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MOHAMED SALAH

“Tudo que vive provém daquilo que


morreu.”
Nascido em Alepo na Síria, Salah
assim como todo jovem sírio cresceu em
um país comandado por um ditador que
perdurava no poder há muitos anos. Mesmo
a vida não sendo fácil, seu país vivia
períodos de paz e prosperidade. A Síria era
considerada um berço cultural do
islamismo e além disso, um país
consideravelmente desenvolvido.
O primeiro contato de Salah com a
morte ocorreu quando ele tinha 15 anos,
seu irmão mais velho foi vítima de
atropelamento quando voltava de seu
trabalho. Por ser muçulmano e um “bom
homem”, a religião islâmica previa o
paraíso para seu irmão. Contudo, essas respostas para Salah pareciam de algum modo
vagos. Por que alguém morre? No mundo espiritual ele apenas alcançará recompensas
por ter sido uma boa pessoa? E se ele tiver sido arrancado deste mundo sem ter cumprido
seu destino, o que aconteceria a ele? A morte é aleatória ou premeditada por algum anjo
da morte? Seria então o destino inexorável? Salah achava que não. A existência não
poderia ser tão simplória, deve haver mais. A partir de então Salah passou a estudar o
conceito de morte começando pelo que dizia sua própria religião.
Salah, então agora com 18 anos, no ano de 2010, ingressara no curso de História
da Universidade da Síria. Ele queria se aprofundar em todos os conceitos científicos,
históricos e antropológicos relacionados a morte. Sua inquietude era muito grande e
quanto mais estudava, quanto mais se debruçava as respostas que queria não eram capazes
de suprir seus questionamentos metafísicos e filosóficos. A verdade é que a morte nunca
fora realmente compreendida pela humanidade, cada conceito já publicado
principalmente pela religião trata a morte como algo temível, atrela basicamente códigos
de conduta passíveis de punição. A filosofia era prolixa, os intermináveis textos não
chegavam a nenhuma conclusão realmente impactante. E assim, Salah continuava seus
estudos enquanto paralelamente o mundo árabe vibrava com as ideias do evento histórico
conhecido como Primavera Árabe, a perspectiva de liberdade e democracia fervilhavam
entre os civis da Síria, principalmente entre os jovens acadêmicos que eram os maiores
entusiastas. Começaram então os protestos para destituir os tiranos que governavam
aqueles países. Na Síria não poderia ser diferente, diversos grupos protestaram contra o
regime de Asaad.

Contudo, sabemos que os protestos pacíficos na Síria não trouxeram os resultados


esperados. Os protestos foram repreendidos de forma violenta, mas mesmo assim o povo
não cedeu. Eventualmente, a realidade bateu a porta dos sírios e eles viram que não
conseguiriam a almejada liberdade sem derramar sangue, dando início a guerra civil na
Síria que perdura até os dias atuais. A família de Salah ao se deparar com o massacre
promovido por Asaad resolveu sair de Alepo e fugir do país, em direção a Turquia. Mas
antes de fugirem Assad realizou um ataque químico no bairro de Salah e ele viu toda a
sua família sucumbir à morte da forma mais sub-humana possível. Sua pequena irmã de
onze anos morreu seus braços implorando para que ele fizesse alguma coisa, contudo, por
ironia do destino, Salah não morreu, ele fora o único sobrevivente do bairro. Contudo, ao
se deparar com tamanho horror, Salah ficou em estado de choque, tendo saído de Alepo
e vagado pelo deserto sem destino, sozinho, pensando sobre a vida e a morte. O acaso que
o fizera sobreviver, afinal de contas seria o destino? E se sim, por que apenas ele deveria
vagar sozinho neste mundo tão cruel?
Eventualmente, Salah se deparou com a fome, o calor escaldante do deserto
durante o dia e o frio congelante da noite. Sua percepção de tempo e espaço era
inexistente, Salah apenas vagava pensando nos aspectos da vida, caos e morte.
Fragmentos de uma aula vieram à tona: “Para que uma forma ordenada de matéria exista,
ele deve consumir energia, para haver ordem, o universo faz um esforço incomensurável,
a vida é improvável e, por conseguinte, tão preciosa”. Estes foram os ensinamentos de
um professor de Salah na universidade, esta lembrança em particular lhe trouxe algum
conforto. Salah então parou de vagar, ele tinha sua resposta, por mais que não seja
completa. Neste de tempo, a mente de Salah se abriu e ele contemplou algo absolutamente
indescritível na língua humana.
Em seu primeiro despertar, Salah pode contemplar o universo em toda a sua
plenitude, viu que a morte não é o fim, para que a ordem possa existir, o conceito humano
entendido como entropia deve existir, para haver ordem e evolução do universo, o fluxo
da vida e morte devem ocorrer de forma sinérgica. O universo evolui e nem mesmo a
morte altera o fluxo evolutivo, Salah pôde até mesmo por um pequeno instante
contemplar todas as pessoas que ele amava e que pereceram no ataque de Asaad seguirem
o fluxo do universo, daí Salah entendeu o quão pequena sua dor era, o quão minúsculo e
egoísta ele estava perante o fluxo da vida e da morte, e neste instante ele encontrou a paz
interior, sua mente então foi levada a outro lugar.
Ele fora levado a mesquita de sua cidade e dentro da mesma, uma figura estranha
o esperava, este indivíduo parecia um guerreiro bastante antigo, ele usava um turbante,
que cobria toda a sua face, exceto seus olhos que possuíam uma tonalidade inteiramente
amarelada. Sua pele era negra como ébano e diversas inscrições cobriam completamente
seus braços (inscrições estas que Salah era incapaz de compreender). Salah, prontamente
compreendeu que aquele homem não era humano, assim como entendeu que o mesmo
não era um demônio pela forma como o mesmo se portava, sem demonstrar hostilidade
alguma. O homem então dissera: “ Há muitos anos eu ansiava por isto Salah. Por muito
tempo eu o esperei e agora nossos destinos estão prestes a serem cumpridos. Eu o escolhi

porque sei que você suportará o fardo. Acorde Salah, é chegada a hora, levante Cavaleiro
de Radamanthys! ”.
Ao retornar à realidade mundana, Salah se
depara com um homem trajado com um sobretudo
preto. Ele fala em inglês: “ Eu previ seu despertar
receptáculo de Uriel. Foi difícil te achar, mas minha
busca foi bem-sucedida. Eu me chamo Klaus e temos
muito o que conversar. ” Salah o acompanha, o homem
fala que assim como Salah, ele é um desperto. Porém,
seu despertar ocorrera há muito tempo, o homem é um
típico caucasiano com os olhos muito azuis, mas uma
idiossincrasia do homem é seu aspecto extremamente
pálido, como se estivesse com uma anemia grave.
Klaus explica que pertence a tradição dos Eutanatos e que tem as respostas que Salah
tanto anseia. Ele diz que sente a inquietação da alma de Salah e que o guiará para que o
mesmo cumpra seu destino.
A princípio Salah não confia no homem, afinal de contas é difícil confiar em
alguém quando se vive em períodos de guerra. Mas Salah por mais receio que tenha, quer
as respostas as quais procura. Salah é levado a Turquia por Klaus. Lá tem seu primeiro
contato com outros membros da tradição. Eles examinam o corpo de Salah e confirmam
que ele é o receptáculo de Uriel, ele carrega a marca em sua alma. Essa afirmação soara
extremamente vaga e absurda, afinal Uriel é o anjo da morte na concepção hebraica. Mas
mesmo assim, Salah nada disse. Esperou até começar a ser instruído pelos chamados
Eutanatos.
Klaus é denominado para ser o mestre de Salah. O conhecimento de Klaus é
absurdo. Ele fala sobre o universo, sobre as leis da vida e da morte com uma propriedade
inigualável. Salah absorve tudo de uma maneira surreal. O próprio Klaus por mais que
nunca tenha dito diretamente a Salah, surpreende-se com o nível de aprendizado do
mesmo, a princípio ele parecia apenas um jovem de inteligência comum. Mas sua
curiosidade é incomensurável e sua taxa de aprendizado é elevadíssima. Klaus concentra
o treinamento mágico de Salah em três esferas: Entropia, primórdio e matéria. Além
disso, ele falara que as outras esferas por mais que não sejam ensinadas a ele a princípio,
nunca estarão fechadas e como as mesmas não podem ser vistas de forma isolada, a magia
atua de forma sinérgica e cada esfera complementa uma a outra. Basta apenas que um
mago o ensine e ele desenvolva suas próprias metodologias. Além disso, foi dito que ele
deve usar magias sabiamente, como um Eutanatos ele deve evitar ao máximo o uso de
magias devido ao acúmulo de Jhor, este efeito poderia leva-lo até mesmo ao silêncio, o
pior destino para um desperto.
Aliados aos treinamentos doutrinários, Salah é submetido constantemente a
treinos físicos absurdos. Por muitas vezes, ele acha que não sobreviverá para viver mais
um dia. Ele aprende Krav Maga, lições com armas de fogo, manobras de combate. Em
especial Salah teve de dominar duas grandes características: Deve ser capaz de andar de

forma despercebida entre os mortais. Salah todos os dias era caçado por Klaus em meio
à multidão, afinal de contas um juiz da vida e da morte não deve mostrar sua face, apenas
o julgamento. Por fim, os Eutanatos que ensinaram Salah apresentam maestria na luta
com armas brancas e para o mesmo poder fazer parte do círculo também deve dominá-
las, ele se especializa no uso de espadas. A justificativa para isso é que os Eutanatos por
acumularem muito mais Jhor que os outros despertos, devem fazer de tudo para evitar o
uso de magia. Ao final de todos os treinos físicos, bandagens especiais são colocadas
sobre o corpo de Salah e suas feridas que demorariam meses ou talvez anos para serem
curadas, são curadas em segundos.
No fim de todas as noites, Salah efetuava seu treino mental, deveria meditar por 3
horas ininterruptas sob o luar. Os objetivos são que ele possa sentir com clareza o fluxo
das forças que regem o universo. Essa tarefa, contudo, sem sombra de dúvidas se
demonstrou a mais difícil. Demoraram anos de duras lições físicas e mágicas até que
Salah alcançasse o equilíbrio entre o corpo e mente para ver o fluxo do universo e se
deparasse com o esplendor da criação, do caos e equilíbrio por mais que ainda de forma
incipiente. Um dia ao nascer do dia Klaus surge no quarto de Salah dizendo que é chegada
a hora do teste, é hora de Salah se tornar um Eutanatos. Ele viaja junto de Klaus e seus
mentores para a Síria e ao crepúsculo param sob as montanhas.
Logo abaixo há um pequeno vilarejo de 50 pessoas. Klaus se posta diante de Salah
e fala em sua língua nativa: “ Por anos eu te treinei Salah, você já é capaz de compreender
vagamente o funcionamento do universo e que é nosso dever cuidar da criação. Somos
catalisadores do universo, fazemos o que for necessário para que o mesmo alcance todo
o seu esplendor. Temos muitas reponsabilidades e um peso enorme em nossas mãos. Pois
bem Salah, em minhas previsões eu vi que na próxima manhã o Estado Islâmico chegará
a esta vila. Eles matarão todos os homens, em frente aos seus filhos. As mulheres sofrerão
estupros coletivos e levarão vidas de escravas por estes homens. Toda a pureza da criação
será maculada, o fluxo natural será corrompido. Seu teste é cuidar destas pessoas, hoje
você dará uma boa morte a todas elas. Elas seguirão o fluxo e reencarnarão
eventualmente. É nosso dever cuidar delas Salah, isto não é assassinato. “
“Eu posso ver em seu olhar de terror que você não quer fazer isso, nunca matou
e se fosse matar seriam as almas corruptas. Mas você sabe que não deve ser assim, as
almas corruptas terão seu julgamento um dia, e hoje não é este dia. No momento devemos
prezar pelo bem maior da criação. ” Klaus retira uma moeda de prata do bolso e diz: “Há
muito tempo atrás meu mestre me deu isto quando fui fazer meu teste. E agora ele será
passado para você. Esta moeda é remonta a época do esplendor grego, naquele tempo os
mortos eram sepultados com estas moedas para que no mundo dos mortos fossem capazes
de pagar a passagem ao barqueiro que levaria suas almas ao reino correto. Como meu
aprendiz, você usará magia por meio dela. Carregue-a sempre consigo e decida o destino
através dela, foque sua magia ao jogar a moeda. Sinta o fluxo da ordem e desordem.
Interprete o resultado e cumpra a todo custo o quê o universo determinou.”
Klaus se ajoelha emite uma magia que Salah é incapaz de compreender e oferece
a mesma a Salah. “Toque e veja o que vejo. Sinta o verdadeiro fluxo e faça o seu teste! ”

Salah tocou a moeda e dentro de sua alma teve uma compreensão maior do que tivera
desde o seu despertar. Ele não sabia em que nível de compreensão Klaus estava, mas
agora tudo fazia sentido. Os fluxos eram claros, aquelas almas reencarnariam e a criação
seria preservada, esse era o sentido natural, ele tinha um dever que deveria ser cumprido.
Salah então abriu seus olhos, seu olhar havia mudado. Onde havia dúvida, agora havia
apenas uma convicção ferrenha. Klaus abriu a mala do veículo e o ordenou que escolhesse
o instrumento da boa morte. Talvez consciente ou não, Salah escolhera uma Falchion de
cor ébano.
O cabo se ajustava perfeitamente a mão de Salah, o fio da mesma era absurdo,
com magia talvez fosse capaz de cortar até mesmo aço. Ele sentiu como se aquela espada
fosse uma extensão de seu próprio corpo, o balanço, peso eram absolutamente perfeitos.
Salah retirou a vestimenta superior, levou sua espada e contemplou o vilarejo. Ele jogou
sua moeda e usou sua magia para ter acesso as probabilidades de causar uma boa morte
aquelas almas. O julgamento estava feito. Então ele se dirigiu até a base da montanha
absolutamente resoluto, sua mente estava limpa.
Ao pé da vila havia uma figura de torso nu carregando uma espada negra a luz do
luar. Salah, com sua moeda em mãos, usou sua magia por meio da combinação de forças
e entropia, alterando a resistência do ar e o atrito em seus pés. Agora ele se movia em
uma velocidade sobre-humana, seus cortes eram limpos e precisos. Os alvos nem ao
menos sabiam, ou sentiram suas vidas se esvaírem. Enquanto seu corpo se banhava de
sangue, inscrições começaram a aparecer nos braços de Salah, vivas como a luz do dia.
À medida em que matava, sua pele ia ficando cada vez mais negra, seus olhos tornaram-
se amarelos até que por fim quando todos estavam mortos, Salah estava igual ao seu
avatar.
Neste momento ele teve outra epifania, sua mente mais uma vez fora levada a
mesquita em que ele encontrara seu avatar pela primeira vez. O homem dissera: “Agora
você é digno Salah; você passou pela prova dos Eutanatos e adquiriu conhecimento e
força para falar comigo diretamente. Meu nome é Uriel Salah, eu escolhi esse nome por
ter sido o guardião da espada do anjo Uriel em uma outra vida, há muito tempo atrás. Esta
espada Salah é a chave que abre um dos portões do inferno. Há muitas eras atrás eu fui
incumbido de expulsar os demônios da terra e selar um dos portões do inferno com a
espada de Uriel. Quando terminei de expulsar, eu selei o portão do inferno ao custo do
meu próprio corpo físico. Minha alma transcendeu, eu não era mais apenas um humano,
fazia parte do próprio fluxo primordial e minha espada ficara cravada naquela caverna
por muitos milênios e eu estive em paz.
Contudo, eventualmente minha paz acabou. Um cavaleiro de nossa ordem
conhecido outrora por Gennaro, estava envolto pelo silencio e em sua loucura, fora
seduzido pelas forças infernais para recuperar seus poderes. E com a ajuda de um dos
filhos de Caim, ele quebrou o selo, levou a espada de Uriel consigo e abriu um dos portões
do inferno. Isso ocorreu no ano de 1999 de acordo com o calendário cristão.
Naquele instante eu fui trazido pelas forças primordiais e reencarnei em você,
Salah. É sua obrigação se tornar o novo portador da espada de Uriel, expulsar os demônios

que habitam a terra e mais uma vez selar o portão do inferno. Você agora carrega as
minhas marcas em sua alma Salah, devemos nos ajudar mutuamente para que cumpramos
o nosso destino. Nunca seremos reconhecidos pelo sacrifício que faremos, carregaremos
muitos pesares, teremos de matar, sem nem mesmo sermos capazes dar uma boa morte.
Mas esse é o nosso fardo, agora somos um.
Salah abriu os olhos, ele estava ainda sob o luar da noite com o corpo sujo de
sangue, mas agora, dava-se conta que carregava as marcas de Uriel em seus braços.
Posteriormente, após concluído o teste, Salah contempla o caos gerado como efeito de
sua ressonância. Ele sente os efeitos da ressonância na própria alma, o caos aflige sua
estrutura física, causando-lhe muita dor. Mas Salah, não demonstra exteriormente essa
dor. A partir daí ele sente na própria pele, como deve ter cuidado ao usar magia. Os outros
Eutanatos formam um círculo em torno de Salah e erguem suas espadas em sua direção,
Salah se ajoelha e ao término do ritual ele se erguera como um Cavaleiro de Radamanthys,
juiz da vida e da morte.
Ele recebe um presente de Klaus. Seu mestre diz: ” Salah, estes são os ossos de
meu antigo mestre, seu corpo pereceu em batalha há muito tempo atrás, ele seguiu o fluxo
com honra. E nós ainda o honramos utilizando seus ossos para nos comunicarmos em
nossa própria rede. Carregue-os sempre consigo e honre-os da mesma forma que venho
fazendo desde que ele se foi desta existência. Este é o meu tesouro para você. ”
É de suma importância localizar Gennaro, Salah e Klaus devem agora partir para
Madrid, não há tempo a perder. Lá, encontrarão um Adepto da Virtualidade conhecido
como Luís Aragonéz, este homem deve favores aos cavaleiros de Radamanthys e os
ajudará a localizar Gennaro e o paradeiro da espada de Uriel, é hora de cobrar.

OBS: A essência do Avatar é Primordial.

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