O documento discute as podas de formação e de frutificação na goiabeira. A poda de formação é feita quando a planta tem 50-60 cm para formar uma copa com 3-4 ramos principais. A poda de frutificação pode ser contínua ou drástica, dependendo do sistema de produção e da época de colheita desejada, e influencia a produção e duração da safra. Princípios fisiológicos como a circulação da seiva também afetam a floração e frutificação.
O documento discute as podas de formação e de frutificação na goiabeira. A poda de formação é feita quando a planta tem 50-60 cm para formar uma copa com 3-4 ramos principais. A poda de frutificação pode ser contínua ou drástica, dependendo do sistema de produção e da época de colheita desejada, e influencia a produção e duração da safra. Princípios fisiológicos como a circulação da seiva também afetam a floração e frutificação.
O documento discute as podas de formação e de frutificação na goiabeira. A poda de formação é feita quando a planta tem 50-60 cm para formar uma copa com 3-4 ramos principais. A poda de frutificação pode ser contínua ou drástica, dependendo do sistema de produção e da época de colheita desejada, e influencia a produção e duração da safra. Princípios fisiológicos como a circulação da seiva também afetam a floração e frutificação.
dução de frutos para consumo in natura ou à industrialização deve apresentar uma copa adequada e funcional, que facilite os diver- sos tratos culturais necessários à obtenção de frutas com o padrão de qualidade que o mercado consumidor exige. Dessa forma, é indispensável que, desde cedo, na fase de produção da muda, e principalmente após o plantio no local definitivo, sejam realizadas podas de formação para orientar a copa da goiabeira no sentido da arquitetura desejada. Após o plantio no local definitivo, as mudas devem ser conduzidas em haste ou fuste único, até uma altura de 50 ou 60 em, quando se procederá à eliminação da gema Fig. 17. Planta de goiabeira após a poda terminal ou meristemática, deixando-se, a de formação e com 4 ramos, primários. partir dos últimos 20 ou 30 em, 3 ou 4 pemadas ou ramos primários bem distribuí- PODA DE FRUTIFICAÇÃO dos nos quatro pontos cardeais e inseridos desencontradamente no tronco, para a for- Pomares de goiabeira destinados, prin- mação da copa (Fig. 17). Esses ramos primá- cipalmente, a produção de frutas para con- rios ou pemadas principais, após o amadure- sumo in natura devem ser podados de acor- cimento, devem ser podados, de modo a do com a conveniência do produtor visando ficarem com 50 ou 60 em de comprimento. a frutificação. Sabe-se que a goiabeira res- A partir dessa operação, deixa-se que a copa ponde bem à poda de frutificação (Fig. 18), se forme à vontade, eliminando-se apenas pois independentemente da época do ano, as aqueles ramos secundários surgidos muito flores surgem somente nas brotações oriun- próximo do tronco, pois eles podem fechar das dos ramos maduros. Embora a goiabei- muito a copa no centro. Dependendo do ra responda satisfatoriamente à poda de espaçamento adotado, principalmente aque- les mais largos, as pemadas principais ou ramos primários podem ter comprimentos maiores, de modo a formar uma copa de maior diâmetro e, portanto, mais volumosa. É comum encontrar ramos primários com mais de metro. Neste caso, a copa fica mais vulnerável à quebra dos ramos principais. Deve-se eliminar, nos ramos primários inferi- ores, as brotações que se dirigem para o solo ou se cruzam no interior da copa, a fim de Fig.18. Planta da goiabeira brotada após a formar uma copa aberta e arejada no centro. poda de frutificação. Frutas do Brasil, 17 Goiaba Produção 111I frutificação, dois aspectos de fundamental A poda de frutificação drástica, por importância devem ser considerados: a épo- outro lado, possibilita, na realidade, a con- ca e a intensidade da poda. . centração da época de colheita, o que .'- Quanto à época, pode-se dizer que, poderá facultar a oferta de um maior havendo temperatura, luminosidade e irri- volume de frutas, num menor espaço de gação, a goiabeira poderá ser podada em tempo. Alguns autores recomendam, antes qualquer período do ano, e isso é o que tem da poda de frutificação, a utilização de ocorrido na maioria dos projetos de irriga- substâncias desfolhantes , a fim de forçar a ção do Nordeste brasileiro, que cultivam a planta a uma produção antecipada e con- goiabeira. A época de realização da poda de centrar a safra num período comercialmen- frutificação deve depender, basicamente, te favorável. No Havai, utiliza-se, para essa do período em que se pretende colher e finalidade, a pulverização com uma solução comercializar os frutos. É preciso, porém, de uréia a 25% (Shigeura et al., 1975). não esquecer que os ramos a serem poda- Bovery (1968) constatou, em Porto Rico, dos devem estar maduros e com as gemas que o diquat e o paraquat foram os produ- propícias à brotação. Às vezes, no Nordes- tos mais eficientes. Gonzaga Neto et al, te, nos períodos mais frios do ano, de maio (1997), em trabalho realizado na Região do a julho, há uma inibição da brotação e da Submédio do Vale do São Francisco, infor- frutificação, que se tornam mais lentas em mam que a aplicação de uréia a 10% ou comparação às dos demais meses do ano. 15%, aplicada como desfolhante, seguida Quanto à intensidade, a poda de frutifica- da aplicação do dormex a 1% ou a 1,5% ção pode ser definida como continua ou após a poda de frutificação aumentam a drástica. A seleção de um ou outro método produção e reduzem o período de colheita depende basicamente do sistema de manejo para apenas 30 dias. Esse é um recurso e da expectativa de venda do produtor, que tecnológico que o produtor poderá utilizar devem estar sempre atrelados às conveni- para conseguir um maior volume de frutas, ências do mercado comprador. num menor tempo. A diferença básica entre os sistemas, Considerando que, na poda continua, poda drástica ou continua, consiste em podar o ciclo de produção é também continuo, toda a planta numa mesma oportunidade, ou deve-se estar atento para a ocorrência de parte dela em épocas diferentes. Outra dife- pragas e doenças que, em geral, devem rença importante é que, na poda continua, a ocorrer com mais intensidade, exigindo por planta se mantém, a depender da irrigação, isso maiores cuidados fitossanitários. Acre- da temperatura e da insolação, em produção dita-se também que a poda continua seja durante todo o ano. Neste caso são encontra- mais esgotante, uma vez que a planta não dos, numa mesma planta, todos os estádios tem um período de descanso, após a safra, de desenvolvimento do fruto (botões florais, de modo a recompor as reservas despendi- floração, frutos em desenvolvimentos e fru- das na brotação e na frutificação continuas. tos em ponto de colheita). A poda de frutificação, quer drástica Na prática, quando se adota a poda quer continua, deve ser praticada com o continua, consegue-se dilatar o período de mínimo de conhecimento dos princípios de frutificação da planta e assim comercializar fisiologia da planta. Tais princípios, de acor- a fruta durante todo o ano. É importante do com Kawati (1997) e Piza Júnior (1994), saber que, ao se adotar a poda continua, estão em geral associados ao acúmulo e à serão podados apenas os ramos maduros e pressão das seivas bruta e elaborada, pois aptos a florir. De acordo com Kawati (1997), elas contêm, além dos nutrientes essenciais a poda continua consiste no encurtamento à planta, também substâncias hormonais dos ramos que já produziram, sendo geral- indispensáveis à floração e à frutificação. mente efetuada um mês após a colheita do Kawati (1997) e Piza Júnior (1994) enume- último fruto daquele ramo. ram os seguintes princípios fisiológicos: Goiaba Produção Frutas do Brasil, 17
• A rápida circulação da seiva favorece o ção, deve-se deixar, preferencialmente, os
desenvolvimento vegetativo, enquanto a cir- ramos situados em posição horizontal, pois culação lenta estimula a produção de frutos. são eles que têm maior probabilidade de ser Segundo Piza Júnior (1994), quanto mais frutíferos. Desde que a arquitetura da copa rapidamente a seiva circula pelos vasos da variedade o permita, devem-se eliminar da planta, maior será o número de gemas os ramos de crescimento vertical, preferin- vegetativas que surgirão, dando origem a do deixar na planta aqueles em posição brotações vigorosas, porém, sem frutos. horizontal. Nestes, a velocidade de circula- A circulação mais lenta, por sua vez, pos- ção de seiva é menor e, portanto, esses sibilita o acúmulo de reservas nas gemas ramos estão mais hábeis a frutificar. localizadas ao longo dos ramos maduros, • A seiva dirige-se com maior intensida- as quais, por esse motivo, se transformam de para as partes mais altas e iluminadas em gemas frutíferas. da planta. • A circulação da seiva será mais intensa De acordo com Kawati (1997), esse fato quanto mais retilineo for o ramo. acontece porque nas partes mais altas e Para Kawati (1997) e Piza Júnior (1994), iluminadas da planta, em virtude de a quanto mais obstáculos houver à circula- transpiração e de a fotos síntese serem ção da seiva, numa planta ou ramo, maior mais intensas, há maior pressão negativa será a possibilidade de essa planta ou ramo de água, resultando num maior fluxo de florar e frutificar. Neste caso, a resposta à seiva para aquela região da planta. floração e à frutificação está associada ao Dessa forma, é muito importante, após a acúmulo de reservas propiciadas pela cir- poda de frutificação, e numa situação de culação mais lenta da seiva na planta ou brotação excessiva da planta, eliminar o ramo em questão. É comum, em pomares excesso de ramos e folhas existentes no de goiabeira, alguns produtores pratica- topo da planta, uma vez que essas partes rem o amarrio dos ramos encurvados no estão competindo, carreando grande parte sentido do solo. Na realidade, essa prática dos assimilados, que poderiam e deveriam cria obstáculos à circulação da seiva no ser destinados ao processo de floração, interior da planta e, com isso, favorece a frutificação e desenvolvimento dos frutos. frutificação. Outros produtores causam a • Os ramos secundários receberão mais mesma dificuldade de circulação pelo ane- seiva ascendente, quanto menor for o seu lamento ou pelo estrangulamento de ra- número num dado ramo primário. mos. Práticas de poda de frutificação mais Tal princípio é muito importante, por isso modernas, já de conhecimento dos produ- é conveniente que se faça, sempre após a tores, devem ser usadas em lugar desses poda de frutificação, uma avaliação criteri- artifícios que podem causar mais proble- osa quanto ao número de ramos secundári- mas para a planta. os que devem permanecer nos ramos em • Os ramos em posição vertical favorecem frutificação e diz respeito basicamente ao maior velocidade de circulação da seiva em número de ramos secundários que surgem seu interior, enquanto, naqueles ramos em nos ramos em frutificação. É recomendável posição horizontal, a velocidade de circula- que os ramos em frutificação tenham uma ção é mais lenta. quantidade de ramos secundários de acordo Este princípio diz respeito principalmente com o seu vigor, uma vez que esses ramos à decisão a tomar quanto aos ramos ditos estão competindo, por assimilados, com os ladrões, que, por se encontrarem, em geral, frutos em crescimento e desenvolvimento em posição vertical, e, por isso, favorece- presentes naquela unidade produtiva. rem maior velocidade de circulação da Não existe um número padrão recomendá- seiva, quase sempre são improdutivos. vel, somente a experiência do produtor, o Portanto, por ocasião da poda de frutifica- vigor da planta e do próprio ramo em Frutas do Brasil, 17 Goiaba Produção
questão podem definir a quantidade de tentes no ramo que sofreu o encurtamento.
ramos a deixar. Sem dúvida, deve-se dar Na prática, a poda de frutificação da preferência aos ramos frutíferos, pois serão goiabeira está estreitamente ligada a esse eles a remunerar o produtor. princípio. A brotação advinda após a poda a desbaste de um ramo secundário de frutificação resulta da brotação das não só aumenta o vigor do ramo principal, gemas axilares do ramo podado. Essa bro- como também inibe ainda mais a brotação tação é possível, pois, com o encurtamen- das gemas axilares nele existente. Por esse to, reduz-se a produção de auxina, que em motivo, é necessário identificar não só os geral ocorre na extremidade do ramo, e a ramos secundários a eliminar, mas também, diminuição de auxina estimula a brotação e principalmente, a época de retirada desses das gemas axilares. É importante porém ramos. A eliminação desses ramos antes da que o encurtamento seja efetuado de acor- emissão dos botões florais poderá acarretar do com o vigor do ramo. Ramos mais perdas, decorrentes da eliminação errônea vigorosos normalmente são deixados mais de ramos frutíferos que ainda não tenham longos, enquanto ramos mais finos ou menos emitido o botão floral. Em geral, os botões vigorosos são deixados mais curtos. A obser- florais aparecem após o terceiro ou o quarto vação dessa prática é muito importante, pois par de folhas, ocasião teoricamente correta normalmente os ramos longos, quando po- para se proceder ao desbaste dos ramos dados curtos (Fig. 19), tendem a não fruti- secundários em excesso. ficar, enquanto os ramos mais finos, se Esse princípio é muito importante e podados longos, tendem a produzir frutos deve ser considerado principalmente por de inferior qualidade. ocasião do desbaste de ramos após a bro- tação oriunda da poda de frutificação. Deve- se procurar um equilíbrio, pois a excessiva retirada de ramos secundários poderá pro- piciar o crescimento do ramo principal e assim desviar assimilados dos frutos em crescimento e desenvolvimento. E se esse desbaste ocorrer antes da brotação das gemas frutíferas, poderá reduzir a produ- ção da planta, pois vai inibir a brotação das gemas axilares remanescentes no ramo prin- cipal. Isso ocorre porque há uma translo- cação de assimilados para a extremidade do ramo principal. Dessa forma, devem-se Fig. 19. Poda curta em ramos vigorosos. eliminar apenas os ramos em excesso e aqueles que estejam em posição que pos- sam causar atritos e ferir os frutos próximos. Em tese, a produção da planta podada • a encurtamento do ramo favorece o é função da relação C/N (carboidrato/ aparecimento de brotação lateral. nitrogênio), que existe no ramo após a poda. De acordo com Kawati (1997), o encurta- É sabido que o teor de carboidratos é mais mento e a eliminação da porção terminal elevado na extremidade do ramo, enquanto do ramo devem ser realizados, em geral, o teor de nitrogênio o é na base do ramo. imediatamente acima de uma gema volta- Para que ocorra uma frutificação satisfató- da para fora da copa. Essa poda em geral ria após a poda, a relação C/N deve ser diminui a dominância apical, pois em tese teoricamente alta. Por essa razão, quanto reduz o teor de auxina. Isso aumenta a mais o encurtamento se aproximar da base possibilidade de brotação das gemas exis- do ramo (Fig. 20), menor a probabilidade de Goiaba Produção Frutas do Brasil, 17
pronunciada que naquelas plantas subme-
tidas a podas contínuas. Kawati (1997) cita alguns tipos de encurtamento: Poda à coroa - quando se faz o encur- tamento total do ramo, que fica reduzido à coroa, que é, segundo o autor, a porção mais grossa existente na base do ramo. Poda à esporão - é o encurtamento que deixa o ramo com duas ou três gemas ou com aproximadamente 4 a 6 cm de comprimento. Poda em vara - quando, após o encurtamento, o ramo fica com um núme- ro maior de gemas e com 10 a 20 cm de Fig. 20. Poda efetuada na base de ramos vigorosos. comprimento. esse ramo frutificar, uma vez que a relação Para facilitar a poda e evitar erros que tende a ser baixa. A influência da relação CjN não podem ser corrigidos, após o corte dos em geral é mais pronunciada nos ramos mais ramos, o produtor deve fazer a operação de vigorosos. Por tal motivo, normalmente poda com bastante calma, realizando algu- obtém-se baixa ou nenhuma produção em mas ações de modo seqüencial. Kawati (1997) ramos grossos (vigorosos) podados curtos. sugere que, durante a poda de frutificação, Na prática, pode-se dizer que a rela- seja estabelecida a seguinte seqüência: ção CjN aumenta da base para a extremida- • Iniciar a poda removendo os ramos que- de do ramo. O desconhecimento da influ- brados, mortos e doentes. ência dessa relação, na poda de frutificação • Remover os ramos ladrões. da goiabeira, pode levar a baixas produções • Remover os ramos que estão muito pró- ou produções de frutos sem o devido valor ximos e que possam se atritar com facilida- de mercado. Dessa forma, recomenda-se de e danificar outros ramos ou os próprios praticar nos ramos mais grossos e vigorosos frutos após a frutificação. sempre uma poda mais longa, enquanto, nos • Remover os ramos que se dirigem para o ramos mais finos e menos vigorosos, uma centro da copa ou que se cruzem no interior poda mais curta. Na prática, isso equivale a da planta. um maior ou menor encurtamento do ramo, • Remover os ramos voltados para o solo, conforme o seu vigor. A observação desse pois em geral são ramos improdutivos. princípio é essencial em plantas de goiabeira • Executar a verdadeira poda de frutifica- que são submetidas a períodos de repouso. ção, em obediência aos princípios fisiológi- Nelas, a influência da relação CjN é mais cos descritos anteriormente.