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EXPLORACAO DO RIO PURUS ( RELATORIO DO Rie PURUS. APRESENTADO PELO ENGENHEIRO doio Martins dw Silgx Coutinho. 1862. Oflicio divigido ao Presidente da Provineia pelo engenbelro, logo depois de ter regressado do Purits. MO” ¢ Cae Sar: No dia 6, is 7 horas ¢ 10 minates da manhi, cheguel 2 este ponto, de volta da exploragio do Rio Purds, trabalho de que me encarregara V. Ex., por oflicio de 13 de Fevereiro do corrente anno. Tendo partido a 16 do dito mez, a demora fot portanto de 49 dias. Da lenha que se havia encommendado 36 achdmos tres mil e setecentas achas, ¢ foi preciso fazel-a, para poder confinuar a viagem. A nito ser este inconveniente, teriamos avancado mais cento e vinte leguas, proximamente. No dia 25 de Marco participou-me o commandante do vapor ter sémeute sete dias de rancho a horde, en&o poder assim continuar a navegagao rio acima. Erte precisos tres dias para fazer leuha, ¢ em quatro esperava elie chegar 4 casa de um mo— rader, perio de Iago do Chapéo, onde na subida encontramos grande porgio de tarlarugas. Estavainos entio nas barreiras do Hyutanaham. Nao posso dizer jd a V. Ex. a distancia que vai desse ponto 4 fo2 do Paris, perque ainda néo verifiquei os caleulos nos diferentes rumos percorrides. ‘A marcha do navio foi muito irregular, e é preciso entrar em conta com a varia~ (So dacorrente ¢ da marcha, pata chegat-se a um resultade exacto. . © Paras é mais importante que o Madeira; além de nao ter cachoelras, presta-se perfeitamente 4 navegacdo de barcos que demandem de 40a 42 palmos de calado, em grande parte do anno, na extensio de 400 leguas. Ate 250 legnas a nave~ tie Bom gagdo € franca para navios do mesmo calado, e nos mezes de enchente pars os de maio- res proporgies. Em Hyutanaham ainda a canal conserva-se com olte ‘bragas no limite da enchente. As pedras que se encontrio em alguns pontos nao apresentio o menor obstacullt A lacgura na foz é de uma milha, ¢ decresce insensivelmente, chegando a 100 bragas na altura de Hyutanaham. Nos lugares de barreiras ha ama diminuicao de vinte a trinta bragas; © Paris ¢ um dos melhores caminkos para a encosta oriental da corditheira de Curco e suas vizinbangas, para o importantissimo valle do Ber-Digo, um dos melhores caminhes, porque estox convencide que o Hyurnd, se nio vai tio longe come o Parts, a9 menos chegard muito perto. © caminhe pelos dous brages principaes do Ucayale-Urubamba ¢ Apurimac—, pelo mesmo Ucayale ¢ Solimies, além de ser mais Jongo, é quasi impraticavel nos dois. brimeiros ries, por causa das muitas cachosiras, pela exiguidade do funde. O Purds éa hypothenusa desse grande triangalo, cuja base ¢ 0 Solimies ¢ 0 outro lado 0 Ucayale. Como o rio Madeira ¢ outros da Provincia, o Purds possue as melhores drogas do paiz~-Seringa, salsa, oleo de enpaiba, cacéo ete., € © terreno presta-se muito hem & plantagio do café, algod3o, canna, milho, fei, mandicca e outros generos. Nao tentel a travessia para o rio Hyurnd por meio do Tapaud, em razio das in formacdes que dea-me um pratico, completamente contrarias 4 idéa de Castelmon, e outres vigjantes. Além disso, vendo come ia sends demorada a viagem, abandenei o intenfo da exploragae dos affiuentes para que ficasse conhecida maior extensio do Parts, que envolve interesses de mais alta monta. Tenho raztes para suppér que a verde~ deira passagem para o Hyurnd tem lugar pelo inverao sémente, por meio do seu affluen- te Taranacé, sotenta leguas acima do ponte a que chegamos, O Taranaci tem agaa Dranca, e uZo preta, como diz um informaute de Cas~ telmon. © pratice Manoel Urbano prestou relevantes servigos, (quer muinistrando~me valio- sas informagdes, pois é o maior conhecedor doPurts, quer fucilitando a viagem, pela grande influencia de que goza entre os indios. Manoel Urbano nfo se limiton a mandar fazer lena; elle, apezar da idade avan— gada, era o primeico trabalhador, Além de multe discernimento para tratar com indios, tem urna grande virtude, que 颢 amor da Patria. © seu maior desejo & aldear os indios que erro nas cabeceiras dos rios ¢ seus affinentes. Esta idéa, de grande aicance politico, como V. Ex. bem avalia, convém ser Fealizada quanto antes. As namerosas tribus Manetonerys e Canamary possnem os melhores predicados para que de saa ac~ quisigio venha a colher o palz om grande resnltado. Os Amamadys, Hypurinas e Ca- — Foe fanisis, lavradores por exeeltencia, 86 esperio uma intelligencia guiada pelo patriotismo para enviquecerem o Amazonas. 0 Sr. HL Steauss, anci&o intelligente, que acom- Panhou-nos na viagem encarregado do tratamento da comitiva, desempenhon com a methor boa vontade a sua commi @lambem prestou-me importantes informaghes sobre os lugares que ha percorrido, as: molestias que por vezes fem acommettide a populagio, ¢ assim tambem sobre plantas medicinaes. O naturalista G. Wallis ficou em Hyutanaham, a vér se couseguia com vagar ama tolieceo mais importante do que até alli” havia feito. De sua actividade ¢ iflustragio devemos esperar uma noticia exacta da flora do Purts, 0 8¢ deu caso grave de motestia a bordo, apenas ligeiros incommodos ¢ poucos. Dos beindes que levei, distribai a mor parte pelos indios Pammarys ¢ Catanixis, outros dela Manoel Urbano, para mandar aos Hipurinds, em nome do governo, e 0 resto ao commandante ea Urbano para pagamento do trabaltio da lenha. . - Nao meé possivel apresentar com brevidade 0 relatorio da exploragao ; este trabalho, versando sobre diferentes materias, tem de ser acompanhade da planta do tie, que levantei na extensie pereorrida pelo vapor, niio te bem como desejava mas tanto quanto Permittiio os recursos de que dispunha. Beos guarde a V. Ex.—Manéos, 8 de Abril de 4862. Him. ¢ Exam. Sr. Dr. Manoel Clementino Carneiro da Canha, digne presidente da Provincia. ~Assignado, J. M. da Silva Coutinko.— RELATORIO DA EXPLORACA PRIMEIBAS VIAGENS. I © rio Puris, apezar de ao ser muito conhecide, sempre merecen a attencio das pessoas que hem avalifio das vantagens que podem provir a0 paiz da navegagio de am rio importante como este, segundo as noticias, ainda mais porque suppurhase que por meio delle se evilaria o grande obstaculo das cachoeiras do Madeira, que tanto difficultio a viagem para Mato-Grosso. ‘ Antes de 4852, so alguns collectores de deogas conhecido o Puris em uma extensiio de 180 2 200 leghas; nunca houve a menor tentativa de exploragio. Quando a antiga comarca do alto Amazonas foi elevada 4 categoria de pro- vineia, o seu primeiro administrador mandou o pratieo Serafim dos Anjos fazer um reconhecimento até onde fosse possivel navegar. Quatro mezes e onze dias gastou elle em subir até a 9° maloca dos indios Cocamas, dizendo nio poder continuar a viagem em consequencia de achar-se rio obstruide, e ser além disso mnito estreito desse ponto em diante. Em 50 dias voltou a esta capital. Nao den noticias de cachosiras nem de outro qualquer escolho na extensde percorrida. Em Maio de 1861 0 Sr. Presidente da Provincia Dr. Manoel Clementino Car- neiro da Cunha incumbio ao pratico Manoel Urbano da Encarnagde de fazer novo reconhecimente, para averiguar se era possivel passar a0 alto Madeira; devendo para isso seguir pelo maior affluente da margem direita do Purds, afim de chegar o mais perto que podesse daquelle rio, reconhecendo assim a praticabilidgde da travessia. Urbano navegou 155 dias, chegando além do afflnente Rizala, cerca de 20 Jeguas. © maior tribotario da margem direita, que encontron, dquem desse pontp, foi 9 Aquiry. g Bw Os indiog Ihe dere a entender que por clle podia-se chogar an Madera, Urbano segnio pelo Aquiry, mas teve de voltar no fim de 20 dias, porque o tie astava mauite secco € com dificuldade permittia a passagem, Nao the paroceu que fosse este © canal do Madeira, Bo dito dos indies tambem nfo se deve conctuir tal causa. Quando elles affirmio que por um rio se pode chegar a outro, nko querem dizer que soja directamente em candas. E’ muito commum este maneira de failar, mesmo. entre nds. Referio M. Urbano ter encontrado dois indios no termo da viagem do Punts que diziio vir de Sarayaco, poveagio que io ficava muito distante. Come 6 sabido, 3 missio dé Sarayaco demora na margem esquerda do Ueayale, 60 lequas proximamente, acima da sua juncgio com o Maranon, Ne Paras niio consta que haja outra povoago com esie nome, nem tambem na Bolivia. A Informagio dos indios é, pois, duvidesa. . Quando tirdmos a limpo as informagdes verbaes e escriptas de M. Urbano ava~ Hiamos em 120 2 430 leguas a distancia da foz do Purds ao seu aifluente Ituai, segunda a comparacio que fez o pratico das distancias percorridas alli com outros conhecides no Solimées ¢ no Negro. Esta distancia, porém, 6 de 578 mithas, proxima~ meote, haverdo portants uma differenca de 30 leguas. Sobre a extensdo total da viagem, que avaliimes em 620 leguas, acreditamos, posto que nao verificassemos, haver alguma @iffereaga para menos, pela comparacio do caminho feito pelo vapor com o tempo gasto em canta, na parte que percorremos. As informactes de Ur~ bano divergem em muitos pontos das que deu Serafim, nio sé quanto aos afflaentes, como tamhem relativamente aos indies. E’ preciso notar que os pratices mio presto attengao a certas particularidades, ¢, desconhecendo o valorde algumas circumstancias, 86 accidentalmente referem-as, provinds @ahi talvez a divergencia notada. Affirmoa Urbano que na altura do Rizala ainda o Puriis podia ser navegado na occasiio da enchente, por navios que demandassem de 6 a 8 palmos d’agua, que 0 rio nao tem cachoeiras na extenstio que percorreu. A’ vista de t3o importantes informagtes mandow 0 Sr. Presidente explorar o Parts mais regularmente, empregande para isso o vapor Pirajd, que se achava na Pro~ wibtia. WO PURI * i . No dia 43 de Fevereiro recebemos o officio que vai abaixo wanseripto, onde s¢ ach3e as instracgles para o trabalho da expleracdo. —~T Palacio do Governo da Provincia do Amazonas, em 43 de Fevereiro de 1862.—~ Tendo resolvido fazer uma exploragio e reconhecimento no rio Panis ¢ alguns de seus Uffluentes mais importantes que for possivel viajar no vapor Pirajé, que, para esse fim, deve partir desta capital no dia 46 do corrente, incumbo a Ym. desta com- missio, em cuja execugio teré muito em vista examinat oseguinte:—A direcglo ¢ rumo do rio Purtis até suas cabeceiras; sua profandidade e capacidade para ana- vegagiio; extonsiio e largura, sempre que for possivel determinar; 2.° 0 numero das ithas e sua grandeza; 3.° a indicacio e descripeio das cachoeiras ¢ pedras amon- toadas que se encontrarem, acormpanhada da plano mais conveniente para removel-as; 4° & posigie dos aflluentes, sna largura, cxiensio, direegio, cdr das aguas, e ontras circumstancias notaveis que poder verificar; 5.° a posigio astronomica dos logares mais importantes, foz dos aflluentes, serras, barreiras,-restingas, cachoeiras ¢ pedras ; 6.* 1 situagde das povoagies que encontrar, e os lugares mais apropriados para se fundarem novos poveados; 7.° a constitaigge geologica do valle do rio, os deposites de ossadas, jazidas de mineraes, principalmente de.carviio de. pedra; 8.° a natureza da vyegetagio © propriedade dos terrenos para a cultura e criacio dos gados; 9.° © numero das tribus indigenas, suas inclinagtes, costumes e habitos, o trabalho para gue propendem, ¢ o meio mais apropriado para chamal-os 4 civiisagio; 40° o que conslitue a industria actual dos habitanles de valle do Paras, na parte conheeida, apresentando as consideragies que lhe parecerem mais convenientes para methorar sta siteagio. Além “do que fica indicado, Vm. procederd a qualquer outro trabalho que interesse a sciencia, e poderd, de accordo com o commandante do Pirajd, tentar a teavessia para o rio Jarud, se fdr possivel e houver canal, para tambem reconhecer aquetle rio, se nisso houver conveniencia, 0 que deixo ao seu discernimento. O resto do officio oentém disposighes sobre as gratificagdes das pessoas empregadas na exploragdo, ¢ dos brindes que deviio ser distribuidos aes indios. © fim principal da viagem, era, como se vé, reconhecer o rio na maior extensio que fosse possivel, ¢ assim n&o convinha perder tempo para se aproveitar a en- ebente. Em fins de Margo 6 quando comeca a vasante na parte superior. Q Pirajd re- eebeu mantimentes para dois mezes. No dia 16 de Fevereiro embarcdmos em companhia dos Srs. G. Wallis, natu- yatista. allemao, e H. Strauss, intelligente ancifo que fora inewmbide do tratamento da comitiva, ¢ seguimos viagem as 6 horas da tarde, Manoel Urbano era o pratico da exploragio ; mas nio se achava entao na ci~ dade, @ por isso tivemos de tomal-o em seu sitio de Manacapurd,.na margem es— querda do Solimies. Da foz do rio Negro § do Punts gastimos 43 horas e 25 minutos, tendo nos demorado 8 horas e 20 minutos ; a viagem effectiva foi de 35 horas e 5 minutos. —s8— Contra corrente do Solimtes 0 Pirajd avanyou poueo mais de 3 mithas, ¢ isso porque era Gobo qaatidade a Jenha, sendo portanto a distancia entre 03 dous “pontos de 39 leguas, attendende-se ds travessias, A’s 4 horas da‘tarde de 48 fizemos nossa entrada no Purds, tendo antes medido a largara da fox, que ackimos de { milha. © diccionario do Amazonas da para este ponto a latitude de 3° 50° °S. ¢-lon- gitude de 26° 35° a oéste de Olinda. Para o trabalho da exploragio dispunhamos: apenas de um theodolite, wma bussola, um pochrometro ¢ um thermometro de medir a temperatura @agua no fando. 0 theodolito dava simente a altura zenital de 43° “Come estavamos no tempo das chuvas, as. noites quasi sempre nubladas néo davio lngar a que se Gizessem regularmente observagies astronomicas, com a pres~ teza que exigia a viagem, ainds mesmo que tivessemos instramentos de reflexic. ‘Xo -emtanto, nos pontos em -que pardmos pata fazer lenha, poder~se-hia deter- minar a latitude por-meio de observagdes do sol. © Purds é incontestavelmente o principal afflsente da margem direita de Amazonas, na ponte denominada Solimdes; suas aguas sto barrentes como as deste. Por mais tres-canaes pode-se chegar 20 Purds em grande parle do anno. © primeira é¢ do Povatary, que entra no Amazonas 40 leguas 4quem da rio, atravessa o lago deste nome eo do Berury, sahindo no Puris 12 milhas acima da foz; o 2.° é0 de S. Thomé, que corre do lade esquerde, entranda pouco abaixe do Berury, sabindo no Amazonas 5 leguas acima do Purds, onde temo nome de Cusnidra (4), 0 3.° @0 Cuivanan, cuja foz no Amazonas demora Sleguas além do segundo, e entra ne Paris 54-mithas antes de-sua confluencia. Nos.mezes de maior enchente, Maio, Junko e Julho, dizem 08 praticos -haver communicagaio do lado do Hyapud, que demora na margem esquerda a 90,8 milhas acima, para o Solimées e tambem do lago Abufary para o do Coary. O Abufory tem communicagio para o lago Givagiratuba, que desagua no Purts 243,5 milhas acima de sua foz. Outros amuites lagos Hgados por outros tantos canaes encontrao-se entre o Puriiy 26 Coary, Pelo inverno a mér :parte do terrenc fica alagado quer de um, quer de outre fado do rio. Do Abufory parte um porend-mirim que vai sahir adiante no Puris cerca de 260 .milhas.além do -Guajaratube, A maneira por que alguns viajanies faliio destes sanaes, pelos quaes s¢ péde chegar aos .aflluentes de Amazonas, independente de suas embocaduras principaes, -parete indicar.de alguma -sorle que sio alimentados pelos mesmos affluentes. Nao & assim porém. ‘Esta singular disposigio hydrographica resulta da pequena altura do solo, do sen losignificante deciive. ‘Pelo inverne, as candas que ficio na parte superior da {) Foi este o ome primitive do rio, en foz do Purtis recebem as aguas do Amazonas, e pelo vero éaquelle rie que cede parte do seu cabedal para alimentar os furos, Een gorat a corrente é nefles muito fraca. _ Bo dia 48 de Fevereiro 4 25 de Marco navegimos o Purds, chegando as barreiras de Hyutanakam. . Entio participou-me 0 commandante do Praja nfo poder continuar a viagem rio acima, porque s6 tinha a bordo sete dias de mantimento. Demoramo-nos tres dias fazendo lenha, e 2 28 pelas 6 horas e 40 minutos da tarde regressdmos. No dia 5 de Abril, 10 minotos depois do meio dia, entrémos no Amazonas, ¢ a 6 chegimos a esta capital, 4s 7 horas e 20 minutos da manba, Na subida navegimos sb durante o dia, e assim era preciso para se poder levantar a planta do rio, marcar os affluentes, barreiras ¢ fazer outras observagies.. Da lenha que o Governo mandot encommendar sd achdmos 3,700 achas. Para continusr a viagem foi preciso preparar o combustival, empregando nesse trabalho a tripolagio e as indios Pammaris e Cafauizis das malocas porque passimos e alguns Hipurinds que levava M. Urbano. Perdemos desta maneira 16 dias. Se pio fosse tal inconveniente terlamos navegado mais £3 dias, descontados 3 para o embarque da lenha, uo caso de achal-a prompla, 0 que equivalia a 130 leguas de distancia, admiltindo que o navio avancasse 10 leguas por dia, A marcha do Pirajd jé foi muito irregular, e por isso as distaneias que calea- Yémos, tomando por base as indicagbes da barquinha com 0 desconte rasoavel que 4 observagio exigia, nfo podem delxar de ser aproximadas, Em grande parte da viagem o vapor segulo prosimo das convesidades das margens e tinhamos por isso de atravessar continuadamente de um para outro Jado. Em taes oceasiies o navio avancava muito pouco, mas logo depois, havendo-se afastado da linha de maior velocidade, angmentava a carreita, ¢ assim continuaya, até que era preciso fazer nova travessia. . ‘Ainda em circumstancias normaes, a diversidade dalenha produzia grande alferagio na marcha. Marcaémos todos os rumes percorridos e o tempo gasio em cada um, deduzindos dahia extensio do caminho segundo a marcha effectiva do navio, Foi desta maneira que levantamos a planta do rio. Ella ndo péde ser perfeita, como @ facil de pereeber, baseada nestes dados somente, nao sujeliando-se os traco & pontos astronomicamente determinados. Na subida Gzemos nove escalas por motives do combustivel, @ o tempo que assim perdemes, ¢ por Mio caminharmos de noite, foi de 26 dias, 14 horas ¢ 59 4)2 minutes. “ Na viagem effectiva gastamos 8 dias, 2 horas ¢ 4242 minutos; isto 6 a quarta parte proximamente do tempo absolute. 3. —i0e Calculando com as distancias determinadas om todos os rumos percorrides, temos da foz ds harreiras do Hyutencham 745,92, raithas o que d4 tarmo médio 3,686 milhas por bora. Na volta navegémos 3 diss, 22 horas e 47 minutes, sendo por isso 0 termo médio do caminho feito em uma hora de 7,588 mithas. As tabellas appensas A. B. e C. mostrio as distancias entra os pontos mais nolaveis, o tempo gasto de um a outro, e as demoras na subida ¢ descida. A esta primeira parte do nosso trabatho acompanha uma relaglo de todos os Jagos, rios, barreiras, casas ¢ aldeias que se encontréo no Puris, da foz 4 Hyutanaham segundo ‘as nossas observagies, e d’ahi so Rixala, pelo que informeu NM. Urbano. Antes, porém, teataremos mais extensamente dos principses affluentes. © rotelro, que deve servir para agrande navegagao, deve ser apresentado 4 parte. it Quando chezdmos ao Birury no dia 49 de Fevereiro, o nivel do Purie estava 47,5 palmos abaixo da marca da enchente de 864, ¢ 0 rio enchia com forga; a 26 de Margo em Aywtonaham, attingia quasi 4 maxima altura. A’ medida que caminhavamos, iamos encontrando maior clevagio do nivel, o que era facil de verificar pelos marcos que Sedo hem visiveis nos troncos das arvores. No Birury a enchente de 4860 foi maior que a de 1864 85 palmos. No dia 24 na Campina, que dista do Birury 58 leguas, o nivel estava clevado mais 2 palmos, pois que séhavia 15,5 milhas de differenea para a enchente de 1864, Achémos sempre 8 a 9bragas no canal, desde a foz até Byutansham, e muitas ‘vezes mais, Pramou-se regaiarmente em toda a viagem com intervallos de t, e de 2 mi- ‘nutos, elevando assim os prumades a mais do 5,600. Come o ris continuava a encher 4 medida que avangavamos, @ Bas proximidades diz fox ainda faltavao 17,5 palmos, para que chegasse ao limite superior, a que cos- tuma ordinariamente, segue-se que a profundidade, considerando-se a mesma elevagio em todos os pontos, deve ser maior vinte palmos na foz do que em Fydanahan. Tambem o augmento da corrente na parte superior influio para que a indieaglo do pramo fosse maior, em consequencia da curvatura da linha, que augmenta na razio Girecta da corrente. Deseontando-se, pois, uma braga em Hyutanaham, temos 2 pro- fundidade média de 70 paimos no limite da enchente, sendo na foz de 400, ainda nos aanos de enchente escassa. No porto de Mandos durante 2 annos de observagie, achdmos entre os limites a que chega o rio na vasante ¢ enchente a distancia média de 50 palmos, sendo a minima de 40, e de 60 a maxima. Esta variagio @ a mesma qne tem lugar no Amazonas, da foz do Madeira ao lado de Teffé. a Além destes pontos fic temos observagies que possio inspirar confianga, Quando aconlece a vasante ir além do Hmite ordinario, a enchente & regular e vice-versa, . Admittindo, pols, o decrescimento de 50 palmos em Hywianaham, fleara ainda o canal com 20 palmos no termo da vasante. Segundo a informagie dos praticos a profundidade conserva-se a mesma 4 grande distancia daguelie ponto, ¢ assim podem mavegar barees de 8 palmos de calado sem omenor perigo. Pelo inverno é franca a navegagic Em Hywanckan a vasante comeca em principios de Abril e*a enchente em fins de Agosto. Perto da foz a enchente vai até principios de Junho, e @ vasanle termina em fins de Outubro, cotho no Amazonas. A differenca portanto é de 2 mezes. E como a distancia péde ser estimada em 240 leguas, segue-se que a manifestagie da enchente tem Ingar com 10 a 12 milhas de intervallo em 24 horas. Esta marcha de phenomeno 6a que se observa tambem no Madeira, com pequena alteragio, ¢ em todos os affinentes da margem direita do Amazonas até o Hyauary. Acorrente @ muito fraca na fordo Perks em qualquer tempo, ee mesmo acontece em grande parte de seu curso, durante a vasante, sendo de 143 4 14 de milha, acima de Hywinaham. Logo que comega a enchente, a corrente cresce, @ chega a 2,5 milhas ou 3 no mesmo ponio, assim que o rio occupa todo o alveo. Quando as aguas irashorde em muitos lagares, 0 que acontece um mez antes que chegue 4 maxima altura, entio a corrente soffre algum abatimento, que se torna muito seasivel quando ellas declindo. Esta ciroumstancia ¢ a de nao ter o Puris wma 80 cachoeira na extensto até hoje navegada, que, sem exageragio, péde-se es~ timar em mais de 500 leguas, provéo que o declive do terreno & demasiadamente pequeno e uniformente distribuldo. - A regularidade da enchente e vasante, nfo so no Puris como em outros rios da. regio amagzonica, provém de achar-se o paiz quasi totalmente coberto de florestas, e de ser insignificante o declive do terreno. © tempo que gastio as aguas das chuvas em chegarem aos rios depende da quantidade absorvida pelo solo, do declive dos valles; e como esta ultima circam— stancia é muito pouco variavel, podendo-se considerar constants em um determinado periods, segue-se que 4 influencia da primeira fica directamente Hgado 6 phenemeno. Para se avaliar das enchentes é preciso considerar as aguas que recebem os rios em um tempo dado. Assim, tanto mais se elevard ao nivel, quanto fOr mener esse tempo. As chivas que eahem sobre um paiz denudado eschio immediatamente, € pelo seu peso, escdao 6 terreno, levando em dissolugio a camada superficial; a absorgao é insignificante, as enchentes rapidas ¢ grandes. . Com a mesma promptidio effectua-se a vasante, logo que eessiio as chuvas. Or- dinariamente nestes paizes ellas so fortes, torrenciaes, mas nao continuadas; a um we 19 grande aguaceiro de 2 ou 3 horas suecedem smuites dias de bom tempo. A acgiio directa do sol sobre o terreno determina promptamente 4 evaporagio da pequena porgic @agus que foi absorvida; aos ries falta, portant, esse alimente pele verdo. Se & estaces de floresta junta-se a clrcumstancia desfavoravel de mals forte dective, entio os ties desapparecem ponco tempo depois das chavas terem cessado. EB’ ¢ que asontece no Cearé. . Accultura pois, a extinegio dos mates concorrem para que as enchentes se effectuem rapidamente, dando lugar a inundagdes. Na Europa, como paiz mais velho, en- conttio-se exemplos numeérosos desta verdade. © contrario acontece nas regives de florestas; o terreno absorve muita agua, porque as arvores quebrao a forga das chuvas, ¢ ¢ ellas chegio ao solo menos pesadas e mais demoradas ‘aos rios. ‘Tambem as florestas refrescando a atmosphera, ¢ eondensando por isso os vapores agnosos, provoedo assim abundantissimo orvalho, a que no Amazonas os naturaes com muila propriedade denominto chuva do mato. Essa 6 toda absorvida. O-arvoredo, privando o solo da aco directa dos ralos solares, e impedindo o movimento doar em sna superficie, é um obstaculo 4 evaporagao. . Quando desapparecem as chuvas, comega’ a vasante, porém lenta e uniforme- ysente, porque os rics recebem entéo a grande porgio Wagua que © terreno absor- vera, ¢ the éministrada com regularidade, " ‘Mesmo no veriio, durante a secea, aqui no Amazonas chove ordinariamente 03 epocha das confucgies ¢ ‘oppostgées de lua, o que nio acontece 20 Ceard, e em ge~ rat nos serties de Pernambuco, Parahyba, Rio Grande do Norte € Piauhy. Até Hynzanaham encoatrac-se cite iihas, cujos nomes se acho na seguinte re- Jago, assim como as grandezas ¢ distancias da foz. Graudeza | Dsancia da approsimeda.) ia do io. # Komes, ‘Gbserragies. : §, Thoméesssuee| 100 br.| 9,78 soilb.| Na conlluencia do canal deste nome. | Nand worse ssseeses | 4800” | 20,63 » | Bncostada & margem direita. ‘Tala... wed 4,200 5 | 30,63 2 « « « esquerda. Hxcaté savcsseersersee] 1,000 2 [412,00 > iCotovelo do saccade! 300» | £28,08 Guajaratuba ........| 40,000 » | 207,37 Muito larga, divide o rio emdous ca-| 80 » | 363,60 Havosda f margem direila. 430,59 4 2 3 @ 3 im 7 8 me 1D A de Guajaratuba & a unica que nas grandes enchentes nto flea toda alagada, prestando-se assim 4 habitaglo e cultura permanente. FE’ abundante de cacio ¢ se ringa; presta-se 4 cultura do arroze da canna como as outras, Ado Nand, Jacarde Tati, sio muito estreitas ¢ nao alterio a largura to rio, por serem, .propriamente fallando, pequenas porgies das margens destacadas por ¢a~ naes insignificantes. A larguta do rio consorva-se wnilorme, ¢ 0s bancos se achto dispostes symetricamente junto 4s margens convexas, © que muito facilita a navega- So. Quando na enchente o nivel tiver chegado a 2/3 da altura ordinaria, nao ha Perigo em seguir qualquer dirécgio. No versio os bancos que afloriio sio halisas que indicio ¢ canal, que constantemente segue proximo das margens concavas, $o em um ponto esta regra sofite alteragiio, ¢& nas prosimidades da ilha do Nard ou 2 20 mithas da foz. Ahi a largura chega a uma milha. E’ um estirio. © canal bifarea~ se, ficando um banco no meio do rio. . Xo inverno néo ha perigo, mas no verao é preciso seguir proximo da margem direita. Encontrao-se pedras em 5 pontos até Hyulanaham, a que é preciso dar resguardo logo que a vasante chegaa dy. A 45,4 mithas do sitio na Boa-Vista, fica o pri- meiro ponto, segundo 5,8 milhas deste. Caminbando-se aqui mais 24 milhas, on 14,8 do Parand-pixina chega-se ao lu~ gat do Hatuba, onde, como indica o nome, existem maiores rochedes que fiedo en- costades 4 margem direita. No vero sem o menor perigo passa-se proximo da outra margem. © outro ponto demora a 7 milhas além do lage Janvendud ; as pedras ficio no meio de rio e pro‘ongio-se mais para a margem esquerda, onde pelo verdio appa- rece nm banes. © canal é pelo lade opposto. &° tambem no meio de rio que-exis- tem as pedras no quinto ponto, acime do Jeu 4,6 milbas. Aqui pode-se passar por um ou outro lado, no verfo, mas com a precaugio de ser prosimo das margens. Estes cachopos nde apresenio o menor perigo, logo que a enchente chega a 25 palmos de altura, mais ou menos. Em geral nas barreiras sempre se encontrio pedras om maior ou menor altura, como acontece na foz do Parand-pisina, no Mary Hywancham. . ‘Além deste ponto ha rochedes no meio de rio, no lugar devominade Hinbiturié, nas proximidades da barreica de Uaphury: pelo vero ficde acima agua cerca de 25 palmes. © canal & proxime da margem direita; niio lem muita largura, mas a profundidade @ grande. Informao-me que tambem abaiso da fez do Pauinim se encontrio pedres no meio de rio. Em todos os pontos ¢ 0 psammitto a rocha que constitue 03 cachopos, ¢ que apresenta variedades muito interessantes. a Tenho beliissimas amosttas de psammitto tubular de perto de Ztatuba, perfeita- tente semelhante 29 que so encontra no Madeira, proximo de Bastos, Esta rocha estd em via de decomposigio. « Da fox a Hywtanaham contio-se 94 lagos; sio os que se conhecem, e fide mais proximos., . Para alguns depositos d'agua a que os praticos denominio indifferentemente lago ou rio, & preciso nova classificagio. Neste caso esti o magestoso Jory 0 Pa- rond-pivina, o Jacaré @ ontros muitos, Geralmente os canaes que communicio essas bacias com o Purts sio estreites ¢ mais ou ménos extensos. 0 Jary tem de largera 6 mithas logo no couseco, ¢ mais ainda d medida que se caminka para o interior; é bordado de terra firme em grande parte, formando enseadas @ pontas. Qs collectores de drogas que dio eslas informagies tém caminhado 8 e. 10 dias. . Alé a parte conhecida a feigio da bacia é a mesma, e tide indica que o seu comprimento deve ser extraordinario, Durante o inverno as aguas schem a grande altura; a boca, completamente cheia, apresenta um aspecto imponente e nio é qualquer navio que ousa atravessar esse mar d’agna doce. Quando o vento sopra com forgaas aguas piem-se em movimento, encapeltio-se @ finalmeate rebentio em flor bramindo. Chegando 2 vasante a 3 ou 4 palmos, vio apparecendo as eopas das arvores, que costume crescer n’esta regiio nos terrenos alagados ou sobre os bancos, e en- ire as quaes se distinguem as oiranes que caracierisiio perfeilamente estes terrenos. No fim de algum tempo de vasante, a basia parece uma floresia alagada, no centro da qual serpenteia um canal que se vai reduzindo 4 proporgio que escola as aguas. Nas proximidades do termo da vasante aflorie exlensos bancos, alguns cobertos de vegetagdo, ¢ ficko muitos lagos onde se fazem grandes pescarias de peixe-boi. E” entio que ne canal central a corrente cresce. No inverno algans lages communicio com esta bacia, e é, talvez, passando de BESa outros que se possa chegar ao Capand, affluente do Madeira, segunde o dito dos indios. ‘Muitos igarapés, mais ou menos volemosos, trazem a0 Jary o tribute de suas agaas. As castanheiras, eapaibeiras, assim como a salsa encontrao-se em abun— dancia nas terras vizinhas. Pelo inverno as aguas nie tém quasi movimento. © Jory nao communica directamente com o Purts, liga-se so extenso parand-merim, de mesmo nome, de cerca de 40 mifhas, eque corre pelo centre. Antes do Jary con- fixem no parand-merim os lagos de Mira, Jugdra e Antonio Carlos, 2 depois delis o Fa- nipdue. —- Bb So como as ante-camaras de um grandioso adificio; o Jary 6 0 vaste salio de bonra, A LA embocadura de parand-merim dista da foz do Pords 450 milhas, e fica na margem direita. . O Parandi-pizima eo Jacaré apresentic a mesma feigic do Jary, demorio tambem na margem direita, porém so menores. As aguas do Parand-pirima sio perfcitamente negras, mals do que as outras hacias @ lagos. Este fol ocaminbo que sntigamente seguiie alguns desertores do presidio do Crate, que flca no Madeira, InformArlo-me os praticos que tém eaminhado per elle 80 dias, n3o segaidamente, porém trabathande na pesca do peixe-boi. No extremo da boca encabegio-se dens canaes, dizem os Muras, um dos quaes, de- pois de passar em alguns lagos, vai terminar no dos Baetas, que communica com o Ma- deira. © outro segue na direce#o do Crato e communica com o lago Purds, que vai yer a0 mestno Madeira. O nome este lago naturalmente foi pgsto por virtude da passa gem que por elle se fazia.ao rio. Fstes canaes ficke cortados ne tempo da vasante, @ s6 quando as aguas cheg%o a maior altura permittem a passagem de candas com diffi- ealdade. Os iuras, que vivem na foz do Parand-pizima, passio a0 rio Madeira, e assim fa-- zem os da aldéa dos Bactas para o Puris pelo mesmo caminho. Ordinariamente é o farte que determina estas emigrasves. " O Parand-pirina entra no Purds, no ramo deN.N.E., tendo antes se inclimado mais para o Notte ; pelo que se eprebendem das informagies dos praticos, dista da foz Go Jary 145,4 milbas. Pela margem esquerda afflue um pequenorio, nas proximidades do qual se tem visto pegadas de homens; ignora-se, porém, qual seja f tribu que habita esses Inga- yes. Qs praticos tém penetrade por elle cerca de 412 leguas, e dizem existir a esta distancia-uma pequena cachoeira. © Jacaré fica acima do Parand-pisima 36 milhas, ¢ entra no Puris no remo de $.0. . Qs praticos tém penetrade nesta hacia durante 42 dias, trabalhando va fabricagio de manteiga de peise-boi; sua: extensio, porém, é muito grande, segundo a informagio dos indios. Orio Mucuim, o Tapud, o Sepatinin e ontros pao sdo mats do que uma serie de jagos Jigados por meio de canaes. ‘As suas embocaquras ém 50a 70 bragas, emt muitos pontos, porém, chegao a 800e 3,000 bragas- . Pelo vero é quando a corcente se desenvolve, assim como pas ‘bacias. Neste caso esta 0 lago da Caua, cujos limites sto’ desconbecides, e Hyapad e outros. O Hyapud tem 16 3 Jeguas de largura,e entra"no Amazonas porum canal de 70 bragas; prolonga-se muito ao interior, e communica com os lagos Davessé, do Breu, Tambayui, e Salsa: © canal segue ¢ vai tarminar no lago Camara, d'onde parte um outro que entra no So- Himes, © Hyapad tem algumas. ithas aitas apropriadas 4 cultura do paiz. No Puras, como'jé vimos, & pelo verio que a corrente tornar-se mais lenta, ao coutratio do que acontece nos lagos e bacias. Ha horizontalidade das margens, ea depressie doJerreno, d’onde resulta {30 grande inundagie, explicie perfeitamente o phenonemo.. . Quando chegamos.a Hyutanaham, nas prosimidades do limite da enchente, a su- perficie Wagua estava quasi nivelada com a das varzeas, e ne fande dos igapds (terreno baixo). Nessa extensio contZo-se apenas 29 barreisas compreheadidas na sogminte relagio: Melagho das barreiras do.clo Paris, da for é Byutancham, grande- zas approximadas ¢ distancias. Grandes approximada.. Distencias & for a 3,000. Bragas. 45.4 milhas 3 3000 > 188°» 8 2,000» GSS os £ 300 378+ . 5 £000 > | 419,08 6 2.600 > 424.82 > ~ 2 4000 > | 43008 > 8 Boe» | aBEE > 9 £000 > | NBG # 10 4.800 9 198.42 > et 00> 207,37 8 i 2 ‘oy > | 96:52 > { 8 4000 > | 0037 é is Soo > | 307047 + 6 1.000 + | 33049 > ie 300 > 3H67 + 17 : 3,000 > | 36085 > 8 esquerda | 4008 3 | HOA3 9 > | ROG 8 | 4808 > lL 20 iret | 1,000 2 | ST8A0 + a , 2006 » 247 on y 2 . 7G > | $6573 + B > | oO 3 | ora7 oe a » Bb 578,61 ey : 30» | GOB + % esquea| 900 > | S778 > 2 ? 450) > | 924g > fe > 30 TORAS > q 1 29 > 2500 + | SA > ~t— As margens ficio, portanto, quasi tolalmente alagadas, sea enchente vai muito pouco aldm do termo ordinario, Vd-se, portanto, que as aguas que concorrem para A cnehente do rio vem quasi todas das cabeceiras, principalmente da corditheira sTonde elle dimana, ‘Talvez os.rios silagos, que se se estendem da foz a metade de sen curso, aio con- tribute com ye do cabedal que elle’ raz ao Amazonas nessa épocha. Fm alguns lagos pelo contrario, entr#o as aguas do Punts, ou porque oscanaes fazem coma direcyfie do rio na parte superior um aagulo maior de 96°, ou porque o terreno da fargem & muito baixo. No Hyapua obsorvel a mistara das aguas, umalegua distante do Purts perto da ilha do Mello. O Puris goza, pois, dessa propriedade admiravel de receber o tributo da metade de seus aflluentes s durante os 6mezes da secéa. Q mesmo acontece 20s outres rios que entrao pela margem direita do Solimdes alé o Hyanary, pelo que dizem os praticos. Todos elles sio externamente tortuasos. No Purés para ter-se a distancia em tiuha recta é preciso abater 2°38 da we se conta pelas yoltas. Refere Castelmon, que vio uma carta do Hyauary, que suppoz sor obra da com- missio delimites que em 1790 explore a provincia, e da gual conelnio tambem a taosma observagio que acabo de fazer relativamente ao Paras. Os rios, portanto, que corcem entre um ¢ outro devem gozar da mesma propriedade, Na consite da enchente, as agaag.do Purds tem sempre a mesma ebr, @ 8) nas bo- cas dos lagos e das bacias é que senota a differenca. Ne veriie, pelo contrario, conhece-se perfeitamente as aguas dos lagos mistura- das com as do ri, muito a qnem de suas embocadrras, ¢ ds vezes de uma Traneira fae pronuneiada, que enganariio 9 observador que niio fosse além. “Eé por isso que alguns praticos divergem em suas informagies relativamente 4 for de alguns rios, que elfes conhecem em pequena extensio. Neste caso esti o Tarauacd, affuente do Hywud, que wos dizem ser de agua branca, e ovtres de agua preta. A differenga provém no emianto de ser observado em diferentes épocas. ‘A corrente do Purts opp0e-se de alguma sorte ao escoamente das aguas que fe eGo em suas margens. Qs indios pelo inverno evitio o rio seguinde sobre as margens alagadas, atathando assim as voltas @ livrande-se da corrente. Como ja vimos, 0 movimento agua nos ris, e bacias € muito pequeno pelo inverno. Os indios denomingo parand~mirim aos canaes mais ou menos extenses, que ser~ penleiie pelo interior das margens, e se encabecao no rio, distando suas extremidades dis. vezes vinte legaas e mais. Abi o aspecto da vegelagio @ uniforme, nio se observa a variedade que apresentio as margens dosrios; nae ha hancos nem cordas.

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