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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


FACULDADE DE PSICOLOGIA
ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA – ABORDAGEM COMPORTAMENTAL –
PROF.: SANDRA BERNADETE DA SILVA MOREIRA

ROTEIRO PARA DIAGNÓSTICO COMPORTAMENTAL (*)


(Baseado em Kanfer & Saslow, 1976)

I. Análise Inicial da Situação-Problema

1. Levantamento do Repertório inadequado - Separar os comportamentos trazidos como queixa


pelo cliente
2. Levantamento do repertório comportamental não-problemático – reservas comportamentais
(“pontos fortes”)
3. Detectar as inter-relações entre os itens do repertório
4. Identificar déficits comportamentais (p.ex.: retraimento excessivo, iniciativa social deficiente)
5. Identificar os Excessos comportamentais (p.ex.: reação excessiva à estimulação emocional;
comportamento deficiente em autocontrole)
6. Determinar o ponto inicial da intervenção

II. Esclarecimentos da Situação-Problema


1. Distribuir as classes de comportamentos-queixa em Excessos e Déficits
2. Que pessoas ou grupos se opõem a estes comportamentos?
3. Que pessoas ou grupos apóiam estes comportamentos?
4. Como foi a procura pelo psicólogo?
5. Que conseqüências o comportamento-queixa tem para o cliente e para as pessoas
significativas?
6. Que conseqüências a remoção do comportamento-queixa teria para o cliente ou para os
outros?
7. Sob que condições (biológicas, simbólicas, sociais, vocacionais, etc.) ocorrem os
comportamentos-queixa?
8. Que satisfações o cliente continuaria a ter, caso o comportamento-queixa fosse mantido?
9. Que satisfações o cliente conseguiria se seu comportamento-queixa fosse modificado?
10. Que efeitos positivos ou aversivos ocorreriam para as pessoas que lhe são significativas,
caso os comportamentos-queixa fossem modificados?
11. Como o cliente continuaria vivendo, caso a terapia fosse mal sucedida, ou seja, caso nada
se modificasse em seu comportamento?
12. Que problemas novos apareceriam no modo de vida do cliente, caso a terapia obtivesse
sucesso?
13. Até que ponto o cliente, como único informante, é capaz de ajudar a desenvolver um
programa de terapia?

Provavelmente o comportamento do cliente está sendo reforçado continuamente e, de fato, não


pode ser eliminado de todas as circunstâncias da vida dele. No entanto, a modificação somente
ocorrerá quando os reforçadores, muitas vezes indefinidos, deixarem de ocorrer.

III. Análise da Motivação


1. De que maneira o cliente classifica os vários incentivos, de acordo com a importância que
têm para ele? – ESTABELECER UMA HIERARQUIA DE COISAS IMPORTANTES PARA ELE
2. Quais dos seguintes acontecimentos reforçadores são eficientes para iniciar ou manter seu
comportamento:
( ) Reconhecimento – ( ) Compreensão – ( ) Amizades – ( ) Dinheiro – ( ) Boa Saúde - ( )
Satisfação Sexual – ( ) Competência Intelectual - ( ) Aprovação social - ( ) Satisfação no
trabalho/estudo – ( ) Controle sobre outras pessoas - ( ) Manter a dependência
3. Qual a freqüência de ocorrências desses eventos reforçadores?
4. Quais as probabilidades de ocorrência futura desses reforçadores?
5. Sob quais circunstâncias ocorreram cada um destes reforçadores?
6. Que pessoas ou grupos têm um controle mais amplo e eficiente sobre seu comportamento
atual?
7. O cliente consegue relacionar contingências de reforçamento ao seu próprio
comportamento?
8. Quais são os principais estímulos aversivos para o cliente? Na vida diária; imediata; no
futuro.
9. Quais são seus medos? Que conseqüências ele teme e evita? Quais os riscos que não
corre?
10. A terapia exigirá que o cliente desista de suas satisfações atuais associadas ao
comportamento-queixa?
11. Que acontecimentos de comprovado valor reforçador podem ser utilizados para aprender
habilidades interpessoais?
12. Em que áreas podem ser programadas conseqüências positivas para suceder os
comportamentos desejados?

IV. Análise do Desenvolvimento


A. Biológico
1. O cliente possui limitações orgânicas que possam afetar seu comportamento atual? Quais?
2. De que maneira essas limitações iniciam ou mantêm os comportamentos indesejados?
3. As expectativas autolimitadoras do cliente podem ser alteradas?
4. Quando e como se desenvolveram as limitações orgânicas?
5. Que conseqüências tiveram para o seu padrão de vida?
6. O que foi feito a respeito e por quem?
7. Que padrões de resposta se desenvolveram em função da condição do organismo?
8. De que maneira estas condições do organismo limitam a resposta à intervenção
terapêutica?

B. Social
1. Quais os aspectos mais característicos do ambiente sócio-cultural atual do cliente? (religião,
nível sócio-econômico, grupo étnico, ligações educacionais, ligações profissionais, etc...)
2. Suas atitudes são congruentes com o ambiente sócio-cultural?
3. Qual seu grupo de amigos? Possuem as mesmas expectativas de vida?
4. Como é o ambiente familiar (descrever comportamentos do pai, mãe, cada irmão e outros
com relação ao cliente).
5. O cliente exerce papel dominante em seu ambiente sócio-cultural? Existe aceitação,
negação ou indiferença?
6. Que conseqüências o ambiente exerce sobre o cliente?
7. Que acontecimentos importantes produziram algum efeito sobre o comportamento do
cliente?
8. Como o cliente encara estas mudanças?
9. Descrever diferenças entre o ambiente social durante a infância e o da vida adulta atual.
10. O comportamento-queixa ocorre nos dois cenários?
11. DE que maneira as variáveis sócio-culturais poder ser relacionadas a um programa de
intervenção terapêutica?

C. Comportamental
1. Antes da procura pelo atendimento atual, houve algum outro problema de comportamento?
Qual? Como foi observado inicialmente? Como foi controlado ou modificado? Que
modificações ocorreram? Sob que condições?
2. O comportamento-problema atual pode estar relacionado a algum modelo do ambiente
social do cliente de quem ele tenha aprendida estas respostas?

V. Análise do autocontrole
1. Em que situações o cliente consegue controlar os comportamentos indesejados? Como este
controle é atingido?
2. Algum dos comportamentos problemáticos teve como conseqüências uma estimulação
aversiva por parte de terceiros?
3. Estas conseqüências reduziram a freqüência do comportamento problemática ou apenas as
condições sob as quais ele ocorre?
4. Estes eventos modificaram o comportamento de autocontrole do paciente?
5. O cliente conseguiu algum grau de autocontrole para evitar as situações que conduzem à
emissão do seu comportamento problemático?
6. Ele realiza isto por esquiva ou por substituição por comportamentos instrumentais que levam
a satisfações semelhantes?
7. O grau de autocontrole verbalizado pelo paciente corresponde às observações de terceiros?
8. Que condições, pessoais ou reforçadores tendem a mudar o comportamento de autocontrole
do paciente?
9. Até que ponto o comportamento de autocontrole do cliente pode ser utilizado mum progrma
de intervenção terapêutica?
10. A supervisão constante ou a administração de medicamentos são necessárias para
complementar o autocontrole?

VI. Análise dos Relacionamentos Sociais


1. Quais as pessoas mais significativas no ambiente atual do cliente?
2. A que pessoas ou grupos ele é mais responsivo?
3. Quem facilita os comportamentos construtivos?
4. Quem provoca comportamentos problemáticos ou antagônicos?
5. Estes relacionamentos podem ser classificados de acordo com as reações do cliente a elas?
6. Nestes relacionamentos quais os reforçadores mútuos utilizados?
7. A interrupção do reforçamento positivo ou a introdução da punição são claramente
sinalizadas?
8. Quais as expectativas do cliente com relação a estas pessoas?
9. Quais as expectativas destas pessoas com relação ao cliente?
10. De que maneira as pessoas que podem influenciar o cliente podem participar do programa
de intervenção?

VII. Análise do ambiente sócio-físico-cultural


1. Quais as regras do ambiente social do cliente para os comportamentos sobre os quais
existe queixa?
2. Essas regras são semelhantes em outros ambientes (lar, escola, trabalho, lazer)?
3. Caso as regras sejam diferentes, quais as diferenças nos comportamentos de acordo com o
ambiente?
4. Quais as condições do ambiente que reduzem suas possibilidades de reforçamento contínuo
(restrições sociais, intelectuais, sexuais, vocacionais, econômicas, religiosas, morais, físicas,
étnicas)?
5. Em que parte do ambiente o comportamento problemático é mais evidente?
6. Seu ambiente permite ou desencoraja a auto-avaliação do cliente?
7. O ambiente social do cliente considera que o atendimento psicológico vai ajudar?
8. Há apoio no ambiente do cliente para as modificações que a intervenção terapêutica pode
exigir?

(*) Esta formulação é orientada para a ação; pode ser usada como guia para a coleta inicial de
informações, como instrumento para a organização dos dados disponíveis ou como um projeto
de intervenção terapêutica.

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