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1. SISTEMAS DE DRENAGEM URBANA

1.1 SISTEMA DE DRENAGEM URBANA

Em relação aos outros melhoramentos urbanos, o sistema de drenagem tem


uma particularidade: o escoamento de águas pluviais sempre ocorrerá,
independentemente de existir ou não sistema de drenagem adequado. A
qualidade desse sistema é que determinará se os benefícios ou prejuízos à
população serão maiores ou menores.

Os sistemas de drenagem são classificados de acordo com suas dimensões:

• microdrenagem (sistemas iniciais de drenagem)


• macrodrenagem

A microdrenagem inclui a coleta e afastamento das águas superficiais ou


subterrâneas através de pequenas e médias galerias.

A macrodrenagem inclui, além da microdrenagem, as galerias de grande


porte
( D > 1,5m ) e os corpos receptores tais como canais e rios canalizados.

Um adequado sistema de drenagem proporcionará uma série de benefícios,


tais como:
- desenvolvimento do sistema viário;
- redução de gastos com manutenção das vias públicas;
- valorização das propriedades existentes na área beneficiada;
- escoamento rápido das águas superficiais, facilitando o tráfego por
ocasião das precipitações;
- eliminação da presença de águas estagnadas e lamaçais;
- rebaixamento do lençol freático;
- recuperação de áreas alagadas ou alagáveis;
- segurança e conforto para a população habitante ou transeunte pela
área de projeto.
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1.2 PLANEJAMENTO DA DRENAGEM URBANA

Em um sentido amplo, planejamento é a atividade destinada a resolver os


problemas de uma comunidade, através de considerações ordenadas, que
envolvem desde uma concepção inicial até um programa de obras,
considerando um espaço determinado e fixado um período de tempo.

Um plano de drenagem urbana é de grande valia para a administração


pública, para os empresários e para a comunidade em geral. Ele possibilita a
todos o conhecimento das obras que serão executadas, dos respectivos
prazos, e portanto do potencial de uso do solo urbano, em suas várias
regiões.

Um PLANO DIRETOR DE DRENAGEM URBANA, não deve se basear


exclusivamente em projetos hidráulicos, mas também em critérios
ambientais, sociais e econômicos. Outros planos, como os relativos ao
zoneamento, ao sistema viário, às áreas verdes, etc., deverão ser coerentes
com o plano em tela.

Um PLANO DIRETOR, homogêneo traz melhores resultados do que projetos


de drenagem isolados, desenvolvidos sob critérios diferentes.

A obediência ao PLANO DIRETOR, principalmente no que se refere a


macrodrenagem é importante para a eficiência do sistema de drenagem.
Dessa forma, o PLANO DIRETOR deve ser desenvolvido com pormenores, a
nível de projeto de engenharia, possibilitando o seu pleno conhecimento
pelos administradores locais e regionais.

Mais importante que o detalhamento do PLANO DIRETOR é a sua própria


concepção. Nesta fase inicial são fixados os critérios básicos de projeto,
locados os canais e as estruturas hidráulicas estudadas as interferências
com outros melhoramentos públicos, estudados os usos de canais e
reservatórios para outras finalidades, etc.
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1.3 DEFINIÇÕES

BACIAS DE DRENAGEM
É a área contribuinte para a seção em estudo.

TEMPO DE CONCENTRAÇÃO
É o menor tempo necessário para que toda a bacia de drenagem possa
contribuir para a seção em estudo, durante uma precipitação torrencial.

TEMPO DE RECORRÊNCIA ou PERÍODO DE RETORNO


Intervalo de tempo onde determinada chuva de projeto é igualada ou
suplantada estatisticamente; também conhecido como período de
recorrência ou de retorno.

HIDRÓGRAFA ou HIDROGRAMA
É a curva VAZÃO x TEMPO.

HIETOGRAMA
É a curva PRECIPITAÇÃO x TEMPO.
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1.4 CHUVAS

CHUVA INTENSA
Precipitação com período de retorno de 100 anos.

CHUVA FREQUENTE
Precipitação com período de retorno de até 10 anos.

CHUVA TORRENCIAL
Precipitação uniforme sobre toda a bacia.

INTENSIDADE DE CHUVA
É a quantidade de chuva por unidade tempo para um período de recorrência
e duração previstos. Sua determinação, em geral, é feita através de análise
de curvas que relacionam intensidade/duração/freqüência, elaboradas a
partir de dados pluviográficos anotados ao longo de vários anos de
observações que antecedem ao período de determinação de cada chuva.
Para localidades onde ainda não foi definida ou estudada a relação citada, o
procedimento prático é adotar-se, com as devidas reservas, equações já
determinadas para regiões similares climatologicamente.

EQUAÇÕES DE CHUVA
São expressões empíricas das curvas intensidade/duração/freqüência,
apresentam-se normalmente nas seguintes formas:

a ×T n
i=
(t + b)r
onde:

i - intensidade média em milímetros por minutos ou milímetros por hora;


t - tempo de duração da chuva em minutos;
T - tempo de recorrência (período de retorno) em anos;
a, b, n e r - parâmetros definidos a partir das observações básicas para
elaboração da equação.
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Exemplos Brasileiros

a) Cidade do Rio de Janeiro (Engº Ulisses M. A. Alcântara)


i = 1239.T 0,15/(t+20) 0,74 , i - mm/h;

b) Curitiba (Prof. P. V. Parigot de Souza)


i = 99,154.T 0,217/(t+26) 1,15, i - mm/min;

c) João Pessoa (Engº J. A. Souza)


i = 369,409.T 0,15/(t+5) 0,568, i - mm/h

d) Campo Grande (Engº Ricardo Schettini Figueiredo)


i = 1.263,26.T0,160 / (t+11)0,803 , i – mm/h

e) Dourados (Engº Ricardo Schettini Figueiredo)


i = 1.020,22.T0,156 / (t+11)0,780, i – mm/h

PRECIPITAÇÃO EXCEDENTE (escoamento superficial direto)


É a parcela de precipitação total que escoa inicialmente pela superfície do
solo, concentrando-se em enxurradas e, posteriormente em cursos de água
maiores e mais bem definido.

Exemplo de Aplicação 1:
Utilizando a equação de chuva de Campo Grande, segundo Engº Ricardo Schettini
Figueiredo, determinar a INTENSIDADE em “mm/hora” e a PRECIPITAÇÃO em
“mm” para a Duração e Período de Retorno abaixo:

i = 1263,26 x T0,160
(t + 11)0,803

Sendo:
T → período de retorno (anos)
t → duração da chuva (minutos)
i → intensidade da chuva (mm/hora)
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INTENSIDADE (i) (mm/hora)


Duração da Período de Retorno (anos)
chuva (minutos) 2 10 25 50
10 122,44 158,70 183,40 204,92
15 103,14 133,43 151,50 177,62
20 89,56 115,85 134,15 140,88
25 79,42 102,74 118,97 132,92
30 71,55 92,56 107,18 119,74
60 (1 hora) 46,04 59,55 68,96 77,04
120 (2 horas) 28,15 36,41 42,17 47,11
360 (6 horas) 12,20 15,78 18,28 20,42
480 (8 horas) 9,74 12,60 14,59 16,31
600 (10 horas) 8,17 10,57 12,25 13,68
720 (12 horas) 7,08 9,15 10,00 11,84
1080 (18 horas) 5,13 6,63 7,67 8,58
1440 (24 horas) 4,08 5,28 6,11 6,83

PRECIPITAÇÃO (H) (mm)


Duração da Período de Retorno (anos)
chuva (minutos) 2 10 25 50
10 20,41 26,91 31,18 34,15
15 25,79 33,35 38,62 43,16
20 29,55 38,23 44,27 44,96
25 33,36 43,15 49,98 55,02
30 35,77 46,28 53,51 59,87
60 (1 hora) 46,04 59,55 68,96 77,04
120 (2 horas) 56,30 72,82 84,34 94,22
360 (6 horas) 73,22 94,68 109,68 122,52
480 (8 horas) 77,92 100,80 116,72 130,48
600 (10 horas) 81,70 105,70 112,50 136,80
720 (12 horas) 84,96 109,80 127,20 142,08
1080 (18 horas) 92,34 118,34 138,06 154,94
1440 (24 horas) 97,92 126,72 146,64 163,92

Exemplo de Aplicação 2:
Se na bacia do Rio Chapéu ocorreu uma precipitação constante de 13 mm/hora,
durante 10 minutos e a área da bacia é de 37 km². Qual o volume da água que
caiu?

Exemplo de Aplicação 3:
Houve uma precipitação de 1,0 mm/minuto, calcular qual a vazão que precipitou
em litros/seg. x ha.
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1.5 ELEMENTOS CONSTITUINTES DE UM ADEQUADO SISTEMA PLUVIAL


URBANO.

A – ÁREA DE OCUPAÇÃO URBANA


Ao se projetar a ocupação urbana de uma área, deve-se levar em conta:

1. A TOPOGRAFIA DA ÁREA:
Áreas com trechos em declividade superior a 30% devem ser deixadas
como área livre, com vegetação protetora, ou então elaborar um projeto
especial.

2. A GEOLOGIA DA ÁREA:
Orientação das obras, diminuindo as erosões e dará critérios para os
cortes e aterros.

3. O TRAÇADO DAS RUAS


Definirá as larguras das ruas, suas declividades longitudinais e
transversais, as características dos lotes e a utilização ou não dos fundos
de vale.

m/m ou % m/km α Cos α Exemplos de calhas e declividades


tg α
0,00001 0,001 0,01 0,0007 0,99999
0,00002 0,002 0,02 0,00113 0,99999 Trecho inferior do Rio Amazonas
0,0001 0,01 0,1 0,0057 0,99999 Trecho inferior do Rio Tietê (Promissão – Rio Paraná)
0,001 0,1 1 0,0572 0,99999 Trecho médio do Rio Tietê entre Pirapora e Salto
0,01 1 10 0,572 0,99995 Trecho médio do Rio Pardo (São Paulo)
0,015 1,5 15 0,859 0,99989 Córrego típico na área urbana da cidade de São Paulo
0,10 10 100 5,710 0,99503 A partir deste declividade, os escoamentos estarão em
sua maior parte, em regime torrencial
0,20 20 200 11,30 0,98610 Declividade máxima aceitável em ruas.
0,40 40 400 21,80 0,92847 A partir desta declividade, as fórmulas de hidráulica de
canais perdem totalmente a confiança.
1,0 100 1000 45 0,70710 Rampas e vertedores.
Obs.
1 – Normalmente as fórmulas de hidráulica usadas na prática foram desenvolvidas para canais de
pequena declividade, onde pode-se admitir cos α ≈ 1.
2 – Notar como o cosseno de α demora para sair da faixa de valores próximos a 1.
3 – Ângulo medido em graus.
α

B – LIBERAÇÃO DE FUNDOS DE VALE.


No período chuvoso, a água, ao escoar, vai descendo dos pontos mais
altos para os baixos, até encontrar os vales.

Nesses vales, essas águas podem encontrar um curso de água


permanente (córrego, riacho, rio, lago) ou podem encontrar um fundo de
vale seco.
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Ao se projetar uma cidade, deve-se dar liberdade ao escoamento
superficial, ou seja, as águas de chuva devem poder escoar sem encontrar
obstáculos ao longo dos fundos de vale.

C – A CALHA VIÁRIA DAS RUAS

Pela importância das ruas no escoamento das águas pluviais,


transcrevemos a adotada em Campo Grande:

LARGURA LARGURA DO PISTA COM DECLIVIDADE


DA CAIXA PASSEIO SARJETAS TRANSVERSAL
TIPO DE FUNÇÃO PREDOMINANTE TRÁFEGO
VIA PREVISTO (m) (m) (m) (%)

12,00 2,20 7,60 3,0

14,00 3,20 7,60 3,0


V-6 Local - via de articulação com Muito leve
Coletoras
15,00 3,70 7,60 3,0

18,00 5,20 7,60 3,0

V-5 Coletora - via alimentadora das Leve 18,00 3,20 11,60 3,0
Arteriais e Principais
V-4 Principal II - via de continuidade Médio 22,00 -- -- --
da Principal I. Ligação entre
regiões
V-3 Principal I - via de continuidade Médio 25,00 -- -- --
da Arterial pesado
V-2 Arterial - via de penetração Pesado 50,00 -- -- --

V-1 Perimetral - rodovia de circulação Muito 50,00 -- -- --


à área urbana pesado

2,20 .30 7,00 .30 2,20

3% 3%

SEÇÃO TRANSVERSAL
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1.6 ESTUDOS HIDROLÓGICOS

Nos estudos hidrológicos voltados à drenagem urbana, principalmente em


virtude da carência de dados pluviométricos que poderiam subsidiar
análises estatísticas de cheias, normalmente são adotados modelos
matemáticos do tipo CHUVA x VAZÃO para a definição dos hidrogramas de
projeto.

Os dados necessários à elaboração desses estudos compreendem


fundamentalmente:
• as características hidráulicas e geomorfológicas da bacia;
• suas condições de impermeabilização;
• tempos de concentração e
• as precipitações de projeto.

Com relação aos dados pluviométricos, estão disponíveis para as principais


cidades do país as relações I-D-F (intensidade x duração x freqüência).
Entretanto, na desagregação dessas precipitações para a determinação dos
hietogramas reside o grande problema, visto que para cada distribuição
temporal das chuvas tem-se hidrogramas diferentes.

CHUVAS DE PROJETO
(precipitação crítica)

PICO DOS DEFLUVIOS VAZÃO DE PROJETO


P/ CANALIZAÇÕES

RISCO HIDROLÓGICO

Outras precipitações que levem a picos de vazão menores, serão sempre


conduzidas com segurança pelo sistema de canalização existentes ou
projetado.
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A – CHUVAS DE PROJETO (precipitação crítica)

A determinação da intensidade média da precipitação, em muitos casos é


suficiente para o dimensionamento de galerias e canais.

As obras de reservação e mesmo as de canalizações necessitam ser


projetados em muitos casos sem se dispor de informações completas sobre
a distribuição da precipitação no tempo e a sua variação espacial.

A.1 Curvas I–D–F


As curvas I–D–F são construídas a partir de registros históricos de altura de
precipitação versus duração, esses valores são tabulados e processados
estatisticamente.

A.2 Tormentas Padronizadas


A inexistência de dados locais impõe que as tormentas padronizadas sejam
amplamente utilizadas na Europa, nos EUA e no Brasil. Os métodos mais
usados para a desagregação de tormentas e a composição da CHUVA DE
PROJETO são:

- BLOCO DE TORMENTA
Um bloco de tormenta tem uma intensidade constante durante todo o
evento, obtida a partir das curvas I–D–F.

- MÉTODO DE SIFALDA (1973)


Modificação do método do Bloco de Tormenta, incluindo um padrão de
hietograma trapezoidal antes e depois do bloco relativo ao período mais
intenso. Normalmente este método superestima os volumes de
escoamento.

- MÉTODO DE CHICAGO (Keifer e Chu – 1957)


Esse método pressupõe que a relação I–D–F para um determinado local
seja calculada expressões antes e depois respectivamente do instante
da intensidade máxima

- MÉTODO DOS BLOCOS ALTERNADOS


Uma chuva de projeto sintética pode ser construída com base nas
curvas I–D–F para cada duração parcial. A colocação dos blocos no
hietograma é arbitraria e pode conduzir a diversas configurações,
existem regras empíricas que devem conduzir a picos mais elevados.
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- MÉTODO DE YEN e CHOW (1983)


Hietograma triangular, cuja intensidade de pico é definida por:

ip = 2p / td

Sendo: ip intensidade de pico (mm/minuto)


2p precipitação total (mm)
td tempo de duração (minuto)

i
(mm/minuto)

Ip = 2p/td

td Duração da chuva
0,375 td (minuto)

- MÉTODO DE HUFF (1967)


Desenvolveu quatro distribuições temporais para chuvas intensas com
durações superiores a 3 horas. Para cada um desse grupos,
denominados quartis, 1º ao 4º foram desenvolvidos os padrões médios
de distribuição temporal.

Duração da Quartil
Chuva
td < 12 h 1º , 2º
12 h < td < 24 h 3º
td > 24 h 4º
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B – PICO DOS DEFLUVIOS


• Chuva excedente
• Tempos de Concentração
• Hidrogramas Unitários

B.1 CHUVA EXCEDENTE


É a denominação dada à parcela da chuva que escoará superficialmente pela
bacia hidrográfica.
Existem 4 conceitos:
• Razão de infiltração variável e específica do local;
• Razão constante de infiltração;
• Balanço de massa;
• Número da curva (CN – SCS).

- RAZÃO DE INFILTRAÇÃO VARIÁVEL E ESPECÍFICA DO LOCAL


Esse conceito assume que a parcela de infiltração é geralmente maior
no início e decai ao longo da precipitação, até atingir um patamar
constante. A relação proposta por HORTON (1939) é:

f(t) = fc + (f0 – fc). e-kt

Sendo: f(t) infiltração (cm/hora) no tempo “t”


fc infiltração final ou constante (cm/hora)
f0 infiltração inicial (cm/hora)
k constante de decaimento de infiltração (hora-1)
t tempo (hora)

Todos esses parâmetros são dependentes de vários fatores que


controlam o processo de infiltração. Combinados, esses fatores podem
afetar significativamente o valor da razão de infiltração. Para maior
confiabilidade, recomenda-se a realização de ensaios de infiltração em
campo.

- RAZÃO CONSTANTE DE INFILTRAÇÃO


Assume que a intensidade da infiltração é constante:

Ф = (P – R) / D

Sendo: Ф índice (mm/hora)


P volume precipitado (mm)
R volume excedente (mm)
D duração da chuva (hora)
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- BALANÇO DE MASSA
È utilizado visando equalizar a intensidade da precipitação à
intensidade do deflúvio. Para uma bacia totalmente impermeabilizada, o
volume precipitado é igual ao volume de deflúvio. Segundo Kuichling
(1889). (FÓRMULA RACIONAL):

Q = Ad . C
I 3,6

Ou

Q = 0,278 . C . I . Ad

Sendo: Q deflúvio (m³/seg)


I precipitação (mm/hora)
Ad área de drenagem (km²)
C fração de área impermeável

Segundo MAYS (2001) os valores característicos do coeficiente “C”


são:
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De acordo com o quadro, o coeficiente “C” deve ser modificado,


conforme a recorrência adotada para a chuva de projeto, em função das
diferentes perdas relativas, por causa da abstração inicial em cada
caso.

- NÚMERO DE CURVA (CN – SCS)


O método do SCS (Soil Conservation Service) – 1986, do US
Departmente of Agriculture utiliza parâmetros de classificação
hidrológica e de cobertura dos solos. Por meio de análise de mais 3.000
tipos de solos e coberturas de vegetação e plantações, foi estbelecida a
relação empírica:

Sd = 25400 – 254 . CN
CN

Sendo: Sd armazenamento máximo (mm)


CN número de curva (≤ 100)
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Tendo em vista que em geral as bacias urbanas são compostas por


diversas sub bacias de características hidrológicas diferentes, realiza-
se usualmente uma média ponderada dos valores de “CN” com relação
às respectivas áreas, para a obtenção do valor médio.
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B.2 TEMPOS DE CONCENTRAÇÃO

O tempo de concentração para uma dada bacia hidrográfica é definida como


o tempo de percurso da água desde o ponto mais afastado da bacia até a
seção de interesse, a partir do instante de início de precipitação.

A maioria dos métodos de cálculo existentes foi desenvolvida a partir de


observações e medições experimentais em bacias rurais. Daí a necessidade
de ser criterioso para a determinação do tempo de concentração em bacias
urbanas.

Existem vários métodos (com fórmulas empíricas) para determinar o valor de


tempo de concentração (tc):

- MÉTODO DA VELOCIDADE ou MÉTODO CINEMÁTICO.


È a soma dos tempos de escoamento superficiais por valas de terra,
valas de grama, canaletas, galerias, canais, etc.:

tc = ts + tn + tq

Sendo: tc tempo de concentração (hora)


ts tempo de escoamento em superfície (hora)
tn tempo de escoamento em canais rasos (hora)
tq tempo de escoamento em canais ou galerias (hora)

- MÉTODO USANDO S.C.S (Soil Conservation Service) – 1975


Função de um coeficiente “k” e da declividade.

- FÓRMULAS DE KIRPICH - 1940


Fórmulas feitas em 1940, uma para o Estado da Pennsylvania, e outra
para o Tennesse, ambos nos Estados Unidos e valem para bacias de
até 50 ha (0,50 km2).

- FÓRMULA CALIFÓRNIA CULVERTS PRACTICE


Função do comprimento do talvegue e da diferença de nível

- FÓRMULA S.C.S Lag - 1975


Equação muito usada em áreas rurais menores que 8 km2.

- FÓRMULA DA FEDERAL AVIATION AGENCY / F.A.A - 1970


Fórmula desenvolvida para uso de drenagem em campos de aviação
nos Estados Unidos, é valida para pequenas bacias onde predomina o
escoamento superficial sobre o solo (sem canalizações).
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- EQUAÇÃO DE KERBY – 1959


Para bacias muito pequenas (menor que 4 ha), quando predomina o
escoamento superficial e declividade menor que 1%.

- MÉTODO DE DENVER Versão 1982


Previsto nas Diretrizes Básicas para projetos de drenagem urbana no
Município de São Paulo (Fundação Tecnológica de Hidráulica de São
Paulo - FCTH). As pesquisas originais de Denver mostram que foram
estudadas áreas de 0,6 km2 a 187 km2.

O tempo de retardamento do HIDROGRAMA UNITÁRIO medido no


centro da chuva unitária até o pico do hidrograma em horas (tp) é:

0,48
tp = 0,637 x Ct x L x Lcg
S 0,5

Sendo:
tp → tempo de retardamento em horas;
Ct → coeficiente relacionado com a impermeabilidade
da bacia, conforme tabela;
L → comprimento do talvegue, das nascentes à seção
de controle em km;
Lcg → comprimento do centro de gravidade da bacia até
a seção de controle em km;
S → declividade em m/m:
4,17
S= ( L1 x S10,24+ L2 x S20,24 + .... )
(L1 + L2 + ..... )
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Tabela Ct:

Tomaz, Plínio, 2002

t c = tp
0,60

tc → tempo de concentração

B.3 – HIDROGRAMA UNITÁRIO (HU):

Com relação aos dados pluviométricos, como foi visto, estão disponíveis
para as principais cidades do País as relações I-D-F (intensidade x duração x
freqüência). Entretanto, na desagregação dessas precipitações para a
determinação dos hietogramas reside o grande problema, visto que para
cada distribuição temporal das chuvas tem-se hidrogramas diferentes.

Hidrograma Unitário (HU) é usado para converter um hietograma de chuva


excedente em um hidrograma de projeto.
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Hipóteses de Bacia Ideal:

1ª hipótese:

Chuvas efetivas de intensidade constante e mesmas durações

GERAM

Hidrogramas com tempos de pico e durações iguais

2ª hipótese:

Os deflúvios gerados estarão na mesma proporção das chuvas efetivas,


desde que tenham a mesma duração.

Cada bacia é caracterizada por vários HU, cada um para cada duração
considerada.

Devido a pouca disponibilidade de dados hidrológicos (variação temporal da


intensidade das chuvas), que permitam estabelecer a relação CHUVA x
VAZÃO, das bacias hidrográficas urbanas que possibilitariam a composição
de HU baseado em observações de campo, é necessária a utilização de
HIDROGRAMAS UNITÁRIOS SINTÉTICOS (HUS).

Existem diversos processos para a obtenção de HUS, entre eles:


• MÉTODO RACIONAL;
• MÉTODO SCS (1986) – Soil Conservation Service;
• MÉTODO I-PAI-WU;
• MÉTODO SBUH (1975) – Santa Bárbara Urban Hydrograph;
• MÉTODO DA CONVOLUÇÃO CONTÍNUA;
• MÉTODO CUHP (1999) – Colorado Urban Hydrograph Procedure;
• MÉTODO DE VEM TE CHOW.
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Hidrograma simplificado baseado no Método Racional

Hidrograma adimensional do SCS – curvilíneo e triangular


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C – PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA / RISCO HIDROLÓGICO ASSUMIDO

PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA:

P= 1
T
Sendo: T → Período de retorno (anos);
P → Probabilidade de ocorrência

A probabilidade de ocorrer, em um ano, uma chuva de período de retorno de


100 anos é de 1% (0,01) e a probabilidade de NÃO ocorrer é de 99% (0,99).

RISCO HIDROLÓGICO:

R = 100 x [1 – (1 – 1/T)n]

Sendo: T → Período de Retorno (anos);


N → anos de utilização ou de vida útil;
R → Risco (0 a 100%).

Risco é a probabilidade de uma determinada obra vir a falhar, pelo menos


uma vez, durante sua vida útil.

Exemplos de Aplicação:

4 – Uma obra com duração de 50 anos e período de retorno de 100 anos.


Qual o risco de a mesma vir a falhar pelo menos uma vez, durante sua
vida útil?
Resp: 39%

5 – Qual é o risco de ocorrer uma chuva superior à critica, nos próximos 5


anos, sendo que foi considerado o período de retorno de 2 anos?
Resp: 97%

6 – Qual o risco de ocorrer uma chuva superior à critica em um ano, com


período de retorno adotado de 25 anos?
Resp: 4%
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7 – Qual o período de retorno para um risco de 50% em 5 anos?


Resp: ≈ 8 anos

8 – Qual o risco que a canalização do Rio Tamanduateí, em São Paulo,


falhe uma ou mais vezes, considerando que o projeto foi efetuado para um
período de retorno de 500 anos e a vida útil da obra é de 50 anos?
Resp: 9,5%

“Um grande problema que ocorre em áreas urbanizadas e inteiramente


consolidadas como algumas áreas da Região Metropolitana de São Paulo –
RMSP é a escolha do PERÍODO DE RETORNO de 100 anos, cujas obras são
praticamente impossíveis de serem realizadas devido a espaço físico e
custos. Não podemos fugir desta realidade, motivo pelo qual adota-se
período de retorno T = 25 anos como prática geral. Também não devemos
esquecer a prática corrente na RMSP de que a execução de obras para T = 10
anos em muito diminuirá as enchentes e já seria bom se tivéssemos todas as
obras para esse período de retorno.” (Tomaz, Plínio. 2002)

Resumo dos Livros:

PORTO, Rubem La Laina; BARROS, Mario T. de; TUCCI, Carlos E. M. Drenagem Urbana. 1ª Ed. Faurgs, 1995.

FENDRICH, Roberto. Drenagem e Controle da Erosão Urbana. 4ª Ed. Curitiba: Champagnat, 1997.

BOTELHO, Manoel Henrique Campos. Águas de chuva: engenharia das águas pluviais nas cidades. 2ª Ed. São
Paulo: Edgard Blücher, 2001.

TUCCI, Carlos E. M.; MARQUES, David da Motta (Org.). Avaliação e controle da drenagem urbana. Porto Alegre:
ABRH, 2001.

TOMAZ, Plínio. Cálculos hidrológicos e hidráulicos para obras municipais. São Paulo: Navegar, 2002.

CANHOLI, Aluísio Pardo. Drenagem urbana e controle de enchentes. 1ª Ed. São Paulo: Oficina de Textos. 2005.

TOMAZ, Plínio. Poluição difusa. 1ª ed. São Paulo: Editora Hermano & Bugelli Ltda. 2006.

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