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CAPÍTULO 18

O CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

INTRODUÇÃO

Um dos fortes vetores que terá importância neste século XXI no


campo das inter-relações humanas é a transparência, ou seja, a possibilidade
que se abre a todos de tudo conhecer, indagando-se, com pormenor, das
razoes e motivos que presidiram tal e qual comportamento, o conteúdo e
extensão do ato praticado etc.

A transparência possui íntima relação com a atividade de controle,


que tem a marcante finalidade de verificar se os atos e fatos que ocupam a
preocupação do patamar do controle ocorreram, ocorrem ou ocorrerão de
acordo com as orientações que, juridicamente deles se espera.

O Controle da Administração Pública, consiste na prática de atos


previstos no ordenamento jurídico, por entidades e pessoas credenciadas,
com o propósito de constatar a obediência, pela Administração, das
determinações que lhe são impostas pelas normas jurídicas aplicáveis, assim
como para prescrever ou recomendar a aplicação de reparos e sanções
apropriados, na hipótese de desatendimento às obrigações delas exigidas.

CONTROLE E SEUS ASPECTOS

O controle da Administração Pública pode ser: material, temporal,


espacial e pessoal.

ASPECTO MATERIAL

No aspecto material o controle dos atos da Administração Pública


invariavelmente se volta, sob a ótica substancial ou material, à verificação de
sua legalidade, assim como à indagação acerca de sua conveniência e
oportunidade.

ASPECTO TEMPORAL: controle prévio, concomitante, posterior

O aspecto temporal ele pode ser prévio, concomitante e posterior.

Prévio: entende-se que é o controle prévio exercido


antecipadamente à realização de um determinado ato da Administração
Pública, evidencia o caráter acautelatório desenhado pelo ordenamento
jurídico, que reclama, à evidencia, para conferir eficácia e aplicabilidade ao ato
controlado, a prática deste outro ato, de natureza controladora.

Concomitante: há situações em que o controle ocorre


simultaneamente à prática do ato controlado. Exemplo sempre invocado é o da
realização de auditoria para verificar a correta execução do orçamento ou
aquele que se exercita durante o desenrolar do cumprimento de um
determinado contrato.

Já no controle posterior trata-se da prática de ato de controle que


possui a aptidão de confirmar a adequação do ato controlado já praticado, ou,
diferentemente, para apontar-lhe vício, negando-lhe validade e eficácia.

ASPECTO ESPACIAL: controle interno, controle externo

No aspecto espacial os atos de controle ocorrem num determinado


espaço podendo ser agrupados no âmbito interno ou no âmbito externo em
relação ao local onde ocorre o ato da Administração sob controle.

Interno: é aquele exercitado nos domínios da própria entidade em


que é praticado o ato da Administração sob controle.

Externo: é aquele praticado por entidade ou órgão diferentes dos


domínios daquele dentro dos quais se praticou o ato sob controle.
ASPECTO PESSOAL

E por fim no aspecto pessoal o controle compulsório dos atos da


Administração Pública é exercido pelos Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário, assim como pelos Tribunais de Contas e Ministério Público.

CONTROLE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Entende-se por controle administrativo o poder-dever que o


ordenamento jurídico confere à entidade pública e a determinados agentes
instalados não só no Poder Executivo como também nos segmentos
administrativos dos Poderes Legislativo, Judiciário, Tribunais de Constas e
Ministério Público, para fiscalizar e corrigir os atos praticados pela própria
entidade e seus agentes, sob a ótica da sua legalidade, conveniência e
oportunidade.

A ratificação é a confirmação de que o ato examinado encontra-se


adequado, quer no tocante à sua legalidade, quer no que no que pertine ao
mérito administrativo. É caso das homologações, promovidas no âmbito de
certame licitatório, que confirmam a correção dos atos praticados no respectivo
processo; igualmente, a decisão proferida numa impugnação, confirmando a
procedência da atuação realizada.

FORMAS DE CONTROLE

Quando fala-se de controle na Administração Pública sabe-se que o


controle decorre também da ordenação estrutural e funcional, que é conferida à
própria Administração.

Logo, o controle, para ser efetivado, necessita de uma organização


formal assentada, protagonistas competentes que o desempenhem, assim
como rotinas que o materializem.
O controle das atividades da Administração Federal deverá exercer-
se em todos os níveis e em todos os órgãos, compreendendo, particularmente:
a) o controle pela chefia competente, da execução dos programas e da
observância das normas que governam a atividade específica do órgão
controlado; b) o controle, pelos órgãos próprios de cada sistema, da
observância das normas gerais que regulam o exercício das atividades
auxiliares; c) o controle da aplicação dos dinheiros públicos e da guarda dos
bens da União pelos órgãos próprios do sistema de contabilidade e auditoria
(art. 13, a, a, c do Decreto lei 200/1967).

No âmbito da Administração Pública federal, o controle pode tomar


as seguintes formas: a) fiscalização hierárquica; supervisão ministerial, controle
corregedor e recurso administrativo.

FISCALIZAÇÃO HIERÁRQUICA

A fiscalização hierárquica é inerente à Administração Pública


desconcentrada, quer no âmbito da Administração Pública direta, quer na
indireta. Consiste na relação de supremacia que um órgão exerce sobre o
outro.

SUPERVISÃO MATERIAL

Na supervisão ministerial compete ao ministro de Estado, exercer a


orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da
administração federal na área de sua competência (art. 87, parágrafo único, da
CF).

O ministro de Estado é responsável perante o presidente de


República, pela supervisão dos órgãos da Administração Federal enquadrados
em sua área de competência, supervisão esta consistente na orientação,
coordenação e controle das atividades dos órgãos subordinados ou vinculados
ao Ministério (art. 20, parágrafo único, do Decreto Lei 200/1967).
RECURSOS ADMINISTRATIVOS

Nos Recursos Administrativos a Administração Pública exerce o seu


mister, por meio da prática de diversos atos, exteriorizando decisões que são
sucessivamente tomadas. E uma vez proferida, abre-se a possibilidade de tal
decisão ser reconfirmada ou, mesmo, reformada, por órgão ou agente, em
regra, de superior hierarquia.

A Constituição Federal acolhe o direito de petição, assim como


abriga o processo administrativo, instrumento credenciado não só para o
exercício do controle da própria Administração Pública, como, também para a
satisfação dos direitos dos interessados.

São recursos administrativos encontráveis na ordem jurídica: a)


impugnação; b) representação; c) reclamação; d) pedido de reconsideração; e)
recursos hierárquicos.

CONTROLE POLÍTICO

O controle político volta-se não só para o exame da legalidade,


aspecto que frequenta todo e qualquer controle, tanto interno quanto externo
assim como, especialmente, sobre a conveniência e oportunidade dos atos
tomados no âmbito da Administração Pública.

São controles que a Constituição coloca à disposição do Poder


Legislativo: a) Comissões parlamentares; b) Comissão Parlamentar de
Inquérito; c) Requisição de informação; d) Controle de Segurança; e)
Aprovação e nomeação; f) Julgamento; g) Sustação de atos do Poder
Executivo; h) Fiscalização de atos da Administração Pública; i) Aprovações e
autorizações.
MANDADO DE SEGURANÇA

É um instituto criado pela Constituição Federal, que permite a defesa


de direitos líquidos e certos, que tenham sido afrontados ou estejam prestes a
ser afrontados, por atos cercados de ilegalidade, provenientes de autoridades
públicas ou de quem lhes faça as vezes.

MANDADO DE INJUNÇÃO

É o instrumento constitucional que permite que a omissão estatal,


em matéria regulamentadora, possa ser suprimida nos casos que impossibilite
o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas constitucionalmente
asseguradas, não obstante também seja utilizada em casos de omissão
legislativa.

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