente dependentes de sua pureza. Quanto
mais puro, mais mole e dúctil, porém, as impurezas do nióbio o tornam mais duro.
Ele apresenta uma baixa captação de nêutrons térmicos e, consequentemente,
utiliza-se nas indústrias nucleares. As características do nióbio fazem dele um
elemento químico precioso, que cada vez mais encontra espaço na indústria, em
especial naquela de ponta.
Produção
A produção mundial é dominada pelo Brasil, que responde por algo como
98% do total, divididos essencialmente entre a Companhia Brasileira de Metalurgia e
Mineração (responsável por 80% do total, em Araxá) e a Mineração Catalão, em
Goiás. No Brasil, o nióbio é produzido na forma de concentrado de pirocloro, de liga
ferro-nióbio e nióbio metálico, mas somente os dois últimos são exportados. O
volume de vendas é suficiente para que esse metal ocupe lugar de destaque na
pauta de exportação mineral, entre os 10 mais importantes como apontado na
Figura 1.
Figura 1- Exportação de Nióbio, em toneladas, entre 2000 e 2011, de acordo com IBRAM (2012).