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Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Escola de Formação de Professores e Humanidades


Curso de Letras - Português

RELATO

Correntes da Psicolinguística

Goiânia, 2017
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Goiânia, 28 de Setembro de 2017.

Em cumprimento a sua determinação, apresento-lhe o relato como um dos requisitos


para a avaliação na disciplina de Linguística. Este discorre sobre as correntes da
Psicolinguística, a saber, o Behaviorismo com a Aquisição da Linguagem, o Gerativismo e as
Teorias Sócio – Construtivista e Sócio – Interacionista, desenvolvidas em torno dos anos
cinquenta em decorrência da Segunda Guerra Mundial como afirmam alguns estudiosos.

O Behaviorismo é uma teoria e método de investigação psicológica que teve início com
o americano John B. Watson em 1913, a qual procura examinar do modo mais objetivo o
comportamento humano e dos animais, com foco nos fatos objetivos, isto é, estímulos e
reações. É uma doutrina que foi proposta teoricamente por Watson e depois por Skinner, que
busca explicar os fenômenos da comunicação linguística e da significação na língua em
termos de estímulos observáveis e respostas produzidas pelos falantes em situações
específicas. Além de Watson e Skinner, encontram-se outros nomes associados a este como
Osggod (1966) e White (1970).

A criança, por esta teoria, durante o processo de aquisição linguística, é recompensada


ou reforçada na sua produção pelos adultos que a rodeiam. Dessa forma, pode-se dizer que
tem seu caráter essencialmente empirista. No meio escolar, encontramos a presença ou atitude
behaviorista quando oferta um ensino repetitivo focado na reprodução com pouca ou
nenhuma reflexão por parte do aluno, o qual chega a ser considerado uma tabula rasa e que
está em sala para receber conhecimento, mas não consegue sequer se reconhecer como um ser
atuante no processo de aprendizagem. De forma resumida, Skinner afirmou que todo
comportamento humano poderia ser moldado ao se controlar os estímulos do meio ambiente.

O gerativismo ou teoria gerativa é uma tentativa de formalização dos fatos linguísticos


aplicando-se um tratamento mais preciso, explícito e finito às propriedades das línguas
naturais para facilitar o aprendizado dos idiomas. Ele foi criado pelo americano Noam
Chomsky em oposição ao estruturalismo. Chomsky, um linguista americano, que inspirado
no racionalismo e na tradição lógica dos estudos da linguagem, apresentou uma teoria a qual
ele chamou de gramática. Ele determinou que no indivíduo há uma criatividade, uma
competência e um desempenho inatos no ser humano. A proposta dele é dedutiva, pois parte
de um sistema de regras e chega à construção de frases existentes na língua. E por ser assim,
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com essa proposta a teoria da linguagem deixa de apenas descritiva para ser também
explicativa. Ele define competência como capacidade inata que o indivíduo tem de produzir,
compreender e de reconhecer a estrutura de todas as frases de sua língua. Seus estudos estão
focados no percurso psíquico da linguagem e por isso, no domínio da razão. De acordo com
Chomsky, linguística é uma parte da psicologia cognitiva teórica que dá conta do
conhecimento que um falante tem da sua língua, isto é, a sua competência.

A concepção sócio - construtivista de Vygostsky (1987) considera a língua como um


instrumento de mediação na aquisição do saber da criança e a introduz no curso de seu
desenvolvimento social. Para ele, a linguagem verbal tem um papel importantíssimo no
desenvolvimento cognitivo da criança e a educação tem que ser pensada nessa perspectiva.
Segundo o autor, o qual segue uma linha de raciocínio marxista, é necessário conceber a
educação como um processo dinâmico e dialético, em que a teoria e a prática são permeadas
pelo contexto social, cultural, econômico e político em que o indivíduo está inserido. Por
pensar dessa maneira, Vygotsky é considerado por alguns estudiosos como pai da psicologia
cognitiva contemporânea. Segundo ele, sujeito e objeto interagem em um processo que resulta
na construção e reconstrução de estruturas cognitivas.

É impossível falar de sócio - construtivismo sem falar de Piaget. Ele desenvolveu uma
teoria chamada de Epistemologia Genética ou Teoria Psicogenética, na qual ele explica como
o indivíduo desde o seu nascimento, constrói o conhecimento. Ele considera o professor como
um espectador do desenvolvimento e favorecedor dos processos de descobrimento autônomo
de conceitos no indivíduo. Para esse autor, não existe um novo conhecimento sem que o
indivíduo já possua um conhecimento anterior para que haja assimilação e possa transformá-
lo. Para ele, a interação com o meio proporciona modelos ou representações básicas a partir
de uma estrutura hereditária já constituída, mas o indivíduo vai adquirindo conhecimentos
cada vez mais a partir do momento em que se relaciona com a realidade a que está exposto.
Conforme Piaget, a construção da inteligência acontece em etapas ou estágios sucessivos,
com complexidades crescentes, encadeadas umas às outras, isto é, construtivismo sequencial,
onde a inteligência se desenvolve aos poucos. Em sua teoria sobre o desenvolvimento da
criança, descreve-a em quatro estágios, que ele próprio chama de fases de transição: Sensório-
motor: 0 – 2 anos, pré-operatório: 2 – 7 anos, operatório-concreto: 7 – 12 anos e operatório
lógico-formal: 12 – 16 anos”.

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Conforme a perspectiva sócio - interacionista de Vygotsky, o conhecimento histórico-
social é internalizado e transformado pela própria criança por meio da sua interação com os
indivíduos que a cercam. Ele tentou demonstrar através de experiências que a fala está ligada
a atividades físicas ou práticas de uma criança, ou seja, enquanto uma criança desenvolve uma
ação, ela provavelmente vai desenvolver a fala. O papel que a mediação desempenha na
aprendizagem é outro assunto importante para Vygotsky. É possível identificar algumas fases
da relação que existe entre a fala e a ação: a fase da fala social se desenvolve até a criança
completar os seus três anos de idade, já a fase da fala egocêntrica segue dos três anos de idade
até os seis, e a fase da fala interior ocorre após os seis anos de idade. Dessa forma, somente
inseridos na cultura, na sociedade humana através de um processo de internalização do sujeito
pode-se tornar humano, ou seja, privado de um ambiente humano e social, o ser humano não
desenvolve as características humanas.

Na visão sócio - interacionista, o professor exerce uma função especial, pois além de
não ser o único agente de formação e informação, é um parceiro privilegiado sendo o
elemento mediador das relações entre as crianças e os objetos de conhecimentos. Cabe ao
professor promover estratégias de interação entre as crianças como também conhecer a
particularidade de cada uma delas e realizar vivências pedagógicas para desenvolver a
potência cognitiva das crianças. Com suas pesquisas Vygotsky contribui para um melhor
entendimento das crianças e das pessoas. Resumindo, ele ajudou a melhorar a pedagogia e a
psicologia. Sua contribuição não tem fronteiras, pois serve para todos nós.

As leituras realizadas para o desenvolvimento deste relato aconteceram das formas


mais variadas possíveis, pois alguns autores confundem construtivismo com o interacionismo
não deixando claros os pensamentos de Vygotsky. Dessa forma, utilizei alguns livros
indicados na ementa desta disciplina, que peguei emprestado da biblioteca da universidade, li
algumas páginas da apostila da disciplina de Psicologia da Educação e, ainda alguns artigos
online no site da revista Scielo, mas ainda assim, aguardo as devidas correções.

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Referências Bibliográficas

CARRETERO, Mario. Construir e Ensinar as Ciências Sociais/hist. São Paulo: Artmed, 1997.

LAKOMY, A. M. Teorias cognitivas da aprendizagem. Curitiba: IBPEX, 2003.

MACEDO, Lino. Ensaios Construtivistas. 3. Ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994.

ORLANDI, Eni Pulcinelli. O que é Linguística. Série Princípios. São Paulo, Ática.

PIAGET, Jean. A equilibração das estruturas cognitivas. Rio de Janeiro : Zahar, 1975.

PIAGET, J, O Nascimento da Inteligência na Criança, 4ª edição, Rio de Janeiro, Zahar, 1982.

SLOBIN, Dan Isaac. Psicolinguística. São Paulo: Editora da USP, 1980.

VYGOTSKY, L. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987.

REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: Uma perspectiva histórico cultural da educação.


Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.

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