A FORCA DA NATUREZA“®.
m relacgao a constituicéo deste mundo
em que respiramos e vivemos, ou seja,
da Grande Natureza, segundo minha pesqui-
sa, existem a grosso modo trés elementos —
Fogo, Agua e Terra — conforme explanei em
outra oportunidade. Atualmente, por inter-
médio da ciéncia e dos cinco sentidos do ser
humano, tomamos conhecimento do eletro-
magnetismo, da atmosfera, dos elementos
da matéria etc. Meu propdsito, porém, é fa-
lar sobre um componente etéreo, ou seja, a
energia espiritual, que ainda nao pode ser
conhecida por meio da ciéncia e dos cinco
sentidos.
Até hoje, a expressao “energia espiritual”
ou “espirito” tem sido muito usada, mas fi-
cou circunscrita 4 religiaéo ou a parapsicolo-
gia. Consequentemente, a palavra “espirito”
foi associada a supersticao. Nao sé isso, tor-
nou-se praxe a negacao do espirito como
condigéo para ser considerado intelectual,
mas nao é bem assim: na verdade, a energia
espiritual é a fonte da surpreendente forca
da qual dependem o nascimento, o desen-volvimento e a transformacao de todas as
coisas deste Universo. Chamo-a de Forga In-
visivel. Sendo assim, chamarei 0 mundo co-
nhecido simplesmente de Mundo Material, e
o desconhecido, de Mundo Espiritual.
Como lei universal, todas as coisas do
Mundo Material se originam e se poem em
movimento, primeiramente, no Mundo Es-
piritual. O mesmo se da quando movimenta-
mos nossos bragos e pernas, em que a vonta-
de é que se move primeiramente. Contudo,
os estudos de até agora tinham por principio
a busca de solugdes apenas com base nos
fendmenos do Mundo Material, e esse é o
motivo por que, embora se admita um avan-
co da cultura, o bem-estar da humanidade
nao acompanhou esse progresso. Portanto,
para resolver qualquer questao do Mundo
Material, é necessario soluciona-la primeiro
no Mundo Espiritual. Nesse sentido, mesmo
no caso de doengas, é necessario cura-las a
partir do Mundo Espiritual, ou seja, o verda-
deiro método de tratamento consiste em tra-
tar o espirito por meio do espirito.
E evidente que o corpo humano é consti-
tuido de um corpo espiritual, referente ao
Mundo Espiritual, e de um corpo material,
pertencente ao Mundo Material. A doenga,
conforme ja tenho explicado, é a purificagao
de toxinas solidificadas, ou seja, é 0 proces-
so de dissolugao dessas toxinas. Esse proces-so aplicado ao corpo espiritual se configura
da seguinte maneira: as toxinas se apresen-
tam em forma de nuvens espirituais em uma
parte do espirito, e a dissolucao das toxinas
corresponde a dissipacao dessas nuvens. Ja
que todos os tratamentos existentes até hoje
buscavam a solucao apenas no corpo, eles
agiam de forma contraria e, por isso, nao
eram a verdadeira solucdo da doenga.
Dado que a dissipacao das nuvens do cor-
po espiritual é a regra basica da cura das do-
encas, qual é a forga necessaria para extin-
gui-las? Ela é uma espécie de luz misteriosa
irradiada do corpo humano. Sé é possivel
apreender verdadeiramente esse principio
por meio da pratica continua do Johrei por
varios anos. Peco aos leitores que fiquem ci-
entes, portanto, que aqui nao é possivel ir
além de uma nogao geral do assunto.
Antes de explicar 0 que é 0 corpo espiritu-
al do ser humano, torna-se necessario saber
o que é a morte. Quando 0 corpo fisico se
torna incapaz de continuar desempenhando
suas fungées devido ao envelhecimento, do-
enca, ferimento, perda de sangue etc., 0 es-
pirito se separa da matéria. A esta separacao
chamamos de morte. Dessa forma, a morte
se dé quando o corpo espiritual abandona o
corpo material. Com a morte, o espirito re-
gressa ao Mundo Espiritual e, passado al-
gum tempo, reencarna; 0 corpo fisico, comotodos sabem, se decompoe e retorna a terra.
Pelo exposto, compreende-se que o corpo
espiritual é de vida infinita, e o corpo mate-
rial, uma existéncia secundaria e finita. Con-
sequentemente, ao lidar com as questées do
ser humano, o corpo espiritual deve ser 0
verdadeiro alvo.
Finalmente, a ciéncia moderna esta desco-
brindo a existéncia de uma espécie de radia-
cao em todos os seres vivos, inclusive nos
vegetais e até mesmo nos minerais. Segundo
minhas pesquisas, a radiacao do corpo hu-
mano é de natureza superior, pois, como os
antigos diziam, “o ser humano é 0 mais ele-
vado entre todas as criaturas”.
Quanto mais elevado for um espirito, mai-
or é o grau de rarefacao de seus elementos e,
quanto mais aumenta o grau de rarefacao do
espirito, mais dificil é detecta-lo por meio de
equipamentos, 0 que contraria a visdo mate-
rialista. Desse modo, é muito mais facil per-
ceber a radioatividade nos minerais e a fos-
forescéncia nos vegetais, por serem espiritos
de nivel inferior. Assim, quanto mais rare-
feito for o espirito, mais aumentara sua for-
ca. A compreensao de tal principio é muito
importante. Apesar da radiacao emitida pelo
corpo humano ser a mais forte, dependendo
da pessoa, essa radiacao apresenta enorme
diferenga que esta além da imaginagcao.
Quanto mais forte for essa radiagao, maiorsera sua forea de curar doengas. Assim, para
torna-la mais potente, concentrei-a em uma
parte do corpo, alcancando éxito na dissipa-
cao das nuvens espirituais. Obtive sucesso
também em desenvolver uma técnica especi-
al que potencializa ainda mais a for¢a de ra-
diac&o que cada um possui.
Aplicando esse método, conhecendo seu
principio e somando experiéncias, conse-
gue-se manifestar uma extraordinaria capa-
cidade de curar doengas.
5 de fevereiro de 1947
448) Titulo anterior: “O poder da Natureza”.ANALISE DAS TOXINAS
seguir, vou explicar o que é a toxina. Em
Avoutras palavras, a toxina é sangue turvo;
sao nuvens espirituais. Conforme ja escrevi
outras vezes, as nuvens espirituais surgem
devido aos pecados e as impurezas® que,
evidentemente, se originam no mal. Todos
sabem que essa visao de pecados e impure-
zas é quase que um monopdlio das religides
desde a antiguidade. Entretanto, é lamenta-
vel que elas, até agora, tenham ensinado de
forma simplista, afirmando que nao se deve
fazer isso ou aquilo porque é pecado. Para as
pessoas do passado talvez isso bastasse, mas
hoje ja nao convence mais, pois a maioria é
muito intelectualizada e raciocina em ter-
mos cientificos. Devem-se, portanto, apre-
sentar argumentos sdlidos, com base em te-
oria sistematizada e evidéncias verificaveis.
O mundo em que vivemos é constituido
pelos Mundos Espiritual e Material. Da mes-
ma maneira, o ser humano é formado de es-
pirito e corpo fisico, e ambos, numa relacao
intima e insepardvel, tém por principio a
identidade espirito-matéria. Sendo assim,
quando as nuvens espirituais se refletem no
corpo fisico, o sangue se turva; e quandoeste se reflete no espirito, transforma-se em
nuvens espirituais. Por ser este o ponto mais
importante, gostaria que realizassem a leitu-
ra levando-o em consideracao.
Explicando do ponto de vista espiritual,
no momento em que uma pessoa pratica
mas acées, esse pecado transforma-se em
nuvens espirituais e quando seu actimulo
atinge determinado nivel, sobrevém a acao
purificadora na forma de doengas, calamida-
des ou penalidades legais. A parte que esca-
pou da lei humana é punida espiritualmente
pela Lei de Deus. Mesmo que a pessoa con-
siga fugir habilmente dessas penalidades,
por ser a lei de Deus absoluta, as nuvens se
refletirao no corpo fisico, tornando-se um
grande sofrimento. Evidentemente, as doen-
cas sobrevindas nesses casos sao malignas e,
em muitos casos, chega até a comprometer a
vida. Quanto mais cedo o mal for punido,
mais leve sera 0 castigo, podendo-se compa-
ra-lo a dividas, que, quanto mais se demora
a salda-las, mais crescem, devido ao acimu-
lo de juros. De fato, ha malfeitores que con-
seguem livrar-se habilmente em vida dos
julgamentos de Deus e do homem, mas ao
morrerem, seus espiritos passarao para o
Mundo Espiritual e cairao nas profundezas
do Inferno devido ao peso dos pecados. En-
tao, por pior que seja o malfeitor, nao ha
quem nfo se arrependa do que fez. E exata-mente como o “Inferno de Incessante Sofri-
mento”, citado no budismo; 0 “Fundo do In-
ferno”, mencionado no xintoismo e, no Oci-
dente, o Purgatorio descrito no volume so-
bre o Inferno, da Divina Comédia, de Dante
Alighieri. Trata-se de um mundo de trevas,
absolutamente sem luz e calor, onde o espi-
rito nada enxerga, permanecendo congelado
por centenas de anos; por isso, nao ha mal-
feitor, por pior que seja, que nao venha a de-
sistir do mal. Para as pessoas da atualidade,
talvez seja dificil acreditar em situacdes
como estas, mas gostaria que me dessem to-
tal crédito, pois sao fatos que me foram
transmitidos diretamente pelos espiritos por
ocasiao das pesquisas que realizei, e posso
garantir que nao existe nenhum equivoco.
Voltando ao assunto, a pessoa comeca a
sentir peso na consciéncia por ter praticado
o mal, e esse sofrimento ja é uma leve purifi-
cacao. Seria bom que, nesse momento, ela se
arrependesse do que fez, mas como dificil-
mente isso ocorre, a maioria das pessoas
continua pecando. E claro que a quantidade
das nuvens espirituais corresponde 4 maior
ou 4 menor gravidade dos pecados. Ha, ain-
da, fatores indiretos. Por exemplo, quando
se faz alguém sofrer, a pessoa atingida se en-
furece, sente ddio por aquele que lhe causou
o sofrimento, e esse sonen se transmite ao
espirito do malfeitor como ondas de radiopor meio do elo espiritual, gerando nuvens
em seu espirito. Ao contrario, quando a pes-
soa pratica o bem e alegra o proximo, o sen-
timento de gratidao do outro é transmitido
de volta na forma de Luz, e as nuvens espiri-
tuais diminuem proporcionalmente. Além
disso, quanto mais o bem for praticado de
forma oculta, sem que o beneficiado o saiba,
maiores serao as béncaos de Deus. Esta é a
imutavel Lei dos Céus.
Ja que o que vimos acima sobre 0 Mundo
Espiritual é uma verdade absoluta, a tnica
alternativa ao ser humano é crer e obedecer.
Portanto, uma vez que as doengas e outros
infortiinios sao decorrentes da acao purifica-
dora das nuvens espirituais, se o ser huma-
no deseja ser feliz, ele deve deixar de fazer 0
mal, praticar o bem e esforcar-se para nao
nublar seu espirito.
Passarei, agora, a falar sobre o aspecto
material.
O sangue turvo, que é a causa das doen-
cas, obviamente, tem origem nas toxinas
medicamentosas. Todos os medicamentos”
sao substancias t6xicas; porém, durante
muito tempo, eles vieram sendo erronea-
mente interpretados como um recurso bené-
fico, pelo desconhecimento do fundamento
de que a doenga é uma agao purificadora.
Baseado na minha experiéncia, desejo
apresentar o principio sobre a toxina medi-camentosa. Ha casos em que ocorre a reinci-
déncia da doenga depois de algum tempo,
mesmo em pessoas que ja tinham se resta-
belecido por meio do Johrei. Chamo a isso
de repurificacao. O motivo é que, no inicio,
com o recebimento do Johrei ocorre a elimi-
nacao somente das toxinas ja em processo
de dissolucao e, com isso, o doente melhora
por um tempo. Entretanto, logo que ele reto-
ma suas atividades, j4 com vigor razodavel,
surge uma acao purificadora mais intensa.
Resumindo, com a purificacao, a pessoa ga-
nha satide e, com esta, surge a purificacao.
Pela repeticao desse processo é que, gradati-
vamente, se restabelece a satide.
Assim sendo, no caso da repurificagao,
por ser o processo relativamente mais inten-
so, ocorrem febre alta e tosse intensa para
eliminar catarro antigo e solidificado, sendo
isso perceptivel pela densidade deste e pelo
odor de medicamentos. Obviamente, ha ain-
da perda de apetite, enfraquecimento do
corpo etc. podendo, as vezes, a pessoa partir
para o outro mundo. De acordo com as esta-
tisticas, até hoje, essa proporcao é de sete
por cento; portanto, noventa e trés porcento
das pessoas tornaram-se totalmente sauda-
veis e ativas com o Johrei.
Com relagao a estes maravilhosos resulta-
dos de cura de doenga, o fato ainda mais
surpreendente é que a maioria que nos pro-cura sao doentes em estado grave, a um pas-
so da morte, que ja se submeteram a diver-
sos tratamentos médicos, populares, religio-
sos etc., sem alcancar a cura. Os resultados
obtidos sao tao maravilhosos que talvez seja
dificil acreditar. A propésito, no caso dos
sete por cento de pessoas que tiveram resul-
tados insatisfatérios, a causa, sem excecao,
foi a grande quantidade de toxinas medica-
mentosas ingeridas. Em suma, o Johrei é
um método de eliminacao de toxinas medi-
camentosas, e isso torna-se evidente ao ob-
servarem que, quanto maior for a reducao
da quantidade dessas toxinas, maior é a ten-
déncia de melhora. Logo, transformar o Ja-
pao em um pais livre da tuberculose nao é
tao dificil. Pode-se alcancar perfeitamente
esse objetivo, suprimindo os medicamentos
e incentivando as pessoas a_contrair
resfriado.
Uma vez que Deus criou o ser humano
como o personagem principal do planeta
Terra, providenciou a producao de alimen-
tos suficientes para sua subsisténcia, atri-
buindo sabor a cada um deles e paladar ao
ser humano. Comer com prazer aquilo que
se tem vontade de comer € 0 suficiente para
se manter a satide, sem precisar preocupar-
se, por exemplo, com os nutrientes. A mes-
ma légica se aplica 4 quest&o da procriacao
que, apesar de nfo ser o objetivo do desejosexual, acaba ocorrendo como consequéncia
natural dele. Sendo assim, o ser humano
nao deve ingerir substancias estranhas que
nao sejam alimento, isto é, deve excluir tudo
o que é insipido ou amargo, pois isso indica
o que nao deve ser ingerido. Por desconheci-
mento desse principio, costuma-se dizer,
desde a antiguidade, que “o bom remédio é
sempre amargo”, o que constitui um flagran-
te equivoco. Uma vez que a fungao digestiva
nao esta capacitada a processar tudo que
nao é alimento, e o medicamento é uma
substancia estranha, tal func&éo nao conse-
gue processa-lo, ficando, portanto, retido no
corpo. Isso constitui a causa das doencas.
1° de dezembro de 1952
£2) Peeados e impurezas: Tsumikegare em japonés. O
termo tsumikegare pode ser dividido em duas palavras:
tsumi, que, no ambito legal, se refere aos crimes, delitos e
infragdes e, no aspecto religioso, significa “pecado” e des-
creve qualquer desobediéncia 4 Vontade de Deus, em e
pecial, qualquer desconsideragio deliberada das Leis Div
nas. Jé a palavra kegare significa “impureza” e é utilizada
particularmente no xintoismo como termo religioso. Sao
causas tipicas de kegare o contato com qualquer forma de
morte, parto, doenca, menstruacio, cuja condi¢do pode
ser remediada através de rituais de purificacao.
92) Medicamentos: segundo 6rgao brasileiro competen-
te, ligado ao Ministério da Satde, medicamentos sao far-
macos (substancias quimicas que modificam uma fungé
fisiolégica) com propriedades comprovadas cientificamen-
te. Os farmacos estao presentes nao apenas nos medica-
mentos, mas também nos cosméticos, produtos de higie-
ne, agrotéxicos, aditivos alimentares, medicamentos
veterinarios.O TRATAMENTO NATURAL
ser humano foi criado por Deus. E sua
Obsira prima e, entre todas as coisas do
Universo, nao ha nada que se lhe possa com-
parar. Segundo a Biblia, ele foi criado 4 ima-
gem e semelhanca de Deus, 0 que é uma ver-
dade inegavel.
Consequentemente, é impossivel para a
ciéncia compreender inteiramente a misteri-
osa constituicéo do ser humano. Quando
muito, ela o conhece apenas superficial ou
parcialmente; assim, é impossivel afirmar se
levara milhares de anos para desvenda-lo ou
se nunca o fara. Pensemos com calma. O
funcionamento do corpo; a sutileza da acao
da vontade-sonen; a manifestacao dos
sentimentos de alegria, ira, tristeza ou pra-
zer; a sensibilidade do sistema nervoso, que
reage até mesmo 4 picada de uma pulga; a
capacidade de transmitir nossa vontade e
distinguir o sabor dos alimentos por meio da
lingua; a misteriosa diferenca nas fisionomi-
as de 1,8 bilhao de habitantes do globo ter-
restre, cujo rosto nado mede mais que um
palmo. S6 estes exemplos ja sao suficientes
para que louvemos o poder do Criador do
Universo. Principalmente em se tratando do
mecanismo de reproducao, o mistério que
envolve o processo de criacao de um ser hu-mano é realmente inexprimivel em palavras.
E natural que a ciéncia nao consiga desven-
dar o mistério da vida, pois o ser humano
nao é criagdo sua, como os robés.
A esse respeito, talvez alguém diga: “A te-
mivel variola nao foi solucionada com a va-
cina?” De acordo com a revelagao de Kan-
non, ha alguns milhares de anos, na verda-
de, nao existia a variola. Ela surgiu para pu-
rificar os pecados e as impurezas da huma-
nidade e, por essa razao, constitui uma espé-
cie de acerto de contas. A vacina é uma for-
ma de se esquivar dessa purificacdo e, por-
tanto, trata-se de um procedimento inade-
quado. Devido a isso, a satide das pessoas
esta se debilitando, e sua vida esta sendo se-
riamente encurtada. Por conseguinte, o pre-
juizo é muito maior do que contrair variola.
Mesmo nos dias de hoje, se as pessoas vive-
rem corretamente, sem infringir as leis dos
Céus, nao ha por que contrairem variola,
mesmo que nao tomem vacina. Todavia, ra-
ramente existem pessoas tao perfeitas as-
sim, por isso, até a concretizacao do Mundo
da Luz, creio que o uso de vacinas seja inevi-
tavel. Logo que o referido mundo se concre-
tizar, as doencas contagiosas e graves desa-
parecerao sem deixar vestigios e restarao,
apenas, por exemplo, o resfriado e a
diarreia.
Quando a pessoa adoece, imediatamenteinicia-se dentro dela uma grande atividade
destinada a eliminar a doenca. O organismo
comega a produzir o proprio medicamento.
E como se 0 corpo humano contivesse um
grande laboratério farmacéutico com um
doutor em medicina. Quando ocorre a inva-
sao da impureza chamada doenga, esse dou-
tor do interior do corpo, no mesmo instante,
faz um diagnéstico, solicita ao farmacéutico
a preparacao dos medicamentos e inicia o
tratamento incontinenti. Uma vez que os
equipamentos e os medicamentos sao exce-
lentes, realmente, a cura é eficiente. Se co-
memos algo t6xico, o laboratério existente
dentro do corpo imediatamente produz um
laxante para provocar a diarreia e elimina-
lo. Quando ocorre a invasao de bactérias no-
civas no organismo, é realizado um trata-
mento por meio da febre, que é uma grande
acao bactericida. Na ocorréncia de uma into-
xicagao, produz-se uma reacao na pele para
expulsa-la e, por meio da febre e da coceira,
procura-se neutraliza-la, a fim de que ela
nao atinja os 6rgaos internos. Dependendo
do tipo da intoxicagao, os rins entram em
intensa atividade, processando uma limpeza
com agua, fazendo com que as toxinas sejam
eliminadas pela urina.
Quando se inspira uma grande quantida-
de de poeira, esta é eliminada, por exemplo,
na forma de escarro. De fato, 0 corpo huma-no é de uma habilidade extraordinaria. Por
isso, em geral, as doengas se curam natural-
mente, sem necessidade de interferéncias.
Entretanto, por desconhecimento deste
principio, as pessoas recorrem aos medica-
mentos e aos tratamentos desenvolvidos
pela ciéncia, que causam, além dos sérios
obstaculos ao processo de cura natural, 0
prolongamento da doenga.
Caro leitor, para comprovar isso, da proxi-
ma vez que ficar doente, deixe que a doenca
siga seu curso natural, sem interferir. E vera
que o restabelecimento sera surpreendente-
mente rapido e completo.
Caso faca essa escolha, deve-se respeitar a
vontade do corpo. Portanto, se quiser ficar
deitado, deite; se quiser se levantar, levante-
se; se quiser caminhar, caminhe; se quiser
comer, coma — caso contrario, aguarde o
apetite voltar, podendo ficar sem comer por
até dois ou trés dias. Se tiver febre alta, pode
até usar bolsa d’agua em temperatura ambi-
ente, sendo que o melhor é evitar, o maximo
possivel, interferéncias.
Procedendo assim, quaisquer que sejam
as doengas, a cura se dara de forma real-
mente satisfatoria.
Ao incentivar o tratamento natural, nao
quero dizer que a medicina seja totalmente
desnecessaria. Nela, ha areas que nos sao
uteis, como a bacteriologia; a higiene; a ci-rurgia em tempos de guerra; a odontologia;
a ortopedia etc.
1935
£93. Vontade-sonen: Veja nota de rodapé n° 76.A ORIGEM DA DOENCA
ESTA NA ALMA22)
udo o que existe neste mundo material é
"Tcomposto de matéria e espirito, sendo
que a deterioracaéo ou a decomposicao da
matéria sao causadas pelo abandono do es-
pirito. Mesmo em relagao as pedras, existe
um tipo de pedra que se esfarela com facili-
dade, e isso também se deve a auséncia de
espirito. A ferrugem que se forma na super-
ficie dos metais tem a mesma causa, poden-
do-se dizer que ela é 0 “cadaver” dos metais.
A existéncia de pouca ferrugem em espadas
bastante polidas ou em espelhos antigos ex-
plica-se pelo fato de estar impregnado em
ambos 0 espirito do arteséo. Em japonés, o
espirito dos seres animados é chamado de
seirei “, enquanto o espirito da matéria é
denominado simplesmente rei — espirito.
O ser humano, enquanto esta vivo, é cons-
tituido pela uniado insepardvel do espirito
(seirei) com o corpo fisico. A partida do es-
pirito para o Mundo Espiritual constitui
aquilo que chamamos morte.
Entretanto, no ser humano nao existe
apenas o espirito, pois se fosse assim, nao
seria diferente dos seres inanimados. Além
do espirito, ou melhor, dentro do espirito
dos seres humanos, inclusive dos animais,existe a consciéncia e, dentro desta, a alma.
Ou seja, no centro do espirito existe a cons-
ciéncia e, no centro da consciéncia, a alma.
O tamanho da consciéncia é um centésimo
do espirito, e o da alma é um centésimo da
consciéncia. Primeiramente, a alma se movi-
menta e, sucessivamente, a consciéncia, o
espirito e o corpo fisico se movimentam.
Dessa forma, nao s6 os movimentos do cor-
po humano, como todos os fendmenos que
ocorrem no corpo fisico, se originam na
alma. Classificando tudo isso em termos de
bem e mal, 0 corpo fisico é o mal e a consci-
éncia é o bem. Se a consciéncia for o mal, a
alma é 0 bem. O repetido atrito entre esses
varios “bem-mal” gera a harmonia, manifes-
tando-se como forca motriz para viver.
Assim, 0 aparecimento da propria doenga
ocorre em uma parte da alma, que é a milé-
sima parte do espirito que, por sua vez,
move 0 corpo fisico. Apesar de pequena, a
alma é elastica: quando o ser humano esta
acordado e em atividade, ela toma a forma
humana; quando ele esta dormindo, assume
a forma esférica. Quando a pessoa morre,
seu hitodama“™, que tem o formato circu-
lar, sai voando. A razao disso é que, no mo-
mento da morte, tanto a alma, como a cons-
ciéncia e o espirito assumem a forma esféri-
ca. Ocasionalmente, essa forma fica visivel
porque adquire luminosidade.O aparecimento da doencga em uma parte
da alma, a qual tem o formato humano, sig-
nifica, na verdade, que ali esta nublado, ou
seja, a luz dessa parte esta mais escassa. Isso
se reflete na consciéncia, no espirito e, por
fim, no corpo fisico na forma de doenga.
Portanto, se nao surgirem nuvens em sua
alma, a pessoa jamais ficard doente. Entao,
qual é a razao para se formarem nuvens na
alma? Sao os pecados e as impurezas‘),
Para explicar sobre pecados e impurezas, eu
teria de entrar no campo da religiao e, por
conseguinte, pararei por aqui. Falarei ape-
nas sobre a manifestacao da doenca no cor-
po fisico.
Como eu ja disse, se surgem nuvens em
uma parte do espirito, por exemplo na parte
correspondente a regiao pulmonar, o sangue
dessa area fica turvo. Se essa turbidez au-
mentar, 0 sangue se transforma em pus. O
sangue turvo vira hemoptise“ ou escarro
com sangue. Ja a substancia purulenta se
transforma em catarro. O catarro com forte
odor é decorrente de substancia purulenta
antiga.
Nao s6 as doencas pulmonares como to-
das as doencas surgem da maneira acima
explicada. Por essa razao, o fundamento da
cura esta na eliminacao das nuvens do espi-
rito. Entretanto, desconhecendo esse precei-
to, a atual medicina empenha-se na pesqui-sa e no tratamento baseado apenas nos sin-
tomas que aparecem no corpo fisico. Isto
acontece porque ela sé tem conhecimento
do efeito e nado da causa do problema. Desse
modo, mesmo que se consiga uma pequena
e temporaria melhora, nao se obtém a cura
completa da doenga.
Por meio da Luz de Kannon, o Johrei eli-
mina as nuvens do espirito e, ao mesmo
tempo, dissolve a substancia purulenta, fa-
zendo com que a doenga melhore ou até de-
sapareca. Ou seja, a purificagao do espirito
reflete-se no corpo fisico, proporcionando a
cura da doenga. Contudo, apenas isso nao é
suficiente. EK verdade que se atinge mais a
esséncia do que a medicina, mas nao da para
afirmar que é absoluto. Isso porque, se a
alma nao for totalmente purificada, nao se
pode obter verdadeira tranquilidade. A puri-
ficacgaéo da alma sé sera completa se a pessoa
assimilar a fé correta e pratica-la. Isso cons-
titui a pratica messianica. Chegando a esse
ponto, a pessoa nao cometera mais pecados.
Muito pelo contrario: comecara a acumular
virtudes. Assim, nao sé estara isenta de do-
encas e infortinios, como também podera
viver repleta de alegria e éxtase, além de ob-
ter a graca de uma vida longa e prdéspera.
Dessa forma, havera progresso de toda a sua
linhagem familiar.
Falarei, agora, sobre outro aspecto relaci-onado a alma. Ha pessoas que se assustam
com qualquer coisa; ha outras que estéo
sempre inseguras e, ainda, ha aquelas que
vivem aflitas. Isso ocorre porque a alma esta
fraca, e sua resisténcia aos impactos exter-
nos € pequena. Os portadores de neuraste-
nia“, cujo namero tem aumentado muito
ultimamente, enquadram-se nesse tipo. A
causa dessa doenga sao as nuvens existentes
na alma que deixam a pessoa fraca. Muitos
neurasténicos possuem toxinas solidificadas
no pescoco. Dissolvendo-se essas toxinas,
eles ficarao curados. Se essa doenga se agra-
var, ocorre a insOnia. Mesmo apos obter a
cura, o melhor meio de evitar uma recaida é
a pessoa ingressar na nossa religiao, a fim de
que sua alma seja iluminada pela Luz Divina
e nao surjam mais nuvens.
1935
19) Titulo anterior: “A verdadeira causa da doenca esta
no ‘espirito’””.
{1 Seirei: é a denominacao que se da ao espirito de ani-
mais, inclusive ao dos seres humanos, na lingua japonesa.
12) Hitodama: Fenémeno do surgimento de bolas de
fogo, conhecido como fogo-fatuo interpretado popular-
mente como espirito de pessoas desencarnadas.
13) Pecados e impurezas: veja nota de rodapé n° 2.
414. Hemoptise: expectoracéo de sangue proveniente
dos pulmées, traqueia e brénquios.
15) Neurastenia: transtorno psicologico caracterizado
por fadiga crénica, perda de memoria, forte nervosismo,
irritabilidade, ansiedade e outros sintomas de doengas
nervosas.ELIMINACAO DA
TRAGEDIA
ntre tudo o que ha no mundo, o que o
E ser humano mais abomina é a tragédia.
Elimina-la totalmente é impossivel, mas nao
sera tao dificil diminui-la. Passemos a estu-
dar sua natureza.
O fato de a maioria das tragédias ser cau-
sada pela doenca constitui uma implacavel
realidade. Entretanto, elas também sfo ge-
radas pelas questdes amorosas e pela deso-
nestidade motivada por interesses materiais.
Analisando sua causa, no entanto, percebe-
se que todas as tragédias tém sua raiz na en-
fermidade espiritual. Dizem que uma mente
sa habita um corpo sao, e isso é verdade.
Apés longos anos de pesquisa, verifiquei que
a paixdo desregrada, a imoralidade, a deso-
nestidade, a impaciéncia, o alcoolismo, a
preguica, a delinquéncia juvenil e outros
desvios de comportamento estao quase sem-
pre presentes em fisicos doentes. Infeliz-
mente, nem mesmo apelando para a medici-
na ou para outros meios, ainda nao se des-
cobriram métodos eficientes para curar as
doengas e restabelecer a satide fisica e espi-ritual. Ainda que se tivesse detectado a cau-
sa, nao existia ainda uma forma para resol-
ver, de fato, o problema. Houve quem se or-
gulhasse, dizendo ter descoberto a origem
delas e seus tratamentos. Contudo, frequen-
temente, estes tratamentos caem em desuso,
pois seus efeitos nao sao senao temporarios.
Casos assim ocorreram com frequéncia. E
realmente desolador. Todavia, em nossas
publicacdes, encontramos muitos relatos de
cura de doengas consideradas gravissimas, e
a alegria e a gratidao expressas nesses rela-
tos nos comovem até as lagrimas.
Conforme pudemos observar, a verdadei-
ra solucao das doengas e de outras desgracas
depende do surgimento de uma for¢a invisi-
vel, e s6 aos que a experimentarem é dado
reconhecer quao incomensuravel é a Forca
de Deus. Os homens modernos nao se dei-
xam convencer senao através da realidade
ou de provas. Portanto, sem apresentar re-
sultados concretos, é inttil tentar guid-los 4
fé por meio de principios bem elaborados.
Para eles, a salvacéo da humanidade e 0 in-
cremento do bem-estar da sociedade nao
passam de um sonho.
A esséncia da verdadeira fé consiste em
mover o que é visivel pela acao de um poder
invisivel. Esta forca esta sendo manifestada
pela nossa Igreja e, por essa razao, creio eu,poderiamos dizer que ela é a religido do
poder.
As religides tradicionais, em sua maioria,
se fundamentam nos ensinamentos, 0 que
faz com que busquem despertar a alma de
seus fiéis de fora para dentro. Todavia, 0 ato
purificador empregado pela nossa Igreja — 0
Johrei — projeta a Luz espiritual diretamen-
te na alma, despertando-a instantaneamen-
te, isto é, ele transforma a pessoa sem a in-
tervencao humana, deixando as pregacdes
para segundo plano. Buda Sakyamuni afir-
mou que todos tém a esséncia de buda? em
seu interior, e aqueles que atingirem essa
compreensao tornam-se bossatsu@?. Isso é
realmente verdade.
Nessa linha de raciocinio, aqueles que in-
gressam em nossa religiaéo, em curto espaco
de tempo, vao galgando niveis de Ilumina-
cao mais elevados até atingirem a Suprema
Tluminacao, Além de nao precisar preocu-
par-se com as proprias tragédias, tornam-se
qualificados para eliminar as tragédias
alheias.
11 de junho de 1949
9 Buda: Em sanscrito, buddha significa “desperto” ou
“jluminado”. E um titulo dado no budismo Aqueles que
despertaram plenamente para a verdadeira natureza dos
fenomenos e se puseram a divulgar tal descoberta aos de-mais seres.
2) Bossatsu: Em sanscrito, bodhisattva. Termo budista
utilizado para designar uma pessoa que ja tem um consi-
deravel grau de Iuminacao e que procura usar sua sabe-
doria para ajudar outros seres humanos a se livrar do
sofrimento.
23) Suprema Tluminacio: Em japonés shokaku, em
sAnscrito samyak-sambodhi: o nivel mais alto de umina-
do segundo o budismo.BECO SEM SAIDA
ao sé as pessoas em geral, mas tam-
bém nossos fiéis, frequentemente, utili-
zam a expressao “beco sem saida”. Eles as-
sim se expressam por nao conseguirem dis-
cernir a verdade das coisas.
Se sfio os impasses que abrem caminho
para 0 progresso, entao nao sao, de fato, im-
passes. Estes se assemelham a pausa para
tomar fdlego em uma corrida ou aos nds do
bambu. As varas do bambu se mantém fir-
mes devido a formacio de nés no curso de
seu desenvolvimento; se faltassem nés, elas
nao apresentariam sua conhecida resistén-
cia. Quanto mais nés tem o bambu, mais
forte ele é. A natureza é sempre um bom
exemplo. Observa-la detidamente facilita a
compreensao da maioria das coisas.
Referi-me aos nés que vemos na natureza.
Entretanto, o problema é que nao sao pou-
cas aS pessoas que criam “nds” artificiais
para si mesmas por falta de sabedoria e in-
capacidade de prever as consequéncias. Es-
sas pessoas é que acabam se deparando com
obstaculos, ficando sem poder avancar nem
recuar. A elas recomendo que leiam atenta-
mente o presente texto e o guardem no fun-do do coragao. E, no momento em que se
encontrarem diante de uma dificuldade, se
olharem para tras e refletirem profunda-
mente, compreenderao as causas e percebe-
rao em que ponto erraram.
O ser humano precisa manter sua inteli-
géncia sempre agucada e, para tal, deve ler
os Escritos Divinos tantas vezes quanto
possivel.
Jornal Eiko n° 180, 29 de outubro de 1952DUVIDA
palavra “dtavida”, embora nao soe mui-
to bem aos nossos ouvidos, representa 0
que ha de mais precioso. Com efeito, a davi-
da pode ser considerada a mae da civiliza-
cao, pois, com certeza, é a partir dela que
nascem novas filosofias, teorias e ciéncias. O
sabio chinés Zhu Xi®® disse: “A divida é 0
principio da crenca.” De fato, sao palavras
eternas.
Por exemplo, é natural que, entre as pes-
soas em geral, surjam dividas como: “Por
que a Igreja Messianica Mundial, uma reli-
giao nova, expandiu-se tanto em tao pouco
tempo?”; “Por que sera que ocorrem mila-
gres tao maravilhosos como os relatados nas
experiéncias de fé?”; “Como se explica a ra-
pida construcao dos protétipos do Paraiso
Terrestre por meio de grandiosos projetos
sem precedentes?”
Contudo, duvidar apenas por duvidar
nada significa. Acredito que surja a vontade
de desvendar esses mistérios. Isso é louvavel
porque, a partir dessa vontade, sera possivel
compreender a verdade, ampliar o conheci-
mento e desenvolver-se.
Portanto, devo dizer que, quanto mais apessoa duvida, mais progressista ela é e tera
um futuro promissor. Existem, porém, algu-
mas sem muita sorte que, embora duvidem,
infelizmente, nao encontram quem lhes pos-
sa mostrar a Verdade e acabam enveredan-
do por um labirinto em que as dtividas ge-
ram mais dividas. Grande parte das pessoas
é assim. Entre elas, ha algumas que fazem
pouco caso das verdades pregadas pela nos-
sa Igreja e as deixam passar despercebidas.
Sao criaturas extremamente infelizes.
Ao imaginar as pessoas que, antes, duvi-
davam e, hoje, aps o ingresso na nossa reli-
giao foram salvas e esto repletas de alegria,
conclui-se que nao ha nada melhor que a
divida. Assim sendo, creio que puderam
compreender que o ser humano deve ser ca-
paz de duvidar e mais: ter coragem para ex-
por as proprias diividas.
Duvida, oh, divida, és maravilhosa!
Jornal Eiko n° 96, 21 de marco de 1951
(9 Vide nota de rodapé n° 7 do Ensinamento “Fé
correta”.SEJA UM BOM OUVINTE
errado censurar as pessoas que men-
tem. Devemos, sim, ouvi-las, demons-
trando admiracao: “Ah, é verdade?!” Toda-
via, no intimo, devemos estar cientes que
elas estao mentindo. O homem precisa tor-
nar-se astuto a esse ponto.
Ha antiquarios que me procuram e, su-
bestimando-me, dao explicagées sobre obje-
tos de arte: “Este é assim; aquele é falso! ”
Entao, eu lhes respondo: “Observando bem,
acho que o senhor esta certo!” Embora, no
intimo, eu pense: “O que é que esse sujeito
esta dizendo? Ele é um tolo. Acha que eu
nao sei isso e fala comigo dessa maneira?”,
permaneco ouvindo-o com aparente admira-
cao. Fazendo isso, as vezes consigo aprender
alguma coisa e penso: “E, ele diz coisas inte-
ressantes! De fato, ele tem razao.”
Um chinés (de cujo nome nao me lembro)
disse o seguinte: “Nao faga distingéo para
conversar com as pessoas.” Ha coisas ditas
por um simples camponés ou por um traba-
lhador bragal que nos ensinam muito. Por
esse motivo, nao devemos discriminar as
pessoas. Em principio, tudo 0 que ouvirmos
devera ser levado em consideracao.Também ha ocasides em que aprendemos
com as criancas. Acredito que ja tiveram
essa experiéncia. As vezes, elas dizem coisas
muito interessantes. Como as criangas tém a
intuicao auténtica, dizem coisas maravilho-
sas, o que nos faz lembrar a “Teoria da In-
tuicio” de Bergson. Nas discussdes entre
mae e filho, muitas vezes a verdade esta do
lado do filho.
Registro de OrientacGes, vol. 21, 1° de junho de
1953TIPOS DE FE
esmo em se tratando de fé, existem
M varios tipos. Em linhas gerais, temos:
1° - Fé que visa a graca; 2° - Fé exibicio-
nista; 3° - Fé pré-forma; 4° - Fé interessei-
ra; 5° - Fé meditinica; 6° - Fé egoista; 7° -
Fé ostensiva; 8° - Fé ocasional; 9° - Fé voli-
vel; 10° - Fé inconstante; 11° - Fé aproveita-
dora; 12° - Fé falsa.
Analisemos cada uma delas.
1° - Fé que visa a graca
Para os seus praticantes basta receber
gracas: ser titil a Deus ou a sociedade fica
em segundo plano. E uma espécie de fé
egoista que visa somente ao proprio bem e
muito comum entre pessoas acima da classe
média. Sabem aproveitar-se da fé religiosa,
mas nao sabem agradecer e retribuir as gra-
cas que recebem de Deus. Aproveitar-se da
fé religiosa significa colocar 0 ser humano
acima de Deus. Visto que é adorando e ser-
vindo a Deus que se recebem béncios, a fé
que visa 4 graca, ao contrario, faz com que
aquelas desaparecam e, por isso, nao é
duradoura.
2° - Fé exibicionistaEsta fé é seguida por pessoas que se mos-
tram indiferentes a4 sua religiéo enquanto
esta é desconhecida na sociedade. No mo-
mento em que ela se torna famosa e alvo de
comentarios, aqueles que tém esse tipo de
fé, repentinamente, se lembram de Deus e
se aproximam, querendo aparecer de algu-
ma maneira.
3° - Fé pré-forma
Observando seus praticantes, estes se
mostram agradecidos e aparentam ser fervo-
rosos mas, na realidade, sAo destituidos de
pensamento amplo, como o de salvagio da
humanidade — objetivo maior de Deus. Por
ser uma fé extremamente shojo, eles nao
tém nenhuma atuacao. Por essa razao, trata-
se de uma fé de pura formalidade.
4° - Fé interesseira
Esta fé é professada por pessoas bastante
astutas que procuram obter vantagens fi-
nanceiras ou que acalentam alguma ambi-
cao, aproveitando-se da religiao. Quando
constatam a impossibilidade de tirar tais
proveitos, elas abandonam rapidamente a
crenca.
5°- Fé na possessao por divindades
E 0 tipo de fé professada pelas pessoasque apreciam os fendmenos de possessao
por divindades e, aprovando sua pratica,
querem conhecer a respeito do Mundo Espi-
ritual. Esse desejo nao é de todo condenavel,
mas nao é o rumo ideal, embora seja o tra-
balho de associagdes que desenvolvem pes-
quisas espirituais.
Além de aquelas pessoas acreditarem fa-
cilmente nas profecias dos espiritos de nivel
inferior, demonstram gratidao por suas ab-
surdas e descabidas predicdes. FE, antes de
mais nada, um tipo de fé que se desvia do
caminho.
6° - Fé egoista
Trata-se da fé que visa unicamente satis-
fazer A ganancia. E seguida pelas criaturas
extremamente egoistas, que fazem romarias
e oferendas, inclusive monetarias, em favor
de divindades, com a tnica finalidade de ob-
ter gracas apenas para si. Sao pessoas total-
mente indiferentes aos infortinios que asso-
lam seus semelhantes. E o tipo de fé mais
difundido na sociedade.
7° - Fé ostensiva
E a fé manifestada por aqueles que
gostam de se mostrar importantes, de se be-
neficiar, de ser benquistos, reconhecidos,
elogiados etc. Trata-se de uma fé superficial,deploravel, que nao consegue se desvincular
do egoismo. Também pode ser classificada
como uma fé de baixo nivel.
8° - Fé ocasional
E a fé das pessoas que comparecem a
Igreja quando ninguém se lembra mais de-
las. Pela sua longa auséncia, dao-nos a im-
pressao de terem abandonado a fé. Todavia,
semelhantes a fantasmas, repentinamente,
elas aparecem na Igreja meio atordoadas. E
preferivel que tais pessoas deixem de seguir
afé.
9° - Fé volivel
Seus praticantes nao conseguem seguir
uma tinica fé. S40 como as plantas aquati-
cas, que brotam a cada dia em uma margem
diferente, isto é, jamais aleancam verdadei-
ramente as gracas. Se nao professarem algu-
ma fé, sentem-se desolados e perdidos. Ao
ouvirem falar sobre alguma crenga, querem
aderir a ela de imediato. Sao pessoas real-
mente infelizes.
10° - Fé inconstante
E a fé expressa das pessoas inconstantes
e, tal qual as de fé voltivel, vivem mudando
de crenga e nao conseguem permanecer e
devotar-se a uma s6 fé religiosa. Isto signifi-ca que sao andarilhas da religido. Em sua
maioria, os que manifestam este tipo de fé
sao os intelectuais.
11° - Fé aproveitadora™
Os adeptos querem tirar proveito das di-
vindades e da fé para satisfazerem a propria
ambicao. Assemelha-se a fé egoista e é mui-
to comum nas instituigdes religiosas. Entre
as pessoas importantes, como lideres e inte-
lectuais, é grande o nimero daqueles que
professam esse tipo de fé.
12° - Fé falsa
Nesta espécie de fé, os adeptos mostram-
se fervorosos; mas, no fundo, nao reconhe-
cem, em absoluto, a existéncia de Deus. Os
que possuem esse tipo de fé séo muito elo-
quentes e, no inicio, conseguem enganar fa-
cilmente as pessoas. Todavia, como Deus
nao permite isso por muito tempo, chega o
momento em que sao desmascarados e aca-
bam fugindo.
Diremos que a fé religiosa é verdadeira
quando nao corresponde a nenhum dos ti-
pos que foram citados.
Coletanea Série Jikan, vol. 12, 30 de janeiro de
1950
49) 4 expresso utilizada por Meishu-Sama foi katsuo-bushi shinjin. Katsuobushi é a carne seca de atum, que é
aproveitada para conferir sabor a varios pratos da culina-
ria japonesa. Presume-se que Meishu-Sama tenha langado
mao dessa imagem para ilustrar o tipo de fé de pessoas
que tiram proveito das divindades para satisfazer seus
desejos.TEORIA DA HARMONIAS?)
harmonia é uma palavra utilizada desde
A: antiguidade que soa, em um primeiro
momento, como algo positivo. Em geral, é
tida como um caminho natural, mas na ver-
dade existem pontos que nao podem ser
aceitos cegamente. Isso porque essa forma
de pensar é superficial, apesar de nao estar
totalmente errada. Sendo assim, precisamos
aprofunda-la.
Tudo o que ha no Universo acha-se em
perfeita harmonia. Nao existe um minimo
sequer de desarmonia. Aquilo que se apre-
senta aos olhos humanos como desarmonia,
é apenas a parte visivel. Isso porque a desar-
monia é criada pelos seres humanos, e sua
origem provém da acao antinatural. Ou seja,
do ponto de vista da Grande Natureza, 0
surgimento da desarmonia em decorréncia
da acao antinatural é a verdadeira harmo-
nia. Esta é a correta e imparcial Verdade.
Neste sentido, basta que o ser humano obe-
dega as leis do Universo para que todas as
coisas se harmonizem e caminhem
normalmente.
Assim, quando se promove desarmonia,nasce desarmonia. E quando se promove
harmonia, nasce harmonia. Uma vez que
essa é a Grandiosa Harmonia da Natureza,
quando o ser humano aprofunda sua com-
preensao sobre este assunto, torna-se feliz.
A maior prova disso é que o que hoje é de-
sarmonia, com o tempo, se transforma em
harmonia. Por outro lado, muitas vezes,
quando estamos despreocupados achando
que esta tudo em harmonia, quando menos
se espera, ela é quebrada e se transforma em
desarmonia. Esta é a realidade do mundo
que exige nossa profunda reflexao.
E bom que tenhamos sempre em mente
que aqueles que tém visao shojo“, enxer-
gam desarmonia nas coisas e, ao contrario,
os de visio daijo®. enxergam a harmonia.
1° de outubro de 1952
{30 Titulo anterior: “A dialética da harmonia”.
{39 Visio shojo: Visio micro; prende-se ao particular
em detrimento do todo; é uma visao estreita, limitada, res-
trita, individual, exclusiva e de curto prazo.
2) Visao daijo: Visio macro; analisa 0 todo sem se
prender ao particular; é uma visdo larga, ampla, extensa,
coletiva, integral e de longo prazo.