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APLICADA
Liliana Rockenbach
U N I D A D E 1
Conceitos básicos
de farmacologia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A farmacologia faz parte da história da humanidade desde o momento em
que o homem começou a buscar a cura e a proteção das enfermidades.
Na Grécia antiga, a doença era atribuída aos caprichos dos deuses, e o
tratamento era realizado por sacerdotes e curandeiros. No século X, era
tarefa do boticário examinar, prescrever e dispensar. A partir do século
XIX, com o desenvolvimento da química e da fisiologia, os princípios
ativos começaram a ser isolados e purificados e seus mecanismos de ação
descritos, até a consolidação da farmacologia. Atualmente, a indústria
farmacêutica é uma das que mais cresce e fatura no mundo, existem
inúmeras classes de medicamentos para o tratamento das mais diversas
doenças e há sempre novos fármacos em desenvolvimento.
Neste capítulo, você vai aprender sobre farmacologia, desde sua his-
tória e definição, até sua classificação, conceitos básicos e como funciona
o desenvolvimento de novos fármacos.
2 Conceitos básicos de farmacologia
O que é farmacologia?
Farmacologia vem do grego pharmakos, que significa droga, e logos, que
remete a estudo. Portanto, é a ciência que estuda como as substâncias químicas
interagem com os sistemas biológicos.
A história da farmacologia inicia na antiguidade. Inicialmente, não havia
conhecimento ou recursos para o entendimento da origem das doenças, ou
para o uso racional das drogas. Por isso, as doenças eram atribuídas ao so-
brenatural e os remédios vinculados a tratamentos ditados por sacerdotes de
diversas religiões.
Entre os documentos antigos, podemos citar dois exemplos importantes:
o Pen Tsao, escrito na China, em 2.700 a.C., que continha classificações de
plantas medicinais específicas, bem como combinações de misturas vegetais
a serem utilizadas para fins médicos; e o Papiro Ebers, de 1.500 a.C., escrito
egípcio com cerca de 800 prescrições contendo uma ou mais substâncias ati-
vas e veículos (p. ex., gorduras animais, água, leite, mel), e ainda uma breve
explicação de como preparar e utilizar a formulação.
Um século depois de Cristo, havia ficado claro que as variações entre um
extrato biológico e outro variavam muito, mesmo quando preparado pela mesma
pessoa. Outro problema era a polifarmácia, muitos médicos acreditavam que as
combinações das propriedades das drogas poderiam compensar as deficiências
do paciente beneficamente, fazendo com que muitas vezes o paciente sofresse
mais devido aos efeitos adversos do que devido à própria doença.
A origem das drogarias foi a partir do século X, com as boticas ou apotecas,
como eram conhecidas na época. O apotecário ou boticário desempenhava o
papel de médico e farmacêutico. Neste período, a medicina e a farmácia eram
uma só profissão. Na Alexandria, após período de instabilidade marcado por
guerras, epidemias e envenenamentos, ocorre o desenvolvimento da farmácia
como atividade diferenciada. Desse modo, a farmacologia ganhou grande
impulso, principalmente no tratamento dos soldados abatidos nos campos de
batalha e, então, a profissão farmacêutica é separada da medicina, ficando
proibido ao médico ser proprietário de uma botica (Figura 1).
Conceitos básicos de farmacologia 3
No Brasil
O primeiro boticário no Brasil foi Diogo de Castro, trazido de Portugal pelo
governo, que identificou a necessidade após observar que as pessoas no Brasil
só tinham acesso ao medicamento quando expedições portuguesas, francesas
ou espanholas apareciam com suas esquadras, e nelas havia algum tripulante
cirurgião-barbeiro ou simplesmente alguém portando uma botica portátil cheia
de drogas e medicamentos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE FARMÁCIA
COMUNITÁRIA, 2017).
Nos colégios Jesuítas, havia uma pessoa para cuidar dos doentes e outra
para preparar os remédios. Quem mais se destacou foi José de Anchieta, jesuíta
que pode ser considerado o primeiro boticário de Piratininga (São Paulo)
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE FARMÁCIA COMUNITÁRIA, 2017).
A partir de 1640, as boticas foram autorizadas a se transformar em comércio,
dirigidas por boticários aprovados em Coimbra. Esses boticários eram, às
vezes, analfabetos, e possuíam apenas conhecimentos corriqueiros de medi-
camentos. A passagem do nome de comércio de botica para farmácia surgiu
com o Decreto 2055, de dezembro de 1857, em que ficaram estabelecidas as
condições para que os farmacêuticos e os não habilitados tivessem licença
para continuar a ter suas boticas no país (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
FARMÁCIA COMUNITÁRIA, 2017).
O ensino farmacêutico dava-se na prática, nas boticas. Os boticários con-
corriam com os físicos e cirurgiões no exercício da medicina, se submetiam a
exames perante os comissários do físico-mor do Reino para obtenção da “carta
de examinação”. Em 1809, foi criada a primeira disciplina de matéria médica e
farmácia ministrada pelo médico português José Maria Bomtempo. Somente a
partir da reforma do ensino médico de 1832 foi fundado o curso farmacêutico,
vinculado, contudo, às faculdades de medicina do Rio de Janeiro e da Bahia,
quando se estabeleceu que ninguém poderia “curar, ter botica, ou partejar”,
sem título conferido ou aprovado pelas citadas faculdades (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE FARMÁCIA COMUNITÁRIA, 2017).
6 Conceitos básicos de farmacologia
Farmacologia geral
Os estudos de farmacocinética, farmacodinâmica e toxicologia são aplicados
para todo o fármaco independente da sua natureza química, origem, ação ou
alvo terapêutico.
Conceitos básicos de farmacologia 7
Farmacologia específica
A farmacologia específica se caracteriza pelo estudo e descrição da farma-
cocinética, farmacodinâmica e toxicologia dos fármacos em grupos, nos
quais são reunidos os fármacos que exercem seus efeitos sobre o mesmo alvo
terapêutico, ou sobre o mesmo órgão, sistema ou via metabólica, ou ainda que
têm por objetivo o tratamento da mesma patologia.
São exemplos de grupos de farmacologia específica: fármacos que agem
sobre o sistema nervoso central, fármacos anti-inflamatórios; fármacos que
afetam a função cardíaca; imunomoduladores; antimicrobianos; fármacos
mediadores químicos; dentre outros.
8 Conceitos básicos de farmacologia
Farmacologia Ciências
Toxicologia
clínica farmacêuticas
Farmacocinética/ Farmacologia
metabolismo dos fármacos bioquímica
Farmacologia FARMACOLOGIA
Quimioterapia
molecular
Farmacologia de sistemas
Farmacologia Farmacologia
Neurofarmacologia
cardiovascular gastrintestinal
Farmacologia
Imunofarmacologia
respiratória
Farmacogenômica Farmacoeconomia
Farmacogenética Farmacoepidemiologia
Descoberta Desenvolvimento
Desenvolvimento clínico Aprovação
do fármaco pré-clínico
Seleção do alvo Farmacocinética Farmacocinética, Testes em pequena Testes clínicos Submissão Vigilância pós-
Conceitos básicos de farmacologia
Leituras recomendadas
BOLETIM informativo do CIM-RS. Porto Alegre, n. 1, 2008. Disponível em: <http://www.
ufrgs.br/boletimcimrs/RAM%202008.pdf>. Acesso em: 21 nov. 2017.
BRUNTON, L. et al. Goodman e Gilman: manual de farmacologia e terapêutica. Porto
Alegre: AMGH, 2010.
CRAIG, C. R.; STITZEL, R. E. Farmacologia moderna. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1996.
LULLMANN, H.; MOHR, K.; HEIN, L. Farmacologia: texto e atlas. 4. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1996.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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