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Redação

Definições importantes
1. Frase: É qualquer enunciado com sentido próprio. Pode conter uma única palavra ou
um conjunto de vocábulos.
2. Locução São duas ou mais palavras que se juntam numa única ideia. Veja exemplos:
a) “antes de”: locução prepositiva. b) “à medida que”: locução conjuntiva. c) “devemos
estudar”: locução verbal. d) “amor de mãe”: locução adjetiva.
3. Oração é a frase que contém um verbo (presente ou subentendido) ou uma locução
verbal. Toda oração pode ser chamada de frase, mas nem toda frase constitui uma
oração. Por isso, temos:
a) Frase nominal – Constituída apenas de nomes (substantivo, adjetivo, preposição,
advérbio).
b) Frase oracional – Constituída de nomes, com a presença de um verbo ou de uma
locução verbal.
4. Período É o enunciado constituído de uma oração absoluta ou da reunião de
orações que forma sentido completo. Pode ser:
a) Período simples – Formado de apenas uma oração. Classificação da oração:
absoluta.
b) Período composto – Formado de duas ou mais orações. No período composto, as
orações podem ser coordenadas, principal ou subordinada.
5. Parágrafo Unidade de texto escrito formada por um ou mais períodos. As frases que
compõem o parágrafo giram em torno de uma ideia núcleo chamada de “tópico-
frasal”.
6. Título É o que se põe no início de um trabalho escrito com o intuito de indicar o
assunto que vai ser tratado.
7. Assunto é aquilo de que o texto vai tratar, que é objeto ou matéria de observação,
consideração, atenção, interesse, etc. Confunde-se com o tema.
8. Conteúdo No texto escrito, conteúdo é o conjunto de ideias transmitidas por meio
das palavras. Pelo conteúdo pode-se avaliar o grau de cultura e de maturidade de
quem escreve.
9. Forma É a própria linguagem utilizada para compor o texto. Por meio da análise da
forma, pode-se avaliar o grau de clareza e de correção da linguagem.
10.Estilo É a maneira peculiar que cada um tem para expor sentimentos ou delinear
ideias, falando ou escrevendo.
11.Redação É o ato ou efeito de redigir. Por extensão, qualquer trabalho escrito que
versa sobre um assunto dado, ou de livre escolha, com sequência lógica de ideias. É
sinônimo de composição.
12.Descrição É o ato ou efeito de descrever. É uma espécie de retrato que se faz por
meio das palavras, enumerando detalhes que permitam, pela leitura, visualizar o
objeto descrito.
13.Narração É o ato ou efeito de narrar: contar, relatar um fato ou um acontecimento
qualquer, real ou imaginário, por meio de uma sequência de ações.
14.Dissertação Exposição de juízos (conceitos, pareceres, opiniões) a respeito de um
determinado tema ou assunto. O ato de dissertar implica a exposição de ideias lógicas
com intuito de defender um “ponto de vista”, interpretando a realidade de maneira
adulta.

Pecados Mortais da Dissertação


PECADO 1– Letra ilegível Vestibulares e concursos – Aplica-se este item à dissertação
exigida nos vestibulares e concursos, cuja composição é feita de forma manuscrita.
Decifrando a escrita – Não se consegue valorizar ou admirar o que é incompreensível.
O professor encarregado da avaliação tem tempo estipulado para concluir o trabalho
de correção. Não pode, pois, perder tempo tentando adivinhar (às vezes decifrar) o
que o candidato escreveu. Não se exige do redator letra bonita; exige-se letra legível,
de fácil compreensão.
Solução – Depois de uma certa idade, é quase impossível mudar totalmente o aspecto
da caligrafia. Mas é possível melhorá-la, atentando no formato de algumas letras. Às
vezes, a leitura torna-se difícil por causa do m do n e do u que se confundem no papel.
Outras vezes, o l e o t são grafadas de tal forma (ou tamanho) que atrapalham a
compreensão das palavras contidas nas linhas superiores ou inferiores. Uma vez
identificado o problema, deve-se escrever com mais apuro, principalmente quando se
produz texto para ser avaliado por alguém.
PECADO 2– Fuga do assunto Falha grave – É, com certeza, o pior deslize numa
dissertação. Se o trabalho vale nota, a fuga do tema conduz ao zero por falta de
adequação entre o texto ou título proposto e as ideias expostas pelo candidato.
Escrever fugindo do assunto sugere: a) Falta de planejamento sobre o que se está
produzindo. b) Pouca capacidade de concentração. c) Incapacidade de delimitação do
assunto. d) Desvio intencional para tópicos decorados previamente.
Fuga parcial – Às vezes, os rodeios, a preparação excessiva para finalmente falar-se do
tema constituem fugas parciais que, dependendo de quem está avaliando o trabalho,
também conduzem ao zero. O tema “Violência urbana” pode virar livro nas mãos de
escritor habilidoso. O que se quer do aluno é apenas uma dissertação de, no máximo,
trinta e cinco linhas. Falar de Abel e Caim, da violência praticada em Roma à época dos
Césares é fugir do assunto porque não há espaço (nem tempo) para tantos dados. O
melhor caminho é falar da violência urbana hoje, apontando causas, consequências e,
se possível, soluções para o problema abordado.
Solução – É preciso organizar-se didaticamente para escrever bem. A elaboração de
rascunho, enumerando tópicos como causas, consequências, soluções, ideias contra
ou a favor ajuda o redator a manter-se fiel ao tema, além de garantir uma sequência
lógica para os parágrafos da dissertação. PECADO 3– Uso de gírias Linguagem formal –
No texto narrativo, a gíria é, em certos momentos, perfeitamente cabível. Às vezes, faz
parte dos traços individuais da personagem. No dissertativo, porém, é um desastre.
Isso porque a dissertação exige uma linguagem formal, não necessariamente erudita,
mas pelo menos bem-elaborada. Veja expressões que não têm espaço em
dissertações: 1. Esses caras. 2. Maneiro. 3. Saia dessa. 4. Estou noutra. 5. O meganha.
6. O maior barato. 7. Esse papo não cola. 8. Mina. 9. Gente da pesada. 10. Cada um na
sua. 11. Pra cima de mim, não. 12. Tudo em cima. 13. Muito legal. 14. Bicho. 15. Não
enche. 16. Tudo em riba.
Solução – O uso de gírias em textos dissertativos só acontece, pela lógica, com os
adolescentes. Pessoas adultas têm um senso de correção (e de ridículo) mais apurado
quando se trata de texto escrito.

PECADO 4 – Provérbios, frases feitas, ditos populares Lugar-comum As frases feitas, os


provérbios, os ditos que estão na boca de todo mundo empobrecem a redação, dando
a impressão de que o autor não tem criatividade. Veja expressões que você deve
evitar. a) Primeiro parágrafo para iniciar a dissertação (primeira linha do primeiro
parágrafo), não use: 1. Atualmente... 2. Antigamente... 3. Hoje em dia... 4. Nos dias de
hoje... 5. No mundo de hoje... 6. Dando início ao meu trabalho... 7 Desde os primórdios
da nossa existência... Observação: Algumas das expressões acima podem ser usadas no
corpo dos parágrafos sem que isso implique lugar-comum. b) Último parágrafo para
iniciar o último parágrafo da dissertação, não use: 1. Finalizando o meu trabalho... 2.
Concluindo... 3. Resumindo tudo o que eu disse antes... 4. Em síntese... 5. Em resumo...
c) Em qualquer parte do texto De modo geral, não use as expressões seguintes em
texto dissertativo: 1. Como já dizia meu avô... 2. A esperança é a última que morre... 3.
Quem avisa amigo é... 4. Quem espera sempre alcança... 5. Dar a volta por cima... 6.
Agradar a gregos e a troianos... 7. Colocando um ponto final... 8. De mão beijada... 9.
De vento em popa... 10. Depois de um longo e tenebroso inverno... 11. Ensaiar os
primeiros passos... 12. Faca de dois gumes... 13. Fazer das tripas coração... 14. Passar
em brancas nuvens... 15. Pôr a casa em ordem... 16. Procurar chifre em cabeça de
cavalo... 17. Tábua de salvação... 18. Tirar o cavalo da chuva... Observação: Algumas
das expressões listadas podem ser empregadas coerentemente, desde que predomine
a criatividade. Às vezes, os lugares-comuns denotam ironia. Nesse caso, ao invés de
depreciar, valorizam o texto em que se inserem.
PECADO 5 – Incluir-se na dissertação
Indecisão Dissertar é emitir sua visão (crítica, de preferência) sobre um assunto
proposto. É analisar de modo impessoal e com total objetividade. Mas o que fazer
diante de temas subjetivos ou pessoais? Não se pode condenar o emprego do “eu” ou
do “nós” em dissertações bem-estruturadas. O que acontece, às vezes, é o uso de tais
pronomes sem argumentação que os justifique. Ao invés de mostrar firmeza e
segurança, o aluno passa ao examinador a ideia de indecisão e de fraqueza. Expressões
pessoais Outro aspecto negativo é a mistura de problemas pessoais ou particulares
com a problemática sobre a qual se está dissertando. Aconselha-se, pois, que o
candidato evite o uso das expressões seguintes. Se forem empregadas, entretanto, de
forma adequada, no momento certo, podem estar coerentes e ser valorizadas pelo
examinador. 1. Na minha opinião... 2. No meu entender... 3. Ao meu ver... 4. No meu
ponto de vista... 5. Eu vejo por mim mesmo... 6. Como já aconteceu comigo... 7. Isso é
o que eu penso... 8. Conforme a minha visão do mundo... 9. Eu acho... 10. Eu imagino
que... 11. Eu penso que... 12. Eu concluo que... Solução Deve-se adotar na dissertação
uma atitude crítica, dizendo verdades universais, aplicáveis a todos. A questão pessoal
soa como depoimento, e dissertar exige mais que isso: tem-se de argumentar,
sustentando ideias que convençam.
PECADO 6 – Misturar dissertação com religião Argumentação A dissertação é baseada
sempre na argumentação cuja base é a lógica. Misturá-la com questões de fé é
inconcebível, pois os dogmas religiosos, os preceitos e as crendices independem de
provas ou de evidências constatáveis. Veja algumas construções que denotam
fanatismo e exagero por parte de quem as usa: 1. A solução para a violência urbana
está em Jesus Cristo, nosso salvador. 2. Frequentar a igreja regularmente e confessar-
se uma vez por semana: é o conselho que dou para quem está passando por conflitos
familiares. 3. O conflito pela posse da terra só acontece no Brasil por falta de leitura da
Bíblia. Tanto o Velho quanto o Novo Testamento trazem ensinamentos que, se
aplicados ao campo brasileiro, resolveriam o problema da Reforma Agrária. 4. Antes de
cultura e de educação, o povo brasileiro precisa mistificar-se, aceitar Jesus como
salvador universal. Aí, sim, todos os problemas de injustiças sociais serão resolvidos.
Solução
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TEXTO O diagnóstico sobre a situação atual da escola é sombrio. O problema da escola
pode ser sintetizado em três facetas: a escola, na configuração histórica que
conhecemos (baseada num saber cumulativo e revelado), é obsoleta, padece de um
déficit de sentido para os que nela trabalham (professores e alunos) e é marcada,
ainda, por um déficit de legitimidade social, na medida em que faz o contrário do que
diz (reproduz e acentua desigualdades, fabrica exclusão relativa). A construção da
escola do futuro deverá orientar-se por três finalidades fundamentais: a de construir
uma escola onde se aprenda pelo trabalho e não para o trabalho, contrariando a
subordinação funcional da educação escolar à racionalidade econômica vigente. É na
medida em que o aluno passa à condição de produtor que nos afastamos de uma
concepção molecular e transmissiva da aprendizagem, evoluindo da repetição de
informação para a produção de saber; a de fazer da escola um lugar onde se
desenvolva e estimule o gosto pelo ato intelectual de aprender, cuja importância
decorrerá do seu valor de uso para “ler” e intervir no mundo e não dos benefícios
materiais ou simbólicos que promete no futuro; a de transformar a escola num lugar
em que se ganhe gosto pela política, isto é, onde se viva a democracia, onde se
aprenda a ser intolerante com as injustiças e a exercer o direito à palavra, usando-a
para pensar o mundo e nele intervir. Finalmente, é imperioso pensar a escola a partir
de um projeto de sociedade, com base numa ideia do que queremos que sejam a vida
e o devir coletivos. Não será possível uma escola que promova a realização da pessoa
humana, livre de tiranias e de exploração, numa sociedade baseada em valores e
pressupostos que sejam o seu oposto. (Rui Canário, em Sinapse, 29.07.2003)
INSTRUÇÕES: a) Tendo em vista as ideias expostas, bem como suas próprias
experiências e informações sobre o assunto, desenvolva uma redação a partir do
seguinte tema: UMA ESCOLA QUE NOS PREPARE PARA A VIDA: UTOPIA? b) Dê um
título sugestivo à sua redação. c) Na avaliação da sua redação, serão ponderados: 1. a
correta expressão em língua portuguesa; 2. a clareza, a concisão e a coerência na
exposição do pensamento; 3. sua capacidade de argumentar logicamente em defesa
de seus pontos de vista; 4. seu nível de atualização e informação; 5. a originalidade na
abordagem do tema.
Redação Professor João BATISTA Gomes Temas dissertativos
Em nenhuma hipótese, crendices ou dogmas devem servir de base para a composição
de textos dissertativos. Os aspectos místicos ou esotéricos não combinam com visão
crítica.
PECADO 7 – Emoções exageradas Emoções pessoais Às vezes, o tema que se está
explorando na dissertação engloba problemas e/ou situações pelos quais o escrevente
já passou (ou está passando). Nesse caso, devem-se evitar as emoções pessoais. Elas
denotam revolta, e o registro no papel pende para o exagero. Veja algumas
construções que depreciam o texto dissertativo:
1. Os autores do último pacote econômico deveriam ser exterminados, um a um,
pelo mal que fizeram à economia do Brasil. 2. Pessoas como essas, que
estupram e matam, devem arder para sempre no fogo do inferno. 3. Morte aos
monstros que assaltam e roubam em nome do progresso... 4. A morte é castigo
muito pequeno para quem estupra e mata... 5. Criminosos assim não merecem
a pena de morte. Merecem uma doença incurável, que provoque o
apodrecimento lento do corpo e da alma... 6. Pessoas assim não devem morrer.
Devem ficar presas para sempre, mesmo depois de mortas, para que suas
almas não cometam crimes por aí. 7. O abuso sexual contra crianças deve ser
punido com a morte. Não a morte pura e simples, por meio de choque elétrico
ou de injeção letal. Os pedófilos devem, antes de morrer, passar pelo estupro,
para que sintam a mesma dor que provocaram em suas vítimas.
PECADO 8 – Abreviações e números Caráter didático O caráter didático da dissertação
poda inovações e vícios próprios da pressa ou do desleixo. Por isso, as expressões
numéricas devem ser escritas por extenso, e as abreviações devem ser usadas com
cautela, até pelo aspecto da correção gramatical. Poucos têm segurança no momento
de grafar por extensos determinados números e de abreviar determinadas palavras.
Veja exemplos que a norma culta condena:
1. O vestibular é injusto e ñ (não) mede capacidade de ninguém. 2. É c/ (com)
desespero que notamos o aumento da criminalidade no Brasil. 3. Faz-se necessária
uma reforma profunda no ensino p/ (para) q/ (que) se possa exigir mais do aluno
brasileiro. 4. Nos E.U.A. (Estados Unidos), o racismo é mais forte que no Brasil. 5.
Pesquisas atestam que 90% (noventa por cento) do povo brasileiro votam sem
consciência político-social.
PECADO 9 – Repetições Vocabulário escasso A repetição (quer da ideia, quer da
mesma palavra) causa impressão desagradável a quem lê: sugere pobreza de
vocabulário. Faz-se mister, nesse caso, o uso de sinônimos adequados. Veja
construções erradas; compare-as, a seguir, com o modelo correto. 1. Errado – A
poluição, por sua vez, prejudica qualquer tentativa de desenvolvimento, pois o
desenvolvimento só consegue beneficiar o homem se estiver dissociado da poluição.
Certo – A poluição, por sua vez, prejudica qualquer tentativa de desenvolvimento, pois
as inovações só conseguem beneficiar o homem se estiverem dissociadas de qualquer
aspecto maléfico. 2. Errado – A inflação gera desemprego; para combater a inflação, o
governo deve atacar o déficit público e abaixar as taxas de juros, pois com juros tão
elevados, os ricos é que se beneficiam do fenômeno da inflação. Certo – A inflação
gera desemprego; para combatê-la, o governo deve atacar o déficit público e abaixar
as taxas de juros, pois é sabido que o fenômeno inflacionário beneficia os ricos e
prejudica os pobres.
PECADO 10 – Inovações na caligrafia Letra grande Numa dissertação de vinte linhas
(tamanho mínimo exigido em concursos e vestibulares), se a letra do aluno é muito
grande, esse mínimo deve ser ampliado para vinte e cinco, trinta linhas. A razão é
óbvia: muitos alunos aumentam a letra para alcançar a quantidade de linhas exigidas
no exame.
Espaços entre as palavras os espaços em branco entre as palavras constituem recurso
muito usado por quem tem dificuldade de escrever. Porém os professores
encarregados da correção conhecem bem esse artifício. Por isso, se você,
naturalmente, escreve assim, tente evitar os espaços exagerados entre as palavras. Se
não for possível, escreva uma dissertação com bastantes linhas.
Letra muito pequena há alunos com letra tão reduzida que, dependendo do caso, o
professor, mesmo de óculos, não consegue ler. Pior ainda: o próprio aluno, quando
questionado sobre o que escreveu, também não consegue.
Letra ilegível às vezes, o aluno demonstra que vai fazer vestibular para Medicina por
meio da grafia das palavras: já exibe letra de médico. Para decifrá-la, só pedindo ajuda
ao pessoal que trabalha em farmácias. Não se trata de letra feia, mas de escrita
ilegível. A sua grafia pode ser feia e legível. Nesse caso, tudo bem. Dissertação não é
um concurso de caligrafia.

Tema dissertativo
1 - Solução desmatamento e queimadas
2 – STF, supremo tribunal federal como aplicar suas leis
3 – Regime militar, qual a defesa de um país
democrático
INSTRUÇÕES
Esta prova é constituída de apenas um texto. Com base nele: 1. Dê um título sugestivo
à sua redação. 2. Redija um texto dissertativo, a partir das ideias apresentadas. 4.
Defenda os seus pontos de vista utilizando-se de argumentação lógica. Na avaliação da
sua redação, serão ponderados: 1. A correta expressão em língua portuguesa. 2. A
clareza, a concisão e a coerência na exposição do pensamento. 3. Sua capacidade de
argumentar logicamente em defesa de seus pontos de vista. 4. Seu nível de atualização
e informação. A Banca aceitará qualquer posicionamento ideológico do examinando.
Atenção para escrever com caligrafia bem legível.
TEXTO-TEMA “Nossa cultura perdeu muito de seus valores tradicionais. O dinheiro é a
única coisa que sobrou para estimular os desejos e as aspirações da maioria das
pessoas. O dinheiro tomou o lugar ou entrou profundamente no mundo da religião, do
patriotismo, da arte, do amor e da ciência... Os ricos e os pobres lutam por dinheiro
por razões muito diferentes. Mas quem é pobre entende algo sobre o dinheiro que os
ricos não entendem. E o contrário também é verdadeiro. Os pobres sentem o poder do
dinheiro na própria pele. Uma pessoa rica frequentemente sente isso nas suas
emoções, não no seu corpo. Quem é rico sabe que com dinheiro, muitas vezes, você
pode manipular, blefar, e fazer o que você quiser. Mas até um certo ponto. Sabe
interiormente que há algo essencial na condição humana que o dinheiro não compra.”
(JACOB NEEDLEMAN, entrevista a EXAME, edição 645, pg.76).

A construção do período
1. FRASE, ORAÇÃO, PERÍODO
Frase nominal – As frases desprovidas de verbos são chamadas de nominais. Entram,
na sua formação, apenas nomes: substantivos, adjetivos, pronomes, advérbios. Com
criatividade, é possível compor textos (literários ou não) sem a presença de verbos. Em
Juca Mulato, Menotti dele Picchia consegue dizer coisas de uma beleza ímpar sem usar
formas verbais. Veja: Amor? Receios, desejos, promessas de paraísos. Depois sonhos,
depois risos, depois beijos!
Depois... E depois, amada? Depois dores, sem remédio, depois pranto, depois tédio,
depois... nada!" Frase oracional – A presença do verbo dá à frase aspectos especiais.
Ela passa a ter pelo menos dois termos essenciais: o sujeito e o predicado, permitindo
descobrir quem pratica (ou sofre) a ação verbal. Mas a oração pode prescindir do
sujeito (oração sem sujeito), e o verbo pode estar subentendido (zeugma) para evitar
repetição desnecessária.
Período – Período é a frase organizada em oração (período simples) ou em orações
(período composto). O período termina sempre por uma pausa bem definida. Na
escrita, o fim do período é indicado pelo ponto, ponto de interrogação, ponto de
exclamação, reticências e, algumas vezes, por dois-pontos. O reinício do texto com
letra maiúscula é a prova de que um período acabou e outro foi iniciado.
2. EXTENSÃO DO PERÍODO Períodos longos – Em textos quaisquer (narrativo,
descritivo, dissertativo), não há tamanho exato, milimetrado para o período. Sabe-se
que períodos por demais longos (normalmente, compostos ou mistos) contribuem
para a falta de clareza. A leitura torna-se, então, cansativa, exigindo do leitor um
esforço mental desgastante. As ideias não ganham destaque justamente porque estão
misturadas a outras ideias.
Períodos curtos – Já o período curto (entenda-se: de sentido completo; normalmente
simples, mas pode ser composto) realça cada ideia escrita, dá impressão de leveza e é
excelente recurso para tornar tudo muito claro, transparente. Basta dizer que
Machado de Assis e Graciliano Ramos (para ficar apenas com dois exemplos literários)
são famosos pelo uso de tal técnica.
3. TRANSFORMANDO PERÍODOS Reescrever – Um bom exercício para quem quer
dominar a construção de períodos (e de parágrafos) é reescrever textos que foram
estruturados em períodos longos. A seguir, um exemplo de como isso pode ser feito.
Período longo 1 – O parágrafo seguinte contém um só período. Note como a leitura é
cansativa. Contrariando a ideia de que adolescente só pensa em “rock”, é rebelde por
índole, desconhece a realidade socioeconômica de seu país e só dá seu voto de
confiança aos modismos internacionais, a nova Constituição Brasileira resolve apostar,
ainda que de forma inibida, na capacidade da juventude e no seu potencial de
discernimento, dando-lhe o direito de votar, o que, para uns, é um passo precipitado
dos constituintes: aos dezesseis anos, nenhum jovem possui senso político à altura de
opinar sobre questões que afligem o seu país, para outros (talvez para a maioria), a
decisão demonstra a valorização de ideias novas, de credibilidade a um público que,
apesar da pouca idade, tem visão crítica das mazelas mais graves da sociedade em que
vive. Períodos curtos – Veja o período anterior reestruturado: o parágrafo contém
agora quatro períodos. Praticamente, não houve mudança de ideias. Contrariando a
ideia de que adolescente só pensa em “rock”, é rebelde por índole, desconhece a
realidade socioeconômica de seu país e só dá seu voto de confiança aos modismos
internacionais, a nova Constituição Brasileira resolve apostar, ainda que de forma
inibida, na capacidade da juventude e no seu potencial de discernimento, dando-lhe o
direito de votar. Para uns, é um passo precipitado dos constituintes. Aos dezesseis
anos, nenhum jovem possui senso político à altura de opinar sobre questões que
afligem o seu país. Para outros (talvez para a maioria), a decisão demonstra a
valorização de ideias novas, de credibilidade a um público que, apesar da pouca idade,
tem visão crítica das mazelas mais graves da sociedade em que vive. Período longo 2 –
O parágrafo seguinte (sequência do anterior) foi desenvolvido em um só período. Em
um ponto, todos são obrigados a concordar: a classe política brasileira precisa sofrer
inclusões novas, porque a imagem do político inimigo do trabalho, amante de
mordomias e falcatruas e insensível, depois de eleito, às necessidades da população
carente fixou-se na mente de todos os eleitores, e qualquer tentativa de mudança é
bem-vinda. Períodos curtos – Veja o parágrafo anterior reestruturado em três
períodos. Em um ponto todos são obrigados a concordar: a classe política brasileira
precisa sofrer inclusões novas. A imagem do político inimigo do trabalho, amante de
mordomias e falcatruas e insensível,

depois de eleito, às necessidades da população carente fixou-se na mente de todos os


eleitores. Qualquer tentativa de mudança é bem-vinda. 4. COORDENAÇÃO E
INFANTILIDADE Ideias infantis – As orações coordenadas, dependendo da maneira
como se distribuem no período, podem denotar infantilidade, depreciando o texto
escrito – quando produzido por adultos. Pode-se dizer o mesmo dos períodos curtos
(que não deixam de ser um modo de coordenação): eles não conseguem dar realce a
um determinado ponto de vista nem estabelecer a verdadeira relação entre fatos
enumerados. Vamos mostrar uma sequência de períodos que denotam infantilidade
do redator: 1. A ação terrorista não consegue diminuir a discriminação social. 2. Os
terroristas usam a violência como diálogo. 3. A resposta aos apelos dos terroristas é
dada também em forma de violência. 4. Cria-se, assim, um círculo vicioso. Orações
coordenadas – Agora, vamos organizar os tópicos acima no formato de orações
coordenadas, ou seja, vamos colocá-los no papel e separá-los basicamente por
vírgulas: A ação terrorista não consegue diminuir a discriminação social, os terroristas
usam a violência como diálogo, a resposta aos apelos dos terroristas é dada também
em forma de violência e cria-se, assim, um círculo vicioso. Períodos simples – Agora,
vamos organizar as mesmas ideias no formato de períodos simples, ou seja, vamos
colocá-los no papel e separá-los por ponto seguido: A ação terrorista não consegue
diminuir a discriminação social. Os terroristas usam a violência como diálogo. A
resposta aos apelos dos terroristas é dada também em forma de violência. Cria-se,
assim, um círculo vicioso. Conclusão – Nos dois casos (orações coordenadas e períodos
simples), o texto deixa transparecer infantilidade. Existem ideias, mas o modo como
foram dispostas no papel sugere imaturidade. Outro fator negativo que se nota na
coordenação é a repetição de palavras. Note que os vocábulos terrorista e violência
aparecem de forma exagerada. 5. SUBORDINAÇÃO: COISA DE ADULTOS Ideias de
adultos – O processo de subordinação das ideias denota que o redator é adulto, capaz
de valorizar este ou aquele ponto de vista, realçar uma ou outra ideia, valorizando
aspectos que a simples coordenação não permite fazer. Assim procedendo, evitam-se
as repetições desnecessárias. Vamos reescrever as ideias anteriores sob a forma de
período composto por subordinação. Dois períodos – A vantagem de dois períodos
compostos por subordinação, além da facilidade de compreensão, é a valorização de
duas ideias: 1. A ação terrorista não consegue diminuir a discriminação social.
2. As respostas aos apelos violentos do terror são dadas em forma de agressão. A ação
terrorista, usando a violência como diálogo, não consegue diminuir a discriminação
social. As respostas aos apelos violentos do terror são dadas em forma de agressão,
criando-se, assim, um círculo vicioso. Um só período – É possível reunir todas as ideias
em um só período, demonstrando-se com isso o domínio das conjunções, qualidade
essencial de um bom redator. O período sendo único, apenas uma ideia ganha
destaque: a da oração principal. 1. Destaque apenas para a oração principal: “A ação
terrorista não consegue diminuir a discriminação social.” A ação terrorista, usando a
violência como diálogo, não consegue diminuir a discriminação social porque as
respostas aos apelos violentos do terror são dadas em forma de agressão, criando-se,
assim, um círculo vicioso. 2. Destaque para a oração principal (A ação terrorista não
consegue diminuir a discriminação social) e para outra ideia (usando a violência como
diálogo). Usando a violência como diálogo, a ação terrorista não consegue diminuir a
discriminação social porque as respostas aos apelos violentos do terror são dadas em
forma de agressão, criando-se, assim, um círculo vicioso. 3. Destaque para a oração
principal (A ação terrorista não consegue diminuir a discriminação social) e para duas
outras ideias (usando a violência como diálogo e criando um círculo vicioso). Usando a
violência como diálogo e criando um círculo vicioso, a ação terrorista não consegue
diminuir a discriminação social porque as respostas aos apelos violentos do terror são
dadas em forma de agressão. 4. Vejamos uma versão em que a frase “As respostas aos
apelos violentos do terror são dadas em forma de agressão” é promovida a oração
principal: As respostas aos apelos violentos do terror são dadas em forma de agressão,
criando-se um círculo vicioso, razão pela qual a ação terrorista, que usa a violência
como diálogo, não consegue diminuir a discriminação social.
CONCLUSÕES Vamos enumerar as vantagens do período composto: 1. Possibilidade de
destacar ideias, elevando-as à condição de oração principal ou usando-as no início do
período. 2. Prova de que o redator tem raciocínio lógico. 3. Prova de que o redator tem
domínio gramatical (pontuação, concordância, regência, uso das conjunções).

Exemplos de redações
Vinícius Oliveira de Lima, de 26 anos - Duque de Caxias (RJ)

Tolerância na prática

A Constituição Federal de 1988 – norma de maior hierarquia no sistema jurídico


brasileiro – assegura a todos a liberdade de crença. Entretanto, os frequentes casos de
intolerância religiosa mostram que os indivíduos ainda não experimentam esse direito
na prática. Com efeito, um diálogo entre sociedade e Estado sobre os caminhos para
combater a intolerância religiosa é medida que se impõe.
Em primeiro plano, é necessário que a sociedade não seja uma reprodução da
casa colonial, como disserta Gilberto Freyre em “Casa-Grande Senzala”. O autor ensina
que a realidade do Brasil até o século XIX estava compactada no interior da casa-
grande, cuja religião era católica, e as demais crenças – sobretudo africanas – eram
marginalizadas e se mantiveram vivas porque os negros lhe deram aparência cristã,
conhecida hoje por sincretismo religioso. No entanto, não é razoável que ainda haja
uma religião que subjugue as outras, o que deve, pois, ser repudiado em um estado
laico, a fim de que se combata a intolerância de crença.
De outra parte, o sociólogo Zygmunt Bauman defende, na obra “Modernidade
Líquida”, que o individualismo é uma das principais características – e o maior conflito
– da pós-modernidade, e, consequentemente, parcela da população tende a ser
incapaz de tolerar diferenças. Esse problema assume contornos específicos no Brasil,
onde, apesar do multiculturalismo, há quem exija do outro a mesma postura religiosa
e seja intolerante àqueles que dela divergem. Nesse sentido, um caminho possível
para combater a rejeição à diversidade de crença é descontruir o principal problema
da pós-modernidade, segundo Zygmunt Bauman: o individualismo.

Urge, portanto, que indivíduos e instituições públicas cooperem para mitigar a


intolerância religiosa. Cabe aos cidadãos repudiar a inferiorização das crenças e dos
costumes presentes no território brasileiro, por meio de debates nas mídias sociais
capazes de desconstruir a prevalência de uma religião sobre as demais. Ao Ministério
Público, por sua vez, compete promover ações judiciais pertinentes contra atitudes
individualistas ofensivas à diversidade de crença. Assim, observada a ação conjunta
entre população e poder público, alçará o país a verdadeira posição de Estado
Democrático de Direito."

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Igor Mota Farinazzo Giovannetti, 18 anos, Minas Gerais

A Constituição nacional prevê a liberdade de credo e de expressão religiosa,


sendo crimes de intolerância considerados graves e de pena imprescritível. No
entanto, é comum ouvir piadas sobre "macumbeiros" e, em alguns casos, violência
física contra praticantes do candomblé. O combate dessas atitudes pressupõe uma
análise histórica e educacional.
Por razões diacrônicas, certas religiões são estigmatizadas como "inferiores".
No Período Colonial brasileiro, era nítida a preocupação dos jesuítas e da Coroa
Portuguesa em "cristianizar" os indígenas e, posteriormente, os negros africanos. Em
"Casa Grande e Senzala", o sociólogo Gilberto Freyre defende que a cultura foi
formada nestes três pilares: nativo, colonizador e escravo. De fato, a resistência dos
índios e dos negros rendeu uma herança imaterial híbrida, contudo, a tradição
etnocentrista permanece. A sociedade, muitas vezes, repete visões preconceituosas,
pois ainda não houve um efetivo pensamento crítico, uma conscientização que
contrariasse o senso comum.
O ensino formal também corrobora a problemática. As escolas, por serem o
espaço de formação cidadã do indivíduo, deveriam estar abertas para amplas
discussões e para promoção de valores coletivos. Não é o que se vê, por exemplo, no
privilégio da religião cristã – ensaios teatrais natalinos, homenagem a santos e a anjos
– em detrimento das restantes. A grade curricular também não explora de forma
profunda as matrizes culturais afro-brasileiras (as mais discriminadas), como a
umbanda (uma fusão do cristianismo, do espiritismo e dos orixás negros).
Tendo em vista a desconstrução da herança etnocentrista, cabe à sociedade
civil (desde estudiosos ativistas a familiares) incentivar o pluralismo e a tolerância
religiosa, através de palestras e de núcleos culturais gratuitos em praças públicas. Por
outro lado, são necessárias ações do Estado na defesa de festivais escolares afro-
brasileiros e na reforma da grade curricular de História e de Sociologia, por meio da
formação de comissões especiais na Câmara dos Deputados, com participação de
especialistas na área de Educação, objetivando a uma educação mais aberta e
democrática. Assim, será possível formar cidadãos que entendam, que respeitem e
que se orgulhem de sua cultura."

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