Este documento discute o sentimento de culpa e como lidar com ele de forma saudável. A história de Joana é contada para ilustrar como eventos fora do nosso controle podem levar a se sentir culpado, e como perceber que não somos responsáveis pelas ações dos outros é essencial para curar esse sentimento. A infância rígida pode tornar o perdão difícil, mas é possível aprender a lidar melhor com a culpa desenvolvendo habilidades emocionais.
Este documento discute o sentimento de culpa e como lidar com ele de forma saudável. A história de Joana é contada para ilustrar como eventos fora do nosso controle podem levar a se sentir culpado, e como perceber que não somos responsáveis pelas ações dos outros é essencial para curar esse sentimento. A infância rígida pode tornar o perdão difícil, mas é possível aprender a lidar melhor com a culpa desenvolvendo habilidades emocionais.
Este documento discute o sentimento de culpa e como lidar com ele de forma saudável. A história de Joana é contada para ilustrar como eventos fora do nosso controle podem levar a se sentir culpado, e como perceber que não somos responsáveis pelas ações dos outros é essencial para curar esse sentimento. A infância rígida pode tornar o perdão difícil, mas é possível aprender a lidar melhor com a culpa desenvolvendo habilidades emocionais.
poderosos que existem. Ela é capaz de transformar histórias lindas em finais tristes. Mas não precisa ser assim. Neste livro, eu, professor Dicastro e o psicólogo Pablo Vinícius, decidimos compartilhar com você um pouco de nossa experiência com famílias de pessoas com TEA, e contribuir para que você se sinta melhor quanto a este sentimento e tenha mais sucesso para lidar com sua realidade. O que é a culpa?
É um sentimento presente em todo
e qualquer ser humano que tenha uma relação social e/ou familiar com outras pessoas. Só algumas pessoas se sentem culpadas?
Não. Ninguém está sozinho neste
sentimento. Todos, de um jeito ou de outro expressam a culpa. Alguns podem se sentir estressados, outros se afastam, outros podem se viciar em algo, etc. As formas de expressar a culpa são muitas. A culpa está relacionada com o quê?
Com a dificuldade de perdoar os
outros ou a si mesmo. Muitos de nós nos sentimos culpados por algo que alguém tenha feito a nós, mesmo que não sejamos culpados pelo que aconteceu; e outros também se sentem culpados por algo que fizeram ou que aconteceram a outras pessoas. Porque é tão difícil perdoar?
A nossa dificuldade de lidar com o
perdão está muito relacionada com a nossa história de vida, onde as experiências que tivemos ao longo da existência influenciam a nossa maneira de lidar com a emoção. Quem sofre mais com o sentimento de culpa?
Muitas pessoas que tiveram uma
infância mais rígida, controladora e com ‘’vista grossa’’ tendem a sofrer mais com isso, pois o perdão para elas é quase uma palavra que não cabe em seu vocabulário. E como eram tratadas dessa forma, sem conhecer os benefícios do perdão, é natural que transmitam durante toda a vida para seu marido/esposa, filhos, amigos, colegas de trabalho, etc. O que nossa infância tem a ver com o sentimento de culpa?
Muitos pais agiram como figuras
que valorizavam muito o comportamento rígido, fazendo com que alguns desvios ou erros da criança fossem considerados como sendo imperdoáveis, levando-as a verem o perdão como algo distante. O que essa falta de perdão ocasiona?
Isso tende a gerar um sentimento
de auto culpa muito grande nas pessoas, pois nunca experimentam a experiência libertadora do ‘’eu te perdoo’’. Assim sendo, os erros cometidos na vida adulta tendem a se arrastar por muito tempo, tendo a tendência a carregar fardos pesados durante anos. Como podemos perceber esse sentimento em nós ?
São pessoas que cobram muito das
outras, buscando excessivamente estar em conformidade com tudo o que lhe é pedido, seja no trabalho, com as amizades, na igreja, etc. De onde vem toda essa culpa?
Isso tudo vem como resultado das
experiências que tiveram quando eram mais novas, sendo que na vida adulta todas as consequências de marcas infantis tendem a aparecer. Todo sentimento de culpa é igual?
Isso não se constitui uma regra
geral, visto que existem pessoas que não passaram por situações semelhantes as que foram citadas, porém, ao viverem uma experiência (ou um conjunto delas) que trouxe um trauma pessoal, onde decisões geraram consequências, pode ocorrer sentimento de culpa carregado. O que fazer quer num ou noutro caso?
Em ambos os casos, sejam de
marcas passadas, ou de situações pontuais que geraram sentimentos carregados de culpa, se faz necessário desenvolver aptidões emocionais a fim de lidar bem com aquilo que sentimos. Para tal sentimento, algumas dicas podem contribuir para que haja um controle. Vamos utilizar a história de Joana para uma explicação mais clara. Uma história como muitas outras
Joana mora em Juazeiro da Bahia,
uma cidade que fica a mais ou menos 500 km de Salvador. Ela tem 42 anos e tem duas filhas. Está em seu segundo casamento com quem é casada com Paulo a 15 anos. Paulo é natural da cidade onde moram e trabalha como mecânico numa oficina de caminhões. Para ajudar nas constas de casa, Joana decidiu parar de frequentar o curso de Pedagogia numa universidade próxima e começou a trabalhar dentro de casa. Joana é mãe e esposa dedicada. Não deixa faltar nada para suas filhas, e é estimada pelas pessoas do bairro aonde mora. Das duas filhas de Joana, uma se chama Sara. Sara tem 22 anos e é fruto do primeiro casamento de Joana. Sua segunda filha se chama Carla. Carla tem 13 anos de idade e é filha do Paulo, com quem Joana é casada atualmente. Sara, a filha mais velha de Joana, aos 4 anos de idade começou a apresentar os primeiros sintomas do Transtorno do Espectro do Autismo. A menina não se expressava verbalmente, falando apenas poucos conjuntos de sílabas e palavras, não demonstrando avanço com o decorrer da idade. O comportamento da filha era sempre de isolamento, não gostando de estar em espaços com muitas pessoas, não interagindo com amigos da escola, mas sempre fugindo e tendo comportamentos repetitivos dentro da sala de aula. A relação de Sara com as professoras era de desvio e desinteresse, sempre dando preferência para atividades que envolvessem música, pintura, desenhos. Assim, despertando a curiosidade, a mãe começou uma trajetória de consultas e atendimentos com muitos especialistas que estivessem associados com o desenvolvimento infantil, voltando seus esforços, recursos, fé e tempo para a situação da filha. Contudo, o seu primeiro marido não lhe dava força na caminhada, reclamando que o casamento estava desgastado e insustentável devido tudo o que os rodeava. Seu marido decidiu arranjar uma amante e quebrar a aliança eterna que haviam feito no altar, negando- a a fidelidade na saúde e doença. Assim, a descoberta do diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista da Sara foi carregada de marcas na vida da Joana, questões que se somaram e a fizeram criar maus pensamentos a respeito do mundo, sobre si mesma e das pessoas. Depois que esses eventos começaram a ocorrer, Joana sofreu com sintomas depressivos constantes por muito tempo, sintomas que ainda se refletem na sua afeição e postura corporal cotidiana. Ela teve dificuldades financeiras pelo rompimento com o marido, bem como a separação de bens que ocorreu devido ao divórcio. Todos esses elementos juntos foram como um furacão que atravessou a vida estável que estava tendo, permitindo que ela visse a filha como a culpada pela reviravolta que ocorrera em sua vida. Muitas vezes Joana se pegava em choros, lágrimas e gritos no seu quarto da nova casa alugada, reclamando aos céus o porquê de todas essas coisas estarem acontecendo a ela. Joana se considerava uma pessoa que sempre foi de boa índole e moralidade, porém sempre se levantava do chão sem respostas. Assim, viveu por muitos anos até uma situação que mudou a sua vida. Três semanas antes conhecer Paulo, Joana estava caminhando nas ruas do centro de Juazeiro a fim de comprar material escolar para Sara. Nesse trajeto, ela vislumbrou uma mulher que estava em uma papelaria. Essa estava vestida com um vestido azul marinho e rasteirinha, tendo uma criança gritando ao seu lado, sentada e repetindo a palavra ‘’luz’’ e um comportamento de movimentação do corpo. O olhar de Joana foi diretamente para a maneira como a mãe estava conduzindo toda aquela situação, sem apresentar espantos ou agitação pelo desconforto social presente na situação. Isso a impactou e a levou a reconhecer as ações da criança como sendo os mesmos que ela via em casa todos os dias. Ela então esperou a mulher finalizar as atividades que fazia na loja e a abordou logo na saída. Joana se apresentou e perguntou o que havia acontecido ali. A mulher, com a mesma naturalidade que estava na situação anterior, se referiu a ela se apresentando e explicando que o filho era autista. Diante disso, Joana inquieta, fez a pergunta que tanto lhe interessava:
-Como você conseguiu reagir
daquele jeito?
A mulher fechou os olhos, fazendo
uma expressão pensativa e silenciosa... -Já tive muitos problemas com isso no passado. Já chorei, gritei e reclamei pelas situações que me aconteceram, pelas oportunidades perdidas devido a realidade que vivo com o meu filho. -Hoje, eu tenho consciência de que essa é a minha realidade, não posso alterá-la. Eu amo esse menino mais do que minha própria vida. Aquela cena na loja foi apenas uma situação em que meu filho se sentiu desconfortável, por causa disso ele reage assim. -Ele é assim, eu o amo assim. É meu filho. Já sofri muito colocando a culpa em mim, em Deus, meu marido, na genética da família, etc.. Decidi viver a realidade que tenho pensando que vivê-la e aproveitá-la é melhor do que não enfrentá-la e lutar por uma vida melhor para mim e para meu filho. A História de Joana se parece com a sua?
Joana teve uma filha com TEA, fator
este que ela não pôde escolher, tendo influência genética, bem como de outros fatores orgânicos. Assim, ela não tinha mínimas condições de controlar isso, sendo algo que fugia das mãos dela. Além disso, também não tinha condições de supor que seu marido iria deixá-la, confirmando que a culpa em momento algum foi dela sobre o término do casamento. Ela não é culpada da incapacidade do marido de assumir a posição de cônjuge. Logo, Joana não tem culpa da série de eventos que se sucederam na sua vida. Devido ao contexto em que estava envolvida, é natural que ela analisasse tudo de forma emocional e não racionalmente, sendo levada pelo sentimento de culpa e tristeza. Isso favoreceu que Joana olhasse para Sara como a ocasionadora do ‘’vendaval’’ de mudanças que ocorreram na vida da família. Com isso, Joana têm probabilidades maiores de fazer más interpretações da vida que está levando. Isso vai afetar as ideias que ela tem sobre a filha (‘’Foi a Sara que começou tudo’’), sobre o futuro dela (‘’não serei nada’’) e sobre ela mesma (‘’sou uma fracassada’’), demonstrando que o sentimento de culpa se relaciona com outras áreas da sua vida. Fatores que nos ajudam a ter sentimentos de culpa
A falta de conhecimento sobre o
Autismo atrapalha na resolução de muitos problemas com relação à culpa. Isso se deve a vários fatores, como a falta de conscientização da população sobre o assunto, a necessidade de políticas de ensino para esse público específico, a dificuldade de profissionais da educação identificarem sintomas do TEA, etc. Portanto, perceba que o sentimento de culpa da mãe da Sara é compreensível a julgar pelo sofrimento que viveu. Por isso, é muito importante pensar sobre o que você está sentindo neste momento, já que possivelmente você terá uma interpretação do que está acontecendo parecida com a que Joana estava tendo. As pessoas não tem o hábito de pensar sobre aquilo que estão sentindo. Muitas pessoas quando se sentem culpadas, vão tentar se distrair de diversas maneiras. Algumas tentam preencher essa lacuna em festas, passeios, trabalho, álcool, vícios, etc. O fato é que por mais que você tente esquecer esse sentimento, a tendência é você se sentir cada vez mais culpada ou culpado, fracassada ou fracassado. O ideal é você refletir sobre aquilo que está sentindo e procurar maneiras de se entender e resolver a questão. Não faça de conta que o problema não existe. Todos passam por problemas grandes ou pequenos e existem pessoas e profissionais sérios que estão esperando você abrir seu coração e desabafar com eles. O que Joana nos ensina?
Com a história de Joana, notamos
que a dificuldade em lidar com o sentimento da culpa pode estar relacionado com questões anteriores e que esses fatores devem ser avaliados o mais rápido possível. Um exercício que vem a contribuir para que haja uma melhora nesse quadro é o hábito de avaliar os próprios sentimentos, analisá-los através dos fatores (fatos, evidências) que estejam envolvidos no problemas. Com isso, você vai perceber que não é só você quem se sente culpado. A culpa é algo que todos sentem e podem se livrar. Além disso você perceberá que é impossível ao ser humano estar no controle de tudo à sua volta. Somente Deus pode fazer isso. Para algumas pessoas que tenham sentimentos e pensamentos comuns a Joana, recomenda-se que tenham uma experiência de terapia psicológica com um profissional, visto que nessa relação, aspectos mais profundos podem ser abordados e trabalhados. Isso permitirá, que a pessoa tenha um espaço de acolhimento sem preconceitos e onde possa ser sincera nas suas colocações, nos seus medos, seus pensamentos e desenvolver novos objetivos. Isso irá gerar novos caminhos para que essa culpa que tanto a consome, seja transformada numa renovação emocional, espiritual e física. Lembre-se: Você nunca está sozinha ou sozinho. Deus está querendo ouvir sua voz e espera que você entregue seus problemas a Ele, pois Ele cuida de você.
“Não tenha medo, porque Eu estou
contigo; não fique assustado, porque Eu Sou o teu Deus; eu te fortaleço e te ajudo; e te sustento com a mão direita da minha justiça.” Isaías 42:10 OBRIGADO POR TORNAR A VIDA DE UMA PESSOA AUTISTA CADA VEZ MELHOR. Fale conosco