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DOSSIÊ DE TOMBAMENTO
CONJUNTO PAISAGÍSTICO E
ARQUEOLÓGICO
MORROS
SANTANA E SANTO ANTÔNIO
ABRIL . 2008
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
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ABR
2008
APRESENTAÇÃO
Esta foi uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Mariana com a participação da equipe técnica
especializada do Grupo Memória Arquitetura, auxílio da Secretaria Municipal de Cultura e apoio do
Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Mariana.
Cópias deste estudo encontram-se disponíveis na Prefeitura Municipal de Mariana e no IEPHA/MG, uma
vez que tal trabalho também faz parte do conjunto de ações que garante os incentivos do ICMS Cultural
conforme a Lei 13.803/2000.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO E METODOLOGIA 6
2 HISTÓRICO DO MUNICÍPIO 13
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LEGENDA VILA
GOGÔ
Perímetro Urbano
Zona de Proteção Cultural
Área de proteção cultural intensiva
MORRO DE
Área de valorização cultural-ambiental
SANTANA
Área de recuperação urbanística
Rio
LEGENDA
arquitetura).
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Trata-se de um conjunto muito expressivo do ponto de vista patrimonial e histórico, munido de
estruturas, sobretudo em alvenaria de pedra relacionadas à história da exploração mineral ao longo dos
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séculos XVIII, XIX e XX. Apesar da proximidade de áreas urbanas, apresenta, ainda, edificações e
estruturas em bom estado de conservação.
Seria oportuna, em consonância com o tombamento deste conjunto histórico, a criação de um centro de
referência da cultura e da história do Gogô e do Morro de Santo Antônio, onde este acervo, já coletado,
pudesse ser objeto de um projeto museológico e museográfico. Programas de educação patrimonial
devem também ser previstos, principalmente junto à rede escolar pública, esclarecendo a importância de
ser conservar as ruínas e estruturas remanescentes e de seus objetos componentes in situ.
Lamentavelmente, o mesmo não foi observado no Morro de Santo Antônio. No entanto, o abandono e o
“esquecimento” por parte dos moradores mais próximos, pode ter propiciado a parcial conservação de
algumas edificações e estruturas. Somente o conjunto composto por “Cemitério dos Ingleses”, “Capela
dos Ingleses” e “Usina de Cloretação”, situado no entorno dos perímetros de tombamento, apresenta
sinais mais recentes de depredação.
Cada conjunto identificado foi numerado, e suas estruturas componentes descritas em quadro com as
respectivas fotos (veja no Capítulo 4: Descrição e Análise do Bem Cultural). Obviamente, não seria
possível plotar com GPS, por exemplo, todos os buracos de sarilhos ou estruturas móveis como
brunidores, mesmo porque isto demandaria uma limpeza quase que total de todo o sítio histórico, tendo
em vista que muitas estruturas de baixa visibilidade se encontram esmaecidas pela vegetação rasteira ou
setores de ocorrência, baseando-se sobretudo em critérios espaciais, tendo em vista que as mesmas,
apresentam estruturas comuns, com exceção da zona C.
E
D
C
A
estruturas por zonas ou áreas e avaliação prévia do estado de conservação das mesmas, foi possível
estabelecer uma tipologia geral das estruturas, distribuindo-as por sua vez, em planta de situação, por
meio de uma legenda de cores e formas com o objetivo de representar graficamente neste Dossiê a
grande variedade, potencialidade e complexidade das estruturas arqueológicas contidas nos perímetros
de tombamento e entorno. Bom lembrar, que algumas estruturas encontram-se em condições de baixa
visibilidade por apresentarem, de fato, pequenas dimensões ou por já estarem em avançado estado de
degradação, podendo assim não ter sido identificadas nesta fase, apesar dos esforços da equipe em
rastrear toda a área.
IGREJA DE
SANTANA
LEGENDA
PILÃO
CONJUNTO DE RUÍNAS / SARILHOS
MUNDÉU
SARILHO
LAGOA
FUNDIÇÃO
REGO / CANAL
MONTES DE ENTULHO E MINÉRIO
BRUNIDOR
LAVRA
GALERIA
RUA / ESTRADA / CAMINHO
VALA
CEMITÉRIO
IGREJA / CASA PAROQUIAL
UNIDADE RESIDENCIAL COM REBOCO
CURRAL
BANCADAS PARA HORTA
MURO DE ARRIMO
MONJOLO / ENGENHO
UNIDADE RESIDENCIAL
PAIOL
HOSPITAL
RUÍNA
CANOAS
MINA DE ARSÊNICO (CHAMINÉ, SALAS, FORNO E CAIXA D'ÁGUA) Localização das estruturas mapeadas no Sítio Arqueológico do
BARRAGEM
Morro de Santana (Gogô). Mariana/MG.
BUEIRO
PERÍMETRO DE TOMBAMENTO
Mapa esquemático, sem escala.
PERÍMETRO DE ENTORNO Elaboração (Fev/2007): Vantuir Rodrigues dos Santos (Topógrafo).
LEGENDA
PILÃO
CONJUNTO DE RUÍNAS / SARILHOS
MUNDÉU
SARILHO
LAGOA
FUNDIÇÃO
REGO / CANAL
MONTES DE ENTULHO E MINÉRIO
BRUNIDOR
LAVRA
GALERIA
RUA / ESTRADA / CAMINHO
IGREJA DE
VALA SANTO
ANTÔNIO
CEMITÉRIO
IGREJA / CASA PAROQUIAL
UNIDADE RESIDENCIAL COM REBOCO
CURRAL
BANCADAS PARA HORTA
MURO DE ARRIMO
MONJOLO / ENGENHO
UNIDADE RESIDENCIAL
PAIOL
HOSPITAL
RUÍNA
CANOAS
MINA DE ARSÊNICO (CHAMINÉ, SALAS, FORNO E CAIXA D'ÁGUA)
BARRAGEM
BUEIRO
PERÍMETRO DE TOMBAMENTO
PERÍMETRO DE ENTORNO
CAPELA E
CEMITÉRIO
DOS INGLESES
Em seguida, foi possível estabelecer quais eram as melhores amostras de cada tipo estabelecido,
focalizando e registrando-as como modelos neste estudo. Os critérios para definição das amostras-tipo
foram: estado de conservação, morfologia, tecnologia de fabricação ou peculiaridades, de modo geral.
Houve casos também de existir uma única amostra do tipo, desta forma, esta seria conseqüentemente o
seu único modelo. Dentro de alguns tipos, foi também possível estabelecer, uma variedade interna ou
sub-tipos. Foi o que aconteceu com os mundéus – identificados em formato retangular, ovóides e semi-
circulares, aproveitando, neste último caso, a curvatura do terreno ou ravinas.
O Pluto Brasiliensis (1979) de Wilhelm Ludwig Eschwege, também colaborou imensamente nas questões
concernentes à explotação mineral, tendo sido o autor, um grande conhecedor destes processos e o
responsável pela modernização da mineração de ouro no Brasil. Engenheiro, mineralogista e militar
alemão nascido em Eschwege, Wilhelm desempenhou importante papel no desenvolvimento das ciências
geológicas no Brasil. A convite do governo (1802) foi para Portugal, a fim de realizar trabalhos de
mineração e pesquisas geológicas, acompanhou D. João VI ao Brasil (1807) e foi encarregado de
organizar, com amostras européias, coleções de minerais para a Academia Real Militar. Posteriormente foi
designado para acompanhar a mineração de ouro e a fabricação de ferro em Minas Gerais, explorou ouro
de filão na Mina da Passagem, entre Vila Rica e Mariana, e chumbo, em Abaeté. Exerceu, entre outros
cargos, o de tenente-coronel do Real Corpo de Engenheiros de Vila Rica e o de intendente das minas de
ouro. Construiu uma fundição de ferro em Congonhas do Campo (1813), e registrou a ocorrência de
manganês no solo mineiro. Graças a seus estudos, foi estabelecida uma nova legislação para a mineração
e foram adotados métodos mais avançados de metalurgia do ferro e de exploração das jazidas de ouro.
Sua principal publicação foi Pluto Brasiliensis (1833), em que descreveu a mineração na época colonial,
base fundamental para este trabalho.
4) Estruturas de mineração: lavra a céu aberto; mundéu, represa, pilão; rego ou aqueduto, canoa,
galeria, buraco de sarilho, fundição, montes de entulho, brunidor e fio de pedra (estas duas, estruturas
móveis), além da Usina de Cloretação. Também entrou nesta categoria uma lagoa, mas que
originalmente trata-se uma antiga cata, que foi represada;
7) Não identificados (sobretudo em função do péssimo estado de conservação. É o caso das estruturas
que sofreram demolições).
fotografias adicionais. Com exceção da Zona C, que se encontra no perímetro de entorno, conjuntos de
todas as Zonas foram objetos deste tipo de registro. (Veja no Capítulo 4: Descrição e Análise do Bem
Cultural).
Todos os conjuntos localizados nas cinco zonas, supracitadas, também foram objeto de avaliação do
estado de conservação das suas estruturas componentes, observando a origem das ações que
comprometeram ou que ainda ameaçam a integridade das mesmas (veja no Capítulo 12: Laudo de Estado
de Conservação).
A partir destas avaliações, foi possível estabelecer as diretrizes para a área tombada e de entorno,
propostas nos Capítulos 9 e 10: Diretrizes. Ficou notório, tendo em vista a riqueza de informações e
estruturas, a necessidade de um plano de manejo emergencial para estas áreas, logo após o seu
tombamento, visando estabelecer os tipos de usos e ações para cada setor que as compõem, levando em
consideração os elementos arqueológicos, arquitetônicos, etnohistóricos, bióticos e físicos.
Sem dúvida alguma, nenhuma ação a ser estabelecida nestas áreas poderá ser eficaz ou bem executada
se desenvolvida sem a participação e colaboração, desde a sua fase inicial, das comunidades locais. Por
isto, ações ligadas à educação patrimonial são fundamentais para o sucesso de uma política cultural que
se propõe proteger e valorizar, neste caso, este importante e magnífico patrimônio cultural existente nos
Morros Santo Antônio e Santana.
A perspectiva histórica nos possibilita diferentes tipos de abordagem, sendo também responsável pelas
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construções de visões críticas a posteriori sobre determinadas temáticas. Ademais, importa destacar que
a produção historiográfica varia significadamente de uma época para outra: no que tange à história do
Brasil Colônia, por exemplo, muitos aspectos foram reavaliados e reescritos pela produção acadêmica
nacional, contribuindo para que o debate seja constantemente (re)visitado pelos historiadores1.
A questão dos ciclos econômicos2 perdurou, por muitos anos, como um instrumental analítico bastante
inflexível e segmentado. Nesse sentido, tentava-se enquadrar a complexa realidade colonial em simples
modelos econômicos, sendo estes respaldados pela noção de Pacto Colonial: a Colônia estaria submetida,
incondicionalmente, aos desígnios da Metrópole portuguesa, tendo sempre algum produto (açúcar, ouro
ou café) como único e principal trunfo.
As críticas a esse tipo de visão se ancoram no seguinte argumento: não é possível apontar precisamente
quando determinado ciclo econômico colonial deu-se por encerrado, visto que existiam lampejos de
recuperação ao longo de toda trajetória colonial. Além disso, interessa ressaltar que a economia da
Colônia não se resumiu somente às exportações para as terras metropolitanas; havia produções locais
que suprimiam as necessidades básicas, oferecendo-se como alternativas viáveis. A vida cotidiana colonial
era imbuída de diversas singularidades, apresentando uma dinâmica própria e interna, a qual acabava por
subverter a lógica exclusivista de Portugal. Os arraiais, as vilas e os inúmeros lugarejos que surgiam na
época da mineração são bons exemplos de que a nossa história trilhou por múltiplos caminhos.
Comecemos, pois, a recuperação de alguns desses itinerários...
O século XVII presenciou as primeiras penetrações no até então desconhecido território mineiro: num
momento inicial, o encontro com as diferentes tribos indígenas viabilizou os processos de caça e de
escravização dos nativos, os quais eram utilizados como mão-de-obra nas atividades colonizadoras3.
Apesar das incipientes expedições não alcançarem os almejados metais, as mesmas foram importantes
para um conhecimento maior do interior colonial – a abertura de novos caminhos, nesse sentido, foi por
demais significativa4.
Entretanto, não se pode negar que a descoberta de ouro na antiga Capitania de Minas, na segunda
metade do século XVII, emblematizou novos tipos de possibilidades para a vida social da colônia. Em
outras palavras, a “corrida do ouro” estimulou um deslocamento populacional até então inédito no
território, visto que a mesma consistia em uma grande oportunidade de enriquecimento sem requerer
grandes investimentos iniciais.
1
Para citar alguns títulos: ANASTASIA (1998), FIGUEIREDO (1995), MELLO (2000) e WEHLING (2000).
2
As qualificações de ciclo do pau-brasil, da cana-de-açúcar, do ouro e do café são os mais significativos da produção historiográfica.
3
Entretanto, não se pode esquecer que os negros africanos eram a maior parcela dos escravizados nas minas setecentistas.
4
MORAES, 2001, p. 177 apud VENÂNCIO, Renato Pinto. Caminho Novo: a longa duração. Varia História. Belo Horizonte, n. 21, jul.
1999, p. 181-189. (n. especial: Códice Costa Matoso).
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Inúmeros foram os anônimos que se aventuraram pelos sertões interioranos, embalados pela esperança
de dias melhores... Dotadas de um caráter de oficialidade, as bandeiras e as entradas completam esse
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contexto histórico em que a extração de riquezas minerais começava a vigorar no território mineiro.
Indubitavelmente, a região que abrange os municípios de Mariana e de Ouro Preto foi um dos primeiros
pólos de concentração populacional. Nessa medida, o bandeirantismo despontou como aspecto essencial
no que tange ao surgimento dos primeiros povoados; esses homens fixavam-se nas margens dos rios,
estabelecendo um ritmo de vida próprio e singular: mesmo que fossem responsáveis por atrocidades nas
comunidades indígenas, além de estabelecerem uma busca ávida e sistemática por metais preciosos, eles
acabaram por incitar, de alguma forma, os incipientes processos de ocupação do interior da colônia5.
Realizando atividades como a própria mineração ou simplesmente desenvolvendo culturas agrícolas e
pastoris que serviam como base fundamental para a vida cotidiana, os diversos colonos engendraram a
constituição de novos povoados, dentre os quais se destacou o antigo Arraial de Ribeirão do Carmo6.
“Mapa das Minas, anônimo – século XVIII – provavelmente brasileiro. Mapa Regional”.
A seguir, destaque dado à Vila de Nossa Senhora do Ribeirão do Carmo.
FONTE: Mapas Históricos Brasileiros, pág. 56, Abril Cultural.
5
Ver MACHADO (1980), importante obra do assunto.
6
Outro nome usual da época era Nossa Senhora do Monte Carmo. A região corresponde, atualmente, à cidade de Mariana.
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De uma maneira geral, o processo de ocupação do território mineiro realizou-se tendo como referencial a
formação de pequenos assentamentos humanos. As regiões escolhidas para tal intento localizavam-se em
áreas cujas descobertas de ouro tinham sido observadas; nessa medida, as chamadas datas passaram a
ocupar uma importância ímpar, visto que consistiam em “pequenas extensões de terra, à beira dos rios e
ribeirões auríferos, que o guarda-mor distribuíam àqueles que vinham explorar a região7.” Além disso,
cabe sublinhar que a fundação dos aglomerados era, geralmente, acompanhada pela edificação de uma
capela em devoção a algum santo da Igreja Católica.
Atentando-se para o caso particular da cidade de Mariana, percebe-se que as características acima
retratadas podem ser vislumbradas no processo de constituição desse município mineiro. De acordo com
os registros oficiais, o ano de 1696 (final do século XVII) culminou com a chegada do bandeirante João
Lopes de Lima ao ribeirão que, nesse momento fundante, recebeu o nome de Nossa Senhora do Carmo.
Seguindo os presságios religiosos da época, o sertanista viabilizou a construção de uma simples capela no
local, sendo ali reverenciada a imagem da santa homenageada. Prontamente, as respectivas datas de
terra foram repartidas entre alguns homens, iniciando o processo de dinamização do então conhecido
Arraial do Carmo.
Já nos idos de 1701, pesquisadores apontam para a formação de vários arraiais ao longo do Ribeirão do
Carmo; tais indícios se confirmam com a emersão dos atuais distritos de Mariana, uma vez que muitas
dessas localidades têm origens nesse contexto histórico8. Outro acontecimento digno de nota fora a
criação da freguesia com o título de Nossa Senhora da Conceição do Ribeirão do Carmo ainda no ano de
1704. No tocante ao panorama geral, iniciavam-se as buscas sistemáticas pelo ouro de aluvião e de
outras riquezas naturais, tendo como suporte fundamental as plantações de milho, abóbora, feijão, batata
e mandioca, além da criação de gado bovino.
7
CARNEIRO, 2000, p. 25.
8
Os distritos de Camargos (1698), Bandeirantes (1700) e Cachoeira do Brumado (1700) podem ser citados sob essa perspectiva.
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FONTE: MORAES, Fernanda de. Dossier Mariana. Belo Horizonte: [mimeo], 2001,
45p. Convênio UFMG-Universidade de Bolonha.
Com relação aos primeiros núcleos mineiros de formação, dentre os quais se destaca o município de
Mariana, cabe enfatizar mais uma vez que:
Concomitantemente a esse dinâmico processo de evolução urbana, o antigo Arraial do Carmo sofreu
significativas mudanças administrativas: no ano de 1711 foi criada a primeira Vila da Capitania de Minas
Gerais, intitulada de Leal Vila de Nossa Senhora do Carmo de Albuquerque.
9
MORAES, 2001, p. 177.
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Passadas três décadas, tendo como referencial o crescimento produtivo das minas auríferas, foi celebrada
no dia 23/04/1745 a elevação da Vila de Nossa Senhora do Carmo à categoria de cidade; o nome
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escolhido fazia alusão à rainha de Portugal, Dona Maria Ana D’Áustria, esposa de D. João V. Importante
enfatizar que apenas Mariana tornou-se, institucionalmente, a única cidade da Capitania durante todo o
século XVIII. A criação do Bispado também ocorreu no ano de 1745, demarcando a importância da
localidade como centro eclesiástico da antiga colônia – nesse sentido, várias capelas e igrejas
despontavam no território mineiro, sendo utilizados muito ouro e madeira para a construção das mesmas.
Tais edificações são, até os dias atuais, referências singulares da arte barroca nacional10.
FONTE: MORAES, Fernanda de. Dossier Mariana. Belo Horizonte: [mimeo], 2001,
45p. Convênio UFMG-Universidade de Bolonha.
No que toca às atividades extrativas de metais na região de Mariana, estas foram objetos de regulação
por parte da Coroa Portuguesa. O poder metropolitano procurava restringir ao máximo o acesso livre às
principais áreas auríferas, estabelecendo uma vigilância ostensiva nas inúmeras estradas interioranas. A
implantação de impostos era outra prática recorrente: o quinto do ouro, a instalação das Casas de
Fundição, bem como outras taxas relativas às arrobas anuais são alguns exemplos que podem ser
citados. Ademais, o fato de ser uma das poucas Vilas existentes na Capitania de Minas Gerais, atesta a
grande preocupação de Portugal em controlar os arredores da cidade de Mariana.
Entretanto, nem tudo transcorria conforme o esperado... A grande concentração de riquezas minerais
despertava a atenção de muitas pessoas, as quais não mediam esforços em atenuarem, de alguma
10
Para citar um exemplo importante, o ano de 1784 marca o início da construção da Igreja de Nossa Senhora do Carmo.
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forma, as políticas intervencionistas da Metrópole. O contrabando, a sonegação de impostos, a ocorrência
de motins e de protestos políticos, além de outros tipos de questionamentos estiveram presentes nas
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minas setecentistas; e, Mariana, como não poderia deixar de ser, presenciou inúmeros acontecimentos
que subvertiam (ou pelo menos tentavam) as propostas controladoras portuguesas.
Atualmente, o município de Mariana apresenta um total de dez distritos (inclusive a sede), além de
contabilizar uma expressiva quantidade de sub-distritos (totalizam o número de vinte e sete). Ao
investigarmos o histórico dessa cidade mineira, podemos inferir que tanto essas localidades foram
importantes para a formação da sede municipal, como esta última interferiu profundamente na
constituição dos seus respectivos distritos. Em outras palavras, o processo de formação urbana de
Mariana envolveu uma rede considerável de localidades, num tipo de relação que priorizou pelas trocas
culturais, sociais, econômicas e políticas.
De uma maneira geral, a emersão desses povoados seguiu as mesmas características do distrito sede: a
ocorrência de metais tinha participação decisiva; os cursos d’água eram aspectos fundamentais para que
a sedentarização dos exploradores ocorresse; o erguimento de capelas era algo costumeiro com a fixação
das pessoas; além das práticas agrícolas e pecuaristas terem sido fundamentais para a dinamização
dessas áreas periféricas. Nesse sentido, pode-se vislumbrar um tipo de movimento centrífugo do
município de Mariana, o qual não demorou a se maturar - conforme citado anteriormente, os distritos
passaram a surgir já em fins do século XVII.
são alguns dos aspectos que compõem a heterogênea trama dessas localidades. Imbuídos de
singularidades que legitimam todo esse processo multifacetado de ocupação humana, os atuais distritos
guardam ainda hoje importantes fragmentos do passado – as festividades locais, por exemplo,
conseguem (re)inventar instigantes significados simbólicos e culturais.
É patente verificar a acentuada queda da extração aurífera durante o século XIX na região de Mariana.
Apesar de haver alguns surtos de recuperação – conforme já alertamos no início do presente texto,
quando discutimos a questão dos ciclos econômicos – o esgotamento das riquezas naturais propiciou um
processo de estagnação nesse município mineiro. O crescimento da área urbana desacelerou, além de ter
ocorrido um considerável êxodo de pessoas em busca de melhores oportunidades; tal movimento se
observou tanto dos distritos para a sede, como desta última para outras cidades. Aliás, foi nesse período
histórico que podem ser apontadas várias emancipações das localidades em questão.
Além disso, a própria mudança da capital mineira de Ouro Preto para Belo Horizonte, no ano de 1897,
repercutiu na vida social de Mariana: a cidade, que era então Sede do Bispado, perdeu muito prestígio
com o advento do regime republicano, haja vista que os vínculos demasiadamente estreitos entre Igreja e
Estado foram desfeitos. Isso sem mencionar na falta de investimentos infra-estruturais, os quais se
deslocaram de forma significativa para a nova sede do governo estadual. Como importante exceção, cabe
destacar a construção de alguns trechos de via férrea às margens dos distritos de Mariana; tais obras
iniciaram-se na virada dos séculos XIX-XX, representando, de certa maneira, uma nova dinâmica a esses
espaços, tendo em vista um maior deslocamento de pessoas11.
Outras mudanças podem ser elencadas a partir da chegada das primeiras companhias mineradoras e
siderúrgicas – alguns nomes importantes são Alcan (atual Novelis), Barra Mansa e Samitri. Tal processo
de industrialização, iniciado na década de 40 do século XX, acelerou o processo de migração interna (dos
distritos para a sede), motivada principalmente pela escassez de ouro. A atração desse grande número de
trabalhadores acabou por ocasionar na ocupação desordenada e acelerada de novos loteamentos; muitas
dessas áreas se localizam nas encostas do relevo acidentado, apresentado expressivo risco para as
diversas famílias que ali residem.
Segundo dados do Censo 2000, a população marianense totaliza aproximadamente 47 mil habitantes,
sendo que mais de 80% ocupam a área urbana12. As faixas etárias predominantes indicam um caráter
mais jovem: 45% são crianças e adolescentes, além de 48,4% contemplar pessoas entre 20 e 59 anos.
11
A Estação Ferroviária de Mariana foi inaugurada somente no ano de 1914, quando do término da construção do ramal entre a cidade
marianense e Ouro Preto.
12
De acordo com os dados do site www.almg.gov.br, são 46.670 habitantes, com 38.679 dos mesmos moradores na cidade.
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Conforme mencionamos no parágrafo anterior, houve um fluxo migratório considerável nos últimos anos
da zona rural para a sede municipal. Eis parte do diagnóstico retirado do site oficial da Prefeitura:
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Nesse ínterim, cumpre observar que Mariana não ficou ilesa aos inúmeros problemas que se fazem
presentes nas outras cidades de um país em desenvolvimento como o Brasil. Obviamente, guardando as
devidas proporções com os grandes centros, esse município mineiro enfrenta desafios que ainda
necessitam de ser superados.
No caso específico da economia, novas alternativas vieram se consolidando nas últimas décadas do século
XX. O setor de comércio e serviços cresceu satisfatoriamente, empregando atualmente cerca de 60% da
população economicamente ativa (PEA) – esta última se distribui entre fornecimento de gêneros
alimentícios, confecções, bares, restaurantes, instituições bancárias, padarias, estabelecimentos
automotivos, venda de materiais de construção, dentre outros. Já as indústrias não merecem menos
atenção, haja vista que empregam aproximadamente 30% dos marianenses; a mineração continua ainda
sendo explorada por empresas de grande porte como a Companhia Vale do Rio Doce e a Samarco
Mineração S/A. Apesar da extração de minério de ferro ser bem reduzida em relação aos áureos tempos
da colonização, não se pode negligenciar esse potencial que ainda hoje se faz presente14.
Com relação ao setor primário, destacam-se como atividades de subsistência os plantios de cana-de-
açúcar, mandioca e banana, além das criações de galináceos e bovinos. Ademais, o artesanato desponta
como importante manifestação da cultura de Mariana, cujas permanências residem, por exemplo, na
transformação da pedra sabão em panelas de pedra e variados objetos de arte. Os tapetes de arraiolo e
de sisal também podem ser citados como peças singulares dos artesãos marianenses.
13
Trecho extraído do site www.mariana.mg.gov.br.
14
As principais reservas minerais são: alumínio (bauxita), ferro, manganês, ouro e quartzito.
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No campo educacional, o município de Mariana mantém-se como boa referência para o Estado de Minas
Gerais. O grande destaque consiste no Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal
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de Ouro Preto (ICHS/UFOP), cujas atividades se estendem para além das formalidades acadêmicas. A
vivência das repúblicas estudantis, o cotidiano das aulas, os projetos de extensão e de pesquisa acabam
por integrar a população aos pressupostos universitários – muitos são as propostas, por exemplo, de
parceria com a comunidade não-acadêmica. Há ainda 10 escolas estaduais, 36 municipais e 06
particulares, as quais se alternam entre os ensinos fundamental e médio, sendo que mais de 90% dos
alunos encontram-se matriculados na rede pública. Com relação à taxa de analfabetismo, cabe destacar a
taxa atual de 9% da população.
Importante mencionar ainda a existência de 01 biblioteca pública, além de 02 pontos de consulta pública
(SESI e Casa de Cultura). Os arquivos históricos guardam importantes fragmentos do passado mineiro,
destacando-se o Arquivo da Cúria da Arquidiocese de Mariana, o Arquivo da Câmara Municipal e o Arquivo
do ICHS – tais acervos aglutinam inúmeras possibilidades de pesquisas a serem realizadas futuramente.
Apesar de ser uma cidade histórica cujo conjunto arquitetônico e urbanístico foi tombado pelo IPHAN no
dia 14/05/1938, estudos apontam para um baixo aproveitamento do turismo no município15.
Resumidamente, duas causas principais são apontadas: a considerável hegemonia de Ouro Preto, bem
como a pouca infra-estrutura apresentada por Mariana. Para além das edificações históricas – sejam estas
igrejas, capelas, casarões, prédios públicos – há também uma rica paisagem com cachoeiras nos distritos
da cidade. Entretanto, tudo isso deve ser muito bem refletido pelas autoridades e pela população
marianense, uma vez que não seria interessante transformar esse valioso patrimônio em uma mera
mercadoria a ser “consumida” pelos turistas. A atividade turística, desde que bem implementada, pode
ser uma boa aliada para a (re)apropriação simbólica dos espaços da cidade.
Por fim, importa enfatizar que outras abordagens seriam possíveis diante do quase inesgotável acervo
histórico de Mariana. Essa cidade consegue recriar a todo momento a magia de refletirmos “nosso
passado pelo presente e o nosso presente pelo passado”: a recuperação dessa imprevisível trajetória
alerta-nos para a importância de preservarmos elementos significativos da nossa história! História esta
que pode ser montada a partir de um gigante e imaginário quebra-cabeça... Topografia do terreno,
arquitetura civil e religiosa, traçado das ruas, sociabilidades e práticas culturais, organização política16...
As peças estão lançadas à mesa... Podemos (re)começar!
15
CARNEIRO (2000).
16
Exemplos retirados da obra MORAES (2001).
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Praça da Sé em dois mementos: bico de pena por José Pio e fotografia atual.
FOTO: Joseana Costa (out. 2004).
O surgimento da região conhecida hoje como Minas Gerais está intimamente ligado à explotação do ouro.
A primeira área que possuiu o metal apurado foi a região de Ouro Preto e de Mariana. Segundo Antonil
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(1982:164) em texto escrito em 1711, ou seja, pouco tempo após os achados iniciais, o primeiro
descobridor teria sido um mulato que já havia estado nas minas de Paranaguá e de Curitiba.
“Há poucos anos que se começaram a descobrir as minas gerais dos Cataguás,
governando o Rio de Janeiro Artur de Sá; e o primeiro descobridor dizem que foi um
mulato que tinha estado nas minas de Paranaguá e Curitiba. Este, indo ao sertão com
uns paulistas a buscar índios, e chegando ao cerro Tripuí desceu abaixo com uma
gamela para tirar água do ribeiro que hoje chamam do Ouro Preto, e, metendo a
gamela na ribanceira para tomar água, e roçando-a pela margem do rio, viu depois
que nela havia granitos cor do aço, sem saber o que eram, nem os companheiros, aos
quais mostrou os ditos granitos, souberam conhecer e estimar o que se tinha achado
tão facilmente, e só cuidaram que aí haveria algum metal não bem formado, e por isso
não conhecido. Chegando, porém, a Taubaté, não deixaram de perguntar que casta de
metal seria aquele. E, sem mais exame, venderam a Miguel de Souza alguns destes
granitos, por meia pataca a oitava, sem saberem eles o que vendiam, nem o
comprador que cousa comprava, até que se resolveram a mandar alguns dos granitos
ao governador do Rio de Janeiro, Artur de Sá; e, fazendo-se exames deles, se achou
que era ouro finíssimo.” (ANTONIL: op. Cit)
A partir desse primeiro descobrimento, outras minas na região foram surgindo, tais como a de Antônio
Dias, Padre Faria, Ribeiro do Bueno, Bento Rodrigues entre tantas outras que atraíram uma enorme horda
de aventureiros que buscava o rápido enriquecimento. Era gente vinda das mais longínquas paragens, no
intuito de minerar ou comerciar. Todo tipo de gente corria para Minas em busca de ouro.
Esta enorme população espalhou-se pelos “córregos do ouro”, dando, então, origem a aglomerações que
tinham aspecto improvisado nos morros à beira dos rios em que se encontravam as descobertas minerais.
“Esses fatos foram suficientes para exercitar o espírito aventureiro dos paulistas; o
ardor que desenvolviam na captura dos índios, empregaram para a busca do ouro,
cuja existência estava definitivamente reconhecida. Estabeleceu-se, a partir de então,
uma corrente de emigração para os sertões, e as descobertas das regiões auríferas se
tornaram mais numerosas a cada dia.
(...)
A riqueza das minas atraiu grande número de aventureiros, que aumentava a cada dia.
Ergueu-se, no pé da serra, uma cidade com o mesmo nome. Ouro Preto se tornou
rapidamente o centro de um vasto território, denominado Minas Gerais e cujos
habitantes foram chamados Mineiros (mineradores)...”
(FERRAND: Op. Cit.: 82)
A primeira descoberta de ouro é motivo de controvérsias entre os historiadores. Alguns atribuem esta
descoberta ao paulista natural de Taubaté, Antônio Rodrigues Arzão, outros, a Borba Gato, na bandeira
de Fernão Dias Pais. A versão de Antonil parece se adequar a qualquer uma das outras duas, sendo
possível este primeiro mulato descobridor do ouro, ser participante de qualquer uma das duas bandeiras.
Quando se fala de Arzão ou de Borba Gato, refere-se às suas bandeiras e não necessariamente às suas
pessoas.
Em 1693, Arzão trouxe as primeiras provas da existência do metal. Após atravessar os sertões do Rio
Doce, chegou à região do Caeté ou “floresta espessa”. Guiado por uma índia, segundo contam, recolheu
algumas pepitas de ouro que ofereceu à Câmara do Espírito Santo. Ao retornar a Taubaté, a fim de
empreender nova expedição, faleceu em conseqüência da exaustiva viagem. (Cf. FERRAND: 1998)
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Seu cunhado, Bartolomeu Bueno deu prosseguimento à empreitada, munido das anotações de viagem
deixadas por Arzão, até atingir a Serra de Itaverava, a 8 léguas de onde, mais tarde, seria erguida Ouro
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Preto. Com instrumentos rudimentares, conseguiu retirar 12 oitavas de ouro. (Cf. FERRAND: Op. Cit.)
Bento Fernandes Furtado, em 1750, relata as entradas de Arzão e as primeiras retiradas de ouro em
território mineiro.
“Na época de 1693, veio Antônio Rodrigues de Arzão, natural de vila, hoje cidade, de
São Paulo, homem sertanejo, conquistador do gentio dos sertões da Casa da Casca,
com outros muitos naturais das outras vilas de Serra Acima, em cuja paragem esteve
aquartelado alguns anos, de onde faziam entradas e assaltos ao gentio mais para o
centro do sertão. E vendo por aquelas veredas alguns ribeiros com disposição de ter
ouro, pela experiência que tinha das primeiras minas que se tinham descoberto em
São Paulo, Curitiba e Paranaguá, que ainda hoje existem, dando suas faisqueiras e
aumentada povoação, com ministros de Justiça e estendida comarca de ouvidoria, fez
algumas experiências nos tais ribeiros com uns pratos de pau ou de estanho, e foi
ajuntando algumas faíscas que pode apanhar com aqueles débeis instrumentos com
que podia fazer, sem ferramenta alguma de minerar, e juntou três oitavas de ouro.”
(FIGUEIREDO & CAMPOS (coord.) Códice COSTA MATOSO: 1999:169)
Segundo Ferrand, (op.cit.) foram os paulistas Antônio Dias, Thomas Lopes de Camargo, Francisco Bueno
da Silva e o padre João de Faria Fialho os primeiros a descobrir ouro na região de Ouro Preto em 1699,
1700 e 1701. Em virtude da coloração do metal, excessivamente escura, deram a serra que o continha o
topônimo de ouro preto.
Enquanto Ouro Preto estava se constituindo, outros grupos de mineradores se embrenhavam pelos
sertões a cata de novos veios. Um grupo, liderado por Salvador Fernandes Furtado chegou às margens de
um ribeirão que, em homenagem à Nossa Senhora, recebeu o topônimo de Ribeirão do Carmo, atual
cidade de Mariana. A chegada destes mineradores e a divulgação de novas descobertas fizeram com que
estas paragens se tornassem um populoso centro de mineração. Apesar da pouca distância entre as vilas
de Vila Rica e Ribeirão do Carmo, apenas 12 quilômetros, não havia contato entre as duas populações.
Seus descobertos auríferos foram contíguos e praticamente simultâneos.
“Na verdade, ninguém procurava abrir caminho através de sítios tão agrestes. Os
mineiros do Arraial do Carmo, entretanto, tiveram conhecimento da existência de
trabalhos de mineração em Ouro Preto pelas águas turvas do ribeirão. Assim, foram
eles os primeiros a estabelecer comunicação entre o Carmo e Ouro Preto, abrindo uma
picada através de quase inacessíveis rochedos e impenetráveis florestas, guiando-se
sempre pelas águas turvas do ribeirão do Ouro Preto.” (ESCHWEGE:1979:29)
Segundo Antonil (Op. Cit) apesar da curta distância entre as duas regiões auríferas, o caminho bastante
fechado dificultava o acesso inicial à região. Gastava-se, na verdade “três dias de caminho moderado até
o jantar” para se chegar ao Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo, que, segundo ele, teria sido descoberto
por João Lopes de Lima.
A extração mineral nesse período tinha caráter bastante rudimentar. Com o esgotamento das reservas de
ouro aluvionar, as explotações foram transferidas para as montanhas, onde as atividades extrativas se
mostravam bem mais onerosas. Neste período, procurou-se aplicar os mesmos métodos utilizados nos
rios, fazendo aberturas no solo e em rochas alteradas, cujo material era transportado para a lavação e
apuração em bateias junto ao rio.
“No princípio, esses homens, desprovidos de todos os meios, extraíam o ouro entrando
na água para remexer as areias com estacas afiadas, que recolhiam em seguida em
pequenos recipientes, pratos de estanho ou gamelas de madeira, nos quais separavam
os grãos de ouro com os dedos, rejeitando em seguida a areia para o rio. As gamelas
de madeira foram substituídas mais tarde por um vaso em forma de funilou de cone
muito aberto, a bateia (...)” (FERRAND: Op. Cit: 98)
Outro sistema, surgido posteriormente ao da bateia era o de desvio dos cursos de água por barragem e
canal lateral, consistindo em desviar as águas do leito principal do rio, abrindo um canal lateral dirigindo
assim, as águas para este novo leito construído. Desta forma, os mineradores começavam seus trabalhos
no leito seco do rio. Como as represas eram construídas de modo bastante rudimentar, estas cediam com
freqüência, afogando assim os trabalhadores.
Como o cascalho aurífero do leito dos rios era bastante superficial, com seu esgotamento era natural a
mudança da explotação para as margens do rio. Tendo em vista que esses depósitos possuem a mesma
origem dos rios,
A forma mais primitiva para o tratamento dessas camadas de aluviões eram as catas, escavações
redondas, abertas em forma de funil, com inclinação suficiente para evitar um possível desabamento para
o interior, e que sua abertura se alarga à medida em que se aprofunda.
Com o esgotamento do ouro de mais fácil exploração foi necessário emprego de tecnologia para a
realização dos trabalhos nos flancos das montanhas. Esses trabalhos eram aplicados às rochas friáveis ou
decompostas, atravessadas pelos filões de quartzo aurífero. O método aplicado por esses mineradores era
o de utilizar as águas como auxiliar na lavagem do terreno e evidenciação do minério aurífero. Para isso,
era necessário seu acúmulo em reservatórios nas partes mais altas da exploração. Quando se abria a
porta do reservatório, as águas eram lançadas abruptamente pelo terreno, arrastando e carreando terras
e pedras até um canal inferior, e assim era dirigido para grandes reservatórios de alvenaria, chamados
mundéus, destinados a recolher as lamas auríferas.
O trabalho no interior das montanhas era realizado quando os mineradores encontravam jazidas
completamente embutidas nas montanhas. Deste modo, era seguido o veio aurífero, realizando galerias
que seguiam esta linha do mineral. Assim, explotavam as jazidas por meio de uma série de galerias que
chegavam a uma câmara isolada, realizada na parte mais rica.
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Se por alguma razão, quer seja inundação pelo lençol freático, quer por desabamentos que
impossibilitavam a continuação da galeria, tentava-se encontrar o filão por meio da abertura de uma nova
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galeria.
“Um notável exemplo desse sistema é ainda visível na mina da Passagem. A jazida é
formada por um filão de contato, que penetra no flanco de uma montanha escarpada,
aprofundando segundo um ângulo de 18 a 20º. Nos afloramentos, abriram
espaçadamente galerias que avançam 20 ou 40 metros, seguindo o mergulho. Em
seguida foram alargadas, de modo a formar salões de dimensões algumas vezes
consideráveis.” (FERRAND: Op. Cit: 114)
O processo de concentração das areias e terras auríferas era feito submetendo-se estas a uma corrente
de água em lavadores manuais. Estes lavadouros eram chamados canoas e tinham como função reter as
parcelas pesadas em mesas com telas ou baetas, situadas após os mesmos. A canoa era de instalação
simples, consistindo em um poço pouco profundo feito no local onde se queria lavar as areias. Estas
canoas também podiam ser construídas em pedras, quando o processo de lavação era executado no
mesmo local. Situavam-se no pé dos mundéus, com fundo formado por lajes e grandes blocos de pedras.
Representações de canoas.
FONTE: Ferrand: Op. Cit: 119-121.
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O trabalho na canoa compreendia duas fases distintas sendo que na primeira, acumulava-se a massa
aurífera na caixa, fazendo a passar por um processo de limpeza e na segunda fase executava-se a
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concentração da massa, separando a parte rica e o resto passando sobre as mesas, onde as parcelas
pesadas eram retiradas. Estes depósitos iam diretamente para a apuração, mas as areias concentradas
nas canoas não eram suficientemente finas para delas se extrair o ouro; visando este fim, sofriam uma
pulverização complementar, sendo esfregadas fortemente entre duas pedras, denominadas brunidores.
Apenas quando da chegada da família real no Brasil e da abertura dos portos “às nações amigas” é que
foram elaboradas diretrizes para o re-incremento da produção aurífera da região. Em 1811, Wilhelm
Ludwig Von Eschwege é enviado a Minas no intuito de estudar as formas de minerar e introduzir técnicas
mais produtivas. Em 1803, através do Alvará de 03 de maio, proibi-se a circulação do ouro em pó,
substituto da moeda em transações comerciais e reduz-se o quinto à metade, em uma tentativa de
diminuir a sonegação e incentivar a produção mineral. Em 1822, após a independência do Brasil, com a
liberação da explotação para empresas estrangeiras, toma-se um novo rumo na extração do metal
aurífero nas minas. (FÉLIX: 1988:57-59) Esta nova fase teria início, na verdade, pouco antes, em 1817,
com a criação da Sociedade Mineralógica de Passagem, organizada por Eschwege. Este teria sido o
momento da transformação da mineração na Mina da Passagem de garimpo para a primeira atividade
empresarial organizada. Em 1824, Edward Oxenford obteve por meio de decreto imperial, autorização
para realizar trabalhos em minas brasileiras, o que permitiu que ele organizasse em Londres uma
companhia com capital de 350.000 libras esterlinas, com o nome de Imperial Brazilian Mining Association,
a primeira companhia de capital estrangeiro, que era proprietária das minas de Gongo Soco, Cata Preta,
Antônio Pereira, além das terras auríferas da Serra do Socorro. (Cf. FERRAND: Op. Cit: 164).
O histórico das explotações na Mina da Passagem remetem aos primeiros anos de exploração mineral na
região. Esta propriedade mineral abarcava quatro minas, a do Fundão, Mineralógica, Paredão e Mata-
Cavalos. A lavra de Mineralógica era composta por 49 datas (Cf. FERRAND: op.cit), provenientes da
reunião de várias concessões feitas entre 1729 a 1756 a vários mineradores. Após passarem por diversos
apenas “arranhada” pelos mineradores em vários pontos do afloramento. Neste período, adota-se uma
explotação mais regular dos recursos minerais existentes.
1835 as revendeu ao comendador Francisco de Paula Santos. Este formou uma associação denominada
Sociedade União Mineira. Foi comprada em 1850 por Thomas Bawden e Antônio Buzelin e depois
revendida à Anglo-Brazilian Gold Mining Company Limited, juntamente com a Mina da Mineralógica.
A Lavra do Paredão possuía uma superfície de 12 datas. Alvo de várias concessões datadas de 1758 a
Antônio Mendes da Fonseca, passou às mãos da família Martins Coelho e posteriormente foi vendida à
Anglo-Brazilian Gold Mining Company Limited, no mesmo período das duas anteriores. A companhia
inglesa se apossou das três lavras em 26 de novembro de 1863 e em 30 de setembro de 1865, adquiriu a
lavra de Mata-Cavalos. (Cf. Ferrand: Op.Cit)
Esta empresa operou a mina durante nove anos, tendo produzido neste período, 753.560 gramas de
ouro. Em 1875 a mina foi vendida a um sindicato francês que criou a empresa The Ouro Preto Gold Mine
Company, tendo sido vendida em 1895 à Companhia Minas de Passagem, uma empresa brasileira de
propriedade da família Guimarães. Esta foi a época de maior exploração contínua, alcançando de 1933 a
1939 a produção de 1870,4 kg de ouro; em 1941, 360 kg; em 1943, 430 kg e no período de 1951 a
1954, uma produção de 1100 kg de ouro.
Atualmente o local é utilizado principalmente como área de turismo ecológico, explorada pela iniciativa
privada. O conjunto mais próximo à Estação Ferroviária de Passagem de Mariana (aqui designado Setor
A), é o que apresenta um melhor estado de conservação, sendo, inclusive o mais apto a um programa de
visitação pública controlada, caso seja decidido este tipo de atividade no Plano de Manejo a ser elaborado
para a área tombada. Existe ainda o uso para pastagem de animais, mesmo apresentando algum risco de
acidentes, devido a ocorrência de buracos de sarilho, muitas vezes encobertos pela vegetação. Há,
também, extração de material lenhoso por parte de alguns moradores da circunvizinhança.
No Morro de Santo Antônio, existem as ruínas de uma capela que possivelmente teria sido a primeira
edificação religiosa da região, erigida no período inicial de sua ocupação. Em Instituições de Igrejas no
Bispado de Mariana (1945), de Cônego Raimundo Trindade, autor de suma importância e grande
credibilidade, tem-se o relato da construção das capelas de Mariana, inclusive de uma que acredita-se
tratar da capela do Morro de Santo Antônio. Construída a expensas de um devoto, a capelinha servia de
abrigo de animais fora dos tempos de missa, como se vê a través da citação a seguir. Segundo tal citação
pode realmente se tratar das atuais ruínas da igreja do Morro de Santo Antônio pois, segundo o Padre
Manuel Braz Cordeiro, não haveria quando de sua ida à região, nenhuma outra capela que não fosse esta.
Como se sabe, o povoamento inicial da atual cidade de Mariana se deu através dos morros em torno do
Ribeirão do Carmo, local onde atualmente se encontram as ruínas da igreja. Através de informações orais
não foi possível obter nenhum dado que dê credibilidade ou desabone esta hipótese.
“Diz o Padre Manuel Braz Cordeiro, sacerdote do hábito de São Pedro, ora assistente
na Villa Leal do Ribeiram de nossa Sra do Carmo, nas Minas Gerais, que para bem de
seus requerimentos, para onde quer que for, lhe hé necessário justificar nesta Minas
em como no tempo que entrou o Sup.te por Vigário nesta freguesia de nossa Sra. Da
Conceição e Almas, nesta dita Villa, nam avia nesse dito tempo Igreja que servisse de
Parochia, mais que hua Capelinha mui limitada que hum devoto a tinha mandado fazer
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com interesse de ter neste lugar Missa para a sua família, a qual hera tam indecente
que excepto o tempo de Missa, servia depois de agazalho de animais immundos e
nessa mesma forma aproveitaram os freguezes da dita Capelinha e fizeram della
Parochia, Vendo o Sup.te assim como entrou por Vigário a muyta indecência com que
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uma maquete inspirada em fotos do antigo templo demonstrando o anseio da comunidade em construir
uma réplica da antiga igreja.
Maquete da antiga Capela de Santana, feita pelo itabiritense José Alberto e exposta na Prefeitura Municipal.
FOTOS: Lélio Pedrosa (nov. 2006).
De acordo com informações orais, os derradeiros habitantes do Morro de Santana foram Dona Teresa,
Roque “Pode Deixar” (ao lado da casa paroquial, que fica próxima às ruínas da igreja), Dona Angelina e
seus pais (ao lado); José Jorge, Dona Guida, Calazans, Dona Ana da Luz. Tais famílias foram as últimas a
sair do local, dentre elas, estavam também os pais do sogro de nosso principal informante, Sr. Salvador
Alves de Freitas. Sr. Salvador narrou ainda que o Sr. Roque “Pode Deixar”, ultimo zelador da Capela de
Santana, era contra o desmache da sua casa e faleceu no manicômio.
Ainda ocorrem atividades religiosas organizadas pela comunidade do Gogô no Morro de Santana. A
procissão, que ficou desativada trinta e seis anos, está no seu quinto ano, desde que foi recuperada.
Ocorre um domingo antes ou posterior ao dia 26 de julho, dia da santa padroeira. A imagem de “Santana
Mestra”, de madeira policromada, fica oito dias na casa dos fiéis que fazem a novena dedicada à sua
santa de devoção. Tal imagem foi identificada como a original da antiga capela demolida, se encontrando,
atualmente, sob guarda do Museu Arquidiocesano de Mariana. A escultura vem sendo requisitada na
ocasião da procissão e novena pela Associação de Moradores do Bairro Morro de Santana e Canela.
Anteriormente, a procissão saia da porta principal da antiga Capela de Santana, retornando pelas
entradas laterais. Hoje, inicia-se a partir da residência do Sr. Aniceto David Moreira, de 72 anos,
atravessando as ruínas do Morro até atingir o sitio onde se situava a capela. No local, é celebrada a missa
e posteriormente se levanta o mastro com queima de fogos de artifício.
paradas das estações de crucificação de Jesus. O Padre e o Ministro da Eucaristia fazem as orações finais
no sítio da antiga Capela de Santana. Já as quadrilhas de Festas Juninas e Bingos, se realizam no salão
comunitário, situado no atual Bairro do Gogô.
Alguns casos foram relatados pelos entrevistados principais, antigos moradores do Gogô, como os
senhores Otávio Moreira (77 anos), José Cesário Moraes (60 anos) e Ariceto David de Moreira (72 anos).
Segundo eles, a falecida Sra. Jovita Pereira Neves dizia que os antigos escravos do Morro de Santana, no
final do dia, balançavam a cabeça no cofre da Igreja do Rosário viabilizando a sua construção com as
pepitas ali ocultadas. Histórias de espíritos, fantasmas e objetos que se deslocavam sozinhos também
fazem parte dos “causos” relativos ao Morro de Santana. Do mesmo modo, são mencionados pelos
moradores os surtos de doenças contagiosas que ocorreram, sobretudo no século XIX, em toda a região.
No Morro de Santana quem não morria de doenças contagiosas era enterrado no cemitério da Capela de
Santana. Havia um outro cemitério, conhecido como “Cemitério das Bexigas” situado na parte baixa do
Morro, próximo da ruína conhecida por “hospital”. A doença “bexigas” também era conhecida como
“catapora brava” ou “bolhas”. Segundo os entrevistados, enterrava-se nesta época, os doentes terminais
ainda vivos impedindo o alastramento de doenças, que aterrorizavam toda a população.
Presentemente os Morros de Santana e Santo Antônio, são utilizados principalmente como pastagem de
animais mesmo apresentando riscos de acidentes devido aos inúmeros buracos de sarilho, muitas vezes
encobertos pela vegetação. A Lagoa Seca, no extremo sul da área de Santana, é aproveitada, também,
como área de lazer para jogos de várzea e piqueniques. O Córrego do Fundão ao norte da área é utilizado
como fonte abastecimento hídrico do município de Mariana. Tal córrego, por se tratar de trecho
encachoeirado, possui diversas quedas d`água que são utilizadas para lazer da comunidade local
principalmente os moradores do Bairro Vila Gogô. Em suas margens observou-se extração de quartzito
(Pedra de São Tomé) feita artesanalmente por moradores locais. A prefeitura municipal mantém serviço
de manutenção e controle do manancial do Córrego do Fundão. Alguns moradores, antigos garimpeiros,
mantêm a tradição de percorrer a área com as crianças da escola local no intuito de preservar a memória
da atividade. Ainda que de maneira incipiente, ocorre algum tipo de atividade minerária em busca de
ouro. Algumas galerias do Morro de Santana foram ativadas anos atrás, mas já se encontram novamente
em desuso. Há, também, extração de material lenhoso por parte de alguns habitantes da
circunvizinhança.
Apesar de não integrar os conjuntos dos sítios de mineração aqui estudados, importa registrar o atual
estado do conjunto composto por “Cemitério dos Ingleses”, “Capela dos Ingleses” e “Usina de Cloretação”
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(aqui denominado Setor C), situado no entorno dos perímetros de tombamento e que apresenta sinais
mais recentes de depredação. Representante da última época de exploração, já em fase industrial, ali
estão estruturas da Usina ou Fábrica de Cloretação, desativada definitivamente nos anos setenta. Como o
ouro está inserido dentro do tipo arsenopirita (sulfeto de arsênio), mineral esse que ocorre disseminado
em filitos carbonáticos, fez-se necessário, após a britagem e moagem dos filitos e concentração dos
minerais pesados (incluindo a arsenopirita), um processo químico para extrair o ouro da arsenopirita.
O arsênico foi utilizado na indústria bélica (arma química, sob forma de gás letal), na agricultura
(defensivo agrícola), na indústria química (como corante) e na indústria farmacêutica (muito usado para
suprimir febre, hoje não mais; atualmente é utilizado na medicina homeopática). Possivelmente, em
Passagem de Mariana, seu uso mais comum foi para fins farmacêuticos. Como as preocupações e a
legislação ambiental eram incipientes até os anos 70, muito arsênico foi jogado no solo e contaminou a
água subterrânea e das drenagens próximas à mina.17 Existe, inclusive, outra mina paralisada de
arsênico, denominada Mina do Galo, entre os municípios de Nova Lima e Raposos, cujo principal uso foi
para fins bélicos durante a I Guerra Mundial.
No caso específico, informamos apenas sobre as estruturas históricas existentes, foco deste texto parcial.
Trata-se de uma ruína de Igreja, Cemitério e Usina de Cloretação. A Igreja e o Cemitério, que se
encontram um ao lado do outro, na margem direita do Ribeirão do Carmo, no alto da vertente, situam-se
nas coord. UTM 06630087mE – 7744645mN; a Usina de Cloretação, por sua vez, encontra-se do outro
lado do rio, na parte baixa, possuindo as seguintes coordenadas: 0663104mE - 7744838mN.
A Igreja e o Cemitério dos Ingleses, presbiterianos, foram construídos na mesma época, possivelmente
quando da aquisição da mina no terceiro quartel do século XIX por mineiros ingleses. Naquela ocasião,
era comum aos estrangeiros construir cemitérios apartados dos brasileiros; foi o que aconteceu com a
comunidade anglicana da região de Passagem.
17
Deve-se lembrar que parte da toxicidade em arsênico das águas da região do Quadrilátero Ferrífero é 'natural', isto é, derivada de
processos erosivos que extraem arsênico de rochas sulfetadas, carreando-o para o meio-ambiente.
No começo da operação da Cia pelos ingleses, não se utilizava este processo, contentando-se apenas com
a separação manual do estéril e do quartzo pobre. Somente em 1889 o diretor da mina, Henry Gifford,
introduziu o processo de cloretação. Segundo dados orais, o processo foi utilizado até 1975.
Capela dos Ingleses, vista frontal, parede posterior e destruição parcial da estrutura por raízes.
FOTOS: Henrique Piló (fev. 2008).
4.1. Localização
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Essas duas áreas possuem características históricas de extração minerária (ouro) semelhantes,
encontram-se próximas, distando apenas cerca de 6 km em linha reta uma da outra, separadas pelo
Ribeirão Mata-Cavalos e pelo desfiladeiro de mesmo nome. Quanto ao aspecto da divisão administrativa
do município, o Morro de Santana pertence ao distrito sede e o Morro de Santo Antônio ao distrito de
Passagem de Mariana.
O acesso ao Morro de Santana (Área I) se faz pela MG-129, passando pelo Bairro de Santana. A área
delimitada para o tombamento possui aproximadamente 131,70 ha, onde as altitudes variam entre 600 a
1200 metros.
O Morro de Santo Antônio (Área II), com extensão estimada em 131,16 ha, tem seu acesso através da
MG-56, percorrida até a área urbana do distrito de Passagem de Mariana quando, próximo à Estação
Ferroviária (antiga RRFSA) hoje pertencente à Companhia Vale do Rio Doce, toma-se a trilha de acesso à
área de tombamento.
Mariana
Belo Horizonte
N
0 100 200 Km
Município de Mariana/MG.
Posição das áreas tombadas em relação ao limite municipal.
BASE CARTOGRÁFICA: Plano Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Prefeitura Municipal, 2003.
Elaboração (Fev/2007): Henrique Oliveira (estagiário de arquitetura).
O clima na região onde estão localizados os Morros de Santana e Santo Antônio pode ser classificado
como sendo clima Tropical de Altitude que se distribui principalmente nas terras altas do sudeste
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brasileiro, segundo classificação de Köppen adaptada para o Brasil. Tal clima apresenta como
características: chuvas de verão, verões brandos e regime de temperaturas com médias térmicas de
variabilidade entre 19ºC e 27ºC. Vale ressaltar que a classificação de Köppen baseia-se
fundamentalmente nos fatores temperatura e precipitação, quanto à distribuição de valores durante o
ano.
O período de seca ocorre usualmente entre os meses de abril e setembro, quando também foram
registradas as menores temperaturas, atingindo 12°C. Nesse período foi anotada uma média de 30 mm
de chuva por mês seco, o que significa diminuição da pluviosidade e não sua interrupção.
O Morro de Santana e o Morro de Santo Antônio estão inseridos na sub-bacia do Ribeirão do Carmo,
tributário de margem esquerda e de segunda ordem do Rio Doce. Constitui o principal rio do município de
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Mariana e este conta com drenagem superficial representada principalmente por nascentes que
conformam as cabeceiras de alguns de seus tributários, tais como os córregos do Mata-Cavalos, da
Canela e do Fundão, cujas nascentes também encontram-se no território municipal.
Ribeirão do Carmo
Córrego Mata-Cavalos
O Ribeirão do Carmo, marcando o nível de base regional, evidencia drenagem do tipo meandrântica
volumosa, com grande quantidade de sedimentos, principalmente no período chuvoso, oriundos das
porções de solo exposto e das margens instáveis ao longo do seu curso.
Tal curso tem suas principais nascentes no município de Ouro Preto e percorre o território de Mariana
recebendo a denominação de Rio do Carmo. Após sua confluência com o Rio Piranga, a jusante do
município de Mariana, passa a formar o Rio Doce, umas das principais bacias hidrográficas de Minas
Gerais e do país. Têm sua importância histórica marcada especialmente por ter sido o principal manancial
empregado na extração e via de escoamento de ouro de aluvião, o que o inscreve como um dos marcos
da ocupação do território de Minas Gerais e especialmente desse período do apogeu da mineração de
ouro.
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DOSSIÊ DE TOMBAMENTO | CONJUNTO PAISAGÍSTICO E ARQUEOLÓGICO | MORROS SANTANA E SANTO ANTÔNIO 2008
Hidrografia
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Quanto às peculiaridades da Área I, vale destacar que no extremo sul da área de tombamento no Morro
de Santana foi observado lago artificial com pequeno barramento de aproximadamente 2 metros de
altura, por 0,4 metros de largura e 1,5 metros de extensão denominada Lagoa Seca. Em sua margem
direita, foram observados antigos túneis de mineração hoje alagados. Em sua margem esquerda existe
um campo de futebol de várzea, cujo acesso se faz por pequenas trilhas, utilizado como área de lazer e
pastagem para animais, principalmente pela comunidade do Bairro do Rosário. As águas que abastecem
esta lagoa procedem de nascentes subterrâneas, no próprio Morro de Santana, e tornam-se afluentes do
Rio do Carmo nos limites da área de entorno do tombamento.
Lagoa Seca vista da margem esquerda. A seta indica a entrada Lagoa Seca, detalhe da entrada dos antigos túneis, hoje
de um dos antigos túneis de mineração, hoje alagados. alagados.
FOTO: Patrícia Pereira (nov. 2006). FOTO: Rachel Starling (fev. 2007).
Vegetação aquática comum na Lagoa Seca. Campo de futebol, também utilizado como área de pastagem, na
FOTO: Patrícia Pereira (nov. 2006). margem esquerda da Lagoa Seca.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2007).
dentre eles o Bairro de Santana e do Rosário. Esse abastecimento é feito por bomba hidráulica instalada
próxima a um barramento no referido córrego. O barramento possui aproximadamente 8 metros de
altura, 10 metros de extensão e 1 metro de largura.
Quanto aos aspectos geológicos, regionalmente as áreas propostas para tombamento, “Morro de Santana
e Morro de Santo Antônio”, se localizam a sudeste do Estado de Minas Gerais no extremo leste do
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Quadrilátero Ferrífero. O Quadrilátero Ferrífero representa importante província geológica datada do Pré-
Cambriano e caracteriza-se pela diversidade de suas riquezas minerais, especialmente o ouro. Tais
riquezas fundamentaram a ocupação da região no final do século XVII pelos colonizadores. Atualmente, a
região concentra grande parte das atividades extrativas de minério de ferro do país, além de outras
explorações minerais, tais como o ouro, topázio e manganês.
As grandes unidades geológicas que, segundo os estudiosos, vêm compor o arcabouço geológico do
Quadrilátero Ferrífero, podem ser compartimentadas em: granito-gnaíssícos do embasamento, as
seqüências vulcano-sedimentares tipo greenstone belt do Arqueano; as coberturas plataformais do
Proterozóico Inferior e ocorrências restritas de coberturas sedimentares fanerozóicas. Tratando-se das
seqüências vulcano-sedimentares estas são representadas pelo Supergrupo Rio das Velhas, o qual
constitui a unidade do Quadrilátero Ferrífero de maior expressão nesta área. GAIR (1958) dividiu esse
supergrupo em dois grupos, da
base para o topo, a saber: Grupo
Nova Lima e Grupo Maquiné.
As coberturas plataformais do
Proterozóico Inferior nas áreas
propostas para o tombamento
estão representadas pelo
Supergrupo Minas. Este se
apresenta dividido em quatro
grupos (da base para o topo) tais
como: Tamanduá, Caraça,
Itabira e Piracicaba.
Geologia
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dobradas em grandes anticlinais e sinclinais, com freqüentes inversões, e deslocadas por falhas normais e
de empurrão. Dentre as megaestruturas representantes do Quadrilátero Ferrífero podem-se destacar: a
norte o Homoclinal da Serra do Curral; a oeste o Sinclinal Moeda; ao sul o Anticlinal de Mariana - que
se estende de sudeste para noroeste, desde a região de Mariana até Ouro Preto; os sinclinais Gandarela e
Ouro Fino na porção norte-nordeste; o Sinclinal Dom Bosco a sudeste; o Sinclinal Santa Rita na porção
centro-leste. A Falha do Fundão e o Sistema Engenho que correspondem aos grandes sistemas de
falhamentos.
O Anticlinal Mariana, estrutura geológica que representa as áreas dos Morros de Santo Santana e Morro
de Antônio, é uma dobra aberta, com fechamento e caimento suave de eixo para sudeste, abrindo-se
para noroeste onde se une ao Soerguimento Rio das Velhas (NALINI JR. ET AL, 1992).
condicionamento geológico, tanto litológico quanto estrutural, resultando em várias formas de relevo de
origem morfoestrutural. Essa unidade foi individualizada como sendo formada, a saber: a sul, por
planaltos dissecados, a leste e oeste, por alinhamento de cristas escarpadas e a norte, pela Depressão
Sanfranciscana.
As altitudes são superiores a 1000-1100 m na porção noroeste das áreas de tombamento. A planície do
Ribeirão do Carmo possui altitudes inferiores a 710 m e localiza-se na porção central entre as duas áreas.
O relevo do entorno é bastante dissecado, com formas do tipo cristas, vertentes ravinadas e vales
encaixados. As áreas baixas correspondem ao vale fluvial da bacia hidrográfica do Ribeirão do Carmo
(700 m). As áreas que apresentam maiores altitudes encontram-se na parte noroeste do tombamento,
onde ocorrem escarpas abruptas da vertente (desfiladeiro do Mata-Cavalos).
As duas áreas de tombamento, segundo dados disponibilizados no Plano Diretor Urbano Ambiental (Lei
Complementar 016/2004) podem ser classificadas, quanto ao aspecto geomorfológico, como pertencentes
à Unidade Colinas. Esta é regionalmente representada por faixas alongadas com topos aplainados de
direção norte-sul, bordejando a planície aluvionar do Ribeirão do Carmo.
A área de entorno aos dois morros em questão, está inserida na unidade geomorfológica de Relevos
Escarpados e esta compreende as partes mais elevadas do Anticlinal de Mariana. Litologicamente
predominam o Itabirito Cauê e o Xisto Nova Lima. Os limites das áreas de tombamento apresentam as
maiores altitudes (1.000 m - 1.200 m) e formam colinas com declives das vertentes em torno 25%-45%,
podendo chegar aos 60%, caracterizando um relevo ondulado a levemente ondulado nos topos, como
representa o mapa da página seguinte.
As duas áreas de tombamento, Morro de Santana e Morro de Santo Antônio, foram submetidas à séculos
de exploração mineral o que, conseqüentemente, modificou enormemente os solos hoje examinados. Daí,
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nessas áreas serem observados poucos remanescentes de solos. Foram constatados nos topos, das duas
áreas, afloramentos rochosos com ocorrência de Neossolos litólicos.
Vista da área do Morro de Santana, onde se pode observar as ações antropicas nos solos.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2007).
Os solos da região do quadrilátero ferrífero são, em sua maioria, classificados como Latossolos, os quais
se constituem em solos bastante evoluídos, normalmente profundos, com horizontes pouco diferenciados
em perfil (EMBRAPA, 1999). Vale ressaltar que são constados nos solos dessa região concentrações de
ferro e alumínio. Os podzólicos correspondem a uma classe, também, freqüente na região. Os processos
geodinâmicos superficiais característicos desta região são os movimentos gravitacionais de massa
(escorregamentos), entretanto observaram-se outros processos erosivos tais como: erosão laminar,
demoisele e voçorocamento.
Foram observadas no Morro de Santo Antônio áreas onde ocorreram abatimentos associados à
movimentos de massa causados, provavelmente, pela construção, no passado, de inúmeros túneis de
mineração, sem tecnologia adequada. Isto pôde ser constatado nas ruínas de buracos de sarilho, hoje
expostos. Outros processos erosivos, também foram ilustrados nas fotografias que seguem.
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Antigo buraco de sarilho
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Nos dias atuais, a cobertura vegetal de Minas Gerais está drasticamente reduzida a remanescentes
esparsos. Suas formações florestais, assim como em outros estados brasileiros, não fugiram a essa
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realidade, o que vem ocorrendo desde o período colonial (OLIVEIRA FILHO e MACHADO, 1993). Segundo
o Mapa de Vegetação do IBGE (1993), a região na qual Mariana se coloca, corresponde à abrangência da
Floresta Estacional Semidecidual e recebe influência tanto dos Domínios da Floresta Atlântica como do
Cerrado.
Queimadas tem sido a principal ameaça à vegetação dessa região e sua rápida propagação muitas vezes
supera os esforços despendidos para controlá-las. Além delas, vários outros impactos negativos causados
por atividades antrópicas têm tornado a área cada vez mais fragmentada. A sobrevivência das espécies
vegetais que ali se encontram depende não apenas de ações de recuperação e manejo de áreas
degradadas como, também, da manutenção da integridade dos fragmentos locais e de suas
interconexões. Na região, em questão, podem ser observados fragmentos pertencentes a duas tipologias
distintas: o cerrado e a mata estacional semidecidual. As áreas de tombamento e parte de seu
entorno encontram-se descaracterizadas de sua fisionomia original, devido à ocupação urbana e rural e,
principalmente, por terem sido submetidas à intensa atividade mineradora nos últimos três séculos.
O cerrado nas áreas de tombamento pode ser observado em níveis distintos de regeneração, com a
presença de alguns indivíduos que atingem cerca de 20 metros de altura e diâmetro, na altura do peito
(DAP) de até 0, 60 m. Podem ser vistas, também, árvores esparsas que atingem de dois a três metros de
altura e diâmetro, na altura do peito (DAP) de dez a quinze centímetros. Foram observados, em estágios
de regeneração mais avançado, espécies da flora desse bioma. Dentre elas, aroeira (Astronium
urundeuva), pau d’óleo ou copaíba (Copaifera langsdorffii), jacarandá (Machaerium sp.), sucupira
(Bowdichia virgilioides), imbiruçu (Pseudobombax sp.), paineira do campo (Eriotheca sp.).
A vegetação de Cerrado Rupestre, também observada nos topos das duas áreas, é considerada uma das
formas de cerrado restrito de constituição arbórea, arbustiva e herbácea de ambientes rupestres. Os solos
são rasos, com afloramentos rochosos e pobres em nutrientes. No estrato arbóreo-arbustivo, foram
percebidas as espécies: Wunderlichia crulsiana (flor-do-pau), Didymopanax spp (mandiocão), Tabebuia
spp (ipês), Vellozia spp (canela-de-ema, candombá) e Mimosa regina. No estrato herbáceo, constataram-
se: Rhynchospora globosa (amarelão), Paepalanthus acanthophylus (chuveirinho), Paepalanthus
eriocauloides (mosquitinho), Echinolaena inflexa (capim-flexina), Loudeotiopsis chrysothryx (brinco-de-
princesa), Xyris schizachne (pimentona), Xyris hymenachne (pimentinha-prateada), Lagenocarpus rigidus
tenuifolius (capim-arroz).
Apesar da citada ocupação antrópica, foram encontradas na região matas secundárias em diferentes
estágios de regeneração, sendo que a mais desenvolvida destas se encontra na linha de drenagem do
Córrego do Fundão e nas encostas das matas localmente denominadas Mata dos Carijós e Mata do
Lamounier. Foram observados indivíduos com cerca de 20 metros de altura e diâmetro, na altura do peito
(DAP) de 30-50 centímetros, aproximadamente. Dentre as espécies de maior porte ali encontradas estão:
macaúbas (Acrocomia aculeata), angicos (Anadenanthera sp. e Piptadenia sp.) e copaíbas (Copaifera
langsdorffii), que emergem sobre o estrato superior da formação.
de angicos (Anadenanthera sp. e Piptadenia sp.), macaúbas (Acrocomia aculeata), pau d’óleo ou copaíba
(Copaifera langsdorffii), ipê (Tabebuia serratifolia), que emergem sobre o estrato superior que é formado
predominantemente por aroeira (Astronium urundeuva), aroeirinha (Lithraea sp.), gameleira (Ficus sp.)
e faveiro (Pterodon sp.). Nota-se ainda nessas áreas de remanescentes florestais a presença, em menor
número, de jacarandá (Machaerium sp.), peroba (Aspidosperma sp.), sucupira (Bowdichia virgilioides),
ingá (Inga sp.), cedro (Cedrela fissilis), jacaré (Piptadenia comunis), pau-terra (Qualea sp.), araçá
(Campomanesia sp.), chichá (Sterculia sp) e imbiruçu (Pseudobombax sp.). No estrato inferior,
encontram-se plântulas das árvores adultas juntamente com arbustos, trepadeiras, cipós, capins. Dentre
elas tem-se, predominantemente, o cipó-prata (Banisteria argyrophylla), cipó-de-timbó (Serjania erecta),
assa-peixe (Vernonia sp.), lobeira (Solanum lycocarpum), mamona (Ricinus communis), jurubeba
(Solanum paniculatum) e macela (Achyrocline satureioides).
Pita, planta localmente utilizada como matéria prima para Campo de Sempre-vivas.
artesanato. FOTO: Rachel Starling (fev. 2007).
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
Mata dos Carijós, remanescente florestal localizada no Fungo Orelha de Pau, encontrado no Morro de Santo
entorno das duas áreas. Antônio.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2007). FOTO: Rachel Starling (fev. 2007).
Cactáceas sobre afloramento rochoso no Morro de Santana. Mata bastante degrada nas proximidades
FOTO: Rachel Starling (fev. 2007). do Córrego do Fundão.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2007).
Segundo os dados do Plano Diretor Urbano Ambiental (Lei Complementar 016/2004), a área do Morro de
Santana está sob delimitação do campo rupestre de altitude e da mata de encostas. O Morro de Santo
Antônio encontra-se na zona de mineração, em sua maior parte, e na zona de mata de encostas em sua
porção leste, como pode ser observado no mapa de cobertura vegetal que segue:
4.8.1. INTRODUÇÃO
A região dos Morros de Santana e Santo Antônio situa-se no limite oeste da distribuição da Floresta
Estacional Semidecidual – representante mediterrânea da Floresta Atlântica Brasileira. Essa situação,
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juntamente com fatores físicos – como elevação, tipo de relevo e densidade hidrográfica – determinam a
variação dos tipos vegetacionais encontrados. Além da Floresta Estacional Semidecidual do domínio
Atlântico, trechos de Cerrado e Campos de Altitude são predominantes.
A região foi local de intensa atividade mineradora e teve sua cobertura vegetal original suprimida e
modificada. Os remanescentes florestais do entorno encontram-se em diferentes estágios sucessionais e a
fauna existente dominada cada vez mais por espécies com alta plasticidade fenotípica, ou seja, aquelas
que se adaptam facilmente aos novos ambientes.
A Mata Atlântica é caracterizada por um alto de endemismo e grande diversidade de flora e fauna, sendo
considerada uma área prioritária para conservação da biodiversidade (MYERS ET AL, 2000). A
fragmentação e o isolamento das áreas florestais provocaram uma diminuição na diversidade faunística,
sendo que, atualmente, muitas espécies endêmicas do bioma encontram-se ameaçadas de extinção. No
que diz respeito à diversidade de aves, foram registradas 682 espécies que ocorrem na área coberta por
esse bioma, sendo que deste total 199 (29%) são endêmicas (ALEIXO, 2001). Estudos sobre os efeitos da
fragmentação de habitats na região neotropical alertam para o comprometimento da manutenção da
diversidade, atingindo especialmente grupos com baixa plasticidade fenotípica, mais sensíveis a distúrbios
ambientais e ao isolamento dos remanescentes (BIERREGAARD e LOVEJOY, 1989 e MARINI, 2000). Por
estarem quase sempre associados ao ambiente aquático, os anfíbios apresentam forte sensibilidade a
alteração na qualidade da água (GASCON, 1991; DUELLMAN e TRUEB, 1994). Grande parte das espécies
também se relaciona fortemente com a vegetação próxima a corpos d’água, sendo susceptíveis a
qualquer alteração que este tipo de vegetação venha a sofrer (PARRIS, 2004).
Dessa forma, o presente estudo visa gerar subsídios faunísticos para o DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DO
CONJUNTO PAISAGÍSTICO E ARQUEOLÓGICO: MORROS DE SANTANA E SANTO ANTÔNIO bem como
acrescentar informações sobre a fauna local, frente à realidade de uma região que já se encontra
bastante alterada por atividades antrópicas.
Foram adotadas duas metodologias distintas para a realização do trabalho: para a herpetofauna e
mastofauna foram realizadas entrevistas com moradores da região associadas a levantamentos
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Para efeito de cálculo da área amostrada a extensão do transecto foi medida com o auxílio de mapas,
odômetros e fotografias aéreas, e seus comprimentos multiplicados pela largura da faixa de observação
(50 m). O erro amostral provocado pela não detecção de algumas aves com o aumento da distância
lateral foi corrigido pelo método da “regressão quadrática”, proposto por ANDERSON e POSPAHALA
(1970), com o qual se obtém um índice de correção.Para o cálculo das densidades mínimas de cada uma
das espécies observadas foi feita a divisão da área total amostrada no transecto pelo número de
indivíduos detectados no mesmo, e este resultado foi multiplicado pelo índice de correção acima
mencionado.
A densidade mínima total de cada transecto foi obtida somando-se as densidades mínimas de cada uma
das espécies ali observadas. Espécies observadas em um ambiente e não detectadas durante a
amostragem do transecto foram consideradas como possuindo uma densidade mínima inferior à da ave
com menor densidade mínima amostrada, e estes valores não foram computados para a soma das
densidades mínimas totais. A densidade mínima de cada espécie de ave por estrato da vegetação foi
calculada pela subdivisão de sua densidade, obtida pelo método acima descrito, por seu percentual de
ocorrência em cada estrato. A densidade total de aves por estrato foi obtida pela soma das densidades
mínimas das espécies ali observadas. Os cálculos dos índices de riqueza, diversidade e similaridade foram
feitos de acordo com os métodos propostos por MAGURRAN (1988).
Foram realizadas gravações de acordo com as orientações de BUDNEY e GROTEKE (1997) das
vocalizações dos indivíduos ouvidos e não visualizados. Para tanto, foi utilizado gravador SONY TCM-
200DV, fita cassete SONY Normal Tipo I e microfone acoplado a uma parábola metálica. As vocalizações
gravadas foram posteriormente utilizadas para a identificação das espécies.
avifauna
Os dados coletados nas áreas amostradas foram tratados em conjunto e as diferenças entre elas podem
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A área amostrada foi de 10 ha o que corresponde a aproximadamente 3,8% da área total dos MORROS
DE SANTANA E SANTO ANTÔNIO. Ainda que pequeno, este percentual pode ser considerado relevante
para a obtenção de dados confiáveis (RALPH e SCOTT 1981).
- Total 118 52 2
Espécie
Falconiformes
Accipitridae
Buteo albicaudatus Gavião-de-rabo-branco R - 0.30
Falconidae
Milvago chimachima Gavião-carrapateiro R 0.82 0.61
Falco sparverius Quiriquiri R - 0.61
Caracara plancus Caracará R 0.41 0.30
Gruiformes
Cariamide
Cariama cristata Seriema R 0.41 -
Charadriiformes
Charadriidae
Vanellus chilensis Qquero-quero R 0.82 -
Columbiformes
Columbidae
Patagioenas picazuro Asa-branca R E E
Patagioenas speciosa Pomba-trocal R E E
Leptotila sp. Juriti R E E
Columbina tapacoti Rolinha-caldo-de-feijão R 0.41 -
Psittaciformes
Psittacidae
Forpus xanthopterygius Tuim R E E
Aratinga aurea Periquito-rei R 1.65 0.61
Brotogeris chiriri Periquito-de-encontro-amarelo R E E
Strigiformes
Tytonidae
Tyto alba Coruja-da-igreja R E -
Apodiformes
Trochilidae
Phaethornis pretrei Rabo-branco-acanelado R 0.41 -
Eupetomena macroura Beija-flor-tesoura R - 0.30
Chlorostilbon lucidus Besourinho-de-bico-vemelho R 0.41 -
Augastes scutatus Beija-flor-de-gravata-verde R 0.82 0.30
Piciformes
Ramphastidae
Ramphastos toco Tucanaçu R E E
Picidae
Colaptes campestris Pica-pau-do-campo R E 0.30
Passeriformes
Thamnophilidae
Herpsilochmus
Chorozinho-de-chapéu-preto R - 0.30
atricapillus
Thamnophilus punctatus Choca-bate-cabo R - 0.30
Legenda
(R) residente (evidências de reprodução no país disponíveis);
(-) não registrado durante as observações
(E) relato de entrevista
inf. Inferior a densidade mínima registrada
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Nome do Táxon Nome Popular Status Morro Morro
Ordem Santana Santo
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Família Antônio
Espécie
Passeriformes
Furnariidae
Furnarius rufus João-de-barro R 0.41 0.61
Synallaxis frontalis Petrim R - 0.30
Tyrannidae
Elaenia sp. 0.41 0.30
Serpophaga subscritata Alegrinho R - 0.30
Lathrotriccus euleri Enferrujado R - 0.30
Knipolegus aterrimus Maria-preta R 0.82 -
Knipolegus lophotes Maria-preta-de-penacho R 1.24 0.92
Pitangus sulphuratus Bem-te-vi R E E
Tyrannus melancholicus Suiriri R - 0.30
Hirundinea ferruginea Maria-cavaleira R 0.82 0.61
Hirundinidae
Progne chalybea Andorinha-doméstica-granda R - 1.23
Pygochelidon
Andorinha-pequena-de-casa R 2.48 1.54
cyanoleuca
Troglodytidae
Trglodytes musculus Corrruíra R 0.41 0.61
Coerebidae
Coereba flaveola Cambacica R 0.41 0.30
Thraupidae
Schistochlamys
Bico-de-veludo R 0.41 0.92
ruficapillus
Piranga flava Sanhaçu-de-fogo R E E
Thraupis sayaca Sanhaçu-cinzento R E 0.30
Emberizidae
Zonotrichia capensis Tico-tico R 1.24 0.61
Embernagra longicauda Rabo-mole-da-serra R - 0.30
Coryphospingus pileatus Tico-tico-rei R 0.41 -
Sporophila nigricollis Baiano R 0.41 -
Sicalis flaveola Canário-da-terra-verdadeiro R 0.41 0.61
Icteridae
Gnorimopsar chopi Graúna R E E
Molothrus bonariensis Chopim R E E
Densidade mínima 17.0 14.1
Legenda
(R) residente (evidências de reprodução no país disponíveis);
(-) não registrado durante as observações
(E) relato de entrevista
inf. Inferior a densidade mínima registrada
estado atual de preservação dos locais amostrados e o histórico de ocupação das áreas visto que foram
sítios de mineração e também ocupados por habitações, dados confirmados pelas ruínas de casas e
igreja.
Morro de
41 17.0 2.31 6.16
Santana
Morro de
Santo 40 14.5 2.87 4.04
Antônio
Estes resultados mesmo que não elevados apontam para o importante papel das áreas na manutenção da
riqueza e diversidade de aves do local de estudo como um todo, visto que os campos de altitude
presentes nos topos dos morros garantem recursos para espécies endêmicas da região do Espinhaço
como Augastes scutatus e Embernagra longicauda registrados durante os trabalhos. Incluindo também,
os remanescentes florestais de entorno, pois de acordo com KARR e ROTH (1971) matas parecem ser os
ambientes que suportam mais aves devido a sua complexidade estrutural.
O índice de diversidade de Shannon (2.31 e 2.87 – Tabela 3) pode indicar o estado atual de preservação
das áreas que tiveram grande parte da vegetação original suprimida e substituída.
A densidade total de aves obtida para as duas áreas (17.0 e 14.5 – Tabela 3) demonstra que a
complexidade estrutural destes ambientes oferece um volume e uma variedade limitada de recursos para
a fauna.
O índice de correlação de PEARSON pode indicar que há uma interação entre as comunidades de aves das
áreas amostradas, ou seja, várias espécies foram registradas igualmente nos dois ambientes, fato que
pode estar associado a proximidade dos morros estudados e as semelhanças das complexidades
estruturais da vegetação.
Morro Santana
espécies presentes.
Registros importantes:
herpetofauna
Anfíbios
Após os trabalhos de campo, procura ativa na Lagoa Seca presente no Morro de Santana, consulta
bibliográfica e entrevista com moradores foram registradas, para a região, quatro espécies de anfíbios
anuros distribuídas em três famílias (Tabela 5). As espécies registradas possuem alta plasticidade
fenotípica e ampla distribuição geográfica, relacionando-se, inclusive, a outros domínios morfoclimáticos
(ETEROVICK e SAZIMA, 2004), sendo encontradas até mesmo em ambientes bastante alterados como na
lagoa amostrada. Ressalta-se a importância de estudos complementares para os anfíbios principalmente
devido às dinâmicas populacionais de algumas espécies e a urgente preservação da área amostrada.
Répteis
Quanto aos répteis foram diagnosticadas para a região seis espécies de serpentes e três de lagartos
(Tabela 6). Todas as espécies registradas possuem ampla distribuição geográfica e são consideradas
generalistas, sendo capazes de suportar as alterações ambientais.
mastofauna
As áreas amostradas, Morros de Santana e Santo Antônio, estão inseridas em uma região de Mata
Atlântica, que tem como característica uma alta riqueza de fauna. No entanto, a intensa supressão da
vegetação, principalmente nos últimos 50 anos, modificou
drasticamente a paisagem. A diminuição da oferta de recursos
disponíveis para a fauna pode gerar ameaça de extinções
principalmente para espécies com baixa plasticidade
fenotípica, ou seja, aquelas espécies mais exigentes quanto
aos recursos ambientais. Fato comprovado através de
entrevistas nas quais há relatos de espécies que eram vistas e
atualmente não são mais.
Tabela 7 – Lista de espécies de provável ocorrência nos Morros Santana e Santo Antônio e no
seu entorno
Família Extinção
Espécie
Primata
Callithrichidae
Callithrix penicilatta Sagüi Entrevista / Bibliografia
Carnivora
Canidae
Cerdocyon thous Raposa Entrevista / Bibliografia
Chrysocyon brachyurus Lobo-guará Entrevista / Bibliografia x
Procyonidae
Procyon cancrivorus Mão-pelada
Nasau nasau Quati
Mustelidae
Lontra longicaudis Lontra Entrevista / Bibliografia
Felidae
Leopardus sp. Gato-do-mato Entrevista / Bibliografia
Rodentia
Sciuridae
Sciurus aestuans Caxinguelê Entrevista / Bibliografia
Hydrochaeridae
Hydrochaeris hydrochaeris Capivara Entrevista / Bibliografia
Agoutidae
Agouti paca Paca Entrevista / Bibliografia
A caracterização da fauna indica o estado atual de preservação da vegetação das áreas amostradas que
se encontram em diferentes estágios de sucessão. A região dos Morros Santana e Santo Antônio possui
uma complexidade estrutural que, mesmo tendo sua vegetação original suprimida e substituída, é capaz
de suportar espécies da fauna endêmica e também espécies ameaçadas.
Do ponto de vista da ocupação da paisagem ao longo do tempo, podem ser observadas sucessivas
estruturas representadas basicamente por lavras a céu aberto, implantação de edificações em alvenaria
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
de pedra e estruturas afins em terrenos já revolvidos pela primeira fase de exploração, além de grandes
galerias e sarilhos, implantados em uma segunda fase. Algumas galerias do Morro de Santana foram
ativadas anos atrás, mas já se encontram novamente em desuso.
A extensão a ser tombada, bem como seu entorno, foi rastreada por especialistas que identificaram os
conjuntos arqueológicos remanescentes e numeraram suas estruturas componentes. Obviamente, não
seria possível plotar com GPS, por exemplo, todos os buracos de sarilhos ou estruturas móveis como
brunidores, mesmo porque isto demandaria uma limpeza quase que total de todo o sítio histórico, tendo
em vista que muitas estruturas de baixa visibilidade se encontram esmaecidas pela vegetação rasteira ou
sedimento sotoposto. Na fase dos estudos de plano de manejo das áreas deverá ser prevista a topografia
pormenorizada envolvendo mapeamento de todas as estruturas em superfície.
Após a identificação de todos os conjuntos e suas principais estruturas componentes, foi possível
seccionar as principais zonas ou setores de ocorrência, baseando-se sobretudo em critérios espaciais,
tendo em vista que as mesmas, apresentam estruturas comuns, com exceção da zona C.
Após o mapeamento e distribuição dos elementos por zonas ou áreas e avaliação prévia do estado de
conservação das mesmas, foi possível estabelecer uma tipologia geral das estruturas, distribuindo-as por
sua vez, em planta de situação, por meio de uma legenda de cores e formas com o objetivo de
representar graficamente a grande variedade, potencialidade e complexidade das estruturas
arqueológicas contidas nos perímetros de tombamento e entorno. Bom lembrar, que algumas estruturas
encontram-se em condições de baixa visibilidade por apresentarem, de fato, pequenas dimensões ou por
já estarem em avançado estado de degradação, podendo assim não ter sido identificadas nesta fase,
apesar dos esforços da equipe em rastrear toda a área.
E
D
IGREJA DE
SANTANA
LEGENDA
PILÃO
CONJUNTO DE RUÍNAS / SARILHOS
MUNDÉU
SARILHO
LAGOA
FUNDIÇÃO
REGO / CANAL
MONTES DE ENTULHO E MINÉRIO
BRUNIDOR
LAVRA
GALERIA
RUA / ESTRADA / CAMINHO
VALA
CEMITÉRIO
IGREJA / CASA PAROQUIAL
UNIDADE RESIDENCIAL COM REBOCO
CURRAL
BANCADAS PARA HORTA
MURO DE ARRIMO
MONJOLO / ENGENHO
UNIDADE RESIDENCIAL
PAIOL
HOSPITAL
B
RUÍNA IGREJA DE
SANTO
ANTÔNIO
CANOAS
MINA DE ARSÊNICO (CHAMINÉ, SALAS, FORNO E CAIXA D'ÁGUA)
BARRAGEM
BUEIRO
PERÍMETRO DE TOMBAMENTO
PERÍMETRO DE ENTORNO
C
CAPELA E
CEMITÉRIO
A
DOS INGLESES
ESTAÇÃO
FERROVIARIA
IGREJA DE
SANTANA
900
Localização das estruturas mapeadas no Sítio Arqueológico do Morro de Santana (Gogô). Mariana/MG.
Elaboração (Fev/2007): Vantuir Rodrigues dos Santos (Topógrafo).
LEGENDA
PILÃO
CONJUNTO DE RUÍNAS / SARILHOS
MUNDÉU
SARILHO
LAGOA
FUNDIÇÃO
REGO / CANAL
MONTES DE ENTULHO E MINÉRIO
BRUNIDOR
LAVRA
GALERIA
RUA / ESTRADA / CAMINHO
VALA
CEMITÉRIO
IGREJA / CASA PAROQUIAL
UNIDADE RESIDENCIAL COM REBOCO
CURRAL
BANCADAS PARA HORTA
MURO DE ARRIMO
MONJOLO / ENGENHO
UNIDADE RESIDENCIAL
PAIOL
HOSPITAL
RUÍNA
CANOAS
MINA DE ARSÊNICO (CHAMINÉ, SALAS, FORNO E CAIXA D'ÁGUA)
BARRAGEM
BUEIRO
PERÍMETRO DE TOMBAMENTO
PERÍMETRO DE ENTORNO
CURVAS DE NÍVEL
895
IGREJA DE
SANTO
ANTÔNIO
CAPELA E
CEMITÉRIO
DOS INGLESES
ESTAÇÃO
FERROVIARIA
Localização das estruturas mapeadas no Sítio Arqueológico do Morro de Santo Antônio (Mata-Cavalos). Mariana/MG.
Elaboração (Fev/2007): Vantuir Rodrigues dos Santos (Topógrafo).
LEGENDA
PILÃO
CONJUNTO DE RUÍNAS / SARILHOS
MUNDÉU
SARILHO
LAGOA
FUNDIÇÃO
REGO / CANAL
MONTES DE ENTULHO E MINÉRIO
BRUNIDOR
LAVRA
GALERIA
RUA / ESTRADA / CAMINHO
VALA
CEMITÉRIO
IGREJA / CASA PAROQUIAL
UNIDADE RESIDENCIAL COM REBOCO
CURRAL
BANCADAS PARA HORTA
MURO DE ARRIMO
MONJOLO / ENGENHO
UNIDADE RESIDENCIAL
PAIOL
HOSPITAL
RUÍNA
CANOAS
MINA DE ARSÊNICO (CHAMINÉ, SALAS, FORNO E CAIXA D'ÁGUA)
BARRAGEM
BUEIRO
PERÍMETRO DE TOMBAMENTO
PERÍMETRO DE ENTORNO
CURVAS DE NÍVEL
895
4) Estruturas de mineração: lavra a céu aberto; mundéu, represa, pilão; rego ou aqueduto, canoa,
galeria, buraco de sarilho, fundição, montes de entulho, brunidor e fio de pedra (estas duas, estruturas
móveis), além da Usina de Cloretação. Também entrou nesta categoria uma lagoa, mas que
originalmente trata-se uma antiga cata, que foi represada;
7) Não identificados (sobretudo em função do péssimo estado de conservação. É o caso das estruturas
que sofreram demolições).
Em seguida, foi possível estabelecer quais eram as melhores amostras de cada tipo estabelecido,
focalizando e registrando-as como modelos neste estudo. Os critérios para definição das amostras-tipo
foram: estado de conservação, morfologia, tecnologia de fabricação ou peculiaridades, de modo geral.
Houve casos também de existir uma única amostra do tipo, desta forma, esta seria conseqüentemente o
seu único modelo. Dentro de alguns tipos, foi também possível estabelecer, uma variedade interna ou
sub-tipos. Foi o que aconteceu com os mundéus – identificados em formato retangular, ovóides e semi-
circulares, aproveitando, neste último caso, a curvatura do terreno ou ravinas.
A seguir a catalogação dos elementos rastreados, descritos e comentados em quadro com as respectivas
fotos, além do detalhamento dos tipos amostrais selecionados.
7748715
18
No entorno da área, pode ser avistado do alto do Morro de Santana, um local denominado pelos moradores como “Quilombo Rei do
Mato”. Mas em função de se encontrar em propriedade privada, de difícil acesso, optou-se neste momento, por somente registrar sua
existência via informação oral.
Bueiro
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
E=662450 m
E=662475 m
E=662500 m
E=662525 m
1046,522 1036,056
3
9,6
1045,923
5,9
1046,769
9
1035,302
75
5,
N=7748175 m N=7748175 m
10
10
37
38
10
1045,065
1046,796 1042,190
39
9
1046,318
2,7
EDIFICAÇÃO 1035,551
220.39m²
1047,731 1035,115
14
EDIFICAÇÃO
RESERVATORIO
, 8 10
424.35m²
1046,441 16
4,11
378.24m²
4,
36
7,9
EDIFICAÇÃO
29
8
10
28.75m²
28
,8
43
1046,397 1035,153
,8
1
4,9
1046,944
7,
1047,179
0
72
1047,347
1034,823
19
3,
1041,509
10
1035,317
42
15
,7
6
6
10
41
1040,610
6,2
2 13,71 10
4,
N=7748150 m N=7748150 m
Detalhamento de estrutura de arraial (reservatório e edificações). Sítio Arqueológico do Morro de Santana (Gogô). Mariana/MG.
Elaboração (Fev/2007): Vantuir Rodrigues dos Santos (Topógrafo).
Página 78 de 282 ABR
DOSSIÊ DE TOMBAMENTO | CONJUNTO PAISAGÍSTICO E ARQUEOLÓGICO | MORROS SANTANA E SANTO ANTÔNIO 2008
E=662500 m
E=662512,5 m
E=662525 m
E=662537,5 m
1036,056
3
9,6
5,
99
1035,302
75
5,
48175 m
10
10
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
37
38
10
1042,190
39
9
2,7
EDIFICAÇÃO 1035,551
220.39m²
EDIFICAÇÃO 1035,115
14
,8
424.35m²
8
6
4,11
1
4,
10
36
7,
EDIFICAÇÃO
98
29
10
28.75m²
28
,8
43
1
1035,153
,8
4,
7
9
7,
0
72
48162,5 m 1034,823
19
3,
1041,509
10
1035,317
42
15
1042,589 13 1039,772 1035,043
,9
,7
6
6
104
1
1040,610
6,2
2 13,71 10
4,
48150 m
E=662425 m
E=662412,5 m
E=662437,5 m
PONTO ESTE NORTE COTA
1 662514.6616 7748182.6281 1036.0563 1046,522
2 662517.9852 7748177.1083 1035.3017
3 662522.3633 7748171.2430 1035.1146
1045,923
4 662527.3552 7748165.6835 1035.1534
1046,769
5 662533.0711 7748160.5233 1035.3173
6 662538.9360 7748153.8745 1035.4585
N=7748175 m
7 662535.4180 7748150.3682 1036.9856
1045,065
8 662527.7418 7748151.9065 1038.7932 1046,796
1046,318
9 662520.7315 7748153.0554 1040.0752
10 662519.2252 7748152.0726 1040.5177 1047,731
11 662513.6555 7748154.8507 1041.8370 RESERVATORIO
1046,441 378.24m²
12 662507.5451 7748159.7845 1042.5894
13 662502.9533 7748163.5027 1043.3817
14 662500.1996 7748167.5578 1043.3581
15 662499.5422 7748171.6106 1043.1691 1046,397
1047,179 1046,944
16 662500.6636 7748174.1669 1042.1904 1047,347
17 662503.9459 7748177.6724 1040.5485 N=7748162,5 m
Vista geral
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Represa
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
baixa, complementado
com alvenaria de pedra,
escada esculpida
Vista de sarilho
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
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DOSSIÊ DE TOMBAMENTO | CONJUNTO PAISAGÍSTICO E ARQUEOLÓGICO | MORROS SANTANA E SANTO ANTÔNIO 2008
Sítio Arqueológico Coordenada Estrutura Comentários Descrição
Morro de Santana 1057m 7c Curral de 100m2
(Gogô) 662477
7748240
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
Rego esculpido
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Estrutura de canoa
FOTOS: Henrique Piló (mar. 2007).
Rejunte de mundéu
FOTOS: Henrique Piló (mar. 2007).
Vista do rego
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Brunidor
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Peça de braúna
FOTO: Henrique Piló (fev. 2008).
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DOSSIÊ DE TOMBAMENTO | CONJUNTO PAISAGÍSTICO E ARQUEOLÓGICO | MORROS SANTANA E SANTO ANTÔNIO 2008
0
Vista de represa
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
E=662910 m
E=662920 m
E=662930 m
E=662940 m
949.38
0
,4
17
N=7748150 m
22
76
7,
,7
0
951.21
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
947.69
N=7748140 m
14
2
,9
2,7
3,
952.11
60
95
1
47
2,
948.54
95
GALERIA
0
951 CRUZ
43
,9
3
14
,9
7
24
,3
3
76 58
7, 7,
951.53 N=7748120 m
CEMITERIO 95.63m²
12
,69
949.01
948.29
951.39
67
8,
949.08
N=7748110 m
5, PORTA
37
5,08
Pilão duplo
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Caixa esculpida
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Base de habitação
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Brunidor
FOTOS: Henrique Piló (mar. 2007).
Página 101 de 282 ABR
DOSSIÊ DE TOMBAMENTO | CONJUNTO PAISAGÍSTICO E ARQUEOLÓGICO | MORROS SANTANA E SANTO ANTÔNIO 2008
Sítio Arqueológico Coordenada Estrutura Comentários Descrição
Morro de Santana 951m 24 Estrutura de habitação
(Gogô) 663092
7747966
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
Canoa esculpida
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Página 102 de 282 ABR
DOSSIÊ DE TOMBAMENTO | CONJUNTO PAISAGÍSTICO E ARQUEOLÓGICO | MORROS SANTANA E SANTO ANTÔNIO 2008
Sítio Arqueológico Coordenada Estrutura Comentários Descrição
Morro de Santana 939m 25c Estrutura de estrada
(Gogô) 663128
7747860
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
Estrutura de estrada
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Lagoa
FOTOS: Henrique Piló (mar. 2007).
Entrada de galeria
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Conjunto de represas
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Unidade residencial
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Página 104 de 282 ABR
DOSSIÊ DE TOMBAMENTO | CONJUNTO PAISAGÍSTICO E ARQUEOLÓGICO | MORROS SANTANA E SANTO ANTÔNIO 2008
Sítio Arqueológico Coordenada Estrutura Comentários Descrição
Morro de Santana 920m 29b Sarilho
(Gogô) 663220
7747892
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
Sarilho
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Vistas da represa
FOTOS: Henrique Piló (mar. 2007).
E=663050 m
E=663060 m
E=663040 m
N=7748200 m
10
,6
3
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
N=7748190 m
03
9,
9,
4,
03
33
EDIFICACAO
81.06m²
52
3,
8,
92
04
9,
N=7748180 m
90
7
91
0
N=7748170 m
6
5,1
FORJA
29.05m²
8
7,1
5,
77
1
5,0
EDIFICAÇÃO
48.46m²
6,5
0
Local da fundição
FOTOS: Henrique Piló (mar. 2007).
54
911,114
4,
911,082
8,
49
91
909,769 0
N=7748512,5 m
90
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
9
910,177
907,187
10,01
90
8
90
7
,09
23
90
905,159 6 907,389
N=7748500 m
90
5
904
60
1 5,
902,821
EDIFICACAO 668.05m²
903
7,66
902
N=7748487,5 m
901
902,555
900,447
90
0
20
12,
89
9
,71
18
898
N=7748475 m
897,021 13
,39
896,976
Brunidor
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Entrada de galeria
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
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Sítio Arqueológico Coordenada Estrutura Comentários Descrição
Morro de Santana 878m 37 Mina com vestígio de
(Gogô) 663015 antigo portão
7748443
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
Parte de um brunidor
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Página 116 de 282 ABR
DOSSIÊ DE TOMBAMENTO | CONJUNTO PAISAGÍSTICO E ARQUEOLÓGICO | MORROS SANTANA E SANTO ANTÔNIO 2008
Sítio Arqueológico Coordenada Estrutura Comentários Descrição
Morro de Santana 867m 39 Pequena represa
(Gogô) 663164 isolada, 4x2m
7748343
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
Represa
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Mundéus na ravina
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Página 117 de 282 ABR
DOSSIÊ DE TOMBAMENTO | CONJUNTO PAISAGÍSTICO E ARQUEOLÓGICO | MORROS SANTANA E SANTO ANTÔNIO 2008
Sítio Arqueológico Coordenada Estrutura Comentários Descrição
Morro de Santana 42 Conjunto de pilões no
(Gogô) afloramento
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
Pilões esculpidos
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Unidade habitacional
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Vista dos mundéus ao fundo e à frente área onde era instalada a canoa
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Caixa esculpida
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Entrada de galeria
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Sítio Arqueológico Coordenada Estrutura Comentários Descrição
Morro de Santana 821m 49 Cemitério das Bexigas
(Gogô) 663913
7747840
E=663490 m
E=663500 m
81
3
N=7748210 m
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
814
815
95
1,
N=7748200 m
816 45
7,
HOSPITAL 155.91m²
16
,9
7
4,
65 7,
31
2
817 ,6
12
N=7748190 m 2,
75
81
1,
1,
53
31
HOSPITAL 195.00m² 4, 34
9,
4
2,
70
14
,66
N=7748180 m
8
,2
13
Mundéu
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Página 124 de 282 ABR
DOSSIÊ DE TOMBAMENTO | CONJUNTO PAISAGÍSTICO E ARQUEOLÓGICO | MORROS SANTANA E SANTO ANTÔNIO 2008
Sítio Arqueológico Coordenada Estrutura Comentários Descrição
Morro de Santana 849m 52b Rego (o mesmo da
(Gogô) 663299 estrutura 17)
7748294
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
Entrada da galeria
FOTOS: Henrique Piló (mar. 2007).
E=662870 m
1 8 ,9 4
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
M O N JO LO
7 .0 3 m ²
N= 7748680 m
2,53
C A IX A D E
LAVAG EM
4 .9 7 m ²
1 ,9 7
N= 7748675 m
N= 7748670 m
E N T R A D A D E G A LE R IA
6,16
E D IF IC A C A O 3 7 .3 3 m ²
N= 7748665 m
6 ,0 6
Conjunto de mundéus
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Cerâmica Cabocla
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Vista do local que, segundo informações orais teria sido o Quilombo Rei do Mato
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Página 133 de 282 ABR
DOSSIÊ DE TOMBAMENTO | CONJUNTO PAISAGÍSTICO E ARQUEOLÓGICO | MORROS SANTANA E SANTO ANTÔNIO 2008
Sítio Arqueológico Coordenada Estrutura Comentários Descrição
Morro de Santo Antônio 888m Estação Ferroviária de
661156 Passagem de Mariana
7744308
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
E=661700 m
E=661750 m
E=661800 m
E=661850 m
E=661900 m
E=661950 m
E=662000 m
CT=976.99
6
22,2
14,8
CT=977.63
4,52
CT=976.88
8
TERRACO 1
299.33m²
CT=974.77
6
9,8
9,92
CT=977.21
TERRACO 2
115.04m² CT=975.06
,49 OS
6,37
N=7744650 m CASA 5 20 ICUL N=7744650 m
NT
42.53m² MO
8,2
6,1
0 5
6
,3 7,0
0
13 CT=978.50 ENTRADA DE GALERIA
CAIXA D'AGUA
112.68m2
CT=979.35 EDIFICAÇÃO 225.00m3
112.55m²
CT=971.52
8
8,4
3,7
1CT=979.08
9
CT=978.99
2,89
CT=975.57
CT=978.60 OS
ICUL
CT=971.38 NT
MO
CT=983.74
CT=974.14
CT=977.03 CT=971.76
CT=985.15 8
7,3
7,5
CT=971.39
CASA 4 LAVRA
8
CT=971.14 CT=968.28
7,9
28,1
1,83
4,62
CT=989.12
CT=988.10 CT=980.75 CT=975.14 3,30 8 N=7744600 m
N=7744600 m CT=988.72
3,84
CT=986.98 2,86
98
0 24 CT=974.86 ,55
CT=989.42 ,6 10
9 CAIXA D'AGUA 2
CT=985.40
CT=975.21 CT=971.55
8,79
CT=984.09 9,11
CT=963.17
OS CT=971.79
CT=987.31 L METR
CANA DE 2 TROS
DIA ME
2,12
5 ME 400 0,5%
CT=987.48 CT=981.65 CT=981.45 97 URA DE DE
LARGTENSAOIDADE
CT=980.16 EX IV
CT=987.59 DECL
CT=990.16 CT=985.79
CT=978.89
CT=972.14
970
2,0
ENTRADA DE
CT=988.00
GALERIA
CT=977.03
7
9,3
10,0
3
REPRESA
CT=984.99 CT=972.14 5
CT=972.68 96
CT=972.12 TANQUES DE LAVAGEM
8,80
LAVRA CT=972.26
2,32
CT=982.61
CT=971.70 CT=972.26
0
96
11
,24
CT=979.77
3,9
9
0
,7
6,9
CT=968.84 11
0
CASA 03
CT=979.57 5 5
49.07m² 95
9,7
CT=972.60 LAVRA 4
11,
,5
3,82
240.86m² 12
44
REPRESA
8 CT=968.63
5,2
5,2
CT=977.64
1
4
5,7
3,2
CT=975.15 CT=967.21
CASA 02
2
CT=972.67 0
157.53m²
0 95
1 2,2 CT=965.76
3,5
1,8
CRUZEIRO
10
1
,3
3
CT=973.09
6,7
9
8,9
0
CT=973.08
24
CT=973.01 ,3
9
19
N=7744500 m
,7
N=7744500 m 743.84m²
9
2,0
2
704.29m²
9,25
5,85
CASA 01
25
51.79m² 7,2
5
,74
8,6
6,16
5,41
7,5
7
9,15 7
7,7
4,7
0
²
6,84 8m
6,56
2,0
2.3
0
17
,0
5
10
12
,1
8,82
1
854.95m²
2,99
4,58 8
8,3
9,1
7,49
7
,4
11
18
,9
E=661650 m
E=661700 m
E=661750 m
E=661800 m
E=661850 m
E=661900 m
E=661950 m
E=662000 m
7
4,05
MURO / PAREDE
DOSSIÊ DE TOMBAMENTO | CONJUNTO PAISAGÍSTICO E ARQUEOLÓGICO | MORROS SANTANA E SANTO ANTÔNIO 2008
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
CT=977.03
CT=984.99 CT=972.14
CT=972.68
CT=972.12
2,32
LAVRA CT=972.26
N=7744550 m 4746.34m²
CT=982.61
CT=971.70 CT=972.26
CT=979.77
3,9
0
9
CT=968.84
,7
11
CASA 03
CT=979.57 49.07m²
CT=972.60 LAVRA ,5
4
12
240.86m²
3,82
5,2
8 CT=968.63
5,2
CT=977.64
1
4
5,7
CT=975.15 3,2
CASA 02 2 CT=967.21
CT=972.67
157.53m² 2,2
0
1
CT=965.76
3,5
CRUZEIRO
1 ,8
10
1
,3
3
CT=973.09
6,7
9
0
8,9
CT=973.08
CT=973.01 24
,3
9
19
,7
N=7744500 m
9
743.84m²
2,0
2
9,25
704.29m²
5,85
CASA 01
25
51.79m²
5
,74
8,6
5
7,5
6,16 7,2
5,41
9,15
7
7,7
4,7
0
²
m
38
6,84
2.
6, 56
17
0
,0
10
2,0
5
12
,1
1
2,99
8,82
854.95m²
4,58 8
8,3
7,49
9,1
5
,47
E=661662,5 m
E=661712,5 m
E=661737,5 m
E=661762,5 m
18
11
,9
E=661650 m
E=661675 m
E=661700 m
E=661725 m
E=661750 m
E=661775 m
7
4,05
Detalhamento de estruturas de lavras e moradias. Sítio Arqueológico do Morro de Santo Antônio (Mata-Cavalos). Mariana/MG.
Elaboração (Fev/2007): Vantuir Rodrigues dos Santos (Topógrafo).
LEGENDA
BARRANCO
MURO / PAREDE
CT=989.12
CT=988.10
CT=988.72
CT=986.98
CT=989.42
CT=985.40
CT=984.09
CT=987.31
CT=988.00
CT=977.03
CT=984.99
CT=972.68
LAVRA CT=972.26
4746.34m²
CT=982.61
CT=971.70 CT=972.26
CT=968.84
CT=979.57
CT=972.60 LAVRA
240.86m²
CT=968.63
E=661662,5 m
E=661687,5 m
E=661637,5 m
8
5,2
E=661675 m
E=661725 m
5,
CT=977.64
21
E=661650
4
5,7
CT=967.21
3,
22
CT=972.67 CASA 02
157.53m² 2,2
0
CT=975.15 CT=965.76
Detalhamento de estrutura de lavra. Sítio Arqueológico do Morro de Santo Antônio (Mata-Cavalos). Mariana/MG.
Elaboração (Fev/2007): Vantuir Rodrigues dos Santos (Topógrafo).
LEGENDA
BARRANCO
MURO / PAREDE
LAVRA
895
CURVAS DE NÍVEL
E=661762,5 m
E=661812,5 m
E=661775 m
E=661800 m
E=661825 m
CT=983.74
38
7,
CT=985.15
7,
CASA 4 58
50.27m² N=7744620,5 m
28
14,
7,
77
19 85
,7
2 5,
5
98 CT=974.79
95
7,
CT=980.75 N=7744600 m
0
98
,55
24
,6
CT=974.86 10
9
CT=975.21 9
CANAL 8,7
2,1
2
5
97
Detalhamento de estruturas de moradia e canal. Sítio Arqueológico do Morro de Santo Antônio (Mata-Cavalos). Mariana/MG.
Elaboração (Fev/2007): Vantuir Rodrigues dos Santos (Topógrafo).
E=661850 m
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
N=7744650 m
8,
26
0
,3
13
CT=978.50
CT=979.35 EDIFICAÇÃO
112.55m²
N=7744637,5 m
8,
8
49
,7
13
CT=979.08
CT=978.99
CT=975.57
CT=978.60
N=7744625 m
CT=974.14
CT=977.03
LAVRA
766.34m²
N=7744612,5 m
CT=969.47
CT=974.79
CT=973.49
CT=971.14
1 ,8
3
CT=975.14 N=7744600 m
CT=971.55
Detalhamento de estruturas de lavra e edificação. Sítio Arqueológico do Morro de Santo Antônio (Mata-Cavalos). Mariana/MG.
Elaboração (Fev/2007): Vantuir Rodrigues dos Santos (Topógrafo).
E=661937,5 m
E=661950 m
E=661987,5 m
E=662000 m
CT=976.99
6
22,2
14,8
4,52
CT=977.63
8
CT=976.88 TERRACO 1 N=7744662,5 m
299.33m²
CT=974.77
86
9,
9,9
CT=977.21
2
TERRACO 2
115.04m² CT=975.06
S
,49
LO
6,3
ICU
20
CASA 5
7
N T N=7744650 m
42.53m² MO
6 ,1
0
5
7,0
ENTRADA DE GALERIA
CAIXA D'AGUA
112.68m2
225.00m3
CT=971.52
2 ,8
9
LOS
T ICU
N
MO
CT=971.38
Detalhamento de estruturas de caixa d’água e edificação. Sítio Arqueológico do Morro de Santo Antônio (Mata-Cavalos). Mariana/MG.
Elaboração (Fev/2007): Vantuir Rodrigues dos Santos (Topógrafo).
LEGENDA
BARRANCO
MURO / PAREDE
E=661912,5 m
E=661900 m
E=661950 m
E=661937,5 m
CT=971.38
CT=971.76
N=7744612,5 m
CT=971.39
CT=968.17
CT=968.28 28, 1
8
4,62
0
3, 3
N=7744600 m
2,86
3, 8
4
CAIXA D'AGUA 2
CT=963.17
N=7744587,5 m
Detalhamento de estrutura de caixa d’água. Sítio Arqueológico do Morro de Santo Antônio (Mata-Cavalos). Mariana/MG.
Elaboração (Fev/2007): Vantuir Rodrigues dos Santos (Topógrafo).
LEGENDA
BARRANCO
10,
03
N=7744562,5 m
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
REPRESA
8,80
5,06 N=7744550 m
11
,24
TANQUES DE LAVAGEM
N=7744537,5 m
90
6,
75
9,
11
,44
REPRESA
N=7744525 m
0
95
Detalhamento de estrutura de represa. Sítio Arqueológico do Morro de Santo Antônio (Mata-Cavalos). Mariana/MG.
Elaboração (Fev/2007): Vantuir Rodrigues dos Santos (Topógrafo).
Represa
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Mundéus
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Página 143 de 282 ABR
DOSSIÊ DE TOMBAMENTO | CONJUNTO PAISAGÍSTICO E ARQUEOLÓGICO | MORROS SANTANA E SANTO ANTÔNIO 2008
Sítio Arqueológico Coordenada Estrutura Comentários Descrição
Morro de Santo Antônio 964m 4ª Estrada de cavaleiro
661719 rente ao rego
7744487
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
Unidade de habitação
FOTO: Henrique Piló (fev. 2008).
Muro de arrimo
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Muro
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
Estrada Voçoroca
FOTOS: Henrique Piló (mar. 2007).
Página 151 de 282 ABR
DOSSIÊ DE TOMBAMENTO | CONJUNTO PAISAGÍSTICO E ARQUEOLÓGICO | MORROS SANTANA E SANTO ANTÔNIO 2008
Sítio Arqueológico Coordenada Estrutura Comentários Descrição
Morro de Santo Antônio 992m 17 Ao fundo vista da Mina Imensa lavra
662425 da Passagem
7745414
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
Ruínas de parede
FOTO: Henrique Piló (fev. 2008).
E=662550 m
E=662575 m
E=662600 m
15,9
N=7745600 m
9
3,8
7
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
N=7745575 m
31,
31
8,1 4,
2 52
6,2
5
5,1
6,4
7 4,6
3
1
IGREJA
343.66m²
18
IGREJA
,34
211.23m²
12
12
11
N=7745550 m ,24
,63
,87
7,8
10
4
,87
5,7 12
7 ,3 9
8,4
7
SARILHO
N=7745525 m
PRACA
1
,5
1981.79m²
60
1002,73
1003,00
SARILHO
1002,89
SARILHO 1002,98
N=7745500 m
1003,57
SARILHO
Detalhamento de ruína da Igreja de Santo Antônio. Sítio Arqueológico do Morro de Santo Antônio (Mata-Cavalos). Mariana/MG.
Elaboração (Fev/2007): Vantuir Rodrigues dos Santos (Topógrafo).
IRRADIACOES MORRO STO ANTONIO
IGREJA DE SANTO ANTONIO
PONTO NORTE ESTE COTA
1 662618.3308 7745608.7035 997.6540
2 662613.6122 7745593.4235 999.8573
3 662611.0420 7745585.8915 1000.3355
4 662607.5499 7745577.5689 1000.4576
5 662604.8190 7745570.3408 1000.4238
6 662602.7776 7745564.9692 1001.4050 LEGENDA
7 662601.1119 7745560.2184 1000.7563
BARRANCO
8 662597.2758 7745552.8962 1001.3275
9 662593.6527 7745544.9284 1002.7680 MURO / PAREDE
10 662589.8659 7745535.4647 1002.5544
11 662581.9976 7745538.6183 1003.7971 RUINA - VESTIGIO DE PAREDE
12 662569.7016 7745545.2273 1003.7378
13 662577.3252 7745561.2450 1003.3551 CANAL E SENTIDO DE FLUXO
14 662580.3043 7745566.7356 1001.7925
LAVRA
15 662587.7334 7745563.3872 1002.5273
16 662567.2969 7745546.1896 1003.7517 895
CURVAS DE NÍVEL
17 662561.6197 7745549.0696 1002.3387
18 662552.7584 7745536.0869 1001.8946
IGREJA
19 662543.3170 7745522.4614 1002.0033
20 662531.5130 7745505.3143 1002.8482
PERÍMETRO DE TOMBAMENTO
21 662527.8058 7745498.1367 1003.5724 PERÍMETRO DE ENTORNO
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Sítio Arqueológico Coordenada Estrutura Comentários Descrição
Morro de Santo Antônio 966m 21 Praça da antiga Igreja
662607 de Santo Antônio.
7745544 Cemitério. Grande muro
de arrimo
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Represa
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
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Sítio Arqueológico Coordenada Estrutura Comentários Descrição
Morro de Santo Antônio 977m 23 Grande represa.
662957 Sistema de escoamento
7746002 de água
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Muro Canal
FOTOS: Henrique Piló (mar. 2007).
Barragem
FOTOS: Henrique Piló (mar. 2007).
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Sítio Arqueológico Coordenada Estrutura Comentários Descrição
Morro de Santo Antônio 896m 28 Local onde existe uma Muro de pedra
662889 pedreira de quartzito
7745214 recente
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Muro de pedra
FOTO: Henrique Piló (mar. 2007).
O perímetro tombado foi delimitado focando-se cada morro, em particular, como área de tombamento
específica, considerando-se os elementos de interesse paisagístico, histórico, de arqueologia histórica e
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cultural de cada um, a saber: áreas de recarga do aqüífero local (topos de morro); nascentes;
remanescentes de campo rupestre e cerrado; área de ocorrência de formações geológicas de antiga
extração aurífera; ruínas representativas da atividade minerária de então e de como se dava a ocupação
humana daquele sítio, assim como das suas manifestações culturais e religiosas. A inclusão desses
elementos nas áreas tombadas será fator de preservação da integridade paisagística, arqueológica,
hidrográfica e biológica desses ambientes.
O perímetro de tombamento do Morro de Santana tem início em P1, localizado na Cachoeira do Fundão,
no Bairro de Santana, na cota altimétrica de 900 m, nas coordenadas x=662546 e y=7748981; de P1
segue-se na direção Sudeste pela linha da cota altimétrica de 900m até o ponto P2 (x=663715 e
y=7746953) localizado próximo à Lagoa Seca; de P2 segue-se na direção Noroeste pela barragem que
forma a citada lagoa, até seu encontro com a cota de 1000 m, onde é localizado P3 (x=662930 e
y=7747944); de P3 segue-se a cota de 1000 m até P4 (x=662524 e y=7747793), rumo Oeste,
localizado sobre o desfiladeiro do Mata-Cavalos; de P4 segue-se pela primeira cota abaixo da cumeeira
(interflúvio entre as sub-bacias do Rio Canela – direção Sudoeste e do Ribeirão Mata-Cavalos – direção
Norte), em direção ao topo, onde é localizado P5 (x=662367 e y=7748099); o topo acha-se localizado
entre o desfiladeiro do Mata-Cavalos NW-SE e Córrego do Fundão W-E; de P5 segue-se direto para P6
(x=661862 e y=7748502), no sentido Noroeste, em direção ao talvegue do Córrego do Fundão; de P6
segue-se o curso do Córrego do Fundão para P7 (x=662546 e y=7748981), rumo Nordeste, que coincide
com P1, na Cachoeira do Fundão, onde teve início esta descrição.
O perímetro de tombamento do Morro de Santo Antônio tem início em P1’, localizado na estrada da
mineração próximo à Estação Ferroviária de Passagem de Mariana, no distrito de mesmo nome, na cota
altimétrica de 850 m, nas coordenadas x=661257 e y=7744526; de P1’ segue-se para P2’ por trilha
existente, na direção Norte, até o ponto P2’, próximo ao topo, de coordenadas x= 661358 e y=7744526;
de P2’ segue-se rumo Nordeste pela cota altimétrica de 900 m por sobre a cumeeira, onde é localizado
P3’ no encontro entre a cota 850 m com a linha férrea, de coordenadas x=662512 e y=7745754; de P3’
segue-se pelo trilho da ferrovia até P4’, de coordenadas x=662877 e y=7746425, rumo Nordeste,
localizado próximo ao encontro do Ribeirão Mata-Cavalos com o Ribeirão do Carmo, onde há uma
mudança de rumo na direção da linha férrea, para a direção Sudeste; continuando lindeiro aos trilhos o
limite do perímetro encontra P5’, de coordenadas x=663294 e y=7746021, no interflúvio entre as sub-
bacias do Córrego Seco e do Ribeirão do Carmo; de P5’ segue-se rumo Sudoeste sobre à linha férrea, até
o encontro dos trilhos com a cota altimétrica de 930 m, de onde segue-se direto na direção oeste para
P6´, coincidente com P1’, ponto onde teve início esta descrição.
Pelos pontos acima descritos foram delimitados os perímetros de tombamento do Morro de Santana
(poligonal fechada P1P7), contemplando uma área de aproximadamente 131,70 ha e do Morro de
Santo Antônio (poligonal fechada P1’P6’) com uma área estimada em 131,16 ha. Estes perímetros
estão representados no mapa seguinte, em escala gráfica.
A determinação dos limites das áreas de tombamento partiu das referências obtidas na inspeção técnica
considerando-se os marcos hidrográficos, de relevo e de ocupação/exploração antrópicas. Estão incluídos
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nos perímetros os vestígios que configuram sítios arqueológicos, excluindo-se as áreas já ocupadas, cujas
estruturas encontram-se em avançado estágio de degradação/descaracterização (como nas proximidades
do Bairro Vila Gogô e da ruína denominada “hospital”). O perímetro também abarca trechos em que não
há vestígios de estruturas, mas que necessitam de proteção e diretrizes para a preservação da ambiência
desses sítios.
Para a área do Morro de Santana partiu-se da Cachoeira do Fundão, localizada no córrego de mesmo
nome e nela traçando o ponto norte/inicial de demarcação das referências, por se tratar de marco
hidrográfico de caráter relativamente permanente. Prosseguiu-se no sentido horário, margeando a área já
ocupada do Morro, tendo em vista respeitar o limite área urbana / área do tombamento. A Lagoa Seca
(lago artificial) foi considerada como marco sudeste por seu reconhecimento amplo na comunidade. O
marco geomorfológico representado pelo grande desfiladeiro do Mata-Cavalos constitui-se o traçado do
limite de sul/sudoeste. Deste ponto traçou-se a delimitação do limite oeste/norte percorrendo o vale do
Córrego do Fundão, por si uma delimitação natural de territórios. Concluiu-se dessa forma o polígono de
tombamento.
Para área do Morro de Santo Antônio o marco inicial foi traçado ao sul do polígono no ponto do início da
trilha de acesso ao bem, próximo à Estação Ferroviária, referência esta que demarca o limite da área
urbanizada do distrito de Passagem de Mariana. Prosseguiu-se, também, no sentido horário. Como
segundo marco utilizou-se o limite da área de mineração de quartzito com as ruínas das antigas
minerações de ouro, por se tratar de área de exploração minerária outorgada por órgão competente.
Obedeceu-se o declive abrupto do vale do Córrego Seco como marco geomorfológico da linha oeste da
delimitação e a linha férrea como marco norte, seguindo o seu traçado até o marco inicial.
O perímetro de entorno da área tombada fica delimitado pelos pontos abaixo descritos, formados pela
poligonal fechada E1E12, representada no mapa da próxima página, em escala gráfica, e contempla uma
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O perímetro tem início em E1, nas coordenadas x=662654 e y=7749055, localizado na Cachoeira do
Gogô, encontrada na bacia do Córrego do Fundão, no Bairro de Santana; de E1 segue-se rumo Sudeste
para E2 (x=664089 e y=7747716) pela cota 800 m, margeando a área urbana até as proximidades do
Bairro do Rosário no distrito sede de Mariana; de E2 segue-se por interflúvio rumo sudoeste em direção a
E3 (x=0663896 e y=7747231) próximo à nascente existente; de E3 segue-se primeiramente o interflúvio
que margiea a área urbana e depois pela linha de cota 840 m, em direção à E4 (x=663991 e
y=7746512), ao sul de E3, quando do encontro da linha férrea com o Rio do Carmo, de E4 toma-se a
direção sudoeste seguindo interflúvio na vertente da margem direita do Ribeirão do Carmo até E5
(x=663297 e y=7744599) localizado no topo dessa vertente; de E5 segue-se margeando a área urbana
do distrito de Passagem de Mariana na direção oeste até E6 (x=661036 e y=7747346), localizado na
Estação Ferroviária de Passagem de Mariana; de E6 toma-se o rumo nordeste direto até E7 que localiza-
se próximo à mineração de quartzito nas coordenadas x=661322 e y=7744916; de E7 segue-se na
margem direita do Córrego Seco na direção norte-nordeste até E8 (x=662369 e y=7745769) situado
sobre a linha férrea, próxima à Cachoeira da Bombassa; de E8 a E9 (x=662357 e y=7746672) toma-se o
rumo norte pelos trilhos até seu encontro com o Córrego do Mata-Cavalos; de E9 continua-se no rumo
norte no caminho do trem até o encontro do desfiladeiro do Mata-Cavalos com a linha férrea onde está
E10 que tem as coordenadas x= 662461 e y=7747294; de E10 a E11 segue-se rumo norte–noroeste
pelo interflúvio dos córregos Fundão e Seco após margear o desfiladeiro citado, até as nascentes do
Córrego do Fundão onde está E11 (x= 661389 e y=7748185); desse ponto toma-se a direção norte pela
cota 800 m e depois nordeste pelo interfluvio da margem esquerda do Córrego do Fundão até E12, sendo
que este coincide com E1, ponto onde teve início esta descrição.
E1=E12
E11
E2
E3
E10
E9 E4
E8
E7
E5
E6
ruína da igreja adjacente e a torre de antiga Usina de Cloretação, configurando um parque de arqueologia
industrial, separado das áreas tombadas somente pelo vale do Rio do Carmo, marco hidrográfico
considerado patrimônio natural e cultural do município. Apesar de não pertencer aos sítios arqueológicos
presentemente estudados, a inclusão desta área de exploração posterior à das áreas tombadas visou o
estabelecimento de diretrizes específicas para sua proteção.
Ao traçar o polígono do entorno ao tombamento foram observados os critérios de integração dos bens
tombados e de proteção dos mesmos, preservando-os especialmente da ocupação predatória assim como
criando referências para a ambiência e salvaguarda das estruturas ali contidas.
O traçado seguiu o sentido horário, partindo-se da Cachoeira do Gogô marco hidrográfico ao norte,
margeando a área urbana a leste e por sobre a margem direita do Rio do Carmo no topo da vertente que
o margeia. Ao sul, o limite respeitou a área já urbanizada do distrito de Passagem de Mariana e à oeste a
mineiração de quartizito, o trilho ferroviário e o desfiladeiro do Mata-Cavalos.
O perímetro de entorno das áreas tombadas, englobando a somatória da Área I de tombamento do Morro
Santana e a Área II de tombamento do Morro Santo Antônio, como também aquelas relativas à
integração dessas (desfiladeiro do Córrego do Mata-Cavalos e o seu encontro com o Ribeirão do Carmo),
perfaz um total de 816 ha. Foi assim delimitado tendo-se em vista: categorizar o patrimônio natural e
cultural em questão; assegurar a permanência dos recursos naturais nela encontrados preservando o
refúgio da sua biodiversidade, inibindo a ocupação descontrolada e dando às gerações futuras herança
ecológica e cultural a ser desfrutada; pretende-se, também, contribuir na construção da qualidade sócio-
ambiental da vida das comunidades locais.
As intervenções observadas em ambas as áreas estão relacionadas à utilização das mesmas de maneira
indiscriminada e predatória (animais de tração percorrendo soltos; vandalismo na procura de ouro,
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mesmo nos dias atuais; lixo atirado nas trilhas e no interior das ruínas; queimadas predatórias, dentre
outras). Visando preservar, recuperar e garantir a conservação das áreas tombadas do Morro de Santana
e de Santo Antônio foram traçadas as seguintes recomendações e diretrizes de intervenção19:
• Regulamentar a atividade de ecoturismo que vem sendo desenvolvidas pela iniciativa privada no Morro
Santo Antônio, incluindo a apresentação do Plano de Gestão para aprovação do IPHAN;
• Proibir a instalação de quaisquer intervenções que destoem das características dos sítios tombados,
tais quais antenas de rádio, celular, de transmissão e de televisão, outdoors e construções, a exceção
da Igreja de Santana a ter sua reconstrução avaliada pelos órgãos competentes;
• Elaboração de um Plano de Manejo para a área tombada, no prazo máximo de 5 anos, visando
estabelecer os tipos de usos e ações para cada setor que as compõem, levando em consideração os
elementos arqueológicos, arquitetônicos, etnohistóricos, bióticos e físicos. Na fase dos estudos deste
Plano de Manejo deverá ser prevista a topografia pormenorizada envolvendo mapeamento de todas as
estruturas em superfície, tendo em vista que muitas estruturas de baixa visibilidade se encontram
esmaecidas pela vegetação rasteira ou sedimento sotoposto;
19
A área tombada do Morro de Santo Antônio está incluída na Zona de Interesse de Proteção Ambiental estabelecida pelo Plano Diretor
Urbano Ambiental (Lei Complementar 016 / 2004) e sujeita às diretrizes de tal legislação.
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• Deve ser previsto um projeto emergencial de contenção de processos erosivos em algumas localidades
da área tombada e monitoramento de raízes que podem comprometer a integridade de algumas
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• Também devem ser desestimuladas e esclarecidas as ações relacionadas à demolição das paredes das
edificações, incluindo a coleta esporádica de blocos de rocha para construção de alicerces,
principalmente no Bairro Gogô, que parece ocorrer ainda com maior incidência. No entanto, caso não
haja um maior empenho na realização de medidas de proteção deste conjunto indicadas neste dossiê,
os conjuntos de ruínas continuarão a sofrer danos de origem antrópica e natural, conforme apontado
no Capítulo 12: Laudo de Estado de Conservação;
Na área de entorno de tombamento uma das principais diretrizes faz parte da própria legislação ambiental
brasileira, em especial do Código Florestal (Lei n° 4.771, de 15 de setembro de 1965), que define as
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áreas de preservação permanente (APP’s). Sendo assim a vegetação deve ser preservada: em um raio de
50 m ao redor de todas as nascentes; nas margens ao longo dos cursos d’água de até 10 m em uma faixa
de 30 m de largura; nos topos de morros, montes, montanhas e serras; e, nas encostas ou partes destas,
com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive. Isso envolve impedir
qualquer tipo de uso nas áreas acima citadas. Preservando a vegetação natural são garantidas: a
atenuação de erosão; a proteção do sítio natural; o asilo da fauna e da flora, a conexão de áreas
preservadas e a formação de corredores ecológicos; a manutenção da perenidade dos recursos hídricos;
além de trazer a condição de bem-estar público. Para tanto foram traçadas as recomendações para a área
de entorno, a saber:
• Criação de APA - Área de Proteção Ambiental abrangendo as matas do Carijó e Lamounier tendo em
vista a preservação da biodiversidade;
• Especificamente sobre o conjunto C, composto por: Capela dos Ingleses, Cemitério dos Ingleses e
Usina de Cloretação, devem ser estabelecidas ações emergenciais de proteção do mesmo. O estado
atual deste conjunto é extremamente preocupante, decorrente, sobretudo, da falta de vigilância e
manutenção das suas estruturas por parte de seus atuais proprietários. Será necessária vigilância
permanente das estruturas, impedindo a continuidade da dilapidação das mesmas. O Programa de
Educação Patrimonial deverá contemplar a história e a importância da proteção deste conjunto,
focalizando a importância histórica destas edificações, sobretudo, junto aos moradores de Passagem de
Mariana e do Bairro Prainha.
FICHA DE INVENTÁRIO
11.1. Patrimônio Arqueológico
01. MUNICÍPIO Mariana
10. INFORMAÇÕES Segundo Ferrand20, foram os paulistas Antônio Dias, Thomas Lopes de Camargo, Francisco
HISTÓRICAS DO Bueno da Silva e o padre João de Faria Fialho os primeiros a descobrir ouro na região de
SÍTIO Ouro Preto em 1699, 1700 e 1701. Em virtude da coloração do metal, excessivamente
escura, deram a serra que o continha o topônimo de ouro preto.
Segundo Antonil22 apesar da curta distância entre as duas regiões auríferas, o caminho
bastante fechado dificultava o acesso inicial à região. Gastava-se, na verdade “três dias de
caminho moderado até o jantar” para se chegar ao Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo,
que, segundo ele, teria sido descoberto por João Lopes de Lima.
A extração mineral nesse período tinha caráter bastante rudimentar. Com o esgotamento
das reservas de ouro aluvionar, as explotações foram transferidas para as montanhas, onde
as atividades extrativas se mostravam bem mais onerosas. Neste período, procurou-se
aplicar os mesmos métodos utilizados nos rios, fazendo aberturas no solo e em rochas
alteradas, cujo material era transportado para a lavação e apuração em bateias junto ao
rio.
20
FERRAND, 1988.
21
ESCHWEGE, 1979, p.29.
22
ANTONIL, 1982.
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“No princípio, esses homens, desprovidos de todos os meios,
extraíam o ouro entrando na água para remexer as areias com
estacas afiadas, que recolhiam em seguida em pequenos
recipientes, pratos de estanho ou gamelas de madeira, nos quais
separavam os grãos de ouro com os dedos, rejeitando em seguida
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Outro sistema, surgido posteriormente ao da bateia era o de desvio dos cursos de água por
barragem e canal lateral, consistindo em desviar as águas do leito principal do rio, abrindo
um canal lateral dirigindo assim, as águas para este novo leito construído. Desta forma, os
mineradores começavam seus trabalhos no leito seco do rio. Como as represas eram
construídas de modo bastante rudimentar, estas cediam com freqüência, afogando assim os
trabalhadores. Como o cascalho aurífero do leito dos rios era bastante superficial, com seu
esgotamento era natural a mudança da explotação para as margens do rio. Tendo em vista
que esses depósitos possuem a mesma origem dos rios,
A forma mais primitiva para o tratamento dessas camadas de aluviões eram as catas,
escavações redondas, abertas em forma de funil, com inclinação suficiente para evitar um
possível desabamento para o interior, e que sua abertura se alarga à medida em que se
aprofunda. Este método só era aplicado nas estações secas, tendo em vista que as chuvas
inundavam os trabalhos, inviabilizando-os.
Com o esgotamento do ouro de mais fácil exploração foi necessário emprego de tecnologia
para a realização dos trabalhos nos flancos das montanhas. Esses trabalhos eram aplicados
às rochas friáveis ou decompostas, atravessadas pelos filões de quartzo aurífero. O método
aplicado por esses mineradores era o de utilizar as águas como auxiliar na lavagem do
terreno e evidenciação do minério aurífero. Para isso, era necessário seu acúmulo em
reservatórios nas partes mais altas da exploração. Quando se abria a porta do reservatório,
as águas eram lançadas abruptamente pelo terreno, arrastando e carreando terras e pedras
até um canal inferior, e assim era dirigido para grandes reservatórios de alvenaria,
chamados mundéus, destinados a recolher as lamas auríferas.
23
FERRAND, 1988, p.98.
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Situavam-se no pé dos mundéus, com fundo formado por lajes e grandes blocos de pedras.
O trabalho na canoa compreendia duas fases distintas sendo que na primeira, acumulava-
se a massa aurífera na caixa, fazendo a passar por um processo de limpeza e na segunda
fase executava-se a concentração da massa, separando a parte rica e o resto passando
sobre as mesas, onde as parcelas pesadas eram retiradas. Estes depósitos iam diretamente
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para a apuração, mas as areias concentradas nas canoas não eram suficientemente finas
para delas se extrair o ouro; visando este fim, sofriam uma pulverização complementar,
sendo esfregadas fortemente entre duas pedras, denominadas brunidores.
A área da ruína da Capela de Santana tem sido utilizada anualmente por romeiros por
ocasião da festa de Santana, havendo demanda no sentido de construção de uma capela no
local. Está exposta na prefeitura uma maquete inspirada em fotos do antigo templo
demonstrando o anseio da comunidade em construir uma réplica da antiga igreja.
Lideranças comunitárias atuam como verdadeiros guardiões da história e das estruturas ali
contidas. Fragmentos de utensílios e de peças foram coletados ao longo do tempo nas
ruínas, e atualmente, são guardadas pela associação comunitária local.
Alguns casos foram relatados pelos entrevistados principais, antigos moradores do Gogô,
como os senhores Otávio Moreira (77 anos), José Cesário Moraes (60 anos) e Ariceto David
de Moreira (72 anos). Segundo eles, a falecida Sra. Jovita Pereira Neves dizia que os
antigos escravos do Morro de Santana, no final do dia, balançavam a cabeça no cofre da
Igreja do Rosário viabilizando a sua construção com as pepitas ali ocultadas. Histórias de
24
FERRAND, 1988, p.105.
25
FERRAND, 1988, p.111.
26
Jornal Estado de Minas. Belo Horizonte, 18/06/2004.
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espíritos, fantasmas e objetos que se deslocavam sozinhos também fazem parte dos
“causos” relativos ao Morro de Santana.
Do mesmo modo, são mencionados pelos moradores os surtos de doenças contagiosas que
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ocorreram, sobretudo no século XIX, em toda a região. No Morro de Santana quem não
morria de doenças contagiosas era enterrado no cemitério da Capela de Santana. Havia um
outro cemitério, conhecido como “Cemitério das Bexigas” situado na parte baixa do Morro,
próximo da ruína conhecida por “hospital”. A doença “bexigas” também era conhecida como
“catapora brava” ou “bolhas”. Segundo os entrevistados, enterrava-se nesta época, os
doentes terminais ainda vivos impedindo o alastramento de doenças, que aterrorizavam
toda a população.
Possui afloramentos rochosos, principalmente de rochas quartzito em seu topo. Este possui
forma aplainada e é marcado por desfiladeiro íngreme de aproximadamente 50 metros de
desnível. O clima na área é classificado como Tropical de Altitude. A temperatura anual
média no município fica em torno de 18ºC, sendo a média das máximas anual de 30ºC e a
média das mínimas anual de 12 ºC, resultando em uma amplitude térmica anual em torno
de 18ºC. A precipitação média anual varia em torno de 1.800m.
A área foi extremamente explorada na retirada de ouro nos últimos três séculos o que
descaracterizou o solo, os afloramentos de rocha e a vegetação que se observavam
naturalmente no local. Em seu entorno imediato, na borda oeste, localizam-se as Matas dos
Carijós e Mata do Lamounier, as quais constituem refúgio para a fauna local.
O limite oeste da área é feito pelo Córrego do Fundão que constituí manancial hídrico de
abastecimento de alguns bairros do município de Mariana e, por se tratar de trecho
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A área da ruína da Capela de Santana tem sido utilizada anualmente por romeiros por
ocasião da Festa de Santana, havendo demanda no sentido de reconstrução de uma réplica
da capela original. Alguns moradores, antigos garimpeiros, mantêm a tradição de percorrer
a área com crianças da escola local com o intuito de preservar a memória da atividade.
Ainda que de maneira incipiente, ocorre algum tipo de atividade minerária em busca de
ouro. Há, também, extração de material lenhoso por parte de alguns moradores da
circunvizinhança.
O conjunto de ruínas existentes no Morro de Santana (ou Gogô) fora identificado no Plano
Diretor Municipal (2003) que previu a proteção do Bairro Vila Gogô evitando, assim, focos
de expansão urbana naquela localidade.
Foi possível estabelecer uma tipologia geral das estruturas, distribuindo-as por sua vez, em
planta de situação, por meio de uma legenda de cores e formas com o objetivo de
representar graficamente a ocorrência dos tipos. Houve casos também de existir uma única
amostra do tipo, desta forma, esta seria conseqüentemente o seu único modelo. Dentro de
alguns tipos, foi também possível estabelecer, uma variedade interna ou sub-tipos. Foi o
que aconteceu com os mundéus – identificados em formato retangular, ovóides e semi-
circulares, aproveitando, neste último caso, a curvatura do terreno ou ravinas.
A retirada de telhas e madeiras das edificações parece ter sido muito usual para fins de
construção civil por parte da comunidade dos bairros vizinhos, muitos, inclusive,
consideram-se herdeiros naturais das benfeitorias, por serem descendentes dos antigos
moradores destas localidades. Segundo moradores locais, muitas edificações foram total ou
parcialmente destruídas, pois era comum procurar ouro que poderia ter sido enterrado ou
escondido em algumas frestas de parede pelos antigos escravos que ali trabalhavam ou
moravam.
16. INTERVENÇÕES Com o objetivo de inventariar todo o sítio em questão, levando em consideração o tamanho
ARQUEOLÓGICAS da área do Morro de Santana (131,70 ha) foi necessário o auxílio de um guia local, que
/ ATIVIDADES conhecesse bem todos os acessos aos conjuntos históricos, compostos por estruturas de
DESENVOLVIDAS baixa, média e alta visibilidade. Nesta oportunidade de convívio com os guias, foi possível
coletar preciosas informações orais, sobretudo sobre o uso e funcionamento das estruturas
remanescentes, e, no caso de algumas moradias, seus últimos habitantes.
A localização exata das estruturas e conjuntos principais no Morro de Santana foi realizada
com o auxílio de um GPS. Como apoio em campo, também foram utilizadas ortofotos, fotos
de satélite e cartas topográficas.
Após o mapeamento e distribuição das estruturas por zonas ou áreas e avaliação prévia do
estado de conservação das mesmas, foi possível estabelecer uma tipologia geral das
estruturas, distribuindo-as por sua vez, em planta de situação, por meio de uma legenda de
cores e formas com o objetivo de representar graficamente a grande variedade,
potencialidade e complexidade das estruturas arqueológicas contidas no perímetro. Bom
lembrar, que algumas estruturas encontram-se em condições de baixa visibilidade por
apresentarem, de fato, pequenas dimensões ou por já estarem em avançado estado de
degradação, podendo assim não ter sido identificadas nesta fase, apesar dos esforços da
equipe em rastrear toda a área.
Obviamente, não seria possível plotar com GPS, por exemplo, todos os buracos de sarilhos
ou estruturas móveis como brunidores, mesmo porque isto demandaria uma limpeza quase
que total de todo o sítio histórico, tendo em vista que muitas estruturas de baixa
visibilidade se encontram esmaecidas pela vegetação rasteira ou sedimento sotoposto. Na
fase dos estudos para o Plano de Manejo da área deverá ser prevista a topografia
pormenorizada envolvendo mapeamento de todas as estruturas em superfície.
A partir destas avaliações, foi possível estabelecer as medidas de conservação para a área.
Ficou notório, tendo em vista a riqueza de informações e estruturas, a necessidade de um
Plano de Manejo emergencial para esta área, visando estabelecer os tipos de usos e ações
para cada setor que a compõe, levando em consideração os elementos arqueológicos,
arquitetônicos, etnohistóricos, bióticos e físicos. Sem dúvida alguma, nenhuma ação a ser
estabelecida poderá ser eficaz ou bem executada se desenvolvida sem a participação e
colaboração, desde a sua fase inicial, das comunidades locais. Por isto, ações ligadas à
educação patrimonial são fundamentais para o sucesso de uma política cultural que se
propõe proteger e valorizar, neste caso, este importante e magnífico patrimônio cultural
existente no Morro de Santana.
17. MEDIDAS DE As intervenções observadas na área estão relacionadas à utilização das mesmas de maneira
CONSERVAÇÃO indiscriminada e predatória (animais de tração percorrendo soltos; vandalismo na procura
de ouro, mesmo nos dias atuais; lixo atirado nas trilhas e no interior das ruínas; queimadas
predatórias, dentre outras). Visando preservar, recuperar e garantir a conservação do sítio
arqueológico do Morro de Santana foram traçadas as seguintes recomendações e diretrizes
de intervenção:
- Fomentar pesquisas históricas e arqueológicas que assegurem a continuidade de um
processo sistemático de estudo, discussão, resgate e preservação do patrimônio;
- Implantar sistema de obtenção de dados relativos ao clima, flora, monitoramento de
fauna e de qualidade das águas, que permitam diagnósticos precisos e dinâmicos das
condições da região e do bem. Ressalta-se a necessidade de estudos complementares para
fornecer informações mais precisas sobre a situação ecológica da comunidade de aves e
orientar trabalhos de manejo visando à conservação das espécies presentes. Ressalta-se,
também, a importância de estudos complementares para os anfíbios principalmente devido
às dinâmicas populacionais de algumas espécies e a urgente preservação da área
amostrada;
- Evitar o avanço da ocupação humana no Morro Santana;
- Elaboração de um Plano de Manejo para a área, visando estabelecer os tipos de usos e
ações para cada setor que as compõem, levando em consideração os elementos
arqueológicos, arquitetônicos, etnohistóricos, bióticos e físicos. Na fase dos estudos deste
Plano de Manejo deverá ser prevista a topografia pormenorizada envolvendo mapeamento
de todas as estruturas em superfície, tendo em vista que muitas estruturas de baixa
visibilidade se encontram esmaecidas pela vegetação rasteira ou sedimento sotoposto;
- Impedir/desestimular a instalação de atividade de turismo, em razão dos elevados riscos
de acidentes, mantendo-se apenas aquelas voltadas para o turismo pedagógico e pesquisa
científica. Elaboração de trilhas interpretativas e capacitação de pessoal local para a
realização dessa atividade. Qualquer projeto de cunho eco-turístico em sítio arqueológico,
que se pretenda, futuramente, deverá ser anteriormente diagnosticado, discutido e
aprovado pelo IPHAN, impreterivelmente, devendo estar previsto no Plano de Manejo da
área e seu entorno;
- Proibir qualquer tipo de extração mineral ou vegetal;
- Recuperar a vegetação nativa da área;
- Realizar o plantio de mudas de espécies nativas nas nascentes;
Vista do desfiladeiro do Mata-Cavalos com afloramento Vegetação de mata nas encostas próximas à Mata dos
rochoso e antigos túneis de mineração. Carijós.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008). FOTO: Rachel Starling (fev. 2007).
Vista da Lagoa Seca. Aspecto dos solos antropizados pela atividade mineradora.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2007). FOTO: Rachel Starling (fev. 2007).
Aspecto rochoso do interior de antiga galeria de extração Formação de espeleotema no interior de galeria.
de ouro. FOTO: Rachel Starling (fev. 2007).
FOTO: Rachel Starling (fev. 2007).
Área de retirada de quartzito às margens do Córrego do Registro utilizado na captação e distribuição de água do
Fundão. manancial do Córrego do Fundão.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008). FOTO: Rachel Starling (fev. 2007).
10. INFORMAÇÕES Segundo Ferrand27, foram os paulistas Antônio Dias, Thomas Lopes de Camargo, Francisco
HISTÓRICAS DO Bueno da Silva e o padre João de Faria Fialho os primeiros a descobrir ouro na região de
SÍTIO Ouro Preto em 1699, 1700 e 1701. Em virtude da coloração do metal, excessivamente
escura, deram a serra que o continha o topônimo de ouro preto.
Segundo Antonil29 apesar da curta distância entre as duas regiões auríferas, o caminho
bastante fechado dificultava o acesso inicial à região. Gastava-se, na verdade “três dias de
caminho moderado até o jantar” para se chegar ao Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo,
que, segundo ele, teria sido descoberto por João Lopes de Lima.
A extração mineral nesse período tinha caráter bastante rudimentar. Com o esgotamento
das reservas de ouro aluvionar, as explotações foram transferidas para as montanhas, onde
as atividades extrativas se mostravam bem mais onerosas. Neste período, procurou-se
aplicar os mesmos métodos utilizados nos rios, fazendo aberturas no solo e em rochas
alteradas, cujo material era transportado para a lavação e apuração em bateias junto ao
rio.
27
FERRAND, 1988.
28
ESCHWEGE, 1979, p.29.
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Outro sistema, surgido posteriormente ao da bateia era o de desvio dos cursos de água por
barragem e canal lateral, consistindo em desviar as águas do leito principal do rio, abrindo
um canal lateral dirigindo assim, as águas para este novo leito construído. Desta forma, os
mineradores começavam seus trabalhos no leito seco do rio. Como as represas eram
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construídas de modo bastante rudimentar, estas cediam com freqüência, afogando assim os
trabalhadores. Como o cascalho aurífero do leito dos rios era bastante superficial, com seu
esgotamento era natural a mudança da explotação para as margens do rio. Tendo em vista
que esses depósitos possuem a mesma origem dos rios,
“...era bastante natural que, quando estes últimos começaram a
se esgotar, os mineradores fossem atraídos para os mesmos,
procurando o metal que tinham tanta dificuldade para recolher em
outras partes, tanto mais que sua explotação era relativamente
mais fácil que a dos rios, cujo curso era preciso desviar para
extrair o cascalho. Bastava, de fato, para isso, retirar as camadas
de terra e de saibro que cobriam o cascalho virgem formado de
seixos maiores.”31
A forma mais primitiva para o tratamento dessas camadas de aluviões eram as catas,
escavações redondas, abertas em forma de funil, com inclinação suficiente para evitar um
possível desabamento para o interior, e que sua abertura se alarga à medida em que se
aprofunda. Este método só era aplicado nas estações secas, tendo em vista que as chuvas
inundavam os trabalhos, inviabilizando-os.
Com o esgotamento do ouro de mais fácil exploração foi necessário emprego de tecnologia
para a realização dos trabalhos nos flancos das montanhas. Esses trabalhos eram aplicados
às rochas friáveis ou decompostas, atravessadas pelos filões de quartzo aurífero. O método
aplicado por esses mineradores era o de utilizar as águas como auxiliar na lavagem do
terreno e evidenciação do minério aurífero. Para isso, era necessário seu acúmulo em
reservatórios nas partes mais altas da exploração. Quando se abria a porta do reservatório,
as águas eram lançadas abruptamente pelo terreno, arrastando e carreando terras e pedras
até um canal inferior, e assim era dirigido para grandes reservatórios de alvenaria,
chamados mundéus, destinados a recolher as lamas auríferas.
“Os mundéus, geralmente encostados no flanco de uma montanha
vizinha da explotação, eram grandes reservatórios retangulares ou
semi circulares. Mediam internamente até 16 metros, e mesmo 24
metros de lados. Tinham 3 a 6 metros de profundidade, com
paredes de quase dois metros de espessura, em alvenaria de
blocos de pedra simplesmente cimentados com uma mistura de
argila e areia. Eram dispostos em série, uns ao lado de outros, e
com ligeiro desnível, em função do canal lateral que levava as
águas carregadas de lamas auríferas para os mesmos, por um
escoadouro colocado em saliência no meio da parede do fundo,
um pouco acima do reservatório.”32
O processo de concentração das areias e terras auríferas era feito submetendo-se estas a
uma corrente de água em lavadores manuais. Estes lavadouros eram chamados canoas e
tinham como função reter as parcelas pesadas em mesas com telas ou baetas, situadas
após os mesmos. A canoa era de instalação simples, consistindo em um poço pouco
profundo feito no local onde se queria lavar as areias. Estas canoas também podiam ser
29
ANTONIL, 1982.
30
FERRAND, 1988, p.98.
31
FERRAND, 1988, p.105.
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construídas em pedras, quando o processo de lavação era executado no mesmo local.
Situavam-se no pé dos mundéus, com fundo formado por lajes e grandes blocos de pedras.
O trabalho na canoa compreendia duas fases distintas sendo que na primeira, acumulava-
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Apenas quando da chegada da família real no Brasil e da abertura dos portos “às nações
amigas” é que foram elaboradas diretrizes para o re-incremento da produção aurífera da
região. Em 1811, Wilhelm Ludwig Von Eschwege é enviado a Minas no intuito de estudar as
formas de minerar e introduzir técnicas mais produtivas. Em 1803, através do Alvará de 03
de maio, proibi-se a circulação do ouro em pó, substituto da moeda em transações
comerciais e reduz-se o quinto à metade, em uma tentativa de diminuir a sonegação e
incentivar a produção mineral. Em 1822, após a independência do Brasil, com a liberação
da explotação para empresas estrangeiras, toma-se um novo rumo na extração do metal
aurífero nas minas.34
Esta nova fase teria início, na verdade, pouco antes, em 1817, com a criação da Sociedade
Mineralógica de Passagem, organizada por Eschwege. Este teria sido o momento da
transformação da mineração na Mina da Passagem de garimpo para a primeira atividade
empresarial organizada. Em 1824, Edward Oxenford obteve por meio de decreto imperial,
autorização para realizar trabalhos em minas brasileiras, o que permitiu que ele
organizasse em Londres uma companhia com capital de 350.000 libras esterlinas, com o
nome de Imperial Brazilian Mining Association, a primeira companhia de capital estrangeiro,
que era proprietária das minas de Gongo Soco, Cata Preta, Antônio Pereira, além das terras
auríferas da Serra do Socorro.35
A Lavra do Fundão era composta de 76 datas minerais e também era formada por várias
concessões dadas no período de 1735 a 1778 a diferentes mineradores. Foram agrupadas
por um minerador que, em 1835 as revendeu ao comendador Francisco de Paula Santos.
Este formou uma associação denominada Sociedade União Mineira. Foi comprada em 1850
por Thomas Bawden e Antônio Buzelin e depois revendida à Anglo-Brazilian Gold Mining
Company Limited, juntamente com a Mina da Mineralógica.
A Lavra do Paredão possuía uma superfície de 12 datas. Alvo de várias concessões datadas
de 1758 a Antônio Mendes da Fonseca, passou às mãos da família Martins Coelho e
posteriormente foi vendida à Anglo-Brazilian Gold Mining Company Limited, no mesmo
período das duas anteriores. A companhia inglesa se apossou das três lavras em 26 de
novembro de 1863 e em 30 de setembro de 1865, adquiriu a lavra de Mata-Cavalos.
(FERRAND, 1988)
32
FERRAND, 1988, p.111.
33
FERRAND, 1988, p.114.
34
FÉLIX, 1988, p.57-59.
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Esta empresa operou a mina durante nove anos, tendo produzido neste período, 753.560
gramas de ouro. Em 1875 a mina foi vendida a um sindicato francês que criou a empresa
The Ouro Preto Gold Mine Company, tendo sido vendida em 1895 à Companhia Minas de
Passagem, uma empresa brasileira de propriedade da família Guimarães. Esta foi a época
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No Morro de Santo Antônio, existem as ruínas de uma capela que possivelmente teria sido
a primeira edificação religiosa da região, erigida no período inicial de sua ocupação. Em
Instituições de Igrejas no Bispado de Mariana (1945), de Cônego Raimundo Trindade, autor
de suma importância e grande credibilidade, tem-se o relato da construção das capelas de
Mariana, inclusive de uma que acredita-se tratar da capela do Morro de Santo Antônio.
Construída a expensas de um devoto, a capelinha servia de abrigo de animais fora dos
tempos de missa. Segundo tal citação37 pode realmente se tratar das atuais ruínas da igreja
do Morro de Santo Antônio pois, segundo o Padre Manuel Braz Cordeiro, não haveria
quando de sua ida à região, nenhuma outra capela que não fosse esta. Como se sabe, o
povoamento inicial da atual cidade de Mariana se deu através dos morros em torno do
Ribeirão do Carmo, local onde atualmente se encontram as ruínas da igreja. Através de
informações orais não foi possível obter nenhum dado que dê credibilidade ou desabone
esta hipótese.
11. ACERVO E/OU Companhia Minas da Passagem
FIEL
DEPOSITÁRIO
12. DESCRIÇÃO O Morro de Santo Antônio está localizado na porção oeste do município de Mariana (MG),
próximo ao limite com o município de Ouro Preto (MG), na sub-bacia do Rio do Carmo,
bacia do Rio Doce. A área possui aproximadamente 131,16 ha, com altitudes que variam de
800 a 1000 metros. Está inserida no Quadrilátero Ferrífero representando a estrutura
geológica do Anticlinal Mariana, e constitui-se uma dobra aberta, normal, com caimento de
eixo suave para SE (Nalini Jr. Et al. 1992).
Possui afloramentos rochosos, principalmente de rochas quartzito em seu topo. Este possui
forma aplainada e é marcado por desfiladeiro íngreme de aproximadamente 50 metros de
desnível. O clima na área é classificado como Tropical de Altitude. A temperatura anual
média no município fica em torno de 18ºC, sendo a média das máximas anual de 30ºC e a
média das mínimas anual de 12 ºC, resultando em uma amplitude térmica anual em torno
de 18ºC. A precipitação média anual varia em torno de 1.800m. A cobertura vegetal da
região é de transição entre mata atlântica e cerrado, encontrando-se nos topos dos morros
remanescentes de campos rupestre e nas encostas e fundos de vale a formação de mata.
Entretanto, devido às intervenções antrópicas, existem poucas porções contínuas dessa
mata, havendo o predomínio campos rupestres e áreas em regeneração.
A área foi extremamente explorada na retirada de ouro nos últimos três séculos o que
descaracterizou o solo, os afloramentos de rocha e a vegetação que se observavam
naturalmente no local. Foram observados inúmeros antigos túneis de mineração associados
aos buracos de sarilho (túneis verticais de respiração). O trecho ferroviário entre Ouro
Preto e Mariana pertencente à Cia. Vale do Rio Doce (com 18 km de extensão) tem um de
seus segmentos como marco de delimitação do conjunto. O sítio está inserido em zona
urbana (distrito de Passagem de Mariana) próximo a Estação Ferroviária de Passagem de
Mariana e não há qualquer restrição ao seu uso. É utilizada principalmente como área de
turismo ecológico explorada pela iniciativa privada. Existe o uso da para pastagem de
animais, mesmo apresentando algum risco de acidentes, devido a ocorrência de buracos de
sarilho, muitas vezes encobertos pela vegetação. Há, também,
35
FERRAND, 1988, p.164.
36
FERRAND, 1988, p.232.
37
TRINDADE, 1945, p.139 a 141.
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extração de material lenhoso por parte de alguns moradores da circunvizinhança.
Foi possível estabelecer uma tipologia geral das estruturas, distribuindo-as por sua vez, em
planta de situação, por meio de uma legenda de cores e formas com o objetivo de
representar graficamente a ocorrência dos tipos. Houve casos também de existir uma única
amostra do tipo, desta forma, esta seria conseqüentemente o seu único modelo. Dentro de
alguns tipos, foi também possível estabelecer, uma variedade interna ou sub-tipos. Foi o
que aconteceu com os mundéus – identificados em formato retangular, ovóides e semi-
circulares, aproveitando, neste último caso, a curvatura do terreno ou ravinas.
Vale ressaltar que o Sítio Arqueológico do Morro de Santo Antônio, possivelmente é um dos
maiores e mais expressivos sítios da história da mineração do Estado de Minas Gerais.
13. PROTEÇÃO LEGAL Tombamento Municipal: Decreto nº. 4.481 de 28 de fevereiro de 2008.
Ressalta-se que a área foi submetida à exploração mineral, principalmente ouro, por mais
de três séculos, o que justifica o estado regular de preservação das rochas expostas. Foi
observada em área da divisa do entorno ao bem extração de quartzito. Os solos foram
desconfigurados devido à atividade minerária ali empreendida. O tipo de erosão/movimento
de massa mais freqüente é o deslizamento. A compactação dos solos também é observada,
haja vista a presença de eqüinos.
Os problemas verificados nos recursos hídricos estão localizados na área de entorno ao bem
Morro de Santo Antônio, sendo esses o assoreamento em alguns trechos do leito do Rio do
Carmo e Córrego Seco devido à retirada de areia de seu leito.
As trilhas que permeiam toda a área apresentam-se bem conservadas não sendo observada
erosão significativa em seus traçados, e apresentam médio a baixo risco de acidente em
razão dos poucos buracos de sarilho e galerias/túneis, especialmente aqueles encobertos
por vegetação, que localizam-se no entrono imediato das trilhas já existentes.
A retirada de telhas e madeiras das edificações parece ter sido muito usual para fins de
construção civil por parte da comunidade dos bairros vizinhos, muitos, inclusive,
consideram-se herdeiros naturais das benfeitorias, por serem descendentes dos antigos
moradores destas localidades. Segundo moradores locais, muitas edificações foram total ou
parcialmente destruídas, pois era comum procurar ouro que poderia ter sido enterrado ou
escondido em algumas frestas de parede pelos antigos escravos que ali trabalhavam ou
moravam.
16. INTERVENÇÕES Com o objetivo de inventariar todo o sítio em questão, levando em consideração o tamanho
ARQUEOLÓGICAS da área do Morro de Santo Antônio (131,16 ha) foi necessário o auxílio de um guia local,
/ATIVIDADES que conhecesse bem todos os acessos aos conjuntos históricos, compostos por estruturas
DESENVOLVIDAS de baixa, média e alta visibilidade.
A localização exata das estruturas e conjuntos principais no Morro de Santo Antônio foi
realizada com o auxílio de um GPS. Como apoio em campo, também foram utilizadas
ortofotos, fotos de satélite e cartas topográficas.
Após o mapeamento e distribuição das estruturas por zonas ou áreas e avaliação prévia do
estado de conservação das mesmas, foi possível estabelecer uma tipologia geral das
estruturas, distribuindo-as por sua vez, em planta de situação, por meio de uma legenda de
cores e formas com o objetivo de representar graficamente a grande variedade,
potencialidade e complexidade das estruturas arqueológicas contidas no perímetro. Bom
lembrar, que algumas estruturas encontram-se em condições de baixa visibilidade por
apresentarem, de fato, pequenas dimensões ou por já estarem em avançado estado de
degradação, podendo assim não ter sido identificadas nesta fase, apesar dos esforços da
equipe em rastrear toda a área.
Obviamente, não seria possível plotar com GPS, por exemplo, todos os buracos de sarilhos
ou estruturas móveis como brunidores, mesmo porque isto demandaria uma limpeza quase
que total de todo o sítio histórico, tendo em vista que muitas estruturas de baixa
visibilidade se encontram esmaecidas pela vegetação rasteira ou sedimento sotoposto. Na
fase dos estudos para o Plano de Manejo da área deverá ser prevista a topografia
pormenorizada envolvendo mapeamento de todas as estruturas em superfície.
Em seguida, foi possível estabelecer quais eram as melhores amostras de cada tipo
estabelecido, focalizando e registrando-as como modelos neste estudo. Os critérios para
definição das amostras-tipo foram: estado de conservação, morfologia, tecnologia de
fabricação ou peculiaridades, de modo geral. Houve casos também de existir uma única
amostra do tipo, desta forma, esta seria conseqüentemente o seu único modelo. Dentro de
alguns tipos, foi também possível estabelecer, uma variedade interna ou sub-tipos. Foi o
que aconteceu com os mundéus – identificados em formato retangular, ovóides e semi-
circulares, aproveitando, neste último caso, a curvatura do terreno ou ravinas.
A partir destas avaliações, foi possível estabelecer as medidas de conservação para a área.
Ficou notório, tendo em vista a riqueza de informações e estruturas, a necessidade de um
Plano de Manejo emergencial, visando estabelecer os tipos de usos e ações para cada setor
que a compõe, levando em consideração os elementos arqueológicos, arquitetônicos,
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etnohistóricos, bióticos e físicos.
Sem dúvida alguma, nenhuma ação a ser estabelecida poderá ser eficaz ou bem executada
se desenvolvida sem a participação e colaboração, desde a sua fase inicial, das
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comunidades locais. Por isto, ações ligadas à educação patrimonial são fundamentais para o
sucesso de uma política cultural que se propõe proteger e valorizar, neste caso, este
importante e magnífico patrimônio cultural existente no Morro de Santo Antônio.
17. MEDIDAS DE As intervenções observadas na área estão relacionadas à utilização das mesmas de maneira
CONSERVAÇÃO indiscriminada e predatória (animais de tração percorrendo soltos; vandalismo na procura
de ouro, mesmo nos dias atuais; lixo atirado nas trilhas e no interior das ruínas; queimadas
predatórias, dentre outras). Visando preservar, recuperar e garantir a conservação do sítio
arqueológico do Morro de Santo Antônio foram traçadas as seguintes recomendações e
diretrizes de intervenção:
- Fomentar pesquisas históricas e arqueológicas que assegurem a continuidade de um
processo sistemático de estudo, discussão, resgate e preservação do patrimônio;
- Implantar sistema de obtenção de dados relativos ao clima, flora, monitoramento de
fauna e de qualidade das águas, que permitam diagnósticos precisos e dinâmicos das
condições da região e do bem. Ressalta-se a necessidade de estudos complementares para
fornecer informações mais precisas sobre a situação ecológica da comunidade de aves e
orientar trabalhos de manejo visando à conservação das espécies presentes. Ressalta-se,
também, a importância de estudos complementares para os anfíbios principalmente devido
às dinâmicas populacionais de algumas espécies e a urgente preservação da área
amostrada;
- Evitar o avanço da ocupação humana no Morro de Santo Antônio;
- Regulamentar a atividade de ecoturismo que vem sendo desenvolvidas pela iniciativa
privada no Morro Santo Antônio, incluindo a apresentação do Plano de Gestão para
aprovação do IPHAN;
- Elaboração de um Plano de Manejo para a área, visando estabelecer os tipos de usos e
ações para cada setor que as compõem, levando em consideração os elementos
arqueológicos, arquitetônicos, etnohistóricos, bióticos e físicos. Na fase dos estudos deste
Plano de Manejo deverá ser prevista a topografia pormenorizada envolvendo mapeamento
de todas as estruturas em superfície, tendo em vista que muitas estruturas de baixa
visibilidade se encontram esmaecidas pela vegetação rasteira ou sedimento sotoposto;
- Proibir qualquer tipo de extração mineral ou vegetal;
- Recuperar a vegetação nativa da área;
- Realizar o plantio de mudas de espécies nativas nas nascentes;
- Proibir a instalação de quaisquer intervenções que destoem das características do sítio,
tais quais antenas de rádio, celular, de transmissão e de televisão, outdoors e construções;
- Deve ser previsto um projeto emergencial de contenção de processos erosivos em alguns
trechos e monitoramento de raízes que podem comprometer a integridade de algumas
paredes de alvenaria de pedra;
- Também devem ser desestimuladas e esclarecidas as ações relacionadas à demolição das
paredes das edificações, incluindo a coleta esporádica de blocos de rocha para construção
de alicerces. Caso contrário, os conjuntos de ruínas continuarão a sofrer danos de origem
antrópica e natural;
- Priorizar um Programa de Educação Patrimonial/Ambiental, como componente da política
cultural municipal, que esclareça sobre a importância de se valorizar a memória e o
patrimônio arqueológico existente na área e seu entorno. Este programa deverá envolver,
sobretudo, as comunidades locais, professores, alunos, lideranças comunitárias, incluindo
funcionários da Prefeitura responsáveis pela área de cultura;
- Estabelecimento de diretrizes para o controle específico da atividade de extração de
quartizito existente no entorno do sítio;
- Impedir a atividade de extração de areia desenvolvida clandestinamente na área de
entorno, principalmente, no leito do Córrego do Mata-Cavalos.
18. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E DOCUMENTAIS:
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ORAIS:
José Maurício. Entrevista, dez/2006.
Vista panorâmica do limite norte do Morro de Santo Vista de ruínas preservadas próximas à área urbana.
Antônio. FOTO: Rachel Starling (fev. 2007).
FOTO: Rachel Starling (fev. 2007).
Área de abatimento observado no Morro de Santo Antônio Antigo buraco de sarilho hoje exposto.
localmente denominada “Ferradura”. FOTO: Rachel Starling (fev. 2007).
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
Vista do entorno do Morro de Santo Antônio no encontro Aspecto dos solos entre as ruínas e linha férrea, ao
entre o Córrego do Mata-Cavalos e o Rio do Carmo. fundo.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2007). FOTO: Rachel Starling (fev. 2007).
Moradores dos arredores do Morro de Santana coletaram nos últimos anos objetos e fragmentos de
utensílios no piso de algumas de suas ruínas. Estes foram reunidos por lideranças comunitárias do Bairro
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
Gogô.
Com o objetivo de organizar e contextualizar este acervo material foi realizado um inventário de cada
peça visando uma descrição geral, incluindo fotografias detalhadas. No entanto, não foi possível recuperar
informações relativas à localidade exata onde cada peça foi encontrada ou a época em que estas teriam
sido coletadas.
Trata-se de uma coleção heterogênea, composta por peças de moinho de fubá, além de fragmentos de:
vidros, louça branca, utensílios de cerâmica vitrificada, cabocla, cachimbos de escravos com vários
motivos decorativos, tinteiro em grés, etc. Há também peças metálicas como cravo, dobradiça, medidas
de pesar o ouro e balança. Vale a pena também destacar um cadinho esculpido na canga, um copo e uma
garrafa inteiros, de cerâmica esmaltada.
Todas as peças foram devidamente embaladas e numeradas pela equipe e organizadas em caixas. Esta
coleção encontra-se sob guarda provisória da Associação Comunitária do Gogô. Conforme já exposto,
espera-se que esta coleção possa ser objeto de um projeto museológico e museográfico em um espaço
destinado a valorizar o patrimônio e a história dos Morros de Santana e Santo Antônio.
FICHA DE INVENTÁRIO
FICHA DE INVENTÁRIO
FICHA DE INVENTÁRIO
FICHA DE INVENTÁRIO
FICHA DE INVENTÁRIO
FICHA DE INVENTÁRIO
FICHA DE INVENTÁRIO
FICHA DE INVENTÁRIO
FICHA DE INVENTÁRIO
FICHA DE INVENTÁRIO
FICHA DE INVENTÁRIO
FICHA DE INVENTÁRIO
FICHA DE INVENTÁRIO
FICHA DE INVENTÁRIO
FICHA DE INVENTÁRIO
FICHA DE INVENTÁRIO
FICHA DE INVENTÁRIO
FICHA DE INVENTÁRIO
FICHA DE INVENTÁRIO
FICHA DE INVENTÁRIO
FICHA DE INVENTÁRIO
FICHA DE INVENTÁRIO
FICHA DE INVENTÁRIO
FICHA DE INVENTÁRIO
FICHA DE INVENTÁRIO
01. MUNICÍPIO Mariana
10. DESCRIÇÃO A cachoeira se encontra no alto curso do Córrego do Fundão. Está inserida em área urbana
próxima ao Bairro de Santana. A mata ciliar encontra-se bem preservada com densa
vegetação de porte arbóreo. Encontra-se à montante da Cachoeira do Gôgo. A Cachoeira do
Fundão é composta por 01 (uma) queda d´água estimada em 10 (dez) metros de altura e
que dá origem a um poço. Há pequeno barramento feito de pedras, sacos de areia e pneus
com o intuito de aumentar a profundidade do poço para uso de lazer pela população local.
A cachoeira se apresenta em vale encaixado, com paredões de quartzito em ambos os
lados, de aproximadamente 12 metros, escalonados. Foi constatada presença de vegetação
junto ao substrato rochoso, tal como: espécies de samambaias, liquens e árvores, que se
desenvolvem nos encaixes entre as camadas de rocha.
11. USOS Não há restrições quanto ao uso deste sítio natural. É utilizado como ponto de recreação e
lazer da família proprietária e da comunidade local. Anteriormente o trecho no qual a
cachoeira se insere fora largamente utilizado na extração de ouro.
12. ASPECTOS A Cachoeira do Fundão está localizada no vale do Córrego do Fundão, na sub-bacia do Rio
FÍSICOS do Carmo, bacia do Rio Doce. Está inserida na unidade geomorfológica do Quadrilátero
Ferrífero. O clima na área é classificado como Tropical de Altitude. A temperatura anual
média no município fica em torno de 18ºC, sendo a média das máximas anual de 30ºC e a
média das mínimas anual de 12 ºC, resultando em uma amplitude térmica anual em torno
de 18ºC. A precipitação média anual varia em torno de 1.800m. A cobertura vegetal da
região é de transição entre mata atlântica e cerrado.
13. PROTEÇÃO LEGAL APP – Área de Proteção Permanente - SNUC
EXISTENTE
14. PROTEÇÃO LEGAL Inventário
PROPOSTA
15. GRAU DE O sítio possui um grau razoável/bom de integridade por ser utilizado como equipamento de
INTEGRIDADE lazer local e por apresentar mata ciliar preservada. A vegetação conta com um grau bom de
integridade.
16. ANÁLISE DO GRAU O grau razoável/bom de integridade da Cachoeira do Fundão se deve ao cuidado
DE INTEGRIDADE dispensado pelo proprietário/responsável na manutenção e manejo da área. Sua principal
/ FATORES DE restrição encontra-se nas condições do seu único acesso especialmente pela travessia
DEGRADAÇÃO precária do córrego e mesmo pela alta declividade da trilha.
17. MEDIDAS DE Fomento à conservação do local através de orientação técnica ao proprietário.
CONSERVAÇÃO
18. REFERÊNCIAS ALMEIDA, F.F.M. e HASUI, Y. (org.). 1984. O Pré-Cambriano do Brasil. São Paulo:
Edgard Blücher Ed.
CETEC-Fundação Centro Tecnológico De Minas Gerais. 1983. Diagnóstico Ambiental do
Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte, Série de Publicações Técnicas, 158p.
EMBRAPA. 1999. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Brasília: Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária.
Fapemig. Departamento de Geologia, Escola de Minas, UFOP. Ouro Preto, Minas Gerais,
2000. 90 p.
SUGUIO, K. 1999. Geologia do Quaternário e Mudanças Ambientais. Passado +
Presente = Futuro? São Paulo, Paulo’s Comunicação e Artes Gráficas. 366p.
VELOSO, Henrique Pimenta. Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um
sistema universal. Henrique Pimenta Veloso, Antônio Lourenço rosa Rangel filho, Joge
Carlos alves Lima. Rio de Janeiro: IBGE, Departamento de Recursos Naturais e Estudos
Ambientais. IBGE. Rio de Janeiro, 1991. 124 p.
VILELA, Renata Alvarenga. Estudo da Microporosidade do Minério Compacto da Mina
do Tamanduá (Q.F., MG) e suas Implicações Metalúrgicas. UFOP. Ouro Preto Minas
Gerais, 2001. 83 p.
Vista frontal da Cachoeira do Fundão. Queda de aproximadamente 15 metros. Mata ciliar parcialmente preservada.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2007).
Vista das rochas quartzíticas e margem direita do Detalhe do pequeno barramento feito de sacos de
Córrego do Fundão, no trecho da Cachoeira do Fundão. linhagem pedras e pneus.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2007). FOTO: Rachel Starling (fev. 2007).
Trilha de acesso à Cachoeira do Fundão recoberta por Travessia improvisada por sobre o Córrego do Fundão,
cacos de quartzito. acesso à cachoeira de mesmo nome.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2007). FOTO: Rachel Starling (fev. 2007).
Margem direita do Córrego do Fundão no trecho da Trecho a jusante do poço da Cachoeira do Fundão.
cachoeira, detalhe das rochas quartziticas. FOTO: Rachel Starling (fev. 2007).
FOTO: Rachel Starling (fev. 2007).
10. DESCRIÇÃO A cachoeira se encontra no alto curso do Córrego do Fundão. Está inserida em área urbana
próxima ao Bairro de Santana. A mata ciliar encontra-se bem preservada com densa
vegetação de porte arbóreo. Encontra-se à jusante da Cachoeira do Fundão. A Cachoeira do
Gogô é composta por 02 (duas) quedas d´água seqüenciais, sendo a primeira queda
estimada em 3 (três) metros de altura e a segunda queda de aproximadamente 05 (cinco)
metros, que dão origem a um único poço. A cachoeira se apresenta em vale encaixado,
com paredões de quartzito em ambos os lados. Na margem direita foi observado abrigo
natural em quartzito, antes utilizado como área de retirada de ouro. Este possui
aproximadamente 5 metros de altura por 6 metros de largura e 8 metros de profundidade
me declividade positiva.
11. USOS Não há restrições quanto ao uso deste sítio natural. É utilizado como ponto de recreação e
lazer da família proprietária e da comunidade local. Anteriormente o trecho no qual a
cachoeira se insere fora largamente utilizado na extração de ouro.
12. ASPECTOS A Cachoeira do Gogô está localizada no vale do Córrego do Fundão, na sub-bacia do Rio do
FÍSICOS Carmo, bacia do Rio Doce. Está inserida na unidade geomorfológica do Quadrilátero
Ferrífero. O clima na área é classificado como Tropical de Altitude. A temperatura anual
média no município fica em torno de 18ºC, sendo a média das máximas anual de 30ºC e a
média das mínimas anual de 12 ºC, resultando em uma amplitude térmica anual em torno
de 18ºC. A precipitação média anual varia em torno de 1.800m.A cobertura vegetal da
região é de transição entre mata atlântica e cerrado.
13. PROTEÇÃO LEGAL APP - Área de Preservação Permanente.
EXISTENTE
14. PROTEÇÃO LEGAL Inventário
PROPOSTA
15. GRAU DE O sítio possui um grau razoável/bom de integridade por ser utilizado como equipamento de
INTEGRIDADE lazer local e por apresentar mata ciliar preservada. A vegetação conta com um grau bom de
integridade.
16. ANÁLISE DO GRAU O grau razoável/bom de integridade da Cachoeira do Gogô se deve ao cuidado dispensado
DE INTEGRIDADE pelo proprietário/responsável na manutenção e manejo da área. Sua principal restrição
/ FATORES DE encontra-se nas condições do seu único acesso pela alta declividade da trilha.
DEGRADAÇÃO
17. MEDIDAS DE Fomento à conservação do local através de orientação técnica ao proprietário.
CONSERVAÇÃO
Vista da segunda queda da Cachoeira do Gogô. Abrigo natural em quartzito localizado na margem
FOTO: Rachel Starling (fev. 2007). direita do Córrego do Fundão.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2007).
__________________________________________
__________________________________________
Henrique Piló
__________________________________________
Estado de Conservação
EXPOSIÇÕES ROCHOSAS Ruim
Bom Regular
Necessitando intervenção
Rochas empilhadas ricas em ferro que eram utilizadas na Afloramento rochoso no desfiladeiro do Mata Cavalos porção
fabricação de ferramentas em fundição no Morro de Santana. sudoeste da área do Morro de Santana. Observam-se saídas
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008). de antigos túneis de mineração.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
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DOSSIÊ DE TOMBAMENTO | CONJUNTO PAISAGÍSTICO E ARQUEOLÓGICO | MORROS SANTANA E SANTO ANTÔNIO 2008
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
Rochas empilhadas ricas em ferro que eram utilizadas na Área de extração de quartzito (Pedra de São Tomé) às
fabricação de ferramentas em fundição no Morro de Santana. margens do Córrego do Fundão.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008). FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
Área de extração de quartzito (Pedra de São Tomé) às Camadas de quartzito (Pedra de São Tomé) no interior
margens do Córrego do Fundão. do túnel.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008). FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
Estado de Conservação
Ruim
RELEVO Bom Regular
necessitando intervenção
Vista da porção sudoeste do Morro de Santana, em Topo aplainado do Morro de Santana, vista sudeste.
topo plano. FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
Estado de Conservação
COBERTURA VEGETAL Ruim
Bom Regular
necessitando intervenção
Detalhe da mata de encosta de porte arbóreo e densa. Morro de Santana. Espécie típica de cerrado de porte arbustivo.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008). FOTO: Patrícia Pereira (nov. 2006).
Estado de Conservação
SOLOS Ruim
Bom Regular
necessitando intervenção
Solos antropizados pela atividade minerária Morro de Santana. Inicio do processo de ravinamento no Morro
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008). de Santana.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
Estado de Conservação
RECURSOS HÍDRICOS Ruim
Bom Regular
necessitando intervenção
Leito 100% - -
Águas subterrâneas sendo captadas das antigas galerias e Vista da Lagoa Seca e vegetação de cerrado em
ou túneis de mineração de ouro Morro de Santana. regeneração.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008). FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
Vista da Cachoeira do Gogô no Morro de Santana. Lixo observado às margens da Lagoa Seca.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008). FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
Estado de Conservação
INFRA-ESTRUTURA Ruim
Bom Regular
necessitando intervenção
Trilhas bem delimitadas de acesso ao Morro de Santana. Trilhas encobertas por vegetação constituindo
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008). elevado risco de acidentes.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
Bom Regular
necessitando intervenção
Qualidade 100% - -
Vista do Bairro do Rosário acesso ao Morro de Santana. Trecho da Rua B no Bairro de Santana.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008). FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
Vista parcial da MG 56, rodovia de acesso ao Bairro de Antiga estrada desativada que dava acesso ao bairro.
Santana. FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
Bom Regular
necessitando intervenção
38
Para facilitar a avaliação do estado de conservação do patrimônio arqueológico existente nos Morros de Santana e Santo Antônio,
suas áreas foram seccionadas em 5 conjuntos/setores principais de estruturas, baseando-se, sobretudo, em critérios espaciais, apesar
de existirem elementos históricos peculiares em cada um deles. Três conjuntos pertencem ao Morro de Santo Antônio: A) Parte baixa
(vertente Passagem de Mariana), B) Cume (antiga capela) e C) Setor Cia da Passagem (pertencente a perímetro de entorno). O Morro
de Santana, por sua vez, foi dividido em 2: D) Cume/vertente superior (“Arraial Velho”) e E) Meia/baixa vertente.
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ARQUEOLOGIA Incidência
SETOR D
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
Ações Naturais
Crescimento de
x
vegetação
Entupimento por
x
sujidades
Ações Antrópicas
Retirada de madeirame x
Demolição de alvenaria
x
de pedra
Ações Naturais
Crescimento de
x
vegetação
Entupimento por
x
sujidades
Ações Antrópicas
Os tabuados e estruturas dos telhados foram
retirados ou vendidos pelos moradores da região
Retirada de madeirame x
para reutilização na construção civil nos bairros
do entorno.
As telhas foram retiradas pelos moradores locais
Retirada de telhas x e reutilizadas a construção civil em localidades
próximas.
Algumas paredes de alvenaria de pedra foram
demolidas a procura de riquezas escondidas por
escravos, sobretudo ouro.
Demolição de alvenaria x
Demolição da Capela de
Santana x
Ações Antrópicas
Duas galerias da parte baixa do Gogô foram
exploradas nos últimos decênios, alterando parte
de sua estrutura original.
Exploração de galerias x
A área está inserida em zona urbana próxima ao Bairro de Santana. É utilizada principalmente como pastagem de
animais mesmo apresentando riscos de acidentes devido aos inúmeros buracos de sarilho, muitas vezes encobertos
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
pela vegetação. A Lagoa Seca, no extremo sul da área, é utilizada, também, como área de lazer para jogos de várzea e
piqueniques. O Córrego do Fundão ao norte da área é utilizado como fonte abastecimento hídrico do município de
Mariana. Tal córrego, por se tratar de trecho encachoeirado, possui diversas quedas d`água que são utilizadas para
lazer da comunidade local principalmente os moradores do Bairro Vila Gogô. Em suas margens observou-se extração
de quartzito (Pedra de São Tomé) feita artesanalmente por moradores locais. A prefeitura municipal mantém serviço
de manutenção e controle do manancial do Córrego do Fundão. A área da ruína da Capela de Santana tem sido
utilizada anualmente por romeiros por ocasião da festa de Santana, havendo demanda no sentido de reconstrução de
uma réplica da capela original. Alguns moradores, antigos garimpeiros, mantêm a tradição de percorrer a área com as
crianças da escola local no intuito de preservar a memória da atividade. Ainda que de maneira incipiente, ocorre algum
tipo de atividade minerária em busca de ouro. Há, também, extração de material lenhoso por parte de alguns
moradores da circunvizinhança.
CONCLUSÃO
Estado de Conservação
BEM NATURAL Ruim
Bom Regular
necessitando intervenção
__________________________________________
__________________________________________
Henrique Piló
__________________________________________
Estado de Conservação
EXPOSIÇÕES ROCHOSAS Ruim
Bom Regular
necessitando intervenção
Detalhe de antigo túnel de mineração de ouro. Morro de Extração de quartzito na divisa do entrono da área do
Santo Antônio. Morro de Santo Antônio.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008). FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
Extração intensiva de quartzito na divisa do entorno do Afloramento rochoso em bom estado de conservação.
Morro de Santo Antônio. FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
Detalhe de entrada de antiga galeria de extração de ouro. Afloramento rochoso sendo tomado por vegetação em
Morro de Santo Antônio. regeneração. Morro de Santo Antônio.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008). FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
Estado de Conservação
RELEVO Ruim
Bom Regular
necessitando intervenção
Morro residual do processo minerário ao qual a área foi Relevo suave ondulado com cristas ao fundo Morro de
submetida. Morro de Santo Antônio. Santo Antônio e mineração de quartzito.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008). FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
Relevo modificado pela ação antrópica. Morro de Santo Áreas de ocorrência de abatimentos e escorregamentos
Antônio. ocasionados provavelmente pela construção de inúmeros
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008). túneis. Morro de Santo Antônio.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
Estado de Conservação
COBERTURA VEGETAL Ruim
Bom Regular
necessitando intervenção
Pita. Vegetação localmente utilizada como matéria prima Aspecto do cerrado em regeneração em meio a pastagem.
para artesanato. Morro de Santo Antônio.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008). FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
Áreas de regeneração da vegetação próximas à entrada Vegetação densa no entorno da área de tombamento do
das antigas galerias. Morro de Santo Antônio. Morro de Santo Antônio.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008). FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
Estado de Conservação
SOLOS Ruim
Bom Regular
necessitando intervenção
Erosão do tipo demoiselle causada pela exposição do solo. Área próxima à MG-56, vista do Morro de Santo Antônio.
Morro de Santo Antônio. Movimento de massa (escorregamento).
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008). FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
Erosão. Ravinamento devido à compactação e exposição Lixo depositado em trilhas no Morro de Santo Antônio.
do solo. FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
Estado de Conservação
RECURSOS HÍDRICOS Ruim
Bom Regular
necessitando intervenção
Leito 100% - -
Área de retirada de areia no leito do Córrego Seco no Trecho do encontro entre o Córrego do Mata Cavalos e Rio
entorno da área tombada. do Carmo. O Rio do Carmo, neste trecho, encontra-se
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008). assoreado e sem mata ciliar em suas margens.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
Estado de Conservação
INFRA-ESTRUTURA Ruim
Bom Regular
necessitando intervenção
Trecho de trilha íngrime no Morro de Santo Antônio. Trilha/caminho bem marcado permitindo acesso de
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008). automóveis no topo do Morro de Santo Antônio.
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
Bom Regular
necessitando intervenção
Qualidade 100% - -
Trecho da linha férrea na porção noroeste da área do Passagem do trem no limite do Morro de Santo.
Morro de Santo Antônio. FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
FOTO: Rachel Starling (fev. 2008).
Bom Regular
necessitando intervenção
39
Para facilitar a avaliação do estado de conservação do patrimônio arqueológico existente nos Morros de Santana e Santo Antônio,
suas áreas foram seccionadas em 5 conjuntos/setores principais de estruturas, baseando-se, sobretudo, em critérios espaciais, apesar
de existirem elementos históricos peculiares em cada um deles. Três conjuntos pertencem ao Morro de Santo Antônio: A) Parte baixa
(vertente Passagem de Mariana), B) Cume (antiga capela) e C) Setor Cia da Passagem (pertencente a perímetro de entorno). O Morro
de Santana, por sua vez, foi dividido em 2: D) Cume/vertente superior (“Arraial Velho”) e E) Meia/baixa vertente.
Página 241 de 282 ABR
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ARQUEOLOGIA Incidência
SETOR A40
(Morro de Santo Observações
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
Ações Naturais
Erosão x
Crescimento de
x
vegetação
40
Na área de entorno deste Setor, delimitada pelo trilho do trem, vale a pena citar a existência da Estação Ferroviária de Passagem de
Mariana. Do outro lado do trilho, na área urbana também há a Capela do Passo e remanescentes de ruínas que compõem o conjunto
histórico desta vertente.
Página 242 de 282 ABR
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ARQUEOLOGIA Incidência
SETOR A
(Morro de Santo Observações
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
Ações Naturais
Entupimento por
x
sujidades
Ações Antrópicas
Demolição de alvenaria
x
de pedra
Antônio - Cume)
Ações Naturais
Crescimento de
x
vegetação
Antônio - Cume)
Ações Antrópicas
As telhas foram retiradas pelos moradores locais
Retirada de telhas x e reutilizadas a construção civil em localidades
próximas.
Algumas paredes de alvenaria foram demolidas a
procura de riquezas escondidas por escravos,
sobretudo ouro.
Demolição de alvenaria x
Ações Naturais
Crescimento de
x
vegetação
Entupimento por
x
sujidades
41
No entorno deste Setor, pode ser avistado do alto do Morro de Santana, um local denominado pelos moradores como “Quilombo Rei
do Mato”. Mas em função de se encontrar em propriedade privada, de difícil acesso, optou-se neste momento, por somente registrar
sua existência via informação oral.
Página 246 de 282 ABR
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ARQUEOLOGIA Incidência
SETOR C
(Morro de Santo Observações
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
Ações Antrópicas
As lápides foram retiradas das sepulturas.
Encontram-se encostadas, sendo que algumas
delas estão parcialmente quebradas.
Adulteração de túmulo x
Retirada de madeirame
x
e telhas
Retirada de material
x
metálico
Abalo da estrutura de
x
tijolos
Ações Antrópicas
Algumas estruturas internas da igreja foram
parcialmente destruídas. O alisar da porta lateral,
de cantaria, está caído na parte interna da capela.
Demolição de alvenaria
x
de pedra e de altar
Lixo x
USOS
A área está inserida em zona urbana (distrito de Passagem de Mariana) próxima à Estação Ferroviária de Passagem de
Mariana. É utilizada principalmente como área de turismo ecológico explorada pela iniciativa privada. O conjunto do
Setor A, é o que apresenta um melhor estado de conservação, sendo, inclusive o mais apto a um programa de
visitação pública controlada, caso seja decidido este tipo de atividade no Plano de Manejo a ser elaborado para a área
tombada. Existe ainda o uso para pastagem de animais, mesmo apresentando algum risco de acidentes, devido a
ocorrência de buracos de sarilho, muitas vezes encobertos pela vegetação. Há, também, extração de material lenhoso
por parte de alguns moradores da circunvizinhança.
CONCLUSÃO
Estado de Conservação
BEM NATURAL Ruim
Bom Regular
necessitando intervenção
CONCLUSÃO GERAL
Estado de Conservação
BEM NATURAL Ruim
Bom Regular
necessitando intervenção
O Morro de Santana (Área I) e o Morro de Santo Antônio (Área II) constituem-se, tanto individualmente
como em conjunto, em áreas de topos de concentração geológica de minérios, principalmente de ouro.
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
Este minério foi quase totalmente extraído no decorrer de aproximadamente 400 anos de exploração
desenvolvida de diversas formas na região do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais.
Do ponto de vista hidrográfico, por se tratar de topos de morro (declividades superiores a 45°, em alguns
trechos) estas são consideradas áreas de eminente recarga dos aqüíferos locais e, portanto, protegidas
pelo SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, Lei n. 9.985/2000. Diversas
nascentes foram observadas nas duas áreas de tombamento, notadamente na área do Morro de Santana,
as quais compõem fonte de abastecimento de diversos bairros do município (Córrego do Fundão, que
conta com barragem de abastecimento). A preservação desses corpos hídricos faz-se necessária, não só
pela fragilidade do ambiente, como também pela qualidade de vida local. A Lagoa Seca encontrada a
sudeste da Área I é hoje utilizada como espaço de lazer da população, principalmente dos moradores do
Bairro do Rosário.
Os vestígios históricos encontrados nestas duas áreas remontam a uma ocupação e exploração minerária
ocorrida desde o período de 1600, o que as inscreve como marco histórico do Estado de Minas Gerais e
nacional. As técnicas extrativas e as práticas dos ofícios estão nitidamente registradas no ambiente, haja
vista as inúmeras (mais de 100) minas subterrâneas e buracos de sarilhos (antigos túneis verticais
utilizados como entrada de ar e saída de minério), dentre outros vestígios.
Uma peculiaridade da área do Morro de Santana é existência das ruínas da antiga Igreja de Santana
(construção datada de 1712, demolida em 1968), havendo, inclusive, disposição da comunidade no
sentido de reivindicar a construção de uma réplica da igreja.
A proteção deste conjunto por meio do tombamento e delimitação precisa de seus perímetros será um
passo importante no que se refere a coibição ou minimização das principais ações que vem causando o
comprometimento da integridade de parte das estruturas que compõem este importante e peculiar sítio
histórico-arqueológico e arquitetônico.
Apesar dos muitos problemas identificados relativos a conservação dos seus cinco conjuntos
arqueológicos componentes, vale a pena ressaltar que se trata, possivelmente de um dos maiores e mais
expressivos sítios da história da mineração do Estado de Minas Gerais.
Artigos e Livros
ABREU, Capistrano de. Caminhos Antigos e Povoamento do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
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FIGUEIREDO, Luciano Raposo de Almeida & CAMPOS, Maria Verônica (Coords.) Códice Costa Matoso:
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da Costa Matoso sendo ouvidor geral das do Ouro Preto, de que tomou posse em fevereiro de
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Jornais
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Boletim Eclesiástico. Mariana, n.5, maio de 1913. (Arquivo da Cúria de Mariana).
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Documentos e Outros
PLANO Diretor Urbano Ambiental de Mariana (Lei Complementar 016 / 2004). Mapa base da Prefeitura e
entorno da sede de Mariana. Mariana: Prefeitura Municipal, 2003.
16 PARECER DO CONSELHO
21 TEXTOS DA IMPUGNAÇÃO
22 TEXTOS DA CONTRA-IMPUGNAÇÃO
24 DECRETO DE TOMBAMENTO
MEMÓRIA ARQUITETURA L T D A.
Rua Grão Pará, 85/1301 Santa Efigênia
Belo Horizonte / MG cep 30.150.340
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA . SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Rua Direita nº 91/93 . Centro . 35.420-000 . (31) 3558.2315
Execução
LEVANTAMENTO Alenice Baeta – Arqueóloga e Historiadora Dez/2006
Gustavo Leite – Biólogo
Henrique Piló – Arqueólogo e Historiador
Hilário Figueiredo – Historiador
José Maurício – Morro de Santo Antônio
Lélio Pedrosa Mendes – Chefe do Dep. de Patrimônio Histórico
Lílian Afonso – Bióloga
Patrícia Pereira – Arquiteta Urbanista
Rachel Albuquerque – Geógrafa
Rogério Tobias – Historiador
Salvador Alves de Freitas – Morro de Santana (Bairro Vila Gogô)
Vantuir Rodrigues dos Santos – Topógrafo
O Grupo Memória Arquitetura agradece a gentileza da comunicação de possíveis falhas e/ou omissões
verificadas neste documento.