Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
Fisiologia
Ventos
provenientes
Capítulo
8
do Nordeste
A água que vem da floresta
das plantas Calcula-se que, por ano, 3,8 trilhões de
metros cúbicos de água exalados pela
angiospermas
floresta amazônica sejam levados para Evapotranspiração
as regiões mais ao sul do continente. da floresta
Silício (Si)
Os conhecimentos derivados do senso comum, Adubos inorgânicos são compostos produzidos in-
aliados às novas descobertas científicas, têm possibi- dustrialmente e que geralmente contêm sais minerais
litado à humanidade aumentar significativamente a constituídos de três macroelementos químicos: nitro-
produtividade do solo e das culturas vegetais. Isso per- gênio (N), fósforo (P) e potássio (K). A adubação inorgâ-
mite produzir mais alimentos e com mais qualidade, nica possibilita calcular com precisão as quantidades
demandas importantes para as sociedades humanas, de cada elemento nutriente que deve ser fornecido à
que ainda crescem em ritmo acelerado. planta. Isso é importante, pois a concentração relativa
de cada elemento tem influência no tipo de crescimen-
Importância da adubação do solo
to. Por exemplo, o fornecimento de nitrogênio estimula
Nos ambientes naturais, a morte e a decomposi- um crescimento vegetativo vigoroso, com produção
ção dos seres vivos devolvem ao solo os elementos de muitas folhas, em detrimento da formação de es-
retirados pelas plantas, o que possibilita sua cons- truturas reprodutivas. Assim, é interessante fornecer
tante reciclagem. Em um campo de cultivo, porém, a a quantidade adequada de nitrogênio para uma cul-
situação é diferente, pois as plantas são removidas, tura de alface, por exemplo, cuja parte de interesse é
inteiras ou em parte, e utilizadas como alimento pelas a folha. Em uma cultura de tomates, entretanto, em
pessoas ou por animais domésticos. Com isso, o solo que o produto de interesse é o fruto, a quantidade de
vai gradativamente empobrecendo em elementos nitrogênio pode ser mais reduzida. (Fig. 8.1)
químicos essenciais. Para que o solo não se “esgote”,
tornando-se inadequado à agricultura, os elementos
perdidos devem ser repostos periodicamente pela adi-
ção de substâncias que os contenham. Essas substân-
cias são denominadas adubos, ou fertilizantes, que Capítulo 8 • Fisiologia das plantas angiospermas
podem ser de dois tipos: orgânicos e inorgânicos.
Adubos orgânicos são constituídos por restos ou
partes de animais ou de plantas, como fezes e sobras
de alimentos. À medida que os adubos orgânicos são
decompostos pelos microrganismos do solo liberam
elementos essenciais ao crescimento das plantas.
A adubação orgânica, além de fornecer ao solo ele-
mentos essenciais, favorece a retenção de água.
Muitos agricultores estimulam a reposição de
nitrogênio no solo com o cultivo de plantas legumino-
sas, que são deixadas para apodrecer no campo; esse Figura 8.1 Embalagem de adubo industrializado. As
processo é conhecido como adubação verde. As legu- porcentagens dos diversos elementos químicos são
indicadas no rótulo por meio de siglas. Por exemplo, um
minosas, por viverem em associação com bactérias fertilizante com a sigla “NPK” 15-00-14 contém 15% de
que fixam nitrogênio diretamente do ar, incorporam nitrogênio (N), na forma de amônia ou nitratos, não
quantidades elevadas desse elemento químico. contém fósforo (P) e tem 14% de potássio (K) salino.
245
A utilização de adubos inorgânicos sem o devido Cultivo de plantas sem solo: hidroponia
conhecimento das necessidades das plantas e do tipo
Os conhecimentos sobre a nutrição vegetal permi-
de solo pode levar a problemas ambientais. Adubação
tiram concluir que as plantas podem se desenvolver
excessiva, por exemplo, pode acarretar a contaminação
na ausência de solo, desde que suas raízes estejam
dos recursos hídricos (lagos, açudes, rios etc.) com mi-
mergulhadas em uma solução aquosa aerada e com
nerais que podem causar problemas à saúde humana
os nutrientes minerais necessários. A aplicação desses
e aos ecossistemas.
conhecimentos levou ao desenvolvimento de um inte-
Importância do grau de acidez do solo ressante método de cultivo, a hidroponia, empregado
A eficiência da adubação está diretamente ligada na produção comercial de hortaliças. As plantas são cul-
ao grau de acidez do solo, medido na escala de pH. tivadas em estufas, sem solo, com as raízes mergulhadas
Antes de aplicar os fertilizantes, o agricultor deve em uma solução nutritiva que circula continuamente e
conhecer o pH do solo e corrigi-lo, se necessário. Se o as abastece dos nutrientes minerais necessários ao seu
solo é muito ácido, pode-se adicionar calcário (formado desenvolvimento. (Fig. 8.3)
basicamente de CaCO3) para reduzir a acidez; se o solo é
alcalino, a correção pode ser feita pela adição de sulfato
de sódio (Na2SO4) ou sulfato de magnésio (MgSO4).
O pH do solo influencia a capacidade das plantas
em absorver determinados elementos químicos.
Mesmo que o solo contenha todos os elementos
essenciais, uma planta pode não conseguir absorver
algum deles se o pH for inadequado. Por exemplo, em
um solo com pH 8, a planta consegue absorver cálcio,
mas é incapaz de absorver ferro com eficiência.
Importância da irrigação
Outro fator fundamental ao crescimento das
plantas é a disponibilidade de água no solo. Muitas
regiões desérticas, apesar de terem solo fértil quan-
to à composição mineral, são pobres em vegetação
porque falta água. Isso é evidente em regiões semide-
sérticas que se tornam produtivas quando irrigadas
artificialmente. Diversas regiões áridas do Nordeste
brasileiro, por exemplo, têm produzido frutas de ex-
celente qualidade graças aos processos de irrigação
artificial. (Fig. 8.2) Figura 8.3 Cultivo de alface por hidroponia.
Unidade C • Diversidade, anatomia e fisiologia das plantas
246
2 Absorção de água e de sais minerais pelas plantas
Água e sais minerais, que juntos compõem a seiva mineral, ou seiva bruta, penetram na
planta pelas extremidades das raízes, principalmente pela zona dos pelos absorventes, em que
as paredes das células são altamente permeáveis. Depois de atravessar a epiderme, a água e os
sais nela dissolvidos deslocam-se para a região central da raiz. Isso ocorre tanto pelos espaços
externos existentes entre as membranas celulares, que constituem o apoplasto, como através do
citoplasma das células epidérmicas e corticais, que compõem o simplasto. Esses termos foram
propostos em 1930 pelo botânico alemão E. Münch (1876-1946).
Apoplasto refere-se a tudo o que se localiza externamente às membranas plasmáticas, ou
seja, compreende os espaços existentes entre as paredes das células e os espaços micros-
cópicos presentes nas paredes, que se embebem de líquido como um papel toalha. Simplasto
refere-se aos conteúdos celulares, isto é, ao material interno das células, contido pelas mem-
branas plasmáticas. Todas as células de uma planta comunicam-se por meio de finas pontes
citoplasmáticas (plasmodesmos), de modo que se pode dizer que seu simplasto é contínuo. Uma
substância, ao atingir o simplasto, pode deslocar-se pelas células e chegar ao cilindro vascular
sem ter que atravessar membranas celulares.
A água e os sais que se deslocam pelo apoplasto rumo ao cilindro vascular são barrados
pelas células endodérmicas. Como vimos no capítulo 7, as células do endoderma estão forte-
mente unidas umas às outras por cinturões impermeáveis de suberina, as estrias casparianas,
que impedem a água e os sais dissolvidos de continuar a se deslocar extracelularmente, pelo
apoplasto. Assim, para penetrar no cilindro vascular, a água e os sais têm necessariamente
de atravessar a membrana plasmática e o citoplasma das células endodérmicas. As estrias
casparianas também dificultam o retorno, ao córtex, dos sais minerais que já entraram no
cilindro vascular.
Uma vez no interior do cilindro central, os sais minerais são bombeados para dentro das
traqueídes e dos elementos de vaso por um tipo especial de célula, denominada célula de
transferência. Esse processo consome energia, que é obtida pela degradação de ATP a ADP e
fosfato. (Fig. 8.4)
Células
endodérmicas Estria
caspariana
Endoderme
247
Seção 8.2
Condução da seiva mineral
❱❱❱Objetivo Três tipos de fenômeno podem estar envolvidos no deslocamento
CCCExplicar como a água da seiva mineral das raízes até as folhas: capilaridade, pressão positiva da
e os sais minerais raiz e transpiração.
absorvidos pelas
raízes chegam até as 1 Capilaridade
folhas transportados
Quando estão dentro de um tubo de pequeno calibre — um capilar —,
pelo xilema.
as moléculas de água conseguem aderir e subir pelas paredes internas
do tubo, elevando a coluna líquida em seu interior, fenômeno denominado
❱❱❱Termos e conceitos
capilaridade; este resulta das propriedades de adesão e de coesão ca-
• capilaridade racterísticas das moléculas de água.
• pressão positiva
Moléculas de água no estado líquido formam pontes de hidrogênio en-
da raiz tre si, mantendo-se coesas, isto é, unidas. Essas pontes de hidrogênio
• teoria da rearranjam-se a todo o instante, o que confere à água líquida sua fluidez
coesão-tensão característica e sua capacidade de “molhar” diversos tipos de objeto
• transpiração (relembre no capítulo 3 do volume 1). A adesão da água às paredes de um
tubo capilar deve-se à formação de pontes de hidrogênio entre as molé-
culas de água e as paredes do capilar. Consequentemente, as moléculas
de água em contato com as paredes do tubo sobem e arrastam consigo
as moléculas localizadas mais ao centro. Assim, dentro do capilar, toda a
coluna de água sobe.
Quando a força de adesão se torna insuficiente para vencer o peso
da coluna líquida, a água para de subir no tubo capilar. A altura da coluna
depende do diâmetro do capilar: quanto menor o diâmetro do tubo, maior
a altura da coluna. Isso ocorre porque, à medida que o diâmetro do tubo
aumenta, há menos moléculas de água que aderem à parede em relação
ao número das que são arrastadas para cima pelas forças de coesão.
Pelo diâmetro de um tubo capilar pode-se deduzir a altura que uma
coluna de água em seu interior consegue atingir por capilaridade. Por
exemplo, calcula-se que, em um vaso xilemático com 30 m a 50 m de
diâmetro, a capilaridade é suficiente para elevar a coluna de água a cerca
de 0,5 m acima do nível do solo. Embora seja uma elevação significativa, a
capilaridade sozinha não é suficiente para levar a seiva mineral até a copa
das árvores, muitas vezes a dezenas de metros de altura.
Deslocamento da coluna
de mercúrio pressão da raiz
2 Pressão positiva da raiz
Em muitas plantas, descobriu-se que as raízes são capazes de empurrar a
seiva mineral para cima, fenômeno conhecido como pressão positiva da raiz.
Em certas espécies, verificou-se que a pressão da raiz é capaz de elevar uma
coluna líquida nos vasos xilemáticos a alguns metros de altura. (Fig. 8.5)
A pressão positiva da raiz resulta do fato de os sais minerais serem
continuamente bombeados para dentro do xilema pelas células de trans-
ferência, sendo seu retorno ao córtex impedido pelas estrias casparianas.
A diferença de concentração salina que se estabelece entre o cilindro vas-
cular e o córtex força a entrada de água por osmose, gerando uma pressão
positiva, que faz a seiva subir pelos vasos xilemáticos.
248
Acredita-se que a pressão positiva da raiz desempenhe papel pouco importante na subida
da seiva mineral no xilema. Além de muitas árvores não apresentarem esse fenômeno, o deslo-
camento da seiva causado por ele é lento e não poderia promover o grande movimento de água
necessário no xilema das árvores.
A pressão positiva da raiz ocorre geralmente quando o solo está encharcado e quando a planta
não transpira, em geral à noite. Nessas condições, plantas de pequeno porte precisam eliminar
o excesso de água que chega às folhas, o que ocorre através de hidatódios, fenômeno chamado
de gutação (relembre no capítulo anterior).
A
Epiderme
CORTE Ar
DE FOLHA atmosférico
(transversal)
Traqueídes
B
Figura 8.6 Representação
esquemática dos movimentos
da água (em vermelho) em uma
árvore devidos à transpiração.
249
Seção 8.3
Nutrição orgânica das
plantas: fotossíntese
❱❱ Objetivos As substâncias orgânicas que nutrem uma planta são produzidas por
CC Reconhecer a meio da fotossíntese em células dotadas de cloroplastos, localizadas prin-
fotossíntese como cipalmente nas folhas. Nesse processo, moléculas de água (H2O) e de gás
a fonte primária de carbônico (CO2) participam das reações que originam moléculas orgânicas,
alimentos orgânicos tendo a luz como fonte de energia. Os produtos primários da fotossíntese
para as plantas. são moléculas de glicídios (principalmente sacarose e amido), que podem
CC Identificar e explicar ser convertidas posteriormente nos diversos tipos de substância de que
os fatores limitantes da a planta necessita.
fotossíntese e entender
o que é ponto de 1 Trocas gasosas pelos estômatos
compensação luminosa.
O gás carbônico necessário à fotossíntese penetra nas folhas através de
❱❱ Termos e conceitos estruturas denominadas estômatos (do grego stoma, boca). Cada estômato
• estômato compõe-se de duas células epidérmicas em forma de grão de feijão ou de
• transpiração cuticular haltere ricas em cloroplastos, as células-guarda. Estas são circundadas
• transpiração por um número variável de células acessórias, ou subsidiárias, que não
estomatar têm cloroplastos, assim como as demais células epidérmicas. Entre as
• fator limitante da células-guarda de um estômato existe um orifício regulável – o ostíolo (do
fotossíntese latim ostiolu, pequena porta) – que permite trocas gasosas entre a planta
• ponto de saturação e o ambiente.
luminosa A abertura e o fechamento do estômato depende do grau de turgidez
• ponto de das células-guarda. Se elas absorvem água e tornam-se túrgidas, o ostíolo
compensação fótica abre-se. Se as células-guarda perdem água, tornando-se flácidas, o
• planta heliófila ostíolo se fecha. Esse comportamento deve-se à disposição estratégica
• planta umbrófila das fibras de celulose na parede das células-guarda.
Na maioria das plantas, as células-guarda do estômato têm forma de
rim. As microfibrilas de celulose estão orientadas de tal maneira na parede
celular que as células-guarda, ao tornarem-se túrgidas, aumentam sua
curvatura e se afastam, fazendo o ostíolo abrir. Ao perder água, por outro
lado, a curvatura das células-guarda diminui e elas se aproximam, fazendo
Unidade C • Diversidade, anatomia e fisiologia das plantas
o ostíolo fechar.
Nas gramíneas, as células-guarda têm forma de haltere, com as extre-
midades dilatadas e a região mediana comprimida. Nas extremidades, a
parede celular é mais fina e, na região central, a parede é mais espessa.
Quando estão túrgidas, as extremidades das células-guarda dilatam-
-se, o que causa afastamento na região mediana e abertura do ostíolo.
Quando as células-guarda perdem água, as extremidades diminuem de
volume e as regiões medianas das células aproximam-se, fechando o
ostíolo. (Fig. 8.7)
Ao abrir os estômatos e permitir o ingresso de gás carbônico na folha,
a planta passa a perder maior quantidade de água, isto é, sua taxa de
transpiração aumenta.
Mesmo com os estômatos totalmente fechados, ocorre uma certa taxa
de transpiração através da cutícula das folhas, denominada transpiração
cuticular. Quando os estômatos se abrem para que a planta possa absorver
gás carbônico para a fotossíntese, soma-se à transpiração cuticular a perda
de água pelos estômatos, chamada de transpiração estomatar.
250
Estômato O2 Epiderme
foliar B Ostíolo D
A
Células-
-guarda
CO2 H2O
Células acessórias
C
Câmara
subestomática
Câmara
subestomática
Epiderme
Estômato inferior F
(fechado)
251
Suprimento hídrico
A disponibilidade de água no solo, ou seja, o suprimento hídrico de que a planta dispõe,
exerce grande influência sobre os movimentos dos estômatos. Se não há água suficiente para
a planta, os estômatos se fecham, mesmo com luz disponível para a fotossíntese e com baixa
concentração de gás carbônico no mesófilo. (Tab. 8.2)
Alta Fecha
Concentração de CO2
Baixa Abre
Alto Abre
Suprimento de água
Baixo Fecha
A B
ESTÔMATO ESTÔMATO
ABERTO FECHADO
Células-
-guarda
Unidade C • Diversidade, anatomia e fisiologia das plantas
Ostíolo
Células
acessórias
Figura 8.8 Representação esquemática da abertura e do fechamento dos estômatos devido à migração de íons K1
entre as células-guarda e suas vizinhas. A. A migração de íons (representados por pontos vermelhos) para o interior
das células-guarda faz com que elas absorvam água, tornando-se túrgidas e abrindo o ostíolo. B. Na situação inversa,
as células-guarda tornam-se flácidas e fecham o ostíolo. As setas em azul indicam o sentido do fluxo da água entre as
células do estômato e suas vizinhas, as células acessórias. (Imagens sem escala, cores-fantasia)
252
Concentração de CO2
A concentração de gás carbônico no ar atmosférico atualmente oscila entre cerca de 0,03% e
0,04%, nível bem inferior ao que uma planta seria capaz de utilizar na fotossíntese. Isso pode ser
mostrado ao submeter-se uma planta a concentrações crescentes de gás carbônico no ar em con-
dições ideais de luminosidade e de temperatura. Nesse tipo de experimento, verifica-se que a taxa
de fotossíntese aumenta à medida que sobe a concentração de CO2 atmosférica, até que esta atinja
cerca de 10 vezes a concentração atmosférica normal (cerca de 0,3%); a partir daí, o aumento na
concentração de CO2 não leva mais a qualquer aumento na taxa de fotossíntese. Portanto, pode-se
concluir que, no ambiente natural em condições ideais de luminosidade e de temperatura, a planta
só não realiza a taxa máxima de fotossíntese porque não há gás carbônico suficiente na atmosfera.
Diz-se, nessa situação, que o CO2 está atuando como fator limitante da fotossíntese.
Temperatura
Plantas mantidas em condições ideais de luminosidade e de concentração de gás carbônico
atmosférico aumentam sua taxa de fotossíntese à medida que aumenta a temperatura ambien-
tal, até cerca de 35 ºC. A partir desse limite, o aumento de temperatura causa drástica redução
não apenas da fotossíntese, mas também da maioria das reações vitais, uma vez que as enzimas
celulares desnaturam-se em temperaturas elevadas.
Luminosidade
Em condições ideais de temperatura e concentração de gás carbônico atmosférico, a taxa de
fotossíntese aumenta proporcionalmente ao aumento de luminosidade, até certo valor-limite,
chamado de ponto de saturação luminosa. No entanto, a eficiência do processo varia em fun-
ção dos comprimentos de onda utilizados, pois a clorofila absorve mais eficientemente luz azul,
violeta e vermelha e praticamente não absorve luz verde. (Fig. 8.9)
A 10
Intensidade
luminosa alta
Taxa relativa de fotossíntese
4 C
Picos de
Absorção de luz pela clorofila
absorção de luz
2 pela clorofila
0 10 20 30 40 50
Temperatura (°C)
B 10
8
PSL
6
400 500 600 700 nm
4 Comprimento de onda de luz (nm)
253
5 Relação entre fotossíntese e respiração
A planta utiliza parte dos produtos da fotossíntese como fonte de energia para o funciona-
mento de suas células. Isso ocorre por meio da respiração celular, processo em que moléculas
orgânicas e de gás oxigênio se combinam, originando gás carbônico, água e energia. Assim, as
equações gerais da respiração e da fotossíntese são inversas.
Fotossíntese: CO2 1 2 H2O # C(H2O) 1 O2 1 H2O
Respiração: C(H2O) 1 O2 # CO2 1 H2O
Durante o dia, a planta faz fotossíntese, consumindo gás carbônico e produzindo gás oxigênio; a
maior parte desse gás é eliminada para a atmosfera através dos estômatos. Ao mesmo tempo em
que faz fotossíntese, a planta também respira, utilizando para isso parte do gás oxigênio produzido
na fotossíntese. Ao respirar, a planta libera gás carbônico, que é utilizado para a fotossíntese.
Durante a noite, a planta deixa de fazer fotossíntese, mas não de respirar; ela absorve, então,
gás oxigênio acumulado no mesófilo. Com a respiração, acumula-se gás carbônico, que será ra-
pidamente consumido na fotossíntese, assim que amanhece.
produzida na respiração
Quantidade de CO2
Quantidade de CO2
Taxa de fotossíntese
4 4
Ponto de compensação fótica
Taxa de respiração
2 2
254
AMPLIE SEUS Experimentos sobre fotossíntese
CONHECIMENTOS
ESCURO CLARO
controle
controle
Figura 8.11
Montagem de
experimento
com a planta Figura 8.12 Representação esquemática do experimento
aquática Elodea que demonstra o consumo de gás carbônico na
sp. para mostrar fotossíntese. (Imagens sem escala, cores-fantasia.)
a produção de
gás oxigênio na Produção de amido na fotossíntese
fotossíntese.
Os açúcares produzidos na fotossíntese são, em
parte, transformados em amido e armazenados nas Capítulo 8 • Fisiologia das plantas angiospermas
Consumo de gás carbônico na fotossíntese
células da folha. Essa produção de amido pode ser
Pode-se demonstrar que há consumo de gás car- demonstrada por meio de um experimento relativa-
bônico durante a fotossíntese utilizando folhas recém-
mente simples, que consiste em cobrir parcialmente
-retiradas de uma planta e uma solução de vermelho
uma folha de planta com um papel à prova de luz.
de cresol, indicadora de pH. A solução de vermelho de
Após expor a planta ao sol por cerca de 2 dias, a folha
cresol tem coloração rósea em pH neutro; amarela em
é arrancada, fervida em álcool* para eliminação da
pH ácido e roxa em pH básico. O pH da solução varia
de acordo com a concentração de CO2 dissolvido, isso clorofila e mergulhada em uma solução alcoólica de
porque esse gás reage com a água, produzindo ácido iodo, o lugol. O iodo reage com o amido produzindo
carbônico (H2CO3). Altas concentrações de CO2 tornam uma coloração azul-arroxeada. Após o tratamento
o pH da solução ácido (amarelo); em baixas concentra- com o iodo, a folha desenvolve cor azul-arroxeada
ções de CO2, o pH da solução é básico (roxo). apenas na região que ficou exposta à luz. Isso porque,
**Lembre-se de que o aquecimento de álcool sempre deve ser feito em fogareiros elétricos, sem chama
exposta, em banho-maria e em condições adequadas de ventilação.
255
na região exposta, as células continuaram a fazer
A
fotossíntese e a produzir amido. Na parte coberta,
a fotossíntese deixou de ocorrer e o amido existente
foi consumido e não foi reposto. (Fig. 8.13)
Determinação do ponto
de compensação fótica
A determinação do ponto de compensação fótica
de uma planta pode ser feita utilizando-se o verme-
lho de cresol como indicador de pH. Coloca-se certa
quantidade da solução de vermelho de cresol em
alguns tubos de vidro. Em cada um deles, insere-se
uma folha, pendurada na rolha. Depois de vedados
hermeticamente, os tubos são colocados a diferentes
distâncias de uma fonte de luz, de modo a expor as
folhas a diversas intensidades luminosas. Figura 8.13 Experimento
B com a planta capuchinho
Após algum tempo verifica-se que a coloração da para mostrar a produção
solução torna-se arroxeada nos tubos mais próximos de amido na fotossíntese.
à fonte de luz, submetidos a maior intensidade lumi- A. Folha da planta
parcialmente coberta.
nosa, indicando que houve diminuição da concentra-
B. A mesma folha colhida
ção de CO2, pois a taxa de fotossíntese foi maior que a dois dias depois e submetida
taxa de respiração. Esses tubos receberam, portanto, à reação com lugol, que
intensidades luminosas maiores que as do ponto de torna azul-arroxeadas
as regiões portadoras
compensação fótica.
de amido.
Nos tubos mais distantes da fonte de luz, a solução
de cresol torna-se amarelada, demonstrando que
luminosa recebida por esses tubos corresponde, assim,
houve aumento da concentração de CO2, pois as taxas
de respiração foram maiores que as de fotossíntese. ao ponto de compensação fótica da planta em estudo.
Esses tubos receberam, portanto, intensidades de luz A intensidade luminosa dos locais onde foram
menores que as do ponto de compensação fótica. colocados os diversos tubos pode ser medida com
Nos tubos em que a solução permanece rósea não um fotômetro, que determinará com precisão a
houve variação na concentração de CO2, o que indica intensidade de luz correspondente ao ponto de com-
equilíbrio entre fotossíntese e respiração. A intensidade pensação fótica da planta em estudo. (Fig. 8.14)
Unidade C • Diversidade, anatomia e fisiologia das plantas
Intensidade C
Fonte de
luz
Intensidade B
Intensidade A
256
Seção 8.4
Condução da seiva orgânica
❱❱ Objetivo 1 Anéis de Malpighi
CC Explicar o No século XVII, o pesquisador italiano Marcello Malpighi (1628-1694)
deslocamento da seiva verificou que a remoção de um anel de casca de um ramo caulinar fazia
orgânica no floema com que a região imediatamente acima da parte operada ficasse intumes-
segundo a hipótese cida, depois de algumas semanas. Sua interpretação foi que a dilatação do
do fluxo por pressão caule resultava de um maior crescimento dos tecidos devido ao acúmulo
(hipótese de Münch). de substâncias nutritivas, cujo deslocamento das folhas para as raízes era
interrompido pela remoção da casca.
❱❱ Termos e conceitos
A hipótese de Malpighi, de que substâncias orgânicas produzidas nas
• anel de Malpighi folhas são transportadas para as raízes pelas camadas mais externas do
• hipótese do fluxo caule, foi confirmada por estudos posteriores. A remoção de parte da casca,
por pressão formando um anel no caule, que em homenagem ao pesquisador ficou co-
nhecido como anel de Malpighi, interrompe os vasos floemáticos e bloqueia
o fluxo da seiva orgânica, ou seiva elaborada. A seiva passa a se acumular
na região imediatamente acima do anel, causando maior crescimento dos
tecidos e o inchaço da região. Quando se faz uma operação semelhante no
caule principal, a planta morre, pois as raízes deixam de receber o alimento
enviado pelas folhas. (Fig. 8.15)
B Figura 8.15 Em A,
aspecto de um anel
de Malpighi recente
em um ramo. Em B, o
mesmo anel alguns
Fluxo de
água e glicídios
Bolsa com
solução de glicídio
Água
Bolsa com
água pura
Figura 8.18 Modelo físico da hipótese do fluxo por pressão para explicar o deslocamento da seiva
orgânica nos elementos condutores do floema. (Imagens sem escala, cores-fantasia.)
Laticíferos são células ou grupos de células pro- O látex tem diversas aplicações. Uma delas é a
dutoras de látex localizados no córtex ou entre os confecção de gomas de mascar, obtida do látex de
elementos do floema; estão presentes em diversas certas espécies. O ópio e outros produtos farmacêu-
partes — raízes, caule, folhas e muitas vezes frutos ticos são extraídos do látex da papoula.
imaturos — de inúmeras espécies de plantas. O látex da árvore Hevea brasiliensis, popularmente
O látex é um fluido geralmente leitoso cuja compo- conhecida como seringueira e nativa da floresta ama-
sição varia consideravelmente entre as espécies, poden- zônica, é utilizado na produção de borracha natural.
do conter proteínas, alcaloides, amido, açúcares, óleos, Os seringueiros, como são chamados os extratores de
taninos, resinas e gomas. Quando exposto ao ar, o látex látex, fazem um corte oblíquo no tronco, com alguns
coagula e essa parece ser exatamente uma das funções milímetros de profundidade, removendo uma estreita
do látex: vedar ferimentos superficiais da planta, o que tira de casca. O látex escorre pelo sulco e é recolhido
evita a entrada de fungos e bactérias no organismo. em um pequeno recipiente preso ao tronco, na ex-
A B C
Figura 8.19 A. Tronco de seringueira com corte recente, liberando látex. Este é recolhido em uma lata, na
base do corte; podem-se ver as cicatrizes de cortes realizados em dias anteriores. B. Látex fresco sendo
despejado em recipiente para ser submetido à defumação. C. Por meio da defumação consegue-se a
coagulação do látex na forma de esferas compactas, o que facilita o transporte.
259
Seção 8.5
Hormônios vegetais
❱❱ Objetivo O desenvolvimento das plantas em suas diversas manifestações — cres-
CC Caracterizar hormônio cimento, resposta a estímulos, floração etc. — é regulado por hormônios
vegetal e identificar vegetais, ou fitormônios (do grego horman, colocar em movimento). Estes
os principais grupos são substâncias orgânicas produzidas em determinadas regiões da planta
de hormônio — auxinas, e que migram para locais onde exercem seus efeitos. Fitormônios atuam
giberelinas, citocininas, em pequenas quantidades sobre células específicas, denominadas células-
ácido abscísico -alvo do hormônio.
e etileno —, Há cinco grupos principais de hormônios vegetais, responsáveis pelo
associando-os às suas controle da divisão celular, do crescimento celular e da diferenciação das
funções na planta. células. Esses grupos são: auxinas, giberelinas, citocininas, ácido abscísi-
co e etileno. Além desses, outros fitormônios estão sendo identificados
❱❱ Termos e conceitos pelos pesquisadores. Entre as descobertas mais recentes destacam-se os
• hormônio vegetal brassinolídeos, o ácido salicílico, os jasmonatos e a sistemina. (Tab. 8.3)
• auxina
• dominância apical Tabela 8.3 P
rincipais hormônios vegetais
• abscisão
• giberelina Hormônio Principais funções Local de produção Transporte
• citocinina
Estimula o alongamento
• ácido abscísico celular; atua no fototropismo,
Meristemas do caule,
• etileno Auxina no geotropismo, na
primórdios foliares,
Células do floema.
folhas jovens, frutos e
dominância apical e no
sementes.
desenvolvimento dos frutos.
Promove a germinação
de sementes e o
desenvolvimento de
Meristemas, frutos Provavelmente
Giberelina brotos; estimula o
e sementes. através do xilema.
alongamento do caule e
das folhas, a floração e o
desenvolvimento de frutos.
Inibe o crescimento;
promove a dormência de
Provavelmente
Ácido gemas e de sementes;
Folhas, coifa e caule. através dos vasos
abscísico induz o envelhecimento de
condutores de seiva.
folhas, flores e frutos; induz o
fechamento dos estômatos.
1 Auxinas
As auxinas foram as primeiras substâncias identificadas como fi-
tormônios; elas controlam diversas atividades nas plantas, tais como o
desenvolvimento das gemas laterais, os tropismos, o desenvolvimento
de frutos etc.
260
A principal auxina natural é o ácido indolacético, conhecido pela sigla AIA. Há substâncias
artificiais que simulam os efeitos do AIA, sendo por isso chamadas de auxinas sintéticas. A mais
conhecida delas é o ácido 2,4-diclorofenoxiacético, em geral identificado pela sigla 2,4-D. Essa
substância é tóxica para plantas eudicotiledôneas, mas não para monocotiledôneas, sendo por
isso utilizada como herbicida no controle de ervas daninhas em campos de cultivo de cereais,
como trigo, cevada etc. O modo de ação do 2,4-D como herbicida ainda não é bem conhecido.
O agente laranja, um produto desfolhante utilizado como
arma química pelas tropas norte-americanas na guerra do
Vietnã, é uma mistura de ésteres butíricos do 2,4-D e do ácido
2,4,5-triclorofenoxiacético (2,4,5-T), outra auxina sintética.
O agente laranja contém um contaminante do 2,4,5-T, a dioxi-
na 2,3,7,8-TCDD, que é tóxica para animais e pessoas. Além de
ser provavelmente cancerígena, a dioxina causa lesão severa da
pele da cabeça e da porção superior do corpo. Por esse motivo,
a produção do 2,4,5-T foi proibida nos Estados Unidos.
Outra auxina sintética é o ácido naftalenoacético, utiliza-
do para induzir a formação de raízes adventícias em ramos,
o que facilita a propagação vegetativa de árvores por meio
da estaquia, além de evitar a queda precoce de frutos, em
plantas de interesse comercial. (Fig. 8.20)
Fonte de luz
Ápice
recoberto Base
Ápice recoberta
Coleóptilo
Controle
261
Em 1926, o botânico holandês Frits Warmolt Went (1903-1990) confirmou que a remoção
da ponta do coleóptilo de aveia fazia cessar o crescimento do caule; entretanto, a sua re-
colocação sobre a extremidade decapitada restaurava o crescimento. A conclusão foi que
a extremidade do coleóptilo é fonte de alguma substância que promove o crescimento das
células mais abaixo.
Went imaginou que, se a extremidade cortada do coleóptilo fosse colocada sobre um peque-
no bloco de gelatina, a substância por ele produzida poderia difundir-se para ela e ser isolada e
caracterizada. Went cortou pontas de coleóptilos de aveia e deixou-as por algum tempo sobre
blocos de gelatina. Em seguida, removeu as pontas dos blocos de gelatina e colocou-os sobre
as plantas decapitadas, verificando que o crescimento era retomado, como se o próprio ápice
do coleóptilo tivesse sido recolocado.
Quando o bloco de gelatina tratado era colocado assimetricamente sobre o caule cortado,
este crescia curvando-se na direção oposta ao lado em que havia gelatina, mesmo no escuro.
Esse experimento foi a primeira demonstração da existência de um hormônio capaz de promover
o crescimento em plantas. Went deu a ele o nome de auxina (do grego auxein, crescer) e concluiu
que o fototropismo nas plantas jovens de aveia é causado pela influência da luz sobre esse hor-
mônio. Hoje, sabemos que a auxina desloca-se da face iluminada para a não iluminada, o que faz
as células desse lado se alongarem mais que na face iluminada. Isso leva o caule a se dobrar em
direção à fonte de luz. (Fig. 8.22)
A B
Bloco de ágar com auxina
estimula o crescimento
do caule
Ápice removido
e aplicado sobre
bloco de ágar Luz
Bloco de
ágar sem
Controles
auxina
ar
lul
ce
to
en
am
Unidade C • Diversidade, anatomia e fisiologia das plantas
ng
Luz
Alo
a b c d e
Figura 8.22 Representação do experimento de Went com coleóptilos de aveia. No detalhe A, a ponta do coleóptilo de
aveia é cortada e colocada sobre um bloco de ágar; (a) e (b) representam os controles experimentais; (c), a planta
cresce ereta quando o bloco de ágar com o hormônio é colocado sobre toda a área do caule decapitado; (d) e (e),
a planta cresce em direção oposta ao lado em que o bloco de ágar com hormônio foi colocado sobre o caule. No
detalhe B, representação do dobramento do caule devido ao deslocamento da auxina para o lado não iluminado, o
que estimula maior alongamento celular que no lado oposto. (Imagens sem escala, cores-fantasia.)
262
Um dos principais efeitos das auxinas é cau-
sar o alongamento de células recém-formadas
a partir dos meristemas, promovendo assim o
Estímulo
crescimento de raízes e de caules. O efeito das
auxinas depende de sua concentração na planta;
Alongamento
em concentrações adequadas, esse hormônio
promove o crescimento máximo das células; em 0
concentrações excessivas, porém, as auxinas
inibem o alongamento celular.
Inibição
Raiz Caule
A sensibilidade das células às auxinas varia nas
diferentes partes da planta. O caule, por exemplo,
é menos sensível que a raiz. Por isso, uma con-
centração de auxinas que induz um crescimento 10211 1029 1027 1025 1023 1021
“ótimo” do caule tem efeito fortemente inibidor Concentração de auxina (mol/L)
sobre o crescimento da raiz. Por outro lado, con-
Figura 8.23 Gráfico representando o efeito de
centrações de auxina ótimas para o crescimento diferentes concentrações de auxina sobre o
da raiz são insuficientes para produzir efeitos no crescimento de raízes e caules. (Baseado em
caule. (Fig. 8.23) Campbell, N. e cols., 1999.)
A B C
Eliminação da
Planta não Aplicação da pasta
gema apical
tratada de lanolina contendo
Gemas
laterais Gemas
dormentes dormentes
Ramos
formados
pelas
gemas
laterais
Figura 8.24 Representação esquemática do efeito inibidor da auxina sobre o desenvolvimento das
gemas laterais. A. Plantas intactas, com as gemas laterais dormentes devido ao efeito inibidor da auxina
produzida pela gema apical. B. Com a remoção da gema apical, as gemas laterais saem da dormência e
produzem ramos. C. Se após a remoção da gema apical for aplicada, no corte, uma pasta contendo auxina,
as gemas laterais continuam inibidas e não se desenvolvem. (Imagens sem escala, cores-fantasia.)
263
Auxinas e abscisão
A queda natural de folhas, flores e frutos do caule, fenômeno conhecido como abscisão, resulta
de alterações químicas e estruturais que ocorrem perto da base do pecíolo, relacionadas com as
auxinas. Ao envelhecer, folhas, flores e frutos produzem cada vez menos auxina, cuja presença
é necessária para evitar a abscisão.
A diminuição do teor de auxinas leva à formação, na base do pecíolo, de duas camadas trans-
versais de células especializadas: a camada de separação, ou camada de abscisão, e a camada
protetora. A camada de separação é constituída por células pequenas com paredes finas e
frágeis, que são quebradas por enzimas, resultando na separação do pecíolo do caule. A camada
protetora é formada por células com paredes impregnadas por suberina que isolam a folha do
caule antes de sua queda, interrompendo o fluxo de seiva para os tecidos foliares. Após a queda,
a camada protetora permanece no caule, formando a cicatriz foliar no nó.
2 Giberelinas
Em 1926, o cientista japonês E. Kurosawa estudava uma doença do arroz em que as plantas
afetadas tornam-se anormalmente altas e descoloridas, com tendência a tombar. Kurosawa
descobriu que os sintomas da doença eram causados por uma substância produzida pelo fungo
parasita Gibberella fujikuroi. Em 1934, um grupo de pesquisadores isolou essa substância do fun-
go, denominando-a giberelina. Em 1956, o hormônio giberelina foi encontrado em plantas sadias
de feijão. Desde então, substâncias semelhantes têm sido identificadas em diversas espécies
vegetais. A mais estudada delas é o ácido giberélico, conhecido por GA3, substância análoga à
produzida pelo fungo G. fujikuroi.
As giberelinas são produzidas nos meristemas, nas sementes e nos frutos, sendo transpor-
tadas provavelmente pelo xilema. Um de seus principais efeitos é promover o crescimento de
caule e de folhas, estimulando tanto as divisões celulares quanto o alongamento das células.
Seu efeito é pouco significativo nas raízes.
Algumas variedades de plantas são anãs por não produzirem uma giberelina responsável pelo
crescimento do caule. Por exemplo, uma linhagem de ervilha-anã, a mesma usada pelo geneticista
Gregor Mendel em seus experimentos clássicos sobre hereditariedade, não possui giberelina GA1,
apesar de possuir outras giberelinas. Nessas plantas, o gene responsável pela formação da giberelina
GA1 está alterado, produzindo uma forma inativa da enzima que catalisaria a formação desse hormônio.
Plantas de ervilha com o gene da giberelina GA1 alterado crescerão normalmente se, durante o desen-
volvimento, for aplicada sobre elas a quantidade adequada desse tipo de giberelina. (Fig. 8.25)
Comprimento atingido pelo caule
Unidade C • Diversidade, anatomia e fisiologia das plantas
As giberelinas também exercem papel importante na germinação das sementes. Logo após a
embebição da semente, a germinação tem início e o embrião libera giberelinas, que se difundem
para os tecidos da semente e estimulam a síntese de enzimas hidrolíticas; estas degradam molé-
culas orgânicas armazenadas no endosperma e nos cotilédones. Os produtos dessa degradação,
principalmente açúcares e aminoácidos, são absorvidos pelas células do embrião e utilizados
como matéria-prima para seu crescimento.
264
As giberelinas, como as auxinas, promovem
o desenvolvimento de frutos partenocárpicos.
Em algumas espécies, como tangerinas e pêsse-
gos, em que a auxina é ineficaz para induzir fru-
tos sem sementes, as giberelinas conseguem
produzir esse efeito. (Fig. 8.26)
3 Citocininas
Citocininas são fitormônios que atuam em associação com auxinas, estimulando a divisão
celular. Esses hormônios estão presentes em locais da planta em que há grande proliferação
celular, tais como sementes em germinação, frutos e folhas em desenvolvimento e pontas de
raízes. Ainda não há provas conclusivas sobre os locais de produção das citocininas, mas um deles
parece ser a extremidade da raiz. Também não se sabe exatamente como esses hormônios se
deslocam na planta, mas acredita-se que seja pelo xilema.
As citocininas atuam em associação com as auxinas no controle da dominância apical. Os dois
hormônios têm efeitos antagônicos: as auxinas que descem pelo caule inibem o desenvolvimento
das gemas laterais, enquanto as citocininas provenientes das raízes estimulam as gemas a se
desenvolverem. Quando a gema apical é removida, a ação das auxinas cessa e as citocininas
induzem o desenvolvimento das gemas laterais.
Outro efeito das citocininas é retardar o envelhecimento da planta. Colocando-se citocinina na
água dos vasos de flores, estas duram por muito mais tempo. É uma prática comum no comércio
de plantas pulverizar citocinina sobre flores recém-colhidas para retardar seu envelhecimento.
Quando um fragmento de planta, como um pedaço de parênquima, por exemplo, é colocado
em um meio de cultura com todos os nutrientes necessários à sobrevivência, as células crescem,
mas não se dividem. Se adicionamos auxina e citocinina ao meio, as células passam a se dividir
e podem se diferenciar em órgãos da planta. O tipo de órgão vegetal que surge em uma cultura
de tecidos depende da relação entre as quantidades de citocinina e auxina adicionadas ao meio.
Quando as concentrações dos dois hormônios são equivalentes, as células se multiplicam, mas
não se diferenciam, formando uma massa celular denominada calo. Se a concentração de auxina
é maior que a de citocinina, o calo forma raízes. Se a concentração de citocinina é maior que a
de auxina, o calo forma brotos. (Fig. 8.27)
Meio de Calo
Caules
cultura
e
folhas
Raízes
Figura 8.27 Representação esquemática do efeito
de diferentes concentrações de citocinina em
relação à auxina sobre a diferenciação de células
em cultura de tecidos. (Imagens sem escala, cores-
Auxina 0,2 mg/L 0,2 mg/L 0,03 mg/L -fantasia.) (Baseado em Raven, P. H. e cols., 1999.)
Na foto, calos tratados com hormônios vegetais; o
Citocinina 0,2 mg/L — 1 mg/L
calo do centro está desenvolvendo folhas.
265
4 Ácido abscísico
O ácido abscísico, ao contrário dos hormônios mencionados anteriormente, é um inibidor do
crescimento vegetal. Há evidências de que a produção de ácido abscísico ocorre nas folhas, na
coifa e no caule, e que seu transporte se dá pelos vasos condutores de seiva.
A concentração de ácido abscísico em sementes e frutos é elevada, mas ainda não se sabe
se o hormônio é produzido nesses órgãos ou apenas transportado para eles. O ácido abscísico
recebeu essa denominação porque se pensou, inicialmente, que ele fosse o responsável pela
queda das folhas de certas árvores no outono, em regiões de clima temperado. Atualmente se
sabe que o ácido abscísico não causa abscisão foliar, mas o nome permaneceu.
O ácido abscísico é o principal responsável pelo bloqueio do crescimento das plantas no in-
verno e por respostas a condições adversas. Por exemplo, quando o suprimento de água de uma
planta diminui, a concentração de ácido abscísico aumenta muito nas folhas. Isso faz com que as
células-guarda dos estômatos eliminem potássio e percam água, fechando a abertura ostiolar.
Outro efeito do ácido abscísico é causar a dormência de sementes, o que impede sua germi-
nação prematura. Embriões de milho geneticamente incapazes de produzir ácido abscísico não
apresentam dormência e germinam ainda na espiga. Em regiões áridas, as sementes de muitas
plantas só germinam após serem lavadas pela água de uma chuva, que remove o excesso de
ácido abscísico nelas presente.
5 Etileno
O etileno (C2H4) é uma substância gasosa produzida em diversas partes da planta e que
provavelmente se distribui por difusão através dos espaços intercelulares. Seu principal efeito
é induzir o amadurecimento dos frutos e, por isso, é utilizado no comércio de frutas. Bananas
colhidas ainda verdes, por exemplo, amadurecem rapidamente pela queima de serragem nas
câmaras de armazenamento, processo que libera etileno.
Outro efeito do etileno é participar da abscisão das folhas, juntamente com a auxina. Nas
regiões de clima temperado, a concentração de auxina nas folhas de certas plantas diminui no
outono; isso leva à produção de etileno, responsável direto pela queda das folhas. O processo
de queda das folhas de certas árvores no outono faz parte da estratégia de reduzir a atividade
durante o inverno, retomando-a na primavera.
Seção 8.6
Controle dos movimentos
nas plantas
Unidade C • Diversidade, anatomia e fisiologia das plantas
Fototropismo
O crescimento das plantas é muito influenciado pela lumino-
sidade, fenômeno denominado fototropismo. Caules, por exem-
plo, tendem a crescer em direção à fonte de luz, apresentando,
portanto, fototropismo positivo. Esse crescimento é resultado
da ação direta de auxinas sobre o alongamento celular. Diversos
experimentos mostraram que, quando uma planta é iluminada
apenas de um lado, a auxina produzida migra para o lado menos
iluminado. Assim, as células desse lado alongam-se mais que Figura 8.28 Plantas iluminadas
lateralmente dobram-se em
as do lado exposto à luz e a planta curva-se em direção à fonte direção à fonte de luz devido ao
luminosa. (Fig. 8.28) fototropismo positivo do caule.
Gravitropismo
Gravitropismo, ou geotropismo, é o crescimento das plantas influenciado pela força gravitacional
da Terra. As raízes, por exemplo, crescem em geral em direção ao solo, apresentando gravitropismo
positivo, ou geotropismo positivo. Os caules, por outro lado, apresentam, em geral, gravitropis-
mo negativo, ou geotropismo negativo, pois crescem em sentido oposto ao da força gravitacional.
As experiências mostraram que as auxinas também estão envolvidas no gravitropismo. Quando
uma planta é colocada em posição horizontal, as auxinas produzidas pela gema apical do caule mi-
gram para a região voltada para o solo, o que faz as células desse lado alongarem-se mais que as
do lado oposto; com isso, o caule curva-se para cima. Na raiz, o aumento de auxina no lado voltado
para baixo inibe o alongamento celular; são as células do lado oposto que se alongam mais, o que
faz a raiz curvar-se para baixo. (Fig. 8.29)
A B C
Figura 8.29 A. Experimento que mostra o gravitropismo, negativo para o caule e positivo para a raiz, em plantas
recém-germinadas de milho; independentemente da posição da semente, o caule cresce para cima e a raiz para baixo.
B. Plantas de tomate fotografadas no momento em que os vasos foram colocados em posição horizontal.
C. As mesmas plantas um dia depois; note o dobramento do caule em sentido oposto ao da gravidade.
267
2 Nastismos
Certos tipos de nastismos estão relacionados a alterações relativamente rápidas no turgor
de determinadas células. É o caso, por exemplo, das folhas de Mimosa pudica, popularmente
conhecida como sensitiva ou dormideira. Os folíolos dessa planta dobram-se rapidamente quan-
do estimulados por um toque. O dobramento dos folíolos resulta de alterações no turgor das
células do pulvino (do latim pulvinus, almofada), ou pulvínulo, uma estrutura localizada na base
dos folíolos. Quando estimuladas mecanicamente por um toque, as células da parte superior dos
pulvinos liberam íons potássio, o que acarreta diminuição em sua pressão osmótica, com con-
sequente perda de água para as células vizinhas. A diminuição de turgor dessas células provoca
o fechamento dos folíolos. A reação de dobramento das folhas da sensitiva propaga-se rapida-
mente da região estimulada para as folhas vizinhas, fazendo com que elas também se dobrem.
A propagação do estímulo deve-se à despolarização das membranas celulares, provavelmente
de modo semelhante ao que acontece na propagação do impulso nervoso nos neurônios dos
animais, mas com velocidade bem menor. (Fig. 8.31)
A B
A A BB
Figura 8.32 Diversas plantas fecham suas folhas à noite. A. Planta fotografada durante o dia,
com os folíolos abertos. B. A mesma planta fotografada à noite, mostrando os folíolos fechados.
268
Seção 8.7
Fitocromos e desenvolvimento
❱❱ Objetivos As plantas são capazes de responder a estímulos luminosos graças
CC Definir fotoperiodismo a uma proteína presente em suas células, o fitocromo. A molécula de
e explicar o que são fitocromo pode assumir duas formas interconversíveis, capazes de se
transformar uma na outra: o fitocromo Pr e o fitocromo Pfr. O fitocromo
plantas de dia-longo,
Pr (do inglês phytochrome red, fitocromo vermelho) transforma-se em
plantas de dia-curto e
fitocromo Pfr (do inglês phytochrome far red, fitocromo vermelho longo)
plantas indiferentes.
ao absorver luz vermelha de comprimento de onda na faixa de 660 nm.
CC Relacionar as O fitocromo Pfr, por sua vez, transforma-se em fitocromo Pr na escuridão
propriedades dos ou se absorver luz vermelha de comprimento de onda mais longo, na faixa
fitocromos ao de 730 nm (vermelho de onda mais longa). (Fig. 8.33)
fotoperiodismo.
Abertura
Co uro
nver estomática etc.
são lenta no esc
2 Luz e estiolamento
As sementes da maioria das espécies vegetais
Gancho de
são fotoblásticas negativas, germinando mesmo germinação
quando enterradas profundamente no solo. Nes-
ses casos, o cauloide alonga-se rapidamente e o
gancho de germinação só se desfaz na superfície
do solo, após a planta entrar em contato com a luz. Segundo nó
O crescimento que ocorre na ausência de luz, en-
quanto a jovem planta está sob o solo, é chamado
de estiolamento. Trata-se de um processo adapta-
tivo, pois o crescimento rápido faz a planta atingir
logo a superfície; por outro lado, a manutenção do
gancho caulinar na ausência de luz evita o contato
direto da gema apical e das primeiras folhas com as
partículas de solo, o que poderia acarretar danos Folhas
às frágeis estruturas da jovem planta.
Primeiro nó
Pode-se demonstrar facilmente que o estio-
lamento resulta da ausência de luz colocando-se Segundo nó
sementes para germinar sobre um substrato úmido
Primeiro nó
(solo, algodão, papel absorvente etc.) em condições
naturais e na escuridão. Plantas que se desenvol-
vem no escuro apresentam caule alongado, folhas
pequenas, gancho de germinação pronunciado e
cor amarelada, uma vez que os plastos não produ-
zem clorofila na ausência de luz. Esse conjunto de
Figura 8.34 À esquerda, planta de ervilha germinada
características, típico do estiolamento, deve-se à
em condições naturais, replantada ao lado de uma
ausência de fitocromo Pfr. (Fig. 8.34) planta de mesma idade germinada na ausência de
luz (à direita).
3 Luz e floração
Unidade C • Diversidade, anatomia e fisiologia das plantas
Fotoperiodismo
A floração de diversas espécies de planta ocorre em épocas específicas do ano. É comum
ouvirmos dizer que tal planta floresce em agosto, outra em outubro e assim por diante. Mas o
que faz as plantas florescerem em épocas determinadas?
Essa questão começou a ser elucidada há cerca de 80 anos pelos pesquisadores estaduniden-
ses W. W. Garner (1875-1956) e Harry Ardell Allard (1880-1963). Eles verificaram que as plantas de
uma variedade de tabaco e de uma variedade de soja só floresciam se o comprimento do dia, isto
é, o período iluminado, fosse inferior a um certo número de horas. Garner e Allard denominaram
esse comportamento das plantas de fotoperiodismo*.
Ao estudar outras espécies de planta, Garner e Allard verificaram que a influência do fotope-
riodismo na produção de flores variava entre as espécies e que, quanto ao comportamento de
floração, as plantas podiam ser classificadas em três tipos básicos: plantas de dia-curto, plantas
de dia-longo e plantas indiferentes.
Plantas de dia-curto são as que florescem quando a duração do período iluminado é inferior
a um determinado número de horas, denominado fotoperíodo crítico. Em geral, essas plantas
florescem no início da primavera ou do outono; exemplos de plantas de dia-curto são o morango
e o crisântemo.
270
Plantas de dia-longo florescem quan-
A
do a duração do período iluminado é supe-
rior ao fotoperíodo crítico. Em geral, essas
plantas florescem no verão; exemplos são
a íris, a alface e o espinafre.
Note que não é o comprimento abso-
luto do período iluminado que importa,
mas se ele é maior ou menor do que um
determinado valor, o fotoperíodo crítico
da espécie de planta considerada. Por
exemplo, a erva-touro (Xanthium struma-
rium) é uma planta de dia-curto e o espi-
nafre (Spinacia oleracea) é uma planta
de dia-longo, mas ambas florescem se
expostas a períodos de iluminação de
14 horas. A erva-touro é classificada como B
de dia-curto porque floresce quando o
período de iluminação é igual ou inferior
a 16 horas, seu fotoperíodo crítico. O es-
pinafre é considerado uma planta de dia-
-longo porque floresce quando submetido
a período de iluminação igual ou superior
a 12 horas, seu fotoperíodo crítico.
Plantas indiferentes são aquelas
cuja floração independe do fotoperíodo.
Nesse caso, a floração ocorre em res-
posta a outros tipos de estímulo, como
um período de frio, de chuva ou de calor.
O tomate, o dentálio e o feijão-de-corda Figura 8.35 Na caatinga, a floração da maioria das plantas
depende das chuvas e não do fotoperíodo, ou seja, são plantas
são exemplos de plantas indiferentes.
indiferentes. A. Caatinga na seca. B. Caatinga, logo após um
(Fig. 8.35) período de chuvas.
**Oquetermo fotoperiodismo é utilizado atualmente para todas as formas de vida, para designar qualquer resposta biológica
dependa da relação entre a duração do período iluminado e do período de escuridão, em um ciclo de 24 horas.
271
AMPLIE SEUS Plantas de dia-curto ou de noite-longa?
CONHECIMENTOS
Hoje sabe-se que não é realmente o período de iluminação que importa no foto-
período, e sim o período contínuo de escuridão em relação ao período de iluminação.
Isso foi descoberto em 1938 pelos pesquisadores estadunidenses Karl C. Hammer
e James Bonner em seus estudos com a erva-touro. Essa planta é muito utilizada
em experimentos de fotoperiodismo porque, nas condições laboratoriais, bastam
alguns dias curtos para induzir sua floração, que ocorre em duas semanas.
Hammer e Bonner descobriram que, se o período de escuridão fosse interrom-
pido, expondo-se as plantas a um curto período de iluminação, elas deixavam
de florescer. Interromper o período de iluminação, por outro lado, não causava
nenhum efeito sobre a floração. Assim, essas plantas deveriam ser chamadas,
mais apropriadamente, de plantas de noite-longa, mas o termo dia-curto já
estava consagrado pelo uso.
As plantas de dia-longo também respondem à interrupção do período de
escuridão por uma breve exposição à luz. Nesse caso, se a planta está sendo
cultivada sob períodos de iluminação inferiores a seu fotoperíodo crítico, condi-
ção em que normalmente não floresce, e o período de escuridão é interrompido
por uma breve exposição à luz, a floração é induzida. Portanto, as plantas de
dia-longo são, na verdade, plantas de noite-curta. (Fig. 8.36)
Os produtores comerciais de flores aproveitaram os avanços no conhecimen-
to do fotoperiodismo em seus negócios. Por exemplo, logo após a descoberta do
fenômeno por Garner e Allard, os cultivadores de crisântemos, uma espécie de
dia-curto, passaram a atrasar a floração de suas plantas aumentando o compri-
mento do dia em estufas com iluminação artificial. Com isso, passaram a obter
flores em qualquer época do ano. Com base nos resultados de Hammer e Bonner,
eles passaram a usar apenas um curto período de iluminação durante a noite
para obter o mesmo resultado, isto é, atrasar a floração dos crisântemos.
A
Dia longo Dia curto Dia curto com
interrupção da
noite
Unidade C • Diversidade, anatomia e fisiologia das plantas
Planta de dia-curto
Planta de dia-longo
Figura 8.36 Representação da influência da luz na floração de plantas. A. Plantas de dia-curto (noite-longa), como o
crisântemo, florescem quando o período de escuridão é superior a um determinado valor-limite (fotoperíodo crítico).
Se um único lampejo de luz interromper o período de escuridão, a floração é inibida. B. Plantas de dia-longo (noite-curta),
como a íris, florescem apenas se a duração do período escuro for inferior ao fotoperíodo crítico. Basta um único lampejo
de luz durante o período de escuridão para a planta florescer.
272