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A FORCA DA NATUREZA“®. m relacgao a constituicéo deste mundo em que respiramos e vivemos, ou seja, da Grande Natureza, segundo minha pesqui- sa, existem a grosso modo trés elementos — Fogo, Agua e Terra — conforme explanei em outra oportunidade. Atualmente, por inter- médio da ciéncia e dos cinco sentidos do ser humano, tomamos conhecimento do eletro- magnetismo, da atmosfera, dos elementos da matéria etc. Meu propdsito, porém, é fa- lar sobre um componente etéreo, ou seja, a energia espiritual, que ainda nao pode ser conhecida por meio da ciéncia e dos cinco sentidos. Até hoje, a expressao “energia espiritual” ou “espirito” tem sido muito usada, mas fi- cou circunscrita 4 religiaéo ou a parapsicolo- gia. Consequentemente, a palavra “espirito” foi associada a supersticao. Nao sé isso, tor- nou-se praxe a negacao do espirito como condigéo para ser considerado intelectual, mas nao é bem assim: na verdade, a energia espiritual é a fonte da surpreendente forca da qual dependem o nascimento, o desen- volvimento e a transformacao de todas as coisas deste Universo. Chamo-a de Forga In- visivel. Sendo assim, chamarei 0 mundo co- nhecido simplesmente de Mundo Material, e o desconhecido, de Mundo Espiritual. Como lei universal, todas as coisas do Mundo Material se originam e se poem em movimento, primeiramente, no Mundo Es- piritual. O mesmo se da quando movimenta- mos nossos bragos e pernas, em que a vonta- de é que se move primeiramente. Contudo, os estudos de até agora tinham por principio a busca de solugdes apenas com base nos fendmenos do Mundo Material, e esse é o motivo por que, embora se admita um avan- co da cultura, o bem-estar da humanidade nao acompanhou esse progresso. Portanto, para resolver qualquer questao do Mundo Material, é necessario soluciona-la primeiro no Mundo Espiritual. Nesse sentido, mesmo no caso de doengas, é necessario cura-las a partir do Mundo Espiritual, ou seja, o verda- deiro método de tratamento consiste em tra- tar o espirito por meio do espirito. E evidente que o corpo humano é consti- tuido de um corpo espiritual, referente ao Mundo Espiritual, e de um corpo material, pertencente ao Mundo Material. A doenga, conforme ja tenho explicado, é a purificagao de toxinas solidificadas, ou seja, é 0 proces- so de dissolugao dessas toxinas. Esse proces- so aplicado ao corpo espiritual se configura da seguinte maneira: as toxinas se apresen- tam em forma de nuvens espirituais em uma parte do espirito, e a dissolucao das toxinas corresponde a dissipacao dessas nuvens. Ja que todos os tratamentos existentes até hoje buscavam a solucao apenas no corpo, eles agiam de forma contraria e, por isso, nao eram a verdadeira solucdo da doenga. Dado que a dissipacao das nuvens do cor- po espiritual é a regra basica da cura das do- encas, qual é a forga necessaria para extin- gui-las? Ela é uma espécie de luz misteriosa irradiada do corpo humano. Sé é possivel apreender verdadeiramente esse principio por meio da pratica continua do Johrei por varios anos. Peco aos leitores que fiquem ci- entes, portanto, que aqui nao é possivel ir além de uma nogao geral do assunto. Antes de explicar 0 que é 0 corpo espiritu- al do ser humano, torna-se necessario saber o que é a morte. Quando 0 corpo fisico se torna incapaz de continuar desempenhando suas fungées devido ao envelhecimento, do- enca, ferimento, perda de sangue etc., 0 es- pirito se separa da matéria. A esta separacao chamamos de morte. Dessa forma, a morte se dé quando o corpo espiritual abandona o corpo material. Com a morte, o espirito re- gressa ao Mundo Espiritual e, passado al- gum tempo, reencarna; 0 corpo fisico, como todos sabem, se decompoe e retorna a terra. Pelo exposto, compreende-se que o corpo espiritual é de vida infinita, e o corpo mate- rial, uma existéncia secundaria e finita. Con- sequentemente, ao lidar com as questées do ser humano, o corpo espiritual deve ser 0 verdadeiro alvo. Finalmente, a ciéncia moderna esta desco- brindo a existéncia de uma espécie de radia- cao em todos os seres vivos, inclusive nos vegetais e até mesmo nos minerais. Segundo minhas pesquisas, a radiacao do corpo hu- mano é de natureza superior, pois, como os antigos diziam, “o ser humano é 0 mais ele- vado entre todas as criaturas”. Quanto mais elevado for um espirito, mai- or é o grau de rarefacao de seus elementos e, quanto mais aumenta o grau de rarefacao do espirito, mais dificil é detecta-lo por meio de equipamentos, 0 que contraria a visdo mate- rialista. Desse modo, é muito mais facil per- ceber a radioatividade nos minerais e a fos- forescéncia nos vegetais, por serem espiritos de nivel inferior. Assim, quanto mais rare- feito for o espirito, mais aumentara sua for- ca. A compreensao de tal principio é muito importante. Apesar da radiacao emitida pelo corpo humano ser a mais forte, dependendo da pessoa, essa radiacao apresenta enorme diferenga que esta além da imaginagcao. Quanto mais forte for essa radiagao, maior sera sua forea de curar doengas. Assim, para torna-la mais potente, concentrei-a em uma parte do corpo, alcancando éxito na dissipa- cao das nuvens espirituais. Obtive sucesso também em desenvolver uma técnica especi- al que potencializa ainda mais a for¢a de ra- diac&o que cada um possui. Aplicando esse método, conhecendo seu principio e somando experiéncias, conse- gue-se manifestar uma extraordinaria capa- cidade de curar doengas. 5 de fevereiro de 1947 448) Titulo anterior: “O poder da Natureza”. ANALISE DAS TOXINAS seguir, vou explicar o que é a toxina. Em Avoutras palavras, a toxina é sangue turvo; sao nuvens espirituais. Conforme ja escrevi outras vezes, as nuvens espirituais surgem devido aos pecados e as impurezas® que, evidentemente, se originam no mal. Todos sabem que essa visao de pecados e impure- zas é quase que um monopdlio das religides desde a antiguidade. Entretanto, é lamenta- vel que elas, até agora, tenham ensinado de forma simplista, afirmando que nao se deve fazer isso ou aquilo porque é pecado. Para as pessoas do passado talvez isso bastasse, mas hoje ja nao convence mais, pois a maioria é muito intelectualizada e raciocina em ter- mos cientificos. Devem-se, portanto, apre- sentar argumentos sdlidos, com base em te- oria sistematizada e evidéncias verificaveis. O mundo em que vivemos é constituido pelos Mundos Espiritual e Material. Da mes- ma maneira, o ser humano é formado de es- pirito e corpo fisico, e ambos, numa relacao intima e insepardvel, tém por principio a identidade espirito-matéria. Sendo assim, quando as nuvens espirituais se refletem no corpo fisico, o sangue se turva; e quando este se reflete no espirito, transforma-se em nuvens espirituais. Por ser este o ponto mais importante, gostaria que realizassem a leitu- ra levando-o em consideracao. Explicando do ponto de vista espiritual, no momento em que uma pessoa pratica mas acées, esse pecado transforma-se em nuvens espirituais e quando seu actimulo atinge determinado nivel, sobrevém a acao purificadora na forma de doengas, calamida- des ou penalidades legais. A parte que esca- pou da lei humana é punida espiritualmente pela Lei de Deus. Mesmo que a pessoa con- siga fugir habilmente dessas penalidades, por ser a lei de Deus absoluta, as nuvens se refletirao no corpo fisico, tornando-se um grande sofrimento. Evidentemente, as doen- cas sobrevindas nesses casos sao malignas e, em muitos casos, chega até a comprometer a vida. Quanto mais cedo o mal for punido, mais leve sera 0 castigo, podendo-se compa- ra-lo a dividas, que, quanto mais se demora a salda-las, mais crescem, devido ao acimu- lo de juros. De fato, ha malfeitores que con- seguem livrar-se habilmente em vida dos julgamentos de Deus e do homem, mas ao morrerem, seus espiritos passarao para o Mundo Espiritual e cairao nas profundezas do Inferno devido ao peso dos pecados. En- tao, por pior que seja o malfeitor, nao ha quem nfo se arrependa do que fez. E exata- mente como o “Inferno de Incessante Sofri- mento”, citado no budismo; 0 “Fundo do In- ferno”, mencionado no xintoismo e, no Oci- dente, o Purgatorio descrito no volume so- bre o Inferno, da Divina Comédia, de Dante Alighieri. Trata-se de um mundo de trevas, absolutamente sem luz e calor, onde o espi- rito nada enxerga, permanecendo congelado por centenas de anos; por isso, nao ha mal- feitor, por pior que seja, que nao venha a de- sistir do mal. Para as pessoas da atualidade, talvez seja dificil acreditar em situacdes como estas, mas gostaria que me dessem to- tal crédito, pois sao fatos que me foram transmitidos diretamente pelos espiritos por ocasiao das pesquisas que realizei, e posso garantir que nao existe nenhum equivoco. Voltando ao assunto, a pessoa comeca a sentir peso na consciéncia por ter praticado o mal, e esse sofrimento ja é uma leve purifi- cacao. Seria bom que, nesse momento, ela se arrependesse do que fez, mas como dificil- mente isso ocorre, a maioria das pessoas continua pecando. E claro que a quantidade das nuvens espirituais corresponde 4 maior ou 4 menor gravidade dos pecados. Ha, ain- da, fatores indiretos. Por exemplo, quando se faz alguém sofrer, a pessoa atingida se en- furece, sente ddio por aquele que lhe causou o sofrimento, e esse sonen se transmite ao espirito do malfeitor como ondas de radio por meio do elo espiritual, gerando nuvens em seu espirito. Ao contrario, quando a pes- soa pratica o bem e alegra o proximo, o sen- timento de gratidao do outro é transmitido de volta na forma de Luz, e as nuvens espiri- tuais diminuem proporcionalmente. Além disso, quanto mais o bem for praticado de forma oculta, sem que o beneficiado o saiba, maiores serao as béncaos de Deus. Esta é a imutavel Lei dos Céus. Ja que o que vimos acima sobre 0 Mundo Espiritual é uma verdade absoluta, a tnica alternativa ao ser humano é crer e obedecer. Portanto, uma vez que as doengas e outros infortiinios sao decorrentes da acao purifica- dora das nuvens espirituais, se o ser huma- no deseja ser feliz, ele deve deixar de fazer 0 mal, praticar o bem e esforcar-se para nao nublar seu espirito. Passarei, agora, a falar sobre o aspecto material. O sangue turvo, que é a causa das doen- cas, obviamente, tem origem nas toxinas medicamentosas. Todos os medicamentos” sao substancias t6xicas; porém, durante muito tempo, eles vieram sendo erronea- mente interpretados como um recurso bené- fico, pelo desconhecimento do fundamento de que a doenga é uma agao purificadora. Baseado na minha experiéncia, desejo apresentar o principio sobre a toxina medi- camentosa. Ha casos em que ocorre a reinci- déncia da doenga depois de algum tempo, mesmo em pessoas que ja tinham se resta- belecido por meio do Johrei. Chamo a isso de repurificacao. O motivo é que, no inicio, com o recebimento do Johrei ocorre a elimi- nacao somente das toxinas ja em processo de dissolucao e, com isso, o doente melhora por um tempo. Entretanto, logo que ele reto- ma suas atividades, j4 com vigor razodavel, surge uma acao purificadora mais intensa. Resumindo, com a purificacao, a pessoa ga- nha satide e, com esta, surge a purificacao. Pela repeticao desse processo é que, gradati- vamente, se restabelece a satide. Assim sendo, no caso da repurificagao, por ser o processo relativamente mais inten- so, ocorrem febre alta e tosse intensa para eliminar catarro antigo e solidificado, sendo isso perceptivel pela densidade deste e pelo odor de medicamentos. Obviamente, ha ain- da perda de apetite, enfraquecimento do corpo etc. podendo, as vezes, a pessoa partir para o outro mundo. De acordo com as esta- tisticas, até hoje, essa proporcao é de sete por cento; portanto, noventa e trés porcento das pessoas tornaram-se totalmente sauda- veis e ativas com o Johrei. Com relagao a estes maravilhosos resulta- dos de cura de doenga, o fato ainda mais surpreendente é que a maioria que nos pro- cura sao doentes em estado grave, a um pas- so da morte, que ja se submeteram a diver- sos tratamentos médicos, populares, religio- sos etc., sem alcancar a cura. Os resultados obtidos sao tao maravilhosos que talvez seja dificil acreditar. A propésito, no caso dos sete por cento de pessoas que tiveram resul- tados insatisfatérios, a causa, sem excecao, foi a grande quantidade de toxinas medica- mentosas ingeridas. Em suma, o Johrei é um método de eliminacao de toxinas medi- camentosas, e isso torna-se evidente ao ob- servarem que, quanto maior for a reducao da quantidade dessas toxinas, maior é a ten- déncia de melhora. Logo, transformar o Ja- pao em um pais livre da tuberculose nao é tao dificil. Pode-se alcancar perfeitamente esse objetivo, suprimindo os medicamentos e incentivando as pessoas a_contrair resfriado. Uma vez que Deus criou o ser humano como o personagem principal do planeta Terra, providenciou a producao de alimen- tos suficientes para sua subsisténcia, atri- buindo sabor a cada um deles e paladar ao ser humano. Comer com prazer aquilo que se tem vontade de comer € 0 suficiente para se manter a satide, sem precisar preocupar- se, por exemplo, com os nutrientes. A mes- ma légica se aplica 4 quest&o da procriacao que, apesar de nfo ser o objetivo do desejo sexual, acaba ocorrendo como consequéncia natural dele. Sendo assim, o ser humano nao deve ingerir substancias estranhas que nao sejam alimento, isto é, deve excluir tudo o que é insipido ou amargo, pois isso indica o que nao deve ser ingerido. Por desconheci- mento desse principio, costuma-se dizer, desde a antiguidade, que “o bom remédio é sempre amargo”, o que constitui um flagran- te equivoco. Uma vez que a fungao digestiva nao esta capacitada a processar tudo que nao é alimento, e o medicamento é uma substancia estranha, tal func&éo nao conse- gue processa-lo, ficando, portanto, retido no corpo. Isso constitui a causa das doencas. 1° de dezembro de 1952 £2) Peeados e impurezas: Tsumikegare em japonés. O termo tsumikegare pode ser dividido em duas palavras: tsumi, que, no ambito legal, se refere aos crimes, delitos e infragdes e, no aspecto religioso, significa “pecado” e des- creve qualquer desobediéncia 4 Vontade de Deus, em e pecial, qualquer desconsideragio deliberada das Leis Div nas. Jé a palavra kegare significa “impureza” e é utilizada particularmente no xintoismo como termo religioso. Sao causas tipicas de kegare o contato com qualquer forma de morte, parto, doenca, menstruacio, cuja condi¢do pode ser remediada através de rituais de purificacao. 92) Medicamentos: segundo 6rgao brasileiro competen- te, ligado ao Ministério da Satde, medicamentos sao far- macos (substancias quimicas que modificam uma fungé fisiolégica) com propriedades comprovadas cientificamen- te. Os farmacos estao presentes nao apenas nos medica- mentos, mas também nos cosméticos, produtos de higie- ne, agrotéxicos, aditivos alimentares, medicamentos veterinarios. O TRATAMENTO NATURAL ser humano foi criado por Deus. E sua Obsira prima e, entre todas as coisas do Universo, nao ha nada que se lhe possa com- parar. Segundo a Biblia, ele foi criado 4 ima- gem e semelhanca de Deus, 0 que é uma ver- dade inegavel. Consequentemente, é impossivel para a ciéncia compreender inteiramente a misteri- osa constituicéo do ser humano. Quando muito, ela o conhece apenas superficial ou parcialmente; assim, é impossivel afirmar se levara milhares de anos para desvenda-lo ou se nunca o fara. Pensemos com calma. O funcionamento do corpo; a sutileza da acao da vontade-sonen; a manifestacao dos sentimentos de alegria, ira, tristeza ou pra- zer; a sensibilidade do sistema nervoso, que reage até mesmo 4 picada de uma pulga; a capacidade de transmitir nossa vontade e distinguir o sabor dos alimentos por meio da lingua; a misteriosa diferenca nas fisionomi- as de 1,8 bilhao de habitantes do globo ter- restre, cujo rosto nado mede mais que um palmo. S6 estes exemplos ja sao suficientes para que louvemos o poder do Criador do Universo. Principalmente em se tratando do mecanismo de reproducao, o mistério que envolve o processo de criacao de um ser hu- mano é realmente inexprimivel em palavras. E natural que a ciéncia nao consiga desven- dar o mistério da vida, pois o ser humano nao é criagdo sua, como os robés. A esse respeito, talvez alguém diga: “A te- mivel variola nao foi solucionada com a va- cina?” De acordo com a revelagao de Kan- non, ha alguns milhares de anos, na verda- de, nao existia a variola. Ela surgiu para pu- rificar os pecados e as impurezas da huma- nidade e, por essa razao, constitui uma espé- cie de acerto de contas. A vacina é uma for- ma de se esquivar dessa purificacdo e, por- tanto, trata-se de um procedimento inade- quado. Devido a isso, a satide das pessoas esta se debilitando, e sua vida esta sendo se- riamente encurtada. Por conseguinte, o pre- juizo é muito maior do que contrair variola. Mesmo nos dias de hoje, se as pessoas vive- rem corretamente, sem infringir as leis dos Céus, nao ha por que contrairem variola, mesmo que nao tomem vacina. Todavia, ra- ramente existem pessoas tao perfeitas as- sim, por isso, até a concretizacao do Mundo da Luz, creio que o uso de vacinas seja inevi- tavel. Logo que o referido mundo se concre- tizar, as doencas contagiosas e graves desa- parecerao sem deixar vestigios e restarao, apenas, por exemplo, o resfriado e a diarreia. Quando a pessoa adoece, imediatamente inicia-se dentro dela uma grande atividade destinada a eliminar a doenca. O organismo comega a produzir o proprio medicamento. E como se 0 corpo humano contivesse um grande laboratério farmacéutico com um doutor em medicina. Quando ocorre a inva- sao da impureza chamada doenga, esse dou- tor do interior do corpo, no mesmo instante, faz um diagnéstico, solicita ao farmacéutico a preparacao dos medicamentos e inicia o tratamento incontinenti. Uma vez que os equipamentos e os medicamentos sao exce- lentes, realmente, a cura é eficiente. Se co- memos algo t6xico, o laboratério existente dentro do corpo imediatamente produz um laxante para provocar a diarreia e elimina- lo. Quando ocorre a invasao de bactérias no- civas no organismo, é realizado um trata- mento por meio da febre, que é uma grande acao bactericida. Na ocorréncia de uma into- xicagao, produz-se uma reacao na pele para expulsa-la e, por meio da febre e da coceira, procura-se neutraliza-la, a fim de que ela nao atinja os 6rgaos internos. Dependendo do tipo da intoxicagao, os rins entram em intensa atividade, processando uma limpeza com agua, fazendo com que as toxinas sejam eliminadas pela urina. Quando se inspira uma grande quantida- de de poeira, esta é eliminada, por exemplo, na forma de escarro. De fato, 0 corpo huma- no é de uma habilidade extraordinaria. Por isso, em geral, as doengas se curam natural- mente, sem necessidade de interferéncias. Entretanto, por desconhecimento deste principio, as pessoas recorrem aos medica- mentos e aos tratamentos desenvolvidos pela ciéncia, que causam, além dos sérios obstaculos ao processo de cura natural, 0 prolongamento da doenga. Caro leitor, para comprovar isso, da proxi- ma vez que ficar doente, deixe que a doenca siga seu curso natural, sem interferir. E vera que o restabelecimento sera surpreendente- mente rapido e completo. Caso faca essa escolha, deve-se respeitar a vontade do corpo. Portanto, se quiser ficar deitado, deite; se quiser se levantar, levante- se; se quiser caminhar, caminhe; se quiser comer, coma — caso contrario, aguarde o apetite voltar, podendo ficar sem comer por até dois ou trés dias. Se tiver febre alta, pode até usar bolsa d’agua em temperatura ambi- ente, sendo que o melhor é evitar, o maximo possivel, interferéncias. Procedendo assim, quaisquer que sejam as doengas, a cura se dara de forma real- mente satisfatoria. Ao incentivar o tratamento natural, nao quero dizer que a medicina seja totalmente desnecessaria. Nela, ha areas que nos sao uteis, como a bacteriologia; a higiene; a ci- rurgia em tempos de guerra; a odontologia; a ortopedia etc. 1935 £93. Vontade-sonen: Veja nota de rodapé n° 76. A ORIGEM DA DOENCA ESTA NA ALMA22) udo o que existe neste mundo material é "Tcomposto de matéria e espirito, sendo que a deterioracaéo ou a decomposicao da matéria sao causadas pelo abandono do es- pirito. Mesmo em relagao as pedras, existe um tipo de pedra que se esfarela com facili- dade, e isso também se deve a auséncia de espirito. A ferrugem que se forma na super- ficie dos metais tem a mesma causa, poden- do-se dizer que ela é 0 “cadaver” dos metais. A existéncia de pouca ferrugem em espadas bastante polidas ou em espelhos antigos ex- plica-se pelo fato de estar impregnado em ambos 0 espirito do arteséo. Em japonés, o espirito dos seres animados é chamado de seirei “, enquanto o espirito da matéria é denominado simplesmente rei — espirito. O ser humano, enquanto esta vivo, é cons- tituido pela uniado insepardvel do espirito (seirei) com o corpo fisico. A partida do es- pirito para o Mundo Espiritual constitui aquilo que chamamos morte. Entretanto, no ser humano nao existe apenas o espirito, pois se fosse assim, nao seria diferente dos seres inanimados. Além do espirito, ou melhor, dentro do espirito dos seres humanos, inclusive dos animais, existe a consciéncia e, dentro desta, a alma. Ou seja, no centro do espirito existe a cons- ciéncia e, no centro da consciéncia, a alma. O tamanho da consciéncia é um centésimo do espirito, e o da alma é um centésimo da consciéncia. Primeiramente, a alma se movi- menta e, sucessivamente, a consciéncia, o espirito e o corpo fisico se movimentam. Dessa forma, nao s6 os movimentos do cor- po humano, como todos os fendmenos que ocorrem no corpo fisico, se originam na alma. Classificando tudo isso em termos de bem e mal, 0 corpo fisico é o mal e a consci- éncia é o bem. Se a consciéncia for o mal, a alma é 0 bem. O repetido atrito entre esses varios “bem-mal” gera a harmonia, manifes- tando-se como forca motriz para viver. Assim, 0 aparecimento da propria doenga ocorre em uma parte da alma, que é a milé- sima parte do espirito que, por sua vez, move 0 corpo fisico. Apesar de pequena, a alma é elastica: quando o ser humano esta acordado e em atividade, ela toma a forma humana; quando ele esta dormindo, assume a forma esférica. Quando a pessoa morre, seu hitodama“™, que tem o formato circu- lar, sai voando. A razao disso é que, no mo- mento da morte, tanto a alma, como a cons- ciéncia e o espirito assumem a forma esféri- ca. Ocasionalmente, essa forma fica visivel porque adquire luminosidade. O aparecimento da doencga em uma parte da alma, a qual tem o formato humano, sig- nifica, na verdade, que ali esta nublado, ou seja, a luz dessa parte esta mais escassa. Isso se reflete na consciéncia, no espirito e, por fim, no corpo fisico na forma de doenga. Portanto, se nao surgirem nuvens em sua alma, a pessoa jamais ficard doente. Entao, qual é a razao para se formarem nuvens na alma? Sao os pecados e as impurezas‘), Para explicar sobre pecados e impurezas, eu teria de entrar no campo da religiao e, por conseguinte, pararei por aqui. Falarei ape- nas sobre a manifestacao da doenca no cor- po fisico. Como eu ja disse, se surgem nuvens em uma parte do espirito, por exemplo na parte correspondente a regiao pulmonar, o sangue dessa area fica turvo. Se essa turbidez au- mentar, 0 sangue se transforma em pus. O sangue turvo vira hemoptise“ ou escarro com sangue. Ja a substancia purulenta se transforma em catarro. O catarro com forte odor é decorrente de substancia purulenta antiga. Nao s6 as doencas pulmonares como to- das as doencas surgem da maneira acima explicada. Por essa razao, o fundamento da cura esta na eliminacao das nuvens do espi- rito. Entretanto, desconhecendo esse precei- to, a atual medicina empenha-se na pesqui- sa e no tratamento baseado apenas nos sin- tomas que aparecem no corpo fisico. Isto acontece porque ela sé tem conhecimento do efeito e nado da causa do problema. Desse modo, mesmo que se consiga uma pequena e temporaria melhora, nao se obtém a cura completa da doenga. Por meio da Luz de Kannon, o Johrei eli- mina as nuvens do espirito e, ao mesmo tempo, dissolve a substancia purulenta, fa- zendo com que a doenga melhore ou até de- sapareca. Ou seja, a purificagao do espirito reflete-se no corpo fisico, proporcionando a cura da doenga. Contudo, apenas isso nao é suficiente. EK verdade que se atinge mais a esséncia do que a medicina, mas nao da para afirmar que é absoluto. Isso porque, se a alma nao for totalmente purificada, nao se pode obter verdadeira tranquilidade. A puri- ficacgaéo da alma sé sera completa se a pessoa assimilar a fé correta e pratica-la. Isso cons- titui a pratica messianica. Chegando a esse ponto, a pessoa nao cometera mais pecados. Muito pelo contrario: comecara a acumular virtudes. Assim, nao sé estara isenta de do- encas e infortinios, como também podera viver repleta de alegria e éxtase, além de ob- ter a graca de uma vida longa e prdéspera. Dessa forma, havera progresso de toda a sua linhagem familiar. Falarei, agora, sobre outro aspecto relaci- onado a alma. Ha pessoas que se assustam com qualquer coisa; ha outras que estéo sempre inseguras e, ainda, ha aquelas que vivem aflitas. Isso ocorre porque a alma esta fraca, e sua resisténcia aos impactos exter- nos € pequena. Os portadores de neuraste- nia“, cujo namero tem aumentado muito ultimamente, enquadram-se nesse tipo. A causa dessa doenga sao as nuvens existentes na alma que deixam a pessoa fraca. Muitos neurasténicos possuem toxinas solidificadas no pescoco. Dissolvendo-se essas toxinas, eles ficarao curados. Se essa doenga se agra- var, ocorre a insOnia. Mesmo apos obter a cura, o melhor meio de evitar uma recaida é a pessoa ingressar na nossa religiao, a fim de que sua alma seja iluminada pela Luz Divina e nao surjam mais nuvens. 1935 19) Titulo anterior: “A verdadeira causa da doenca esta no ‘espirito’””. {1 Seirei: é a denominacao que se da ao espirito de ani- mais, inclusive ao dos seres humanos, na lingua japonesa. 12) Hitodama: Fenémeno do surgimento de bolas de fogo, conhecido como fogo-fatuo interpretado popular- mente como espirito de pessoas desencarnadas. 13) Pecados e impurezas: veja nota de rodapé n° 2. 414. Hemoptise: expectoracéo de sangue proveniente dos pulmées, traqueia e brénquios. 15) Neurastenia: transtorno psicologico caracterizado por fadiga crénica, perda de memoria, forte nervosismo, irritabilidade, ansiedade e outros sintomas de doengas nervosas. ELIMINACAO DA TRAGEDIA ntre tudo o que ha no mundo, o que o E ser humano mais abomina é a tragédia. Elimina-la totalmente é impossivel, mas nao sera tao dificil diminui-la. Passemos a estu- dar sua natureza. O fato de a maioria das tragédias ser cau- sada pela doenca constitui uma implacavel realidade. Entretanto, elas também sfo ge- radas pelas questdes amorosas e pela deso- nestidade motivada por interesses materiais. Analisando sua causa, no entanto, percebe- se que todas as tragédias tém sua raiz na en- fermidade espiritual. Dizem que uma mente sa habita um corpo sao, e isso é verdade. Apés longos anos de pesquisa, verifiquei que a paixdo desregrada, a imoralidade, a deso- nestidade, a impaciéncia, o alcoolismo, a preguica, a delinquéncia juvenil e outros desvios de comportamento estao quase sem- pre presentes em fisicos doentes. Infeliz- mente, nem mesmo apelando para a medici- na ou para outros meios, ainda nao se des- cobriram métodos eficientes para curar as doengas e restabelecer a satide fisica e espi- ritual. Ainda que se tivesse detectado a cau- sa, nao existia ainda uma forma para resol- ver, de fato, o problema. Houve quem se or- gulhasse, dizendo ter descoberto a origem delas e seus tratamentos. Contudo, frequen- temente, estes tratamentos caem em desuso, pois seus efeitos nao sao senao temporarios. Casos assim ocorreram com frequéncia. E realmente desolador. Todavia, em nossas publicacdes, encontramos muitos relatos de cura de doengas consideradas gravissimas, e a alegria e a gratidao expressas nesses rela- tos nos comovem até as lagrimas. Conforme pudemos observar, a verdadei- ra solucao das doengas e de outras desgracas depende do surgimento de uma for¢a invisi- vel, e s6 aos que a experimentarem é dado reconhecer quao incomensuravel é a Forca de Deus. Os homens modernos nao se dei- xam convencer senao através da realidade ou de provas. Portanto, sem apresentar re- sultados concretos, é inttil tentar guid-los 4 fé por meio de principios bem elaborados. Para eles, a salvacéo da humanidade e 0 in- cremento do bem-estar da sociedade nao passam de um sonho. A esséncia da verdadeira fé consiste em mover o que é visivel pela acao de um poder invisivel. Esta forca esta sendo manifestada pela nossa Igreja e, por essa razao, creio eu, poderiamos dizer que ela é a religido do poder. As religides tradicionais, em sua maioria, se fundamentam nos ensinamentos, 0 que faz com que busquem despertar a alma de seus fiéis de fora para dentro. Todavia, 0 ato purificador empregado pela nossa Igreja — 0 Johrei — projeta a Luz espiritual diretamen- te na alma, despertando-a instantaneamen- te, isto é, ele transforma a pessoa sem a in- tervencao humana, deixando as pregacdes para segundo plano. Buda Sakyamuni afir- mou que todos tém a esséncia de buda? em seu interior, e aqueles que atingirem essa compreensao tornam-se bossatsu@?. Isso é realmente verdade. Nessa linha de raciocinio, aqueles que in- gressam em nossa religiaéo, em curto espaco de tempo, vao galgando niveis de Ilumina- cao mais elevados até atingirem a Suprema Tluminacao, Além de nao precisar preocu- par-se com as proprias tragédias, tornam-se qualificados para eliminar as tragédias alheias. 11 de junho de 1949 9 Buda: Em sanscrito, buddha significa “desperto” ou “jluminado”. E um titulo dado no budismo Aqueles que despertaram plenamente para a verdadeira natureza dos fenomenos e se puseram a divulgar tal descoberta aos de- mais seres. 2) Bossatsu: Em sanscrito, bodhisattva. Termo budista utilizado para designar uma pessoa que ja tem um consi- deravel grau de Iuminacao e que procura usar sua sabe- doria para ajudar outros seres humanos a se livrar do sofrimento. 23) Suprema Tluminacio: Em japonés shokaku, em sAnscrito samyak-sambodhi: o nivel mais alto de umina- do segundo o budismo. BECO SEM SAIDA ao sé as pessoas em geral, mas tam- bém nossos fiéis, frequentemente, utili- zam a expressao “beco sem saida”. Eles as- sim se expressam por nao conseguirem dis- cernir a verdade das coisas. Se sfio os impasses que abrem caminho para 0 progresso, entao nao sao, de fato, im- passes. Estes se assemelham a pausa para tomar fdlego em uma corrida ou aos nds do bambu. As varas do bambu se mantém fir- mes devido a formacio de nés no curso de seu desenvolvimento; se faltassem nés, elas nao apresentariam sua conhecida resistén- cia. Quanto mais nés tem o bambu, mais forte ele é. A natureza é sempre um bom exemplo. Observa-la detidamente facilita a compreensao da maioria das coisas. Referi-me aos nés que vemos na natureza. Entretanto, o problema é que nao sao pou- cas aS pessoas que criam “nds” artificiais para si mesmas por falta de sabedoria e in- capacidade de prever as consequéncias. Es- sas pessoas é que acabam se deparando com obstaculos, ficando sem poder avancar nem recuar. A elas recomendo que leiam atenta- mente o presente texto e o guardem no fun- do do coragao. E, no momento em que se encontrarem diante de uma dificuldade, se olharem para tras e refletirem profunda- mente, compreenderao as causas e percebe- rao em que ponto erraram. O ser humano precisa manter sua inteli- géncia sempre agucada e, para tal, deve ler os Escritos Divinos tantas vezes quanto possivel. Jornal Eiko n° 180, 29 de outubro de 1952 DUVIDA palavra “dtavida”, embora nao soe mui- to bem aos nossos ouvidos, representa 0 que ha de mais precioso. Com efeito, a davi- da pode ser considerada a mae da civiliza- cao, pois, com certeza, é a partir dela que nascem novas filosofias, teorias e ciéncias. O sabio chinés Zhu Xi®® disse: “A divida é 0 principio da crenca.” De fato, sao palavras eternas. Por exemplo, é natural que, entre as pes- soas em geral, surjam dividas como: “Por que a Igreja Messianica Mundial, uma reli- giao nova, expandiu-se tanto em tao pouco tempo?”; “Por que sera que ocorrem mila- gres tao maravilhosos como os relatados nas experiéncias de fé?”; “Como se explica a ra- pida construcao dos protétipos do Paraiso Terrestre por meio de grandiosos projetos sem precedentes?” Contudo, duvidar apenas por duvidar nada significa. Acredito que surja a vontade de desvendar esses mistérios. Isso é louvavel porque, a partir dessa vontade, sera possivel compreender a verdade, ampliar o conheci- mento e desenvolver-se. Portanto, devo dizer que, quanto mais a pessoa duvida, mais progressista ela é e tera um futuro promissor. Existem, porém, algu- mas sem muita sorte que, embora duvidem, infelizmente, nao encontram quem lhes pos- sa mostrar a Verdade e acabam enveredan- do por um labirinto em que as dtividas ge- ram mais dividas. Grande parte das pessoas é assim. Entre elas, ha algumas que fazem pouco caso das verdades pregadas pela nos- sa Igreja e as deixam passar despercebidas. Sao criaturas extremamente infelizes. Ao imaginar as pessoas que, antes, duvi- davam e, hoje, aps o ingresso na nossa reli- giao foram salvas e esto repletas de alegria, conclui-se que nao ha nada melhor que a divida. Assim sendo, creio que puderam compreender que o ser humano deve ser ca- paz de duvidar e mais: ter coragem para ex- por as proprias diividas. Duvida, oh, divida, és maravilhosa! Jornal Eiko n° 96, 21 de marco de 1951 (9 Vide nota de rodapé n° 7 do Ensinamento “Fé correta”. SEJA UM BOM OUVINTE errado censurar as pessoas que men- tem. Devemos, sim, ouvi-las, demons- trando admiracao: “Ah, é verdade?!” Toda- via, no intimo, devemos estar cientes que elas estao mentindo. O homem precisa tor- nar-se astuto a esse ponto. Ha antiquarios que me procuram e, su- bestimando-me, dao explicagées sobre obje- tos de arte: “Este é assim; aquele é falso! ” Entao, eu lhes respondo: “Observando bem, acho que o senhor esta certo!” Embora, no intimo, eu pense: “O que é que esse sujeito esta dizendo? Ele é um tolo. Acha que eu nao sei isso e fala comigo dessa maneira?”, permaneco ouvindo-o com aparente admira- cao. Fazendo isso, as vezes consigo aprender alguma coisa e penso: “E, ele diz coisas inte- ressantes! De fato, ele tem razao.” Um chinés (de cujo nome nao me lembro) disse o seguinte: “Nao faga distingéo para conversar com as pessoas.” Ha coisas ditas por um simples camponés ou por um traba- lhador bragal que nos ensinam muito. Por esse motivo, nao devemos discriminar as pessoas. Em principio, tudo 0 que ouvirmos devera ser levado em consideracao. Também ha ocasides em que aprendemos com as criancas. Acredito que ja tiveram essa experiéncia. As vezes, elas dizem coisas muito interessantes. Como as criangas tém a intuicao auténtica, dizem coisas maravilho- sas, o que nos faz lembrar a “Teoria da In- tuicio” de Bergson. Nas discussdes entre mae e filho, muitas vezes a verdade esta do lado do filho. Registro de OrientacGes, vol. 21, 1° de junho de 1953 TIPOS DE FE esmo em se tratando de fé, existem M varios tipos. Em linhas gerais, temos: 1° - Fé que visa a graca; 2° - Fé exibicio- nista; 3° - Fé pré-forma; 4° - Fé interessei- ra; 5° - Fé meditinica; 6° - Fé egoista; 7° - Fé ostensiva; 8° - Fé ocasional; 9° - Fé voli- vel; 10° - Fé inconstante; 11° - Fé aproveita- dora; 12° - Fé falsa. Analisemos cada uma delas. 1° - Fé que visa a graca Para os seus praticantes basta receber gracas: ser titil a Deus ou a sociedade fica em segundo plano. E uma espécie de fé egoista que visa somente ao proprio bem e muito comum entre pessoas acima da classe média. Sabem aproveitar-se da fé religiosa, mas nao sabem agradecer e retribuir as gra- cas que recebem de Deus. Aproveitar-se da fé religiosa significa colocar 0 ser humano acima de Deus. Visto que é adorando e ser- vindo a Deus que se recebem béncios, a fé que visa 4 graca, ao contrario, faz com que aquelas desaparecam e, por isso, nao é duradoura. 2° - Fé exibicionista Esta fé é seguida por pessoas que se mos- tram indiferentes a4 sua religiéo enquanto esta é desconhecida na sociedade. No mo- mento em que ela se torna famosa e alvo de comentarios, aqueles que tém esse tipo de fé, repentinamente, se lembram de Deus e se aproximam, querendo aparecer de algu- ma maneira. 3° - Fé pré-forma Observando seus praticantes, estes se mostram agradecidos e aparentam ser fervo- rosos mas, na realidade, sAo destituidos de pensamento amplo, como o de salvagio da humanidade — objetivo maior de Deus. Por ser uma fé extremamente shojo, eles nao tém nenhuma atuacao. Por essa razao, trata- se de uma fé de pura formalidade. 4° - Fé interesseira Esta fé é professada por pessoas bastante astutas que procuram obter vantagens fi- nanceiras ou que acalentam alguma ambi- cao, aproveitando-se da religiao. Quando constatam a impossibilidade de tirar tais proveitos, elas abandonam rapidamente a crenca. 5°- Fé na possessao por divindades E 0 tipo de fé professada pelas pessoas que apreciam os fendmenos de possessao por divindades e, aprovando sua pratica, querem conhecer a respeito do Mundo Espi- ritual. Esse desejo nao é de todo condenavel, mas nao é o rumo ideal, embora seja o tra- balho de associagdes que desenvolvem pes- quisas espirituais. Além de aquelas pessoas acreditarem fa- cilmente nas profecias dos espiritos de nivel inferior, demonstram gratidao por suas ab- surdas e descabidas predicdes. FE, antes de mais nada, um tipo de fé que se desvia do caminho. 6° - Fé egoista Trata-se da fé que visa unicamente satis- fazer A ganancia. E seguida pelas criaturas extremamente egoistas, que fazem romarias e oferendas, inclusive monetarias, em favor de divindades, com a tnica finalidade de ob- ter gracas apenas para si. Sao pessoas total- mente indiferentes aos infortinios que asso- lam seus semelhantes. E o tipo de fé mais difundido na sociedade. 7° - Fé ostensiva E a fé manifestada por aqueles que gostam de se mostrar importantes, de se be- neficiar, de ser benquistos, reconhecidos, elogiados etc. Trata-se de uma fé superficial, deploravel, que nao consegue se desvincular do egoismo. Também pode ser classificada como uma fé de baixo nivel. 8° - Fé ocasional E a fé das pessoas que comparecem a Igreja quando ninguém se lembra mais de- las. Pela sua longa auséncia, dao-nos a im- pressao de terem abandonado a fé. Todavia, semelhantes a fantasmas, repentinamente, elas aparecem na Igreja meio atordoadas. E preferivel que tais pessoas deixem de seguir afé. 9° - Fé volivel Seus praticantes nao conseguem seguir uma tinica fé. S40 como as plantas aquati- cas, que brotam a cada dia em uma margem diferente, isto é, jamais aleancam verdadei- ramente as gracas. Se nao professarem algu- ma fé, sentem-se desolados e perdidos. Ao ouvirem falar sobre alguma crenga, querem aderir a ela de imediato. Sao pessoas real- mente infelizes. 10° - Fé inconstante E a fé expressa das pessoas inconstantes e, tal qual as de fé voltivel, vivem mudando de crenga e nao conseguem permanecer e devotar-se a uma s6 fé religiosa. Isto signifi- ca que sao andarilhas da religido. Em sua maioria, os que manifestam este tipo de fé sao os intelectuais. 11° - Fé aproveitadora™ Os adeptos querem tirar proveito das di- vindades e da fé para satisfazerem a propria ambicao. Assemelha-se a fé egoista e é mui- to comum nas instituigdes religiosas. Entre as pessoas importantes, como lideres e inte- lectuais, é grande o nimero daqueles que professam esse tipo de fé. 12° - Fé falsa Nesta espécie de fé, os adeptos mostram- se fervorosos; mas, no fundo, nao reconhe- cem, em absoluto, a existéncia de Deus. Os que possuem esse tipo de fé séo muito elo- quentes e, no inicio, conseguem enganar fa- cilmente as pessoas. Todavia, como Deus nao permite isso por muito tempo, chega o momento em que sao desmascarados e aca- bam fugindo. Diremos que a fé religiosa é verdadeira quando nao corresponde a nenhum dos ti- pos que foram citados. Coletanea Série Jikan, vol. 12, 30 de janeiro de 1950 49) 4 expresso utilizada por Meishu-Sama foi katsuo- bushi shinjin. Katsuobushi é a carne seca de atum, que é aproveitada para conferir sabor a varios pratos da culina- ria japonesa. Presume-se que Meishu-Sama tenha langado mao dessa imagem para ilustrar o tipo de fé de pessoas que tiram proveito das divindades para satisfazer seus desejos. TEORIA DA HARMONIAS?) harmonia é uma palavra utilizada desde A: antiguidade que soa, em um primeiro momento, como algo positivo. Em geral, é tida como um caminho natural, mas na ver- dade existem pontos que nao podem ser aceitos cegamente. Isso porque essa forma de pensar é superficial, apesar de nao estar totalmente errada. Sendo assim, precisamos aprofunda-la. Tudo o que ha no Universo acha-se em perfeita harmonia. Nao existe um minimo sequer de desarmonia. Aquilo que se apre- senta aos olhos humanos como desarmonia, é apenas a parte visivel. Isso porque a desar- monia é criada pelos seres humanos, e sua origem provém da acao antinatural. Ou seja, do ponto de vista da Grande Natureza, 0 surgimento da desarmonia em decorréncia da acao antinatural é a verdadeira harmo- nia. Esta é a correta e imparcial Verdade. Neste sentido, basta que o ser humano obe- dega as leis do Universo para que todas as coisas se harmonizem e caminhem normalmente. Assim, quando se promove desarmonia, nasce desarmonia. E quando se promove harmonia, nasce harmonia. Uma vez que essa é a Grandiosa Harmonia da Natureza, quando o ser humano aprofunda sua com- preensao sobre este assunto, torna-se feliz. A maior prova disso é que o que hoje é de- sarmonia, com o tempo, se transforma em harmonia. Por outro lado, muitas vezes, quando estamos despreocupados achando que esta tudo em harmonia, quando menos se espera, ela é quebrada e se transforma em desarmonia. Esta é a realidade do mundo que exige nossa profunda reflexao. E bom que tenhamos sempre em mente que aqueles que tém visao shojo“, enxer- gam desarmonia nas coisas e, ao contrario, os de visio daijo®. enxergam a harmonia. 1° de outubro de 1952 {30 Titulo anterior: “A dialética da harmonia”. {39 Visio shojo: Visio micro; prende-se ao particular em detrimento do todo; é uma visao estreita, limitada, res- trita, individual, exclusiva e de curto prazo. 2) Visao daijo: Visio macro; analisa 0 todo sem se prender ao particular; é uma visdo larga, ampla, extensa, coletiva, integral e de longo prazo.

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