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Jacira Pinto da Roza
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Mestre em Educação pela ULBRA (2004) e UFRGS (2005); Doutoranda em Educação
(UFRGS) e Docente do Curso de Pedagogia, Letras e Ciências Socais da Universidade
Luterana do Brasil.
como objeto de permanente diálogo com a realidade a partir das contribuições
das diversas áreas do conhecimento.
É no ambiente educativo que os sujeitos se constroem e o professor
tem o seu papel docente ressignificado. É convidado a se constituir como
mediador, problematizador e pesquisador no sentido de gerar situações de
aprendizagem que possam estimular o aluno a se sentir sujeito construtor de
sua história.
O princípio fundante deste processo interativo é o diálogo, como
mobilizador de idéias, provocador de reações, de argumentos, de geração de
hipóteses, de saber perguntar e, fundamentalmente, de desconstruções.
Um novo paradigma alicerça as concepções pedagógicas, as intenções,
os projetos numa sociedade em constante mudança, onde as relações passam
de presenciais a virtuais, o conhecimento prolifera em diferentes ambientes e
se ressignifica frente às constantes mudanças e descobertas científicas e
tecnológicas. O sujeito, o aluno, neste cenário, de mero receptor e expectador
de informações, assume uma postura ativa frente a todas estas mudanças.
Neste sentido, descentraliza-se o papel do professor enquanto detentor de
informações, redimensionando sua atuação pedagógica, para dar conta destes
novos desafios. Estes pressupostos são fundamentais na organização do
trabalho pedagógico.
Considerando o atual contexto, acreditamos que o papel das agências
formadoras deve ser o de criar condições para que o educando construa
conhecimentos, competências e habilidades que lhe permitam viver e conviver
harmonicamente com seus semelhantes, pessoal e profissionalmente. Mas
para que isso aconteça, um dos fatores basilares é que o corpo docente seja
qualificado para contribuir efetivamente na formação de sujeitos numa
dimensão emancipatória.
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Por paradigma entendo as diferentes e possíveis percepções do mundo, das quais se derivam as explicações –
teorias. O significado hoje aceito pela maioria dos acadêmicos é o de um padrão, um esquema para o entendimento da
natureza do mundo. O uso do termo é contravertido em ciências humanas pela inexistência de padrão universal como
no caso das ciências físicas e naturais. Proposto por Thomas Kuhn (1989, p. 13) na década de sessenta para as
ciências físicas e naturais “[...] paradigmas, as realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante algum
tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência”. O conceito é
atualmente utilizado largamente em diferentes contextos (KINCHELOE, 1997).
como dispositivos sociais interessantes para a partilha, a socialização de
idéias e iniciativas;
a unidade do conhecimento: mudança da ciência objetiva para ciência
epistêmica – presença das subjetividades. O homem enfrenta o seu maior
desafio: conhecer-se, inteiramente em suas emoções e sentimentos.
Remete à compreensão do ser e de sua inteireza – ser indiviso que constrói
conhecimento usando não somente a razão, mas a intuição, as sensações,
as emoções – visão sistêmica. Ciência e mística se abraçam, o que
pressupõe o acesso aos sentimentos, às emoções e aos afetos para que o
indivíduo possa entender e orientar o seu próprio comportamento de forma
construtiva em direção ao bem comum.
teorias transitórias: da certeza absoluta e final para teorias como forma de
insights, sempre em transformação. A visão objetiva e racional, sintonizada
às verdades absolutas é fragilizada mediante a certeza de que não temos
certeza de absolutamente nada. Portanto, é permitido questionar, duvidar,
tendo a dimensão de que a investigação é mote desencadeador da
construção do conhecimento;
percepção das conexões e dos significações do contexto: pressupõe a
interação do sujeito com o seu meio ambiente. O homem é convidado a
refletir sobre a sua responsabilidade no futuro do planeta. A dimensão da
planetariedade (GADOTTI, 2000) aponta as formas de participação ativa e
alerta para iniciativas desastrosas da ação do homem frente ao
macrossistema. Estas questões, quando em pauta de discussões, querem
conscientizar o homem da importância do exercício de uma cidadania
responsável. Que esse homem possa colocar o seu conhecimento em prol
de sua auto-realização e do bem comum da humanidade como uma
unidade indissociável. Rios (2001), que discute algumas das idéias acima,
faz referência à Felicidadania, ou seja, a felicidade e o bem estar
conquistados pelo homem em sintonia com o seu entorno social e
ambiental, exercendo este, a cidadania responsável;
educação como sistema aberto: existência de processos transformadores
onde tudo é movimento contínuo. Entendemos por sistema aberto aquele
que é capaz de acolher o que está de fora, o que aceita mudanças, está
receptivo. Desta forma, entendemos a educação como um sistema aberto e
isto significa estar em movimento incessante, acolhendo novas iniciativas,
novos projetos, novos jeitos de se fazer algo ou fazer algo que nunca
fizemos.
mudanças culturais e mudanças no saber: o homem é provocado nesse
contexto de mudanças a desenvolver novas competências, a se utilizar de
novas ferramentas para construir novas aprendizagens. Esses saberes,
construídos sob alicerces de teorias absolutas, cedem lugar aos saberes
construídos sob patamares de “não verdades”, sob teorias transitórias, sob
investigações em processo. Jamais será um saber acabado. O não
engessamento do conhecimento já é uma realidade. Sem dúvida, esta
dimensão desestabiliza estruturas formatadas a partir do lógico e do
racional. Somos convidados a problematizar, a criar, a inovar. Todas estas
mudanças geram novas necessidades sociais e culturais. É um novo
homem, com novos hábitos, com novos costumes, com novo jeito de
conceber o mundo, de ouvir e acolher os seus semelhantes, com a
preocupação de que seus atos podem, e vão certamente, comprometer o
seu presente e futuro e também o da humanidade. Ser feliz é uma
necessidade e um dever de ordem coletiva.
Com este breve desenho do cenário em que estamos inseridos, somos
provocados a refletir sobre a nossa ação pedagógica na busca de contribuir na
formação de um novo cidadão. Não mais aquele em que a memorização, os
atos repetidos e mecânicos atendam às exigências sociais de manutenção da
ordem social vigente. Falamos de um novo sujeito. Um indivíduo que saiba ler
o mundo, no sentido mais amplo da palavra (FREIRE, 2000), que saiba
construir saberes em parceria, que possa e saiba problematizar, criticar e criar
estratégias de investigação, um sujeito provocado para ser curioso, para
buscar informações nas mais diversas fontes de consulta. Falamos de um
sujeito capaz de sistematizar informações, analisar, tomar decisões, gerenciar
processos investigativos lançando mão de níveis mais complexos de
pensamento, de sua metacognição. Que saiba partilhar, discutir e socializar
informações na busca de construção de seu conhecimento, e este será válido
quando agregar valores humanitários capazes de gerar auto-realização desse
sujeito e o bem estar social (RIOS, 2001). Sem dúvida, estamos nos referindo à
formação de novas competências para este homem, pois a ele serão exigidas
formas diferenciadas de interação com o mundo.
Referências Comentadas
Sugerimos para leitura complementar a obra de Maria Cândida Moraes
intitulada O paradigma educacional emergente (ver Referências). Esta obra lhe
dará uma visão global das mudanças paradigmáticas e, certamente, contribuirá
para uma compreensão sistêmica do momento educacional atual.
Referências Bibiográfias
ALARCÃO, Isabel. Escola Reflexiva e Nova Racionalidade. Porto Alegre:
ArtMed, 2001.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia – saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais de Educação. Porto Alegre: Art Méd,
2000.
RIOS, Teresina Azerêdo. Comprender e ensinar – por uma docência de melhor
qualidade. São Paulo: Cortez, 2001.
MORAES, Maria Cândida. O Paradigma Educacional Emergente. Campinas,
SP: Papirus, 1997.
ROZA, Jacira Pinto da. Educar pela pesquisa no ensino superior: concepções e
vivências docentes no curso de pedagogia da Universidade Luterana do Brasil.
/ Jacira Pinto da Roza. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade
Luterana do Brasil – Canoas, 2004. 189 f: il.
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: ArtMed,
1998.