Em primeiro lugar, cabe analisar que as “clausulas pétreas”, representam
um núcleo intangível de uma constituição , a fim de conferir uma força especial, frente às eventuais reformas, aos princípios de maior importância na manutenção da decisão política fundamental, base de determinada Constituição. Essas cláusulas de garantia ou de irreversibilidade gozam, de uma superconstitucionalidade (no sentido de possuir uma rigidez maior), o que impede que os princípios alçados à condição de cláusulas intangíveis, de serem suprimidos ou desfigurados, podendo apenas ser admitida a sua reestruturação ou ampliação. No caso da Constituição Brasileira, no que tange às imunidades tributárias, a rigidez constitucional atinge seu grau máximo. Isto porque as normas imunizantes são cláusulas pétreas, autênticas limitações materiais ao exercício do Poder Constituinte Derivado. visto que os direitos fundamentais são entendidos como clausulas pétreas , os efeitos jurídicos destes decorrentes também serão. As imunidades tributárias são consequências jurídicas asseguradoras da eficácia de direitos fundamentais e também suportaram serem subsumidas ao conceito de cláusulas pétreas. nesse caminho, o STF entendeu que há vinculação das imunidades tributárias com os direitos fundamentais, donde resulta a impossibilidade da retirada dessas garantias constitucionais do Texto de 1988. Esse entendimento considera a imunidade tributária como garantia individual do contribuinte, conforme regra do artigo 60, § 4º, inciso IV, da Constituição de 1988. A imunidade tributária existe para que algumas instituições específicas sejam isentas do pagamento de alguns impostos. Em um primeiro momento, quando se tem em mente que os tributos financiam as atividades e serviços dirigidos a todos os cidadãos, é possível ver as imunidades tributárias como sendo negativas para o contexto social. Além disso, As imunidades são limitações ao poder de tributar. Porque restringem a competência tributária dos entes federados, todas as regras de imunidades tributárias obrigatoriamente têm que estar previstas na Constituição Federal (em qualquer parte do texto constitucional). São vedações constitucionais dirigidas ao legislador, que fica impedido de prever como hipótese de incidência determinada situação. Pode-se afirmar, simplificadamente, que caracteriza a imunidade o fato de a Constituição, diretamente, excluir parcela da competência das pessoas políticas que, fosse a regra imunizante, estariam aptas a instituir tributo sobre aquele ao ou fato. Na hipóteses de imunidade tributária, a Constituição, diretamente, exclui a pessoa ou a situação da possibilidade de tributação. Se não houver exclusão direta pelo texto constitucional, mas sim previsão de que uma lei exclua, não será imunidade. IMUNIDADE RELIGIOSA OU DOS TEMPLOS Espécie de imunidade subjetiva (ligada à entidade/pessoa jurídica religiosa) prevista no art. 150, VI, “b”, da CRFB de 1988. Nos termos da previsão constitucional, nenhum imposto incide sobre templos de qualquer culto. Porém, de acordo com o art. 150, §4º, tal vedação compreende somente patrimônio, renda e serviços, relacionados com as finalidades essenciais das respectivas entidades. IMUNIDADE DOS PARTIDOS POLÍTICOS, DAS ENTIDADES SINDICAIS E DAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO OU DE ASSISTÊNCIA SOCIAL, SEM FINS LUCRATIVOS Espécie de imunidade subjetiva (ligada à entidade/pessoa jurídica) prevista no art. 150, VI, “c”, da CRFB de 1988. Nos termos da previsão constitucional, nenhum imposto incide sobre patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores (e não patronal), das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei. Porém, de acordo com o art. 150, §4º, tal vedação compreende somente patrimônio, renda e serviços, relacionados com as finalidades essenciais das respectivas entidades.Na letra da Constituição, não pode haver impostos sobre o patrimônio, a renda ou os serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações. São também imunes as entidades sindicais da classe dos trabalhadores (e não da classe patronal), bem como, as instituições de educação ou de assistência social, sem fins lucrativos. IMUNIDADE DOS LIVROS, JORNAIS E PERIÓDICOS Espécie de imunidade objetiva (ligada a certos bens, independente da pessoa a quem pertençam) prevista no art. 150, VI, “d”, da CRFB de 1988.Nos termos da previsão constitucional, nenhum imposto incide sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão, seja qual for a natureza, formato ou conteúdo, haja vista que não há restrições na Carta Maior. IMUNIDADE DOS FONOGRAMAS E VIDEOFONOGRAMAS (DA MÚSICA) Espécie de imunidade objetiva e subjetiva (ligada tanto a certos bens quanto a determinadas pessoas) prevista no art. 150, VI, “e”, da CRFB de 1988. Tal imunidade foi acrescentada recentemente ao inciso VI do art. 150, por meio da Emenda Constitucional (EC) n. 75 pulicada em 16 de outubro de 2013, ampliando o rol das imunidades tributárias. Nos termos do texto da EC, nenhum imposto incide sobre fonogramas (CDs) e videofonogramas (DVDs) musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou litero-musicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. IMUNIDADE RECÍPROCA Espécie de imunidade subjetiva (ligada a certas pessoas/entes da federação) prevista no art. 150, VI, “a”, da CRFB de 1988. Nos termos da previsão constitucional, os entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Município) não podem instituir impostos sobre renda, patrimônio ou serviços uns dos outros, ou seja, reciprocamente. De acordo com o art. 150, §2º, tal vedação é extensiva às Autarquias e às Fundações Públicas instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere, outrossim, ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA DOS CORREIOS (EXCEÇÃO E EXTENSÃO DO TEXTO CONSTITUCIONAL) Em que pesa a exclusividade dos entes da federação, suas Autarquias e Fundações Públicas com relação à imunidade tributária recíproca, a Suprema Corte reiteradamente considera que tal privilégio se aplica também sobre todos os serviços postais prestados pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), o que, à luz da hermenêutica teleológica da Constituição, não poderia ser diferente, como será explanado a seguir.A Constituição em seu art. 21, X, estipula que compete à União manter o serviço postal e o correio aéreo nacional e em seu art. 22 diz que compete privativamente à União legislar sobre o serviço postal. Por meio do Decreto 509 de 20 de março de 1969, foi criada a Empresa Pública Federal Brasileira de Correios e Telégrafo (ECT) para a prestação dos serviços postais (serviços públicos previstos na CRFB, de prestação obrigatória e exclusiva). Já o art. 12 de tal diploma conferiu imunidade tributária recíproca àquela empresa pública, para em cumprir seu desejo legal. Por fim, muitas são as discussões a respeito das imunidades tributárias, instituto constitucional por meio do qual determinados sujeitos e fatos passam a ficar livres de tributação. O questionamento de muitos estudiosos recai sobre o fato de que, como os tributos são destinados ao atendimento das necessidades e direitos dos cidadãos, quando oferecida a imunidade tributária a uma instituição, esse valor não será recebido pelo Estado, tampouco revertido em benefício dos indivíduos. Portanto, evidente que devem existir imunidades tributárias , visando garantir a manutenção do estado , garantir liberdades e serviços públicos essenciais para todos.