Um dos fortes vetores que terá importância neste século XXI no
campo das inter-relações humanas é a transparência, ou seja, a possibilidade que se abre a todos de tudo conhecer, indagando-se, com pormenor, das razoes e motivos que presidiram tal e qual comportamento, o conteúdo e extensão do ato praticado etc.
A transparência possui íntima relação com a atividade de controle,
que tem a marcante finalidade de verificar se os atos e fatos que ocupam a preocupação do patamar do controle ocorreram, ocorrem ou ocorrerão de acordo com as orientações que, juridicamente deles se espera.
O Controle da Administração Pública, consiste na prática de atos
previstos no ordenamento jurídico, por entidades e pessoas credenciadas, com o propósito de constatar a obediência, pela Administração, das determinações que lhe são impostas pelas normas jurídicas aplicáveis, assim como para prescrever ou recomendar a aplicação de reparos e sanções apropriados, na hipótese de desatendimento às obrigações delas exigidas.
CONTROLE E SEUS ASPECTOS
O controle da Administração Pública pode ser: material, temporal,
espacial e pessoal.
ASPECTO MATERIAL
No aspecto material o controle dos atos da Administração Pública
invariavelmente se volta, sob a ótica substancial ou material, à verificação de sua legalidade, assim como à indagação acerca de sua conveniência e oportunidade.
O aspecto temporal ele pode ser prévio, concomitante e posterior.
Prévio: entende-se que é o controle prévio exercido
antecipadamente à realização de um determinado ato da Administração Pública, evidencia o caráter acautelatório desenhado pelo ordenamento jurídico, que reclama, à evidencia, para conferir eficácia e aplicabilidade ao ato controlado, a prática deste outro ato, de natureza controladora.
Concomitante: há situações em que o controle ocorre
simultaneamente à prática do ato controlado. Exemplo sempre invocado é o da realização de auditoria para verificar a correta execução do orçamento ou aquele que se exercita durante o desenrolar do cumprimento de um determinado contrato.
Já no controle posterior trata-se da prática de ato de controle que
possui a aptidão de confirmar a adequação do ato controlado já praticado, ou, diferentemente, para apontar-lhe vício, negando-lhe validade e eficácia.
No aspecto espacial os atos de controle ocorrem num determinado
espaço podendo ser agrupados no âmbito interno ou no âmbito externo em relação ao local onde ocorre o ato da Administração sob controle.
Interno: é aquele exercitado nos domínios da própria entidade em
que é praticado o ato da Administração sob controle.
Externo: é aquele praticado por entidade ou órgão diferentes dos
domínios daquele dentro dos quais se praticou o ato sob controle. ASPECTO PESSOAL
E por fim no aspecto pessoal o controle compulsório dos atos da
Administração Pública é exercido pelos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, assim como pelos Tribunais de Contas e Ministério Público.
CONTROLE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Entende-se por controle administrativo o poder-dever que o
ordenamento jurídico confere à entidade pública e a determinados agentes instalados não só no Poder Executivo como também nos segmentos administrativos dos Poderes Legislativo, Judiciário, Tribunais de Constas e Ministério Público, para fiscalizar e corrigir os atos praticados pela própria entidade e seus agentes, sob a ótica da sua legalidade, conveniência e oportunidade.
A ratificação é a confirmação de que o ato examinado encontra-se
adequado, quer no tocante à sua legalidade, quer no que no que pertine ao mérito administrativo. É caso das homologações, promovidas no âmbito de certame licitatório, que confirmam a correção dos atos praticados no respectivo processo; igualmente, a decisão proferida numa impugnação, confirmando a procedência da atuação realizada.
FORMAS DE CONTROLE
Quando fala-se de controle na Administração Pública sabe-se que o
controle decorre também da ordenação estrutural e funcional, que é conferida à própria Administração.
Logo, o controle, para ser efetivado, necessita de uma organização
formal assentada, protagonistas competentes que o desempenhem, assim como rotinas que o materializem. O controle das atividades da Administração Federal deverá exercer- se em todos os níveis e em todos os órgãos, compreendendo, particularmente: a) o controle pela chefia competente, da execução dos programas e da observância das normas que governam a atividade específica do órgão controlado; b) o controle, pelos órgãos próprios de cada sistema, da observância das normas gerais que regulam o exercício das atividades auxiliares; c) o controle da aplicação dos dinheiros públicos e da guarda dos bens da União pelos órgãos próprios do sistema de contabilidade e auditoria (art. 13, a, a, c do Decreto lei 200/1967).
No âmbito da Administração Pública federal, o controle pode tomar
as seguintes formas: a) fiscalização hierárquica; supervisão ministerial, controle corregedor e recurso administrativo.
FISCALIZAÇÃO HIERÁRQUICA
A fiscalização hierárquica é inerente à Administração Pública
desconcentrada, quer no âmbito da Administração Pública direta, quer na indireta. Consiste na relação de supremacia que um órgão exerce sobre o outro.
SUPERVISÃO MATERIAL
Na supervisão ministerial compete ao ministro de Estado, exercer a
orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração federal na área de sua competência (art. 87, parágrafo único, da CF).
O ministro de Estado é responsável perante o presidente de
República, pela supervisão dos órgãos da Administração Federal enquadrados em sua área de competência, supervisão esta consistente na orientação, coordenação e controle das atividades dos órgãos subordinados ou vinculados ao Ministério (art. 20, parágrafo único, do Decreto Lei 200/1967). RECURSOS ADMINISTRATIVOS
Nos Recursos Administrativos a Administração Pública exerce o seu
mister, por meio da prática de diversos atos, exteriorizando decisões que são sucessivamente tomadas. E uma vez proferida, abre-se a possibilidade de tal decisão ser reconfirmada ou, mesmo, reformada, por órgão ou agente, em regra, de superior hierarquia.
A Constituição Federal acolhe o direito de petição, assim como
abriga o processo administrativo, instrumento credenciado não só para o exercício do controle da própria Administração Pública, como, também para a satisfação dos direitos dos interessados.
São recursos administrativos encontráveis na ordem jurídica: a)
impugnação; b) representação; c) reclamação; d) pedido de reconsideração; e) recursos hierárquicos.
CONTROLE POLÍTICO
O controle político volta-se não só para o exame da legalidade,
aspecto que frequenta todo e qualquer controle, tanto interno quanto externo assim como, especialmente, sobre a conveniência e oportunidade dos atos tomados no âmbito da Administração Pública.
São controles que a Constituição coloca à disposição do Poder
Legislativo: a) Comissões parlamentares; b) Comissão Parlamentar de Inquérito; c) Requisição de informação; d) Controle de Segurança; e) Aprovação e nomeação; f) Julgamento; g) Sustação de atos do Poder Executivo; h) Fiscalização de atos da Administração Pública; i) Aprovações e autorizações. MANDADO DE SEGURANÇA
É um instituto criado pela Constituição Federal, que permite a defesa
de direitos líquidos e certos, que tenham sido afrontados ou estejam prestes a ser afrontados, por atos cercados de ilegalidade, provenientes de autoridades públicas ou de quem lhes faça as vezes.
MANDADO DE INJUNÇÃO
É o instrumento constitucional que permite que a omissão estatal,
em matéria regulamentadora, possa ser suprimida nos casos que impossibilite o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas constitucionalmente asseguradas, não obstante também seja utilizada em casos de omissão legislativa.