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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

SETOR DE ENGENHARIAS, CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS

MATHEUS GABRIEL JORGE


ALEFE JOAS SANTOS

PRÉ-PROJETO REFERENTE A UTILIZAÇÃO DE AÇOS ESTRUTURAIS DE ALTA


RESISTÊNCIA A BASE DE NIÓBIO

PONTA GROSSA
2021
Objetivo
Utilização de ligas estruturais de alta resistência à base de nióbio em
automóveis. Desenvolvimento de tecnologias para a produção de ligas à base de
nióbio, que possam ser utilizados no ramo de transporte e engenharia. Redução de
custos e densidade na indústria automobilística. Melhoria em algumas etapas do
processamento.
Introdução
O Brasil só exporta o nióbio em si, não fabrica produtos derivados dele, pois,
ninguém está disposto a pagar uma fortuna pelo nióbio, porque o Brasil não
consegue dar valor agregado a ele. Vende-se matéria-prima e compra-se produtos
prontos. O surgimento de novas tecnologias pode levar ao aumento da demanda de
nióbio, consequentemente aumentando a presença brasileira no mercado
internacional e a elevação do PIB, favorecendo a economia interna. Nós temos o
equivalente a 842 milhões de toneladas de nióbio, que valem inacreditáveis US$ 22
trilhões: o dobro do PIB da China, ou duas vezes todo o petróleo do pré-sal. Ao
desenvolver tecnologias capazes de produzir produtos à base de nióbio, seria
possível aproveitar melhor essa grande reserva brasileira, e dominar ainda mais a
produção de nióbio no mercado mundial.
História do Nióbio
O nióbio foi descoberto pelo químico inglês Charles Hatchett em 1801, a partir
de estudos do mineral columbita. Ele nomeou o novo elemento encontrado de
columbium (Cb). Posteriormente, em 1846, o químico alemão Henrich Rose
descobriu o elemento e nomeou-o de nióbio, nome adotado pela comunidade
internacional a partir de 1950. Nióbio é um metal brilhante, extraído principalmente
do mineral columbita, e considerado de baixa dureza. Entre suas utilizações
comerciais, podemos citar o uso em dispositivos médicos, como o marca-passo, pois
suas ligas metálicas são fisiologicamente inertes e com características
hipoalergênicas. Por esse motivo, também é utilizado em fabricação de joias.
Apesar da dureza e resistência que o nióbio agrega às ligas metálicas, o composto
puro é macio e de baixa densidade.
Em 1960 foi descoberta, em Araxá (MG), a primeira grande reserva de nióbio
do mundo, cinco anos depois, o americano Arthur W. Radford, integrante do
conselho da mineradora Molycorp, e o banqueiro brasileiro Walther Moreira Salles
montaram uma empresa de exploração desse elemento. O Brasil possui a maior
parte do nióbio disponível no planeta (cerca de 94%) e também é responsável por
grande parte da comercialização desse metal. Por não ter utilização comprovada
desse elemento, em 1965, o governo permitiu que a Companhia Brasileira de
Metalurgia e Mineração (CBMM), em parceria com o governo americano, explorasse
as reservas de nióbio encontradas no solo brasileiro. Nos anos seguintes, a CBMM
foi comprando a parte que cabia aos americanos e passou a ser a controladora
mundial da comercialização do nióbio. Entre 1959 até 1965, a companhia
desenvolveu uma técnica de concentração de nióbio nas ligas entre 2,5% até 60% -
utilizado em especial na indústria siderúrgica.
As primeiras aplicações do nióbio foram no século XX. Atualmente ele é
utilizado principalmente na produção de condutores de fluidos (petróleo e água)
como componente das ligas de aço. Em 2012, a média do preço da liga ferro-nióbio
ficou em US$ 26,5 o quilo. A demanda do mercado mundial sobre o nióbio é de 100
mil toneladas anuais, na qual o Brasil contribui com 90% desse total.
Características
É o elemento químico de número atômico 41 e massa atômica 92,9 u, seu
símbolo é Nb. Pertence ao 5º período da tabela e ao grupo 5 e, portanto, é
considerado um metal de transição na classificação periódica dos elementos
químicos. Suas propriedades químicas assemelham-se às propriedades do tântalo
(Ta), localizado no mesmo grupo logo abaixo do nióbio. É um metal brilhoso, com
coloração cinza em condições normais, apresentando um tom azulado quando
oxidado, é considerado um metal de baixa dureza e alta ductilidade, apresentando
propriedades supercondutoras, além de ser resistente à corrosão.
Nb
Série química Metal de transição
Grupo 5, 5, d
–Densidade 8,57 g/cm³
Dureza 6,0 Mohs
Massa atômica 92,9 u
Raio atômico 146 pm
Conf. eletrônica 4d³5s²
Estrutura CCC
Ponto de Fusão 2750 ºC
Eletronegatividad 1.6
e
Tabela 1- Propriedades do Nióbio

Além de ser o mais leve dos metais refratários, é considerado hoje um metal
estratégico por suas propriedades de resistência quando submetido a alta
temperatura e a corrosão e pelo fato de que a adição de 200 gramas a 1.000 gramas
do metal a uma tonelada de ferro serem suficientes para mudar as propriedades do
aço radicalmente para melhor, tornando-o mais leve e, portanto, mais eficiente do
ponto de vista energético. Outra vantagem é sua elevada temperatura de fusão, que
lhe permite ser utilizado em ligas empregadas em aplicações de alta temperatura.
Igualmente significativo é o fato de o nióbio desenvolver propriedades
supercondutoras quando submetido a temperaturas inferiores a -264°C.
O nióbio tem diversas características similares ao tântalo e ao zircônio. Ele
reage com muitos elementos químicos da classe dos não metais em altas
temperaturas: o nióbio reage com o fluoreto numa caldeira com gás cloro e
hidrogênio sob temperatura de 200 °C e com nitrogênio com temperatura de 400 °C,
produzindo os produtos intersticiais e não estequiométricos. O metal começa a
oxidar na atmosfera sob temperatura de 200 °C, e é resistente à corrosão e ao
contato de elementos alcalinos e por ácidos, incluindo água regia, o ácido clorídrico,
o ácido sulfúrico, o ácido nítrico e o ácido fosfórico. O nióbio é atacado pelo ácido
fluorídrico, e, por misturas de ácido fluorídrico com o ácido nítrico. Embora o nióbio
apresente todos os estados de oxidação formal de +5 à −1, na maioria dos
compostos de nióbio, encontra-se geralmente no estado de oxidação +5. Os
compostos que têm estados de oxidação menor de +5 geralmente têm ligações Nb–
Nb.
Torna-se um material supercondutor sob temperaturas criogênicas. Sob
pressão atmosférica, possui a temperatura crítica mais elevada dos elementos
supercondutores: 9,2 K tendo a melhor supercondutividade. Além disso, ele é um
dos três elementos supercondutores Tipo 2, junto com o vanádio e o tecnécio. As
propriedades supercondutoras são fortemente dependentes de sua pureza. Quanto
mais puro, mais mole e dúctil, porém, as impurezas do nióbio o tornam mais duro.
Ele apresenta uma baixa captação de nêutrons térmicos e, consequentemente,
utiliza-se nas indústrias nucleares. As características do nióbio fazem dele um
elemento químico precioso, que cada vez mais encontra espaço na indústria, em
especial naquela de ponta.
Produção
A produção mundial é dominada pelo Brasil, que responde por algo como
98% do total, divididos essencialmente entre a Companhia Brasileira de Metalurgia e
Mineração (responsável por 80% do total, em Araxá) e a Mineração Catalão, em
Goiás. No Brasil, o nióbio é produzido na forma de concentrado de pirocloro, de liga
ferro-nióbio e nióbio metálico, mas somente os dois últimos são exportados. O
volume de vendas é suficiente para que esse metal ocupe lugar de destaque na
pauta de exportação mineral, entre os 10 mais importantes como apontado na
Figura 1.

Figura 1- Exportação de Nióbio, em toneladas, entre 2000 e 2011, de acordo com IBRAM (2012).

Na forma de produtos, os resultados para 2013 elevaram o nióbio para o


terceiro colocado na pauta de exportação mineral brasileira, atrás apenas do minério
de ferro e do ouro. Em 2015, a participação do nióbio no valor da produção mineral
comercializada foi de 1%, atrás do ferro, ouro, cobre, alumínio e níquel. O Óxido de
Nióbio é um produto exclusivo da CBMM. Entre 1997 e 2000 há pequena oscilação
para mais e para menos, mas a partir de 2001 observa-se um salto significativo e
persistente até 2009, quando o colapso econômico, provocado pela especulação do
mercado, freou os investimentos. A partir de então, a produção se mantém estável,
com oscilações ligeiras.
Em 2008, a capacidade instalada da CBMM era 90 mil toneladas de liga Fe-
Nb por ano. No ano de 2014, passou a investir especialmente em suas plantas de
concentração e metalurgia, prevendo uma produção de 150 mil toneladas a partir de
2016.
É significativo ressaltar que o Brasil não exporta minério primário de nióbio
(bruto ou concentrado) desde a década de 1970. A busca é por vender sempre
produto ao menos semimanufaturado. O carro chefe das exportações é a liga ferro-
nióbio, que contém em torno de 64% de nióbio e 31% de ferro, além de silício,
manganês, alumínio, tântalo, fósforo, carbono e enxofre, em ordem decrescente. As
duas empresas exportadoras de nióbio brasileiro produzem liga Fe-Nb e cerca de
90% da produção de nióbio são empregados na produção dessa liga. Isso significa
toda a produção da Anglo American e a maior parte da produção da CBMM. Outros
produtos de nióbio, gerados e exportados pela CBMM, são: óxido de nióbio
(subdividido em alta pureza, grau óptico, hidratado e oxalato de nióbio e amônio).
O nióbio tem sua produção e consumo fortemente relacionados ao desempenho do
setor siderúrgico e, indiretamente, aos setores automobilístico, aeroespacial e
petrolífero. O domínio do mercado pelo Brasil representa, paradoxalmente, uma
vantagem e um desafio; o Brasil tem a chance de ditar produção e preços, porém o
nióbio pode ser substituído por elementos como titânio, vanádio e tântalo na
composição de superligas. Em adição, nenhum consumidor se sente confortável
dependendo de um só fornecedor. O tântalo é o mais próximo em características
químicas, mas é mais denso, mais raro e mais caro. Já o titânio é o mais abundante
dos quatro. É uma realidade que impõe estar sempre atento ao mercado, buscando
novos projetos e opções tecnológicas.
Ligas de nióbio de grau vácuo (Ferro-nióbio grau vácuo e Níquel-nióbio grau vácuo);
Nióbio Metálico (Nióbio Metálico – Grau Reator, Nióbio Metálico – Grau Comercial,
Nióbio Zircônio). Em 2015, o total exportado foi de US$1.612.528.782 (dólar
americano), o que representa em torno de US$4.243.626,54 de arrecadação em
termos de Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM)
e 1,02% do total arrecadado para as oito principais substâncias metálicas.
Investimentos
A Mineração Catalão, que foi passada ao capital chinês em 2017, criou o
projeto Rocha Fresca, que pretende dobrar a produção de nióbio, melhorando o
processo de extração e aumentando a vida útil da mina. A previsão em 2014 era de
geração de 800 empregos diretos e investimentos de cerca de US$ 300 milhões.
Essa empresa já havia investido, nos anos 2006/2007, R$ 30 milhões em um projeto
para reaproveitamento dos rejeitos da extração de fosfato pela Copebrás. Os
resultados significaram um aumento de 30% na produção de ferro-nióbio e forte
redução no volume de rejeitos de minério de apatita (fosfato).
Existem promessas da utilização do mineral em veículos elétricos, a CBMM
investiu o equivalente a 7,2 milhões de dólares no desenvolvimento de baterias à
base de óxido de nióbio. A companhia defende que a adesão do mineral ao sistema
de baterias aumenta a vida útil e a segurança e torna as recargas mais rápidas. A
CBMM não comercializa o nióbio puro, ele é vendido em forma de ligas metálicas,
como o ferronióbio, que se constitui de 2/3 de nióbio e 1/3 de ferro. Em 2011 foram
negociados com uma empresa asiática 30% das ações da CBMM, no entanto com
restrições: uma delas é o sigilo a respeito das etapas de processamento do nióbio
desenvolvidas pela empresa de Salles. As produtoras de nióbio no Brasil têm
realizado projetos de expansão de seus parques produtores e trabalhado na
ampliação de seu leque de clientes. Também levam vantagem em possuir redes
próprias de distribuição.
Aplicações
A principal aplicação do nióbio é na indústria automotiva, proporcionando um
veículo mais leve e mais resistente à colisão, sendo obtido com a adição de 300 g
de nióbio ao aço. Essa liga é capaz de reduzir o peso final de um carro médio em
200 kg, “possibilitando economia de um litro de combustível a cada 200 km
rodados”. Tem a vantagem de emitir menos CO2 (na produção de aço e na queima
de combustível por quilômetro rodado). É capaz de conduzir corrente elétrica livre de
resistência em grandes densidades, o que favorece campos e forças magnéticas
que tornam possíveis as aplicações práticas em áreas distintas como a de transporte
e de diagnóstico médico. Além da resistência mecânica, o nióbio possui alto ponto
de fusão, ideal para ferramentas e equipamentos que trabalham em altas
temperaturas ou com processos de combustão.
O nióbio tem como propriedade a baixa aderência de nêutrons termais,
tornando-se, portanto, muito útil em indústrias nucleares. Em contrapartida, esse
elemento, em baixas temperaturas, torna-se um supercondutor elétrico, que pode
ser usado em equipamentos de diagnóstico por imagem, como ressonância
magnética. A resistência agregada pelo nióbio a ligas metálicas faz com que seja
uma excelente opção de matéria-prima na confecção de peças automotivas e
aeroespaciais. Além da resistência, o nióbio possui alto ponto de fusão, ideal para
ferramentas e equipamentos que trabalham em altas temperaturas ou com
processos de combustão.
Aços estruturais, a utilização de matéria mais leve permite redução de custo
na construção, por economia de tempo e de matéria prima na comparação com
edificações tradicionais à base de concreto e aços comuns. Ambientalmente é
positivo, pois menos aço utilizado resulta em menos CO 2 emitido. A adição de nióbio
reduz a porcentagem de carbono no aço melhorando sua capacidade de
soldabilidade; ganham os projetos de infraestrutura que fazem uso de arquitetura
funcional e artística, já que exigem maleabilidade, resistência e uso de solda.
Exemplo dessas estruturas são as torres eólicas e de transmissão, os trilhos e rodas
ferroviários, construção de navios e plataformas marítimas de petróleo, pontes,
edifícios, aeroportos; Indústria de dutos de transporte.
As características de soldabilidade, capacidade de conformação mecânica e
tenacidade permitem a fabricação de estruturas com paredes mais finas e diâmetros
maiores, sem perda de segurança, apropriadas para a construção de gasodutos e
oleodutos, de modo que mais petróleo e gás sejam transportados a um preço menor
por unidade de transporte.
Aços inoxidáveis, a aplicação de nióbio aos aços inoxidáveis torna-os
resistentes a altas temperaturas e, portanto, adequados para serem utilizados em
sistemas de exaustão de alta eficiência catalítica, que podem atingir 950°C.
Ambientalmente, representa redução de emissão de gases de efeito estufa por
veículos. A associação entre nióbio e aço inoxidável ferrítico também tem sido
empregada em aquecedores solares, placas e vigas para construção de tetos e
fachadas e encanamentos de água.

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