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Curso de Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços

de Saúde
ERROS E DEMAIS
INCIDENTES EM SAÚDE
Incidente é uma circunstância que tem potencial para causar danos
aos pacientes. Os incidentes podem ser:
• incidentes sem dano;
• incidente com dano (evento adverso); e
• near misses, também denominado de potencial evento
adverso, e, ainda, de quase erro ou quase falha (WHO, 2009;
BRASIL, 2013; CAPUCHO, 2011).
Consequências dos eventos adversos para a instituição:
✓ Aumento do tempo de internação;
✓ Aumento dos custos tanto para os hospitais quanto para o
sistema de saúde;
✓ Imagem da instituição é afetada quando os eventos adversos
evoluem ao óbito => redução da credibilidade do hospital
perante a sociedade.
Enfoque tradicional
✓ Culpa recai sobre o indivíduo.

Enfoque atual
✓ Tem como premissa básica que o ser humano é falível e que erros
são esperados mesmo nas melhores organizações;
✓ Os erros são vistos como consequências de fatores sistêmicos;
✓ A ideia central é sobre o desenvolvimento de defesas sistêmicas;
✓ Quando ocorre um evento adverso, o aspecto importante não é
descobrir quem errou, e sim verificar porque e como as defesas
falharam.
Erros de medicação

• São os eventos adversos mais prevalentes e que trazem maior


impacto aos pacientes (Cassiani et al., 2010).

✓ Estudo brasileiro que avaliou a prevalência de incidentes com


medicamentos, especificamente os erros de medicação, verificou
que 66,5% deles ocorreram com os administrados por via
intravenosa (Silva et al., 2011).
INCIDENTES RELACIONADOS A
MEDICAMENTOS
✓ Os medicamentos contribuem de forma significativa
para melhorar a qualidade de vida dos indivíduos
que deles fazem uso. Entretanto, seu uso não é
isento de riscos (OTERO LÓPEZ, 2004).
✓ Incidentes envolvendo medicamentos podem ser
caracterizados como qualquer irregularidade no
processo de uso do medicamento, como uma
reação adversa, um potencial evento adverso, erros
de medicação.
✓ Os incidentes envolvendo medicamentos podem ocorrer em qualquer
ponto do processo de uso de medicamentos, como a prescrição,
transcrição, dispensação, administração (MORIMOTO et al., 2004).
O conhecimento de fatores de risco específicos para os incidentes
relacionados aos medicamentos permite implantar ações direcionadas
para sua prevenção e para a melhoria da segurança do sistema de
utilização de medicamentos no âmbito hospitalar (BATES, 2007).
ERROS DE MEDICAÇÃO

Segundo o Protocolo Nacional de Segurança do Paciente que


trata do uso seguro de medicamentos, erros de medicação podem
ser definidos como:
qualquer evento evitável que, de fato ou potencialmente,
possa levar ao uso inadequado de medicamento quando
o este se encontra sob o controle de profissionais de
saúde, de paciente ou do consumidor, podendo ou não
provocar dano ao paciente. Os erros de medicação
podem ser relacionados à prática profissional, produtos
usados na área de saúde, procedimentos, problemas de
comunicação, incluindo prescrição, rótulos, embalagens,
nomes, preparação, dispensação, distribuição,
administração, educação, monitoramento e uso de
medicamentos (BRASIL, 2013a).
Na prática, os erros de medicação também costumam ser
classificados pelas principais etapas às quais estão relacionados
(BRASIL, 2013b), conforme mostra a tabela a seguir:

Tipo de Erro Descrição

Ocorre durante a prescrição de um medicamento, em decorrência tanto de redação


da prescrição, como do processo de decisão terapêutica. Um erro de prescrição
pode estar relacionado à seleção do medicamento, a dose, a concentração, o
Erros de Prescrição esquema terapêutico, a forma farmacêutica, a via de administração, a duração do
tratamento e orientações de utilização, assim como pela ausência de prescrição de
um medicamento necessário para tratar uma doença já diagnosticada ou para
impedir os incidentes com outros medicamentos.

Pode ser definido como um desvio na interpretação da prescrição, cometido pela


equipe da farmácia quando da realização da dispensação de medicamentos para
Erros de
as unidades de internação ou na farmácia ambulatorial. Incluem também erros
dispensação relacionados às normas e à legislação. Podem ser classificados em: erros de
conteúdo, erros de rotulagem e erros de documentação.

Erro decorrente de qualquer desvio no preparo e administração de medicamentos


Erros de de acordo com a prescrição médica, da não observância das recomendações ou
guias do hospital ou das instruções técnicas do fabricante do produto. Considera-
administração
se, ainda, que não há erro se o medicamento for administrado de forma correta,
mesmo que a técnica utilizada contrarie a prescrição médica ou os procedimentos
do hospital.
ERROS DE MEDICAÇÃO E REAÇÃO
ADVERSA A MEDICAMENTOS

Erros de medicação
são diferentes de
reações adversas!

A reação adversa é conceituada como:


qualquer resposta prejudicial ou indesejável, não
intencional, a um medicamento, que ocorre nas doses
usualmente empregadas para profilaxia, diagnóstico ou
terapia de doenças ou para a modificação de funções
fisiológicas humanas.
Dessa forma, as reações adversas a medicamentos ocorrem
nas doses usualmente utilizadas, ou seja, não ocorrem por equívocos
ou erros de dose.
CLASSIFICAÇÃO DOS ERROS
ENVOLVENDO A TERAPIA
MEDICAMENTOSA

✓ Os erros de medicação são, na rotina diária, comumente classificados


de acordo com a etapa em que os erros ocorrem: erro de prescrição,
de dispensação ou de administração de medicamentos.
✓ A seguir, são apresentadas duas classificações: uma pela American
Society of Health System Pharmacy, e a outra pela National
Coordinating Comission in Medication Error Reporting and Prevention.
Classificação de erros de medicação pela American Society of Health
System Pharmacists (ASHP, 1993)
Classificação de acordo com o National Coordinating Comission
in Medication Error Reporting and Prevention (NCCMERP, 2001)

Tipo de erro Resultado da Categoria


Sem erro

Categoria A Circunstâncias ou eventos que têm a capacidade de causar erro

Erro, sem dano


Categoria B Ocorreu um erro, mas não atingiu o paciente

Categoria C Ocorreu um erro que atingiu o paciente, mas não lhe causou dano

Ocorreu um erro que resultou na necessidade de um aumento na observação do paciente,


Categoria D
mas não causou dano ao mesmo

Erro, com dano

Ocorreu um erro que resultou em necessidade de tratamento ou intervenção e causou dano


Categoria E
temporário ao paciente

Ocorreu um erro que resultou em início ou prolongou hospitalização e causou dano


Categoria F
temporário ao paciente

Categoria G Ocorreu um erro que resultou em dano permanente ao paciente

Categoria H Ocorreu um erro que resultou quase na morte do paciente


Erro com morte

Categoria I Ocorreu um erro que resultou na morte do paciente


Para facilitar a categorização segundo o NCCMERP, o algoritmo
abaixo pode ser utilizado, conforme sugerem Aguirregomezcorta &
Imízcoz (2012)
PREVENÇÃO DOS ERROS
DE MEDICAÇÃO
A Gestão de Riscos
O Ministério da Saúde (Brasil, 2013a) define
gestão de riscos como sendo a:
aplicação sistêmica e contínua de iniciativas,
procedimentos, condutas e recursos na
avaliação e controle de riscos e eventos
adversos que afetam a segurança, a saúde
humana, a integridade profissional, o meio
ambiente e a imagem institucional.

A gestão de riscos está diretamente ligada a programas de


segurança do paciente que, por sua vez, estão incluídos nos
programas de certificação de qualidade ou acreditação hospitalar.
Ambos os conceitos, gestão de risco e segurança do paciente, e
bem como suas práticas são indissociáveis, o que torna
imprescindível que o farmacêutico os conheça e saiba aplicá-los
na sua rotina técnico-assistencial.
O processo de gestão de riscos é cíclico e com
etapas bem definidas. Estas etapas foram bem
retratadas na ABNT NBR ISO 31000:2009,
normativa que trata da Gestão de riscos, seus
princípios e diretrizes, para diversas instituições da
área da saúde ou não. Para melhor compreender o
processo e suas etapas, verifique a Figura 1 na
próxima tela.
Figura 1 – Processo de gestão de riscos em saúde (Adaptado da ISO
31000). Fonte: Capucho & Ricieri(2013).
PROTOCOLO NACIONAL SOBRE SEGURANÇA
NA PRESCRIÇÃO, USO E ADMINISTRAÇÃO
SEGUROS DE MEDICAMENTOS
Dentre as estratégias para a prevenção de erros de medicação
está a implementação de protocolos que padronizem as práticas e o
ato de medicar nos estabelecimentos de saúde.
Ciente disso, o Programa Nacional de Segurança do Paciente
trouxe como ferramenta importante publicações de seis protocolos de
segurança do paciente, incluindo o anexo 3 da Portaria MS nº 2.095
de 24 de setembro de 2013, que trata da Segurança na Prescrição
e de Uso e Administração de Medicamentos (BRASIL, 2013b). O
referido protocolo tem o objetivo de “promover práticas seguras no
uso de medicamentos em estabelecimentos de saúde”.

O uso seguro de medicamentos é conceituado como a “inexistência


de injúria acidental ou evitável durante o uso de medicamentos. A
utilização segura engloba atividades de prevenção e minimização dos
danos provocados por eventos adversos que resultam do processo de
uso dos medicamentos” (BRASIL, 2013b).
✓ O protocolo aborda várias questões de infraestrutura e processo de
trabalho que têm grande impacto sobre a prevenção de eventos
adversos relacionados à medicamentos.
O protocolo ainda apresenta indicadores relacionados aos
processo que envolvem medicamentos.
A seguir, você verá os indicadores e suas fichas de
qualificação.

Segundo a RDC nº 36/2013, a implantação dos


protocolos de segurança é obrigatória.

Indicadores são uma representação da realidade. É


importante que a vigilância sanitária tenha
conhecimento de sua qualificação para poder
acompanhar os resultados que serão apresentados
pelo serviço de saúde.
INDICADORES DE PRESCRIÇÃO
INDICADORES PARA DISPENSAÇÃO SEGURA
INDICADORES PARA ADMINISTRAÇÃO
SEGURA DE MEDICAMENTOS
CONCLUSÃO
• Você pode conhecer neste módulo que:
✓ Há um grande número já relatado na literatura
abordando a grande quantidade de eventos
adversos relacionados ao uso de medicamentos;
✓ A gestão de risco é grande aliada da qualidade e da segurança do
paciente;
✓ Há processos de trabalho precisam ser monitorados pelo serviço
de saúde;
✓ Há indicadores especificados no Protocolo para o Uso Seguro de
Medicamentos que precisam ser monitorados pelo serviço de
saúde.

Na biblioteca do curso você terá acesso a todo o conteúdo


teórico utilizado para este curso, assim como a bibliografia
consultada. Não deixe de acessá-lo! Ele o ajudará na
resolução das perguntas específicas desta unidade!

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