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Campos brancos...

Imensos se estendem pelo universo


E mãos hirtas de desespero
Erguem o grito da última oportunidade.

Onde estão os ceifeiros?


Onde as mãos que protegem, abençoam,
Defendem, libertam, cultivam e salvam?

Campos brancos...
Frutos maduros apodrecem:
Na orgia, no vício, na incerteza, no caos
À espera dos ceifeiros que não chegam,
Que não ouvem os seus gritos submersos
Pela guerra, pelo crime
E por toda a violência e descrença
Nas máquinas e nos operários da paz.

Onde estão os ceifeiros?


Vinde hoje, vinde todos
Os tímidos adiáveis
Os fracos e os esforçados,
Os pobres e os abastados...
Há tanto espaço vazio
E os dos celeiros se escancaram
Num convite improrrogável,
Pois as sombras da grande noite
Já se projetam no mundo.

Ceifeiros, o Senhor da Seara vos pedirá conta


E pesará vosso gesto
Se quis dar-vos a força e vós enfraquecestes;
Se vos abriu a porta e lhe negaste ajuda;
Se vos entregou talentos e não fizestes o trabalho;
Se vos traçou Seu caminho e fostes por vosso atalho.

Despertai, trabalhadores da undécima hora,


Enchei as mãos vazias e multiplicai os celeiros,
Pois o Senhor se aproxima com soberania e glória
No Tribunal da justiça em julgamento final
Para a possessão da paz,
Numa apoteose aos campos
Que não branquejarão mais.

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