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● Graduada em História
● Mestre em História]
Sobre o Autor
Prezado(a) acadêmico(a),
Bons estudos!
UNIDADE II
E qual seria então o sentido de raça? Como devemos compreender este conceito
a fim de evitar julgamentos preconceituosos, como os que ocorreram nos séculos que
compreendem a história do Brasil?
Voltando nossos olhos para a história, podemos perceber que a compreensão do
sentido do termo raça perpassa as concepções e valores de momentos históricos
distintos. Por exemplo, na Idade Média, raça era empregada no sentido que referia-se à
linhagem, isto é, o termo designava um grupo de pessoas que teriam em comum um
ancestral, um indivíduo de pele negra (PAULA, 2013).
Diante das transformações políticas, econômicas e sociais que assolaram a
Europa na transição da Idade Média para a modernidade, o conceito de raça passou a ser
utilizado como forma de evidenciar as diferenças entre os homens, sobretudo, as
diferenças baseadas em aspectos físicos, tidas como justificativas para o
estabelecimento de novas características das relações de poder na Europa (MUNANGA,
2003).
A concepção clássica de que os indivíduos estariam divididos em três grandes
raças – branca, negra e amarela – foi elaborada no século XVIII a partir dos estudos
impulsionados pelo Iluminismo. Essa concepção foi difundida e amplamente aceita,
sendo que apenas no século XX passou a ser contestada, a partir da ampliação dos
estudos científicos que apresentaram a tese das três raças como insuficiente ante as
características genéticas dos indivíduos.
Portanto, para este autor, a existência de crenças comuns não é o que define um
grupo étnico que deve então ser reconhecido com base em sua capacidade de organizar
as relações entre os indivíduos, independentemente de limitações geográficas e sociais.
A partir dessa análise, o autor propõe que a noção de grupo étnico seja estabelecida com
base na compreensão de que as delimitações das fronteiras de um determinado grupo
étnico são flexíveis e que se constroem a partir de práticas sociais e no desenvolvimento
das relações entre os indivíduos do grupo.
PENSE NISSO
Qual a importância de um indivíduo ter sua identidade étnica reconhecida?
2. RELAÇÕES ÁFRICA E BRASIL: CULTURA E IDENTIDADE AFRO-
BRASILEIRA
Caro(a) aluno(a), após refletirmos um pouco a respeito das noções de raça, etnia
e etnicidade, podemos aplicar os conhecimentos adquiridos para analisarmos o
desenvolvimento das relações entre o Brasil e a África ao longo de nossa história,
buscando compreender as inter-relações entre os diversos grupos e culturas que formam
nossa sociedade e as consequências dessas relações para o crescimento do país em todos
os seus aspectos.
PENSE NISSO
Alguns estudiosos, assim como defensores do movimento negro, acreditam que o Brasil
possui uma dívida histórica com os afrodescendentes, o que legitimaria a adoção de
medidas paliativas como forma de amenizar as consequências dos mais de 300 anos de
existência da escravidão no Brasil. Qual a sua opinião sobre essa discussão?
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-
brasileira no sistema educacional brasileiro, acesse:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.639.htm>.
Ao reproduzirmos as ideias presentes nesse tipo de estudos, acabamos por ignorar as
diferenças que marcavam também esses povos, à medida em que, embora estejamos
falando de povos africanos, viviam em diferentes partes do continente africano, o que
significa que a diversidade cultural presente no interior do Brasil a partir do século XVI
era significativamente superior ao que estamos acostumados e condicionados a pensar.
De acordo com Prandi (2000), os africanos que vieram para o Brasil no século
XVI, representavam múltiplas etnias, línguas e nações, dentre as quais destacamos os
africanos bantos, sudaneses e iorubas. Diante disso, ressaltamos a importância de
compreendermos que, quando falamos e pensamos em pluralidade cultural no Brasil,
temos que pensar em larga escala, visto a diversidade existente no interior do país desde
o início da sua colonização.
Estes povos, ao chegarem no Brasil, lutaram para manter vivas suas tradições,
valores, costumes e suas crenças, ou seja, sua cultura e foi a partir dessa luta para não
perder sua identidade que os africanos deixaram um legado cultural que,
gradativamente, era incorporado aos hábitos e costumes de outros povos que aqui
viviam. Essa influência se refletiu na comida, na dança, na música e na língua do povo
brasileiro tal como é possível observarmos hoje em dia.
Segundo Santos (2017), a presença e influência do africano e dos
afrodescendentes fez-se presente em nossa história tanto no campo político quanto
econômico, mas foi também, de acordo com esse autor,
graças aos africanos, seus filhos e netos que a feijoada e a
capoeira transformaram-se em manifestações brasileiras; que
muitas igrejas barrocas de Minas Gerais se destacam por terem
sido ornadas com búzios e santos de feições negras; que o
samba tornou-se um dos ritmos musicais mais ouvidos e
dançados no Brasil; que o português que falamos aqui tem
palavras como moleque, dengoso e cafuné (SANTOS, 2017, p.
164).
Figura 2.5 - Capoeira
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre as relações econômicas entre o Brasil e a África, acesse:
<http://www.funcex.org.br/publicacoes/rbce/material/rbce/116_PMV.pdf.>.
Fonte: Veiga (on-line).
SAIBA MAIS
A revista Nova Escola publicou em uma de suas edições uma matéria a respeito das
relações entre Brasil e África, complementada por entrevistas e recursos para a
discussão do tema. Para conhecer, acesse: <https://novaescola.org.br/arquivo/africa-
brasil/.>.
Fonte: Nova Escola (2018, on-line).
Figura 2.6 - Ato contra o racismo e fundação do Movimento Negro Unificado (MNU),
nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo, em 7 de julho de 1978
DICA DE LEITURA
Editora: Contexto
ISBN: 9788572445832
I- O conceito de raça pode ser definido a partir de apenas uma matriz teórica, o que o
torna de fácil compreensão.
II- As discussões acerca do termo raça perpassam o conhecimento do processo de
constituição de povos e culturas diversas.
III- Ao se basear em diferenças socioculturais, o emprego do conceito de raça pode
levar a práticas e discursos discriminatórios.
IV- A divisão em negros, brancos e amarelos atende às necessidades epistemológicas e
científicas de explicação das diferenças entre os indivíduos.
Estão corretas:
a. I apenas.
b. I e II apenas.
c. II e III apenas.
d. I, II e III apenas.
e. II, III e IV apenas.
2. Assim como o conceito de raça, o conceito de etnia também demanda atenção e rigor
ao ser definido e utilizado. Com relação a esse termo, analise as afirmativas abaixo:
I- O conceito de etnia pode ser empregado para definir os traços culturais de um grupo
de indivíduo.
II- Para serem considerados de uma mesma etnia, os indivíduos devem dividir o mesmo
espaço geográfico, ou seja, uma mesma região.
III- Os estudiosos do termo destacam que não existem diferenças entre os conceitos de
raça e etnia.
IV- Os termos etnia e etnicidade são representativos dos vínculos políticos, geográficos
e culturais de uma nação.
Estão corretas apenas as afirmativas:
a. I.
b. II.
c. III.
d. I, II e III.
e. I, III e IV.
a. I e II apenas
b. I e III apenas.
c. II e III apenas.
d. I, III e IV apenas.
e. I, II, III e IV.
5. Considere o trecho:
37 ANOS de luta contra o preconceito racial. CUT - Central Única dos Trabalhadores.
Disponível em: <https://www.cut.org.br/noticias/37-anos-de-luta-contra-o-preconceito-racial-
d02a>. Acesso em: 26 nov. 2018.