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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO

DE UMA DAS VARAS CÍVEIS DA COMARCA DE SALVADOR/BA

JORGE, brasileiro, professor de ensino fundamental, portador do RG


n° xx.xxx.xxx-xx SSP/BA e inscrito no CPF/MF sob o n° xxx.xxx.xx-xx, residente e
domiciliado na rua xxxxx, nº xx, Salvador, Bahia, vem, respeitosamente perante Vossa
Excelência, por meio dos seus advogados subscrito, constante no instrumento procuratório em
anexo, com endereço eletrônico: edi.adv@gmail.com, e endereço profissional à Av. Antônio
Carlos Magalhaes, 2573, Edifício Royal Trade, 14.º andar, CEP:40.280-000, Salvador, Bahia,
propor a presente

AÇÃO DE DESPEJO COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE

Em face de MIRANDA, residente e domiciliada na na Rua X, nº xxx,


nesta Capital – CEP nº xx.xx-xx, possuidora do CPF/MF nº. xxx.xxx.xxx-xx, endereço
eletrônico desconhecido, pelas razões de fato e de direito que a passa a expor:
I – DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Preliminarmente, cumpre requerer a V. Exª. que seja deferido os


benefícios da Gratuidade de Justiça, invocando para tanto a lei 1060/50, e alterações
introduzidas pela Lei 7.510/86, por não ter a parte autora condições de arcar com as custas
processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo do próprio sustento e de sua família,
mesmo porque o Requerente mantém o sustento familiar apenas com o salário de professor de
ensino fundamental.

Ademais, o Autor necessita do benefício referente à isenção de custas


e despesas processuais, especialmente para o conhecimento do seu pleito, pois não dispõe de
recursos econômicos para custear as despesas desta ação, razão, que a prática ilícita da Ré,
gerou grande prejuízo financeiro a parte Autora, ocasionando um enorme dano ao Requerente,
motivo pelo qual justifica-se a presente demanda.

Diante do exposto, e considerando o direito constitucional de acesso à


Justiça, requer a parte Autora que sejam deferidos os benefícios da assistência judiciária
gratuita, nos termos dos artigos 98 e 99 do CPC, e art. 5.º, inciso LXXIV, da Constituição
Federal de 1988.

II- DA NECESSIDADE DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO

Manifesta o promovente seu interesse pela realização da audiência de


conciliação (CPC, art. 319, inc. VII). Buscando com a composição a resolução do conflito
entre as partes por meio do diálogo e de forma célere. Solicita-se à Vossa Excelência que seja
designada data para realização de audiência de conciliação. (CPC, art. 334, caput c/c § 5º)

III – DOS FATOS

Após anos poupando dinheiro para realizar a compra da casa própria,


o Autor adquiriu imóvel a vista na cidade de Salvador/Ba. Relata que procurou Max, antigo
proprietário, para visitar a propriedade, antes da concretização da venda, uma vez que,
necessitava certificar-se da segurança da transação.

Ocorre, Excelência, que no momento da visita foi afirmado pelo


antigo proprietário que o contrato de locação firmado com a Ré não possuía cláusula de
vigência do contrato em caso de alienação, bem como foi dado o direito de preferência à
locatária, mediante notificação extrajudicial, certificada a entrega a inquilina (doc.anexo).

Dessa maneira, com o imóvel apropriadamente registrado, o Autor


deu ciência a locatária da vontade reaver o apartamento, dentro do prazo supracitado
(doc.anexo), entretanto, a Ré recusou-se a retirar-se do imóvel argumentando não ter nenhum
vínculo contratual com o Autor, como também, alegou dever “satisfação” apenas ao antigo
proprietário.

Em virtude da necessidade de tomar posse do próprio imóvel e


resolver amigavelmente a dificuldade imposta pela Ré, a Autora entrou em contato com o
antigo proprietário, mas não logrou êxito.

Frisa-se, a parte Ré foi devidamente notificada de toda transação da


compra e venda do imóvel.

À vista disso, mesmo a parte Autora cumprindo com todos os


requisitos previstos na lei do Inquilinato e respeitando a Ré, teve, injustamente, o Direito
interrompido.

Posto isto, diante da conduta fragrantemente ilegal, e por todos os


prejuízos, constrangimento e frustração a que foi submetido, não restou alternativa à
Requerente, senão, acionar o Poder Judiciário para pleitear por seu direito, vez que a
Requerida, diante de todas as provas, vem agindo de maneira arbitrária e abusiva.

IV - DO DIREITO

A Requerente, conforme visto ut supra, adotou uma conduta


parcimoniosa e amigável com a Acionada. Todavia, a arbitrariedade, qual seja, a recusa em
retirar-se do imovel, só veio a lhe acarretar prejuízos e frustrações. Diante disso, não
encontrou outra forma a não ser ajuizar a presente ação para ter seus direitos garantidos.

Antes de qualquer argumentação concreta, elucida o art. 5º da Lei


8.245/91:

Seja qual for o fundamento do término da locação, a ação do locador para


reaver o imóvel é a de despejo

Nesse sentido, decidiu o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo:


“O adquirente pode propor ação de despejo, pois a alienação do
imóvel locado opera a transferência ao adquirente da posição
contratual de locador, por sub-rogação legal”. (TJSP, 30ª Câmara de
Direito Privado, Apelação nº 0144457-73.2010.8.26.0100)

Dessa forma, resta patente que a Acionante é proprietária legal, e a


Acionada deve deixar o imóvel. E como tal, estas respondem objetivamente pelos transtornos
causados. Assim ensina o art. 8º da Lei 8.245/91. Vejamos:

Art. 8º Se o imóvel for alienado durante a locação, o adquirente


poderá denunciar o contrato, com o prazo de noventa dias para a
desocupação, salvo se a locação for por tempo determinado e o
contrato contiver cláusula de vigência em caso de alienação e estiver
averbado junto à matrícula do imóvel.

§ 1º Idêntico direito terá o promissário comprador e o promissário


cessionário, em caráter irrevogável, com imissão na posse do imóvel e
título registrado junto à matrícula do mesmo.

§ 2º A denúncia deverá ser exercitada no prazo de noventa dias


contados do registro da venda ou do compromisso, presumindo - se,
após esse prazo, a concordância na manutenção da locação.

Código Civil Art 576 § 2º, declara quanto ao prazo para o locatário ja
ter sido esgotado em volta a desocupação, desse modo se voltaria com
requerimento a própria devolução do imóvel, assim descrito:

Art. 576º Se a coisa for alienada durante a locação, o adquirente não


ficará obrigado a respeitar o contrato, se nele não for consignada a
cláusula da sua vigência no caso de alienação, e não constar de
registro.

§ 2º Em se tratando de imóvel, e ainda no caso em que o locador não


esteja obrigado a respeitar o contrato, não poderá ele despedir o
locatário, senão observado o prazo de noventa dias após a notificação.

Neste sentido, elucida a professora Maria Helena Diniz:

" O dispositivo sub exame refere–se a hipótese de transferência da


posição jurídica do titular do domínio relativamente ao prédio locado,
mediante alienação. Por alienação não se deve entender apenas a
venda, mas também permuta, a doação, a execução forçada, o
estabelecimento de usufruto etc. E o novo adquirente do imóvel
locado será aquele que vier a substituir ao locador, por ato inter vivos,
no seu direito de propriedade, constituindo-se, portanto, um terceiro,
alheio à relação jurídica ‘ex locato’ (‘res inter alios acta, aliis neque
nocet neque prodest’); nada tem que ver com o inquilino, nem mesmo
respondendo pelas benfeitorias do locatário (STF, súmula 158); por
conseguinte, não terá dever algum de respeitar o contrato locatício
efetivado para fins residenciais ou não, em que não foi parte, podendo
denunciá-lo, dando prazo de 90 dias para a evacuação, sem qualquer
justificação (denúncia vazia) "

Dessa forma, de acordo com a existência de relação jurídica material


entre os litigantes devido a sub-rogação da parte Autora nos direitos de propriedade, assim
como no preceito legal disposto no art. 8º da Lei n. 8.245/91, que torna possível a alienação
de imóvel no decorrer do prazo da locação, concedendo o prazo de 90 dias para a
desocupação do imóvel pelo locatário, após a denunciação do contrato.

V - DA TUTELA DE URGÊNCIA

Nos termos do Art. 300 do CPC/15, "a tutela de urgência será


concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo."

A fumaça do bom direito reside nos argumentos fáticos e jurídicos


expostos acima, onde resta demonstrado que a parte Autora comprova relação jurídica
material com a parte Ré, bem como comprova o direito em reaver o imóvel, mesmo durante a
locação, uma vez que, não é preenchido os requisitos, previstos no artigo 8º da lei 8.245/91.

O “periculum in mora”, por sua vez, afigura-se indiscutível, uma vez


que, na inacreditável hipótese de indeferimento da liminar, a natural demora do processo
poderá causar ainda mais transtornos ou dificultosa reparação à parte Autora, considerando-se
a necessidade de moradia.
Ademais, a parte Ré age notoriamente com verossimilhança, ou seja,
tenta simular a realidade dos fatos, mesmo notificada integralmente pelo antigo proprietário.

Diante de tais circunstâncias, é inegável a existência de fundado receio


de dano irreparável, sendo imprescindível a tutela de urgência, nos termos do Art. 300 do
CPC.

VI – DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer à Vossa Excelência:

a) Requer a citação da Acionada, no endereço constante na


preambular, para contestar o feito, sob pena de revelia;

b) Que seja deferida o pedido de gratuidade de justiça, tendo em vista


a parte Autora não ter condições de arcar com as custas processuais,
caso precise recorrer;

c) Que seja concedida a antecipação de tutela para despejo da parte ré


e confirmada ao fim por sentença;

e) Que seja o réu condenado a custas e honorários advocatícios


conforme art. 20, III CPC

Protesta e requer provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidos, em especial juntada de novos documentos, inclusive como contraprova,
testemunhal, pericial, e demais que se fizerem necessárias ao deslinde do feito.

Dá-se à causa o valor de R$

Nesses termos,

Pede deferimento.

Salvador, 14 de setembro de 2020

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