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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

A aprendizagem, como já vimos, pressupõe uma busca criativa Hoje, não é raro encontrar-se nos corredores das organizações
da inovação, ao mesmo tempo em que lida com a memória organi- profissionais da mudança cultural, agentes da nova ordem, verda-
zacional e a reconstrói. Pressupõe, também, motivação para apren- deiros profetas munidos de fórmulas infalíveis, de cartilhas ilumi-
der. E motivação só é possível se as pessoas se identificam e con- nistas, capazes de minar resistências e viabilizar uma nova cultura e
sideram nobres as missões organizacionais e se orgulham de fazer que se autodenominam reengenheiros da cultura.
parte e de lutar pelos objetivos. Se há uma sensação de que é bom Esses profissionais se aproveitam da constatação de que a co-
trabalhar com essa empresa, pode-se vislumbrar um crescimento municação é, sim, instrumento essencial da mudança, mas se es-
conjunto e ilimitado. Se há ética e confiança nessa relação, se não quecem de que o que transforma e qualifica é o diálogo, a experi-
há medos e se há valorização à livre troca de experiências e saberes. ência vivida e praticada, e não a simples transmissão unilateral de
Nesse aspecto, é possível perceber que a comunicação organi- conceitos, frases feitas e fórmulas acabadas tão próprias da chama-
zacional pode se constituir numa instância da aprendizagem pois, da educação bancária descrita por Paulo Freire.
se praticada com ética, pode provocar uma tendência favorável à E a viabilização do diálogo e da participação tem de ser uma po-
participação dos trabalhadores, dar maior sentido ao trabalho, fa- lítica de comunicação e de RH. A construção e a viabilização dessa
vorecer a credibilidade da direção (desde que seja transparente), política é, desde já, um desafio aos estrategistas de RH e de comuni-
fomentar a responsabilidade e aumentar as possibilidades de me- cação, como forma de criar o tal ambiente criativo a que Ricarte de
lhoria da organização ao favorecer o pensamento criativo entre os referiu e viabilizar, assim, a construção da organização qualificante,
empregados para solucionar os problemas da empresa (Ricarte, capaz de enfrentar os desafios constantes de um mundo em muta-
1996). ção, incerto e inseguro.
Para Ricarte, um dos grandes desafios das próximas décadas Em Sociologia, um grupo é um sistema de relações sociais, de
será fazer da criatividade o principal foco de gestão de todas as em- interações recorrentes entre pessoas. Também pode ser definido
presas, pois o único caminho para tornar uma empresa competitiva como uma coleção de várias pessoas que compartilham certas ca-
é a geração de ideias criativas; a única forma de gerar ideias é atrair racterísticas, interajam uns com os outros, aceitem direitos e obri-
para a empresa pessoas criativas; e a melhor maneira de atrair e gações como sócios do grupo e compartilhem uma identidade co-
manter pessoas criativas é proporcionando-lhes um ambiente ade- mum — para haver um grupo social, é preciso que os indivíduos se
quado para trabalhar. percebam de alguma forma afiliados ao grupo.
Esse ambiente adequado pressupõe liberdade e competência Segundo COSTA (2002), o grupo surgiu pela necessidade de
para comunicar. Hoje, uma das principais exigências para o exercício o homem viver em contato com os outros homens. Nesta relação
da função gerencial é certamente a habilidade comunicacional. As homem-homem, vários fenômenos estão presentes; comunicação,
outras habilidades seriam a predisposição para a mudança e para a percepção, afeição liderança, integração, normas e outros. À medi-
inovação; a busca do equilíbrio entre a flexibilidade e a ética, a de-
da que nós nos observamos na relação eu-outro surge uma ampli-
sordem e a incerteza; a capacidade permanente de aprendizagem;
tude de caminhos para nosso conhecimento e orientação.
saber fazer e saber ser.
Cada um passa a ser um espelho que reflete atitudes e dá re-
Essa habilidade comunicacional, porém, na maioria das empre-
torno ao outro, através do feedback.
sas, ainda não faz parte da job-description de um executivo. É ainda
Para encontrarmos maior crescimento, a disponibilidade em
uma reserva do profissional de comunicação, embora devesse ser
aprender se faz necessária. Só aprendemos aquilo que queremos
encarada como responsabilidade de todos, em todos os níveis.
e quando queremos.
O desenvolvimento dessa habilidade pressupõe, antes de tudo,
Nas relações humanas, nada é mais importante do que nossa
saber ouvir e lidar com a diferença. É preciso lembrar: sempre ape-
nas metade da mensagem pertence a quem a emite, a outra me- motivação em estar com outro, participar na coordenação de cami-
tade é de quem a escuta e a processa. Lasswell já dizia que quem nhos ou metas a alcançar.
decodifica a mensagem é aquele que a recebe, por isso a necessi- Um fato merecedor de nossa atenção é que o homem necessi-
dade de se ajustarem os signos e códigos ao repertório de quem vai ta viver com outros homens, pela sua própria natureza social, mas
processá-los. ainda não se harmonizou nessa relação.
Pode-se afirmar, ainda, que as bases para a construção de um Lewin (1965) considerou o grupo como o terreno sobre o qual
ambiente propício à criatividade, à inovação e à aprendizagem es- o indivíduo se sustenta e se satisfaz. Um instrumento para satis-
tão na autoestima, na empatia e na afetividade. Sem esses elemen- fação das necessidades físicas, econômicas, políticas, sociais, etc.·.
tos, não se estabelece a comunicação nem o entendimento. Embo-
ra durante o texto tenhamos exposto inúmeros obstáculos para o As empresas não funcionam na base da pura improvisação. A
advento dessa nova realidade e que poderiam nos levar a acreditar, estratégia empresarial é basicamente uma atividade racional que
tal qual Luhman (1992), na improbabilidade da comunicação, acre- envolve a identificação das oportunidades e das ameaças do am-
ditamos que essa é uma utopia pela qual vale a pena lutar. biente onde opera a empresa, bem como a avaliação das forças e
Mas é preciso ter cuidado. Esse ambiente de mudanças, que fraquezas da empresa, sua capacidade atual ou potencial em se an-
traz consigo uma radical mudança no processo de troca de infor- tecipar às necessidades e demandas do mercado ou em competir
mações nas organizações e afeta, também, todo um sistema de sob condições de risco com os concorrentes. Assim, a estratégia
comunicação baseado no paradigma da transmissão controlada de deve ser capaz de combinar as oportunidades ambientais com a ca-
informações, favorece o surgimento e a atuação do que chamo de pacidade empresarial em um nível de equilíbrio ótimo entre o que
novos Messias da comunicação, que prometem internalizarem nas a empresa quer e o que ela realmente pode fazer.
pessoas os novos objetivos e conceitos, estimularem a motivação e A estratégia constitui uma abordagem integrada, relacionando
o comprometimento à nova ordem de coisas, organizarem rituais as vantagens da empresa com os desafios do ambiente, no sentido
de passagem em que se dá outro sentido aos valores abandonados de assegurar o alcance dos objetivos básicos da empresa. Todavia,
e introduz-se o novo. a estratégia se preocupa com o “o que fazer” e não com “como fa-
zer”. Em outros termos, a estratégia exige toda uma implementa-
ção dos meios necessários para a sua execução. Como esses meios
envolvem a empresa como um todo, trata-se aqui de atribuir in-

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cumbências a todos os níveis (ou subsistemas) da empresa: o nível - É a busca da racionalidade nas tomada de decisões;
institucional, o nível intermediário e o nível operacional. E a im- - É um curso de ação escolhido entre várias alternativas de ca-
plementação exige planejamento. Isto é, a estratégia empresarial minhos potenciais;
precisa de um plano básico - o planejamento estratégico- para a - É interativo, pois pressupõem avanços e recuos, alterações e
empresa poder lidar com todas estas forças em conjunto. E o pla- modificações em função de eventos novos ocorridos no ambiente
nejamento estratégico precisa apoiar-se em uma multiplicidade de externo e interno da empresa.
planos situados carreira abaixo dentro da estrutura da organização. - O planejamento é um processo essencialmente participativo,
Para levar adiante o planejamento estratégico requer planos táticos e todos os funcionários que são objetos do processo devem parti-
e cada um deles requer planos operacionais, combinando esforços cipar.
para obter efeitos sinergísticos. - Para realizar o planejamento, a empresa deve saber onde está
Administração é o ato de administrar ou gerenciar negó- agora (presente) e onde pretende chegar (futuro).
cios,pessoas ou recursos, com o objetivo de alcançar metas defi- - Para isso, deve dividir o planejamento em sete fases sequen-
nidas. ciais, como veremos abaixo.
A gestão de uma empresa ou organização se faz de forma que
as atividades sejam administradas com planejamento, organização, Etapas do planejamento
direção, e controle. Segundo alguns autores (Montana e Charnov)
o ato de administrar é trabalhar com e por intermédio de outras
pessoas na busca de realizar objetivos da organização bem como
de seus membros.
A administração tem uma série de características entre elas:
um circuito de atividades interligadas tais como busca de obtenção
de resultados, proporcionar a utilização dos recursos físicos e mate-
riais disponíveis, envolver atividades de planejamento, organização,
direção e controle.
Administrar, independente do nível organizacional, requer al-
gumas habilidades, que podem ser classificadas em três grupos:
- Habilidades Técnicas – requer conhecimento especializado e
procedimentos específicos e pode ser obtida através de instrução.
- Habilidades Humanas – capacidade de relacionamento inter-
pessoal, envolvem também aptidão, pois interage com as pessoas e
suas atitudes, exige compreensão para liderar eficazmente.
- Habilidades Conceituais – trata-se de uma visão panorâmica
das organizações, o gestor precisa conhecer cada setor, como ele
trabalha e para que ele existe.

O conceito de administração representa uma governabilidade, 1.Definir: visão e missão do negócio


gestão de uma empresa ou organização de forma que as ativida-
des sejam administradas com planejamento, organização, direção, Visão
e controle. É a direção em que a empresa pretende seguir, ou ainda, um
quadro do que a empresa deseja ser. Deve refletir as aspirações da
PLANEJAR empresa e suas crenças.
É a função administrativa em que se estima os meios que pos- Fórmula base para definição da visão:
sibilitarão realizar os objetivos (prever), a fim de poder tomar de- Verbo em perspectiva futura + objetivos desafiadores + até
cisões acertadas, com antecipação, de modo que sejam evitados quando.
entraves ou interrupções nos processos organizacionais.
É também uma forma de se evitar a improvisação.
Missão
A declaração de missão da empresa deve refletir a razão de ser
Nesta função, o gerente especifica e seleciona os objetivos a
da empresa, qual o seu propósito e o que a empresa faz.
serem alcançados e como fazer para alcançá-los.
Fórmula base para definição da Missão:
Exemplos: o chefe de seção dimensiona os recursos necessá-
rios (materiais, humanos, etc.), em face dos objetivos e metas a se- Fazer o quê + Para quem (qual o público?) + De que forma.
rem atingidos; a montagem de um plano de ação para recuperação
de uma área avariada. 2. Analisar o ambiente externo
Uma vez declarada a visão e missão da empresa, seus dirigen-
Planejamento: funciona como a primeira função administrado- tes devem conhecer as partes do ambiente que precisam monito-
ra, pois serve de base para as demais. rar para atingir suas metas. É preciso analisar as forças macroam-
- É uma reflexão que antecede a ação; bientais (demográficas, econômicas, tecnológicas, políticas, legais,
- É um processo permanente e contínuo; sociais e culturais) e os atores microambientais (consumidores,
- É sempre voltado para o futuro; concorrentes, canais de distribuição, fornecedores) que afetam sua
- É uma relação entre as coisas a serem feitas e o tempo dispo- habilidade de obter lucro.
nível para tanto;
-- É mais uma questão de comportamento e atitude da admi- Oportunidades
nistração do que propriamente um elenco de planos e programas Um importante propósito da análise ambiental é identificar no-
de ação; vas oportunidades de marketing e mercado.

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Ameaças II - Princípio da flexibilidade do planejamento (poderá e deverá


Ameaça ambiental é um desafio decorrente de uma tendência ser alterado sempre que necessário e possível).
desfavorável que levaria a deterioração das vendas ou lucro. Com esta primeira função montaremos o plano teórico, com-
pletando assim o ciclo de planejamento: Estabelecer objetivos, to-
3. Analisar o ambiente interno mar decisões e elaborar planos.
Você saberia dizer quais são as qualidades e o que pode ou
deve ser melhorado na sua empresa? Esses são os pontos fortes/ ORGANIZAR
forças e fracos/fraquezas do seu negócio. É a função administrativa que visa dispor adequadamente os
diferentes elementos (materiais, humanos, processos, etc.) que
4. Analisar a situação atual compõem (ou vierem a compor) a organização, como objetivo de
Depois de identificados os pontos fortes e pontos fracos e ana- aumentar a sua eficiência, eficácia e efetividade.
lisadas as oportunidades e ameaças, pode-se obter a matriz FOFA
(força ou fortalezas, oportunidades, fraquezas e ameaças) ou SWOT DIREÇÃO
(strengths, weaknesses, opportunities e threats). Inclua os pontos Podemos dividir essa função em duas subfunções:
fortes e fracos de sua empresa, juntamente com as oportunidades
e ameaças do setor, em cada uma das quatro caixas: COMANDAR
É a função administrativa que consiste basicamente em:
Decidir a respeito de “que” (como, onde, quando, com que,
com quem) fazer, tendo em vista determinados objetivos a serem
conseguidos.
Determinar as pessoas, as tarefas que tem que executar.
É fundamental para quem comanda desfrutar de certo poder:
•Poder de decisão.
•Poder de determinação de tarefas a outras pessoas.
•Poder de delegar – a possibilidade de conferir á outro parte
do próprio poder.
•Poder de propor sanções àqueles que cumpriram ou não ás
determinações feitas.

COORDENAR
É a função administrativa que visa ligar, unir, harmonizar todos
os atos e todos os esforços coletivos através da qual se estabelece
A análise FOFA fornece uma orientação estratégica útil. um conjunto de medidas, que tem por objetivo harmonizar recur-
sos e processos. Dois tipos de Coordenação:
5. Definir objetivos e Metas •Vertical/Hierárquico: É aquela que se faz com as pessoas sem-
São elementos que identificam de forma clara e precisa o que pre dentro de uma rigorosa observância das linhas de comando (ou
a empresa deseja e pretende alcançar. A partir dos objetivos e de escalões hierárquicos estabelecidos).
todos os dados levantados acima, são definidas as metas. •Horizontal: É aquela que se estabelece entre as outras pes-
As Metas existem para monitorar o progresso da empresa. Para soas sem observância dos níveis hierárquicos dessas mesmas pes-
cada meta existe normalmente um plano operacional, que é o con- soas. Essa coordenação possibilita a comunicação entre as pessoas
junto de ações necessárias para atingi-la; Toda meta, ao ser defini- de vários departamentos e de diferentes níveis hierárquicos. Risco
da, deve conter a unidade de medida e onde se pretende chegar. Básico: Desmoralização ou destruição das linhas de comando ou
hierarquia.
6. Formular e Implementar a estratégia
Até aqui, você definiu a missão e visão do seu negócio e definiu CONTROLAR
metas e objetivos visando atender sua missão em direção à visão Esta função se aplica tanto a coisas quanto a pessoas.
declarada. Agora, é necessário definir-se um plano para se atingir as Para que a função de controle possa efetivamente se processar
metas estabelecidas, ou seja, a empresa precisa de uma formulação e aumentar a eficiência do trabalho, é fundamental que o estabele-
de estratégias para serem implantadas. cido ou determinado esteja perfeito, claramente explicado.
Após o desenvolvimento das principais estratégias da empresa, “O que perturba o bom entendimento não são regras do jogo
deve-se adotar programas de apoio detalhados com responsáveis, muito exigentes, mas sim regras esclarecidas após o jogo iniciado.”
áreas envolvidas, recursos e prazos definidos. É a função administrativa através da qual se verifica se o que foi
estabelecido ou determinado foi cumprido (sem entrar especifica-
7. Gerar Feedback e Controlar mente nos méritos e se deu ou não bons resultados).
À medida que implementa sua estratégia, a empresa precisa Um sistema de controle deve ter:
rastrear os resultados e monitorar os novos desenvolvimentos nos •um objetivo, um padrão, uma linha de atuação, uma norma,
ambientes interno e externo. Alguns ambientes mantêm-se está- uma regra “decisorial”, um critério, uma unidade de medida;
veis de um ano para outro. O ideal é estar sempre atento à realiza- •um meio de medir a atividade desenvolvida;
ção das metas e estratégias, para que sua empresa possa melhorar •um procedimento para comparar tal atividade com o critério
a cada dia. fixado;
•algum mecanismo que corrija a atividade como critério fixa-
Princípios aplicados ao planejamento do. O processo de controle é realizado em quatro fases a saber:
I - Princípio da definição dos objetivos (devem ser traçados com - Estabelecimento de padrões ou critérios;
clareza, precisão) - Observação do desempenho;

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- Comparação do desempenho com o padrão estabelecido; As empresas integrantes da GE poderiam operar de forma com-
- Ação para corrigir o desvio entre o desempenho atual e o de- pletamente independente. Mas cada uma deve ajudar as outras.
sempenho esperado. Transferem entre si recursos técnicos, pessoas, informação, ideias e
COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL dinheiro. A GE atinge esse alto nível de comunicação e cooperação
Ser um comunicador habilidoso é essencial para ser um bom através de um fácil acesso entre as divisões e ao CEO; uma cultura
administrador e líder de equipe. Mas a comunicação também deve de abertura, honestidade, confiança e obrigação mútua; e reuniões
ser administrada em toda a organização. A cada minuto de cada dia, trimestrais em que todos os altos executivos se reúnem informal-
incontáveis bits de informação são transmitidos em uma organiza- mente para partilhar informações e ideias. Os mesmos tipos de coi-
ção. Serão discutidas as comunicações de cima para baixo, de baixo sas são feitas também nos níveis inferiores.
para cima, horizontal e informal nas organizações. Comunicação Formal e Informal
As comunicações organizacionais diferem em sua formalidade.
Comunicação de Cima Para Baixo As comunicações formais são oficiais, episódios de transmissão de
A comunicação de cima para baixo refere-se ao fluxo de infor- informação sancionados pela organização. Podem mover-se de bai-
mação que parte dos níveis mais altos da hierarquia da organização, xo para cima, de cima para baixo ou horizontalmente, muitas vezes
chegando aos mais baixos. Entre os exemplos estão um gerente pas- envolvendo papel.
sando umas atribuições a sua secretária, um supervisor fazendo um A comunicação informal é menos oficial.
anúncio a seus subordinados e o presidente de uma empresa dando A função de controle está relacionada com as demais funções
uma palestra para sua equipe de administração. Os funcionários de- do processo administrativo: o planejamento, a organização e a di-
vem receber a informação de que precisam para desempenhar suas reção repercutem nas atividades de controle da ação empresarial.
funções e se tornar (e permanecer) membros leais da organização. Muitas vezes se torna necessário modificar o planejamento, a orga-
Muitas vezes, os funcionários ficam sem a informação adequa- nização ou a direção, para que os sistemas de controle possam ser
da. Um problema é a sobrecarga de informação: os funcionários são mais eficazes.
bombardeados com tanta informação que não conseguem absor- A avaliação intimida. É comum os gerentes estarem ocupados
ver tudo. Grande parte da informação não é muito importante, mas demais para se manterem a par daquilo que as pessoas estão fa-
seu volume faz com que muitos pontos relevantes se percam. zendo e com qual grau de eficiência. É quando gerentes não sabem
Quanto menor o número de níveis de autoridade através dos o que seu pessoal está fazendo, não podem avaliar corretamente.
quais as comunicações devem passar, tanto menor será a perda ou Como resultado, sentem-se incapazes de substanciar suas impres-
distorção da informação. sões e comentários sobre desempenho - por isso evitam a tarefa.
Mas quando a seleção e o direcionamento são feitos correta-
Administração da comunicação de cima para baixo mente, a avaliação se torna um processo lógico de fácil implemen-
Os administradores podem fazer muitas coisas para melhorar a tação. Se você sabe o que seu pessoal deveria fazer e atribui tare-
comunicação de cima para baixo. Em primeiro lugar, a administra- fas, responsabilidades e objetivos com prazos a cada funcionário
ção deve desenvolver procedimentos e políticas de comunicação. especificamente, então você terá critérios com os quais medir o de-
Em segundo lugar, a informação deve estar disponível àqueles que sempenho daquele indivíduo. Nessa situação, a avaliação se torna
dela necessitam. Em terceiro lugar, a informação deve ser comu- uma simples questão de determinar se, e com que eficiência, uma
nicada de forma adequada e eficiente. As linhas de comunicação pessoa atingiu ou não aquelas metas.
devem ser tão diretas, breves e pessoais quanto possível. A infor- Os gerentes costumam suor que se selecionarem boas pessoas
mação deve ser clara, consistente e pontual - nem muito precoce e as direcionarem naquilo que é esperado, as coisas serão bem fei-
nem (o que é um problema mais comum) muito atrasada. tas. Eles têm razão. As coisas serão feitas, mas se serão bem feitas e
quanto tempo levará para fazê-las são fatores incertos. A avaliação
Comunicação de Baixo Para Cima permite que se determine até que ponto uma coisa foi bem feita e
A comunicação de baixo para cima vai dos níveis mais baixos da se foi realizada no tempo certo. De certa forma, a avaliação é como
hierarquia para os mais altos. um guarda de trânsito. Você pode colocar todas as placas indica-
Os administradores devem facilitar a comunicação de baixo doras de limite de velocidade do mundo: não serão respeitadas a
para cima. não ser que as pessoas saibam que as infrações serão descobertas
Mas os administradores devem também motivar as pessoas a e multadas.
fornecer informações valiosas. Isso parece lógico, mas é surpreendente quantos gerentes
adiam continuamente a avaliação enquanto se concentram em
Comunicação Horizontal atribuições urgentes mas, em última análise, menos importantes.
Muita informação precisa ser partilhada entre pessoas do mes- Quando a avaliação é adiada, os prazos também são prorrogados,
mo nível hierárquico. Essa comunicação horizontal pode ocorrer porque funcionários começam a sentir que pontualidade e qualida-
entre pessoas da mesma equipe de trabalho. Outro tipo de comuni- de não são importantes. Quando o desempenho cai, mais respon-
cação importante deve ocorrer entre pessoas de departamentos di- sabilidades são deslocadas para o gerente - que, assim, tem ainda
ferentes. Por exemplo, um agente de compras discute um problema menos tempo para direcionar e avaliar funcionários.
com um engenheiro de produção, ou uma força-tarefa de chefes de O termo “estratégia”, nas últimas décadas, ganhou destaque
departamento se reúne para discutir uma preocupação particular. e ocupa um lugar privilegiado na linguagem coloquial, como refle-
Especialmente em ambientes complexos, nos quais as decisões xo do status conquistado nos estudos relativos à sobrevivência das
de uma unidade afetam a outra, a informação deve ser partilhada organizações em mercados cada vez mais competitivos. A origem
horizontalmente. do vocábulo “estratégia” está na Grécia Antiga, significando a “arte
do general”, o “chefe do exército”, numa conotação voltada para a
guerra, significando um caminho a ser percorrido. (STEINER e MI-
NER, 1981).

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No entanto, os diferentes conceitos de estratégia, uns mais restritos e outros mais abrangentes, não impedem que haja integração e
sobreposição de teorias e enfoques no pensamento de um grupo de teóricos e em um determinado campo orientador (vide Quadro 1).
Reconhecidamente, estratégia trata-se de um conceito de grande emprego acadêmico e empresarial, sendo sua concepção, ao longo do
tempo, construída com vistas ao melhor desempenho da organização.
Segundo a literatura consultada, a análise do conceito de estratégia, obrigatoriamente, inicia-se pelos estudos de Chandler (1962), nos
quais se observa que o campo orientador da definição está apontado para a racionalidade econômica. A proposta conceitual apresentada
pelo autor é da estratégia vista a partir da definição dos objetivos organizacionais e da adoção de ações, tendo como ponto principal a
alocação dos recursos da organização, que muitas vezes, são limitados. A empresa deveria prestar maior atenção no uso dos recursos de
uma maneira mais racional e eficiente. Entre outras coisas, o que chamou a atenção do autor foi a formação de uma estrutura administra-
tiva para mobilizar, sistematicamente, o uso dos recursos, dentro de cada atividade funcional, coordenação com a demanda de mercado,
o fluxo e a determinação do nível de atividade dos departamentos funcionais.

Modelo SWOT
SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats) é uma técnica que auxilia a elaboração do planejamento estratégico das
Organizações que começou a ser desenvolvido nos anos 60-70, nas escolas americanas. O objetivo é focalizar a combinação das forças e
fraquezas da organização com as oportunidades e ameaças do mercado.
Os pontos fracos e fortes de uma empresa são constituídos dos seus recursos, que incluem os recursos humanos (experiências, capa-
cidades, conhecimentos, habilidades); os recursos organizacionais (sistemas e processos da empresa como estratégias, estrutura, cultura,
etc.); e os recursos físicos (instalações, equipamentos, tecnologia, canais, etc.).
Já as oportunidades são situações externas e não controláveis pela empresa, atuais ou futuras que, se adequadamente aproveitadas
pela empresa, podem influência-lá positivamente. Quanto as ameaças são situações externas e não controláveis pela empresa, atuais ou
futuras que, se não eliminadas, minimizadas ou evitadas pela empresa, podem afetá-la negativamente Montana e Charnov (2005), expli-
cam que essa abordagem utiliza a opinião dos executivos da organização para avaliar os pontos importantes do planejamento.
Para tanto, são realizadas entrevistas com os executivos e as informações obtidas são agrupadas em uma matriz. Assim, considerarão
que esses executivos têm um entendimento abrangente da organização no que se refere aos seus pontos fortes, fraquezas, oportunidades
e ameaças.
O objetivo da SWOT é levantar estratégias para, no contexto do planejamento estratégico, manter pontos fortes, reduzir a intensidade
de pontos fracos, aproveitando-se de oportunidades e protegendo-se de ameaças. A análise também é útil para revelar pontos fortes que
ainda não foram plenamente utilizados e identificar pontos fracos que podem ser corrigidos.
Diante da predominância de pontos fortes ou fracos, e de oportunidades ou ameaças, podem-se adotar estratégias que busquem a
sobrevivência, a manutenção, crescimento ou desenvolviment

As definições de pontos fortes e fracos da organização são uns dos principais desafios dessa técnica. Para solucionar esse problema
busca-se identificar quais aspectos da organização são duradouros e imutáveis durante períodos relativamente longos e quais aspectos são
necessariamente mais responsivos às mudanças no mercado e às pressões de forças ambientais.
A função principal da análise SWOT é levar ao estabelecimento de objetivos para a organização. Analisando-se as variáveis incontro-
láveis do ambiente externo, tais como de aspectos sócio-econômicos, políticos, de legislação entre outros, pode-se esperar um cenário
otimista ou pessimista. Tal cenário é então confrontado com a capacidade da empresa e assim avalia-se os meios para competir em merca-
dos concorridos. Desse modo, são estabelecidos os objetivos que irão definir o que deverá ser feito para os próximos anos. É, pois, nesse
sentido, que se afirma que a estratégia e a Inteligência Competitiva devem andar juntas (Stollenwerk, 2005).
Passos para utilização da técnica do SWOT, com base em Montana e Charnov (2005) e Oliveira (2004):
- Criar uma lista de executivos e funcionários-chave – A abordagem do SWOT utiliza a opinião dos executivos e funcionários para in-
ventariar questões importantes para a organização. Baseia-se na suposição de que as metas e objetivos de uma empresa são encontrados
na mente de seus executivos. Por isso também é considerada uma técnica de brainstorming.
- Desenvolver entrevistas individuais – As entrevistas são o formato viável para proceder ao levantamento das informações junto aos
executivos-chave. Nessa ocasião, costuma-se usar uma sequência de itens para serem avaliados sob o ponto de vista da empresa como
oportunidades, ameaças, pontos fortes e pontos fracos. Esse procedimento facilita a posterior classificação das respostas.
- Organizar as informações – A premissa básica para a organização das informações é a própria estrutura SWOT, por meio de uma
matriz. O que os entrevistados veem como bom em suas operações atuais são os pontos fortes da empresa; o que eles veem como ruim
são os pontos fracos. O que eles veem como bom no ambiente externo em termos de futuras operações são as oportunidades; o que eles
veem como ruim são as ameaças.

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- Priorização das questões – A decisão de quais questões de- a) Poder de barganha dos fornecedores:
vem ter prioridade requer novamente o envolvimento dos entre- O poder de negociação dos fornecedores se manifesta na ca-
vistados. Desse modo, realiza-se o feedback entre entrevistado e pacidade dos mesmos de elevar os preços ou reduzir a qualidade
entrevistador e se obtêm o envolvimento de todo o grupo. Algumas dos bens e serviços fornecidos. É maior quando é mais concentrado
técnicas como GUT (Gravidade, Urgência e Tendência) podem aju- do que a indústria da qual participa, quando tem clientes diversi-
dar nesta fase, inclusive para definir a postura estratégica da em- ficados, quando o produto fornecido é importante para o negócio
presa: sobrevivência, desenvolvimento, manutenção, crescimento. do cliente e quando os concorrentes dos fornecedoresapresentam
- Definição das questões-chave – De posse da matriz e das produtos diferenciados com custo de mudança alto. Em outras pa-
questões priorizadas é possível se estabelecer o que deve ser feito. lavras, o poder dos fornecedores será grande quando os comprado-
Nessa fase emerge a estratégia da organização, portanto tem-se a res tiverem dificuldade em trocar ou utilizar mais de um fornecedor.
condição de definir os objetivos da empresa para um determinado
período. Do ponto de vista da IC, podem ser identificas as questões b) Poder de barganha dos compradores:
chaves (KIT - Key Intelligence Topics ou KIQ- Key Intelligence Ques- O poder de barganha dos compradores é tanto maior quanto a
tions). importância de suas compras para a indústria. Quando forte, afeta
a indústria forçando os preços para baixo, exigindo melhorias na
O SWOT é uma ferramenta utilizada para fazer análise do am- qualidade, nos serviços de manutenção, na compatibilidade dos
biente ou de cenários, porém a sua utilização é bastante diversi- produtos e nas garantias, gerando, consequentemente, aumento
ficada. Devido a sua simplicidade há registros de aplicação dessa acirrado da competição entre os concorrentes. O poder de barga-
técnica desde para processos de planejamento, até para estudos nha dos compradores é alto quando os mesmos se encontram con-
específicos na escolha de uma carreira profissional, por exemplo. É centrados, quando compram grandes volumes, quando o preço dos
em última instância, uma ferramenta de apoio à tomada de decisão produtos representa um custo alto para os compradores, quando os
e, nesse sentido, tem sido bastante difundida no ambiente da inte- custos de mudança são baixos, se representam ameaça de integra-
ligência competitiva. ção para trás, quando o produto comprado não é muito importante
para os negócios do comprador ou quando o comprador tem total
As cinco forças de porter acesso à informação.
O modelo das cinco forças competitivas de Porter (1997) per-
mite a identificação e atribuição causal das principais forças que c) Pressão dos produtos substitutos:
atuam no ambiente competitivo de cada empresa ou organização. Toda indústria concorre com produtos substitutos, produtos
Após desenvolvida essa análise, cada empresa pode identificar suas que podem desempenhar a mesma função dos produtos de deter-
forças e fraquezas frente a indústria e se posicionar estrategicamen- minada indústria. Quanto melhor a relação desempenho/preço dos
te (tomar decisões) de forma a se defender das forças identificadas. produtos substitutos, maior a pressão sobre o lucro da indústria.
Cinco forças são determinantes para se medir a competitivida- Maior atenção deve ser dada a produtos substitutos que estejam
de: poder de barganha dos fornecedores, ameaça de novos entran- sujeitos a tendências de melhoramento do seu trade-off de preço/
tes, poder de barganha dos clientes, ameaça de produtos substitu- desempenho com o produto da indústria em questão, ou que são
tos e rivalidade entre competidores. produzidos por indústrias com lucros altos, pois podem implemen-
tar aperfeiçoamentos de desempenho e redução de preço.

d) Ameaça de novos entrantes:


Novos entrantes representam uma ameaça porque geralmen-
te chegam bem capitalizados e com forte intenção de conquistar
alguma parcela do mercado. Consequentemente, com um novo en-
trante, os preços podem cair e os custos serem inflacionados, dimi-
nuindo a rentabilidade do negócio. Os três aspectos principais que
protegem as empresas de uma determinada indústria contra novos
entrantes são:
1) as barreiras de entrada;
2) a expectativa de retaliação por parte dos concorrentes já
atuantes no mercado e
3) o preço de entrada dissuasivo.

O primeiro, quando forte, envolve a necessidade de altos inves-


timentos em infraestrutura, equipamentos, estoques, marketing,
entre outros, pela nova empresa; e/ou alto custo de produção fora
da economia de escala; e/ou altos custos de mudança; e/ou a dife-
renciação do produto em função de uma curva de experiência sig-
nificativa, além da consolidação da imagem de uma nova marca; e/
ou impossibilidade de acesso a tecnologias patenteadas, matérias
primas, canais de distribuição já estabelecidos e benefícios gover-
namentais. A expectativa de retaliação, o segundo aspecto de pro-
teção, é diretamente proporcional aos recursos de contra-ataque
disponíveis nas empresas já participantes do mercado e à ameaça
que o novo entrante parece representar.

43
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

O terceiro fator de proteção contra a entrada de novas empresas consiste no conceito hipotético de preço de entrada dissuasivo, o
qual ocorre quando o preço estimado dos custos necessários para que um novo entrante supere as barreiras de entrada está acima dos
preços praticados na indústria, desestimulando a entrada de novas empresas.

e) Rivalidade entre os concorrentes:


A rivalidade entre concorrentes se dá pela disputa por posição. Esta disputa ocorre em função de pressões ou busca por melhores
posições no mercado. Os principais fatores envolvidos na alta rivalidade entre os concorrentes são:
1) Concorrentes numerosos ou bem equilibrados, o que permite igualdade de força e capacidade de retaliação;
2) Crescimento lento da indústria, o que transforma a concorrência em um jogo de parcela de mercado para as empresas que procu-
ram expansão;
3) Custos fixos ou de armazenamento altos, exigindo a operação em capacidade máxima, implicando em uma redução de preços
quando o mercado é competitivo;
4) Ausência de diferenciação ou custos de mudança, o que gera um aumento da concorrência na disputa por preço e serviços, já que
estes são os dois atributos mais relevantes para os compradores nesta situação;
5) Aumento de capacidade em grandes incrementos, a qual pode gerar, através da implementação da produção de escala, desequilí-
brio e excesso de capacidade na indústria;
6) Concorrentes divergentes inibem o conluio tácito e aumentam a concorrência, dificultando a definição de estratégias pelas empre-
sas da indústria em questão;
7) Grandes interesses estratégicos, os quais levam grandes empresas a sacrificar lucros em determinada indústria para alcançar de-
terminada posição no mercado global;
8) Barreiras de saída elevadas, as quais mantêm empresas competindo mesmo quando os retornos são baixos ou negativos. Entre as
mais representativas barreiras de saída estão: posse de ativos especializados, cujo valor de liquidação é baixo ou envolve altos custos de
transferência ou conversão; custos fixos de saída como acordos trabalhistas; inter-relações estratégicas; barreiras emocionais e restrições
governamentais ou sociais em função dos efeitos negativos regionais ou aumento de desemprego.

Análise Competitiva e estratégica - Planejamento Estratégico

Essa forma clássica de interpretar estratégia remete-nos aos trabalhos em torno da racionalidade econômica limitada à capacidade
da memória, desenvolvidos por March e Simon (1981), numa perspectiva ambiental de equilíbrio e adaptação (ROULEAU; SEGUIN, 1995),
o que nos faz pensar que a discussão sobre estratégia tenha se iniciado, implicitamente, antes de Chandler (1962) cunhar o termo numa
perspectiva sistêmica, onde estão os principais escritos estratégicos.
Em 1965, Ansoff desenvolve uma outra perspectiva, na qual a estratégia é vista como ações e decisões voltadas ao comportamento
organizacional. Ao comparar os estudos de Ansoff (1965) aos de Chandler (1962), constata-se uma mudança no campo de análise sob o
mesmo foco orientador. Pode-se considerar que ocorreu uma evolução nesse período de estudos, ao focalizar estratégia no campo orga-
nizacional sob a ótica econômica, determinando e relevando a não preocupação exclusivamente com o campo econômico, mas à gestão
enquanto processo em busca dos melhores resultados. Os autores utilizam uma ênfase conceitual diferente para estratégia, apesar de se
reconhecer certo grau de complementaridade ao longo do tempo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

Schendel e Hofer (1978) seguem a proposta de Ansoff (1965), que posições e menos que perspectivas. Nesse sentido, Mintzberg
inovando a compreensão de estratégia ao deslocarem o termo “re- (1987a) reconhece a complementaridade dos diferentes conceitos
gras para a ação” para “meios para cometer a ação”, em busca dos e observa que estratégia, como modelo, introduz um outro impor-
resultados da organização. Aqui, a discussão está centrada na vi- tante fenômeno nas organizações, que é o de “convergência” e de
são interna (conteúdo e tarefas) para a interação da organização “realização de consistência no comportamento”. Cada definição
com o ambiente externo (processo). De acordo com os autores, a adiciona elementos à compreensão de estratégia, encoraja-nos a
estratégia descreve as características fundamentais do ajuste que orientar questões fundamentais sobre organizações no geral.
uma organização realiza entre suas competências, recursos, opor- Em síntese, os estudos em torno do conceito de estratégia
tunidades e ameaças do ambiente externo, de forma a atingir seus deixam transparecer que um elemento básico na definição de es-
objetivos. tratégia é a distinção que se faz entre estratégias desejadas pela
Em relação ao contexto sistêmico que envolve a organização, organização e aquelas, realmente, levadas à execução. Enquanto
Schendel e Hofer (1978) reconhecem a interferência do ambiente os planos dizem respeito às estratégias desejadas, os padrões são
na eficácia da estratégia delineada. Porém, Ansoff (1965) traz a estratégias efetivamente realizadas. Uma outra distinção refere-se
ideia de ecossistema, indicando possibilidades de o ambiente ofe- às estratégias deliberadas e estratégias emergentes ou flexíveis.
recer elementos para o equilíbrio dos agentes. (MINTZBERG, 1987a, 1987b). As primeiras ocorrem por mudanças
Schendel e Hofer (1978), no entanto, ao se referirem ao am- planejadas. As últimas são resultantes de mudanças não planejadas
biente, observam que esse condiciona a participação ou não de al-
e sua ocorrência se dádesestruturadamente, fazendo a organização
guns agentes, por meio de elementos de restrição, que precisam
aprender a partir dos erros cometidos.
ser “controlados”.
Miles e Snow (1978), por sua vez, focalizam o processo de
Escolas do pensamento de estratégia e os modelos de análise
adaptação organizacional através da interrelação de estratégia, es-
trutura e processos, que dão origem a um modelo de análise da O resultado da presente revisão histórica do conceito de es-
estratégia formado por dois elementos básicos. Um é a abordagem tratégia oferece elementos teóricos para discutir o pensamento
geral do processo de adaptação, especificando as principais linhas estratégico numa perspectiva evolucionista. As sobreposições de
de decisão que a empresa deve tomar para se manter alinhada e autores e de pensamentos, identificadas nos trabalhos publicados
ajustada ao seu ambiente. nos últimos quarenta anos, fez com que o campo da estratégia evo-
O outro elemento é uma tipologia organizacional, retratando luísse cientificamente e oferecesse diferentes modelos de análise.
os diferentes padrões de comportamento adaptativo utilizados pe- Ao mesmo tempo, se observa que pesquisas empíricas, no Brasil,
las empresas. continuam sendo desenvolvidas segundo as orientações clássicas.
A tipologia proposta por Miles e Snow (1978) classifica as uni- Talvez, esse fenômeno possa ser explicado pelo conjunto de
dades de negócio em quatro categorias (prospectoras, defensoras, conceitos, teorias e modelos que se encontravam dispersos em li-
analisadoras e reativas), com vistas a trazer o conceito de estratégia vros e periódicos científicos, até 1998, quando foram reunidos por
atrelado aos mecanismos reativos da organização. O objetivo final Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000). Por meio da seleção de ca-
era fazer com que a organização visualizasse as forças presentes no racterísticas e de orientações das proposições teóricas, foi possível
ambiente e se antecipasse ao “jogo do mercado”, que traz forças aos autores o agrupamento de estudos e modelos utilizados em ad-
que condicionam o ingresso dos competidores e, também, deter- ministração estratégica, que passaram a formar as “escolas do pen-
mina as condições de permanência daqueles que já estão inseridos samento” em estratégia. Com o intuito de compreender cada uma
no “jogo.” (MILES et al, 1978). das escolas e, ao mesmo tempo, oferecer elementos teóricos para o
No entanto, foi com os estudos de Porter, em 1980, que essa desenvolvimento de estudos empíricos, a seguir, elas são apresen-
discussão ganhou dimensão e importância na gestão das organi- tadas em três grandes blocos, seguindo os modelos orientadores:
zações. Porter (1985), após estudar a concorrência na indústria, prescritivo, descritivo e integrativo.
observou que o mercado apresentava barreiras, entrada de novos
competidores, bem como de mobilidade, que dificultavam a mo- Modelo Prescritivo
vimentação das empresas dentro de uma dada indústria. Mais do As primeiras propostas teóricas do pensamento de estratégia
que estabelecer estratégias para atingir objetivos, uma organização no campo organizacional nascem da necessidade de adequar or-
deveria preocupar-se em se posicionar, adequadamente, no mer-
ganização e ambiente (contexto), por meio de modelos gerenciais
cado. Assim, as estratégias conduzem as organizações a possíveis
que propunham “formar” estratégias. A ação deveria fluir da razão
equilíbrios no mercado.
e, por conseguinte, a formação da estratégia deveria estar centrada
Com os estudos de Porter (1985), o que se observa é a emer-
no executivo principal, supostamente, o mais preparado para de-
gência de um campo novo e complexo para o desenvolvimento de
estudos organizacionais. Os debates teóricos passam a centrar-se senvolver esse raciocínio dentro das organizações da época, anos
em proposições de grandes grupos de autores, com visões seme- sessenta.
lhantes, que são analisados a partir do seu conjunto na forma de As premissas orientadoras das escolas formadoras do modelo
escolas do pensamento de estratégia. prescritivo estavam em separar o estrategista (executivo principal,
Mintzberg (1987a; 2000), ao reconhecer a necessidade da na- aquele que forma a estratégia) dos implementadores (funcionários,
tureza humana em definir conceitos em função do uso aleatório aqueles que executam a ação), ou seja, a conformação do pensa-
de alguns termos no campo organizacional, especialmente o de mento mecanicista clássico de separar o pensamento da ação. Para
estratégia, apresenta cinco definições básicas. A base de suas dis- que a execução ocorra exatamente como o previsto, o modelo de
cussões está em duas características essenciais: planejamento das formação de estratégia deve ser mantido simples e informal, pres-
ações, desenvolvimento e implementação consciente. Seus estudos supondo ambiente estável, até o momento da sua implementação.
revelaram o ecletismo conceitual do termo estratégia, sob a con- As estratégias, por sua vez, deveriam ser explícitas para levar sim-
cepção dos cinco P’s. Ao observar que nem todos os planos tor- plicidade às organizações complexas. O estrategista monitora o pro-
nam-se modelos, que nem todos os modelos se desenvolvem com cesso de implementação, por meio de sistemas de planejamento,
base em planos, bem como que nem todas as estratégias são mais orçamento e controle.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

Apesar de as escolas do modelo prescritivo terem sido muito As cinco forças competitivas que determinam a estrutura de
difundidas e representarem a visão mais clássica e influente do pro- uma indústria, na visão de Porter (1980), são as ameaças de no-
cesso de formação da estratégia, foram criticadas por separarem vos entrantes ou de produtos substitutos, o poder de barganha dos
formulação de implementação da estratégia e, assim, estabelece- fornecedores e dos clientes e a intensidade da rivalidade entre em-
rem pouca interação com o ambiente externo e promoverem mais presas concorrentes. Todos os fatores anteriores, observa o autor,
“controle estratégico” do que “planejamento estratégico”. Daí, se convergem para a rivalidade entendida como sendo um cruzamen-
originou outra crítica: dos modelos prescritivos serem inflexíveis to entre guerra aberta e diplomacia pacífica entre os diferentes con-
durante o processo de implementação, pressuporem estabilidade correntes.
ambiental num mundo complexo, apresentarem um foco estreito Com base na orientação do “modelo de Porter”, a organiza-
da gestão empresarial orientado para o econômico em detrimento ção tem condições de se posicionar, estrategicamente, no merca-
do social e político ou econômico não quantificável.(MINTZBERG; do: liderança em custo, diferenciação ou foco (atender segmentos
AHLSTRAND; LAMPEL, 2000). de mercados estreitos). Mas, por outro lado, ao inclinar-se para as
Os modelos utilizados para “formar” a estratégia numa pers- condições externas (estrutura da indústria), elimina o equilíbrio de-
pectiva prescritiva podem ser considerados o SWOT, o Modelo Stei- sejado entre interno externo, enfatiza o “grande”, o “estabelecido”,
ner (ampliado pelo Sistema de Planos hierarquias de planejamento o “maduro” e, ainda, reduz a estratégia como posição genérica à
do Standford Research Institute), a Matriz BCG e o Modelo de Aná- fórmulas e cálculos que impedem o aprendizado, a criatividade e o
lise Competitiva (“modelo de Porter”). empenho pessoal e ignora os detalhes triviais do negócio (MINTZ-
O modelo SWOT tem origem nos estudos de Andrews apresen- BERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000).
tados na sessão anterior, ao qual foram incluídos elementos novos, Em 1995, impulsionados por evidências empíricas que explica-
como responsabilidade social (ética da sociedade na qual a orga- vam o sucesso de empresas como uma “consequência de elas esta-
nização opera) e valores gerenciais (crenças e preferências dos es- rem vendendo aquilo que seus clientes desejam [...] e que o con-
trategistas). A ênfase está na avaliação da organização em relação corrente não consegue oferecer” (PISCOPO; OLIVEIRA JR., 2004),
ao ambiente externo e interno onde o primeiro revela ameaças e
e, portanto, estando além das explicações porterianas, Treacy e
oportunidades e, o segundo, as forças e fraquezas da organização.
Wieserma (1995) oferecem abordagem alternativa, por meio das
(CALVALCANTI, 2003).
disciplinas de valor: excelência operacional, liderança em produtos
O Modelo Steiner de planejamento estratégico, por sua vez,
e intimidade com o cliente.
nada mais é do que a divisão em etapas claramente delineadas da
proposta apresentada no modelo SWOT. Como elemento inovador, Por sua vez, os recursos intangíveis incluem exemplos como a
foram incluídas listas de verificação e técnicas de monitoramento reputação da empresa, as habilidades administrativas relacionadas
do processo, orientadas pela análise financeira com ênfase para a com processos de decisão, habilidades tecnológicas não documen-
“criação de valor”. Na escola de posicionamento, criação de valor é tadas, habilidades de coordenação e gerenciamento, cultura orga-
um termo utilizado como sinônimo de métodos associados ao cál- nizacional, reputação da empresa e de seus produtos, conhecimen-
culo do “valor para o acionista”. to intrínseco de seus recursos humanos e relacionamentos com
Uma outra inovação apresentada a partir do Modelo de Steiner fornecedores e clientes, entre outros. (WILK, 2000).
à formação de estratégia foi a operacionalização da estratégia, por Para Miller e Shamsie (1996), diferentes tipos de recursos ex-
meio de planos minuciosamente articulados em níveis de hierar- plicam a performance da empresa em ambientes diferentes. Mas,
quia: estratégico, de desenvolvimento corporativo e de operações. sozinhos, provavelmente, os recursos não produzem uma vantagem
Assim, com a adequação aos elementos do modelo original, as competitiva sustentável em ambientes dinâmicos. Portanto, os re-
ações empreendidas pela organização deixavam claramente sepa- cursos podem ser adequadamente gerenciados para produzir valor.
radas as etapas planejamentode ações e controle de desempenho Integração e posicionamento efetivo de recursos aumentam a difi-
nos níveis corporativo, funcional e operacional. culdade de competidores imitarem ou desenvolverem substitutos
Outro modelo, Matriz BCG, oferece elementos para o estrate- efetivos para aquele conjunto específico de recursos.
gista definir objetivos, estratégia e orçamento de cada unidade de Confirmando as limitações do modelo prescritivo porteriano
negócios em relação ao portfólio de negócios da organização. A ma- à formulação de estratégias em economias interconectadas, Hax e
triz de crescimento participação de mercado, como é conhecida a Wilde (1999) apresentam o Modelo Delta, que enfatiza a amarração
matriz BCG, se transforma num “esboço de planejamento” (KOTLER, (bonding) entre os principais stakeholders externos (consumidores,
1993) para a tomada de decisão estratégica, a partir da avaliação fornecedores, concorrentes, substitutos e complementadores).
de cada negócio e na fixação do objetivo mais viável para a organi- Segundo esse modelo, o posicionamento competitivo pode ser re-
zação, tendo como referência a posição dinâmica e não a posição presentado pela figura de um triângulo, cujos vértices são: melhor
estática atual dos negócios. A base reporta ao pensamento estraté- produto, soluções totais para o cliente e lockin no sistema, ou seja,
gico desenvolvido por Sun Tzu (2004), que ensina estratégias e táti- dependendo da opção estratégica da empresa, a competição dar-
cas de ação amplamente utilizadas nas organizações empresariais.
-se-á na economia do sistema, na economia do cliente ou na eco-
Entretanto, gerenciar o posicionamento dos produtos da or-
nomia do produto.
ganização não é algo tão simples, pois envolve custos em relação
Em síntese, o modelo prescritivo do pensamento de estratégia
à escala da produção e a compreensão da estrutura do mercado,
clássico, por ter separado a formulação da implementação da estra-
que impõe condições de ingresso e permanência de um produto em
cada quadrante proposto pela Matriz BCG. tégia, foi interpretado como um risco para a organização. Há uma
linha muito estreita entre intuição inconsciente e análise formal do
Então, Porter, em 1980, explica essa relação da organização estrategista que o distancia do ambiente real, bem como transfor-
com o mercado (condições externas, estratégias internas), que con- ma o processo de formulação de estratégia numa sequência arbi-
duz os estrategistas a formularem as estratégias a serem seguidas trária de atividades de coleta e manuseio de informações externas,
pela organização, considerando um conjunto de condições por ele relegando a um segundo plano a estrutura interna da organização,
definido como sendo as “cinco forças competitivas” que influen- tratada mais como uma análise das capacidades.
ciam a concorrência em uma indústria.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Nesse sentido, o Modelo Delta ultrapassa a dimensão estática ção coletiva do conhecimento, atrelada à percepção dos estrate-
da estratégia separada da execução e, por meio da descrição dos gistas e ao processo mental de formulação da estratégia, no entan-
processos adaptativos efetividade operacional, customer targeting to, apresentaram um crescimento de 2%, em 1997, para 13%, em
(atraindo, satisfazendo e retendo o consumidor) e inovação (corren- 2000, nos artigos encaminhados ao Encontro Nacional dos Progra-
te contínua de lançamentos de novos produtos e serviços), oferece mas de PósGraduação em Administração. Essa tendência também é
a dinamicidade requerida pelo ambiente corrente de complexidade observada nos estudos internacionais.
e incertezas por expandir o espectro da posição estratégica. De acordo com Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000), diante
das incertezas do ambiente, a organização que necessita de nova
Modelo Descritivo estratégia pode não ter outra escolha, senão aprender coletiva-
Com base nas deficiências percebidas nas diferentes escolas do mente.
pensamento de estratégia sob orientação prescritiva, os teóricos Dentro do que parecem ser respostas passivas ou reativas a for-
avançam seus estudos, resgatando escritos clássicos dos anos 1940 ças externas, a organização, realmente, aprende e cria, o que per-
e 1950 para promover um novo modo de pensar a estratégia em- mite afirmar que a estratégia é um processo de aprendizagem tanto
presarial. O resultado é um conjunto de textos que procuram des- individual quanto coletivo e, portanto, a proposta apresentada por
crever como as estratégias são, de fato, formuladas pelas organiza- Mariotto (2003) parece em muito contribuir.
ções, valorizando procedimentos menos formatados racionalmente No entanto, a escola ambiental retoma a razão subjetiva que
(processos deliberados) e mais emergentes (padrão realizado não se faz presente no mercado, a de que o ambiente é um conjunto
pretendido). de forças e, portanto, é o agente central no processo de geração de
A premissa central do modelo descritivo é considerar a estraté- estratégia.
gia como elemento de natureza complexa e imprevisível do ambien- Caso a organização não consiga responder, com eficácia, às
te organizacional, tanto nos níveis micro quanto macro de análise, forças ambientais, será eliminada. Esse pensamento tem respaldo
que precisa fazer uso da subjetividade humana para a compreensão nas teorias organizacionais (ecologia populacional e teoria institu-
do contexto externo e das capacidades internas para a formulação cional), que explicam o comportamento organizacional, por meio
da estratégia. Os modelos de análise que emergem desse novo pen- de agrupamentos em nichos distintos com vistas a evitar a “morte”.
sar voltam-se das forças presentes no ambiente externo para a so- Mas, os teóricos organizacionais também observam que o “ambien-
brevivência organizacional. Na escola do poder, que te” seleciona, naturalmente, as espécies que irão ou não sobreviver
traz o conceito de estratégia como um processo de negociação, às forças naturais, como uma analogia ao ambiente, segundo as ci-
destaca-se o Modelo de Processo de Formulação de Estratégia dos ências naturais de Darwin.
Interessados, que é uma tentativa de lidar com as forças políticas A grande contribuição da escola ambiental, no entanto, foi res-
que se fazem presentes na organização através da abordagem ra- tabelecer o equilíbrio perdido entre a visão global da formação de
cional de onde nascem duas correntes distintas do pensamento em estratégia, posicionando o ambiente como uma das três forças cen-
estratégia.
trais no processo, ao lado de liderança e organização. Esse status
Uma corrente segue o modelo positivista, no qual o processa-
conquistado permite o avanço dos estudos sob uma outra perspec-
mento e a estruturação do conhecimento organizacional emerge
tiva, o da integração de todas essas correntes.
como “filme objetivo do mundo”. É um pensamento da escola cog-
nitiva, formada por uma coleção solta de pesquisas associadas a
Modelo Integrativo
outras escolas. Utilizam-se da psicologia cognitiva como base. Outra
As ideias de Darwin ganham mais força na escola da configura-
corrente segue o modelo subjetivista de interpretação do mundo. A
ção, que representa o modelo integrativo. Darwin defendia a idéia
formação de estratégia é um processo cognitivo, que tem lugar na
de que, na natureza, há agrupadores e separadores que, com o pas-
mente do estrategista, por meio de “molduras/mapas” do conheci-
sar do tempo, configuram processos transformacionais. Os agrupa-
mento. Assim, as estratégias emergem como perspectivas que dão
forma à maneira pela qual as pessoas lidam com as informações dores vêem o mundo em categorias claras e precisas. Assim, uma
do ambiente, apesar de reduzir o grau de controle organizacional. premissa do modelo integrativo é que as nuances de variabilidade
Torna-se importante mencionar a contribuição da escola em- são deixadas de lado, em favor do agrupamento global; os margi-
preendedora, através dos estudos de Schumpeter, em 1947, e o nais são ignorados em favor das tendências centrais.
modelo de mudança apresentado por Kurt Lewin, em 1951. Se as Conseqüentemente, a organização gera estratégias a partir
estratégias emergem como perspectivas, a organização precisa ter dela e do contexto que a cerca, os estados sucessivos dessa configu-
pessoas com espírito empreendedor e visão sistêmica para imple- ração geram períodos de transformação, que podem ser descritos e
mentar mudanças. A visão dessa escola abandona o “plano” pro- interpretados pelos ciclos de vida das organizações.
posto no modelo prescritivo e oferece flexibilidade para a constru- Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) explicam configuração e
ção de uma estratégia empreendedora deliberada e emergente, ao transformação no delineamento estratégico das organizações, ob-
mesmo tempo. O comportamento organizacional, por sua vez, se servando que a configuração tende a ser pesquisada e descrita por
caracteriza como reativo diante das incertezas ambientais. acadêmicos, enquanto que a transformação tende a ser praticada e
Na escola do aprendizado, o Modelo de Processo de Geração prescrita pelos gestores.
de Estratégia de Empreendimento Corporativo Interno (ICV) apre- Nesse sentido, Hafsi (1996) descreve a estratégia como gestão
sentado por Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000), considera a das relações da organização com o seu ambiente, numa interação
formulação de estratégia como uma atividade gerencial conduzida constante com seus principais parceiros, sem ignorar o contexto no
pelo empreendedor e que envolve múltiplas relações, tanto nos ní- qual está inserida e a realidade sócioeconômica.
veis corporativo (contexto estrutural e estratégico) quanto na mé- As organizações, durante as suas atividades produtivas, sofrem
dia gerência (processos básicos). influências, dependendo do tipo de relações que mantêm com seus
Paulino et al. (2001) observam que, no âmbito nacional, há governantes, cidadãos e sociedade que a cerca. A relação política
crescente interesse por linhas de estudos que enfatizam os fatores (CHANLAT, 1996) nos espaços interorganizacionais, portanto, passa
internos como diferenciais para a formulação de estratégias. A cria- a ser essencial na emergência de estratégias empresariais.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

Por fim, na visão de Mintzberg, Ahlstand e Lampel (2000), a Desenvolver a visão estratégica e a missão do negócio.
orientação do modelo integrativo, em torno das configurações, re- Através da visão é possível identificar quais são as expectativas
presenta abordagem falha à teorização, por serem fáceis de enten- e os desejos dos acionistas, conselheiros e elementos da alta admi-
der e de ensinar e há uma diversidade no mundo organizacional que nistração da empresa, tendo em vista que esses aspectos propor-
precisa ser considerada. As empresas que observam os autores, não cionam o grande delineamento do planejamento estratégico a ser
são estáticas ou revolucionárias; a maior parte delas trabalha sob a desenvolvido e implementado. A gerência deve definir: “quem são”,
ótica do incrementalismo. De qualquer forma, o modelo integrativo “o que fazem” e “para onde estão direcionados”, estabelecendo um
ofereceu possibilidades de reconciliação de todas as escolas ante- curso para a organização.
riores e contribui com o pensamento de estratégia ao descrever a A visão pode ser considerada como os limites que os principais
estabilidade relativa da estratégia dentro de determinados estados, responsáveis pela empresa conseguem enxergar dentro de um pe-
interrompidos por “saltos” para novos estados. ríodo de tempo mais longo e uma abordagem mais ampla. Ela deve
A reflexão e a análise da literatura citada neste trabalho mos- ser resultante do consenso e do bom senso de um grupo de líderes
tram que o conceito de estratégia e os modelos de análise da re- e não da vontade de uma pessoa.
alidade organizacional não seguem uma linearidade temporal. O A missão é a razão de ser da empresa. Neste ponto procura-se
estudo revelou que não existe uma definição conceitual que possa determinar qual o negócio da empresa, por que ela existe, ou ainda
ser inserida nos manuais de administração e ensinada na academia em que tipos de atividades a empresa deverá concentrar-se no fu-
como algo certo e determinado. O conceito, bem como os modelos turo. Aqui se procura responder à pergunta básica: “Aonde se quer
de análise, não permitem a sua aplicabilidade a todos os tipos de chegar com a empresa?” “Na realidade, a missão da empresa repre-
organizações, indistintamente, mesmo que se considerem as confi- senta um horizonte no qual a empresa decide atuar e vai realmente
entrar em cada um dos negócios que aparecem neste horizonte,
gurações do contexto.
desde que seja viável sobre os vários aspectos considerados”.
Diante da necessidade das organizações adequarem estruturas
Esses negócios identificados no horizonte, uma vez considera-
e contexto de forma contínua, não se pode optar por apenas um
dos viáveis e interessantes para a empresa, passam a ser denomina-
modelo de análise, prescritivo ou descritivo, da estratégia. É preciso
dos propósitos da empresa.
que a academia avance, em termos teóricos, no desenho de um
Os objetivos correspondem à explicitação dos setores de atu-
modelo integrativo que contemple a um só tempo a diversidade e
ação dentro da missão que a empresa já atua ou está analisando a
complexidades ambiental e suas consequentes interconexões. Essa
possibilidade de entrada no setor, ainda que esteja numa situação
configuração estratégica precisa representar as organizações que
de possibilidade reduzida. As empresas precisam de objetivos estra-
estão em constante movimento incremental, devido ao contexto
tégicos e objetivos financeiros. Os objetivos estratégicos referem-se
de forte competição e/ou orientação não econômica (por exemplo, à competitividade da empresa e as perspectivas de longo prazo do
organizações do terceiro setor) e que oferece elementos de análise negócio. Os objetivos financeiros relacionam-se com medidas como
àquelas que buscam posições estratégicas, além das tradicional- o crescimento das receitas, retorno sobre o investimento, poder de
mente apresentadas pela visão porteriana. empréstimo, fluxo de caixa e retorno dos acionistas.
A academia tem importante papel a desempenhar na identi- A empresa bem-sucedida tem uma visão do que pretende, e
ficação de elementos teóricos quesustentem um processo de te- esta visão trabalhada quanto a seus propósitos e a seu modelo de
orização forte no campo da estratégia e, na mesma intensidade, gestão constitui a missão que fornece à empresa o seu impulso e
precisa assumir o outro papel, o de disseminadora de novos conhe- sua direção.
cimentos. Para tanto, seria prudente fazer opções didáticopedagó-
gicas por discutir em aulas de graduação artigos científicos clássicos Elaborar uma estratégia para atingir os objetivos
e contemporâneos, em detrimento dos manuais de administração Estabelecer estratégia significa definir de que maneira pode se
estratégica. Talvez, assim, os estrategistas estariam melhor prepa- atingir os objetivos de desempenho da empresa. A estratégia é con-
rados para selecionar o melhor modelo de análise entre os diversos cebida como uma combinação de ações planejadas e reações adap-
disponíveis na literatura. táveis para a indústria em desenvolvimento e eventos competiti-
vos. Raramente a estratégia da empresa resiste ao tempo sem ser
O que é estratégia? alterada. Há necessidade de adaptação de acordo com as variáveis
O conceito de estratégia é realmente amplo, e seu uso corrente do mercado, necessidades e preferências do consumidor, manobras
permite associá-lo desde a um curso de ação bastante preciso até estratégias de empresas concorrentes.
ao posicionamento organizacional, em última análise, a toda razão
de ser da empresa. Implementar e executar a estratégia
A estratégia pode ser considerada um instrumento: o planeja- A implementação da estratégia é a sua execução, a fim de se
mento estratégico. Essa parte do planejamento estratégico corres- obter o desempenho programado dentro do prazo previsto. Os
ponderia aos caminhos selecionados para serem trilhados primeiro principais aspectos da implementação da estratégia:
pela identificação dos pontos fortes e fracos da organização, e das • Desenvolver uma organização capaz de executar a estratégia
empresas e oportunidades diagnosticadas em seu ambiente de com sucesso.
atuação. Da porta para fora, o planejamento cumpriria a função de • Desenvolver orçamentos que direcionam os recursos para ati-
orientar as ações da organização para que ela possa buscar oportu- vidades internas críticas para o sucesso estratégico.
nidades e a própria sobrevivência. •Estabelecer políticas de apoio à estratégia.
Assim, a estratégia é fruto de processos racionais de reflexão, • Motivar as pessoas para perseguir os objetivos energicamen-
aprendizagem, elaboração, pensamento e intervenção, além de te e, se necessário, modificar seu comportamento de trabalho para
processos não racionais e simbólicos, construídos a partir da “vi- adequar melhor as necessidades para execução da estratégia com
vência” cotidiana da organização em seus embates internos e com sucesso.
o ambiente. • Associar a estrutura de recompensas com a realização dos
resultados programados.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

• Criar uma cultura corporativa e clima de trabalho que con- crenças filosóficas da organização são combinadas para estabelecer
duzam à implementação da estratégia de maneira bem-sucedida. uma cultura distinta. Em alguns casos as crenças e cultura da em-
• Instalar uma série de sistemas internos de apoio que capaci- presa chegam a dominar a escolha das mudanças estratégicas.
tem o pessoal para executar seu papel estratégico eficientemente
todos os dias. Planejamento Estratégico
• Instituir as melhores práticas e programas para a melhoria
contínua. Conceitos, métodos e técnicas
• Exercer a liderança interna necessária para avançar com a O planejamento estratégico poderia ser definido como um pro-
implementação e continuar melhorando a maneira de execução da cesso de gestão que apresenta, de maneira integrada, o aspecto
estratégia. futuro das decisões institucionais, a partir da formulação da filoso-
Avaliar o desempenho fia, da instituição, sua missão, sua orientação, seus objetivos, suas
A missão da empresa, os objetivos, a estratégia e a aborda- metas, seus programas e as estratégias a serem utilizadas para as-
gem da implementação nunca finalizam porque sempre ocorrem segurar sua implementação. É a identificação de fatores competiti-
novas situações que acarretam ajustes corretivos. A gerência tem vos de mercado e potencial interno, para atingir metas e planos de
a responsabilidade de procurar atingir um melhor desempenho, ação que resultem em vantagem competitiva, com base na análise
descobrindo meios de melhorar a estratégia existente e a maneira sistemática de mudanças ambientais previstas para um determi-
com que ela está sendo executada; portanto precisam manter-se nado período. Portanto, o planejamento estratégico não deve ser
próximos de situações de mudança nas condições externas a fim de considerado apenas como uma afirmação das aspirações de uma
revisar periodicamente a missão da empresa, os objetivos de de- empresa, pois inclui também o que deve ser feito para transformar
sempenho, a estratégia e as abordagens de execução da estratégia. essas aspirações em realidade. Quando se considera a metodologia
para o desenvolvimento do planejamento estratégico nas empre-
sas, têm-se duas possibilidades, que se definem:
Fatores externos da empresa
• em termos da empresa como um todo, “aonde se quer che-
• considerações políticas, legais de cidadania da comunidade;
gar e depois se estabelece “como a empresa está para se chegar à
• atratividade da indústria, mudanças da indústria e condições
situação desejada”; ou
competitivas; • em termos da empresa como um todo “como se está” e
• oportunidades e ameaças da empresa. A tarefa de fazer com depois se estabelece “aonde se quer chegar”. Pode-se considerar
que a estratégia de uma empresa seja socialmente responsável, uma terceira possibilidade que é definir “aonde se quer chegar”
significa conduzir as atividades organizacionais eticamente e no juntamente com “como se está para chegar lá”. Cada uma dessas
interesse público geral, responder positivamente às prioridades e possibilidades tem a sua principal vantagem. No primeiro caso, é a
expectativas sociais emergentes, demonstrar boa vontade de exe- possibilidade de maior criatividade no processo pela não existência
cutar as ações antes que ocorra um confronto legal, equilibrar os de grandes restrições. A segunda possibilidade apresenta a grande
interesses dos acionistas com os interesses da sociedade como um vantagem de colocar o executivo com o pé no chão quando inicia o
todo e comportar-se como um bom cidadão na comunidade. A es- processo de planejamento estratégico.
tratégia de uma empresa deve fazer uma combinação perfeita da
indústria com as condições competitivas e ainda precisa ser dire- O planejamento estratégico é o processo por meio do qual a
cionada para conquistar oportunidades de crescimento. Do mesmo estratégia organizacional será explicitada.
modo a estratégia deve ser equipada para proporcionar defesa do Podemos identificar, como características do planejamento es-
bem-estar da empresa e do seu desempenho futuro contra amea- tratégico:
ças externas. - É responsabilidade da cúpula da organização;
- Envolve a organização como um todo;
Fatores internos da empresa - Planejamento de longo prazo;
• pontos fortes e pontos fracos da empresa e capacidades com- - Outros níveis do planejamento (tático e operacional) serão
petitivas; desdobrados dele.
• ambições pessoais, filosofia de negócio e princípios éticos
dos executivos; Um bom planejamento estratégico deve, em seu início, incluir a
• valores compartilhados e cultura da empresa. A estratégia definição do referencial estratégico da organização. Este referencial
deve ser muito bem combinada com os pontos fortes, os pontos é o grande guia das organizações, são as diretrizes que norteiam a
fracos e com as capacidades competitivas da empresa, ou seja, sua atuação e o seu posicionamento frente ao mercado. Represen-
tam o planejamento estratégico no seu nível mais amplo e são as
deve ser baseada naquilo que ela faz bem e deve evitar aquilo que
bases para que a organização possua uma estratégia sólida e sus-
ela não faz bem. Os pontos fortes básicos de uma organização cons-
tentável.
tituem uma importante consideração estratégia pelas habilidades e
Esse referencial inclui o negócio, a missão, a visão de futuro e
capacidades que fornecem para aproveitar determinada oportuni-
os valores organizacionais.
dade, aonde podem proporcionar vantagem competitiva para a em- Missão: pode ser entendida como o papel que a empresa terá
presa no mercado e potencialidade que tem para se tornar a base perante a sociedade, enfim, quais são os benefícios que a sua ativi-
da estratégia. As ambições, valores, filosofias de negócio, atitudes dade produtiva - seja ela industrial, comercial ou prestação de ser-
perante o risco e crenças éticas dos gerentes têm influências im- viços - trará para a coletividade ou, pelo menos, aos seus clientes.
portantes sobre a estratégia e são impregnadas nas estratégias que Missão é, portanto, a função social da atividade da empresa dentro
eles elaboram. Os valores gerenciais também modelam a qualidade de um contexto global.
ética da estratégia de uma empresa, quando os gerentes têm for- Vejamos quatro exemplos de missão organizacional:
tes convicções éticas, exigem que sua empresa observe um estrito Receita Federal do Brasil: “Exercer a administração tributária e
código de ética em todos os aspectos do negócio, como por exem- o controle aduaneiro, com justiça fiscal e respeito ao cidadão, em
plo, falar mal dos produtos rivais. As políticas, práticas, tradições e benefício da sociedade”.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

MPOG – “Promover o planejamento participativo e a melhoria C) Análise interna. É a análise do ambiente interno.
da gestão pública para o desenvolvimento sustentável e socialmen- D) Elaboração do plano estratégico.
te includente do País”.
TCU – “Assegurar a efetiva e regular gestão dos recursos públi- A análise de ambiente corresponde à avaliação de variáveis
cos, em benefício da sociedade”. do ambiente interno (pontos fortes e pontos fracos) e variáveis do
Petrobrás – “Atuar de forma segura e rentável nas atividades de ambiente externo (oportunidades e ameaças) relevantes para a or-
indústria de óleo, gás e energia, nos mercados nacional e interna- ganização. As variáveis do ambiente interno normalmente são con-
cional, fornecendo produtos e serviços de qualidade, respeitando troláveis, enquanto as variáveis do ambiente externo estão fora da
o meio ambiente, considerando os interesses dos seus acionistas e governabilidade da organização.
contribuindo para o desenvolvimento do país”.
Segundo Djalma de Oliveira o Planejamento Estratégico apre-
Negócio: É o ramo de atuação da organização, delimita o cam- senta estas etapas:
po em que ela estará desenvolvendo suas atividades. Está muito a) Diagnóstico estratégico: abrange a definição da visão, a aná-
ligado ao tipo de produto ou serviço que a organização oferece e lise externa, análise interna e análise dos concorrentes;
nem sempre é tão óbvio. Por exemplo, o negócio da Copenhagen b) Definição da missão: esta nós já vimos: é a definição da ra-
não é chocolates e sim presentes finos. Para exemplificar com uma zão de ser da empresa e as consequências de tal definição;
organização pública, o negócio do TCU é o “controle externo da ad- c) Definição dos instrumentos prescritivos e quantitativos:
ministração pública e da gestão dos recursos públicos federais”. instrumentos prescritivos são aqueles que irão dizer como a organi-
zação deve atuar para alcançar os objetivos definidos. Instrumentos
Visão de futuro: É considerada como os limites que os princi- quantitativos, basicamente, são aqueles ligados ao planejamento
pais responsáveis pela empresa conseguem enxergar dentro de um orçamentário;
período de tempo mais longo e uma abordagem mais ampla. Repre- d) Controle e avaliação: são verificações, etapas em que se
senta o que a empresa quer ser em um futuro próximo ou distante avalia se o que está sendo feito corresponde ao que foi planejado.
A visão deve ser:
- Compartilhada e apoiada por todos na organização Modelo ou matriz de Ansoff
- Abrangente e detalhada
- Positiva e inovadora
- Desafiadora mas viável
- Transmitir uma promessa de novos tempos
- Agregar um aspecto emocional

Exemplos de visão:
Receita Federal: “Ser uma instituição de excelência em adminis-
tração tributária e aduaneira, referência nacional e internacional”.
TCU: “Ser instituição de excelência no controle e contribuir
para o aperfeiçoamento da administração pública”.

Valores: Representam o conjunto dos princípios, crenças e


questões éticas fundamentais de uma empresa, bem como forne-
cem sustentação a todas as suas principais decisões.
Influencia na qualidade do desenvolvimento e operacionaliza-
ção do planejamento estratégico.
Os valores da empresa devem ter forte interação com as ques- Temos dois componentes principais no modelo: Mercados e
tões éticas e morais da empresa Produtos. Cada um deles pode ser classificado quando a existentes
e novos, gerando quatro estratégias empresariais possíveis:
O planejamento estratégico deve estar alinhado a este referen- Penetração no mercado: Esta estratégia consiste em explorar
cial. produtos tradicionais em um mercado tradicional.
Desenvolvimento de mercado: “É a estratégia de explorar um
Etapas do Planejamento Estratégico: vamos abaixo analisar al- mercado novo com produtos tradicionais. Por exemplo: uma ope-
guns dos apontamentos sobre essas etapas conforme seus autores. radora de cartões de crédito que lança o produto para um público
específico, como os torcedores de um time”.
Segundo Maximiano, o planejamento estratégico compreende Desenvolvimento de produto: consiste em oferecer produtos
quatro etapas principais: novos a mercados tradicionais.
Diversificação: É uma estratégia mais arrojada, que consiste
A) Análise da situação estratégica presente. Esta etapa busca em explorar novos produtos em novos mercados. Por exemplo,
compreender a situação atual da empresa, e as decisões que foram uma empresa de produção de alimentos que lança um refrigerante
tomadas e levaram a tal posição. Deve considerar o referencial es- está adotando uma estratégia de diversificação.
tratégico, os produtos e mercados atuais ou potenciais da organiza-
ção, as vantagens competitivas (elementos capazes de diferenciar Segundo classificação de Porter temos no Planejamento estra-
a organização de outras no mercado), o desempenho atual e o uso tégico, 3 grupos:
de recursos. - Diferenciação: Consiste em “procurar projetar uma forte iden-
B) Análise do ambiente. Na classificação do Maximiano, esta tidade própria para o serviço ou produto, que o torne nitidamente
etapa abrange apenas o ambiente externo. distinto dos produtos e serviços dos concorrentes. Isso significa en-

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ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

fatizar uma ou mais vantagens competitivas, como qualidade, ser- Com a veloz e contínua mudança do ambiente mercadológico,
viço, prestígio para o consumidor, estilo do produto ou aspecto das as empresas tiveram que se adaptar a uma nova forma de orga-
instalações. nização e administração. Empresas com rigidez hierárquica e em
- Liderança de custo: consiste em oferecer produtos ou servi- seus sistemas de produção e administração mecanicista ficam cer-
ços mais baratos do que os concorrentes. tamente em desvantagem competitiva num ambiente de incertezas
- Estratégias de foco: concentração ou nicho: Consiste em es- e instabilidades. Porque não terão a agilidade, a especialização e o
colher um segmento do mercado e concentrar-se nele. Por exem- conhecimento necessários para responderem a demandas contínu-
plo, produtores de alimentos orgânicos oferecem um alimento mais as de seus clientes ou possíveis clientes.
caro, mas concentrado em um nicho específico de clientes. A formação das redes organizacionais advém de vários aspec-
tos, dentre eles:
Planejamento Estratégico Situacional (PES) a) Respostas às mudanças mercadológicas que aumentar a in-
O PES foi sintetizado pelo economista chileno Carlos Matus, terdependência entre as empresas, pois estas não sobreviveriam
para pensar a arte de governar. Este método “pressupõe constante isoladas num ambiente altamente mutável e de alta competitivi-
adaptação do planejamento a cada situação concreta onde é aplica- dade;
do”. Além disso, o PES leva em consideração, em suas formulações
teóricas, as interferências dos campos político, econômico e social b) Complementaridade entre empresas que desempenham pa-
nos planos de governo. péis que podem ser integrados numa produção;
Definição de planejamento segundo Matus: “Planejar significa c) Busca de redução de custos operacionais e de infraestrutura;
pensar antes de agir, pensar sistematicamente, com método; expli- d) Aumento do poder negocial - quando empresas que utilizam
car cada uma das possibilidades e analisar suas respectivas vanta- mesmas matérias-primas se unem para obterem descontos em fun-
gens e desvantagens; propor-se objetivos”. ção de aquisição em grandes quantidades;
Outro ponto importante deste conteúdo são os momentos do e) Busca de ganhos em tecnologia - quando empresas similares
PES: de unem para acelerar o desenvolvimento tecnológico através de
• Momento explicativo: compreende-se a realidade, identifi- conhecimentos compartilhados.
cando-se os problemas que os atores sociais declaram. Abandona
o conceito de setor, utilizado no planejamento tradicional, e passa Segundo Villela (2006), organizações em rede possuem maio-
a trabalhar com o conceito de problemas. “Na explicação da reali- res chances de superar externalidades e melhorar sua competitivi-
dade temos que admitir e processar informação relativa a outras dade, mas cooperar e competir simultaneamente necessita de mu-
explicações de outros atores sobre os mesmos problemas, isto é, a danças de comportamento, percepções e de capacitação. Grandes
abordagem deve ser sempre situacional, posicionada no contexto”. empresas parecem ser mais capacitadas a formarem redes eficien-
• Momento normativo: como se formula o plano. Produzir as tes, em contrapartida empresas menores têm maior dificuldade
respostas de ação em um contexto de incerteza. Definir a situação de compreensão e adaptação às formações de redes. Sendo que
ideal. “O central neste modelo de planejamento é discutir a eficácia empresas menores em princípio são as mais vulneráveis em termos
de cada ação e qual a situação objetivo que sua realização objetiva, mercadológicos e competitivos e que mais necessitam se agrupar
cada projeto e isso só pode ser feito relacionando os resultados de- vis a vis à concorrência.
sejados com os recursos necessários e os produtos de cada ação” Entende-se que a estrutura de redes empresariais é uma evolu-
• Momento estratégico: examinar a viabilidade política do pla- ção nas estruturas e nas relações entre as organizações, e especial-
no e do processo de construção de viabilidade política das opera- mente em redes hierárquicas (como no caso da Microsoft), o papel
ções não viáveis na situação inicial. Adequa o “deve ser” ao “pode de liderança e estratégico é exercido pela empresa que domina os
ser”. Busca desenhar as melhores estratégias para viabilizar a máxi- conhecimentos de mercado, produtos e serviços.
ma eficácia do plano. Segundo Fleury (2005), as empresas que dominam suas respec-
• Momento tático-operacional: o momento do fazer. “Neste tivas redes têm em comum o fato de deterem os conhecimentos e
momento é importante debater o sistema de gestão da organização competências específicas em suas áreas de atuação. Em suas ca-
e até que ponto ele está pronto para sustentar o plano e executar deias, essas empresas-líderes são as producer driven (comandadas
as estratégias propostas”. por produtores) que lideram por terem um conjunto de competên-
cias mais completo e desenvolvido, elas dominam as atividades re-
Os principais pressupostos teóricos do método PES são resumi- lacionadas ao marketing e desenvolvimento de produtos, e subcon-
dos em quatro perguntas, segundo Matus, que apontam as diferen- tratam as atividades as atividades operacionais e desenvolvimento
ças entre o PES e os demais métodos de planejamento estratégico: de subsistemas. Essas empresas possuem um maior conhecimento
1) como explicar a realidade? das necessidades e estratégias do cliente final, o que lhes possibilita
2) como conceber um plano? melhor desenvolverem suas próprias estratégias. E para permane-
3) como tornar viável o plano necessário? cerem do controle da rede, desenvolvem competências relaciona-
4) como agir a cada dia de forma planejada? das à inovação e coordenação. A Microsoft domina com competên-
cia sua rede empresarial, desde a produção (com foco inovativo)
REDES E ALIANÇAS até entrega ao cliente final, esta feita por seus parceiros (revendas
A organização em rede tem por finalidade buscar uma melhor autorizadas).
eficiência econômica e produtiva.
O conceito de redes de empresas é muito importante para en- Segundo Britto (2002), pode-se citar alguns tipos de estruturas
tendermos o modelo de negócios de empresas transnacionais, e em rede conforme abaixo:
como se relacionam com seus clientes, parceiros, fornecedores e a) Alianças estratégicas - entre organizações para cooperação
concorrentes. Pois não somente grandes organizações, como em- na produção e tecnologia;
presas de diversos portes se organizam em redes para buscar uma b) Programas de cooperação - visando inovação entre as orga-
melhor eficiência econômica e produtiva. nizações;

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c) Subcontratação e terceirização - que originariam redes verticais;


d) Cooperativas- atuação entre organizações de um mesmo ramo de forma a flexibilizar seus sistemas produtivos;
e) Distritos industriais - diversas organizações próximas geograficamente numa mesma região;
f) Sistemas nacionais ou regionais de inovação - baseados no nível de especialização e interação entre diversas organizações que visam
à inovação em seus ramos de atividade.
Mintzberg e Quin (2001) demonstram cinco tipos de relacionamentos entre empresas em rede conforme a figura a seguir:

A cooperação entre as empresas é vista como um fator que molda mercados e as alianças estratégicas entre elas têm sido uma opção
para o fortalecimento e a própria sobrevivência de algumas redes de empresas.
Com a necessidade da sofisticação advinda da globalização, as alianças estratégicas e redes de empresa expandiram suas atuações e
relacionamentos entre empresas congêneres, clientes, fornecedores e espacialmente nos canais de distribuição que constitui uma área de
atuação importante para aumentar a capilaridade nas vendas e no atendimento aos clientes finais (STERN et al, 1996).
Para que uma aliança estratégica seja bem delineada, é importante o gerenciamento de seus contratos com clientes, distribuidores,
revendas, institutos de tecnologia, outros fabricantes etc. É de fundamental importância a boa gestão de sua rede de contratos. Neste
caso o entendimento do conceito de nexo de contratos é importante. Assim, ao invés de conceberem a empresa como uma unidade
decisória ou unidade produtiva cujas fronteiras e principais características organizacionais são determinadas pela tecnologia em uso, os
autores desta abordagem vão defini-la como uma ficção legal que serve como um “nexo” para um conjunto de relações contratuais entre
os indivíduos... Em outras palavras a empresa nada mais é do que uma rede de contratos entre os proprietários dos recursos produtivos
(PONDÉ, in KUPFER, 2002, p 289).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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PLANEJAMENTO TÁTICO
Planejamento é a primeira das funções administrativas, e está relacionada com tudo aquilo que a organização pretende fazer, execu-
tar, alcançar.

Podemos considerar o planejamento como “o ato de determinar as metas da organização e os meios para alcançá-las”.

Na prática temos três tipos de planejamentos:

Planejamento Tático – relaciona-se a objetivos de curto prazo, e com maneiras e ações que, geralmente, afetam somente uma parte
da empresa.
Tem como eixo central otimizar determinadas áreas de resultados, e não a empresa como um todo. Portanto, trabalha com decompo-
sição dos objetivos e políticas estabelecidas no planejamento estratégico.
O planejamento tático é desenvolvido em níveis organizacionais inferiores, ou seja, é realizado no nível gerencial ou departamental,
tendo como principal finalidade a utilização eficiente dos recursos disponíveis para a consecução de objetivos previamente fixados, segun-
do uma estratégia predeterminada, bem como as políticas orientadoras para o processo decisório organizacional.

Características Principais:
- Processo permanente e contínuo;
- Aproxima o estratégico do operacional;
- Aproxima os aspectos incertos da realidade;
- É executado pelos níveis intermediários da organização;
- Pode ser considerado uma forma de alocação de recursos;
- Tem alcance mais limitado do que o planejamento estratégico, ou seja, é de médio prazo;
- Produz planos mais bem direcionados às atividades organizacionais.

Questões essenciais:
- O quê fazer?
- Dá para fazer?
- Vale a pena fazer?
- Quem faz?
- Como fazer bem?
- Funciona?
- Quando fazer?

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Desenvolvimento de planejamentos táticos

PLANEJAMENTO OPERACIONAL
Pode ser considerado como a formalização, principalmente através de documentos escrito das metodologias de desenvolvimento e
implantações estabelecidas.
Portanto, nesta situação, tem-se basicamente os planos de ação, ou planos operacionais.
Os planejamentos operacionais correspondem a um conjunto de partes homogêneas do planejamento tático, e devem conter com
detalhes: os recursos necessários a seu desenvolvimento e implantação; os procedimentos básicos a serem adotados; os produtos ou
resultados finais esperados; os prazos estabelecidos e os responsáveis pela sua execução e implantação.

Ciclo básico dos três tipos de planejamento

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ADMINISTRAÇÃO POR OBJETIVOS.


Administração por Objetivos corresponde a um procedimento que permite aplicar as quatro funções do processo administrativo,
quais sejam planejamento, organização, direção e controle.
Esse conceito foi mais difundido através de Peter Drucker, que defendia que os propósitos da organização e os propósitos dos indiví-
duos que nela atuam precisam estar alinhados, ou seja, existe uma correlação de objetivos entre eles, metas da organização com foco em
desempenho do profissional proporcionando resultados efetivamente satisfatórios para ambos.
Esse alinhamento de metas se dá através do aumento na eficácia dos canais de comunicação e da ótica de percepção entre os níveis
de gestão, minimizando conflitos e divergências quanto à opinião de cada um, estimulando assim a pratica de um processo participativo,
o que nos permite destacar como principais características o estabelecimento de objetivos em comum entre níveis de gerenciamento e
gerenciados, de objetivos por departamento, objetivos interligados entre setores, construção de planos operacionais e um processo con-
tinuo de avaliação desses planos.

As principais vantagens apresentadas são:

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No entanto, como em qualquer situação, temos dois lados, portanto, a APO também apresenta algumas desvantagens, como vemos
abaixo.

E para finalizar, ressaltamos que ao usarmos da APO, é fundamental que as metas estejam clara e sucintamente estabelecidas, para
que todos as conheçam e as executem, permitindo assim uma melhor definição dos objetivos da organização, um aumento no estimulo
dos profissionais envolvidos e uma probabilidade de se executar um planejamento mais eficaz com avaliações mais pontuais e objetivas.

BALANCED SCORECARD
O Balanced Scorecard é uma nova ferramenta de medição de desempenho, desenvolvida por David Norton e Robert Kaplan, baseado
em dados financeiros e não financeiros, que proporciona uma gestão estratégica nos diversos setores de uma organização, que busque a
realização de metas estratégicas de longo prazo.
O uso do Balanced Scorecard no planejamento estratégico atua diretamente na organização. É uma técnica que visa à integração e
balanceamento de todos os principais indicadores de desempenho existentes em uma empresa, desde os financeiros/administrativos até
os relativos aos processos internos, estabelecendo objetivos da qualidade (indicadores) para funções e níveis relevantes dentro da organi-
zação, ou seja, desdobramento dos indicadores corporativos em setores, com metas claramente definidas.
Assim, esse modelo traduz a missão e a estratégia de uma empresa em objetivos e medidas tangíveis. As medidas representam o equi-
líbrio entre os diversos indicadores externos (voltados para acionistas e clientes), e as medidas internas dos processos críticos de negócios
(como a inovação, o aprendizado e o crescimento).
Através da observação dos resultados obtidos em outras empresas, Kaplan e Norton concluíram que o Balanced Scorecard deixara de
ser um sistema de medição para se tornar rapidamente um sistema de gestão, com o qual os executivos estavam não somente comuni-
cando a estratégia, mas também efetuando a sua gerência. O Balanced Scorecard emergiu porque é um sistema capaz de compreender a
estratégia empresarial e comunicá-la a toda a organização.
O Balanced Scorecard sinaliza em quais segmentos de mercado se deve competir e que clientes conquistar. Oferece uma visão do
futuro e um caminho para chegar até ele. Deve ser utilizado pelos executivos que precisam tomar uma série de decisões: a respeito de
suas operações, de seus processos de produção, de seus objetivos, produtos e clientes, ou seja, visando atingir o Planejamento Estratégico
da organização. Os indicadores devem traduzir a estratégia da empresa e devem ser utilizadas para auxiliar qualquer um na organização e
tentar atingir as prioridades estratégicas. Somente assim as empresas serão capazes de não apenas criar estratégia, mas também imple-
mentá-las.
Por contemplar medidas não financeiras pode auxiliar as empresas frente às mudanças do meio ambiente onde os ativos intangíveis
da organização ganharam maior importância como fonte de vantagem competitiva no final do século XX.
O Balanced Scorecard é baseado em quatro perspectivas (financeira, clientes, processos internos e aprendizado/crescimento), for-
mando um conjunto coeso e interdependente, com seus objetivos e indicadores se inter-relacionando e formando um fluxo ou diagrama
de causa e efeito que se inicia na perspectiva do aprendizado e crescimento e termina na perspectiva financeira. Apresenta-se como uma
medida bastante atual para a gestão estratégica, por permitir integração com as atuais pratica de qualidade e mensuração de custos ado-
tados pelas empresas de excelência de classe mundial que objetivam manter-se no mercado.

Mapas Estratégicos
O novo contexto organizacional caracterizado pelo crescente processo de mudanças, flexibilidade, rapidez e desenvolvimento de
aptidões, exige das empresas e dos funcionários uma serie de competências e habilidades estratégicas para que permaneçam atuando de
forma satisfatória e competitiva.
A estratégia surge como fator primordial para atuar sobre essas mudanças proporcionando uma melhor e mais eficiente redefinição
dos objetivos das empresas, além de ações favoráveis a serem implementadas, ou seja, caracteriza-se como o conjunto dos meios que uma
organização utiliza para alcançar seus objetivos. Tal processo envolve as decisões que definem os produtos e os serviços para determinados
clientes e a posição da empresa em relação a seus concorrentes e etc.

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ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

Dessa forma, a viabilização para traduzir a estratégia em termos gerenciais, alinhar a organização à estratégia, transformar a mesma
em tarefa de todos, converter a estratégia em princípio contínuo, e mobilizar a mudança por meio de lideranças, será alcançada através da
adoção e implementação de um mapa estratégico.
Mapas estratégicos têm a função de equilibrar ideias contraditórias, baseando-se em proposições diferenciadas de valores para os
clientes, fornecer as reais estratégias do negócio, auxiliando ainda na viabilização de unir forças para superação de problemas e dificulda-
des referente as a mudanças do cenário global.
O Balanced Scorecard é uma ferramenta de avaliação que está sendo cada vez mais usada para medir desempenho. A estratégia da
organização é avaliada segundo perspectiva financeira, perspectiva de cliente e medidas operacionais (WILLYERD, 1997).
Cabe ressaltar que o Scorecard não deve apenas derivar da estratégia organizacional, mas tem que deixar transparecer essa estratégia
aos observadores possibilitando, também, a visualização dos seus objetivos e medidas. Quando atinge esse grau de transparência, o Balan-
ced Scorecard conseguiu traduzir a visão e a estratégia num conjunto integrado de medidas de desempenho (KAPLAN e NORTON, 2004).
O Balanced Scorecard oferece um método simples para articular a estratégia e monitorar o progresso das metas estabelecidas. Pos-
sibilita traduzir a estratégia de longo prazo da organização em termos de específico, ou seja, metas em áreas diferentes da organização
(financeiro, cliente, negócio interno, inovação e aprendizado) (GENDRON, 1997).
Mapa Estratégico é considerado uma outra ferramenta, que utiliza as mesmas perspectivas do Balanced Scorecard. O mesmo tem o
intuito de fornecer um modelo para uma representação simples da organização, das relações de causa e efeito entre os objetivos tanto
das dimensões aprendizado/crescimento e processos internos (vetores do desempenho), quanto das dimensões mercadológica e econô-
mico-financeira (resultados) da estratégia.
KAPLAN E NORTON (2004) explicam que o mapa estratégico acrescenta uma segunda camada de detalhes ao Balanced Scorecard,
ilustrando a dinâmica temporal da estratégia, e também adiciona um nível de detalhe que melhora a clareza e o foco, ao mesmo tempo
em que o Balanced Scorecard traduz os objetivos do mapa estratégico em indicadores e metas. Porém, as organizações devem lançar um
conjunto de programas que criarão valor e condições para que se realizem as metas e os objetivos de todos os indicadores.
De acordo com os mesmos autores, existem alguns princípios que norteiam o mapa estratégico, são eles:
- A estratégia equilibra forças contraditórias;
- A estratégia baseia-se em proposição de valor diferenciada para os clientes;
- Cria-se valor por meio dos processos internos;
- A estratégia compõe-se de temas complementares e simultâneos;
- Alinhamento estratégico determina o valor dos ativos intangíveis.

O mapa estratégico tanto é viável para o setor privado, quanto para o setor público e entidades sem fins lucrativos.

Perspectiva Financeira
KAPLAN e NORTON (2004) definem que a perspectiva financeira descreve os resultados tangíveis da empresa em ternos financeiros
tradicionais. Nessa perspectiva torna-se necessário o balanceamento entre duas forças contraditórias: que são as de longo prazo, que
abrange a profundidade; e as de curto prazo que tem como foco apenas a lucratividade, e este equilíbrio entre estas forças de crescimento
e da produtividade é que irá indicar se está existindo a conexão com a estratégia.

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Perspectiva do cliente
Segundo o mesmo autor, a perspectiva do cliente geralmente inclui vários indicadores para o acompanhamento de resultados de uma
estratégia bem formulada e bem implementada, esses são:
- Satisfação do cliente;
- Retenção dos clientes;
- Rentabilidade dos clientes;
- Participação de mercado;
- Participação nas compras dos clientes.

Perspectiva Interna
Os processos internos cumprem dois componentes vitais da estratégia da organização:
- Valor para o cliente;
- Melhoram os processos e reduz os custos para a dimensão produtividade da perspectiva financeira.

Essa perspectiva organiza os vários processos da organização em quatro agrupamentos:


- Processos de gestão operacional – São os processos básicos, realizados todos os dias pelas empresas, através dos quais elas produ-
zem seus produtos e serviços e entregam a seus clientes.
- Processos de gestão de clientes – São os processos que visão a ampliação e o aprofundamento das relações com os clientes-alvo.
- Processos de inovação – identificam as oportunidades para novos produtos e serviços, desenhando e desenvolvendo com o objetivo
de lançar no mercado.
- Processos regulatórios e sociais – São normas e padrões relacionados a o meio-ambiente, a segurança e saúde, as práticas trabalhis-
tas e aos investimentos na comunidade.

Perspectiva de Aprendizado e Crescimento


A perspectiva de aprendizado e crescimento descreve os ativos intangíveis da organização e seu papel na estratégia. Esta perspectiva
possui objetivos que indicam como conectar de forma coerente os ativos intangíveis que são classificados em três categorias:
- O capital humano – dispor de habilidades, talento e know-how entre os empregados, tornando-os capazes de resolver os processos
internos críticos.
- O capital da informação – Situa-se no núcleo de estratégias de aprisionamento. Os recursos de informação fornecem a plataforma
utilizada pelos clientes, complementadores e concorrentes. Idealmente, a plataforma de informação deve ser complexa para que os con-
correntes não possam imitá-la com facilidade, mas que os clientes e complementadores considerem de fácil acesso e uso. Fornecer recur-
sos de informação complexos com interface fácil de usar é um desafio para a tecnologia da informação da empresa.
- O capital organizacional – Toda organização deve manter-se focada em aumentar os custos de mudança de seus clientes e comple-
mentadores atuais e em reduzir os custos de mudanças dos clientes e complementadores potenciais que hoje são atendidos pelos concor-
rentes. Tal cultura deve ser difusa entre todos os empregados, pois afeta os processos de gestão da inovação, os processos de gestão de
clientes e de complementadores, os processos de gestão de operações e os processos regulatórios e sociais.

Vale alertar as organizações para um fato já comprovado: estratégias de negócio geralmente não são ruins, o que temos são im-
plementações de estratégia ruins. Este fato remete há um problema clássico de gerência, ou seja, como podemos gerenciar uma área,
departamento ou organização, se não podemos mensurar nosso retorno financeiro, desempenho do nosso pessoal, nossos processos e a
relação com nossos clientes?

Há algumas décadas, existiam apenas sistemas de monitoração de desempenho gerencial baseados em indicadores financeiros e
contábeis. Isso se devia ao fato de que as empresas possuíam valores diferentes das organizações atuais. Se analisarmos a frase clássica de
Henry Ford, presidente da companhia de automóveis Ford, veremos claramente isso. Henry Ford dizia: “forneceremos aos nossos clientes
o automóvel que pretendam, desde que seja um Ford modelo T de cor preta”. Atualmente, o mercado encontra-se de forma diferente ao
da época na qual Henry Ford fez essa afirmação. As empresas são obrigadas a fornecer o máximo de customização de produtos, objetivan-
do atingir o maior número possível de clientes e seguirem competitivas no mercado.
Antigamente, o paradigma de valor estava diretamente associado aos ativos tangíveis, tais como máquinas, equipamentos e edifícios.
Hoje, o referencial foi mudando e o valor de uma organização passou a ser baseado em grande parte dos ativos intangíveis, como capaci-
dade de inovar, valor da marca, aptidão para implementar a estratégia, dentre outros.
Neste contexto, os professores Robert Kaplan e David Norton da Havard University, criaram uma ferramenta cuja proposta é ajudar
as organizações de quaisquer tipo e tamanho a efetivamente implantarem suas estratégias. Esta ferramenta, chamada de BSC (Balanced
Scorecard), resultou das necessidades de captar toda a complexidade da performance na organização e tem sido ampla e crescentemente
utilizada em empresas e organizações.
Entre suas contribuições estão a composição e a visualização de medidas de performance que reflitam a estratégia de negócios da
empresa. O BSC deve levar à criação de uma rede de indicadores de desempenho que deve atingir todos os níveis organizacionais, tornan-
do-se, assim, uma ferramenta para comunicar e promover o comprometimento geral com a estratégia da corporação.
Em resumo, Balanced Scorecard “É um modelo de gestão que auxilia as organizações na tradução de sua estratégia em objetivos ope-
racionais. Isso ajuda a direcionar o comportamento das pessoas na empresa e influencia o comportamento da mesma”. Em seus artigos,
Kaplan e Norton apresentam a medição do desempenho organizacional abrangendo quatro dimensões críticas - financeira, clientes, pro-
cessos internos e aprendizagem e crescimento - denominadas de perspectivas, para a gestão estratégica da organização.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

A figura abaixo, apresentada no livro a Estratégia em Ação, ilustra o conceito das perspectivas vinculadas à estratégia.

Figura 1. Relações entre as perspectivas e a estratégia no Balanced Scorecard.

Na nossa visão, podemos analisar essas perspectivas hierarquicamente, partindo do aprendizado e crescimento até as finanças, ou
seja, se investimos nas pessoas, melhoramos nossos processos internos, se melhoramos nossos processos internos, satisfazemos nossos
clientes e então, consequentemente, nós ganhamos dinheiro. Não é simples, mas entendemos ser o caminho, alertando que “ganhar di-
nheiro” não precisa ser levado ao pé da letra, pois organizações vão além e, principalmente, devem contribuir com a sociedade.

PROCESSO DECISÓRIO
Nos dias de hoje, com a competitividade cada vez mais acirrada entre as organizações, a todo momento necessitamos tomar decisões
sempre que estamos diante de um problema que apresenta mais de uma alternativa de solução. Mesmo quando possuímos uma única
opção para solucioná-lo, poderemos ter a alternativa de adotar ou não essa opção.
O processo de escolher o caminho mais adequado para a empresa, naquela circunstância, também é conhecido como tomada de
decisão.
Os administradores devem ter como objetivo em suas tomadas de decisão:
• minimizar perdas;
• maximizar ganhos; e
• alcançar uma situação em que, comparativamente, o gestor julgue que haverá um ganho entre o estado em que se encontra a orga-
nização e o estado em que irá se encontrar depois de implementada a decisão.

Para que se tome a melhor decisão em determinadas situações de problema, cabe à pessoa que vai tomar a decisão elaborar todas
as alternativas possíveis sobre o problema em questão, visando escolher o melhor caminho para otimizar a opção pela qual se decidiu,
possibilitando à empresa crescer e desenvolver-se nesse contexto de competitividade tão agressiva.

O que significa decidir


• “Tomar decisões é o processo de escolher uma dentre um conjunto de alternativas.”(Caravantes)
• “Uma decisão pode ser descrita, de forma simplista, como uma escolha entre alternativas ou possibilidades com o objetivo de resol-
ver um problema ou aproveitar uma oportunidade.” (Sobral).
• “A tomada de decisão ocorre em reação a um problema, isto é, existe uma discrepância entre o estado atual das coisas e o estado
desejável que exige uma consideração sobre cursos de ação alternativos. (...) O conhecimento sobre a existência de um problema e sobre
a necessidade de uma decisão depende da percepção da pessoa.” (Robbins).
• “(...) Embora tudo aquilo que um administrador faz envolva a tomada de decisões, isso não significa que todas as decisões sejam
complexas e demoradas. Naturalmente, as decisões estratégicas têm mais visibilidade, mas os administradores tomam muitas pequenas
decisões todos os dias. Aliás, quase sempre as decisões gerenciais são de rotina. No entanto, é o conjunto dessas decisões que permite à
organização resolver problemas, aproveitar oportunidades e, com isso, alcançar seus objetivos.” (Sobral)

Administrar é, em última análise, tomar decisões.


Para atingir os resultados organizacionais de forma eficiente e eficaz, é preciso fazer escolhas.
Qual o negócio da organização? Qual estratégia vai ser utilizada? Qual tecnologia vai ser empregada? Que fonte de recursos financei-
ros vai ser utilizada? A máquina será comprada ou alugada? Estas e inúmeras outras perguntas precisam ser respondidas durante a gestão
de uma organização. Para respondê-las é preciso fazer escolhas, é preciso decidir!

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

Técnicas de análise e solução de problemas


O MASP — Método de Análise e Solução de Problemas é um método gerencial que é utilizado para a criação, manutenção ou melhoria
de padrões. É uma metodologia para se manter e controlar a qualidade, e deve ser de amplo conhecimento de todos, ou seja, deve ser
dominada por todas as partes envolvidas dentro de uma organização.
Esse método apresenta duas grandes vantagens:
• permite a solução de problemas de modo eficaz;
• permite que os indivíduos de uma organização se capacitem de maneira a solucionar os problemas que sejam de sua responsabili-
dade.

O MASP é um caminho ordenado, composto de passos e subpassos pré-definidos para a escolha de um problema, análise de suas
causas, determinação e planejamento de um conjunto de ações que consistem uma solução, verificação do resultado da solução e reali-
mentação do processo para a melhoria do aprendizado e da própria forma de aplicação em ciclos posteriores.
Partindo também do pressuposto de que em toda solução há um custo associado, a solução que se pretende descobrir é aquela que
maximize os resultados, minimizando os custos envolvidos. Há, portanto, um ponto ideal para a solução, em que se pode obter o maior
benefício para o menor esforço, o que pode ser definido como decisão ótima (BAZERMAN).
A construção do MASP como método destinado a solucionar problemas dentro das organizações passou pela idealização de um con-
ceito, o ciclo PDCA, para incorporar um conjunto de ideias inter-relacionadas que envolve a tomada de decisões, a formulação e compro-
vação de hipóteses, a objetivação da análise dos fenômenos, dentre outros, o que lhe confere um caráter sistêmico.
Embora o MASP derive do ciclo PDCA, é importante que não se confunda os dois métodos, pois: O MASP é um método eficaz, ele
procura resolver problemas de forma rápida e objetiva e com menor custo a empresa, ou seja, é um método que tem como característica
a racionalidade utilizando lógica e dados.

O MASP é formado por oito etapas:

1. Identificação do problema
A identificação do problema é a primeira etapa do processo de melhoria em que o MASP é empregado. Se feita de forma clara e crite-
riosa pode facilitar o desenvolvimento do trabalho e encurtar o tempo necessário à obtenção do resultado.
A identificação do problema tem pelo menos duas finalidades: (a) selecionar um tópico dentre uma série de possibilidades, concen-
trando o esforço para a obtenção do maior resultado possível; e (b) aplicar critérios para que a escolha recaia sobre um problema que
mereça ser resolvido.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

O que é um problema? 1. Análise


Não é fácil explicar precisamente o que é um problema, mas, A etapa de análise é aquela em que serão determinadas as
de maneira geral, podemos dizer que é uma questão que nos pro- principais causas do problema. Se não identificamos claramente as
pomos resolver. Perceba que solucionar um problema não significa, causas provavelmente serão perdidos tempo e dinheiro em várias
necessariamente, ter-se um método para solucioná-lo. tentativas infrutíferas de solução. Por isso ela é a etapa mais impor-
Exemplo: tante do processo de solução de problemas. Para Kume a análise se
– Uma pessoa enfrenta problemas para alcançar certos objeti- compõe de duas grandes partes que é a identificação de hipóteses e
vos e não sabe que ações deve tomar para conseguir solucioná-los. o teste dessas hipóteses para confirmação das causas. A identifica-
Então, ao resolver um problema identificamos os seguintes ção das causas deve ser feita de maneira “científica” o que consiste
componentes: da utilização de ferramentas da qualidade, informações, fatos e da-
• um objetivo a ser alcançado; dos que deem ao processo um caráter objetivo.
• um conjunto de ações pré-pensadas para resolvê-lo; e Essa etapa consiste em fazer uma análise das perdas que estão
• a situação inicial do problema. ocorrendo, que estão sendo causadas pelo problema em questão,
assim como os potenciais ganhos que o MASP pode trazer. O item
Outro exemplo: “quanto” da fase anterior pode subsidiar a presente. Falconi afirma
Imaginemos uma produção de parafusos. Considera-se normal que nesta fase se deve responder, basicamente, a duas coisas: o
a existência de 10 defeitos por milhão de parafusos fabricados. Ad- que se está perdendo e o que é possível ganhar.
mite-se a ocorrência de um problema apenas quando for consta- Lembramos que quando nos referirmos a perdas de natureza
tado um número de defeitos que ultrapasse a razão de mais de 10 qualitativa temos grande dificuldade para medir seu custo para a
parafusos defeituosos por milhão produzido. organização ou até mesmo podemos dizer que isso seja impossível.
Quais podem ser os custos do aumento do número de ocorrên-
Nesse sentido, um problema é sempre um resultado indese- cias de reclamações dos clientes? Quais serão os custos para a ima-
jável (Falconi), mas geralmente a solução implica o retorno a um gem da organização, provocados pela perda de credibilidade em de-
desempenho anterior aceitável. corrência de algum defeito existente em um determinado produto?
Na abordagem do autor Maximiano, “um problema é uma si-
tuação que exige uma decisão ou solução, e para tanto oferece um Passos da Etapa 3 –
conjunto de possibilidades, entre as quais é necessário escolher Análise
uma ou mais”. Na abordagem desse autor, os problemas podem ser - Levantamento das variáveis que influenciam no problema
caracterizados por: - Escolha das causas mais prováveis (hipóteses)
(a) diferença entre situação real e ideal; - Coleta de dados nos processos
(b) situação adversa; - Análise das causas mais prováveis; confirmação das hipóteses
(c) missões e objetivos; - Teste de consistência da causa fundamental
(d) situação que oferece escolhas; - Foi descoberta a causa fundamental?
(e) obstáculos ao tentar atingir metas; e
(f) desvios do comportamento esperado. 2. Plano de Ação
Uma vez que as verdadeiras causas do problema foram iden-
Passos da Etapa 1 – tificadas, ou pelo menos as causas mais relevantes entre várias, as
Identificação do problema formas de eliminá-las devem então ser encontradas Para Hosotani
- Identificação dos problemas mais comuns esta etapa consiste em definir estratégias para eliminar as verda-
- Levantamento do histórico dos problemas deiras causas do problema identificadas pela análise e então trans-
- Evidência das perdas existentes e ganhos possíveis formar essas estratégias em ação. Conforme a complexidade do
- Escolha do problema processo em que o problema se apresenta, é possível que possa
- Formar a equipe e definir responsabilidades existir um conjunto de possíveis soluções. As ações que eliminam as
- Definir o problema e a meta causas devem, portanto, ser priorizadas, pois somente elas podem
evitar que o problema se repita novamente.
2. Observação Passos da Etapa 4:
A observação do problema é a segunda etapa do MASP e con- Plano de ação
siste averiguar as condições em que o problema ocorre e suas ca- - Definir estratégia de ação.
racterísticas específicas do problema sob uma ampla gama de pon- - Elaborar plano de ação.
tos de vista.
O ponto preponderante da etapa de Observação é coletar in- Essa fase consiste no estabelecimento de metas a atingir, isto
formações que podem ser úteis para direcionar um processo de é, elas devem ser alcançadas com o método MASP. Na maioria dos
análise que será feito na etapa posterior. Kume compara esta etapa MASPs de manutenção, o objetivo é, de maneira geral, o retorno às
com uma investigação criminal observando que “os detetives com- condições ideais anteriores à ocorrência do problema.
parecem ao local do crime e investigam cuidadosamente o local
procurando evidências” o que se assemelha a um pesquisador ou 3.Ação
equipe que buscam a solução para um problema. Na sequência da elaboração do plano de ação, está o desen-
volvimento das tarefas e atividades previstas no plano. Esta etapa
do MASP consiste em nomear os responsáveis pela sua execução,
iniciando-se por meio da comunicação do plano com as pessoas en-
volvidas, passando pela execução propriamente dita, e terminando
com o acompanhamento dessas ações para verificar se sua execu-
ção foi feita de forma correta e conforme planejado.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

Passos da Etapa 5 – 6. Conclusão


Ação A etapa de Conclusão fecha o método de análise e solução de
- Divulgação e alinhamento problemas. Os objetivos da conclusão são basicamente rever todo
- Execução das ações o processo de solução de problemas e planejar os trabalhos futuros.
- Acompanhamento das ações Parker reconhece a importância de fazer um balanço do aprendi-
zado, aplicar a lições aprendidas em novas oportunidades de me-
4. Verificação lhoria.
Essa etapa do MASP representa a fase de check do ciclo PDCA
e consiste na coleta de dados sobre as causas, sobre o efeito final Passos da Etapa 8 –
(problema) e outros aspectos para analisar as variações positivas e Conclusão
negativas possibilitando concluir pela efetividade ou não das ações - Identificação dos problemas remanescentes
de melhoria (contramedidas). É nesta etapa que se verifica se as - Planejamento das ações antirreincidência
expectativas foram satisfeitas, possibilitando aumento da autoesti- - Balanço do aprendizado
ma, crescimento pessoal e a descoberta do prazer e excitação que - Concluir MASP e elaborar relatório sobre o mesmo.
a solução de problemas pode proporcionar às pessoas (HOSOTANI).
O MASP é um método que permanece atual e em prática con-
Parker observa que “nenhum problema pode ser considerado tínua, resistindo às ondas do modismo, incluindo aí a da Gestão da
resolvido até que as ações estejam completamente implantadas, Qualidade Total, sendo aplicado regularmente até progressivamen-
ela esteja sob controle e apresente uma melhoria em performan- te por organizações de todos os portes e ramos.
ce”. Assim, o monitoramento e medição da efetividade da solução
implantada são essenciais por um período de tempo para que haja FATORES QUE AFETAM A DECISÃO
confiança na solução adotada. Hosotani também enfatiza este pon-
to ao afirmar que os resultados devem ser medidos em termos nu-
méricos, comparados com os valores definidos e analisados usando
ferramentas da qualidade para ver se as melhorias prescritas foram
ou não atingidas.

Passos da Etapa 6 –
Verificação
- Comparar resultados obtidos com os previstos.
- Listar efeitos colaterais não previstos.
- Verificar nível do bloqueio observado (grau de eficácia do pla-
no de ação)

5. Padronização
Uma vez que as ações de bloqueio ou contramedidas tenham
sido aprovadas e satisfatórias para o alcance dos objetivos ela po-
dem ser instituídas como novos métodos de trabalho. De acordo
com Kume existem dois objetivos para a padronização. Primeiro,
afirma o autor, sem padrões o problema irá gradativamente retor-
nar à condição anterior, o que levaria à reincidência. Segundo, o
problema provavelmente acontecerá novamente quando novas
pessoas (empregados, transferidos ou temporários) se envolverem
com o trabalho. A preocupação neste momento é, portanto, a rein- São inúmeros os fatores que afetam a decisão, tais como custos
cidência do problema, que pode ocorrer pela ação ou pela falta da envolvidos, fatores políticos, objetivos, riscos que podem ser assu-
ação humana. A padronização não se faz apenas por meio de docu- midos, tempo disponível para decidir, quantidade de informações
mentos. Os padrões devem ser incorporados para se tornar “uma disponíveis, viabilidade das soluções, autoridade e responsabilida-
dos pensamentos e hábitos dos trabalhadores” (KUME), o que inclui de do tomador de decisão, estrutura de poder da organização etc.
a educação e o treinamento.
Chiavenato destaca três condições sob as quais a decisão pode
Passos da Etapa 7 – ser tomada:
Padronização
- Elaboração ou alteração de documentos
- Registro e comunicação
- Definir mudanças que devem ser incorporadas ao Procedi-
mento Padrão Operacional — PPO.
- Revisar padrão (Modificar / Comunicar).
- Treinar pessoal (no PPO revisado).
- Comunicação clara e adequada dos motivos do treinamento.
- Auditar cumprimento do padrão

62
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

Certeza: É a situação em que temos sob controle todos os fato- As decisões não programadas ou não estruturadas são neces-
res que afetam a tomada de decisão. Sabemos quais são os riscos e sárias em situações em que as decisões programadas não conse-
probabilidades de ocorrência de eventos, temos informações sobre guem resolver.
custos, sabemos quais são os fatores potencializadores e restrito- Quando nos referimos a decisões não programadas nos referi-
res, temos estudos de viabilidade das alternativas etc. mos àquelas que resultam de problemas que não são bem compre-
Risco: É a situação em que sabemos a probabilidade de ocor- endidos, são “pobres” de estruturação, tendem a ser singulares e
rência de um evento, mas que tomamos diferentes decisões, de não se prestam aos procedimentos sistêmicos ou rotineiros.
acordo com os riscos que estamos dispostos a assumir. São situações inesperadas, que a organização está enfrentando
Incerteza: Situação em que o tomador de decisão tem pouca pela primeira vez e que admitem diferentes formas de resolução,
ou nenhuma informação a respeito da probabilidade de ocorrência cada uma com suas vantagens e desvantagens.
de cada evento futuro. Estas situações exigem uma análise mais profunda, um diag-
nóstico para o perfeito entendimento do problema até a tomada
Tipos de decisões de decisão que vai levar à ação. Por este motivo são mais comuns
Maximiano ensina que uma decisão é uma escolha entre alter- no nível institucional ou estratégico da organização, no topo da pi-
nativas ou possibilidades. râmide hierárquica.
As decisões são escolhas necessárias para a resolução de pro- Os problemas que exigem esse tipo de decisões serão solucio-
blemas ou aproveitamento de oportunidades, sejam elas relativas a nados a partir da habilidade dos gerentes em tomar decisões, já
aspectos operacionais, como comprar ou alugar uma máquina, ou que não existem soluções rotineiras.
estratégicos, como entrar ou não no mercado internacional. Como exemplo, podemos citar os gerentes, principalmente
Todos sabemos que o tipo e a qualidade de decisões tomadas nos níveis mais altos da organização, que muitas vezes necessitam
nas organizações afetam todo o seu contexto, podendo influencia- tomar decisões não programadas durante o curso de definição de
restratégias organizacionais, políticas ou até mesmo uma determi- metas e estratégias de uma empresa e em suas atividades diárias.
nada parcela da sociedade onde elas estejam inseridas. Em muitas ocasiões eles utilizam sua própria experiência na solução
Por essa razão, ao longo do tempo, os gestores vêm se apoian- desse tipo de problema, procurando princípios e soluções que pos-
do em diversos fatores para que a tomada de decisão seja o mais sam ser aplicados à situação, mas sempre levando em consideração
assertiva possível e o tomador de decisão possa estar mais seguro que as metodologias de solução de problemas passados podem não
diante de possíveis e prováveis problemas que possam surgir. ser aplicáveis no caso em questão.
De maneira geral, podemos dizer que os gestores, no momen- Pelo fato de as decisões não programadas serem tão importan-
to da tomada de decisão, poderão se defrontar com dois tipos de tes para as empresas e tão comuns para a gerência, a eficiência de
situação que, de acordo com sua natureza, terão e abordagem dife- um gerente muitas vezes será julgada de acordo com a qualidade de
sua tomada de decisão.
rente para se alcançar as soluções adequadas.
O processo de tomar decisões, ou processo decisório, se com-
Também há tipos de decisão quanto ao nível organizacional em
põe de uma sequência de etapas, que vão da identificação da ques-
que ela é tomada. Assim, decisões estratégicas são aquelas mais
tão a ser resolvida até a ação, quando uma alternativa de solução é
amplas, referentes à organização como um todo e sua relação com
colocada em prática. o ambiente. São tomadas nos níveis mais altos da hierarquia e pos-
suem consequências de longo prazo.
As decisões nas organizações se dividem em duas categorias As decisões táticas ou administrativas são tomadas nos níveis
principais: as programadas e as não programadas. das unidades organizacionais ou departamentos.
Podemos considerar decisões programadas aquelas que toma- Decisões operacionais, por sua vez, são aquelas tomadas no
mos quando percebemos os problemas como bem compreendidos, dia-a-dia, relacionadas a tarefas e aspectos cotidianos da realida-
altamente estruturados, rotineiros, repetitivos e para cuja solução de organizacional. Vimos, nos elementos da decisão, a definição de
podemos utilizar procedimentos e regras sistemáticos. Essas deci- tomador da decisão. Maximiano nos ensina uma outra tipologia,
sões são sempre semelhantes. referente a quem é o tomador de decisões:
As decisões programadas ou estruturadas compõem o acervo, Decisões autocráticas: São decisões tomadas sem discussões,
o estoque de soluções armazenadas pela organização, com base acordos e debates. O tomador de decisão deve ser um gerente ou
nas experiências anteriores por que passou. alguém com responsabilidade e autoridade para tal. É uma forma
São utilizadas, portanto, para resolver problemas que já foram rápida de tomada de decisão e não deve ser questionada. Muitas
enfrentados antes e que possuem um comportamento semelhante. vezes, são decisões de cunho estritamente técnico.
Para estes tipos de problemas, não há necessidade de criação Decisões compartilhadas: São aquelas decisões tomadas de
de alternativas de solução e escolha da mais adequada. Basta seguir forma compartilhada, entre gerente e equipe. Têm características
as ações que já foram exercidas com sucesso nas ocasiões anterio- marcantes, tais como o debate, participação e busca de consenso.
res. Por este motivo, são mais comuns no nível operacional, na base Podem ser consultivas, quando a decisão é tomada após a consul-
da pirâmide hierárquica. ta,ou participativa, quando a decisão é tomada de forma conjunta.
Como exemplo, podemos citar uma situação de incêndio, onde Decisões delegadas: “São tomadas pela equipe ou pessoa que
já há um roteiro de etapas a serem seguidas, já se sabe qual ca- recebeu poderes para isso. As decisões delegadas não precisam ser
minho os ocupantes de cada andar do prédio devem seguir, pois aprovadas ou revistas pela administração. A pessoa ou grupo assu-
todo o estudo da melhor rota de fuga já foi feito com antecedência. me plena responsabilidade pelas decisões, tendo para isso a infor-
Esses são exemplos de decisões programadas, pois são repetitivas mação, a maturidade, as qualificações e as atitudes suficientes para
decidir da melhor maneira possível”.
e rotineiras.
Por este motivo, são mais comuns no nível operacional, na base
da pirâmide hierárquica.

63
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

Identificamos ainda, dentro do conceito de elementos da de- Todas as empresas, independentemente do tamanho, do seg-
cisão o item de: mento em que atuam e dos bens ou serviços que produzem, pos-
suem cultura organizacional, formalmente instituída ou não. Assim,
Certeza, risco e incerteza cultura organizacional é um sistema de valores compartilhados
Podemos chamar de incerteza aquela situação que, muitas ve- pelos seus membros, em todos os níveis, que diferencia uma or-
zes, se configura por existirem informações insuficientes e dúbias ganização das demais. Em última análise, trata-se de um conjunto
para os tomadores de decisão. Isso certamente inviabiliza a clareza de características-chave que a organização valoriza, compartilha e
das alternativas e traz consigo riscos inerentes, fazendo com que a utiliza para atingir seus objetivos e adquirir a imortalidade.
decisão tomada se torne mais difícil de ser operacionalizada.
Mas, para escolher a alternativa mais eficaz, além de ser neces- A título organizacional, várias pesquisas sugerem que uma Cul-
sário identificar claramente qual é o problema e de se ter em mão- tura Organizacional saudável e vigorosa é capaz de proporcionar
sinformações de qualidade, o gestor precisa possuir também um vários benefícios, incluindo os seguintes:
conhecimento aprofundado do mercado em que atua, conhecendo - Vantagem competitiva derivada de inovação e serviço ao
seus concorrentes e a capacidade organizacional deles. É assim que cliente;
são geridas empresas bem estruturadas e administradas. Esse gru- - Maior desempenho dos empregados;
po é composto especialmente pelas organizações de grande porte. - Coesão da equipe;
É importante que o gestor decida com rapidez e que reduza - Alto nível de alinhamento na busca da realização de objetivos.
a incerteza. Agindo assim poderá planejar de maneira estratégica
possíveis ações futuras que poderão dar à sua empresa vantagem Características
competitiva em relação às concorrentes. De acordo com pesquisadores do assunto, existem sete carac-
• decisão em condições de certeza – ocorre quando há total terísticas básicas que, em conjunto, capturam a essência da cultura
conhecimento de todos os estados da natureza do processo deci- de uma organização:
sório. Inovação e assunção de riscos: o grau em que os funcionários
Chamamos de certeza saber 100% sobre a situação que está são estimulados a inovar e assumir riscos.
ocorrendo no instante em que se está tomando a decisão. Atenção aos detalhes: o grau em que se espera que os funcio-
nários demonstrem precisão, análise e atenção aos detalhes.
• decisão em condições de risco – ocorre quando não são co- Orientação para os resultados: o grau em que os dirigentes fo-
nhecidas as probabilidades associadas a cada um dos estados da cam mais os resultados do que as técnicas e os processos emprega-
natureza do processo decisório. dos para seu alcance.
A situação é pouco conhecida. Para a tomada de decisão em Orientação para as pessoas: o grau em que as decisões dos di-
condições de risco, a certeza irá variar entre 0% e 100%. Sob con- rigentes levam em consideração o efeito dos resultados sobre as
dições de risco, o gestor utiliza a experiência pessoal, sua intuição pessoas dentro da organização.
ou informações secundárias para mensurar as chances de acerto de Orientação para as equipes: o grau em que as atividades de
alternativas ou resultados. trabalho são mais organizadas em termos de equipes do que de
indivíduos.
• decisão em condições de incerteza ou em condições de igno- Agressividade: o grau em que as pessoas são competitivas e
rância – ocorre quando não se obtiveram informações e dados so- agressivas em vez de dóceis e acomodadas.
bre as circunstâncias do processo decisório ou em relação à parcela Estabilidade: o grau em que as atividades organizacionais en-
dessa situação. Para decidir numa situação dessas deve-se recorrer fatizam a manutenção do status quo em contraste com o cresci-
à intuição e à criatividade. mento.

• decisão em condições de competição ou em condições de Tipos de cultura:


conflito – ocorre quando a estratégia e a situação em si do processo - Culturas adaptativas: Caracterizam-se pela sua maleabilidade
de tomada de decisão são determinadas pela ação de competido- e flexibilidade e são voltadas para a inovação e a mudança. São or-
res. Quando ocorre de um gestor, ao tomar uma decisão, prever ganizações que adotam e fazem constantes revisões e atualizações,
que não haverá nenhum resultado não previsto, classificamos essa em suas culturas adaptativas se caracterizam pela criatividade,
decisão como uma decisão programada.21 inovação e mudanças. De um lado, a necessidade de mudança e a
adaptação para garantir a atualização e modernização, e de outro,
CULTURA ORGANIZACIONAL a necessidade de estabilidade e permanência para garantir a identi-
A cultura organizacionalé um conceito desenvolvido por pes- dade da organização. O Japão, por exemplo, é um país que convive
quisadores para explicar os valores e as crenças de uma organiza- com tradições milenares ao mesmo tempo em que cultua e incenti-
ção. De um modo geral, ela é vista como as normas e atitudes co- va a mudança e a inovação constantes.
muns de indivíduos e grupos dentro de uma organização. Através - Culturas conservadoras: Se caracterizam pela manutenção de
deste conjunto de entendimentos mútuos, a Cultura Organizacional ideias, valores, costumes e tradições que permanecem arraigados
controla a maneira como os indivíduos interagem uns com os outros e que não mudam ao longo do tempo. São organizações conserva-
dentro do ambiente laboral, bem como com clientes, fornecedores doras que se mantêm inalteradas como se nada tivesse mudado no
e outras partes interessadas existentes fora dos limites da empresa. mundo ao seu redor.
- Culturas fortes: Seus valores são compartilhados intensamen-
te pela maioria dos funcionários e influencia comportamentos e
expectativas.

21Por Aberlardo Neves / Fonte: www.sandrow.ecn.br

64
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

- Culturas fracas: São culturas mais facilmente mudadas. Como Vimos que as empresas são organizações formadas e manti-
exemplo, seria uma empresa pequena e jovem, como está no início, das pela atividade organizada de pessoas, cujo objetivo individual
é mais fácil para a administração comunicar os novos valores, isto somente pode ser atingido pela conjugação de esforços coletivos.
explica a dificuldade que as grandes corporações tem para mudar Conforme as empresas crescem, os seus objetivos iniciais, que
sua cultura. se confundem com os objetivos de seus indicadores, passam por
Com base nesse conjunto, pode-se dizer que a cultura organi- modificações e gradual complexidade, a tal ponto de os objetivos
zacional onde você está inserido é representada pela forma como organizacionais se tronarem gradativamente diferentes e até mes-
os colaboradores em geral percebem as características da cultura mo antagônicos em relação aos objetivos dos participantes das em-
da empresa. presas.
Por que é importante entender a cultura organizacional? Acei-
tar melhor a sua existência, compreender os seus meandros, en- Enfim, todos os processos pelos quais os administradores pro-
tender como ela é criada, sustentada e aprendida, pode melhorar curam influenciar os seus subordinados para que se comportem
a sua capacidade de sobrevivência na empresa, além de ajudá-lo a dentro das expectativas da empresa. Como não existem empresas
explicar e prever o comportamento dos colegas no trabalho. sem pessoas, a variável humana é um importante desafio para a sua
administração, pois as empresas só podem funcionar se as pesso-
DIREÇÃO as tiverem ocupado seus cargos e desempenhando seus papéis de
Podemos dividir essa função em duas subfunções: acordo com o que lhes foi solicitado. Se quisermos compreender
o comportamento das empresas, precisamos estudar o comporta-
Comandar mento dentro delas.
É a função administrativa que consiste basicamente em: Motivação
Decidir a respeito de “que” (como, onde, quando, com que, É um fator dos principais que cooperam para atingir grandes re-
com quem) fazer, tendo em vista determinados objetivos a serem sultados e, assim, uma boa rentabilidade para a organização. Uma
conseguidos. equipe motivada se dedica mais e tem maior facilidade em entregar
Determinar as pessoas, as tarefas que tem que executar. a demandas segundo a qualidade esperada ou até acima.
É fundamental para quem comanda desfrutar de certo poder: Nesse ponto, para obter sucesso é indispensável que o RH (Re-
•Poder de decisão. cursos Humanos) e os líderes tenham sinergia. Atentando-se aos
•Poder de determinação de tarefas a outras pessoas. pontos vulneráveis que podem ser corrigidos com métodos e capa-
•Poder de delegar – a possibilidade de conferir á outro parte citações. Já os pontos fortes podem ser desenvolvidos de modo a se
do próprio poder. tornarem efetivamente crescentes.
•Poder de propor sanções àqueles que cumpriram ou não ás Não se trata apenas de ações pontuais, as atividades precisam
determinações feitas. ser bem planejadas. É importante ter em mente que a continuida-
de traz resultados a curto, médio e longo prazo. Se torna crucial
Coordenar o comprometimento com a gestão correta para que se alcance o
É a função administrativa que visa ligar, unir, harmonizar todos desenvolvimento de pessoas.
os atos e todos os esforços coletivos através da qual se estabelece
um conjunto de medidas, que tem por objetivo harmonizar recur- Liderança
sos e processos. Dois tipos de Coordenação: É responsável pelo desafiador papel de gerir e conduzir pesso-
•Vertical/Hierárquico: É aquela que se faz com as pessoas sem- as à resultados satisfatórios. Nesse papel, as organizações conside-
pre dentro de uma rigorosa observância das linhas de comando (ou ram de extrema importância colocar um indivíduo de excelência,
escalões hierárquicos estabelecidos). pois cada área necessita de talentos adequados.
•Horizontal: É aquela que se estabelece entre as outras pes- Administrar a equipe sinergicamente, alcançando metas, cum-
soas sem observância dos níveis hierárquicos dessas mesmas pes- prindo prazos, motivando e inspirando cada indivíduo a entregar
soas. Essa coordenação possibilita a comunicação entre as pessoas cada vez melhor seu trabalho é função de um bom líder. Para tanto
de vários departamentos e de diferentes níveis hierárquicos. Risco o comprometimento, planejamento, empatia e inteligência emocio-
Básico: Desmoralização ou destruição das linhas de comando ou nal, geram e mantêm bons relacionamentos interpessoais.
hierarquia.
Uma vez definido o planejamento e estabelecido a organiza- Desempenho
ção, resta fazer as coisas andarem e acontecerem. Este é o papel da É o resultado de uma liderança efetiva e equipe motivada. O
direção, acionar e dinamizar a empresa e fazê-la funcionar. A dire- RH (Recursos Humanos) junto aos líderes de cada área, se torna
ção está relacionada com a ação e como se colocar em mancha e responsável por desenvolver, medir, avaliar regularmente esse de-
tem muito a ver com as pessoas. sempenho, estimulando a melhoria contínua. As ferramentas para
A direção é a função administrativa que se refere às relações essa avaliação são: feedbacks periódicos, que promovem a auto
interpessoais dos administradores com seus subordinados. Ela trata avaliação, análise crítica de cada área e da organização no geral. O
basicamente de relações humanas. Para que o planejamento e a or- plano de carreira que considera evolução de cargos e salários tem
ganização possam ser eficazes, eles precisam ser complementados esse processo como primeiro passo.
pela orientação a ser dada às pessoas por intermédio da comunica-
ção e habilidadede liderança e de motivação. Para dirigir os subor-
dinados, o administrador em qualquer nível da organização no qual
esteja inserido, precisa comunica, liderar e motivar. A maior parte
do tempo do administrador é aplicada em comunicação, liderança
e motivação, gestão de conflitos, enfim todos os processos pelos
quais os administradores procuram influenciar os seus subordina-
dos para que se comporte de acordo com as expectativas e consi-
gam alcançar os objetivos da organização.

65
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

seja, não pode ingressar como autor ou réu em relação proces-


NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: PRINCÍPIOS. sual. Exemplo: Servidor público estadual lotado na Secretaria da Fa-
DESCENTRALIZAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO. ADMI- zenda que pretende interpor ação judicial pugnando o recebimento
NISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA de alguma vantagem pecuniária. Ele não irá propor a demanda em
face da Secretaria, mas sim em desfavor do Estado que é a pessoa
NOÇÕES GERAIS política dotada de personalidade jurídica com capacidade postula-
Para que a Administração Pública possa executar suas ativida- tória para compor a demanda judicial.
des administrativas de forma eficiente com o objetivo de atender
os interesses coletivos é necessária a implementação de tecnicas Administração Indireta
organizacionais que permitam aos administradores públicos decidi- São integrantes da Administração indireta as fundações, as au-
rem, respeitados os meios legias, a forma adequada de repartição tarquias, as empresas públicas e as sociedades de economia mista.
de competencias internas e escalonamento de pessoas para melhor
atender os assuntos relativos ao interesse público. DECRETO-LEI 200/67
Celso Antonio Bandeira de Mello, em sua obra Curso de Direito
Administrativo assim afirma: “...o Estado como outras pessoas de Art. 4° A Administração Federal compreende:
Direito Público que crie, pelos múltiplos cometimentos que lhe as- [...]
sistem, têm de repartir, no interior deles mesmos, os encargos de II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes ca-
sua alçada entre diferentes unidades, representativas, cada qual, tegorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria:
de uma parcela de atribuições para decidir os assuntos que lhe são a) Autarquias;
afetos...” b) Empresas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista.
A Organização Administrativa é a parte do Direito Administra- d) fundações públicas.
tivo que normatiza os órgãos e pessoas jurídicas que a compõem, Parágrafo único. As entidades compreendidas na Administra-
além da estrutura interna da Administração Pública. ção Indireta vinculam-se ao Ministério em cuja área de competência
Em âmbito federal, o assunto vem disposto no Decreto-Lei n. estiver enquadrada sua principal atividade.
200/67 que “dispõe sobre a organização da Administração Pública
Federal e estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa”.
Essas quatro pessoas ou entidades administrativas são criadas
O certo é que, durante o exercício de suas atribuições, o Esta-
para a execução de atividades de forma descentralizada, seja para
do pode desenvolver as atividades administrativas que lhe compete
a prestação de serviços públicos ou para a exploração de atividades
por sua própria estrutura ou então prestá-la por meio de outros
sujeitos. econômicas, com o objetivo de aumentar o grau de especialidade
A Organização Administrativa estabelece as normas justamen- e eficiência da prestação do serviço público. Têm característica de
te para regular a prestação dos encargos administrativos do Estado autonomia na parte administrativa e financeira
bem como a forma de execução dessas atividades, utilizando-se de O Poder Público só poderá explorar atividade econômica a títu-
técnicas administrativas previstas em lei. lo de exceção em duas situações previstas na CF/88, no seu art. 173:
- Para fazer frente à uma situação de relevante interesse cole-
ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA tivo;
Em âmbito federal o Decreto-Lei 200/67 regula a estrutura ad- - Para fazer frente à uma situação de segurança nacional.
ministrativa dividindo, para tanto, em Administração Direta e Admi-
nistração Indireta. O Poder Público não tem a obrigação de gerar lucro quando
explora atividade econômica. Quando estiver atuando na atividade
Administração Direta econômica, entretanto, estará concorrendo em grau de igualdade
A Administração Pública Direta é o conjunto de órgãos públi- com os particulares, estando sob o regime do art. 170 da CF/88,
cos vinculados diretamente ao chefe da esfera governamental que inclusive quanto à livre concorrência.
a integram.
DECRETO-LEI 200/67
DESCONCENTRAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO
Art. 4° A Administração Federal compreende: No decorrer das atividades estatais, a Administração Pública
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integra- pode executar suas ações por meios próprios, utilizando-se da es-
dos na estrutura administrativa da Presidência da República e dos trutura administrativa do Estado de forma centralizada, ou então
Ministérios. transferir o exercício de certos encargos a outras pessoas, como en-
tidades concebidas para este fim de maneira descentralizada.
Por característica não possuem personalidade jurídica própria, Assim, como técnica administrativa de organização da execu-
patrimônio e autonomia administrativa e cujas despesas são reali- ção das atividades administrativas, o exercício do serviço público
zadas diretamente por meio do orçamento da referida esfera.
poderá ser por:
Centralização: Quando a execução do serviço estiver sendo
Assim, é responsável pela gestão dos serviços públicos executa-
feita pela Administração direta do Estado, ou seja, utilizando-se do
dos pelas pessoas políticas por meio de um conjunto de órgãos que
conjunto orgânico estatal para atingir as demandas da sociedade.
estão integrados na sua estrutura.
Outra característica marcante da Administração Direta é que (ex.: Secretarias, Ministérios, departamentos etc.).
não possuem personalidade jurídica, pois não podem contrair direi- Dessa forma, o ente federativo será tanto o titular como o pres-
tos e assumir obrigações, haja vista que estes pertencem a pessoa tador do serviço público, o próprio estado é quem centraliza a exe-
política (União, Estado, Distrito Federal e Municípios). cução da atividade.
A Administração direta não possui capacidade postulatória, ou

66
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

Descentralização: Quando estiver sendo feita por terceiros que Desta forma, para que sejam empoderados de dinamismo e
não se confundem com a Administração direta do Estado. Esses ter- ação os órgãos públicos necessitam da atuação de seres físicos, su-
ceiros poderão estar dentro ou fora da Administração Pública (são jeitos que ocupam espaço de competência no interior dos órgãos
sujeitos de direito distinto e autônomo). para declararem a vontade estatal, denominados agentes públicos.
Se os sujeitos que executarão a atividade estatal estiverem vin-
culadas a estrutura centra da Administração Pública, poderão ser Criação e extinção
autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de econo- A criação e a extinção dos órgãos públicos ocorre por meio de
mia mista (Administração indireta do Estado). Se estiverem fora da lei, conforme se extrai da leitura conjugada dos arts. 48, XI, e 84,
Administração, serão particulares e poderão ser concessionários, VI, a, da Constituição Federal, com alteração pela EC n.º 32/2001.6
permissionários ou autorizados. Em regra, a iniciativa para o projeto de lei de criação dos órgãos
Assim, descentralizar é repassar a execução de das atividades públicos é do Chefe do Executivo, na forma do art. 61, § 1.º, II da
administrativas de uma pessoa para outra, não havendo hierarquia. Constituição Federal.
Pode-se concluir que é a forma de atuação indireta do Estado por
meio de sujeitos distintos da figura estatal “Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe
Desconcentração: Mera técnica administrativa que o Estado a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do
utiliza para a distribuição interna de competências ou encargos de Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da Re-
sua alçada, para decidir de forma desconcentrada os assuntos que pública, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao
lhe são competentes, dada a multiplicidade de demandas e interes- Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos
ses coletivos. previstos nesta Constituição.
Ocorre desconcentração administrativa quando uma pessoa
política ou uma entidade da administração indireta distribui com- § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as
petências no âmbito de sua própria estrutura a fim de tornar mais leis que:
ágil e eficiente a prestação dos serviços. [...]
Desconcentração envolve, obrigatoriamente, uma só pessoa
jurídica, pois ocorre no âmbito da mesma entidade administrativa. II - disponham sobre:
Surge relação de hierarquia de subordinação entre os órgãos [...]
dela resultantes. No âmbito das entidades desconcentradas temos
controle hierárquico, o qual compreende os poderes de comando, e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração
fiscalização, revisão, punição, solução de conflitos de competência, pública, observado o disposto no art. 84, VI;
delegação e avocação.
Entretanto, em alguns casos, a iniciativa legislativa é atribuída,
Diferença entre Descentralização e Desconcentração pelo texto constitucional, a outros agentes públicos, como ocorre,
As duas figuras técnicas de organização administrativa do Esta- por exemplo, em relação aos órgãos do Poder Judiciário (art. 96, II,
do não podem ser confundidas tendo em vista que possuem con- c e d, da Constituição Federal) e do Ministério Público (127, § 2.º),
ceitos completamente distintos. cuja iniciativa pertence aos representantes daquelas instituições.
A Descentralização pressupõe, por sua natureza, a existência Trata-se do princípio da reserva legal aplicável às técnicas de
de pessoas jurídicas diversas sendo: organização administrativa (desconcentração para órgãos públicos
a) o ente público que originariamente tem a titularidade sobre e descentralização para pessoas físicas ou jurídicas).
a execução de certa atividade, e;
Atualmente, no entanto, não é exigida lei para tratar da orga-
b) pessoas/entidades administrativas ou particulares as quais
nização e do funcionamento dos órgãos públicos, já que tal matéria
foi atribuído o desempenho da atividade em questão.
pode ser estabelecida por meio de decreto do Chefe do Executivo.
De forma excepcional, a criação de órgãos públicos poderá ser
Importante ressaltar que dessa relação de descentralização não
instrumentalizada por ato administrativo, tal como ocorre na insti-
há que se falar em vínculo hierárquico entre a Administração Cen-
tuição de órgãos no Poder Legislativo, na forma dos arts. 51, IV, e
tral e a pessoa descentralizada, mantendo, no entanto, o controle
52, XIII, da Constituição Federal.
sobre a execução das atividades que estão sendo desempenhadas.
Neste contexto, vemos que os órgãos são centros de compe-
tência instituídos para praticar atos e implementar políticas por in-
Por sua vez, a desconcentração está sempre referida a uma úni-
ca pessoa, pois a distribuição de competência se dará internamen- termédio de seus agentes, cuja conduta é imputada à pessoa jurídi-
te, mantendo a particularidade da hierarquia. ca. Esse é o conceito administrativo de órgão. É sempre um centro
de competência, que decorre de um processo de desconcentração
CRIAÇÃO, EXTINÇÃO E CAPACIDADE PROCESSUAL DOS ÓR- dentro da Administração Pública.
GÃOS PÚBLICOS
Capacidade Processual dos Órgãos Públicos
Conceito Como visto, órgão público pode ser definido como uma unida-
Órgãos Públicos, de acordo com a definição do jurista adminis- de que congrega atribuições exercidas pelos agentes públicos que o
trativo Celso Antônio Bandeira de Mello “são unidade abstratas que integram com o objetivo de expressar a vontade do Estado.
sintetizam os vários círculos de atribuição do Estado.” Na realidade, o órgão não se confunde com a pessoa jurídica,
Por serem caracterizados pela abstração, não tem nem vonta- embora seja uma de suas partes integrantes; a pessoa jurídica é o
de e nem ação próprias, sendo os órgão públicos não passando de todo, enquanto os órgãos são parcelas integrantes do todo.
mera repartição de atribuições, assim entendidos como uma uni-
dade que congrega atribuições exercidas por seres que o integram
com o objetivo de expressar a vontade do Estado.

67
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

O órgão também não se confunde com a pessoa física, o agente


público, porque congrega funções que este vai exercer. Conforme As autarquias são regidas integralmente por regras de direito
estabelece o artigo 1º, § 2º, inciso I, da Lei nº 9.784/99, que disci- público, podendo, tão-somente, serem prestadoras de serviços e
plina o processo administrativo no âmbito da Administração Públi- contando com capital oriundo da Administração Direta (ex.: IN-
ca Federal, órgão é “a unidade de atuação integrante da estrutura CRA, INSS, DNER, Banco Central etc.).
da Administração direta e da estrutura da Administração indireta”.
Isto equivale a dizer que o órgão não tem personalidade jurídica Características: Temos como principais características das au-
própria, já que integra a estrutura da Administração Direta, ao con- tarquias:
trário da entidade, que constitui “unidade de atuação dotada de - Criação por lei: é exigência que vem desde o Decreto-lei nº 6
personalidade jurídica” (inciso II do mesmo dispositivo); é o caso 016/43, repetindo-se no Decreto-lei nº 200/67 e no artigo 37, XIX,
das entidades da Administração Indireta (autarquias, fundações, da Constituição;
empresas públicas e sociedades de economia mista). - Personalidade jurídica pública: ela é titular de direitos e obri-
Nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Mello, os órgãos: gações próprios, distintos daqueles pertencentes ao ente que a ins-
“nada mais significam que círculos de atribuições, os feixes indivi- tituiu: sendo pública, submete-se a regime jurídico de direito públi-
duais de poderes funcionais repartidos no interior da personalidade co, quanto à criação, extinção, poderes, prerrogativas, privilégios,
estatal e expressados através dos agentes neles providos”. sujeições;
Embora os órgãos não tenham personalidade jurídica, eles - Capacidade de autoadministração: não tem poder de criar o
podem ser dotados de capacidade processual. A doutrina e a ju- próprio direito, mas apenas a capacidade de se auto administrar a
risprudência têm reconhecido essa capacidade a determinados ór- respeito das matérias especificas que lhes foram destinadas pela
gãos públicos, para defesa de suas prerrogativas. pessoa pública política que lhes deu vida. A outorga de patrimônio
Nas palavras de Hely Lopes Meirelles, “embora despersonaliza- próprio é necessária, sem a qual a capacidade de autoadministra-
dos, os órgãos mantêm relações funcionais entre si e com terceiros, ção não existiria.
das quais resultam efeitos jurídicos internos e externos, na forma Pode-se compreender que ela possui dirigentes e patrimônio
legal ou regulamentar. E, a despeito de não terem personalidade próprios.
jurídica, os órgãos podem ter prerrogativas funcionais próprias que, - Especialização dos fins ou atividades: coloca a autarquia entre
quando infringidas por outro órgão, admitem defesa até mesmo as formas de descentralização administrativa por serviços ou fun-
por mandado de segurança”. cional, distinguindo-a da descentralização territorial; o princípio da
Por sua vez, José dos Santos Carvalho Filho, depois de lem- especialização impede de exercer atividades diversas daquelas para
brar que a regra geral é a de que o órgão não pode ter capacida- as quais foram instituídas; e
de processual, acrescenta que “de algum tempo para cá, todavia, - Sujeição a controle ou tutela: é indispensável para que a au-
tem evoluído a ideia de conferir capacidade a órgãos públicos para tarquia não se desvie de seus fins institucionais.
certos tipos de litígio. Um desses casos é o da impetração de man- - Liberdade Financeira: as autarquias possuem verbas próprias
dado de segurança por órgãos públicos de natureza constitucional, (surgem como resultado dos serviços que presta) e verbas orça-
quando se trata da defesa de sua competência, violada por ato de mentárias (são aquelas decorrentes do orçamento). Terão liberdade
outro órgão”. Admitindo a possibilidade do órgão figurar como par- para manejar as verbas que recebem como acharem conveniente,
te processual. dentro dos limites da lei que as criou.
Desta feita é inafastável a conclusão de que órgãos públicos - Liberdade Administrativa: as autarquias têm liberdade para
possuem personalidade judiciária. Mais do que isso, é lícito dizer desenvolver os seus serviços como acharem mais conveniente
que os órgãos possuem capacidade processual (isto é, legitimidade (comprar material, contratar pessoal etc.), dentro dos limites da lei
para estar em juízo), inclusive mediante procuradoria própria, que as criou.
Ainda por meio de construção jurisprudencial, acompanhando
a evolução jurídica neste aspecto tem reconhecido capacidade pro- Patrimônio: as autarquias são constituídas por bens públicos,
cessual a órgãos públicos, como Câmaras Municipais, Assembleias conforme dispõe o artigo 98, Código Civil e têm as seguintes carac-
Legislativas, Tribunal de Contas. Mas a competência é reconhecida terísticas:
apenas para defesa das prerrogativas do órgão e não para atuação a) São alienáveis
em nome da pessoa jurídica em que se integram. b) impenhoráveis;
c) imprescritíveis
d) não oneráveis.
PESSOAS ADMINISTRATIVAS Pessoal: em conformidade com o que estabelece o artigo 39
da Constituição, em sua redação vigente, as pessoas federativas
Pessoas Políticas (União, Estados, DF e Municípios) ficaram com a obrigação de insti-
tuir, no âmbito de sua organização, regime jurídico único para todos
Autarquias os servidores da administração direta, das autarquias e das funda-
As autarquias são pessoas jurídicas de direito público criadas ções públicas.
por lei para a prestação de serviços públicos e executar as ativida-
des típicas da Administração Pública, contando com capital exclusi- Controle Judicial: as autarquias, por serem dotadas de persona-
vamente público. lidade jurídica de direito público, podem praticar atos administrati-
O Decreto-lei 200/67 assim conceitua as autarquias: vos típicos e atos de direito privado (atípicos), sendo este último,
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: controlados pelo judiciário, por vias comuns adotadas na legislação
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com perso- processual, tal como ocorre com os atos jurídicos normais pratica-
nalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar ati- dos por particulares.
vidades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu
melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descen-
tralizada.

68
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

Foro dos litígios judiciais: a fixação da competência varia de [...]


acordo com o nível federativo da autarquia, por exemplo, os litígios
comuns, onde as autarquias federais figuram como autoras, rés, as- II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurí-
sistentes ou oponentes, têm suas causas processadas e julgadas na dica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo
Justiça Federal, o mesmo foro apropriado para processar e julgar da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica
mandados de segurança contra agentes autárquicos. que o Governo seja levado a exercer por fôrça de contingência ou
Quanto às autarquias estaduais e municipais, os processos em de conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer das
que encontramos como partes ou intervenientes terão seu curso na formas admitidas em direito.
Justiça Estadual comum, sendo o juízo indicado pelas disposições
da lei estadual de divisão e organização judiciárias. As empresas públicas têm seu próprio patrimônio e seu capital
Nos litígios decorrentes da relação de trabalho, o regime po- é integralmente detido pela União, Estados, Municípios ou pelo Dis-
derá ser estatutário ou trabalhista. Sendo estatutário, o litígio será trito Federal, podendo contar com a participação de outras pessoas
de natureza comum, as eventuais demandas deverão ser processa- jurídicas de direito público, ou também pelas entidades da admi-
das e julgadas nos juízos fazendários. Porém, se o litígio decorrer nistração indireta de qualquer das três esferas de governo, porém,
de contrato de trabalho firmado entre a autarquia e o servidor, a a maioria do capital deve ser de propriedade da União, Estados,
natureza será de litígio trabalhista (sentido estrito), devendo ser re- Municípios ou do Distrito Federal.
solvido na Justiça do Trabalho, seja a autarquia federal, estadual ou
municipal. Foro Competente
Responsabilidade civil: prevê a Constituição Federal que as pes- A Justiça Federal julga as empresas públicas federais, enquanto
soas jurídicas de direito público respondem pelos danos que seus a Justiça Estadual julga as empresas públicas estaduais, distritais e
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros. municipais.
A regra contida no referido dispositivo, consagra a teoria da
responsabilidade objetiva do Estado, aquela que independe da in- Objetivo
vestigação sobre a culpa na conduta do agente. É a exploração de atividade econômica de produção ou comer-
cialização de bens ou de prestação de serviços, ainda que a ativida-
Prerrogativas autárquicas: as autarquias possuem algumas de econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da União ou
prerrogativas de direito público, sendo elas: preste serviço público.
- Imunidade tributária: previsto no art. 150, § 2 º, da CF, veda
a instituição de impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços Regime Jurídico
das autarquias, desde que vinculados às suas finalidades essenciais Se a empresa pública é prestadora de serviços públicos, por
ou às que delas decorram. Podemos, assim, dizer que a imunidade consequência está submetida a regime jurídico público. Se a empre-
para as autarquias tem natureza condicionada. sa pública é exploradora de atividade econômica, estará submetida
- Impenhorabilidade de seus bens e de suas rendas: não pode a regime jurídico privado igual ao da iniciativa privada.
ser usado o instrumento coercitivo da penhora como garantia do As empresas públicas, independentemente da personalidade
credor. jurídica, têm as seguintes características:
- Imprescritibilidade de seus bens: caracterizando-se como - Liberdade financeira: Têm verbas próprias, mas também são
bens públicos, não podem ser eles adquiridos por terceiros através contempladas com verbas orçamentárias;
de usucapião. - Liberdade administrativa: Têm liberdade para contratar e de-
- Prescrição quinquenal: dívidas e direitos em favor de terceiros mitir pessoas, devendo seguir as regras da CF/88. Para contratar,
contra autarquias prescrevem em 5 anos. deverão abrir concurso público; para demitir, deverá haver moti-
- Créditos sujeitos à execução fiscal: os créditos autárquicos são vação.
inscritos como dívida ativa e podem ser cobrados pelo processo es-
pecial das execuções fiscais. Não existe hierarquia ou subordinação entre as empresas pú-
blicas e a Administração Direta, independentemente de sua fun-
Contratos: os contratos celebrados pelas autarquias são de ção. Poderá a Administração Direta fazer controle de legalidade e
caráter administrativo e possuem as cláusulas exorbitantes, que finalidade dos atos das empresas públicas, visto que estas estão
garantem à administração prerrogativas que o contratado comum vinculadas àquela. Só é possível, portanto, controle de legalidade
não tem, assim, dependem de prévia licitação, exceto nos casos de finalístico.
dispensa ou inexigibilidade e precisam respeitar os trâmites da lei Como já estudado, a empresa pública será prestadora de ser-
8.666/1993, além da lei 10.520/2002, que institui a modalidade lici- viços públicos ou exploradora de atividade econômica. A CF/88
tatória do pregão para os entes públicos. somente admite a empresa pública para exploração de atividade
Isto acontece pelo fato de que por terem qualidade de pessoas econômica em duas situações (art. 173 da CF/88):
jurídicas de direito público, as entidades autárquicas relacionam-se - Fazer frente a uma situação de segurança nacional;
com os particulares com grau de supremacia, gozando de todas as - Fazer frente a uma situação de relevante interesse coletivo:
prerrogativas estatais.
A empresa pública deve obedecer aos princípios da ordem
Empresas Públicas econômica, visto que concorre com a iniciativa privada. Quando o
Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado, e Estado explora, portanto, atividade econômica por intermédio de
tem sua criação por meio de autorização legal, isso significa dizer uma empresa pública, não poderão ser conferidas a ela vantagens
que não são criadas por lei, mas dependem de autorização legis- e prerrogativas diversas das da iniciativa privada (princípio da livre
lativa. concorrência).
O Decreto-lei 200/67 assim conceitua as empresas públicas: Cabe ressaltar que as Empresas Públicas são fiscalizadas pelo
Ministério Público, a fim de saber se está sendo cumprido o acor-
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: dado.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

Sociedades de Economia Mista Fundações e Outras Entidades Privadas Delegatárias.


As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de Fundação é uma pessoa jurídica composta por um patrimônio
Direito Privado, integrante da Administração Pública Indireta, sua personalizado, destacado pelo seu instituidor para atingir uma fina-
criação autorizada por lei, criadas para a prestação de serviços pú- lidade específica. As fundações poderão ser tanto de direito público
blicos ou para a exploração de atividade econômica, contando com quanto de direito privado. São criadas por meio de por lei específica
capital misto e constituídas somente sob a forma empresarial de cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de
S/A (Sociedade Anônima). sua atuação.
O Decreto-lei 200/67 assim conceitua as empresas públicas: Decreto-lei 200/67 assim definiu as Fundações Públicas.

Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
[...] [...
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade ju-
III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de perso- rídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de
nalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que
de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público,
ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos
entidade da Administração Indireta. respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recur-
sos da União e de outras fontes.
As sociedades de economia mista são:
Apesar da legislação estabelecer que as fundações públicas são
- Pessoas jurídicas de Direito Privado.
dotadas de personalidade jurídica de direito privado, a doutrina ad-
- Exploradoras de atividade econômica ou prestadoras de ser-
ministrativa admite a adoção de regime jurídico de direito público
viços públicos. a algumas fundações.
- Empresas de capital misto. As fundações que integram a Administração indireta, quando
- Constituídas sob forma empresarial de S/A. forem dotadas de personalidade de direito público, serão regidas
integralmente por regras de Direito Público. Quando forem dotadas
Veja alguns exemplos de sociedade mista: de personalidade de direito privado, serão regidas por regras de di-
a). Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil. reito público e direito privado, dada sua relevância para o interesse
b) Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp, Metrô, coletivo.
entre outras O patrimônio da fundação pública é destacado pela Adminis-
tração direta, que é o instituidor para definir a finalidade pública.
Características Como exemplo de fundações, temos: IBGE (Instituto Brasileiro Ge-
As sociedades de economia mista têm as seguintes caracterís- ográfico Estatístico); Universidade de Brasília; Fundação CASA; FU-
ticas: NAI; Fundação Padre Anchieta (TV Cultura), entre outras.
- Liberdade financeira;
- Liberdade administrativa; Características:
- Dirigentes próprios; - Liberdade financeira;
- Patrimônio próprio. - Liberdade administrativa;
- Dirigentes próprios;
Não existe hierarquia ou subordinação entre as sociedades de - Patrimônio próprio:
economia mista e a Administração Direta, independentemente da
função dessas sociedades. No entanto, é possível o controle de le- As fundações governamentais, sejam de personalidade de di-
galidade. Se os atos estão dentro dos limites da lei, as sociedades reito público, sejam de direito privado, integram a Administração
não estão subordinadas à Administração Direta, mas sim à lei que Pública. Importante esclarecer que não existe hierarquia ou subor-
as autorizou. dinação entre a fundação e a Administração direta. O que existe é
As sociedades de economia mista integram a Administração um controle de legalidade, um controle finalístico.
As fundações são dotadas dos mesmos privilégios que a Admi-
Indireta e todas as pessoas que a integram precisam de lei para au-
nistração direta, tanto na área tributária (ex.: imunidade prevista no
torizar sua criação, sendo que elas serão legalizadas por meio do
art. 150 da CF/88), quanto na área processual (ex.: prazo em dobro).
registro de seus estatutos.
As fundações respondem pelas obrigações contraídas junto a
terceiros. A responsabilidade da Administração é de caráter subsi-
A lei, portanto, não cria, somente autoriza a criação das so- diário, independente de sua personalidade.
ciedades de economia mista, ou seja, independentemente das ati- As fundações governamentais têm patrimônio público. Se ex-
vidades que desenvolvam, a lei somente autorizará a criação das tinta, o patrimônio vai para a Administração indireta, submetendo-
sociedades de economia mista. -se as fundações à ação popular e mandado de segurança. As par-
A Sociedade de economia mista, quando explora atividade eco- ticulares, por possuírem patrimônio particular, não se submetem
nômica, submete-se ao mesmo regime jurídico das empresas pri- à ação popular e mandado de segurança, sendo estas fundações
vadas, inclusive as comerciais. Logo, a sociedade mista que explora fiscalizadas pelo Ministério Público.
atividade econômica submete-se ao regime falimentar. Sociedade
de economia mista prestadora de serviço público não se submete
ao regime falimentar, visto que não está sob regime de livre con-
corrência.

70
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

DELEGAÇÃO SOCIAL Se descumpridas as metas previstas no contrato de gestão, o


Poder Executivo poderá proceder à desqualificação da entidade
Organizações sociais como organização social, desde que precedida de processo admi-
Criada pela Lei n. 9.637/98, organização social é uma qualifica- nistrativo com garantia de contraditório e ampla defesa.
ção especial outorgada pelo governo federal a entidades da inicia- Por fim, convém relembrar que o art. 24, XXIV, da Lei n.
tiva privada, sem fins lucrativos, cuja outorga autoriza a fruição de 8.666/93 prevê hipótese de dispensa de licitação para a celebração
vantagens peculiares, como isenções fiscais, destinação de recursos de contratos de prestação de serviços com a s organizações sociais,
orçamentários, repasse de bens públicos, bem como empréstimo qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para
temporário de servidores governamentais. atividades contempladas no contrato de gestão. Excessivamente
As áreas de atuação das organizações sociais são ensino, pes- abrangente, o art. 24, XXIV, da Lei n. 8.666/93, tem a sua consti-
quisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preserva- tucionalidade questionada perante o Supremo Tribunal Federal na
ção do meio ambiente, cultura e saúde. Desempenham, portanto, ADIn 1.923/98. Recentemente, foi indeferida a medida cautelar que
atividades de interesse público, mas que não se caracterizam como suspendia a eficácia da norma, de modo que o dispositivo voltou a
serviços públicos stricto sensu, razão pela qual é incorreto afirmar ser aplicável.
que as organizações sociais são concessionárias ou permissionárias.
Nos termos do art. 2º da Lei n. 9.637/98, a outorga da qualifi- Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público
cação constitui decisão discricionária, pois, além da entidade pre- As Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, popu-
encher os requisitos exigidos na lei, o inciso II do referido disposi- larmente denominadas OSCIP é um título fornecido pelo Ministério
tivo condiciona a atribuição do título a “haver aprovação, quanto à da Justiça do Brasil, cuja finalidade é facilitar a viabilidade de parce-
conveniência e oportunidade de sua qualificação como organização rias e convênios com todos os níveis de governo e órgãos públicos
social, do Ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador da (federal, estadual e municipal).
área de atividade correspondente ao seu objeto social e do Ministro OSCIPs são ONGs criadas por iniciativa privada, que obtêm um
de Estado da Administração Federal e Reforma do Estado”. Assim, certificado emitido pelo poder público federal ao comprovar o cum-
as entidades que preencherem os requisitos legais possuem sim- primento de certos requisitos, especialmente aqueles derivados de
ples expectativa de direito à obtenção da qualificação, nunca direito normas de transparência administrativas. Em contrapartida, podem
adquirido. celebrar com o poder público os chamados termos de parceria, que
Evidentemente, o caráter discricionário dessa decisão, permi- são uma alternativa interessante aos convênios para ter maior agili-
tindo outorgar a qualificação a uma entidade e negar a outro que dade e razoabilidade em prestar contas.
igualmente atendeu aos requisitos legais, viola o princípio da iso- Uma ONG (Organização Não-Governamental), essencialmente
nomia, devendo-se considerar inconstitucional o art. 2º, II, da Lei é uma OSCIP, no sentido representativo da sociedade, OSCIP é uma
n. 9.637/98. qualificação dada pelo Ministério da Justiça no Brasil.
Na verdade, as organizações sociais representam uma espécie A lei que regula as OSCIPs é a nº 9.790/1999. Esta lei traz a
de parceria entre a Administração e a iniciativa privada, exercen- possibilidade das pessoas jurídicas (grupos de pessoas ou profissio-
do atividades que, antes da Emenda 19/98, eram desempenhadas nais) de direito privado sem fins lucrativos serem qualificadas, pelo
por entidades públicas. Por isso, seu surgimento no Direito Brasi- Poder Público, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse
leiro está relacionado com um processo de privatização lato sensu Público - OSCIPs e poderem com ele relacionar-se por meio de par-
realizado por meio da abertura de atividades públicas à iniciativa ceria, desde que os seus objetivos sociais e as normas estatutárias
privada. atendam os requisitos da lei.
O instrumento de formalização da parceria entre a Administra- Um grupo privado recebe a qualificação de OSCIP depois que o
ção e a organização social é o contrato de gestão, cuja aprovação estatuto da instituição, que se pretende formar, tenha sido analisa-
deve ser submetida ao Ministro de Estado ou outra autoridade su- do e aprovado pelo Ministério da Justiça. Para tanto, é necessário
pervisora da área de atuação da entidade. que o estatuto atenda a certos pré-requisitos que estão descritos
O contrato de gestão discriminará as atribuições, responsabi- nos artigos 1º, 2º, 3º e 4º da Lei nº 9.790/1999. Vejamos:
lidades e obrigações do Poder Público e da organização social, de-
vendo obrigatoriamente observar os seguintes preceitos: Art. 1º Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade
I - especificação do programa de trabalho proposto pela organi- Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de direito privado sem
zação social, a estipulação das metas a serem atingidas e os respec- fins lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem em
tivos prazos de execução, bem como previsão expressa dos critérios funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos, desde que os
objetivos de avaliação de desempenho a serem utilizados, median- respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos re-
te indicadores de qualidade e produtividade; quisitos instituídos por esta Lei.
II - a estipulação dos limites e critérios para despesa com re- § 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se sem fins lucrativos
muneração e vantagens de qualquer natureza a serem percebidas a pessoa jurídica de direito privado que não distribui, entre os seus
pelos dirigentes e empregados das organizações sociais, no exercí- sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados ou doa-
cio de suas funções; dores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos, divi-
III - os Ministros de Estado ou autoridades supervisoras da área dendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio,
de atuação da entidade devem definir as demais cláusulas dos con- auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplica
tratos de gestão de que sejam signatários. integralmente na consecução do respectivo objeto social.
§ 2o A outorga da qualificação prevista neste artigo é ato vincu-
A fiscalização do contrato de gestão será exercida pelo órgão ou lado ao cumprimento dos requisitos instituídos por esta Lei.
entidade supervisora da área de atuação correspondente à ativida- Art. 2o Não são passíveis de qualificação como Organizações
de fomentada, devendo a organização social apresentar, ao término da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de
de cada exercício, relatório de cumprimento das metas fixadas no qualquer forma às atividades descritas no art. 3o desta Lei:
contrato de gestão. I - as sociedades comerciais;

71
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação Art. 4o Atendido o disposto no art. 3o, exige-se ainda, para qua-
de categoria profissional; lificarem-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Pú-
III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação blico, que as pessoas jurídicas interessadas sejam regidas por esta-
de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais; tutos cujas normas expressamente disponham sobre:
IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas I - a observância dos princípios da legalidade, impessoalidade,
fundações; moralidade, publicidade, economicidade e da eficiência;
V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar II - a adoção de práticas de gestão administrativa, necessárias
bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios; e suficientes a coibir a obtenção, de forma individual ou coletiva, de
VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saú- benefícios ou vantagens pessoais, em decorrência da participação
de e assemelhados; no respectivo processo decisório;
VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas III - a constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente, dota-
mantenedoras; do de competência para opinar sobre os relatórios de desempenho
VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gra- financeiro e contábil, e sobre as operações patrimoniais realizadas,
tuito e suas mantenedoras; emitindo pareceres para os organismos superiores da entidade;
IX - as organizações sociais; IV - a previsão de que, em caso de dissolução da entidade, o
X - as cooperativas; respectivo patrimônio líquido será transferido a outra pessoa jurídi-
XI - as fundações públicas; ca qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente que tenha o
XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito mesmo objeto social da extinta;
privado criadas por órgão público ou por fundações públicas; V - a previsão de que, na hipótese de a pessoa jurídica perder a
XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de qualificação instituída por esta Lei, o respectivo acervo patrimonial
vinculação com o sistema financeiro nacional a que se refere o art. disponível, adquirido com recursos públicos durante o período em
192 da Constituição Federal. que perdurou aquela qualificação, será transferido a outra pessoa
jurídica qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente que te-
Art. 3o A qualificação instituída por esta Lei, observado em nha o mesmo objeto social;
qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços, no res- VI - a possibilidade de se instituir remuneração para os diri-
pectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será conferi- gentes da entidade que atuem efetivamente na gestão executiva
da às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos e para aqueles que a ela prestam serviços específicos, respeitados,
objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades: em ambos os casos, os valores praticados pelo mercado, na região
I - promoção da assistência social; correspondente a sua área de atuação;
II - promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio VII - as normas de prestação de contas a serem observadas pela
histórico e artístico; entidade, que determinarão, no mínimo:
III - promoção gratuita da educação, observando-se a forma a) a observância dos princípios fundamentais de contabilidade
complementar de participação das organizações de que trata esta e das Normas Brasileiras de Contabilidade;
Lei; b) que se dê publicidade por qualquer meio eficaz, no encerra-
IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a forma com- mento do exercício fiscal, ao relatório de atividades e das demons-
plementar de participação das organizações de que trata esta Lei; trações financeiras da entidade, incluindo-se as certidões negativas
V - promoção da segurança alimentar e nutricional; de débitos junto ao INSS e ao FGTS, colocando-os à disposição para
VI - defesa, preservação e conservação do meio ambiente e pro- exame de qualquer cidadão;
moção do desenvolvimento sustentável; c) a realização de auditoria, inclusive por auditores externos
VII - promoção do voluntariado; independentes se for o caso, da aplicação dos eventuais recursos
VIII - promoção do desenvolvimento econômico e social e com- objeto do termo de parceria conforme previsto em regulamento;
bate à pobreza; d) a prestação de contas de todos os recursos e bens de origem
IX - experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio- pública recebidos pelas Organizações da Sociedade Civil de Interes-
-produtivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, em- se Público será feita conforme determina o parágrafo único do art.
prego e crédito; 70 da Constituição Federal.
X - promoção de direitos estabelecidos, construção de novos di- Parágrafo único. É permitida a participação de servidores pú-
reitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar; blicos na composição de conselho ou diretoria de Organização da
XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos hu- Sociedade Civil de Interesse Público.
manos, da democracia e de outros valores universais;
XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias al- Pode-se dizer que as OSCIPs são o reconhecimento oficial e le-
ternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos gal mais próximo do que modernamente se entende por ONG, es-
técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas pecialmente porque são marcadas por uma extrema transparência
neste artigo. administrativa. Contudo ser uma OSCIP é uma opção institucional,
XIII - estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibi- não uma obrigação.
lização e a implementação de tecnologias voltadas à mobilidade de Em geral, o poder público sente-se muito à vontade para se
pessoas, por qualquer meio de transporte. relacionar com esse tipo de instituição, porque divide com a socie-
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a dedicação às ati- dade civil o encargo de fiscalizar o fluxo de recursos públicos em
vidades nele previstas configura-se mediante a execução direta de parcerias.
projetos, programas, planos de ações correlatas, por meio da doa- A OSCIP, portanto, é uma organização da sociedade civil que,
ção de recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda pela presta- em parceria com o poder público, utilizará também recursos públi-
ção de serviços intermediários de apoio a outras organizações sem cos para suas finalidades, dividindo dessa forma o encargo adminis-
fins lucrativos e a órgãos do setor público que atuem em áreas afins. trativo e de prestação de contas.

72
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

Entidades de utilidade pública Fazendo-se um comparativo, a Constituição Federal não admite


Figuram ainda como entidades privadas de utilidade pública: que esses conselhos tenham personalidade jurídica de direito pri-
vado, gozando de prerrogativas que são conferidas ao Estado. Os
Serviços sociais autônomos conselhos profissionais com natureza autárquica é uma forma de
São pessoas jurídicas de direito privado, criados por intermé- descentralizar a atividade administrativa que não pode mais ser de-
dio de autorização legislativa. Tratam-se de entes paraestatais de legada a associações profissionais de caráter privado.
cooperação com o Poder Público, possuindo administração e patri-
mônio próprios.
Para ficar mais fácil de compreender, basta pensar no sistema CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS ORGANIZAÇÕES FOR-
“S”, cujo o qual resulta do fato destas entidades ligarem-se à es- MAIS MODERNAS: TIPOS DE ESTRUTURA ORGANI-
trutura sindical e terem sua denominação iniciada com a letra “S” ZACIONAL, NATUREZA, FINALIDADES E CRITÉRIOS DE
– SERVIÇO. DEPARTAMENTALIZAÇÃO
Integram o Sistema “S:” SESI, SESC, SENAC, SEST, SENAI, SENAR
e SEBRAE.
Estas entidades visam ministrar assistência ou ensino a algu- ORGANIZAÇÃO, ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E TIPOS DEDE-
mas categorias sociais ou grupos profissionais, sem fins lucrativos. PARTAMENTALIZAÇÃO
São mantidas por dotações orçamentárias e até mesmo por contri- Para administrar nos mais variados níveis de organização é
buições parafiscais. necessário ter habilidades, estas são divididas em três grupos: as
Ainda que sejam oficializadas pelo Estado, não são partes inte- Habilidades Técnicas são habilidades que necessitam de conheci-
grantes da Administração direta ou indireta, porém trabalham ao mento especializado e procedimentos específicos e pode ser obtida
lado do Estado, seja cooperando com os diversos setores as ativida- através de instrução. As Habilidades Humanas envolvem também
des e serviços que lhes são repassados. aptidão, pois interage com as pessoas e suas atitudes, exige com-
preensão para liderar com eficiência. As Habilidades Conceituais
Entidades de Apoio englobam um conhecimento geral das organizações, o gestor pre-
As entidades de apoio fazem parte do Terceiro Setor e são pes- cisa conhecer cada setor, como ele trabalha e para o que ele existe.
soas jurídicas de direito privado, criados por servidores públicos De acordo com Chiavenato a estrutura garante a totalidade de
para a prestação de serviços sociais não exclusivos do Estado, pos- um sistema e permite sua integridade, assim são as organizações,
suindo vínculo jurídico com a Administração direta e indireta. diversos órgãos agrupados hierarquicamente, os sistemas de res-
Atualmente são prestadas no Brasil através dos serviços de lim- ponsabilidade, sistemas de autoridade e os sistemas de comunica-
ções são componentes estruturais.
peza, conservação, concursos vestibulares, assistência técnica de
Existem vários modelos de organização, Organização Empre-
equipamentos, administração em restaurantes e hospitais univer-
sarial, Organização Máquina, Organização Política entre outras. As
sitários.
organizações possuem seus níveis de influência. O nível estratégico
O bom motivo da criação das entidades de apoio é a eficiência
é representado pelos gestores e o nível tático, representado pelos
na utilização desses entes. Através delas, convênios são firmados
gerentes. Eles são importantes para manter tudo sob controle. O
com a Administração Pública, de modo muito semelhante com a
gerente tem uma visão global, ele coordena, define, formula, esta-
celebração de um contrato
belece uma autoridade de forma construtiva, competente, enérgica
e única. Fayol nomeia 16 diferentes atribuições dos gerentes. Os ge-
Associações Públicas rentes são responsáveis pelo elo entre o nível operacional, onde os
Tratam-se de pessoas jurídicas de direito público, criadas por colaboradores desenvolvem os produtos e serviços da organização.
meio da celebração de um consórcio público com entidades fede- As Organizações formais possuem uma estrutura hierárquica
rativas. com suas regras e seus padrões. Os Organogramas com sua estru-
Quando as entidades federativas fazem um consórcio público, tura bem dimensionada podem facilitar a autonomia interna, agi-
elas terão a faculdade de decidir se essa nova pessoa criada será de lizando o processo de desenvolvimento de produtos e serviços. O
direito privado ou de direito público. Caso se trate de direito públi- mundo empresarial cada vez mais competitivo e os clientes a cada
co, caracterizar-se-á como Associação Pública. No caso de direito dia mais exigentes levam as organizações a pensar na sua estrutura,
privado, não se tem um nome específico. para se adequar ao que o mercado procura. Com os órgãos bem
A finalidade da associação pública é estabelecer finalidades dispostos nessa representação gráfica, fica mais bem objetivada a
de interesse comum entre as entidades federativas, estabelecendo hierarquia bem como o entrosamento entre os cargos.
uma meta a ser atingida. As organizações fazem uso do organograma que melhor repre-
Faz parte da administração indireta de todas as entidades fede- senta a realidade da empresa, vale lembrar que o modelo piramidal
rativas consorciadas. ficou obsoleto, hoje o que vale é a contribuição, são muitas pessoas
empenhadas no desenvolvimento da empresa, todos contribuem
Conselhos Profissionais com ideias na tomada de decisão.
Trata-se de entidades que são destinadas ao controle e fiscali- Com vistas às diversidades de informações, é preciso estar
zação de algumas profissões regulamentadas. Eis que tem-se uma atento para sua relevância, nas organizações as informações são
grande controvérsia, quanto à sua natureza jurídica. importantes, mesmo em tomada de decisões. É necessário avaliar a
O STF considera que como se trata de função típica do Estado, qualidade da informação e saber aplicar em momentos oportunos.
o controle e fiscalização do exercício de atividades profissionais não
poderia ser delegado a entidades privadas, em decorrência disso,
chegou-se ao entendimento que os conselhos profissionais pos-
suem natureza autárquica.
Assim, não estamos diante de entes de colaboraçao, mas sim
de pessoas jurídicas de direito público.

73
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

Para o desenvolvimento de sistemas de informação, há que Benefícios de uma estrutura adequada.


se definir qual informação e como ela vai ser mantida no sistema, - Identificação das tarefas necessárias;
deve haver um estudo no organograma da empresa verificando as- - Organização das funções e responsabilidades;
sim quais os dados e quais os campos vão ser necessários para essa - Informações, recursos, e feedback aos empregados;
implantação.Cada empresa tem suas características e suas neces- - Medidas de desempenho compatíveis com os objetivos;
sidades, e o sistema de informação se adéqua a organização e aos - Condições motivadoras.
seus propósitos.
Para as organizações as pessoas são as mais importantes, por Estrutura:
isso tantos estudos a fim de sanar interrogações a respeito da com- Toda empresa possui dois tipos de estrutura: Formal e informal.
plexidade do ser humano. Maslow diz que em primeiro na base da
pirâmide vem às necessidades fisiológicas, como: fome, sede sono, Formal: Deliberadamente planejada e formalmente represen-
sexo, depois ele nomeia segurança como o segundo item mais im- tada, em alguns aspectos pelo seu organograma.
portante, estabilidade no trabalho, por exemplo, logo depois ne- - Ênfase a posições em termos de autoridades e responsabili-
cessidade afetivo sociais, como pertencer a um grupo, ter amigos, dades.
família; necessidades de status e estima, aqui podemos dar como - É estável.
exemplo a necessidade das pessoas em ter reconhecimento, por - Está sujeita a controle.
seu trabalho por seu empenho, no topo Maslow colocou as neces- - Está na estrutura.
sidades de autorrealização, em que o indivíduo procura tornar-se - Líder formal.
aquilo que ele pode ser, explorando suas possibilidades.
O raciocínio de Viktor Frankl “vontade de sentido” também ESTRUTURA FORMAL
écoerente, ele nos atenta para o fato de que nem sempre a pirâmi- - É representada pelo organograma da empresa e seus aspec-
de de Maslow ocorre em todas as escalas de uma forma sequencial, tos básicos.
de acordo com ele, o que nos move é aquilo que faz com que nossa - Reconhecida juridicamente de fato e de direito.
vida tenha sentido, nossas necessidades aparecem de forma alea- - É estruturada e organizada.
tória, são nossas motivações que nos levam a agir. Os colaboradores
são estimulados, fazendo o que gostam, as pessoas alocam mais ESTRUTURA INFORMAL
tempo nas atividades em que estão motivados. Sendo assim um Surge da interação social das pessoas, o que significa que se
funcionário trabalhando em uma determinada tarefa, pode sentir desenvolve espontaneamente quando as pessoas se reúnem. Re-
autorrealização sem necessariamente ter passado por todas as es- presenta relações que usualmente não aparecem no organograma.
calas da pirâmide. Mas o que é realização para um, não é realização São relacionamentos não documentados e não reconhecidos
para todas as pessoas. O ser humano é insaciável, quando realiza oficialmente entre os membros de uma organização que surgem
algo que desejou intensamente, logo cobiçara outras coisas. inevitavelmente em decorrência das necessidades pessoais e gru-
O comportamento das pessoas nas organizações afeta dire- pais dos empregados.
tamente na imagem, no sucesso ou insucesso da mesma, o com- - Está nas pessoas.
portamento dos colaboradores refletem seu desempenho. Há uma - Sempre existirão.
necessidade das pessoas de ter incentivos para que o trabalho flua, - A autoridade flui na maioria das vezes na horizontal.
a motivação é intrínseca, mas os estímulos são imprescindíveis para - É instável.
que a motivação pelo trabalho continue gerando resultados para a - Não está sujeita a controle.
empresa. - Está sujeita aos sentimentos.
Os lideres são importantes no processo de sobrevivência no - Líder informal.
mercado, Lacombe descreveu que o líder tem condição de exer- - Desenvolve sistemas e canais de comunicação.
cer, função, tarefa ou responsabilidade quando é responsável pelo
grupo. Um líder precisa ser motivado, competente, conseguir con- Vantagens da estrutura informal.
quistar e conhecer as pessoas, ter habilidades e intercalar objetivos - Proporciona maior rapidez no processo.
pessoais e organizacionais. O estilo do líder Democrático contribui - Complementa e estrutura formal.
na condução das organizações, ele delega não só tarefas, mas pode- - Reduz a carga de comunicação dos chefes.
res, isso é importante para estimular os mais diversos profissionais - Motiva e integra as pessoas na empresa.
dentro da organização. Desvantagens:
No processo de centralização a tomada de decisões é unilate- - Desconhecimento das chefias.
ral, deixando os colaboradores travados, sem poder de opinião.Já - Dificuldade de controle.
no processo de descentralização existe maior estimulo por parte - Possibilidade de atritos entre pessoas
dos funcionários, podendo opinar eles se sentem parte ativa da - Fatores que condicionam o aparecimento da estrutura infor-
empresa. mal.
Existem benefícios assegurados por leis e benefícios espontâ- - Interesses comuns
neos. Um bom plano de benefícios motivam os colaboradores. O - Interação provocada pela própria estrutura formal.
funcionário hoje com todo seu conhecimento adquirido na empresa - Defeitos na estrutura formal.
tem sido tratado como ativo não mais como recurso. Dar estímulos - Flutuação do pessoal dentro da empresa.
como os benefícios contribuem para a permanência do funcionário - Períodos de lazer.
na organização.São inúmeras vantagens tanto para o empregado - Disputa do poder.
quanto para o empregador. Reduzindo insatisfações e aumentando
a produção, gerando assim resultados satisfatórios.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

Fatores que condicionam o aparecimento da estrutura infor- Componentes da estrutura organizacional


mal. -Sistema de responsabilidade, constituído por:
- Interesses comuns - Departamentalização;
- Interação provocada pela própria estrutura formal. - Linha e assessoria; e
- Defeitos na estrutura formal. - Especialização do trabalho.
- Flutuação do pessoal dentro da empresa.
- Períodos de lazer. - Sistema de autoridade, constituído por:
- Disputa do poder. - Amplitude administrativa ou de controle;
- Níveis hierárquicos;
A estrutura informal será bem utilizada quando: - Delegação;
- Centralização/descentralização.
- Os objetivos da empresa forem idênticos aos objetivos dos
indivíduos. - Sistema de comunicações (Resultado da interação das unida-
- Existir habilidade das pessoas em lidar com a estrutura infor- des organizacionais), constituída por:
mal. - O que,
- Como,
Elaboração da estrutura organizacional - Quando,
É o conjunto ordenado de responsabilidades, autoridades, co- - De quem,
municações e decisões das unidades organizacionais de uma em- - Para quem.
presa.
- Não é estática. Condicionantes da estrutura organizacional
- É representada graficamente pelo organograma. São Quatro:
- É dinâmica. - Objetivos e estratégias,
- Deve ser delineada de forma a alcançar os objetivos institu- - Ambiente,
cionais. - Tecnologia,
- (Delinear = Criar, aprimorar). - Recursos humanos.
- Deve ser planejada.
Níveis de influência da estrutura organizacional
O Planejamento deve estar voltado para os seguintes objetivos: São três:
- Identificar as tarefas físicas e mentais que precisam ser de- - Nível estratégico,
sempenhadas. - Nível tático,
- Agrupar as tarefas em funções que possam ser bem desempe- - Nível operacional.
nhadas e atribuir sua responsabilidade a pessoas ou grupos.
- Proporcionar aos empregados de todos os níveis: Níveis de abrangência da estrutura organizacional
-- Informação. Três níveis podem ser considerados quando do desenvolvimen-
-- Recursos para o trabalho. to e implantação da estrutura organizacional:
-- Medidas de desempenho compatíveis com objetivos e me- - Nível da empresa,
tas. - Nível da UEN – Unidade Estratégica de Negócio
-- Motivação. - Nível da Corporação.

Tipos de estrutura organizacional Condicionantes da estrutura organizacional


- Funcional. - Fator humano
- Clientes. A empresa funciona por meio de pessoas, a eficiência depende
- Produtos. da qualidade intrínseca e do valor e da integração dos homens que
- Territorial. ela organiza.
- Por projetos. Ao desenvolver uma estrutura organizacional deve-se levar em
- Matricial. consideração o comportamento e o conhecimento das pessoas que
irão desempenhar funções.
Desenvolvimento, implantação e avaliação de estrutura orga- Não podemos nos esquecer da MOTIVAÇÃO.
nizacional.
No desenvolvimento considerar: - Fator ambiente externo
- Seus componentes. Avaliação das mudanças e suas influências.
- Condicionantes. - Fator sistema de objetivos e estratégias
- Níveis de influência. Quando os objetivos e estratégias estão bem definidos e claros,
- Níveis de abrangência. é mais fácil organizar. Sabe-se o que se espera de cada um.

Implantação / Ajustes - Fator tecnologia


- Participação dos funcionários Conhecimentos
- Motivar Equipamentos

Avaliar Implantação da estrutura organizacional


- Quanto ao alcance dos objetivos Três aspectos devem ser considerados:
- Influencia dos aspectos formais e informais - A mudança na estrutura organizacional.
- O processo de implantação; e

75
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

- As resistências que podem ocorrer. - Infoestrutura (permite uma organização integrada sem neces-
sariamente estar concentrada em um único local).
Avaliação da estrutura organizacional - Preocupação maior com o alcance dos objetivos e metas do
• Levantamento que com o comportamento variado das pessoas.
• Análise - Foco no negócio básico e essencial (enxugamento e terceiriza-
• Avaliação ção visando reorientar a organização para aquilo que ela foi criada).
• Políticas de avaliação de estruturas. - As pessoas deixam de ser fornecedoras de mão de obra para
serem fornecedoras de conhecimentos capazes de agregar valor ao
Tendências e Práticas Organizacionais negócio.
Visando oferecer soluções práticas e que atendam às emer-
gências impostas pelas mudanças e transformações, ao final da era DEPARTAMENTALIZAÇÃO
neoclássica surgiram algumas técnicas de intervenção: Melhoria É uma divisão do trabalho por especialização dentro da estru-
contínua – os processos de mudança devem começar pequenos e tura organizacional da empresa.
sempre de baixo para cima, ou seja, da base para a cúpula. A filo- Departamentalização é o agrupamento, de acordo com um cri-
sofia da melhoria contínua deriva do Kaizen (palavra japonesa). As tério específico de homogeneidade, das atividades e corresponden-
melhorias não precisam ser grandes, mas devem ser contínuas e te recursos (humanos, financeiros, materiais e equipamentos) em
constantes. unidades organizacionais.
- Qualidade total – qualidade é o atendimento das exigências Existem diversas maneiras básicas pelas quais as organizações
do cliente. O tema central da qualidade total está nas pessoas que a decidem sobre a configuração organizacional que será usada para
produzem sendo os funcionários e não os gerentes os responsáveis agrupar as várias atividades. O processo organizacional de deter-
pelo elevado padrão de qualidade. Para isso devem-se proporcionar minar como as atividades devem ser agrupadas chama-se Depar-
aos funcionários habilidades e a autoridade para tomar decisões tamentalização.
que tradicionalmente eram dadas aos gerentes. O gerenciamento
da qualidade total trouxe técnicas conhecidas, tais como o enxuga- Formas de Departamentalizar:
mento, a terceirização e a redução do tempo do ciclo de produção. - Função
- Reengenharia – para reduzir a enorme distância entre a ve- - Produto ou serviço
locidade das mudanças ambientais e a permanência das organiza- - Território
ções tratou-se de aplicar um remédio forte e amargo. Reengenharia - Cliente
significa fazer uma nova engenharia da estrutura organizacional, - Processo
ou seja, é uma reconstrução e não apenas uma reforma total ou - Projeto
parcial da empresa. A reengenharia não se confunde com a melho- - Matricial
ria contínua, pois pretende criar um processo inteiramente novo e - Mista
não o aperfeiçoamento gradativo e lento do processo atual. A reen-
genharia trás consequência para a organização: os departamentos Deve-se notar, no entanto, que a maioria das organizações usa
tendem a desaparecer; estrutura organizacional horizontalizada; uma abordagem da contingência à Departamentalização: isto é, a
atividades baseadas em equipe; a avaliação deixa de ser a atividade maioria usará mais de uma destas abordagens usadas em algumas
e passa a ser os resultados alcançados; os gerentes passam a ficar das maiores organizações. A maioria usa a abordagem funcional na
mais próximo das operações e das pessoas e passam a ser educado- cúpula e outras nos níveis mais baixos.
res dotados de habilidades interpessoais. DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR FUNÇÕES: A Departamentaliza-
- Benchmarking – é um processo contínuo de avaliar produtos, ção funcional agrupa funções comuns ou atividades semelhantes
serviços e práticas dos concorrentes mais fortes e daquelas empre- para formar uma unidade organizacional. Assim todos os indivíduos
sas que são reconhecidas como líderes empresariais. Isso permite que executam funções semelhantes ficam reunidos, todo o pessoal
comparações entre empresas para identificar o “melhor do melhor” de vendas, todo o pessoal de contabilidade, todo o pessoal de se-
e alcançar um nível de superioridade ou vantagem competitiva. cretaria, todas as enfermeiras, e assim por diante.
- Equipes de alto desempenho – as organizações estão migran- A Departamentalização funcional pode ocorrer em qualquer
do velozmente para o trabalho em equipe, visando obter a partici- nível e é normalmente encontrada muito próximo à cúpula.
pação das pessoas na busca de respostas rápidas às mudanças no Vantagens: As vantagens principais da abordagem funcional
ambiente de negócios. são:
- Gestão de projetos – todas as organizações desempenham - Mantém o poder e o prestígio das funções principais
algum tipo de trabalho e este envolve operações e projetos. O fim - Cria eficiência através dos princípios da especialização.
de um projeto é alcançado quando os objetivos do projeto são atin- - Centraliza a perícia da organização.
gidos ou quando fica claro que seus objetivos não podem ser atin- - Permite maior rigor no controle das funções pela alta admi-
gidos. nistração.
As tendências organizacionais no mundo moderno se caracte- - Segurança na execução de tarefas e relacionamento de cole-
rizam por: gas.
- Cadeias de comando mais curtas (enxugar níveis hierárqui- - Aconselhada para empresas que tenham poucas linhas de
cos). produtos.
- Menos unidade de comando (a subordinação ao chefe está
sendo substituída pelo relacionamento horizontal em direção ao Desvantagens: Existem também muitas desvantagens na abor-
cliente). dagem funcional.
- Maior responsabilidade e autonomia às pessoas. Entre elas podemos dizer:
- Ênfase nas equipes de trabalho. - A responsabilidade pelo desempenho total está somente na
- Organizações estruturadas sobre unidades autônomas e au- cúpula.
tossuficientes, com metas e resultados a alcançar. - Cada gerente fiscaliza apenas uma função estreita

76
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

- O treinamento de gerentes para assumir a posição no topo é DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR PROCESSO OU EQUIPAMENTO: É
limitado. o agrupamento de atividades que se centralizam nos processos de
- A coordenação entre as funções se torna complexa e mais di- produção ou equipamento. É encontrada com mais frequência em
fícil quanto à organização em tamanho e amplitude. produção. As atividades de uma fábrica podem ser grupadas em
- Muita especialização do trabalho. perfuração, esmerilamento, soldagem, montagem e acabamento,
cada qual em seu departamento.
DEPARTAMENTALIZAÇÃO DE PRODUTO: É feito de acordo com
as atividades inerentes a cada um dos produtos ou serviços da em- Vantagens:
presa. - Maior especialização de recursos alocados.
Exemplos de Departamentalização de produto: - Possibilidade de comunicação mais rápida de informações
técnicas.
1- Lojas de departamentos
2- A Ford Motor Company tem as suas divisões Ford, Mercury Desvantagens:
e Lincoln Continental. - Possibilidade de perda da visão global do andamento do pro-
3- Um hospital pode estar agrupado por serviços prestados, cesso.
como cirurgia, obstetrícia, assistência coronariana. - Flexibilidade restrita para ajustes no processo.

Vantagens: Algumas das vantagens da Departamentalização de DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR PROJETO: Aqui as pessoas rece-
produtos são: bem atribuições temporárias, uma vez que o projeto tem data de
- Pode-se dirigir atenção para linhas especificas de produtos ou inicio e término. Terminado o projeto as pessoas são deslocadas
serviços. para outras atividades. Por exemplo: uma firma contábil poderia
- A coordenação de funções ao nível da divisão de produto tor- designar um sócio (como administrador de projeto), um conta-
na-se melhor. dor sênior, e três contadores juniores para uma auditoria que está
- Pode-se atribuir melhor a responsabilidade quanto ao lucro. sendo feita para um cliente. Uma empresa manufatureira, um es-
- Facilita a coordenação de resultados. pecialista em produção, um engenheiro mecânico e um químico
- Propicia a alocação de capital especializado para cada grupo poderiam ser indicados para, sob a chefia de um administrador de
de produto. projeto, completar o projeto de controle de poluição. Em cada um
- Propicia condições favoráveis para a inovação e criatividade. destes casos, o administrador de projeto seria designado para che-
fiar a equipe, com plena autoridade sobre seus membros para a
Desvantagens: atividade específica do projeto.
- Exige mais pessoal e recursos de material, podendo daí resul-
tar duplicação desnecessária de recursos e equipamento. DEPARTAMENTALIZAÇÃO DE MATRIZ: A Departamentalização
- Pode propiciar o aumento dos custos pelas duplicidades de de matriz é semelhante à de projeto, com uma exceção principal.
atividade nos vários grupos de produtos. No caso da Departamentalização de matriz, o administrador de pro-
- Pode criar uma situação em que os gerentes de produtos se jeto não tem autoridade de linha sobre os membros da equipe. Em
tornam muito poderosos, o que pode desestabilizar a estrutura da
lugar disso, a organização do administrador de projeto é sobreposta
empresa.
aos vários departamentos funcionais, dando a impressão de uma
matriz.
DEPARTAMENTALIZAÇÃO TERRITORIAL: Algumas vezes men-
A organização de matriz proporciona uma hierarquia que res-
cionadas como regional, de área ou geográfica. É o agrupamento
ponde rapidamente às mudanças em tecnologia. Por isso, é tipica-
de atividades de acordo com os lugares onde estão localizadas as
mente encontrada em organização de orientação técnica, também
operações. Uma empresa de grande porte pode agrupar suas ativi-
é usada por empresas com projetos de construção complexos
dades de vendas em áreas do Brasil como a região Nordeste, região
Sudeste, e região Sul. Muitas vezes as filiais de bancos são estabe-
lecidas desta maneira. Vantagens:
As vantagens e desvantagens da Departamentalização territo- - Permitem comunicação aberta e coordenação de atividades
rial são semelhantes às dadas para a Departamentalização de pro- entre os especialistas funcionais relevantes.
duto. Tal grupamento permite a uma divisão focalizar as necessida- - Capacita a organização a responder rapidamente à mudança.
des singulares de sua área, mas exige coordenação e controle da - São abordagens orientadas para a tecnologia.
administração de cúpula em cada região.
Desvantagens:
DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR CLIENTE: A Departamentalização - Pode haver choques resultantes das prioridades.
de cliente consiste em agrupar as atividades de tal modo que elas DEPARTAMENTALIZAÇÃO MISTA - É o tipo mais frequente, cada
focalizem um determinado uso do produto ou serviço. A Departa- parte da empresa deve ter a estrutura que mais se adapte à sua
mentalização de cliente é usada principalmente no grupamento de realidade organizacional.
atividade de vendas ou serviços.
A MELHOR FORMA DE DEPARTAMENTALIZAR
A principal vantagem: Para evitar problemas na hora de decidir como departamenta-
- a adaptabilidade uma determinada clientela. lizar, pode-se seguir certos princípios:
Desvantagens:
- Dificuldade de coordenação. - Princípio do maior uso – o departamento que faz maior uso de
- Subutilização de recursos e concorrência entre os gerentes uma atividade deve tê-la sob sua jurisdição.
para concessões especiais em benefício de seus próprios clientes. - Principio do maior interesse – o departamento que tem maior
interesse pela atividade deve supervisiona-la.

77
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

- Principio da separação e do controle – As atividades do con- A organização informal é a rede de relacionamentos e intera-
trole devem estar separadas das atividades controladas. ções que se desenvolve espontaneamente entre as pessoas que
- Principio da supressão da concorrência – Eliminar a concor- ocupam posições na organização formal.
rência entre departamentos, agrupando atividades correlatas no Em outras palavras, a organização informal compõe-se de senti-
mesmo departamento. mentos de afeição ou rejeição entre pessoas, de atitudes favoráveis
Outro critério básico para departamentalização está baseado e desfavoráveis em relação as práticas administrativas, de coope-
na diferenciação e na integração, os princípios são: ração ou hostilidade entre grupos. Envolve uma complicada trama
Diferenciação, cujo princípio estabelece que as atividades dife- de processos espontâneos relativos ao campo comportamental que
rentes devem ficar em departamentos separados. A diferenciação surge, desenvolve-se e predomina sobre as relações que teorica-
ocorre quando: mente e são formais.
- O fator humano é diferente, Analisando a organização informal, vemos que também nela
- A tecnologia e a natureza das atividades são diferentes, existe sanção social, expectativa de comportamento, autoridade,
- Os ambientes externos são diferentes, comunicação e percepção da consequência de determinada forma
- Os objetivos e as estratégias são diferentes. de agir.
Integração – Quanto mais atividades trabalham integradas,
maior razão para ficarem no mesmo departamento. Fator de inte- As principais características da organização informal são:
gração: - Grupos informais que se desenvolvem de acordo com os inte-
- Necessidade de coordenação. resses comuns e a identificação entre as pessoas. Podem ser blocos
de interesses, círculos de amizades, “panelas” etc.
ORGANIZAÇÃO INFORMAL - Atitudes e comportamentos que manifestam percepções fa-
Ao lado da organização formal, reconhece-se hoje a existên- voráveis ou desfavoráveis as práticas administrativas.
cia de uma organização informal bastante influente nos destinos de - Normas de trabalho que os diversos grupos estabelecem
qualquer instituição. Há uma série de semelhanças entre os dois como padrão de desempenho aceitável nas suas atividades e que
tipos de instituição, merecendo destaque a estrutura de relacio- são impostas a todos os seus membros, independentemente das
namentos, os sistemas de controle e comunicação, a existência de normas formais e oficiais da organização.
pessoas com autoridade, a permanência relativa de seus membros - Padrões de liderança que podem conferir autoridade informal
e a possibilidade de representação gráfica. Como essa organização e certas pessoas, independentemente de sua posição na organiza-
informal é indestrutível, recomenda-se seja ela utilizada pela for- ção formal.
mal, o que, além de viável, é altamente vantajoso para a instituição O desafio para a administrador é conciliar a harmonizar as ca-
como um todo. racterísticas desses dois fenômenos, ou seja, adequar o perfil da
A organização informal designa o conjunto de relações ou inte- organização formal e da organização informal para obter efeito de
rações que surgem espontaneamente entre os seus membros e que sinergia e eliminar qualquer tipo de dissonância entre ambas.
não são previstas ou formalizadas pela organização formal.
Apesar da organização formal possuir um grau de percepção e
de compreensão mais elevado e imediato, pois é esta que explica o CONVERGÊNCIAS E DIFERENÇAS ENTRE A GESTÃO
que se faz e como se faz, as relações informais entre os membros da PÚBLICA E A GESTÃO PRIVADA. EXCELÊNCIA NOS SER-
organização assumem uma importância fundamental pois é delas VIÇOS PÚBLICOS.GESTÃO DA QUALIDADE. GESTÃO DE
que, em grande parte, depende o ambiente de trabalho, o qual, RESULTADOS NA PRODUÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS
por sua vez, constitui uma das mais importantes condicionantes da
motivação e dos níveis de produtividade dos trabalhadores. É de- A administração é a ordenação do caos que se instala quando
vido a esta importância das relações informais que cada vez mais um grupo de pessoas coopera no afã de conciliar metas estabele-
os responsáveis pelas organizações se debruçam sobre o estudo cidas por terceiros com seus objetivos, interesses, desejos e ambi-
das suas causas e consequências bem como na procura de formas ções pessoais.
adequadas de as facilitar e fomentar. É com esse objetivo que são
organizados ou apoiados os convívios informais entre os membros Enquanto ciência, a administração estuda as necessidades
da organização tais como as festas, as jornadas desportivas, as via- sócio-técnicas da organização, seu conjunto de diretrizes, cultura,
gens, entre outros. processos, recursos e capital, possibilitando a realização de seu ne-
A própria organização formal tem uma forte influência quer gócio de forma estruturada, integrada e consolidada.
quantitativa quer qualitativa sobre a organização informal, daí que Na concepção sistêmica, a administração é entendida como um
a estrutura organizacional, assim como as regras, políticas e proce- mecanismo estruturador e articulador de processos e recursos em-
dimentos devam ser definidas por forma a facilitar e incentivar as presariais para a consecução dos resultados almejados: geração de
relações informais e assim proporcionarem um melhor ambiente de bens, lucro e promoção do bem-estar social.
trabalho e uma maior motivação dos trabalhadores.
As organizações, apesar de sua natureza lógica e racional, não Cronologia da evolução das teorias administrativas:
são entidades totalmente mecânicas. Elas são dotadas de pessoas Embora a industrialização tenha iniciado na década de 80 (séc.
que, embora ocupem posições dentro da organização formal e rea- XIX) com os adventos das invenções mecânicas, hidráulicas e elétri-
lizem o trabalho através da tecnologia, desenvolvem o que chama- cas (Revolução Industrial) o estudo sistemático só ocorreu no início
mos de organização informal. Existem padrões de comportamentos do séc. XX:
e relacionamentos que não constam no organograma. Existem ami- 1911 – Princípios da Administração Científica com os estudos
zades e antagonismos, indivíduos que se identificam com outros, de Frederick W. Taylor nos EEUU sobre o sistema técnico com ênfa-
grupos que se afastam de outros e uma grande variedade de rela- se na especialização da tarefa e controle da produção.
ções no trabalho ou fora dele, que constituem a chamada organiza-
ção informal.

78
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

1916 – Gerência Administrativa do livro - Administração In- • Mediadora: oferta de produtos e serviços na rede de relacio-
dustrial e Geral de Henry Fayol na França, com abordagem na de- namentos (bancos, serviços públicos, comércio eletrônico...), exer-
partamentalização, competências administrativas e desempenho cendo função indutora.
organizacional, sendo considerado o Pai da Administração Clássica • Intensiva: exerce função capacitora (hospitais, empresas de
que defendia que a administração deveria ser uma disciplina a ser projetos, ensino à distância...).
estudada fora das escolas de engenharia. Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/
1927 – Relações Humanas a partir dos trabalhos de R.F.Hoxié administracao/administracao-evolucao-e-conceitos/5034
(USA, 1916), Robert Owen (Escócia, 1825) e Elton de Mayo (USA, Contexto histórico do surgimento da NGP
1924 - experiência de Hawthorne – WE Co.) onde o funcionário
passa a ser visto como recurso humano e não como uma peça do “Nova Gestão Pública” corresponde à versão em inglês New
sistema técnico. Public Management (NPM) ou à versão em espanhol Nueva Gestión
1940 – Escola burocrática de Max Weber com ênfase na organi- Pública ou Nueva Gerencia Pública (NGP) ou Nuevo Manejo Público
zação formal e burocracia racional. (NMP).
1943 - Teoria da motivação e escalas de necessidades de Michel Messenet, em sua obra La Nouvelle Gestion Publique:
Abrham Meslow É considerado o pai da Psicologia Transpessoal. pour un Etat sans Burocratie, obra publicada em 1975, foi quem
1945 – Behavorismo (comportamento) de Herbert Simon, Te- primeiro cunhou a expressão “Nova Gestão Pública”, ao criticar a
oria da decisão que concebe a organização como um sistema de Administração Pública burocrática. Entretanto, o seu texto funda-
decisões. dor é o artigo “A public management for all seasons?”, escrito por
1954 – Teoria Geral de Sistemas de Ludwig Von Bertalanfy na Christopher Hood e publicado em 1991.
Áustria, abordagem sistêmica - organização como sistema aberto, Geoffrey SHEPHERD & Sofia VALENCIA (1996, p.108) agregam
visão holística. que a “Nova Gestão Pública” também pode ser denominada de “ge-
Peter Drucker com sua obra “The Pratice of Manegement” ini- rencialismo, novo gerencialismo, nova gerência pública ou gerência
cia uma nova era no pensamento administrativo e gerencial que baseada no desempenho”.
considera a administração como disciplina dada sua importância Luiz Carlos BRESSER PEREIRA prefere utilizar o termo “Adminis-
no estudo da organização. Foi considerado o Pai da administração tração Gerencial” (2000, p.58).
moderna. A “Nova Gestão Pública” consiste numa novidade, não somen-
1960 – Teorias X e Y de Douglas McGregor, “The Human Side of te por sua origem, mas principalmente por sua configuração como
Enterprise”, USA novo referencial teórico e pela impressionante influência que cau-
1981 – Teoria Z de William Ouchi, USA, estabelece o conceito sou e vem causando nas Administrações Públicas em diversos paí-
de administração participativa. ses ocidentais12, especialmente na América Latina.
Muitas são as abordagens na evolução do pensamento dos es- A NGP emergiu inicialmente em países anglo-saxônicos13, a
tudiosos da administração: a Clássica, a Burocrática, a Humanística, partir do início dos anos 1980, tais como: Estados Unidos, Ingla-
terra, Austrália e Nova Zelândia (Geoffrey SHEPHERD & Sofia VA-
a Comportamental, a Sistêmica, a Organizacional, a Contingencial
LENCIA, 1996, p.109; Michael BARZELAY, 2001, p.11; Carles RAMIÓ,
até se chegar na abordagem Estratégica; abordagens que podemos
2001, p.77).
classificar em duas fases: 1. pensamento mecanicista e reducionista
Luiz Carlos BRESSER PEREIRA (2000, p.63-64) defende que o
(primeira metade do séc XX), 2. pensamento sistêmico, orgânico e
sistema capitalista teve duas grandes reformas da Administração
holístico.
Pública: a “Reforma Burocrática” que atingiu a Europa e os Estados
Unidos no início do século XX e o Brasil nos anos 1930, com o go-
A partir dos anos 80 as Escolas do Pensamento Estratégico, já
verno Vargas; e a “Reforma Gerencial” ou “Reforma da Nova Gestão
com vinte anos de existência, sugeriram a criação da disciplina de
Pública”. Esta última pode ser dividida em duas “ondas” distintas:
Administração Estratégica nas grandes universidades americanas, a “primeira onda”, dos anos 1980, com ênfase no ajuste estrutural
resultado das demandas do aumento de competitividade por um das economias em crise (ajuste fiscal, privatização, liberalização do
novo foco na gestão. comércio); e a “segunda onda”, a partir dos anos 1990, com ênfase
nas transformações de caráter institucional.
A gestão é a aplicação da teoria administrativa por suas várias No caso dos Estados Unidos, Ewan FERLIE et alii (1999, p.37)
metodologias, a saber: gestão por funcionalidades, por objetivos, lembram que “a pressão pela reforma do setor público antecedeu
por resultados, por qualidade total, por processos, por competên- a eleição de Reagan, com a Lei de Reforma do Serviço Público, de
cias, orientada à clientes, estratégica ... 1978, aprovada na administração Carter”. Entretanto, é com Rea-
gan que a NGP passa efetivamente a constituir-se na Administração
A estratégia corporativa apresentou grande desenvolvimento, Pública estadunidense. Posteriormente, mesmo no governo Clin-
principalmente a partir da década de 1980 quando o fenômeno ton, a partir do início dos anos 1990, a NGP permaneceu influindo
da reestruturação empresarial – “conjunto amplo de decisões e no processo de mudança do setor público.
de ações, com dimensão organizacional, financeira e de portfólio” O modelo inglês foi a principal referência concreta da NGP. Na
(WRIGHT, KROLL e PARNELL,2000) tornou-se imperativo. Inglaterra, com a vitória de Margaret Thatcher, em 1979, e a con-
sequente hegemonia obtida pelo Partido Conservador até 1997,
A administração estratégica é a disciplina que estrutura, integra foram estabelecidas reformas que tiveram as seguintes característi-
e consolida o conjunto de premissas, ativos tangíveis e intangíveis, cas, segundo Ana Paula Paes de PAULA (2005, p.47):
mercados e ambiente, possibilitando à organização obter vantagem
competitiva na realização de seu negócio.
Face a à implementação da tecnologia no contexto organizacio-
nal, a administração ganha novas perspectivas:
• Grande encadeamento: robotização, produção seriada, ga-
nho em escala..., com função “otimizadora”.

79
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

descentralização do aparelho de Estado, que separou as ativi- a literatura aponta que o instituto baseava suas pesquisas
dades de planejamento e execução do governo e transformou as e publicações nas idéias da escola austríaca, no monetarismo da
políticas públicas em monopólio dos ministérios; privatização das escola de Chicago e nas visões da escola de Virgínia, apontando as
estatais; terceirização dos serviços públicos; regulação estatal das falhas do Estado e desenvolvendo soluções de mercado que desa-
atividades públicas conduzidas pelo setor privado; uso de idéias e fiavam abertamente a ortodoxia keynesiana.
ferramentas gerenciais advindas do setor privado.
O Centre for Policy Studies foi fundado por Keith Joseph (par-
Sobre a Austrália, recordam Ewan FERLIE et alii (1999, p.36), lamentar do Partido Conservador) e Margaret Thatcher, em 1974,
que apesar da divisão de responsabilidade entre o governo federal com o objetivo de difundir o liberalismo econômico e ajudar a dis-
e os Estados, com governos de diferentes partidos políticos, o país seminar a economia de livre mercado na Inglaterra.
passou por uma reforma no setor público, desde o início da década Foi decisivo para que o Partido Conservador incorporasse a ide-
de 1980, com forte influência da “ortodoxia da Nova Administração ologia ultraliberal ao seu programa de governo.
Pública”. Ana Paula Paes de PAULA (2005, p.48) salienta que: O Adam Smith Institute está desde 1979 operando na Ingla-
o caso australiano difere do britânico no que se refere à orien- terra, embora sua fundação tenha ocorrido em 1977 nos Estados
tação política, pois foi o Partido Trabalhista que aderiu às visões da Unidos. Margareth Thatcher e Madsen Pirie, adepto da escola de
oposição liberal e introduziu políticas de gerenciamento privado no Virgínia e um dos principais nomes do Adam Smith Institute, eram
setor público. Uma evidência disso é o lema de sua campanha elei- amigos e este último teve grande influência no governo britânico.
toral em 1982: dirigir o Estado como uma empresa. Sobre os think tanks ingleses, Ana Paula Paes de PAULA (2005, p.39)
O marco fundador da NGP na Austrália é o Public Service Re- afirma que:
form Act, publicado em 1984, reorganizando o serviço público. Com
a vitória dos conservadores (aliança do Partido Liberal e Partido Na- diversas políticas de governo de Thatcher resultaram da
cional), em 1996, há uma radicalização ainda maior no processo de elaboração dos think tanks entre elas as medidas mais marcantes
reformas com base ultraliberal.
do primeiro mandato de Thatcher (1979-1987): as soluções mo-
Ewan FERLIE et alii (1999, p.35) afirmam que a Nova Zelândia
netaristas, a abolição dos controles de comércio, a formação dos
pode ser vista “como um caso extremo de país que se transformou
conselhos de preços, a terceirização de serviços públicos, a inibição
rapidamente, embora neste caso as idéias relativas à Nova Adminis-
da atuação sindical e a extinção dos conselhos metropolitanos.
tração Pública tenham sido encampadas por um governotrabalhis-
ta”, a partir de 1984. Já para Ana Paula Paes de PAULA (2005, p.50)
as principais mudanças no aparelho estatal da Nova Zelândia foram: Nos Estados Unidos os três principais think tanks, todos aves-
a transferência de atividades de caráter comercial para a iniciativa sos às políticas originadas no New Deal e influentes junto ao Partido
privada; a descentralização das atividades do governo central, que Republicano, foram: Hoover Institution., American Enterprise Insti-
conferiu maior autonomia aos burocratas públicos; e a negociação tute for Public Policy Research e Heritage Foundation..
de contratos de trabalho no setor público com base nos parâmetros O Hoover Institution foi fundado em 1919 e permanece em ati-
da iniciativa privada. vidade até este momento. Ficou muito conhecido entre os adeptos
Michael BARZELAY (2001, p.11), após ampla revisão da litera- do ultraliberalismo, pois financiou pesquisas de Milton Friedman.
tura sobre a NGP, afirmou que a mesma surgiu como “um dispositi- O American Enterprise Institute for Public Policy Research foi
vo conceitual inventado com o propósito de estruturar a discussão criado em 1943, com o nome de American Enterprise Institute, ten-
acadêmica sobre as mudanças contemporâneas na organização e o do adquirido o seu nome atual em 1960. Seu objetivo é defender
gerenciamento da função executiva do governo”. o Estado mínimo, a livre empresa, a liberdade individual e a defesa
Omar GUERRERO (2003, p.381; 2004, p.10) vai mais além e vigilante e eficaz. Milton Friedman foi um dos seus conselheiros.
afirma que a origem da “Nova Gestão Pública” está na economia, A Heritage Foundation foi fundada em 1973, com a missão de
em especial no pensamento econômico neoclássico, influenciado formular e promover políticas públicas conservadoras baseadas nos
pela Escola Austríaca, e na Teoria da Escolha Pública (Public Choice), princípios da livre empresa, do Estado mínimo, da liberdade indivi-
fundada a partir da Escola da Virginia, assim como também sofreu dual, de valores americanos tradicionais e de uma defesa nacional
influência da Escola de Chicago. Portanto, as origens da “Nova Ges- forte.
tão Pública” são as mesmas do pensamento ultraliberal. Como é A Austrália também sofreu a influência de think tanks favorá-
evidente que é a teoria de Estado que define a teoria da Adminis- veis aos preceitos da NGP, segundo Ana Paula Paes de PAULA (2005,
tração Pública, resta óbvio que a NGP é a teoria de Administração p.49), destacando-se: Centre Independent Studies21, Australian
Pública do Estado ultraliberal. Institute of Public Policy e Centre of Policy Studies.
A partir dessa constatação, é fundamental observar o papel O Centre Independent Studies foi fundado em 1976 por Greg
desempenhado pelos principais think tanks14 conservadores an- Lindsay. Friedrich Hayek e Milton Friedman são seus principais
glo-saxônicos na formação das bases ideológicas ultraliberais e nos
mentores.
processos de implantação da “Nova Gestão Pública” nesses países.
Estas breves referências aos principais think tanks conservado-
Na Inglaterra, os principais think tanks, críticos das políticas
res anglosaxônicos permitem concluir que um dos seus principais
keynesianas, que contribuíram para difundir o pensamento ultra-
objetivos ainda é a constituição do “Estado mínimo” (entendido
liberal e, por conseqüência, a NGP foram: o Institute of Economics
Affairs, o Centre for Policy Studies16 e o Adam Smith Institute.. este como a redução do aparelho estatal). Entretanto,
O Institute of Economics Affairs foi fundado em 1955 por An- Luiz Carlos BRESSER PEREIRA (2002b, p.33) adota posição am-
thony Fischer, com o objetivo de explicar as idéias do livre mercado bígua e equivocada, ao considerar que esse projeto permanece vi-
ao público. Segundo Ana Paula Paes de PAULA (2005, p.37), Fischer gente, num contexto de ultraliberalismo que teria fracassado.
funda o Institute of Economics Affairs, influenciado pela leitura con- Uma conclusão, um tanto surpreendente, é que as primeiras
densada de “O Caminho da Servidão”, de Friedrich Hayek, publica- experiências de países anglo-saxônicos que implantaram a “Nova
do na revista Reader’s Digest, em 1945. Ademais, afirma que: Gestão Pública” não estão associadas exclusivamente a governos de
partidos considerados conservadores. Embora a origem teórica da

80
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

NGP esteja associada ao pensamento ultraliberal (influenciado pela No caso brasileiro, o PDRAE definiu a “Administração Pública
Escola Austríaca, pela Escola da Virginia e pela Escola de Chicago) e gerencial” como “resposta, de um lado, à expansão das funções
o mesmo tenha sido difundido por diversos think tanks conservado- econômicas e sociais do Estado e, de outro, ao desenvolvimento
res anglo-saxônicos, o êxito da NGP ultrapassou essa fronteira polí- tecnológico e à globalização da economia mundial, uma vez que
tica, como nos casos do Partido Democrata nos Estados Unidos (Lei ambos deixaram à mostra os problemas associados à adoção do
de Reforma do Serviço Público, de 1978, aprovada na administração modelo anterior” (BRASIL, 1995, p.21).
Carter), do Partido Trabalhista na Austrália (Public Service Reform Em 1998, o Conselho Latino-Americano para o Desenvolvimen-
Act, publicado em 1984) e do Partido Trabalhista na Nova Zelândia to (CLAD), objetivando fazer uma adaptação da experiência da NGP
(reformas ocorridas a partir de 1984). nos países em países anglosaxônicos, anunciou documento em que
Embora não se pretenda fazer uma revisão comparada exaus- apresentou as características que deveriam ser observadas para a
tiva de todos os modelos de Administração Pública existentes nos implementação da “Nova Gestão Pública” na América Latina, con-
países ocidentais e/ou de influência marcante anglo-saxônica, é ine- forme segue:
gável que a NGP não é uma teoria exclusiva de governos tidos como
conservadores; mesmo que seja difícil enxergar suas dimensões Profissionalização da alta burocracia; transparência e respon-
“progressistas” quando aplicada por governos social-democratas sabilização; descentralização na execução dos serviços públicos;
ou “socialistas”, especificamente na Europa. desconcentração organizacional nas atividades exclusivas do Esta-
do; controle dos resultados; novas formas de controle; duas formas
Conceito e características de unidades administrativas autônomas: agências que realizam ati-
vidades exclusivas de Estado e agências descentralizadas, que atu-
A NGP designa um conjunto de argumentos e filosofias admi- am nos serviços sociais e científicos; orientação da prestação dos
nistrativas, propostas como novo paradigma de Administração Pú- serviços para o cidadão-usuário; modificar o papel da burocracia
blica. Especialmente, como filosofia administrativa de um padrão com relação à democratização do Poder público (CLAD, 1999, p.129
de desenho organizacional da Administração Pública, a NGP con- e ss.).
seguiu atingir o status de um corpo doutrinário que goza de uma
ampla aceitação, enfim, “uma corrente de pensamento dominante” O exame dessas características permite identificar as falências
(Michael BARZELAY, 2001, p.52). desse modelo.
A ênfase na “profissionalização da alta burocracia” denota uma
É demasiado simplista definir a “Nova Gestão Pública” como
visão absolutamente elitista do poder, excludente de dimensões
um modelo único de “Teoria da Administração Pública”. As diver-
essenciais da democracia, pois prioriza uma elite burocrática para
sas variantes surgidas em diferentes países, com histórias e culturas
desenvolver a capacidade de negociação e responsabilização pe-
absolutamente distintas fazem com que as práticas sejam distintas.
rante o sistema político. Defende a adoção de regimes jurídicos de
Entretanto, alguns preceitos teóricos estão presentes em qual-
funcionários públicos, desvalorizando a função pública.
quer reforma que busque aplicar a NGP como modelo. Geoffrey
Com transparência e responsabilização, busca-se apenas dimi-
SHEPHERD e Sofia VALENCIA recordam que a NGP é um modelo
nuir a corrupção, não existe o objetivo de compartilhar a tomada de
que imita os métodos gerenciais do setor privado (1996, p.108). Daí
decisões. A participação cidadã na gestão pública não faz parte das
decorre a denominação “reforma gerencial” para qualquer refor- características da NGP.
ma da Administração Pública que esteja baseada na “Nova Gestão O caso brasileiro demonstra que a descentralização também
Pública”. foi responsável pelo aumento da competição por recursos entre
Patrick DUNLEAVY e Christopher HOOD (1995, 106) lembram os diversos níveis de governo. A denominada “guerra fiscal” entre
que a NGP “chegou a ser identificada internacionalmente com a Estados é resultado desse processo, em que as relações intergover-
inevitável marcha da história”, sendo “algo tão onipresente dentro namentais predatórias apenas beneficiaram as empresas privadas,
do setor público que dificilmente deixa espaço para qualquer outro trazendo, por consequência, prejuízos aos cidadãos.
programa de reforma alternativo”. A NGP é o “pensamento único” Avaliar a Administração Pública pelo cumprimento ou não de
sendo aplicado à Administração Pública. Isso fica claro no discurso metas, utilizando mecanismos como o contrato de gestão, repre-
de Luiz Carlos BRESSER PEREIRA (2000, p.63), quando afirma que senta a aplicação da lógica gerencial, em que o único que conta é a
“existem três formas de administrar o Estado: a administração pa- dimensão econômica do serviço público, desconsiderando por com-
trimonialista, a Administração Pública burocrática e a Administra- pleto a dimensão humana da vida em sociedade.
ção Pública gerencial (...) que também pode ser chamada de Nova A ênfase em novas formas de controle (controle de resultados,
Gestão Pública (New Public Management)”. O principal mentor da controle contábil de custos, controle por incentivo à concorrência a
“Reforma Gerencial” brasileira não contempla a hipótese de um setores privados na prestação de serviços públicos, controle social
modelo alternativo. Tal fato seguramente não se dá por limitação e reforço do controle judicial) também expressa o alcance desejado
intelectual. A exclusão de qualquer outro modelo de Administra- para a democracia. O cidadão pode controlar a gestão, mas nunca
ção Pública é intencional. Assim como explica Boaventura de Sousa compartilhá-la.
SANTOS (2001, p.231), a distorção e a ocultação da realidade são
pressupostos do exercício do poder. A criação de entes descentralizados, que atuam nos serviços
Christopher HOOD (1991, p.04 e 05) foi quem primeiro definiu sociais e científicos para o denominado “setor público não estatal”
a “Nova Gestão Pública”, a partir da conjunção de sete elementos: representa a privatização dos serviços públicos na área social.
profissionalização da gestão nas organizações públicas; padrões de O exame das características da “Nova Gestão Pública” permite
desempenho e medidas de avaliação com objetivos mensuráveis conceituá-la como uma teoria de Administração Pública que adota
e claramente definidos; ênfase no controle e nos resultados; de- um enfoque empresarial para a gestão, dando ênfase à redução de
sagregação das grandes unidades do setor público; introdução da custos, à eficácia e à eficiência dos aparelhos de Estado e propondo
competição no setor público; uso de práticas de gestão do setor a clientelização dos cidadãos.
privado; ênfase na disciplina e na utilização dos recursos, cortando
custos e procurando maior eficiência e economia.

81
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

Os verdadeiros fundamentos da “Nova Gestão Pública” A GQT, apesar de haver sido formulada por alguns autores nor-
te-americanos como Edwards Deming e Joseph Juran, é no Japão
A NGP é um modelo (um grupo de símbolos e regras operacio- dos anos 1960 e 1970, que continuava sua recuperação da destrui-
nais) que possui o objetivo de estabelecer regras prescritivas des- ção causada pela Segunda Guerra Mundial, que encontrou o am-
tinadas a reconfigurar a Administração Pública para que a mesma biente “ideal” para o seu desenvolvimento. Já no início da década
esteja adequada ao Estado ultraliberal. É um modelo que pretende de 1980, empresas ocidentais voltavam suas atenções para o cres-
ser universal, independente das características singulares de cada cimento das principais indústrias japonesas. No Brasil, é a partir dos
país. Não obstante a retórica utilizada pelos ultraliberais que teori- anos 1990 que a GQT começou a difundir-se, destacando-se o papel
zam sobre gestão pública, este trabalho sintetiza os cinco conceitos de divulgadora que teve a Fundação Christiano Ottoni, liderada por
fundamentais que conformam a “Nova Gestão Pública”: a) a “lógica Vicente Falconi Campos.
do privado” deve ser a referência a ser seguida; b) o mercado é A GQT é uma teoria de gestão com uma metodologia fecha-
quem deve formular políticas públicas; c) os serviços públicos de- da e que não possui nenhuma interconexão com a Administração
vem abandonar asfórmulas burocráticas para assumir a modalida- Pública, mas mesmo assim foi considerada uma das estratégias de
de da concorrência empresarial; d) o cidadão deve converter-se em gerenciamento adotadas pelo governo Fernando Henrique Cardo-
cliente; e) a gestão deve ser apartada da política. so. A GQT, independentemente de sua formulação conceitual apa-
rentemente sistêmico-integradora da totalidade da vida humana (a
a) Privatização do “público” ponto de pretender absorver como demanda a própria qualidade
da vida) desconsidera por completo as características culturais de
Para os defensores da “Nova Gestão Pública” a Administração cada país e as especificidades da Administração Pública. No Brasil
Pública deve copiar modelos e práticas privadas, fazendo com que a não foi diferente.
NGP se constitua numa visão privada do “público”. No caso brasilei-
ro, o próprio PDRAE, elaborado em 1995, demarca que “a Adminis- b) O mercado como formulador de políticas públicas
tração Pública gerencial inspira-se na administração de empresas”
(MARE, 1995, p.22). Inspirar-se na gestão privada é um erro concei- Luiz Carlos BRESSER PEREIRA (2001, p.16-17) justifica a crença
tual grave porque a gestão pública é, pelos fins e meios, absoluta- no mercado de duas maneiras distintas: primeiro ao rejeitar a ideia
mente diferente da gestão privada. do Estado como produtor de bens e serviços, apoiando as privati-
A utilização do termo “público” como componente do nome de zações; e segundo, ao afirmar que atividades não exclusivas do Es-
um modelo teórico que valoriza “o privado” como referência repre- tado, como serviços sociais e científicos, não devem ser realizados
senta uma tentativa de não evidenciar a contradição insolúvel entre diretamente por ele.
duas lógicas absolutamente antagônicas: a “lógica do público” deve Entretanto, os princípios do mercado não são aplicáveis aos
ser determinada pela solidariedade, enquanto a “lógica do privado” serviços públicos. O objetivo do lucro e a possibilidade de diferen-
é determinada pela “lógica mercantil do consumo privado” (Carlos ciação de clientes, outorgando vantagens conforme seu maior ou
SOJO, 2004, p.10 e 11). menor consumo, são facetas que expõem claramente a distinção
A Administração Pública é caracterizada por atributos estatais, entre o sentido de uma e de outra atividade. A presença do mer-
ou seja, só pode ser explicada a partir do Estado. Mesmo após essa cado como formulador das políticas públicas representa um triunfo
óbvia referência, até tautológica na ótica da defesa dos atributos inigualável para o capitalismo. Jacint JORDANA (1995, p.84) recor-
políticos da cidadania, parece haver a necessidade de recordar al- da, entretanto, que as instituições públicas são identificadas por
gumas premissas elementares no que diz respeito à Administração suas policy networks (redes de políticas públicas), nas quais se re-
Pública: a chave na distinção da esfera da natureza entre a Admi- produzem diversos conflitos sociais. Ou seja, é possível identificar
nistração Pública e a administração privada está na finalidade de como os interessesde classes se convertem em políticas públicas.
cada uma, pois enquanto a primeira busca realizar interesses gerais, Quando é o mercado que formula as políticas públicas esse espaço
a segunda deseja satisfazer os interesses particulares (o lucro é o legítimo de disputa desaparece, fazendo prevalecer exclusivamente
objetivo a ser buscado incessantemente); a Administração Pública, o poder econômico.
ao contrário da administração privada, não pode escolher os seus Omar GUERRERO (2003, p.387) sustenta que a presença de ele-
âmbitos de atuação; a Administração Pública possui alguns privilé- mentos do mercado provoca mudanças nas funções tradicionais do
gios e possibilidades coercitivas que não são usuais no setor priva- setor público, tais como: gerência, privatização, esquemas de incen-
do; o entorno da Administração Pública é bem mais complexo que tivo de competitividade e desregulação.
qualquer organização privada; a Administração Pública está vincu- A transferência da gestão dos serviços públicos para empresas
lada ao processo democrático, pois mesmo na limitada democracia privadas (privatizações, concessões, terceirizações, etc.) faz com
representativa, os processos eleitorais e os mandatos decorrentes que o mercado passe a ser o dono da agenda pública. Esse fato
dessas variáveis que devem ser observadas; na Administração Pú- pode gerar um grave problema: a captura do regulador (ente regu-
blica a determinação dos objetivos é muito mais plural que no setor lador de um determinado serviço público) pelo regulado (empresa
privado, o que dificulta a segmentação dos destinatários das ativi- privada responsável pela prestação de um determinado serviço pú-
dades públicas; o grau de visibilidade e controle da Administração blico). O ente regulador é capturado quando passa a confundir o
Pública é muito maior, em função da maior pressão portransparên- interesse público com os interesses do ente(s) privado(s) que é por
cia; a Administração Pública está obrigada, diferentemente do setor ele regulado. Marçal JUSTEN FILHO (2002, p.370) aponta que a cap-
privado, a respeitar princípios constitucionais e legais, o que torna a tura ocorre “quando a agência perde sua condição de autoridade
sua gestão menos flexível. comprometida com a realização do interesse coletivo e passa a pro-
Também merece destaque recordar que a “Gestão pela Quali- duzir atos destinados a legitimar a realização dos interesses egoísti-
dade Total” (GQT) ou Total Quality Management (TQM) foi uma das cos de um, alguns ou todos os segmentos empresariais regulados”.
estratégias de gerenciamento adotadas pela “Reforma Gerencial”
no Brasil (Luiz Carlos BRESSER PEREIRA, 1999, p.08).

82
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

c) Concorrência empresarial Segundo Marcelo James VASCONCELOS COUTINHO (2000,


p.46):
A Administração Pública deve ser redesenhada, seguindo o mo- os cidadãos podem ser ou não usuários de serviços públicos
delo das empresas privadas, com uma configuração que privilegia específicos, mas são parte de toda uma comunidade e, portanto,
a redução dos custos e o aumento das tarifas públicas, buscando contribuem e recebem benefícios da Administração Pública. Os ci-
aumentar o lucro e desconsiderando o interesse público, tal como dadãos são também portadores de direitos e deveres e, ao contrário
prevalecia nas concepções ideológicas em vigor até os anos 1980. dos clientes do setor privado, frequentemente não podem escolher
Luiz Carlos BRESSER PEREIRA (2001, p.19) constrói o conceito um serviço alternativo, caso estejam insatisfeitos com o serviço
de “concorrência administrada” para justificar as contratações ex- prestado pelo setor público. Assim, funcionários públicos não aten-
ternas ou terceirização. dem somente aos usuários diretos, mas preservam os direitos de
todos os cidadãos. Isso significa que eles equilibram os objetivos
d) Orientação ao cliente potencialmente conflituosos de satisfação dos usuários com a pro-
teção dos interesses de toda a comunidade ou cidadãos de um país.
Para a NGP, a noção de cidadania é substituída pela utilização Essa é a principal razão por que fornecer serviço de alta qualidade
de termos como cliente, consumidor ou usuário, que são usados de no setor público é muito mais difícil do que no mercado.
modo quase intercambiável. A NGP busca fragmentar e fragilizar o
único conceito legítimo na relação do indivíduo com o Estado: o de Cidadão inclui-se em uma categoria jurídica específica, pois o
cidadão. Esta discussão não é uma discussão semântica. É um de- Estado permanece sempre com a responsabilidade pela adequada
bate necessário que pretende demonstrar que usar qualquer termo prestação de serviço público, mesmo que a atividade tenha sido de-
diverso de cidadão é uma opção ideológica que objetiva dar um ca- legada a um ente privado. A par das referências reducionistas, a
ráter apolítico à teoria da Administração Pública. É uma opção que expressão cidadão é a que melhor conforma o sentido sobre quem
nega que o Estado fundamenta a sua legitimidade na autoridade da é o destinatário dos serviços públicos; é a que dá conta das espe-
sua universalidade. cificidades do serviço público, que tem que contemplar o interesse
A denominação “cliente” atribui à prestação do serviço público público e os aspectos democráticos.
um caráter comercial. É como se o serviço prestado deixasse de ser Para Omar GUERRERO (1997b, p.168) “uma das características
público, tornando-se uma atividade econômica própria da iniciati- principais da vida cívica, é que o cidadão toma consciência de si
va privada. Denominar a um cidadão de “cliente” é o mesmo que mesmo como tal, mais que como cliente e consumidor do mercado
tornar a prestação do serviço público uma relação privada entre o econômico”.
prestador e o receptor. Por exemplo, sob essa ótica o ensino público Sue RICHARDS (1994, p.06) sustenta a relevância da cidadania,
de ensino fundamental é apenas uma relação existente entre uma a partir da relação existente, pela via do voto e do mandato, entre
escola pública e um aluno ou seus pais, desconsiderando o restan- o cidadão e o seu representante eleito no processo da democracia
te da sociedade. O conceito de cliente não contempla o interesse representativa:
público.
Juan Antonio GONZÁLEZ (1999, p.99) afirma que o equívoco os políticos e aqueles técnicos que trabalham junto a eles
de considerar o cidadão um cliente é uma “visão derivada das con- baseiam-se no mandato eleitoral recebido dos cidadãos. Sejam
cepções privatistas e economicistas da administração, dado que na quais forem as imperfeições do processo democrático, as eleições
relação cliente-empresa o que se busca privilegiar é o benefício da proporcionam o direito a tomar decisões em nome da comunidade.
empresa, quando na relação pública o que legitima tanto o acionar
como a existência mesma do Estado é o bem-estar dos cidadãos”. Entre a Administração Pública e a cidadania não há contrato
Para Quim BRUGUÉ, Moisès AMORÓS & Ricard GOMÀ (1994, comercial, mas sim um contrato social e político. Transformar o
p.38 e 39): cidadão em cliente é o mesmo que transformar a Administração
os clientes do setor privado desfrutam de um poder de eleição Pública numa grande empresa privada, desconsiderando que “a ci-
que não tem equivalente no âmbito público. As instituições públicas dadania não está fundada numa relação contratual” (Jorge KAROL,
descansam sobre uns fundamentos que condicionam suas relações 2003, p.46), mas sim numa relação com uma comunidade global e
com os administrados: seus serviços não são para satisfazer unica- socialmente cidadã, o que dá direito a um conjunto básico de servi-
mente demandas individuais, mas, sobretudo, interesses coletivos. ços públicos, independentemente da capacidade financeira.
Já o termo consumidor decorre de uma visão economicista. Se
as atividades econômicas são a produção, a distribuição, a circula- e) A Administração Pública deve ser apartada da política
ção e o consumo, vê-se o cidadão como exercendo a última des-
sas atividades, ou seja, o consumo. Marcos Roitman ROSENMANN O campo da Administração Pública, como qualquer outro cam-
(2003, p.77) afirma que substituir cidadão por consumidor é “re- po, é um campo de poder, que se concretiza pela ação estatal. Por
sultado de uma ordem política e social estabelecida para defender isso, é impossível entender que a Administração Pública seja divi-
a propriedade privada e a liberdade individual, não para gerar um dida em funções administrativas e políticas, tocando as primeiras
projeto de desenvolvimento econômico”. aos funcionários e as últimas aos políticos e aos gestores. Toda e
Finalmente, o conceito de usuário também não parece o mais qualquer atividade administrativa é uma atividade política. Não há
adequado, pois o Estado deve ser responsável pela prestação uni- atividade administrativa exclusivamente técnica.
versal a todos os cidadãos, independentemente da sua condição de Entretanto, não é este o pensamento predominante entre
usuário ou não. os defensores da “Nova Gestão Pública”, conforme recorda Nuria
CUNILL GRAU (2004, p.43). Influenciados por princípios exclusiva-
mente econômicos e gerenciais, os teóricos da NGP afirmam que o
caráter político do Estado dificulta a tomada de decisões “eficien-
tes” e “tecnicamente corretas”.

83
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

Esse argumento é meramente retórico. Os ultraliberais bem sa- b) do controle à influência: geralmente, nessas redes de políti-
bem que “estabelecer uma separação radical entre a técnica por um cas públicas, o governo perde seu poder central e a capacidade de
lado e a política por outro, como se as decisões coletivas pudessem controlar diretamente os atores e os recursos e passa a usar mais a
ser reduzidas a um problema ao que, com a informação adequada, capacidade de influência;
seja possível encontrar a ‘melhor’ solução” (Leonardo GARNIER, c) uso de recursos públicos e privados: a existência e a institu-
2004, p.125), é uma premissa equivocada. Há múltiplas situações cionalização de parcerias formais e informais entre o setor público
em que não há como escolher uma “melhor solução” para todos. e o privado tornam possível o uso híbrido de recursos públicos e
Nesses casos, apenas a política possui legitimidade para decidir. privados;
Um claro exemplo do sucesso desse argumento é o caso das d) criação de modelos organizacionais híbridos: em alguns ca-
agências reguladoras brasileiras. Todos os que defendem a autono- sos, a mistura dos recursos se dá via organizações híbridas do tipo
mia dos entes reguladoresbrasileiros, com relação ao governo fede- quangos (Reino Unido), que tornam possível a operacionalização do
ral, insistentemente recorrem a esse discurso. conceito da governança.
Entretanto, cinicamente, evitam recordar que em 2001 o Brasil Simultaneamente, nas décadas de 1980 e 1990, vários movi-
enfrentou uma crise no abastecimento de energia levando o país a mentos, abrigados sob o guarda-chuva da New Public Management
uma situação de racionamento. Naquele momento, com a necessi- (NPM), especialmente nos países anglo-saxões, propunham solu-
dade de rápidas providências para enfrentar a escassez de energia, ções para a administração pública. Pontos centrais eram a adapta-
o governo Fernando Henrique Cardoso, o mesmo que havia institu- ção e a transferência dos conhecimentos gerenciais desenvolvidos
ído o modelo de agências reguladoras no país, optou, via Medida no setor privado para o público, pressupondo a redução do tama-
Provisória nº 2.147, de 15 de maio de 2.001, por criar a “Câmara de nho da máquina administrativa, uma ênfase crescente na competi-
Gestão da Crise de Energia Elétrica”, tendo como objetivo propor e ção e o aumento de sua eficiência.
implementar medidas de natureza emergencial, de forma a evitar Será, porém, que os conceitos e as práticas inspirados pelos
interrupções do suprimento de energia elétrica. Correlativamente, movimentos de NPM e governança são substancialmente diferen-
o Presidente abandonou o projeto de transposição das águas do tes? Para alguns autores (Rhodes, 1997), o debate da governança
São Francisco, então em fase de audiências públicas tumultuadas, foi impulsionado pelas condições criadas pela aplicação da filosofia
cujo impacto seria de reduzir a produção de energia hidroelétrica gerencial de NPM. O quadro a seguir busca ressaltar as semelhan-
na “cascata da CHESF”, no baixo São Francisco. Portanto, o grau de ças e diferenças dos dois movimentos:
“politização” das decisões “administrativas” é elevado. Estes exem- Quadro 1: New Public Management X Governança
plos evidenciam que o argumento utilizado pela NGP é um argu-
mento meramente retórico. NEW PUBLIC
A Administração Pública é o ente que vincula o Estado com a CONCEITO GOVERNANÇA
MANAGEMENT
sociedade. Cada funcionário público representa o “rosto” do Estado
frente a cada cidadão. A NGP, ao contrário de incentivar o aper- Ignora ou reduz Enfatiza a capacida-
feiçoamento dessa relação, buscando integrar o cidadão à gestão o papel dos polí- de de liderança dos
pública, prefere afastá-lo, criando uma falsa dicotomia entre a Ad- ticos eleitos, re- políticos eleitos, res-
ministração Pública e a política. comendando a ponsáveis pelo desen-
Desenvolvimen- independência volvimento e gestão
Governança versus New Public Management: Concepção tode novos ins- dos burocratas; ac- de redes públicopri-
Teórica e Aplicação Prática trumentos para contability é uma vadas; accountability
controle e accoun- questão pouco re- continua uma ques-
O termo governança entra no vocabulário da gestão pública tability solvida; tão pouco resolvida; o
nas duas últimas décadas, englobando conceitos contraditórios o foco está na in- foco está na participa-
teoricamente e ideologicamente. Segundo Peters & Pierre (1998), trodução dos me- ção de stakeholders,
a governança é uma contrapartida à concepção tradicional da ad- canismos de mer- especialmente, no
ministração pública. Seus principais focos de análise são os limites cado. clientecidadão.
da ação do governo, bem como as relações estabelecidas entre go- A dicotomia é consi-
verno e setor privado. Para Prats i Catalá (2006), a governança é A dicotomia é con- derada obsoleta, por
um movimento que se faz presente nos anos noventa e se refere siderada obsoleta, causa da maior parti-
ao reconhecimento da importância da boa interação entre governo, por causa da inefi- cipação de outros ato-
sociedade civil e setor privado. Redução da dico-
ciência do Estado. res. Solução proposta:
No contexto europeu e estadunidense, a governança se refere tomia público-pri-
Solução proposta: o setor público deve
à existência de alguns elementos que se materializam a partir das vada
importação de téc- assumir um papel de
reformas neoliberais implementadas em grande escala a partir dos nicas gerenciais do liderança na mobiliza-
anos setenta: setor privado. ção de redes público-
a) o domínio das redes em políticas públicas: desde a concep- -privadas.
ção de Castells (1996) sobre o
A competição é A competição não é
Estado em rede até os dias de hoje prevalece a idéia de que
estratégia central vista como estratégia
as redes, definidas stricto sensu como coleções amorfas de atores
para o aumento da central; o foco está na
públicos, privados e sem fins lucrativos, dominam a esfera da admi- Ênfase crescente
eficiência da ges- mistura de recursos
nistração pública (Loyola & Moura, 1996; Mandell, 1999; Marsh & na competição
tão pública e para públicos e privados,
Rhodes, 1992). Para alguns, as redes são vistas como um processo
responder melhor com maior competi-
natural decorrente da abertura econômica e democratização (Man-
ao cliente. ção, onde for o caso.
dell, 1999), enquanto para outros se referem ao domínio do setor
privado sobre o setor público, decorrente do processo da perda de
legitimidade deste último (Peter & Pierre, 1998);

84
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

Existe dificuldade em Resumindo, a governança deriva da cultura política do país


Foco nos resul- onde se insere, enquanto a NPM não demonstra essa sensibilidade
especificar os objeti-
tados e crítica ao contextual e ideológica. Dessa forma, é de se esperar que os de-
vos e, consequente-
Ênfase no controle controle dos insu- senhos institucionais da governança sejam diferentes, dependendo
mente, resultados das
dos resultados ao mos. Mecanismos do contexto onde são aplicados. De forma mais ampla, o conceito
políticas públicas. Me-
invés do controle como contratos de de governança pode ser utilizado na teoria de administração públi-
canismos como con-
dos insumos gestão e acordos ca para qualificar as relações que o Estado (domínio dos políticos e
tratos de gestão ou
de resultados são burocratas)desenvolve com o setor privado (domínio das empresas
acordos de resultados
incentivados. e consumidores) e o terceiro setor (domínio da cidadania organiza-
são incentivados.
da em torno dos seus interesses).
O Estado deve ser ca-
O Estado deve ser
paz de aumentar as O Contexto Brasileiro: a Rede de Governança e os Instrumen-
capaz de cortar
coalizões com outros tos de Gestão Pública
gastos, ao mesmo
atores, definindo prio-
Ênfase no papel ar- tempo em que res-
ridades e objetivos. A Qual é o modelo que mais representa as transformações do pa-
ticulador do Estado ponde às expecta-
comunicação entre os pel do Estado e da administração pública brasileira ao longo dessas
tivas crescentes e
diversos atores é esti- duas décadas? De forma geral, é possível afirmar que processos de
diversificadas da
mulada pela ação do desestatização e democratização implementados ao longo das duas
clientela.
Estado. últimas décadas consolidaram uma rede de governança baseada
Estruturas interorga- nas relações do setor público com o setor privado e o terceiro setor.
Estruturas gover- De um lado, a desestatização modificou substancialmente a
nizacionais, acompa-
namentais míni- economia brasileira e opapel desempenhado pelo Estado, que dei-
nhadas por modifica-
mas. Diferença xou de privilegiar uma economia mista, tornando-se uma economia
Desenho das estru- ções na estrutura de
entre formulação privada de mercado, cujo eixo dinâmico do padrão de produção e
turas organizacio- pessoas, procedimen-
e execução de po- acumulação foi definitivamente transferido para o setor privado
nais tos, instrumentos de
líticas, a partir da (Abranches, 1999). Conceitos como concessão, regulação e parce-
gestão, planejamento
lógica agent-prin- rias público-privadas concretizam um novo modelo de Estado, base-
e orçamento e trans-
cipal. ado em relações contratuais com o setor privado e responsável por
parência.
Mesmo que os mecanismos utilizados pela NPM criem a base definir objetivos de políticas públicas a serem implementadas com
material para a proliferação de instrumentos de governança, exis- a parceria do privado. Simultaneamente, esse mesmo movimento
tem diferenças conceituais entre os dois movimentos (Peters & se faz presente na relação do Estado com o terceiro setor. Conceitos
Pierre, 1998; Prats i Catalã, 2006): como Organizações Sociais, OSCIPs, Serviços Sociais Autônomos e
a) Governança é um conceito essencialmente democrático: a outros materializam uma série de relações público-privadas em áre-
redução do Estado como consequência das reformas neoliberais as como saúde, educação e cultura, como conseqüência de movi-
pode ter diminuído seu peso e transformado seu papel, mas o au- mentos de democratização. O termo de parceria também entra em
mento das parcerias com o setor privado e com o terceiro setor cena como instrumento de contratualização das relações do Estado
também é impulsionado pela crescente pressão da sociedade. A com o terceiro setor.
NPM é ideologicamente marcada pelo neoliberalismo e busca tor- A configuração atual dessa rede de governança se manifesta
nar as organizações públicas similares às privadas, reconhecendo nos conceitos recentemente utilizados para se referir ao novo papel
apenas a diferença no produto a ser entregue. A governança reco- do Estado como catalisador, articulador e facilitador do mercado e
nhece a importância das organizações públicas na rede de articula- da sociedade civil. Não é por acaso que conceitos como “concer-
ção com o privado. tação” (a exemplo do Conselho de Desenvolvimento Econômico e
b) Governança tem foco inter-organizacional: diferentemente Social) e regulação (a exemplo da proliferação de agências regula-
da NPM, cujo principal foco são as práticas intraorganizacionais, a doras) são tão usualmente incorporados e utilizados pela agenda
governança estimula as redes interorganizacionais, como formas política ultimamente.
alternativas para o alcance do interesse público. O setor público é Mas será que essa mudança do quadro conceitual de operação
responsável pelo controle político e pelo desenvolvimento de es- do papel do Estado - mais próxima a uma rede de governança - tem
tratégias que sustentam a capacidade de ação do governo. A NPM sido acompanhada por modificações substanciais na administração
busca mudar o setor público, tornando-o próximo ao privado. pública? Este ensaio compartilha o pressuposto de que os princí-
c) Governança sustenta-se em bases ideológicas diferenciadas pios transformadores da dinâmica da gestão pública ao longo des-
da NPM: a governança é maleável em diferentes contextos ideoló- ses anos apresentam-se na agenda política de forma fragmentada
gicos ou culturais. De fato, redes interorganizacionais, intersetoriais (Martins, 2004). No entanto, é possível analisar algumas tendências
e gestão integrada podem ser implementadas gradativamente, em gerais, consideradas pelo Plano Diretor da Reforma de Aparelho do
diversos contextos sócio-culturais, adaptando-se às suas caracte- Estado, elaborado em 1995 e que ainda encontra respaldo em vá-
rísticas. Já a NPM sustenta-se pela ideologia neoliberal e busca a rias reformas administrativas concebidas e implementadas em nível
penetração das forças do mercado no setor público. estadual.
d) Não existe um modelo único de governança: diferentemente
do modelo burocrático, a governança não pretende ser um modelo
organizativo e funcional de validade universal. A governança é mul-
tifacetada e plural, busca eficiência adaptativa e exige flexibilidade,
experimentação e aprendizagem via prova e erro.

85
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

Administração versus Política Lynn Jr. (2001) e Lustosa da Costa Esse não necessariamente dispõe de conhecimentos técnicos,
(2006) chamam atenção para o monocórdio do discurso das refor- ascende na carreira de forma diferenciada (normalmente pelo voto)
mas originadas nas últimas décadas com base na NPM. Para o pri- e nem sempre está preocupado com o dia-a-dia da máquina públi-
meiro autor, a Administração Pública passou a ser repetidamente ca.
taxada de locus no qual uma burocracia nos moldes weberianos A dicotomia não entre os profissionais, mas entre suas ativi-
luta para se manter viva, justificando suas ações com base na tecno- dades já havia sido apontada por Wilson (2002, p. 20) de forma ta-
cracia e no modo considerado correto pela “Ciência da Administra- xativa: “Questões administrativas não são questões políticas. Ape-
ção”. Fatos deveriam ser separados de valores, o mesmo ocorrendo sar de a política determinar as diretrizes da administração, ela não
entre política e administração e entre formulação e implementação deve ser capaz de manipular suas atividades.” A princípio negando,
de políticas públicas. A administração tradicional, conclui o autor, Wilson acabava por reconhecer a ligação clara entre as duas. Lynn
passou a ser vista como rígida, centralizadora, insulada, preocupa- Jr.(2001) e Overeem (2005) lembram que a oposição explícita entre
da em se autodefender e profundamente antidemocrática. Bresser administração e política não é um postulado teórico, e sim princípio
Pereira, em sua proposta de reforma, também se mostrou favorável a ser perseguido na prática.
à dicotomia entre políticos e administradores: A dicotomia inicial ensaiada por Wilson foi duramente criticada
“a governança será alcançada e a reforma do Estado será bem ao longo do século XX. Entra, aí, uma terceira variável – as políti-
sucedida quando o Estado se tornar mais forte embora menor: (...) cas públicas. Para Vieg (1959), a Administração Pública está ligada
(c) mais forte estrategicamente, dotado de elites políticas capazes a toda área e atividade inerente às políticas públicas, servindo aos
de tomar as decisões políticas e econômicas necessárias; e (d) ad- seus fins. Dez anos antes, Long (1949, p. 259) já havia sido mais
ministrativamente forte, contando com uma alta burocracia tecni- taxativo: “A performance de agências e departamentos está rela-
camente capaz e motivada.” (BRESSER PEREIRA, 1997, p. 44) cionada às tarefas de construção, manutenção e aumento do seu
A distinção entre políticos e administradores fez-se presente ao suporte político.”
longo da Reforma do Aparelho de Estado de 1995. As propostas de A ligação entre política e administração já havia se tornado
Bresser Pereira encaixavam-se em um contexto de profunda refor- consensual ainda na década de 1950 (Kettl, 2000). Sem que se du-
mulação do Estado no Brasil durante o governo de Fernando Hen- vidasse mais desse fato, a NPM resgatou a dicotomia, dessa vez li-
rique Cardoso, em que se criticava frequentemente o tamanho da gando-a à questão da eficiência, abordada adiante. Exemplo desse
máquina pública. Essa crítica deu ensejo à redução dos concursos novo embate é a defesa de Overeem (2005, p. 312), para quem “a
públicos, a programas de demissão voluntária e à privatização de neutralidade política dos administradores não pode ser defendida,
diversas empresas estatais. Fernando Henrique Cardoso (1994) já como muitos tentam, sem resgatar a dicotomia.” De forma confusa,
havia sintetizado as mudanças vindouras em sua despedida do Se- ele termina por dar à dicotomia inicial um caráter mais restrito, ao
nado Federal, antes de assumir a Presidência da República: “Resta, associar a neutralidade a não participação de administradores em
contudo, um pedaço do nosso passado político que ainda atravanca controvérsias políticas.
o presente e retarda o avanço da sociedade. Refiro-me ao legado Esse resgate da discussão não dá nova força à dicotomia, ainda
da Era Vargas – ao seu modelo de desenvolvimento autárquico e ao mais se levada em consideração especificamente a realidade brasi-
seu Estado intervencionista”. leira. Não cabe uma análise ampla da formação do Estado brasilei-
O legado da Era Vargas não só era composto pelo desenvolvi- ro, mas custa a crer que, no Brasil dos coronéis de Leal (1997) ou
mento autárquico e pelo intervencionismo estatal, como também do patronato de Faoro (2001), no qual as práticas constantes dessas
adotava como bandeira o profissionalismo da Administração Públi- duas interpretações ainda se fazem presentes, a separação plena
ca, por meio de sua racionalização e de seu treinamento técnico, de entre administração e política seria minimamente viável.
acordo com Keinert (1994). Em suma, objetivava formar a “burocra- Práticas como clientelismo, nepotismo, mandonismo e sobre-
cia tecnicamente capaz e motivada”, a qual aludiu, mais de cinco posição dos interesses privados em relação aos públicos resistiram
décadas depois, Bresser Pereira. às décadas que separam o presente da data original de publicação
A recorrência ao passado, nesse caso, ocorreu de forma acríti- daquelas obras. Exemplo dessa situação é a área de Comunicações,
ca, ignorando debate tradicional no campo da Administração Públi- na qual, como lembra Pieranti (2007), as injunções políticas se fa-
ca há mais de um século. Desde seu nascimento, como lembra Kettl zem sempre presentes.
(2000), a Administração Pública está ligada à Ciência Política: em Se, para os teóricos anglo-saxões, a dicotomia entre adminis-
um primeiro momento, essa era o campo de debate natural acerca tração e política já sofria tantas críticas, no Brasil, dada a correlação
daquela. O reconhecimento da primeira como campo específico de de forças no âmbito do Estado, essa oposição plena só seria possível
estudos deu-se, em parte, graças a uma conferência, em 1887, de mediante uma reforma muito mais ampla à que se propôs em 1995.
Woodrow Wilson (2002), que viria a assumir o posto de maior pro- O efeito da separação política-administração apregoada pela NPM
jeção política dos Estados Unidos – o de Presidente da República. O e conscientemente adotada pelo plano de reforma continua a se
autor (2002, p. 14) que conferiu liberdade ao campo da Administra- apresentar como um obstáculo à complementaridade entre Estado
ção é o mesmo que o atrelou ao governo, ao afirmar que “adminis- (administradores e políticos) e setores da sociedade, necessária à
tração é a parte mais óbvia do governo; é o governo em ação; é a rede da governança em construção. Conceitualmente e empirica-
execução, a operação, a parte mais visível do governo e, claro, tão mente refutada desde os anos cinquenta (mesmo que resgatada de
antiga quanto o próprio governo.” forma tímida posteriormente), a dicotomia falha na sustentação da
A partir do reconhecimento do novo campo, tornou-se possí- rede de governança. Não bastasse a fraqueza do alicerce, ele foi
vel a formação de pessoal específico, os administradores, em mo- transposto para uma realidade, a brasileira, sem maiores preocupa-
vimento iniciado após a Primeira Guerra Mundial (Waldo, 1948). ções com sua adaptação contextual.
Cabe apontar que a existência de um profissional, ao mesmo tem-
po, generalista (por ter uma formação que percorre temas diversos)
e especializado (por ser fruto de um campo de estudos) represen-
tou um contraponto à figura do político.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

Administração Pública Gerencial


Surge na segunda metade do século XX, como resposta à expansão das funções econômicas e sociais do Estado e ao desenvolvimento
tecnológico e à globalização da economia mundial, uma vez que ambos deixaram à mostra os problemas associados à adoção do modelo
anterior.
Torna-se essencial a necessidade de reduzir custos e aumentar a qualidade dos serviços, tendo o cidadão como beneficiário, resul-
tando numa maior eficiência da administração pública. A reforma do aparelho do Estado passa a ser orientada predominantemente pelos
valores da eficiência e qualidade na prestação de serviços públicos e pelo desenvolvimento de uma cultura gerencial nas organizações.
A administração pública gerencial constitui um avanço, e até certo ponto um rompimento com a administração pública burocrática.
Isso não significa, entretanto, que negue todos os seus princípios. Pelo contrário, a administração pública gerencial está apoiada na ante-
rior, da qual conserva, embora flexibilizando, alguns dos seus princípios fundamentais, como:
• A admissão segundo rígidos critérios de mérito (concurso público);
• A existência de um sistema estruturado e universal de remuneração (planos de carreira);
• A avaliação constante de desempenho (dos funcionários e de suas equipes de trabalho);
• O treinamento e a capacitação contínua do corpo funcional.
A diferença fundamental está na forma de controle, que deixa de basear-se nos processos para concentrar-se nos resultados. A rigo-
rosa profissionalização da administração pública continua sendo um princípio fundamental.

Na administração pública gerencial a estratégia volta-se para:


1. A definição precisa dos objetivos que o administrador público deverá atingir sua unidade;
2. A garantia de autonomia do administrador na gestão dos recursos humanos, materiais e financeiros que lhe forem colocados à
disposição para que possa atingir os objetivos contratados;
3. O controle ou cobrança posterior dos resultados.
Adicionalmente, pratica-se a competição administrada no interior do próprio Estado, quando há a possibilidade de estabelecer con-
corrência entre unidades internas.
No plano da estrutura organizacional, a descentralização e a redução dos níveis hierárquicos tornam-se essenciais. Em suma, afirma-se
que a administração pública deve ser permeável à maior participação dos agentes privados e/ou das organizações da sociedade civil e
deslocar a ênfase dos procedimentos (meios) para os resultados (fins).
A administração pública gerencial inspira-se na administração de empresas, mas não pode ser confundida com esta última. Enquanto
a administração de empresas está voltada para o lucro privado, para a maximização dos interesses dos acionistas, esperando-se que, atra-
vés do mercado, o interesse coletivo seja atendido, a administração pública gerencial está explícita e diretamente voltada para o interesse
público.
Neste último ponto, como em muitos outros (profissionalismo, impessoalidade), a administração pública gerencial não se diferencia
da administração pública burocrática. Na burocracia pública clássica existe uma noção muito clara e forte do interesse público. A diferença,
porém, está no entendimento do significado do interesse público, que não pode ser confundido com o interesse do próprio Estado. Para a
administração pública burocrática, o interesse público é frequentemente identificado com a afirmação do poder do Estado.

A administração pública gerencial vê o cidadão como contribuinte de impostos e como uma espécie de “cliente” dos seus serviços. Os
resultados da ação do Estado são considerados bons não porque os processos administrativos estão sob controle estão seguros, como quer
a administração pública burocrática, mas porque as necessidades do cidadão-cliente estão sendo atendidas.
O paradigma gerencial contemporâneo, fundamentado nos princípios da confiança e da descentralização da decisão, exige formas
flexíveis de gestão, de estruturas, descentralização de funções, incentivos à criatividade. Contrapõe-se à ideologia do formalismo e do
rigor técnico da burocracia tradicional. À avaliação sistemática, à recompensa pelo desempenho, e à capacitação permanente, que já eram
características da boa administração burocrática, acrescentam-se os princípios da orientação para o cidadão-cliente, do controle por resul-
tados, e da competição administrada.

CONVERGÊNCIAS E DIFERENÇAS

Embora com focos diferentes, observamos que a Administração Pública traz para sua forma de gestão cada vez mais conceitos utili-
zados na Administração Privada, visto que, mesmo em cenários diferentes os desafios e problemas organizacionais, são de certo modo,
muito semelhantes em alguns aspectos.
Apesar dessa tendência, alguns aspectos ainda apresentam diferenças, conforme colocaremos no quadro comparativo abaixo para
melhor visualização.

ASPECTO ADM. PÚBLICA ADM. PRIVADA


Objetivo Atender necessidades coletivas (sociedade) Atender Interesses Individuais (Lucro)
Investimento privado e receitas advindas dos
Obtenção de recursos Receitas derivadas de Tributos
negócios praticados
Controle pelo Mercado, através da concor-
Mecanismo de controle do desempenho Controle Político através das eleições
rência com outras organizações.

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