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TEXTO DE APOIO
PLANIFICAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
Por: Daniel Nivagara [danivagara2000@yahoo.fr]
0. INTRODUÇÃO GERAL
No caso concreto desta parte, pretende-se discutir com os cursantes a questão sobre a
planificação do PEA, num total de cinco aulas, a partir das quais analisam-se questões
relacionadas com o conceito de planificação do PEA, a importância de planificação do PEA,
níveis de planicação e componentes de planificação do PEA.
Pelo que, esperamos que com estas aulas, os cursantes encontrem-se entre os que definem e
explicam a importância da planificação do PEA, mas também que tenham a competência de
planificar o PEA, particularmente aulas, tendo em conta os níveis de planificação e as
componentes dessa planificação.
Para o efeito, caro cursante, preste atenção aos objectivos propostos em cada uma das aulas,
faça a leitura conveniente deste texto e de outros materiais bibliográficos para certificar-se do
domínio destes objectivos, com os quais irá desenvolver as competências desejáveis de um
professor planificador do PEA. Tenha, por outro lado, o interesse de realizar as actividades de
discussão propostas no início de cada uma das aulas e, igualmente, resolva os exercícios da
auto-avaliação.
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Lição 1
CONCEITO E IMPORTÂNCIA DA
PLANIFICAÇÃO DO PEA
1 – Introdução
Uma aula implica a relação professor e aluno, além de outras categorias didácticas que se
interrelacionam igualmente nesse momento. De facto, nela estão envolvidos vários elementos
como os objectivos, tanto da sociedade como do aluno, os métodos e técnicas de ensino, os
meios de ensino, as condições da sala de aulas, o meio social e cultural em que decorre a
leccionação, as condições de ordem política e económica do país.
Ao completar esta unidade / lição, esperamos que você seja capaz de:
2
actividades escolares para a efectivação do processo de ensino-aprendizagem que conduz o
aluno a alcançar os objectivos previstos. Nesse sentido, a planificação do ensino é uma
actividade que consiste em traduzir em termos mais concretos e operacionais o que o
professor e os alunos farão na aula para conduzir os alunos a alcançarem os objectivos
educacionais propostos.
A planificação do PEA é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das actividades
didácticas em termos da sua organização e coordenação em face dos objectivos propostos,
quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino. A planificação é um
meio para se programarem as acções docentes, mas é também um momento de pesquisa e
reflexão intimamente ligado à avaliação.
Se terá sido fácil definirmos a planificação do ensino, não parece tão simples falarmos da
importância da planificação do ensino, sobretudo com uma parte dos nossos professores que
trabalham nas nossas escolas há relativamente muito tempo. Referimo-nos a aqueles “muito
experientes” que pensam ser dispensável o plano de aula, como acontece também com alguns
recém-formados ou contratados que não desenvolveram ainda nem hábito, nem suficiente
capacidades para fazer a planificação das aulas.
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actividades que se desenvolvem no período de tempo em que o professor e aluno interagem
numa dinâmica de ensino e aprendizagem.
3- A importância da planificação
A importância dada à planificação não significa que se negue que “as melhores aulas surjam
de repente, por causa de uma palavra, de uma insignificância em que o professor não tinha
pensado antes”. Uma aula pode e muitas vezes deve “acontecer”, porque uma coisa é a aula
inerte no papel e outra é a aula viva, dinâmica, que a trama complexa de interrelações
humanas, a diversidade de interesses e características dos alunos não permite ser um decalque
do que está no papel. Estes alunos, aqueles alunos, os factos que ocorrem no meio fazem as
aulas acontecer....
Mas isto não significa de modo algum que não tenha importância o tal “fio condutor”, que
existe numa planificação. Significa é que ele não pode ser um fio rígido, mas sim flexível ao
ponto de permitir ao professor inserir novos elementos, mudar de rumo, se o exigirem as
necessidades/ou interesses do momento se, de repente, se descobre uma forma mais rica, mais
original ou mais adequada de explorar determinado assunto. Isso significa, de facto, que os
planos podem tomar, na prática, no momento de execução, um sentido novo que as
circunstâncias provocarem. A planificação, que se transformou neste caso, em recurso
aparentemente não utilizado, funciona agora como um marco de referência em relação ao
qual se identifica, o que de forma inesperada se atingiu, evidenciando também o que, não
deixando de ser importante, não se conseguiu atingir.
A propósito desta questão de o plano de ensino concebido nem sempre corresponder com o
que se passa realmente na sala de aula, importa salientar que este é um instrumento de acção,
devendo servir como guia de orientação, apresentar ordem sequencial, objectividade,
coerência e flexibilidade.
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Preste atenção à seguinte conversa entre professores (A, B , C, D e
E), extraída de Cortesão e Tores (1983:67):
A: Recuso-me a fazer planos. ...Mas...planificar, para quê? As aulas
Actividade constroem-se por si! As planificações limitam a minha
liberdade de acção!
B: Muitas vezes acontece que os meus alunos não se interessam
pelas actividades que planificamos no início do ano.
C: Mas os planos fazem-se para se cumprirem! Portanto, há que
obrigá-los a fazerem o que foi previsto
D: Não há dúvida de que tudo tem de ser realizado como foi
previsto. Não se pode perder tempo com coisas que os alunos se
lembram de querer discutir!
E: Mas...Como é? Deve-se planificar ou não se deve planificar?
Sumário
A planificação do PEA por parte do professor afigura-se como uma etapa necessária se
admitirmos que se trata de prever o conjunto de actividades (do professor e dos alunos) que
estarão ao centro do PEA, incluindo o conteúdo, meios seleccionados tendo em conta os
objectivos que se pretendem atingir e as condições em que se irá realizar o PEA.
O plano de aula é um instrumento flexível. Aliás, o momento de aula é dinâmico por envolver
uma relação dialéctica entre alunos e destes para com o professor, o que suscita reacções,
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interrelações, a ajustar/equilibrar, de forma a que o PEA respeite o ritmo do que se passa
efectivamente na sala de aula : dificuldades de aprendizagens dos alunos, perguntas e
contribuições dos alunos, recursos existentes na sala de aula antes não previstos mas que têm
grande potencialidade para a aprendizagem dos alunos, tempo (disponibilidade e escassez),
etc.
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Lição 2
1 - Introdução
Sem dúvida, compreende-se a importância da planificação do PEA, mas exactamente, por
causa desta importância, queremos, nesta aula, apresentar outros elementos que possam
firmar, na prática pedagógica dos professores e nas suas reflexões teóricas sobre o ensino,
mais elementos para justificarmos a importância da planificação do PEA.
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2 – Características do plano de ensino.
Você já estudou que o plano de ensino é um guia de orientação porque nele estão
estabelecidas as directrizes e os meios de realização do trabalho docente. Como a função de
planificação é orientar a prática, partindo das exigências da própria prática, ele não pode ser
um documento rígido e absoluto, pois uma das características do processo de ensino é que
está sempre em movimento, está sempre sofrendo modificações face às condições reais.
Depois, dissemos que o plano deve apresentar ordem sequencial e progressiva, visto que,
para alcançar os objectivos são necessários vários passos, de modo que a acção docente
obedeça a uma sequência lógica. Não se quer dizer que, na prática, os passos não possam ser
invertidos.
Coerência é a relação que deve existir entre as ideias e a prática. É também a ligação lógica
entre os componentes do plano. Se dizemos nos objectivos gerais que a finalidade do trabalho
docente é ensinar os alunos a pensar, a desenvolver suas capacidades intelectuais, a
organização dos conteúdos e métodos deve reflectir esse propósito. Quando estabelecemos
objectivos da matéria, a cada objectivo devem corresponder conteúdos e métodos
compatíveis.
Finalmente, a flexibilidade do plano sugere que no decorrer do ano lectivo o professor está
sempre organizando e reorganizando o seu trabalho. A relação pedagógica está sempre sujeita
a condições concretas, a realidade e está sempre em movimento, de forma que o plano está
sempre sujeito a alterações.
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1. Para ser um bom plano de ensino, deve apresentar as seguintes
características: a) servir como guia de orientação, b) apresentar
ordem sequencial, c) apresentar objectividade, d) apresentar
Actividade
coerência e e) apresentar flexibilidade.
3-Como planear uma aula?Devemos planear uma aula a cada vez ou em conjunto?
É preciso que se compreenda que devemos planear não uma aula, mas um conjunto de aulas,
visto que:
na preparação de aulas, o professor deve reler os objectivos gerais da matéria e a
sequência de conteúdos do plano de ensino. Não deve esquecer que cada tópico
novo é uma continuidade do anterior: é necessário, assim, considerar o nível de
preparação inicial dos alunos para a matéria nova;
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Também é importante sublinharmos que a alteração do tempo do plano poderá dever-se ao
detalhe metodológico, mas também da avaliação da própria aula. Sabemos que o êxito dos
alunos não depende unicamente do professor e do seu método de trabalho, pois a situação
docente envolve muitos factores de natureza social, psicológica e o clima geral da dinâmica
da escola. Entretanto, o trabalho docente tem um peso significativo ao proporcionar
condições efectivas para o êxito escolar dos alunos.
1. Suponha que temos dois professores, um professor A que planifica uma aula de
cada vez e outro professor B que planifica um conjunto de aulas. Que
comentários (a favor ou contra) faria em relação ao procedimento destes
professores?
Actividade
A resposta a esta questão é um tanto quanto divergente, tal como vemos nessa diferenciação
de práticas entre os professores A e B. Em todo o caso, devemos partir da consideração de
que a aula é um período de tempo variável. Dificilmente completamos numa só aula o
desenvolvimento de uma unidade ou tópico de unidade, pois o processo de ensino e
aprendizagem se compõe de uma sequência articulada de fases ou funções didácticas, dentro
das quais se faz a preparação e apresentação de objectivos, mediação de novos conteúdos,
realização de actividades, consolidação (fixação, exercícios, recapitulação, sistematização,
aplicação) e avaliação do ensino e aprendizagem.
Por esta razão, mesmo que o professor tenha uma planificação mais correcta possível, se a
realização e a avaliação do processo de ensino-aprendizagem tiverem problemas, não poderá
alcançar facilmente os objectivos que pretende.
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Contudo, se feita com rigor e simultaneamente com a flexibilidade e a abertura
indispensáveis, ela assume uma importância vital na prática profissional de todos aqueles que
se esforçam na construção de uma escola empenhada numa comunicação clara entre os
elementos implicados na acção educativa; uma escola mais lúcida e mais humana que actua
com base na realidade dos seus alunos, uma escola mais eficiente no aproveitamento do
tempo e do espaço de que dispõe para ajudar os seus alunos a “crescer”. Enfim, uma escola
que quer estar consciente do modo como decorrem as situações que ela desencadeia e/ou se
lhe deparam no dia a dia, situações essas sobre as quais deseja agir a fim de, se necessário, as
modificar.
Analise da Valorização e
Selacão e Selecção das formas de realização classificação
ordenação dos organização e dos meios das dos
conteudos e dos métodos de ensino actividades resultados
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(professor/aluno, aluno/aluno) é o alicerce sobre o qual assenta toda a concretização do
processo de ensino-aprendizagem.
Como tal, o que acontece numa sala de aula é muito mais complexo do que os factos que são
colocados no papel. Uma situação de aprendizagem é dinâmica, com consequências muitas
vezes imprevisíveis, as quais por vezes constituem a parte mais importante dessa
aprendizagem. É indispensável que o professor saiba interpretar e aproveitar cada
oportunidade que surge desse processo dinâmico, desligando-se de uma forma livre e
criadora do plano que previamente traçou.
O plano funciona como uma hipótese de trabalho, que como tal necessita de ser
experimentado. Em função do que ocorreu, ou está ocorrendo na realidade, a hipótese pode
ser reforçada ou reformulada. Mais, o plano de aula é um fio condutor, o que significa que
não deve ser rígido, mas sim flexível ao ponto de permitir ao professor inserir novos
elementos, mudar de rumo, se o exigirem as necessidades e/ou interesses do momento, se de
repente se descobre uma forma mais rica, mais original ou mais adequada de explorar
determinado assunto.
Sumário
E verdade sim que é importante fazermos a planificação do PEA, mas para termos um bom
plano requer-se que obedeça a determinadas condições, nomeadamente:
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b) apresentar ordem sequencial;
c) apresentar objectividade;
d) apresentar coerência;
e) apresentar flexibilidade.
Estas características se impõem, sobretudo, quando estamos a ser apelados para a necessidade
de não planificar apenas uma aula, mas várias, obedecendo à interligação que estas
representam.
Ao proceder desta forma (interligação de vários planos de aula), o plano de aula deverá
continuar sempre como uma proposta possível, a ser enriquecida pelos acontecimentos que
irão decorrer na sala de aula . Ao mesmo tempo, a sua qualidade depende não exclusivamente
da sua boa elaboração, mas também da sua implementação e avaliação.
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Dentre as ideias seguintes, uma delas não é totalmente correcta. Qual é?
Justifique.
Auto- a. O plano de aula é um fio condutor, o que significa que não deve ser rígido,
avaliação
mas sim flexível ao ponto de permitir ao professor inserir novos elementos,
mudar de rumo, se o exigirem as necessidades e/ou interesses do momento,
se de repente se descobre uma forma mais rica, mais original ou mais
adequada de explorar determinado assunto
c. Planificar várias aulas e não apenas uma permite ao professor ter uma visão
de conjunto e da inter relação dos seus elementos constituintes, de modo a
que cada situação de ensino e aprendizagem, que propõe, constitua uma
peça de um todo.
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Lição 3
1 - Introdução
A prática do ensino mostra que o que acontece na escola com as experiências da
aprendizagem faz parte do currículo previsto para esse nível, classe ou tipo de ensino.
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Programa de disciplina Central
Nivel de Planificação Central
Programa do ano (Planificação Curricular)
Unidade de ensino
Ao nível central, a planificação curricular é feita para todos os níveis e graus de ensino-
aprendizagem (ao nível da nação) e, na base disso, procede-se á definição do perfil de saída
do nível/grau, curso, disciplina, ano, etc. a partir do qual se faz:
a definição de objectivos, competências, conteúdos e métodos gerais;
a distribuição destes objectivos pelos anos (semestres, trimestres, etc.) e pelas unidades
do PEA;
a elaboração dos programas detalhados por disciplina;
a elaboração do livro do aluno, do manual do professor e de outros meios de
ensino-aprendizagem. com base nos programas detalhados.
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Em termos de modelos para a planificação das aulas, convém realçar que existem muitos, em
função do autor que os propõe. Por isso, nos parece marginal a discussão sobre qual é o
melhor modelo, desde que se chegue ao ponto de incluir os elementos que simbolizam a
dinâmica do processo de ensino-aprendizagem.
Assim, por uma questão meramente elucidativa, incluiremos, a seguir, alguns modelos de
plano de aula, deixando ao critério do professor, em grupo de disciplina ou nível da escola, e
em função da disciplina que lecciona adoptar este ou aquele modelo, ou ainda a combinação
entre eles.
Escola..........................................................................................................................
Classe......................................Turma.....................................Ano lectivo..................
Tema......................................................................................Lição número...............
Objectivo Geral
..........................
..........................
..........................
..........................
Objectivos específicos
..........................
..........................
..........................
..........................
..........................
Tabela 1: Modelo de Plano de aula (1)
Escola..........................................................................................................................
Classe......................................Turma.....................................Ano lectivo..................
Tema......................................................................................Lição número...............
Objectivos:
Objectivos Gerais..........................................................................................................................
.....................................................................................................................................
.....................................................................................................................................
.....................................................................................................................................
Objectivos específicos...................................................................................................................
.....................................................................................................................................
.....................................................................................................................................
.....................................................................................................................................
.....................................................................................................................................
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Tempo Função Actividades Variantes Meios
didáctica Conteúdos Do Dos alunos metódicas de
Função Didáctica Professor ensino
Sumário
A planificação do professor tem como base a planificação curricular que, por sua, vez orienta
a planificação ao nível da escola. Deste plano da escola, que reflecte o currículo, o professor
serve-se para planificar as suas aulas.
A planificação das aulas, uma etapa essencial da actividade do professor como pudemos ver
nas aulas anteriores, é realizada, regra geral, obedecendo a determinados modelos. Em todo o
caso, mesmo com esta diversificação de modelos de planificação de aulas, parece haver
algum consenso de que ela comporta actividades do professor e dos alunos (traduzindo os
métodos « variantes metódicas básicas » de ensino a utilizar), os meios de ensino, o tempo, o
conteúdo, os objectivos e as funções didácticas (na sua integralidade, incluindo momentos de
introdução e motivação, mediação e assimilação, domínio e consolidação e, finalmente,
controle e avaliação).
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Coloque V ou F nas afirmações que são, respectivamente,
verdadeiras ou falsas:
Auto-avaliação a. A planificação do nível central é importante por orientar o
professor sobre as experiências educativas que deverá
organizar para os seus alunos( ).
Lição 4
1 - Introdução
A tentativa de apresentação dos modelos de plano de lição já foi um bom passo para
visualização dos componentes (ou elementos) que orientam a elaboração da planificação do
PEA e, quiçá, em todos os níveis de planificação do PEA. Estes componentes, em parte,
devem ser cuidadosamente analisados, visto que qualquer plano de ensino, para ser
funcional, deve, por exemplo, ajustar-se aos alunos, aos conteúdos, aos meios existentes
e a outros componentes de que a seguir nos iremos debruçar deles.
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identificar os componentes que se deve ter na planificação do PEA;
Objectivos explicar em que medida é útil se ter em conta cada um desses componentes.
De certeza que não estará espantado se dissermos quee em toda a planificação do PEA, nos
diversos níveis, se definem os objectivos, se seleccionam conteúdos a privilegiar, se
identificam estratégias, se estabelecem tempos de realização e se prevêem actividades de
avaliação. E no caso da planificação ao nível do professor, tudo se passa com mais pormenor,
pesando muito mais a preocupação de adequar as propostas às características do contexto. E
ao realizar esta adequação o professor deve tomar decisões, as quais devem preceder uma
série de interrogações, tais como: a planificação:
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a. O meio envolvente à escola
Com efeito, as condições em que se trabalha são por vezes tão fortemente imitantes que será
utópico não as tomar em consideração. E assim, frequentemente o professor é forçado, por
exemplo, a mudar de estratégia porque não é mesmo possível concretizá-la com o material de
que dispõe. Mas considerar de forma realista as limitações a que se está sujeito não significa
que se adopte face a elas uma atitude de submissão; bem pelo contrário, é fundamental que
elas se encarem sempre como um desafio à criatividade e iniciativa de cada um tal como é
ilustrado pelo caso de um professor de Português que, não tendo qualquer biblioteca na
escola, nem qualquer biblioteca de turma, e estando muito empenhado em desenvolver o
gosto pela leitura com seus alunos, faz com eles uma recolha de contos tradicionais da região.
Esses contos foram escritos pelos alunos, por eles ilustrados e policopiados, constituindo um
pequeno embrião de uma colecção de textos à disposição de todos, talvez uma “biblioteca”
mais viva e mais útil que muitas outras.
O facto de a escola ter ou não máquina de projectar filmes, slides, retroprojector, ter
laboratórios bem ou mal equipados, o facto de a região ter ou não indústrias, explorações
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mineiras, etc., abertas a uma colaboração com a escola, ou ainda mercados ou feiras,
artesanatos característicos que se possam explorar, irá ser decisivo na escolha de estratégias.
O mesmo também se aplica para o caso de recursos humanos. Por exemplo, o facto de se
saber que há alguém que pode dar sobre um determinado assunto (exemplo, o início da luta
armada de libertação de Moçambique, etc.) um depoimento vivo e que se põe à disposição
dos alunos para contar a sua experiência e responder perguntas, pode alterar completamente e
enriquecer uma estratégia anteriormente pensada. Há pois que contar com a riqueza de que
são portadores os professores, os alunos, os familiares dos alunos, bem como os elementos da
comunidade.
Finalmente, pensando nos recursos, é importante que o professor pense também que ele
constitui um excelente recurso de ensino, pois tudo depende do seu “empenhamento, das
atitudes, da natureza e da qualidade da relação pedagógica investida no processo educativo”.
O professor ao planear a sua acção tem, pois, de estar bem consciente dos seus aspectos
positivos e das suas limitações como pessoa e como profissional, a fim de que possa delas
tirar o maior partido possível.
c. O aluno
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permite-lhe sentir que é um dos protagonistas desse processo e fá-lo-á sentir-se digno de
crédito, confiante em si mesmo e nos outros.
Por outro lado, uma componente importante na planificação do PEA é a sua adequação ao
aluno. Realmente, para além da compreensão das características próprias do nível etário do
aluno e das características médias da população escolar, certamente tidas na elaboração dos
programas, é fundamental que o professor conheça as características pessoais do aluno.
O aluno, como conjunto, agrupado em turma merece também ser conhecido. Cada turma é
um grupo dotado de uma dinâmica própria e é necessário que o professor conheça essa
dinâmica, os hábitos e o modo de reagir da turma para planificar a sua acção, de forma a tirar
o máximo partido da turma como um recurso. A confrontação de pontos de vista diferentes, o
aceitar pôr-se em questão, o hábito de ouvir os outros, de respeitar pontos de vista diferentes
dos seus, de se exprimir claramente, de ajudar e de ser ajudado, de lutar pelo que considera
certo são, entre outras, aprendizagens que o trabalho na turma pode proporcionar e que
permitem contribuir para o desenvolvimento cognitivo, social e afectivo dos alunos.
d. Conteúdos
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presidem e os temas organizadores. Neste sentido, quando os professores de uma mesma
escola não trabalham em conjunto sobre um mesmo programa pode haver diferenças de
interpretação. Isso é que faz com que, na mesma escola, diferentes professores dêem as
rubricas com ênfases diferentes e por ordens diferentes. Este facto poderá
aparentemente não ser importante, mas a discrepância de situações em que
inevitavelmente os alunos se encontrarão ao enfrentarem os exames repercutirão,
naturalmente, a nível da classificação.
2. Por que é que cada um desses componentes é relevante para uma boa
Actividade planificação do PEA?
Sumário
Igualmente diríamos para o caso de outros componentes que acabámos de retratar : meios ou
recursos de ensino, conteúdos e o aluno. E como poderemos ver na aula que se segue, o
exercício vai ter que ser sempre o mesmo em relação a outros componentes, nomeadamente
objectivos, procedimentos (métodos) de ensino e a avaliação do plano de ensino.
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Seleccione apenas as afirmações verdadeiras do conjunto das seguintes
frases:
Auto- a. Para além da organização do conhecimento em si, com base nas suas
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Lição 5
1 - Introdução
Objectivos, procedimentos de ensino e avaliação constituem os últimos componentes de que
nos resta falar. A abordagem que fazemos nesta aula enquadra-se no que fizemos na aula
passada, ou seja, procurar sobretudo ajudar a compreender a necessidade de tê-los em conta
ao longo do processo de planificação do PEA.
Você algum dia pensou em que consistem esses momponentes de palnificação do PEA?
Depois de tudo quanto temos discutido ao longo deste módulo, falar dos objectivos, dos
procedimentos e da avaliação como componentes de planificação do PEA é bastante fácil. De
facto, indo na mesma ordem de apresentação destes componentes tal como estão ordenados
na questão que lhe foi colocada, de certeza que você conclui o seguinte :
a. Objectivos
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b. Procedimentos de ensino
Eles relacionam-se com os recursos didácticos, teóricos e materiais que o professor tem de
utilizar para alcançar os objectivos de aprendizagem dos seus alunos: compreende métodos e
técnicas de ensino e de todos os recursos auxiliares usados para estimular a aprendizagem do
aluno.
d. Avaliação
A avaliação justifica-se como componente essencial do plano de ensino pelo facto de ajudar
na determinação do grau e quantidade de resultados alcançados em relação aos objectivos
definidos. Nesta ordem de ideais, quando terminam os trabalhos previstos para o ano lectivo,
para aquela unidade de ensino ou para aquela lição, bem como as actividades que, por se ter
de atender a qualquer acontecimento inesperado, substituíram ou complementaram o que
estava planificado, a próxima etapa é avaliar o plano executado, referindo determinadas
perspectivas: a sua eficácia, o seu rendimento e optimização, a sua maximização. Veja o
quadro a seguir.
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previstas, então o plano foi eficaz. Pode
considerar-se 80 a 85%de êxito num dado
item, uma percentagem indicadora de que o
assunto está adquirido pela turma
Os resultados foram ou não O rendimento e optimização podem ser
obtidos de forma mais rentável? verificados através da análise da prática do
Rendimento e Isto é, o plano funcionou de próprio ou de outros colegas: comparando
Optimização
maneira “económica”?...Para com o que sucedeu em acções planeadas de
dado resultado, tem havido modo diferente se pode ver se os resultados
esforços de redução do custo, de justificam os esforços empreendidos, se não
tempo, de energia (dos alunos, se investiu de mais para o que se conseguiu,
dos professores, da se não se poderia chegar ao mesmo, de uma
colectividade...)? A relação entre maneira mais fácil, por exemplo, lançando
o conjunto dos meios mão de menos recursos ou gastando menos
mobilizados e os resultados tempo. Em suma, o rendimento e a
efectivamente obtidos é a melhor optimização traduzem-se pelo dispêndio do
possível? mínimo para obtenção do mais elevado
resultado
Poderá apreciar-se a maximização
Os objectivos visados e as comparando os objectivos estabelecidos à
estratégias utilizadas para os partida com os resultados a que se chegou,
Maximização
alcançar foram os que permitiram comparando os efeitos obtidos neste plano
chegar ao mais elevado nível de com os efeitos obtidos com outros planos
conhecimentos, ao maior realizados pelo próprio professor ou por
desenvolvimento das outros professores. Quando, por exemplo, se
personalidades, à melhor estrutura uma aula pondo os alunos a
preparação para a vida, à melhor trabalhar em grupo pode conseguir-se que
adaptação às condições sociais e eles apreendam o conteúdo em questão,
culturais, etc. Ou ainda: soube-se desenvolvendo simultaneamente algumas
utilizar a situação para dela tirar capacidades. Com efeito, se conseguirmos
o máximo de possibilidades? que os alunos, ao apreenderem determinado
conceito, desenvolvam ao mesmo tempo as
suas capacidades cognitivas e psicomotoras e
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ainda se enriqueçam sob o ponto de vista
humano, então estamos no caminho da
maximização da actividade. É, pois, uma
questão de explorar ao máximo as
potencialidades da estratégia e dos materiais
adoptados.
Sumário
Nos modelos de plano de aula fez-se referência aos elementos que devem constar nele. E
nesta aula, assim como na anterior, procurámos sistematizá-los, apresentando elementos que
os caracterizam e, a partir disso, o que justifica a sua pertinência como elementos importantes
a ter em conta em toda a planificação do PEA.
Em relação a esta aula particularmente, vemos que o plano tem que ter claramente o que se
pretende alcançar em termos de aprendizagem como resultado da actividade de ensino, a qual
se realiza utilizando procedimentos de ensino que, por sua vez, permitirão colocar o aluno em
contacto directo com as coisas, factos e fenómenos que possibilitem modificar sua conduta,
assimilar conceitos, esquemas de pensamento, desenvolver habilidades, enfim, aprender, em
função dos objectivos previstos.
Exactamente, colocando o plano do ensino ao serviço da aprendizagem dos alunos, visto que
o ensino é uma actividade finalizada. Após e ao longo da realização do PEA (com plano de
ensino apropriado), faz-se a avaliação do plano executado, referindo determinadas
perspectivas: a sua eficácia, o seu rendimento e optimização, a sua maximização.
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Veja se dentre as afirmações que se seguem existe alguma
verdadeira:
a. O professor, ao planificar uma aula, basta ter os conteúdos a
Auto-avaliação
explicar posteriormente aos alunos, mesmo sem clareza do
que se pretende que eles sejam capazes de fazer, na
sequência dessa aula. Por isso, colocar os objectivos no
plano de lição é, às vezes, dispensável.
Actividade independente
1. Para cada uma das questões/actividades de auto-avaliação, faça uma sintese das
respostas de professores que tenha entrevistado para darem a sua opinião sobre elas,
procurando demonstrar nessa sintese a sua análise pessoal, de modo a dar
recomendações precisas aos professors sobre a boa prática didáctica na planificação
do PEA
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Actividade de final de curso
Quando terminar seu curs sobre Metodologia de Ensinoo, terá mais um desafio pela frente.
Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire
http://www.youtube.com/watch?v=YzURD6CgVs4&feature=related
Bibliografia
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Preste atenção à seguinte conversa entre professores (A, B , C, D e E),
extraída de Cortesão e Tores (1983:67):
A: Recuso-me a fazer planos. ...Mas...planificar, para quê? As aulas
Nas nossas escolas temos vários professores, cada um com seus hábitos
particulares. Entretanto, a escola é uma organização, uma entidade
Auto-avaliação responsável por realizar o PEA, uma actividade com carácter sistemático
e planificado como vimos na aula sobre as características do PEA. Nesse
sentido, você concordaria ou não concordaria com o professor que:
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1. Para ser um bom plano de ensino, deve apresentar as
seguintes características: a) servir como guia de orientação, b)
apresentar ordem sequencial, c) apresentar objectividade, d)
apresentar coerência e e) apresentar flexibilidade.
Actividade
Explique em que consiste cada uma destas características
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Dentre as ideias seguintes, uma delas não é totalmente correcta. Qual é?
Justifique.
f. O plano de aula é um fio condutor, o que significa que não deve
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