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Universidade Federal de Rondônia

Medicina Veterinária
Microbiologia

Relatório Final - Microbiologia

Docente: Igor Mansur.


Discente: Amanda Santos Franco.

Rondônia
2020

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SUMÁRIO

Aula 01 - Morfologia e estrutura da célula bacteriana..............................................3


Questões - Morfologia e estrutura da célula bacteriana............................................4
Aula 02 - Taxonomia Bacteriana..................................................................................6
Questões - Taxonomia bacteriana................................................................................7
Aula 03 - Patogenia da infecção bacteriana mecanismos de virulência...................9
Questões - Patogenia da infecção bacteriana mecanismos de virulência................10
Aula 04 - Antimicrobianos e Resistência....................................................................12
Questões - Antimicrobianos e Resistência..................................................................14
Aula 05 - Controle do crescimento microbiano.........................................................16
Questões - Controle do crescimento microbiano.......................................................19
Aula 06 - Aula Prática..................................................................................................21
Questões - Aula Prática................................................................................................23
Aula 07 - Introdução a Micologia................................................................................25
Questões - Introdução a Micologia.............................................................................27
Aula 08 - Diagnóstico das doenças fúngicas...............................................................29
Questões - Diagnóstico das doenças fúngicas............................................................30
Aula 09 - Dermatófitos.................................................................................................32
Questões - Dermatófitos..............................................................................................33
Aula 10 - Introdução a Virologia................................................................................35
Questões - Introdução a Virologia..............................................................................36
RESUMO DE ARTIGO 01.........................................................................................39
RESUMO DE ARTIGO 02.........................................................................................41
RESUMO DE ARTIGO 03.........................................................................................43
REFERÊNCIAS..........................................................................................................45

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Morfologia e estrutura da célula bacteriana
Todo o organismo vivo é formado por células, dentre estas existem as células eucariotas e pro-
cariotas. Existem muitas diferenças que podem ser citadas entre esses dois tipos de células, como, o
núcleo que se encontra presente apenas nas células eucariotas, enquanto que nas procariotas o material
genético se localiza no citoplasma condensado em forma de nucleóide, a complexidade das organelas
e as proteínas histonas associadas ao DNA presentes somente nas células eucariotas. Também existem
diferenças entre as células eucariotas e procariotas quanto a sua forma de divisão, as células eucariotas
se dividem por meio de mitose ou meiose enquanto que as células procariotas se dividem por meio de
divisão binária.
Um excelente exemplo de organismo representante das células procariotas são as bactérias, es-
tas possuem muitas formas básicas e tamanhos diferentes, alguns exemplos são, cocos, bacilos, espi-
ral, helicoidais, filamentosa e cocobacilos. Essas diferentes morfologias das bactérias são determina-
das geneticamente e foram construídas a partir da evolução e seleção natural.
A estrutura celular bacteriana é composta externamente por uma parede celular que pode ou
não ser envolta por uma cápsula, internamente é formada por uma membrana plasmática que envolve
o citoplasma onde se encontram as organelas e o seu material genético, externamente associadas à pa-
rede celular dessas bactérias podem ser encontrados flagelos, pili e fímbrias.
A cápsula ou camada limosa das bactérias é sintetizada por ela mesma, sua composição é de
um material polimérico, algumas bactérias formam uma cápsula definida e aderida externamente a pa-
rede celular, a maioria das cápsulas é composta por polissacarídeos porém algumas bactérias como a
do gênero bacillus produzem uma cápsula polipeptídica. A cápsula tem como principal função prote-
ger a bactéria, é vantajosa à ela pois a torna mais resistente e mais difícil de ser reconhecida, destruída
e fagocitada, também auxilia na aderência quando a bactéria se encontra alojada dentro do hospedeiro.
A parede celular é rígida, formada por peptideoglicanos que dão resistência e fortalecem a
mesma, tem como principal função proteger as bactérias contra danos mecânicos e lise osmótica, não
possui permeabilidade seletiva e exclui apenas grandes moléculas. Diferenças na composição química
da parede celular geram diferentes patologias e colorações, as bactérias são classificadas por meio da
coloração em Gram+ (se coram com cristal violeta) obtendo uma coloração roxa e Gram- (se coram
com fucsina) obtendo uma coloração rosada/avermelhada, a diferença entre as bactérias gram+ e
gram- está em sua parede celular onde nas gram+ se encontram 90% de peptideoglicanos enquanto
que em gram- se encontram apenas 10% de peptideoglicanos. Apesar dessas classificações serem as
mais conhecidas, nem todas as bactérias se encaixam nesse tipo, como por exemplo a bactéria da lep-
tospirose que se utiliza da coloração da prata. A membrana externa tem função estrutural e é composta
por lipopolissacarídeos (açúcar + gordura).
A membrana celular é uma estrutura de permeabilidade altamente específica, composta por
uma bicamada fosfolipídica e proteínas, é responsável por envolver e delimitar a célula, é de extrema

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importância pois caso seja rompida gera a morte celular. As proteínas podem estar presentes na mem-
brana de forma ancorada extra e/ou intracelular ou de forma integral, em relação a função destas pode-
mos citar a respiração celular, este processo ocorre na membrana devido ao fato das células procario-
tas não conterem mitocôndrias, a respiração celular é feita por meio do processo de transporte depen-
dente de proteínas de ligação. Existem também outros dois tipos de transportes realizados na membra-
na sendo eles a difusão facilitada (sem gasto de ATP) e o transporte quimiotático. Uma das principais
diferenças entre eucariotos e procariotos quanto à sua membrana celular é que os eucariotos apresen-
tam esteróis em sua membrana que estão ausentes em quase todos os procariotos, estes por sua vez uti-
lizando o exemplo das bactérias contém hapanóides em sua membrana.
Existem algumas estruturas que podem ser encontradas associadas ao exterior da célula bacte-
riana, como, fímbiras, pili e flagelos. As fímbrias tem função de adesão enquanto o pili tem função se-
xual fazendo fixação entre bactérias e gerando o processo de conjugação, já os flagelos tem função de
locomoção podendo ser de quatro tipos, monotríquio, lofotríquio, anfitríquio e peritríquio.
O citoplasma é envolvido pela membrana citoplasmática, é uma substância aquosa e fluída
composta em 80% por água, contém diferentes estruturas, como, o nucleóide (DNA cromossomial), o
plasmídeo (DNA extracromossomial), organelas, como, ribossomos (responsável pela síntese protei-
ca), mesossomos e inclusões citoplasmáticas, como os grânulos que são cápsulas de armazenamento
de nutrientes.
Os endósporos são uma forma de resistência formada por algumas bactérias de forma que esta
cria uma camada altamente resistente em volta do material genético para protegê-lo. A resistência dos
esporos é atribuída ao seu estado desidratado, a sua baixa atividade metabólica e a sua estrutura em
camadas, sendo elas, exospório, capa do esporo, córtex e cerne.
Os biofilmes são uma matriz polissacarídica de células bacterianas, essa matriz impede a pene-
tração de outras bactérias que possam vir a competir com ela, um exemplo é o tártaro. Próteses e son-
das podem aumentar o risco desta infecção.

Questões - Morfologia e estrutura da célula bacteriana


1- Já se sabe que existem muitas diferenças entre as células eucariotas e procariotas, uma das
principais é a complexidade do seu citoplasma e as organelas presentes nele. Uma das organelas
mais importantes da célula eucariota é a mitocôndria, responsável por produzir o ATP da célu-
la. Nas células procariotas com ausência desta organela, como é feito esse processo ?
R: O processo de produção de ATP nas células procariotas ocorre na membrana plasmática,
uma estrutura formada por fosfolipídios e proteínas aderidas, é por meio de algumas destas proteínas
que exercem função de carreadora que ocorre o processo por meio de transporte dependente de proteí-
nas de ligação.

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2- A parede celular de uma célula bacteriana tem diversas funções, uma delas é a classificação
das bactérias por coloração entre Gram- e Gram+. Explique como funciona esta classificação:
R: A classificação entre Gram- e Gram+ nas bactérias se define pela coloração que se obtém,
sendo ela, rosada/avermelhada (corado com fucsina) para Gram- e roxo (cristal violeta) para Gram+.
Essa diferença na coloração se da pelas propriedades químicas encontradas na parede celular, como
por exemplo, a porcentagem de peptidioglicano.

3- Em uma célula bacteriana, de que forma e por qual meio é feita a seleção do que entra e sai
da célula?
R: O interior da célula é delimitado pela membrana plasmática e em seguida pela parede celu-
lar. A parede celular não possui permeabilidade seletiva, fazendo apenas a exclusão de grandes molé-
culas, tudo que passa por ela é retido na membrana plasmática, que por sua vez é uma estrutura de per-
meabilidade altamente seletiva e exercerá a função de controlar o que irá entrar e sair da célula.

4- No citoplasma da célula bacteriana os nutrientes são armazenados em formato de grânulos,


por que isso acontece?
R: Este processo ocorre para se ter equilíbrio osmótico, pois se os nutrientes (soluto) ficassem
dispersos no citoplasma acabariam atraindo muita água (solvente) resultando em lise osmótica.

5- Algumas bactérias no exterior de sua estrutura podem possuir pili, fímbrias e/ou flagelos. Os
flagelos são responsáveis pela locomoção das bactérias o que gera a elas uma grande vantagem.
Como essa estrutura se fixa ao corpo da bactéria?
R: Os flagelos são formados por três estruturas, filamento, gancho e corpo basal. A estrutura
basal se localiza fixada na parede celular, o gancho liga esta estrutura ao filamento que fica livre e é o
responsável pela movimentação.

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Taxonomia Bacteriana
A taxonomia é um sistema de classificação biológica, é responsável por identificar (parte práti-
ca), classificar e nomear os seres vivos de acordo com a similaridade de suas características. A nomen-
clatura na taxonomia é dada na língua latina, essa padronização tanto da linguagem quanto da classifi-
cação em categorias facilitou muito o estudo dos seres vivos a nível mundial, pois em qualquer lugar a
classificação e nomenclatura será a mesma. Regras internacionais que padronizam a taxonomia:
Nomes científicos devem ser escritos em latim ou latinizadas quando derivados de outra lín-
gua.
O gênero deve ser escrito com inicial maiúscula, e a espécie com inicial minúscula.
Nomes manuscritos devem ser sublinhados exceto quando em itálico ou negrito.
ex: Homo sapiens ou Homo sapiens
A nomenclatura para sub espécie é trinomial.
ex: Crotalus terrificus terrificus
A designação para subgênero aparece entre o gênero e epíteto específico, entre parênteses e
com Inicial maiúscula.
ex: Aedes (Stegomya) aegypti
Se o autor da descrição for mencionado seu nome deve vir após o termo específico sem pontu-
ação. A data de descrição vem após a vírgula.
ex: Trypanossoma cruzi Chagas, 1909.
Tem prioridade os nomes registrados em primeiro lugar assim, se um pesquisador descrever
um animal já classificado prevalece o primeiro nome.
O nome das famílias dos animais recebe o sufixo idae e o da subfamília enae.
ex: Felidae / Felinae.
Nos vegetais utiliza-se o sufixo aceae para as famílias.
ex: Rosaceae.
Em 1775 Linnaeus determinou uma classificação em dois reinos, reinos animal e vegetal. Em
1969 Robert Whittaker dividiu os cinco principais reinos por suas características morfológicas e fi-
siológicas, sendo eles, reino monera (procariotos), reino protista (eucariotos unicelulares, protozoá-
rios e algas), reino fungi (eucariotos aclorofilados), reino plantae (vegetais) e reino animalia (ani-
mais).
A partir do estudo de C. Woese em 1977 passamos a dispor de um sistema de classificação ba-
seado principalmente em aspectos evolutivos (filogenética). Com esse estudo os organismos passaram
a ser subdivididos em três domínios que contém os cinco reinos. Os três domínios são Archaea (proca-
riotos), Bactéria (procariotos) e Eukarya (eucariotos).
O domínio Archaea é formado por organismos encontrados em ambientes de condições extre-
mas, são vistos como ancestrais das bactérias, hoje em dia são considerados um grupo intermediário

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entre procariotos e eucariotos.
O domínio Eukarya é formado pelas algas, protozoários e fungos (além das plantas e animais).
O domínio bactéria é um enorme grupo de procariotos, bactérias encontradas nas águas, solos
e ambientes em geral.
Lineu, o botânico e médico Sueco conhecido como o pai da taxonomia, em 1735 lançou o livro
“systema naturae” com os princípios básicos da classificação usados até hoje na taxonomia, ele esta-
beleceu a espécie como base da classificação, criou os cinco grupos taxonômicos, propôs o uso de pa-
lavras latinas e estabeleceu a nomenclatura binomial para espécie.
Os níveis da taxonomia bacteriana utilizados são:
Espécie, é o grau taxonômico básico, formado por indivíduos semelhantes que são capazes de
se reproduzir e gerar indivíduos férteis.
Gênero, é um grupo de espécies.
Família, é um grupo de gêneros.
Ordem. é um grupo de famílias.
Classes, é um grupo de ordens.
Filos, é um grupo de classes.
Reino, é um grupo de filos.

Questões - Taxonomia bacteriana


1- A taxonomia é de extrema importância mundial por sua classificação padronizada que pro-
move a compreensão por todos. De que forma é feita essa classificação?
R: A classificação é feita de acordo com a similaridade das características dos seres vivos co-
locando-os em grupos, também há um sistema de classificação baseado principalmente em aspectos
evolutivos - filogenética.

2- Dentre as regras de padronização da taxonomia está a forma correta de se escrever o nome


das espécies. Marque a alternativa que contém a forma correta de se escrever a nomenclatura
de uma espécie de forma MANUSCRITA:
a) Trypanossoma cruzi
b) Trypanossoma cruzi
c) Trypanossoma cruzi
d) Trypanossoma cruzi X

3- Em 1735 foi lançado o livro “systema naturae” com os princípios básicos da classificação que
são usados até hoje na taxonomia. Neste livro foram estabelecidas regras de extrema importân-
cia, uma delas foi a determinação dos cinco grupos taxonômicos. Quais foram estes cinco grupos

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determinados nesta publicação ?
R: Os cinco grupos taxonômicos definidos nessa obra e que são utilizados até hoje são: reino,
classe, ordem, gênero e espécie.

4- Marque verdadeiro (V) ou falso (F):


(F) O gênero deve ser escrito com inicial minúscula, e a espécie com inicial maiúscula.
(V) O nome das famílias dos animais recebe o sufixo idae e o da subfamília enae.
(V) Em 1775 Linnaeus determinou uma classificação de 2 reinos, reinos animal e vegetal.
(F) O livro “systema naturae” foi escrito por Robert Whittaker e publicado em 1969.
(F) Espécie é o grau taxonômico mais elevado, é formado por grupos de filos.
(F) Gênero é o grupo de indivíduos semelhantes que são capazes de se reproduzir e gerar
indivíduos férteis.
(V) Reino é um grupo de filos.

5- A partir de 1977 com o estudo de C. Woese passou-se a dispor de um sistema de classificação


baseado em aspectos evolutivos - filogenética. Com esse estudo os organismos passaram a ser
subdivididos em três domínios. Quais são estes domínios?
R: Os três domínios são: Archaea, composto por seres procariotos, Bactéria também composto
por seres procariotos e Eukarya composto por seres eucariotos.

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Patogenia da infecção bacteriana mecanismos de virulência
A transmissão de patógenos ocorre por meio das portas de entrada, sendo elas, membranas mu-
cosas, a pele, deposição direta sob a pele ou as membranas (via parenteral), trato respiratório (vias áe-
reas superiores e inferiores), trato genital e vias urinárias, trato gastrointestinal (principalmente a bo-
ca).
Membrana mucosa: São as mucosas que revestem o trato respiratório, gastrintestinal, genituri-
nário, conjuntiva. O trato respiratório é porta de entrada fácil e muito utilizada pelos agentes infeccio-
sos que são inalados pelo nariz e boca em gotículas de umidade e partículas de pó.
O trato gastrintestinal absorve os agentes infecciosos por meio da água e alimentos, muitos dos
microorganismos que chegam aqui são destruídos pelo ácido clorídrico do estômago ou pela bile no
intestino delgado, caso sobrevivam se multiplicam e são eliminados nas fezes.
O trato geniturinário é porta de entrada para patógenos que são sexualmente transmitidos, cau-
sam infecções urinárias.
A pele é o maior órgão do corpo, ela em seu estado íntegro é impenetrável para a maioria dos
microorganismos, porém alguns penetram em glândulas sudoríparas, folículos pilosos ou ductos glan-
dulares. Os ectoparasitos abrem porta de entrada na pele.
Por via parenteral alguns microorganismos são depositados diretamente nos tecidos sob a pele
ou nas membranas, isso ocorre quando o tecido é lesado, como em punções, injeções, picadas, cortes,
ferimentos, cirurgias, isso ocorre quando o instrumento não está esterilizado ou a pele esta suja.
Cada microorganismo tem uma porta de entrada preferencial, caso não entrem por ela podem
nem se quer causar doença. Por exemplo a Salmonella typhi tem como sua porta de entrada preferenci-
al o trato gastrintestinal (deglutida), assim causa todos seus sintomas, mas caso penetre pela pele que
não é sua porta de entrada preferencial não causa nenhuma reação.
O número de invasores influencia no combate do organismo contra eles, se apenas alguns mi-
croorganismos penetrarem no corpo geralmente são vencidos pelas próprias defesas do organismo, ca-
so seja uma invasão de um grande número provavelmente a doença irá se desenvolver.
O processo infeccioso acontece em algumas fases, de início a bactéria se adere ao hospedeiro,
realiza multiplicação local, disseminação, chega a corrente sanguínea e então aos órgãos alvos. Para se
aderir ao hospedeiro a bactéria conta com os fatores de aderência, são moléculas da superfície do pató-
geno que se unem especificamente à receptores de superfície no hospedeiro, a maioria dessas molécu-
las são compostas de glicoproteínas ou lipoproteínas, exemplos são adesinas ou ligantes e pili que esta
presente na Escherichia coli .
Nas bactérias estão presentes as toxinas que são responsáveis por causar reações nos hospedei-
ros, existem as exotoxinas e as endotoxinas. As exotoxinas são formadas de polipeptídeos, são excre-
tadas por células vivas, podem ser produzidas por bactérias gram- ou gram+, são altamente antigêni-
cas (induzem produção de anticorpo) e tóxicas, em geral elas se ligam à receptores específicos sobre

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as células e são frequentemente controladas por genes extracromossomiais (plasmídeos). Alguns
exemplos de exotoxinas são, a toxina diftérica, toxina eritrogênica, toxina botulínica, toxina tetânica,
enterotoxina colérica e enterotoxina estafilocócica. As endotoxinas são parte integrante da parede ce-
lular das bactérias gram- e portanto só são liberadas por estas no momento da lise celular, são fraca-
mente imunogênicas, formadas de lipopolissacarídeos, produzem febre no hospedeiro e tem síntese di-
rigida por genes cromossômicos.
Nas bactérias também estão presentes as enzimas, existem enzimas que exercem função de de-
gradação do tecido, e algumas que degradam materiais específicos, como a IgA1-Protease que degra-
da especificamente a imunoglobulina A.
Existem algumas bactérias que tem também a seu favor alguns mecanismos, como, os fatores
antifagocíticos, patogenicidade intracelular e heterogeneidade antigênica.
Para combater as bactérias são usados medicamentos, os antibióticos, para saber qual o antibió-
tico certo à se usar deve se fazer um teste denominado Teste de sensibilidade aos antimicrobianos
(TSA), este pode ser feito “in vivo” ou “in vitro”, se verifica qual a resistência ou sensibilidade do
patógeno à droga, é padronizado, de baixo custo e rotineiro em laboratórios, existem vários tipos de
teste de sensibilidade disponíveis, como, MIC, Discodifusão, Gradiente em ágar e automatizados.

Questões - Patogenia da infecção bacteriana mecanismos de virulência


1- Para chegar ao interior do hospedeiro as bactérias precisam passar pelas portas de entrada,
preferencialmente suas portas específicas para poder exercer sua patogenicidade. Cite quais são
as possíveis portas de entrada de um hospedeiro.
R: As principais portas de entrada são, as membranas mucosas, trato gastrointestinal, membra-
na conjuntiva, trato respiratório, trato genital e vias urinárias e a via parenteral (deposição direta sob a
pele ou as membranas).

2- O processo infeccioso de uma bactéria ocorre em algumas fases, inicialmente a bactéria preci-
sa se aderir ao hospedeiro pra poder realizar sua multiplicação, disseminação e enfim atingir os
órgãos alvos. Como as bactérias realizam o processo de aderência em seus hospedeiros ?
R: Para realizar este processo as bactérias contam com os fatores de aderência, estes são molé-
culas da superfície do patógeno que se ligam perfeitamente à receptores presentes na superfície do
hospedeiro, essas moléculas são em sua maioria compostas de glicoproteínas ou lipoproteínas, como
por exemplo o pili presente em algumas bactérias.

3- As bactérias tem toxinas que são responsáveis por causar reações no hospedeiro, existem dois
tipos de toxinas, as exotoxinas e as endotoxinas. Diga quais são as principais diferenças entre es-
tes dois tipos de toxinas presentes nas bactérias.

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R: As exotoxinas são formadas de polipeptídeos, são excretadas por células vivas e podem ser
produzidas tanto por bactérias gram+ quanto gram-, são altamente antigênicas (induzem produção de
anticorpo) e tóxicas, em geral elas se ligam à receptores específicos sobre as células e são frequente-
mente controladas por genes extracromossomiais (plasmídeos). Já as endotoxinas são parte integrante
da parede celular das bactérias gram- e portanto só são liberadas por estas no momento da lise celular,
são fracamente imunogênicas, formadas de lipopolissacarídeos, produzem febre no hospedeiro e tem
síntese dirigida por genes cromossômicos.

4- Além dos fatores de aderência as bactérias também contam com outros mecanismos a seu fa-
vor, sendo eles, os fatores antifagocíticos, patogenicidade intracelular e a heterogeneidade anti-
gênica. Explique quais as funções destes mecanismo presentes nas bactérias.
R: Os fatores antifagocíticos estão presentes em algumas espécies de bactérias que tem a capa-
cidade de adquirir componentes normais do hospedeiro e inseri-los em sua própria superfície. A pato-
genicidade intracelular é a capacidade que algumas bactérias tem de conseguir sobreviver aos ataques
do hospedeiro pois vive e se multiplica no interior dos próprios leucócitos. A heterogeneidade antigê-
nica é a capacidade das bactérias de modificar a estrutura primária das proteínas de sua superfície para
fugir do sistema imunológico do hospedeiro.

5- Para fazer o combate das bactérias é necessário o uso de medicamentos, os antibióticos. Para
saber qual o antibiótico correto a ser usado para determinada infecção de determinada bactéria
deve se fazer o Teste de sensibilidade aos antimicrobianos (TSA). Cite alguns tipos de teste
(TSA) que podem ser feitos.
R: Dentre os tipos de testes de sensibilidade aos antimicrobianos (TSA) que podem ser citados
estão os MIC, Discodifusão, Gradiente em ágar e automatizados.

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Antimicrobianos e Resistência
A primeira descrição sobre o uso de antimicrobianos foi há cerca de 3.000 anos. Os chineses
utilizavam bolores em feridas infeccionadas, Sumérios faziam uso de emplastros de vinhos, cerveja e
ameixas, os Indianos a mais de 1500 anos utilizavam mofos para disenterias e os Maias usavam fun-
gos para úlceras e infecções intestinais.
O pioneiro dos antimicrobianos foi a penicilina, descoberta em 1928 por Alexander Fleming, a
descoberta foi feita por acidente quando Alexander deixou uma cultura bacteriana (S. aureus) em seu
laboratório e quando retornou encontrou uma contaminação de fungos (Penicillium notatum) presente
na cultura que inibia o crescimento da bactéria, por essa descoberta ganhou o prêmio Nobel. Somente
em 1943 que seu uso se tornou uma realidade clínica. Na década de 40 foram realizados novos estu-
dos em microorganismos de solo, foram então descobertos e desenvolvidos novos antimicrobianos,
em 1943 Selman Waksman e colaboradores fizeram a descoberta da estreptomicina. O estudo de des-
coberta e desenvolvimento de antimicrobianos continua até hoje por conta da frequente resistência
que as bactérias desenvolvem.
Os antimicrobianos são substâncias que interferem no metabolismo bacteriano inibindo o fun-
cionamento adequado ou ocasionando a morte do microorganismo. Essas substâncias são classificadas
em origem (naturais, semi-sintéticas ou sintéticas), espectro de ação (amplo ou estreito), Efeito (bacte-
riostático ou bactericida) e estrutura química.
Na terapêutica existem critérios na hora da escolha de um antimicrobiano, sendo eles:
A escolha de um antimicrobiano bacteriostático (controla a infecção) ou um bactericida (mata
a bactéria). Esses dois tipos de antimicrobianos nunca podem ser usados juntos pois tem efeitos anta-
gônicos, ou seja, um não permite que o outro realize sua função e nenhum efeito é então obtido.
Toxicidade seletiva.
Custo da terapia.
Via de administração e farmacologia, muito importante estar atento a este critério, analisar por
exemplo se o proprietário do animal terá condições de dar o medicamento do tratamento.
Espectro de ação, se este é amplo (age contra bactérias gram- e gram+) ou estreito (age so-
mente contra um grupo).
Para escolher o antimicrobiano correto também é preciso que ele se encaixe em alguns crité-
rios, sendo eles:
Inibir ou destruir muitos tipos de microorganismos.
Não induzir resistência.
Não produzir efeitos colaterais desagradáveis.
Não agir sobre a microbiota.
Não ser inativado no paciente.
Solúvel nos fluídos corpóreos.

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Atingir concentrações altas nos tecidos e no sangue.
Os antimicrobianos tem ações em diferentes sítios (locais) da célula bacteriana, a partir destes
sítios de atuação existem classes de antimicrobianos que atuam especificamente em cada um deles.
Classe de antimicrobianos que atuam na síntese da parede celular: Estes atuam inibindo a
síntese da parede celular ou no caso de antimicrobianos bactericidas provocam o rompimento da pare-
de celular, lise e morte da célula. São os Beta-lactâmicos (possuem anel beta-lactâmico), família:
Penicilinas: da 1° à 4° geração, ex - penicilina G. , oxacilina meticilina, ampicilina, amoxicilina e pi-
peracilina.
Cefalosporinas: da 1° à 4° geração, ex - cefalotina, cefoxitina, cefotaxima e cefepima
Carbapenemas: ex - imipeném e meropeném.
Monobactâmicos: ex - aztreonam.
Inibidores de beta-lactamases: ex - ácido clavulânico.
Classe de antimicrobianos que atuam na síntese proteica: Aminoglicosídeos (estreptomici-
na, canamicina, gentamicina, amicacina), Tetraciclinas (atrapalha a formação de esmalte dentário),
Glicilciclinas, Macrolídeos, Lincosamidas, Streptograminas, Cloranfenicol.
Classe de antimicrobianos que atuam na síntese de ácidos nucléicos: Rifamicinas, Sulfona-
midas (sulfametoxazol, sulfadiazina), Diaminopirimidinas (trimetoprim, brodimoprim), Quinolonas e
fluoroquinolonas (ácido nalidíxico, norfloxacina, ciprofloxacina, levofloxacina, gatifloxacina).
Classe de antimicrobianos que atuam na membrana citoplasmática: Agem rompendo a
membrana plasmática, são as Polimixinas.
Apesar da grande variação de antimicrobianos, todos estes critérios e capacidades de inibição,
ainda sim se tem a resistência bacteriana, que pode ser do tipo intrínseca (característica própria da es-
pécie) ou extrínseca (adquirida por transferência gênica ou mutações nos genes).
Essa resistência bacteriana se da pelo uso indiscriminado dos antimicrobianos nas áreas da me-
dicina, medicina veterinária e agricultura. Pode ser uma resistência simples (a uma só droga), resistên-
cia múltipla (a pelo menos três classes de drogas) ou resistência cruzada (mesmo mecanismo de resis-
tência à diferentes drogas).
Quanto as capacidades de inibição dos antimicrobianos as bactérias contra atacam com seus
mecânismos de resistência, sendo eles:
Diminuição da permeabilidade ao antibiótico, por exemplo a mutação em porinas.
Inativação do antibiótico, a bactéria produz enzimas degradadoras dos antibióticos, por exem-
plo bactérias produtoras de β-lactamases (impedem a ação de antimicrobianos beta-lactâmicos).
Alteração do sítio-alvo, por exemplo uma modificação nos ribossomos alvo dos antibióticos
que inibem a síntese de proteínas.
Efluxo do antibiótico, denominada bomba de efluxo, é a ação da bactéria de jogar o antimi-
crobiano de volta para fora da célula.

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Questões - Antimicrobianos e Resistência
1- Os antimicrobianos são substâncias que interferem no metabolismo bacteriano inibindo o fun-
cionamento adequado ou ocasionando a morte do microorganismo, essas substâncias são classifi-
cadas em origem, espectro de ação, efeito e estrutura química. De acordo com essa classificação
explique de que formas podem ser as origens de um antimicrobiano.
R: Podem ser de origem natural, produzidos por microorganismos na natureza, como fungos,
os antimicrobianos de origem natural são denominados antibióticos. Podem ser de origem semi-sintéti-
ca, produzidos por microorganismos na natureza porém modificados em laboratório. E podem ser de
origem sintética, produzidas 100% em laboratório, os antimicrobianos de origem sintética são denomi-
nados quimioterápicos.

2- Mesmo com uma grande variação de antimicrobianos com diversas funções se tem resistência
bacteriana devido ao uso indiscriminado destes medicamentos, por isso até hoje se estudam no-
vos antimicrobianos para conseguir combater infecções. A resistência bacteriana pode ser de
dois tipos, Intrínseca ou extrínseca. Explique a diferença.
R: A resistência bacteriana do tipo intrínseca é aquela que ja é natural da espécie, ja a resistên-
cia extrínseca é adquirida ao longo da vida da bactéria, podem ser adquirida de 2 formas, por mutação
genética ou por transferência gênica (transformação, transdução, conjugação).

3- Além da resistência bacteriana poder ser do tipo intrínseca ou extrínseca qual outra classifi-
cação ela também recebe. Explique.
R: A resistência bacteriana também pode ser classificada em, simples, quando tem resistência
a uma só droga. Múltipla, quando se tem resistência a pelo menos três classes de drogas. E cruzada,
mesmo mecanismo de resistência à diferentes drogas.

4- Para combater as infecções bacterianas os antimicrobianos agem em diversos sítios diferentes


na bactéria, esses antimicrobianos são então divididos em classes de acordo com seu sítio de
atuação, na classe dos que atuam na síntese proteica há dois antimicrobianos que contém efeitos
indesejáveis e que exigem cuidado ao serem receitados. Quais são estes antimicrobianos e quais
seus efeitos?
R: Um dos antimicrobianos é a Tetraciclina, que tem como efeito atrapalhar a formação do es-
malte dentário em animais jovens, logo quando receitado é necessário um cuidado com a idade do ani-
mal ou em fêmeas prenhas para que os filhotes não nasçam com problemas dentários. O outro antimi-
crobiano é o Cloranfenicol, este age inibindo a síntese proteica a nível de medula óssea, o que faz seu
uso muito perigoso e por conta disso não é mais permitido seu uso em clínica, apenas em hospitais e
de forma muito cuidadosa.

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5- O pioneiro dos antimicrobianos foi descoberto em 1928 por Alexander Fleming, a descoberta
foi feita por acidente quando Alexander deixou uma cultura bacteriana em seu laboratório e
quando retornou encontrou uma contaminação de fungos presente na cultura e percebeu que
inibia o crescimento da bactéria. Marque a alternativa que indica o primeiro antimicrobiano
descoberto.
a) Estreptomicina.
b) Amoxicilina.
c) Ampicilina.
d) Penicilina. X
e) Azitromicina.

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Controle do crescimento microbiano
Descobertas iniciais importantes sobre como os microorganismos agem sob material orgânico
começaram a cerca de 100 anos quando Pasteur fez um experimento com caldo de carne percebendo
que à temperatura ambiente sofria decomposição pelos microorganismos e quando exposto ao calor
em fervura era conservado. Durante o período da guerra cívil mortes por infecções adquiridas em pro-
cedimentos cirúrgicos eram extremamente comuns por conta da total ignorância sobre os microorga-
nismos e métodos higiênicos de prevenção, há relatos por exemplo de cirurgiões que utilizavam os
mesmos instrumentos em vários pacientes diferentes e limpavam o bisturi na sola da bota entre uma
incisão e outra. No século XIX começaram as primeiras práticas em procedimentos médicos com certo
controle microbiano introduzido pelo médico Húngaro Ignatz e o médico Inglês Lister, medidas como,
lavagem das mãos em cloreto de cal e técnicas cirúrgicas assépticas.
Com o passar dos anos e com novas descobertas muitos métodos para prevenir a ação dos mi-
croorganismos foram desenvolvidas em muitos âmbitos, cirúrgicos, industriais e caseiros também,
sendo estes métodos:
Esterilização: O processo de esterilização tem função de destruir ou remover todas as for-
mas de vida de um objeto, sendo microorganismos patogênicos ou não e até as formas mais resistentes
como os endósporos. Pode ser executado a partir de formas físicas ou químicas, o aquecimento é o
mais utilizado, é um processo absoluto, ou seja, não existe meio termo, ou está esterilizado ou não es-
tá. É um procedimento muito utilizado em instrumentos cirúrgicos.
Esterilização comercial: Procedimento igualmente potente e capaz de uma esterilização co-
mum, porém feito em grande escala, em indústrias, principalmente alimentícia, destrói a maioria dos
microorganismos e endósporos do Clostridium botulinum que é o maior medo da indústria por ser o
mais potente do mundo.
Desinfecção: É um procedimento químico ou físico com intuito de destruir ou inibir microor-
ganismos patogênicos em objetos inanimados, como superfícies ou um ambiente, por exemplo, banca-
das de um laboratório, baias e salas cirúrgicas.
Antissepsia: Método de desinfecção química (antisséptico) da pele, mucosas e tecidos vivos
de animais e humanos. Tem objetivo de destruir ou inativar microorganismos, utilizado por exemplo
na antissepsia das mãos de cirurgiões para realizar uma operação com segurança.
Assepsia: É um conjunto de medidas utilizadas para impedir a entrada de microorganismos
em um determinado ambiente já livre deles (ambiente asséptico), como por exemplo uma sala cirúrgi-
ca onde os que entrarão nela adquirem medidas de assepsia, como, luvas, toucas, máscaras.
Degermação: A ação de retirada de microorganismos da pele por métodos mecânicos ou por
uso de antissépticos.
Sanitização: Procedimento com objetivo de reduzir a quantidade de microorganismos em
utensílios e ambientes industriais até que se atinja um padrão seguro para a saúde pública, exemplos

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de procedimentos como este são as lavagens em altas temperaturas e imersão em desinfetantes quími-
cos.
Para que ocorra a realização destes procedimentos são necessários os agentes capazes de exer-
cer a tarefa de exterminar os microorganismos, por exemplo, agentes bactericidas (matam bactérias),
virucidas (matam vírus), fungicidas (matam fungos), e esporocidas (matam esporos). Classificados en-
tão em agentes químicos e agentes físicos.
Métodos físicos de controle microbiano:
Temperatura: O calor dentre todos é um dos mais utilizados e mais importantes no controle
do crescimento e eliminação de microorganismos, é um método relativamente seguro e de baixo custo
por não gerar produtos tóxicos, age desnaturando as proteínas do microorganismo causando sua mor-
te. A esterilização por calor se divide em calor seco e calor úmido, que utiliza água ou vapor de água e
por isso tem maior capacidade de penetração comparada ao calor seco que precisará de um tempo mai-
or de exposição para atingir o mesmo resultado. Exemplos de métodos de calor úmido são, a fervura,
autoclavação e pasteurização. Exemplos de métodos de calor seco são, a flambagem, incineração e es-
tufas/fornos.
Da mesma forma que altas temperaturas tem boa ação as baixas temperaturas também, é segu-
ro e não gera produtos nocivos, atuam principalmente na redução da atividade enzimática microbiana,
diminuindo sua taxa metabólica e velocidade de crescimento. Em geral é um método utilizado somen-
te na preservação de microorganismos, porém dependendo da intensidade pode causar a morte de al-
guns destes. Um exemplo muito conhecido e utilizado de método de baixa temperatura é a refrigera-
ção, usada principalmente nas residências e em estabelecimentos que comercializam alimentos, a refri-
geração tem efeito bacteriostático e fungistático, porém pode ser um problema em casos de microorga-
nismos psicrófilos e psicrotróficos que são capazes de se multiplicar bem em ambientes refrigerados.
Outro exemplo é o congelamento, podendo ser um congelamento rápido que inibe as bactérias sem
matá-las (ex: nitrogênio líquido), ou um congelamento lento, neste caso os cristais de gelo rompem as
estruturas celulares de bactérias e fungos, é um método muito eficiente na conservação de alimentos
por um longo período.
Radiações: O método da radiação é capaz de matar e inativar microorganismos de forma efi-
caz, para realizar sua função depende do comprimento da onda, da intensidade, duração e distância da
fonte. Existem dois tipos de radiação com efeito de esterilização, a radiação ionizante e a radiação não
ionizante.
Microondas: Este método não tem efeito direto sob os microorganismos e bactérias, estas po-
dem facilmente ficar isoladas no interior de fornos microondas recém usados.
Filtração: É o processo de passagem de um líquido ou gás através de um material como uma
tela com poros pequenos o suficiente para reter microorganismos, um exemplo de filtro é o HEPA (fil-
tro de partículas de ar de alta eficiência) capaz de reter microorganismo maiores de 0,3μ. É um proce-

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dimento utilizado em materiais sensíveis ao calor, como, vacinas, meio de cultura, enzima, solução an-
timicrobiana.
Alta pressão: Processo que provoca a inativação de células bacterianas vegetativas, os espo-
ros tem resistência porém se a pressão for aplicada com auxílio da temperatura é possível se eliminar
também os esporos.
Dessecação: Método utilizado para conservar microorganismos, deixa estes na ausência de
água o que pode impedir seu crescimento e reprodução porém podem também permanecer viáveis por
anos.
Pressão osmótica: Este método usa grandes quantidades de açúcar ou sal para realizar a con-
servação de alimentos.
Métodos químicos de controle microbiano:
Fenóis: Apesar de não ser esporocida tem um efeito antimicrobiano significativo, atua preci-
pitando, desnaturando as proteínas e enzimas microbianas e causam ruptura da membrana plasmática,
porém tem efeito irritativo na pele e odor desagradável.
Biguanidas (clorexidina): É um composto bactericida e atóxico para a pele, é utilizado para
realizar assepsia da pele em cirurgias, age causando a ruptura da membrana plasmática e tem melhor
efeito em bactérias gram+.
Halogênio: É amplamente utilizado para água, equipamentos, utensílios, vidraria e itens do-
mésticos, age inibindo a função das proteínas e altera os componentes celulares.
Álcoois: Geralmente são utilizados o etanol e o isopropanol, são bactericidas e fungicidas po-
rém não são eficientes contra endósporos e vírus não envelopados, utilizados em termômetros e instru-
mentos, agem desnaturando as proteínas e causando dissolução de lipídeos.
Metais pesados e compostos: Agem desnaturando as enzimas e proteínas essenciais, exem-
plos são o nitrato de prata, sulfato de cobre e mercúrio, porém este foi proibido.
Agentes de superfície: São os sabões e detergentes (usados na desgerminação da pele), deter-
gentes ácidos (usados na sanitização em indústrias de laticínios e alimentos) é atóxico e não corrosivo
e detergentes catiônicos (usado na pele, instrumentos, utensílios e objetos de borracha).
Ácidos orgânicos: São muito utilizados em alimentos e cosméticos com intuito de controlar
bolores e bactérias, agem realizando inibição metabólica, exemplos são o ácido sórbico e ácido benz-
óico.
Aldeídos: São antimicrobianos muito eficientes, agem desnaturando proteínas e também con-
tra esporos, exemplos são o glutaraldeído (menos irritante) e formaldeído (mais irritante) utilizado em
equipamentos médicos.
Esterilizantes gasosos: Muito eficazes para objetos que não poderiam ser esterilizados por
calor pois derreteriam, agem desnaturando proteínas, um exemplo é o óxido de etileno.
Cloro e derivados clorados: É corrosivo, tóxico para qualquer tipo de matéria viva, ou seja,

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não deve ser utilizado como um antisséptico, e é o mais potente germicida, é usado em utensílios e
instrumentos.
Derivados furânicos: Tem ampla ação, não afeta a cicatrização, logo é um bom método para
uso em feridas, age atrapalhando o metabolismo dos microorganismos, um exemplo é a nitrofurazona.
Desinfetantes oxidantes: Tem ação germicida, se decompõe quando em contato com sangue
por conta da catalase presente nele e na maioria dos tecidos liberando O2 dando a impressão de “fer-
ver”, é de bom uso em feridas porém não pode ser um uso contínuo, exemplos são a água oxigenada e
o permanganato de potássio.
Apesar de todas estes métodos e recursos para o controle de microorganismos, estes ainda po-
dem variar em sua eficiência de acordo com alguns fatores, sendo eles:
Número de microorganismos: Tem influência pois quanto maior for o número de microorga-
nismos presentes, maior será o tempo necessário para realizar a eliminação destes.
Influências ambientais: Fatores como a presença de microorganismos que produzem biofil-
mes, meios com gordura e proteínas e material orgânico, como, sangue, vômito e fezes.
Tempo de exposição: Se refere ao tempo que o fator químico ou físico precisa para realizar
sua ação com eficiência, geralmente o calor requer menos tempo de exposição em relação a agentes
químicos que requerem uma exposição prolongada.
Características dos microorganismos: Influência das características individuais de cada tipo
de microorganismo em relação a sua resistência.

Questões - Controle do crescimento microbiano


1- Marque V para verdadeiro e F para falso:
(F) No século XIX se iniciaram as primeiras práticas em procedimentos médicos com cer-
to controle microbiano introduzido por Pasteur, medidas como, lavagem das mãos em cloreto de
cal e técnicas cirúrgicas assépticas.
(V) A cerca de 100 anos Pasteur fez um experimento com caldo de carne percebendo que
à temperatura ambiente sofria decomposição pelos microorganismos e quando exposto ao calor
em fervura era conservado.
(V) A esterilização comercial é o procedimento feito em grande escala, em indústrias,
principalmente alimentícia, destrói a maioria dos microorganismos e endósporos do Clostridium
botulinum que é o maior medo da indústria por ser o mais potente do mundo.
(F) Os métodos físicos de controle microbiano são: temperatura, radiação, filtração, fen-
óis e halogênio.
(F) Dessecação é o método que usa grandes quantidades de açúcar ou sal para realizar a
conservação de alimentos.
(V) Agentes bactericidas são responsáveis por matar bactérias, agentes virucidas por ma-

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tar vírus, agentes fungicidas por matar fungos e agentes esporocidas por matar esporos.

2- O método de esterilização por calor é um dos mais importantes e utilizados para controlar e
eliminar microorganismos, este método se divide em calor seco e calor úmido, o calor úmido tem
métodos como a autoclavação e a pasteurização, explique-os:
R: A autoclavação é um processo que requer o equipamento autoclave, este alcança a esterili-
zação após 45 minutos à temperatura de 115°C ou 15 minutos à 121°C. A pasteurização é um método
utilizado principalmente na indústria alimentícia, é um processo de choque térmico onde o alimento é
submetido ao calor e em seguida à um brusco resfriamento, pode ser de dois tipos, a alta temperatura
por curto tempo (72° por 15 segundos) e a baixa temperatura por longo tempo (63° por 30 minutos).

3- O processo de congelamento é um método muito eficiente de conservação de alimentos por


um período longo de tempo, é capaz de inibir a ação e matar bactérias e fungos, pode ser dividi-
do em congelamento lento e congelamento rápido, explique os dois tipos:
R: O método de congelamento rápido utiliza temperaturas abaixo de 0°C, este tem poder de
inibir as bactérias sem matá-las, por exemplo o nitrogênio líquido (-179°C). Já no congelamento lento
os cristais de gelo que se formam rompem as estruturas das bactérias e fungos causando a morte, o
congelamento ocorre em torno de -16°C a -20°C.

4- A radiação é um processo de esterilização capaz de agir inativando e matando microorganis-


mos de forma eficaz. Existem dois métodos de radiação utilizados que podem ser citados, a radi-
ação ionizante e a radiação não-ionizante, explique a diferença entre estes dois tipos:
R: A radiação ionizante possui um comprimento de onda mais curto e carrega mais energia
que a radiação não-ionizante, seu principal efeito é a inativação ou morte do microorganismo por meio
da destruição do DNA celular, é um método utilizado em produtos hospitalares descartáveis, como lu-
vas e seringas, em alguns países a radiação ionizante também é utilizada pelos correios para estereli-
zar correspondências com intuito de evitar ataques por terrorismo biológico. A radiação não-íonizante
tem comprimento de onda mais longo, como a luz violeta (UV) que provoca pouca alteração no DNA,
tem função de controle dos microorganismos presentes no ar, usado por exemplo em centros cirúrgi-
cos, enfermarias e berçários.

5- Sabe-se que não se pode garantir a eficiência dos métodos por conta dos diversos fatores que
podem influenciar na capacidade dos agentes físicos ou químicos, quais seriam estes fatores?
R: Os fatores que influenciam na capacidade de eficiência dos agentes químicos ou físicos são:
o número de microorganismos, influências ambientais, tempo de exposição e características dos mi-
croorganismos.

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Aula Prática
 Preparação do meio de cultura para realização de semeadura de bactérias:
Nesta aula ministrou-se o procedimento de preparação de um meio de cultura para uma semea-
dura realizando-o e ditando-se os passos à serem seguidos. É possível comprar os meios de cultura já
prontos, porém por conta de alto custo é preferível que o preparo seja feito no laboratório, estes meios
de cultura são feitos com produtos nobres, o que justifica seu alto preço, por exemplo um recipiente
com 500 g de pó para meio de cultura pode custar em média de 500 à 2000 reais, exemplos são o Cal-
do EC (específico para o crescimento de Escherichia coli), Ágar manitol salgado (específico para o
crescimento de estafilococos) e Ágar Sabouraud.
O procedimento se inicia com a conferência do rótulo do produto para que se possa calcular
por regra de três a quantidade exata de produto e de água para a diluição, essa quantidade varia de
acordo com cada produto. Após o cálculo ja feito se realiza a pesagem do produto utilizando um bé-
quer tarado na balança de precisão. Com o produto já pesado se mede a quantidade correta de água
destilada necessária em uma proveta e adiciona-se esta ao béquer com o pó de meio de cultura, utili-
zando um bastão de vidro mistura-se a solução para se fazer a homogeneização, este líquido inicia-
lmente diluído é transferido para um erlenmeyer e levado até o microondas para que a diluição do ágar
seja completa, utilizando luvas para proteção do calor que será gerado se coloca o erlenmeyer no mi-
croondas por 30 segundos, o retira e segurando firme em cima se faz movimentos circulares na base
do recipiente para auxiliar na homogeneização, este processo é repetido mais duas vezes ou até que se
observe que o líquido antes turvo agora já é transparente demonstrando completa diluição do ágar.
O próximo passo é levar este recipiente ao autoclave para esterilização, para isso é necessário
que o erlenmeyer seja lacrado com uma rolha e por cima um papel selado com fita adesiva, é colado
por cima uma fita de autoclave que mudará de cor indicando que a esterilização está completa e tam-
bém uma identificação do material. O autoclave trabalha esterilizando a partir de pressão, temperatura
e umidade, o nível de água do autoclave precisa ser checado antes que se inicie o procedimento asse-
gurando que esteja no nível da cruz de apoio do cesto, dentro deste cesto é colocado então o erlen-
meyer, o autoclave precisa ser fechado de forma paralela para evitar o desnível da tampa. O autoclave
é controlado pelo manômetro, no início é ligado em sua potência máxima até que se atinja a tempera-
tura de 120°C e 1 atm de pressão, quando este valor é atingido se reduz sua potência para média e se
inicia a cronometragem de 15 minutos para o fim da esterilização. Espera-se então que o autoclave es-
frie para ser aberto também de forma paralela utilizando o pedal, usando luvas térmicas retira-se o er-
lenmeyer. Para que não ocorra contaminação do material, o erlenmeyer só deve ser aberto na capela
de fluxo laminar ou utilizando o bico de bunsen.
No bico de bunsen utilizando uma placa de petri também esterilizada abre-se o material o de-
positando na placa, esta então é fechada com um plástico filme e levada à geladeira, quando fria se
torna gelatinosa e já estará pronta para a semeadura, na geladeira este material dura até uma semana.

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Para realizar a semeadura também se utiliza o bico de bunsen, com uma alça de platina (esteri-
lizada por flambagem no fogo até atingir cor rubra) coleta-se o material desejado e este é transferido
para a placa de petri com meio de cultura, fecha-se a placa que é levada para a estufa bacteriológica
onde deve repousar por 24 horas à 36°C para que haja o crescimento bacteriano, este tempo de repou-
so muda de acordo com qual bactéria irá crescer, podendo variar para 48 horas ou até uma semana.

 Preparo do teste de sensibilidade aos antimicrobianos:


O primeiro passo é a preparação do inóculo (solução salina estéril), com uma alça de platina
(esterilizada por flambagem) se faz a coleta das bactérias no meio de cultura e estas são depositadas
na solução (inóculo), o inóculo deve se aproximar à escala de McFarland número 5 (1500 x 106).
No bico de bunsen utilizando um swab mergulha-se este no inóculo e transfere-se o material
para uma placa de petri, a aplicação é feita 3 vezes com movimentos em zig zag e rotação da placa, ao
fim da terceira aplicação se faz mais uma ao redor de toda a placa. Após a aplicação deposita-se na
placa os discos de antibióticos, nesta aula prática aplicou-se discos de penicilina, cefalexina e clotri-
mazol, os discos são colocados se utilizando também a área estéril do bico de bunsen, são inseridos
por meio de uma pinça (levemente flambada) com uma certa distância entre eles, após aplicados a pla-
ca é fechada e levada para a estufa por 24 horas.
 Procedimento de coloração de Gram:
Neste procedimento é realizado o preparo de uma lâmina, inicialmente na área estéril do bico
de bunsen é depositada em uma lâmina uma gota de solução salina estéril, utilizando uma alça de pla-
tina (esterilizada por flambagem) coleta-se o material de uma placa com semeadura já passado as 24
horas, este material é depositado na lâmina. A lâmina é passada sob o fogo do bico de bunsen com
movimentos contínuos de um lado para o outro até que esta esteja seca e com o material fixado. Após
seca a lâmina já pode sair da área estéril e é encaminhada para o processo de coloração de gram, são
utilizados quatro corantes diferentes, o primeiro é o Cristal violeta, a lâmina é mergulhada neste por
um minuto e em seguida o excesso é retirado em água corrente e um papel, o segundo corante é o Lu-
gol, responsável por fixar o Cristal violeta na parede das bactérias gram+, a lâmina é mergulhada nes-
te também por um minuto e em seguida o excesso é retirado em água corrente e um papel, o terceiro
corante é o descorante, responsável por retirar o Cristal violeta da parede das bactérias gram-, a lâmi-
na é mergulhada por um minuto e em seguida o excesso é retirado da mesma forma, o quarto e último
corante é a Fucsina, nesta a lâmina é mergulhada por trinta segundos e o processo de retirada de ex-
cesso é repetido. Após passar por todos os corantes a lâmina é deixada em repouso para secar, será en-
tão observada em microscópio, onde quando corada de roxo se identificam bactérias gram+ (coradas
pelo Cristal violeta) e quando corada em vermelho se identificam bactérias gram- (coradas pela Fucsi-
na).

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Questões - Aula Prática
1- Meios de cultura são insumos que fornecem os nutrientes para o crescimento e desenvolvi-
mento de microorganismos, como bactérias e fungos. Podem ser encontrados já prontos para
aquisição ou também podem ser preparados em laboratórios com os devidos materiais, como,
água destilada, vidrarias corretas e máquinas corretas e principalmente os elementos (em pó)
que diluídos darão origem aos meios de cultura, diga os exemplos desses “pó’s” que foram cita-
dos na aula.
R: Exemplos citados na aula foram, Caldo EC (específico para o crescimento de Escherichia
coli), Ágar manitol salgado (específico para o crescimento de estafilococos) e Ágar Sabouraud.

2- No processo de diluição para o preparo de um meio de cultura é utilizada uma determinada


quantidade de água destilada como solvente, porque é feito o uso de água destilada e não apenas
água comum de torneira?
R: Usa-se água destilada pois é pura, já a água comum contém nutrientes, minerais e substân-
cias extras que não se tem conhecimento e principalmente pode conter outros microorganismos que al-
terariam o resultado final do meio de cultura podendo apresentar microorganismos que ao invés de es-
tar no material alvo estavam apenas na água.

3- Ao fim do processo de preparação do meio de cultura ele apresenta um aspecto físico gelatino-
so, existe alguma substância na composição que causa esta característica? se sim, qual ?
R: Sim, a substância responsável por acarretar este aspecto ao resultado final de um meio de
cultura é o ágar.

4- Marque V para verdadeiro e F para falso:


(F) Ao se adicionar água destilada e se iniciar a dissolução manual do meio de cultura
através de um bastão de vidro se observa que o líquido é turvo, este é então levado ao microon-
das para ser aquecido e agitado com intuito de se obter uma homogeneização completa do ágar
com um líquido final translúcido, o processo de aquecimento dura 5 minutos e sem repetições.
(F) Em uma das fases do processo de preparo de um meio de cultura utiliza-se o autocla-
ve, este é controlado pelo manômetro, no início é ligado em sua potência mínima até que se atin-
ja a temperatura de 400°C e 1 atm de pressão, quando este valor é atingido aumenta-se sua po-
tência para média e se inicia a cronometragem de 5 minutos para o fim da esterilização.
(V) Após a esterilização completa para que não ocorra contaminação do material, o er-
lenmeyer só deve ser aberto na capela de fluxo laminar ou utilizando o bico de bunsen.
(V) Com a semeadura ja realizada fecha-se a placa que é levada para a estufa bacterioló-
gica onde deve repousar por 24 horas à 36°C para que haja o crescimento bacteriano, este tem-

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po de repouso muda de acordo com qual bactéria irá crescer, podendo variar para 48 horas ou
até uma semana.
(F) No procedimento de preparo de um teste de sensibilidade a antimicrobianos, com
uma alça de platina (que pode ou não ser esterilizada) se faz a coleta das bactérias no meio de
cultura e estas são depositadas na solução (inóculo).
(V) Na produção de um teste de sensibilidade a antimicrobianos, após a inserção dos dis-
cos de antibióticos em área estéril do bico de bunsen, a placa é fechada e levada para a estufa
por 24 horas.
(V) No processo de coloração de gram, a ordem dos corantes é: Cristal violeta, Lugol,
Descorantes e Fucsina.

5- No processo de coloração de gram, a ordem dos corantes que a lâmina passará é: Cristal vio-
leta, Lugol (responsável por fixar o Cristal violeta na parede das bactérias gram+), Descorante
(responsável por retirar o Cristal violeta da parede das bactérias gram-) e Fucsina. Existe um
tempo específico que a lâmina precise ficar nestes devidos corantes ? se sim, qual é este tempo ?
R: Sim, há um tempo específico, no Cristal violeta, Lugol e Descorante a lâmina deve ser mer-
gulhada por 1 minuto em cada, já na Fucsina a lâmina deve ser mergulhada por 30 segundos.

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Introdução a Micologia
A micologia é o estudo dos fungos, que inicialmente eram incluídos no reino vegetal. Com a
descoberta de características que divergiam do reino vegetal, como, ausência de clorofila e celulose e
parede rica em quitina, passou em 1969 a pertencer a um novo reino, o reino fungi.
Os grupo dos fungos tem como características gerais, células eucariotas (um núcleo para leve-
duras e multinucleadas para filamentosos), parede glicoproteica, presença de cápsula, presença de mi-
tocôndrias e RER e são heterotróficos. Fungos são agentes de decomposição que fazem função de re-
ciclagem de matéria orgânica, como, troncos, folhas, corpo de plantas e animais mortos. São resisten-
tes à drogas antimicrobianas e alguns podem causar infecções oportunistas e também serem dermatófi-
tos (que causam infecção cutânea em homens e animais).
Fungos tem grande resistência quanto à pressão osmótica alta e à pH baixo, entre 5 a 7 onde as
filamentosas resistem de até 1,5 a 11, já as leveduras não toleram meios alcalinos. Crescem aerobica-
mente (maioria) à 25°C, alguns bolores são aeróbios estritos (obrigatoriamente necessitam de oxigê-
nio) e também podem ser anaeróbicos (leveduras fermentadoras).
Estruturalmente os fungos são divididos em 4 classes:
Zigomicetos: São fungos mais simples, contém hifas com septações. Exemplos são o bolor de
pão e alguns fungos parasitas de animais.
Ascomicetos: Estes são fungos que produzem esporos em esporângios e contém hifas que
apresentam septos perfurados, sendo o zigoto substituído por um pequeno saco denominado asco.
Exemplos são os dermatófitos, morquelas e trufas.
Basidiomicetos: Contém quitina em sua parede, apresentam hifas septadas e produzem um ti-
po específico de esporo, o basidiósporo, que é sustentado por um esporângio também específico com
formato de dedos denominado basídio. Exemplos são os cogumelos.
Deutomicetos: Conhecidos como fungos imperfeitos, suas estruturas sexuadas não estão bem
identificadas e fazem reprodução por mitose. Exemplos são o Aspergillus e o Penicillium.
Os fungos também podem ser divididos estruturalmente quanto ao seu interesse veterinário,
sendo esta divisão em filamentosas, unicelulares e basídios.
Filamentosas: São formadas por elementos multicelulares em forma de tubo, as hifas que tem
função de conferir rigidez e estabilidade osmótica, são compostas de 80% à 90% de polissacarídeos
(macromoléculas de quitina com ligações cruzadas). Realizam reprodução assexuada e tem origem a
partir de conídio. As hifas tem estrutura ramificada medindo de 2 a 10 μ, podem ser contínuas/cenocí-
ticas ou septadas/tabicadas, também pode ser uma hifa demácia/hialina que se caracteriza por ter as-
pecto transparente. Os fungos filamentosos são compostos pelo micélio (conjunto de hifas) que se di-
vide em micélio vegetativo (função de sustentação e nutrição) e micélio aéreo (da o aspecto da colônia
e tem função reprodutiva). Exemplos de colônias filamentosas são os bolores e mofos, as colônias po-
dem ter aspectos diferentes, como, algodonosas, aveludadas e pulverulentas.

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Unicelulares: São as leveduras, com formato oval ou esférico medindo de 3 a 4 μ, contêm co-
lônias cremosas/pastosas e tem função vegetativa e reprodutiva. Fazem reprodução assexuada (por
brotamento), onde a levedura mãe da origem a uma nova que pode se soltar ou ficar presa a mãe sendo
então chamada de pseudohifa.
Basídios: São os cogumelos, estes podem ser comestíveis ou tóxicos.
O vento é um excelente veículo de dispersão para fungos, que contém dimorfismo à depender
do local que se encontram, quando localizados no ambiente tem forma filamentosa e quando localiza-
dos no hospedeiro tem forma leveduriforme (parede celular composta por proteínas e polissacarídeos
e algumas espécies contém lipídeos). Logo também podem ser classificados de acordo com seu local
de permanência e sobrevivência, sendo 3 tipos:
Saprófilas: Se encontram em matéria orgânica morta.
Parasitas: Se encontram em matéria orgânica viva e tem grande importância na Veterinária.
Ubíquos: São encontrados em diversos tipos de locais, como em solo, água, vegetais, ani-
mais, ser humano e detritos em geral.
Os fungos podem realizar tanto o processo de reprodução sexuada quanto assexuada com a for-
mação de esporos, alguns fungos realizam ambas as formas. A reprodução assexuada pode ser de qua-
tro formas. A fissão, que ocorre nas leveduras. A fragmentação é a maneira mais simples de um fungo
filamentoso se reproduzir, neste processo um micélio se fragmenta dando origem a novos micélios. O
brotamento ocorre nas leveduras, neste tipo de reprodução os brotos que surgem em geral se soltam
mas também podem permanecer grudados formando cadeias de células. A esporulação ocorre nos fun-
gos terrestres, a reprodução ocorre por mitose, as novas células são espalhadas pelo meio, cada célula
dessa é um esporo conhecido como conidiósporo.
A reprodução sexuada ocorre por meio de um ciclo no qual há produção de esporos por meio
de meiose, estes ao se desenvolverem geram hifas haploides que iram de fundir gerando novas hifas
diplóides que irão realizar novas meioses.
Os fungos exigem fonte orgânica de carbono, realizam digestão externa e obtém produção de
energia por vias como, ciclo de krebs, via glicolítica e fermentação alcoolica. O crescimento fúngico
também pode ser induzido por meios de cultura, exemplos são o Ágar Sabouraud Dextrose e o Ágar
Mycosel. Diferente das bactérias que em meios de cultura tem crescimento em 24 horas o fungos ne-
cessitam de um período bem mais prolongado que pode variar, os dermatófitos levam de 2 a 4 sema-
nas, os zigomicetos, aspergillus e leveduras patogênicas levam de 1 a 4 dias, e os fungos dimórficos
levam de 1 a 4 semanas.
Atualmente além de suas funções na vida livre os fungos também são utilizados para realizar
processos alimentícios e produção de medicamentos, por exemplo os fungos Saccharomyces cerevi-
siae (produção de cerveja e pão), Penicillium roqueforti (produção de queijo), Penicillium camember-
tii (produção de queijo), cogumelos e trufas (servem como alimento), Penicillium nonatum (penicili-

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na) e Cephalosporium sp. (cefalosporina).
Apesar de suas funções positivas, os fungos também podem acarretar danos e doenças, como,
micoses podendo ser superficiais, subcutâneas ou sistêmicas e micotoxicoses.
Os fungos podem quando associados simbióticamente à algas formar os líquens. Os fungos que
dão origem aos líquens são em sua maioria ascomicetos (98%), sendo o restante basidiomicetos e nes-
ta associação são denominados de micobionte. As algas envolvidas são as clorofíceas e cianobactérias
e nesta associação são denominadas fotobionte (organismo fotossintetizante). Na associação de um lí-
quen os fungos tomam formas diferentes daquelas que tinham quando isolados e grande parte do cor-
po do líquen é formado pelo fungo. Os líquens não apresentam estrutura de reprodução sexuada e seu
habitat é amplo podendo estar presente em diferentes regiões, como, superfícies de rochas, folhas, no
solo, em troncos de árvores e picos alpinos. Esta grande capacidade dos líquens de sobreviver em lo-
cais de alto estresse ecológico se deve a sua alta capacidade de dessecação, quando dessecado a foto-
ssíntese é interrompida e ele então não sofre pela ação de alta iluminação, escassez de água ou altas
temperaturas. Os líquens tem também grande importância econômica, eles produzem ácidos que de-
gradam rochas ajudando na formação do solo, estes ácidos tem ação citotóxica e antibiótica, também
são extremamente sensíveis a poluição podendo agir como um indicador da qualidade do ar a até da
quantidade de metais pesados em áreas industriais. Algumas espécies são comestíveis servindo como
alimento direto para muitos animais.

Questões - Introdução a Micologia


1- O estudo dos fungos é realizado através da Micologia, inicialmente os fungos eram classifica-
dos dentro do Reino Vegetal, porém com a descoberta de características destes que divergiam
das características do reino em que se encontravam os fungos passaram a ter seu próprio reino
em 1969, o Reino Fungi. Quais são estas características que representam o novo reino?
R: Estas características que diferem os fungos e deram origem a um novo reino são, a ausência
de clorofila e celulose e parede rica em quitina.

2- Os fungos podem ser classificados por sua estrutura, por sua estrutura quanto ao interesse ve-
terinário e também quando ao seu local de permanência e sobrevivência. De acordo com as dife-
rentes classificações quanto a estrutura cite quais são estas classes:
R: Para a estrutura as classes são: os zigomicetos, ascomicetos, deutomicetos e basidiomicetos.
Já quanto a estrutura de interesse veterinários as classes são: Filamentosas, unicelulares e basídios.

3- Os fungos podem realizar tanto reprodução sexuada quanto assexuada, e alguns tem a capaci-
dade de realizar ambas. A reprodução sexuada ocorre pela formação de gametas através da mei-
ose, ou seja, células haplóides que irão se fundir dando origem a novas células diplóides. Já a re-

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produção assexuada ocorre por mitose e sem a formação de células haplóides, o processo de re-
produção assexuada pode ocorrer de quatro diferentes formas, quais são estas formas e como
funcionam ?
R: Os quatro meios são, a fissão, fragmentação, brotamento e esporulação. A fissão ocorre nas
leveduras. A fragmentação é a maneira de reprodução mais simples onde o micélio se fragmenta e dá
origem a novos micélios. O brotamento ocorre nas leveduras onde são formados brotos que geralmen-
te se soltam porém também podem permanecer aderidos formando cadeias de células. A esporulação
ocorre nos fungos terrestres, por mitose novas células são geradas e espalhadas pelo meio, cada célula
dessa é um esporo conhecido como conidiósporo.

4- O crescimento fúngico também pode ser induzido por meios de cultura, como por exemplo o
Ágar Sabouraud e o Ágar Mycosel, porém diferente das bactérias que em meios de cultura tem
crescimento rápido (cerca de 24 horas) os fungos necessitam de um tempo maior que pode vari-
ar. Quais são os diferentes tempos citados na aula ?
R: Quanto ao tempo de crescimento dos fungos em meios de cultura, os dermatófitos levam de
2 a 4 semanas, os zigomicetos, aspergillus e leveduras patogênicas levam de 1 a 4 dias, e os fungos
dimórficos levam de 1 a 4 semanas.

5- Os fungos podem quando associados simbióticamente à algas formar os líquens, nesta associa-
ção os fungos tomam formas diferentes daquelas que tinham quando isolados e grande parte do
corpo do líquen é formado pelo fungo. Os líquens não apresentam estrutura de reprodução sexu-
ada e seu habitat é amplo podendo estar presente em diferentes regiões, como, superfícies de ro-
chas, folhas, no solo, em troncos de árvores e picos alpinos. Esta grande capacidade dos líquens
de sobreviver em locais de alto estresse ecológico se dá por qual motivo ?
R: Esta habilidade é devida a alta capacidade de dessecação dos líquens, quando dessecados a
fotossíntese é interrompida e estes passam então a não sofrer pela ação de alta iluminação, escassez de
água ou altas temperaturas.

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Diagnóstico das doenças fúngicas
Durante o processo para realizar diagnóstico de alguma doença fúngica se realizam procedi-
mentos culturais micológicos, estes precisam ser realizados em cabines de biossegurança para preve-
nir os riscos de infecção por esporos em aerossóis que podem ser altamente infectantes. Para realizar
este diagnóstico os sinais clínicos e histórico nos dão um resultado presuntivo, além desta maneira os
materiais de uso para diagnóstico são pêlos e raspados cutâneos (para micoses superficiais) e biópsias
(para micoses subcutâneas ou sistêmicas), a partir deste material coletado o exame microscópico de
preparações úmidas será confirmativo.
Alguns exemplos de fungos que podem ser vistos são os artrósporos que podem ser demonstra-
dos após clarificação com KOH a 10%, os esporos que podem ser examinados após montagem em
uma gota de lactofenol-azul de algodão e as leveduras que podem ser observadas após coloração por
azul de metileno ou coloração de Gram. Para melhor análise pode se realizar também o isolamento
dos fungos utilizando por exemplo o ágar dextrose Sabouraud (pH 5,5) que inibe o crescimento da
maioria das bactérias, com a adição de cloranfenicol e cicloheximida se aumenta a seletividade pela
inibição de alguns fungos contaminados de crescimento rápido, como os zigomicetos.
Para o diagnóstico dos principais fungos causadores de doenças (Ascomycota, Basidiomycota,
Zygomycota e Fungos imperfeitos) se analisam suas diferenças morfológicas, as principais caracterís-
ticas analisadas são:
Ascomycota: Possuem esporos sexuados (ascósporos), possuem esporos assexuados (coní-
dios) e também possuem hifas septadas.
Basidiomycota: Possuem esporos sexuados (basidiósporos), possuem esporos assexuados
(conídios) e possuem hifas septadas.
Zygomycota: Possuem esporos sexuados (zigósporos), possuem esporos assexuados (espo-
rangiósporos) e não possuem hifas septadas.
Fungos imperfeitos: Não possuem esporos sexuais, possuem esporos assexuais (conídios) e
possuem hifas septadas.
As características morfológicas das hifas podem ser também utilizadas como referência na di-
ferenciação, por meio da presença ou ausência de septo, se são hialinas (incolores) ou dematiácias
(pigmentadas), e se são hifas espirais ou em forma de raquete.
Características das colônias de cada tipo de fungo também podem ser fatores utilizados para
um diagnóstico, como por exemplo, o tamanho e aparência após o período de incubação específico,
cor do anverso e reverso e superfície com elevação ou depressão. As leveduras podem ser diferencia-
das por seu tamanho e forma das células individuais, por sua aparência colonial e por suas reações bio-
químicas. Outras maneiras de diagnóstico são os antígenos solúveis produzidos por fungos dimórficos
que podem ser usados para identificação em testes imunológicos e também sondas específicas de áci-
dos nucleicos que obtém uma identificação confiável.

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A quimioterapia antifúngica utilizada para combater estas doenças tem como exemplo:
Drogas antifúngicas, como a nistatina e a anfotericina B que se ligam ao ergosterol.
Azoles, como o cetoconazol que inibe a biossíntese do ergosterol.
Griseofulvina que se acumula nos tecidos queratinizados, é então absorvida pelo fungo cau-
sando a ruptura dos fusos mitóticos que por consequência impede o crescimento fúngico.

Questões - Diagnóstico das doenças fúngicas


1- Para se realizar o diagnóstico de uma doença fúngica pode se ter uma idéia como um resulta-
do presuntivo por meio do histórico do paciente e sinais clínicos, porém para um resultado mais
efetivo podem ser coletados materiais que serão analisados por um exame microscópico de pre-
parações úmidas que será confirmativo. Para realizar este exame mais eficaz, quais são os mate-
riais que precisam ser coletados ?
R: Os materiais são coletados do paciente de acordo com qual tipo de micose, se for uma mi-
cose superficial coleta-se pêlos e raspados cutâneos e se for uma micose subcutânea ou sistêmica se
realiza uma biópsia.

2- No processo de preparo dos fungos para a observação destes se faz a coloração, como por
exemplo os artrósporos que podem ser demonstrados após clarificação com KOH a 10%, os es-
poros que podem ser examinados após montagem em uma gota de lactofenol-azul de algodão e
as leveduras que podem ser observadas após coloração por azul de metileno ou coloração de
Gram. Além do processo de coloração o que mais pode se fazer para se obter uma melhor análi-
se ?
R: Para se obter uma análise melhor pode também se realizar o isolamento dos fungos a partir
por exemplo do ágar dextrose Sabouraud (pH 5,5) que inibe o crescimento da maioria das bactérias e
com a adição de cloranfenicol e cicloheximida se aumenta a seletividade pela inibição de alguns fun-
gos contaminados de crescimento rápido, como os zigomicetos.

3- Os principais fungos causadores de doenças são os Ascomycota, Basidiomycota, Zygomycota


e Fungos imperfeitos. Quais as diferenças morfológicas vistas nestes para o diagnóstico ?
R: As diferenças morfológicas observadas são em relação a três pontos, se tem ou não esporos
sexuais, se tem ou não esporos assexuais e se possuem hifas. Os Ascomycota possuem esporos sexua-
dos (ascósporos), possuem esporos assexuados (conídios) e também possuem hifas septadas. Os Basi-
diomycota possuem esporos sexuados (basidiósporos), possuem esporos assexuados (conídios) e pos-
suem hifas septadas. Os Zygomycota possuem esporos sexuados (zigósporos), possuem esporos asse-
xuados (esporangiósporos) e não possuem hifas septadas. Os Fungos imperfeitos não possuem esporos
sexuais, possuem esporos assexuais (conídios) e possuem hifas septadas.

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4- Além das características citadas na pergunta acima para diferenciação dos quatro principais
grupos de fungos causadores de doenças, de forma geral existem outras características como re-
curso de identificação para um diagnóstico, quais seriam estas outras formas ?
R: Outras formas de diferenciação para um diagnóstico que podem ser utilizadas são, as carac-
terísticas morfológicas das hifas como presença e ausência de septo, se são hialinas ou dematiácias e
se são hifas espirais ou em forma de raquete. Outra forma são também as características coloniais, co-
mo, o tamanho e aparência após o período de incubação específico, cor do anverso e reverso e superfí-
cie com elevação ou depressão. Nas leveduras pode-se realizar a diferenciação por seu tamanho e for-
ma das células individuais, por sua aparência colonial e por suas reações bioquímicas. Outras manei-
ras de diagnóstico são os antígenos solúveis produzidos por fungos dimórficos que podem ser usados
para identificação em testes imunológicos e também sondas específicas de ácidos nucleicos que obtém
uma identificação confiável.

5- Os fungos, diferente das bactérias não utilizam para combate medicamentos muito variados
ou tão específicos, porém ainda sim tem o tratamento de quimioterapia antifúngica. Quais fo-
ram os exemplos de medicamentos citados na aula ?
R: Drogas antifúngicas (nistatina e anfotericina B) que se ligam ao ergosterol, Azoles (cetoco-
nazol) que inibem a biossíntese do ergosterol e Griseofulvina que se acumula nos tecidos queratiniza-
dos é absorvida pelo fungo causando a ruptura dos fusos mitóticos e inibindo o crescimento fúngico.

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Dermatófitos
Os causadores são membros dos fungos imperfeitos com afinidade por estruturas queratiniza-
das, como a pele, pêlos e unhas. Sob meio de cultura (Saubouraud) estes tipos de fungos crescem len-
tamente, são aeróbios estritos e toleram cicloheximida no meio. Estas colônias são em sua maioria pig-
mentadas, causam lesões características na pele, sendo circulares denominadas tinhas, estas afetam
muitas espécies animais. Exemplos são os artrósporos que quando disseminados de animais infectados
permanecem com capacidade de infecção por vários meses, são as formas mais infecciosas quanto a
invasão tecidual e são liberados por fragmentação das hifas nas estruturas queratinizadas. Fungos der-
matófitos tem distribuição mundial onde se tem mais de 30 espécies reconhecidas, geralmente são
classificados em três gêneros, Microsporum , Trichophyton e Epidermophyton , os dermatófitos zoofí-
licos e antropofílicos são patógenos obrigatórios, a doença é uma zoonose e a maioria das infecções
humanas é causada por Microsporum canis que é contraída de gatos infectados.
As regiões de clima tropical oferecem condições naturais propícias para o desenvolvimento e
proliferação de fungos produtores de micoses. Estas infecções permanecem nas camadas cornificadas
por conta de sua falta de habilidade de penetrar em camadas internas dos tecidos.
Exemplos de dermatófitos e seus respectivos hospedeiros são:
Microsporum canis : Cães e gatos (é uma zoonose com lesões circulares e raramente gene-
ralizadas).
M. equinum : Equinos.
M. gallinae : Frangos e perus (crostas irregulares, brancas na crista e barbela).
M. gypseum : Equinos e cães (nos equinos pode ser contraída pelo hábito de rolar no solo).
M. nanum : Suínos (raro e ocorre em qualquer parte do corpo).
Trichophyton equinum : Equinos (é o principal, transmissão ocorre por contato direto ou fômi-
tes, as lesões podem estar na região da cela ou generalizadas).
T. simii : Macacos, aves e cães.
T. verrucosum : Bovinos (é o mais comum em bovinos, formam-se crostas branco-acinzenta-
das, nos bezerros que são mais afetados as crostas se localizam na face e ao redor dos olhos e nos
adultos as lesões podem estar no pescoço e membros).
T. mentagrophytes : Cães e equinos.
De acordo com a preferência do habitat, os dermatófitos também podem ser agrupados em Ge-
ofílicos, Zoofílicos e antropofílicos. Os Geofílicos habitam e também se replicam no solo em materi-
ais quitinosos em decomposição, como pêlos e penas, os animais podem adquirir a infecção por meio
deste solo ou em contato com outros animais infectados. Os zoofílicos e antropofílicos são patógenos
obrigatórios e incapazes de se replicar no solo, tem estruturas queratinizadas que geralmente corres-
pondem à incapacidade de reprodução sexuada. Superfícies de pele úmida e quente são favoráveis pa-
ra a germinação de esporos.

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Quanto à patogenia, quando um animal entra em contato com um dermatófito pode ocorrer a
infecção, após as hifas fúngicas se espalharem no pêlo irão migrar para o bulbo do pêlo produzindo
enzimas queratolíticas que vão permitir que penetrem na cutícula, os produtos metabólicos do cresci-
mento das hifas podem ter como consequência reação inflamatória local, seu crescimento pode tam-
bém resultar em hiperplasia epidérmica e hiperqueratose possivelmente gerando infecção bacteriana
secundária. Após a infecção ja instalada o grau de desenvolvimento da lesão será determinado pela vi-
rulência do fungo e pela competência imunológica do hospedeiro, quando se há resposta imunológica
mediada por células em geral se obtém a eliminação dos dermatófitos, resistência local e resolução da
lesão. Animais jovens, velhos, debilitados e imunossuprimidos são mais susceptíveis.
O diagnóstico clínico é difícil e sugestivo, porém como há dermatófitos específicos, a espécie
do animal parasitado pode ajudar a indicar qual o fungo para tratamento. Em laboratório os dermatófi-
tos são identificados pela morfologia de suas colônias e pelo aspecto microscópico de macronídeo,
clamidósporo e outras estruturas. Alguns testes utilizados são por exemplo:
Teste de tolerância térmica: Este teste é utilizado para diferenciar fungos, pois alguns não
crescem a 37° C, logo ao se deixar sob esta temperatura e houver crescimento já se eliminam os der-
matófitos que não cresceriam nestas condições.
Teste de perfuração do pêlo: É também utilizado para diferenciar fungos e é realizado in vitro.
Meio de teste para dermatófito (DTM): Tem intuito de realizar a diferenciação de dermatófi-
tos e fungos contaminantes, utiliza-se o vermelho de fenol como indicador e então caso haja cresci-
mento será em cor vermelha.
Uso de lâmpada Wood: Este teste expõe uma fluorescência característica verde nos infectados
de Microsporum canis .

Questões - Dermatófitos
1- Marque V para verdadeiro e F para falso:
(V) Os dermatófitos são membros dos fungos imperfeitos com afinidade por estruturas
queratinizadas, como a pele, pêlos e unhas.
(V) As colônias de dermatófitos são em sua maioria pigmentadas, causam lesões caracte-
rísticas na pele, sendo circulares denominadas tinhas e afetam muitas espécies animais.
(F) Os artrósporos quando disseminados de animais infectados permanecem com capaci-
dade de infecção por apenas algumas horas.
(V) Artrósporos são as formas mais infecciosas quanto à invasão tecidual e são liberados
por fragmentação das hifas nas estruturas queratinizadas.
(F) Fungos dermatófitos geograficamente são encontrados apenas em locais muito especí-
ficos, se tem cerca de apenas 8 espécies reconhecidas.

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2- Os dermatófitos podem ser classificados de acordo com sua preferência de habitat, sendo
agrupados em Geofílicos, Zoofílicos e Antropofílicos. Quais são as diferenças que caracterizam
cada grupo ?
R: Os Geofílicos habitam e também se replicam no solo em materiais quitinosos em decompo-
sição, como pêlos e penas, os animais podem adquirir a infecção por meio deste solo ou em contato
com outros animais infectados. Os zoofílicos e antropofílicos são patógenos obrigatórios e incapazes
de se replicar no solo, tem estruturas queratinizadas que geralmente correspondem à incapacidade de
reprodução sexuada.

3- As hifas fúngicas se espalham no pêlo e migram para o bulbo do pêlo, produzem enzimas que-
ratolíticas que os permitem realizar a penetração na cutícula, o crescimento das hifas e seus pro-
dutos metabólicos podem gerar consequências, quais são ?
R: Durante o crescimento das hifas são gerados produtos metabólicos que por consequência
iniciam uma reação inflamatória local, também pode resultar em hiperplasia epidérmica e hiperquera-
tose abrindo brecha para infecções bacterianas secundárias que geram prurido, um sintoma que difere
da infecção fúngica que não gera prurido.

4- Relacione as colunas a seguir de hospedeiro e dermatófito, enumerando a coluna de hospedei-


ros de acordo com a de seu respectivo dermatófito preferencial:
(1) Microsporum canis. ( 7 ) Macacos, aves e cães.
(2) Microsporum equinum. ( 2 e 6 ) Equinos.
(3) Microsporum gallinae. ( 1 ) Cães e gatos.
(4) Microsporum gypseum. ( 8 ) Bovinos.
(5) Microsporum nanum. ( 5 ) Suínos.
(6) Trichophyton equinum. ( 3 ) Frangos e perus.
(7) Trichophyton simii. ( 4 e 9 ) Cães e equinos.
(8) Trichophyton verrucosum.
(9) Trichophyton mentagrophytes.

5- O diagnóstico clínico é difícil e sugestivo, porém em laboratório podem ser realizados testes
para identificar com qual fungo se esta lidando por meio da morfologia colonial e pelo aspecto
microscópico de macronídeo, clamidósporo e outras estruturas. Quais foram os testes laborato-
riais citados durante a aula ?
R: Os testes citados na aula foram, o Teste de tolerância térmica, o Teste de perfuração do pêlo
(in vitro), Meio de teste para dermatófito (DTM) e o Teste com uso de lâmpada Wood.

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Introdução a Virologia
Os vírus são os únicos organismos acelulares da terra, são muito pequenos medindo menos de
0,2 µm, seu nome vem do Latim que significa fluído venenoso ou toxina, são compostos por uma cáp-
sula proteica que envolve o material genético que pode ser DNA, RNA ou ambos (citomegalovírus).
Por não terem suas próprias organelas são completamente dependentes da célula do hospedeiro
para realizar suas atividades metabólicas como se multiplicar, sendo considerado então parasitas intra-
celulares obrigatórios, fora de um hospedeiro é denominado vírion ou partícula viral, é ametabólico
sendo apenas uma estrutura química formada de proteína e material genético. Todo e qualquer organis-
mo pode ser parasitado por algum tipo de vírus, mamíferos, répteis, anfíbios, plantas, aves, etc.
Estruturalmente são formados pelo material genético envolto por uma cápsula proteica deno-
minada capsídeo, este juntamente com o material genético é denominado nucleocapsídeo, também po-
dem ou não ser envelopados/encapsulados, ou seja, possuírem um envoltório externo além do capsí-
deo. O envelope é formado por uma membrana lipoproteica e é adquirido no processo de brotamento
de um vírus para fora da célula hospedeira, já o capsídeo é formado por protômeros e entre eles há
uma matriz proteica com função de realizar a ligação entre os dois, os vírus que não contém envelope
são mais resistentes na natureza, pois por conta da composição do envelope ele é facilmente dissolvi-
do. Entretanto existem algumas vantagens pertencentes aos vírus envelopados, como, são resistentes
ao sistema imune, tem mais facilidade para infectar novas células, tem função de fixação do vírus na
célula hospedeira.
As proteínas que compõem o capsídeo variam de acordo com cada tipo de vírus, estes podem
ser de muitas formas e tamanhos diferentes. O maior vírus tem 300 nm sendo do tamanho da menor
bactéria e 1/10 de uma hemácia, já o menor vírus tem tamanho de 30nm. O formato é determinado pe-
lo capsômero ou envelope, exemplos de vírus com diferentes morfologias são, vírus do herpes (esféri-
co e é envelopado), vírus do mosaico do tabaco (helicoidal), vírus da varíola, rabdovírus, adenovírus
(icosaédrico), bacteriófago, vírus da batata, entre outros.
Os vírus podem ser classificados em sete classes de acordo com a estrutura de seu material ge-
nético, sendo estas classes:
Classe I: Formados por DNA de banda ou fita dupla.
Classe II: Formados por DNA de banda simples.
Classe III: Formados por RNA de banda dupla.
Classe IV: Formados por uma banda simples de RNA positivo, ou seja, o RNA é imediata-
mente traduzido pelos ribossomos e atua como se fosse RNA mensageiro.
Classe V: Formados por uma banda simples de RNA negativo, ou seja, é necessário transcre-
ver a banda em RNA mensageiro.
Classe VI: Formados por uma banda simples de RNA positivo junto com um DNA que fun-
ciona como um intermediário na formação das proteínas.

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Classe VII: Formados por uma banda dupla de DNA junto com um RNA intermediário na re-
plicação.
Alguns vírus contém a capacidade de se tornar latente dentro da célula infectada, ficando inati-
vos até que a imunidade do hospedeiro sofra uma queda e os sintomas apareçam, enquanto latentes
não são infectivos porém ao se ativarem adquirem novamente esta função, um exemplo de vírus desse
tipo é o vírus da herpes, uma vez que estes vírus infectam nunca mais podem ser eliminados.
A multiplicação dos vírus só pode ocorrer dentro da célula de um hospedeiro, os ciclos replica-
tivos variam de acordo com a duração, local de multiplicação, destino da célula infectada e produtivi-
dade viral. A replicação viral ocorre em seis fases, sendo elas:
Fase I - Adsorção: Nesta fase ocorre a ligação específica entre os receptores virais e os recep-
tores celulares da membrana citoplasmática para poderem adentrar a célula. Alguns vírus tem além
dos receptores primários uma interação com receptores secundários/co-receptores. Esta etapa pode ser
bloqueada por inibidores específicos.
Fase II - Penetração: Nesta fase ocorrerá a entrada do vírus no interior da célula, o vírus é en-
globado por uma endocitose mediada pelo receptor de membrana.
Fase III - Desnudamento: Nesta fase já dentro da célula alvo o vírus começa a perder seu en-
velope ou seu capsídeo/nucleocapsídeo para liberar seu material genético no citoplasma da célula do
hospedeiro para que faça com que o DNA da célula infectada comece a fazer uma biossíntese proteica
para que ele possa se replicar.
Fase IV - Biossíntese: Nesta fase ocorre de fato a síntese de proteínas na célula para o vírus.
Fase V - Morfogênese: Nesta fase ocorre a formação de novas células a partir da montagem
das subunidades proteicas formadas na fase anterior.
Fase VI - Liberação: Nesta fase os vírus formados sairão da célula para infectar outras, essa li-
beração pode ocorrer a partir de um ciclo lítico onde acontece a lise celular ou a partir de um ciclo li-
sogênico, sem lise.

Questões - Introdução a Virologia


1- Os vírus são os únicos seres acelulares da terra sendo hospedeiros intracelulares obrigatórios
e muito pequenos, tendo menos de 2 µm de tamanho. Quanto à estrutura de um vírus, como é
composta ?
R: São formados por seu material genético que pode ser DNA, RNA ou ambos (exemplo do ci-
tomegalovírus) envolto por uma cápsula proteica denominada capsídeo, a junção do capsídeo com o
material genético se chama nucleocapsídeo, além dessas estruturas alguns vírus também contém um
outro envoltório sendo chamados de vírus encapsulados ou envelopados, este envelope é formado por
lipoproteínas e é adquirido no processo de brotamento para fora da célula infectada.

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2- O maior vírus tem 300 nm, sendo do tamanho da menor bactéria e 1/10 de uma hemácia, já o
menor vírus tem 30nm. Apesar de serem muito pequenos os vírus podem ter muitas formas dife-
rentes que são determinadas pelo capsômero ou envelope. Quais tipos de vírus com formatos di-
ferentes foram citados na aula ?
R: Exemplos de vírus citados na aula com formatos diferentes são: vírus da herpes (esférico e
envelopado), vírus do mosaico do tabaco (helicoidal), vírus da varíola, rabdovírus, adenovírus (icosaé-
drico), bacteriófago, vírus da batata, picornavírus (poliédrico), vírus do mosaico da alfafa, vírus da po-
liomielite, vírus da gripe e vírus da caxumba.

3- Estruturalmente os vírus podem ou não ser formados por um envelope lipoproteico, existe di-
ferença funcional entre vírus encapsulados e vírus não encapsulados ? Se sim, quais são estas di-
ferenças ?
R: Existe sim diferença entre eles, os vírus não envelopados são mais resistentes ao ambiente
pois por conta do material do envelope os encapsulados são facilmente dissolvidos, porém os vírus en-
velopados também tem vantagens, como, serem resistentes ao sistema imune, tem mais facilidade para
infectar novas células e tem função de fixação do vírus na célula hospedeira.

4- Vírus podem ser classificados de acordo com a composição do seu material genético em sete
classes. Quais são essas classes ?
R: Classe I (vírus com DNA de banda dupla), classe II (DNA de banda simples), classe III
(RNA de banda dupla), classe IV (banda simples de RNA positivo), classe V (banda simples de RNA
negativo), classe VI (banda simples de RNA positivo + DNA agindo como intermediário) e classe VII
(banda dupla de DNA + RNA agindo como intermediário).

5- Os ciclos replicativos dos vírus só ocorrem dentro do hospedeiro e variam de acordo com a
duração, local de multiplicação, destino da célula infectada e produtividade viral. O processo de
replicação viral ocorre em seis fases, enumere as colunas abaixo na ordem correta das fases:
( 4 ) Biossíntese: Nesta fase ocorre de fato a síntese de proteínas na célula para o vírus.
( 1 ) Adsorção: Nesta fase ocorre a ligação específica entre os receptores virais e os re-
ceptores celulares da membrana citoplasmática para poderem adentrar a célula. Alguns vírus
tem além dos receptores primários uma interação com receptores secundários/co-receptores. Es-
ta etapa pode ser bloqueada por inibidores específicos.
( 6 ) Liberação: Nesta fase os vírus formados sairão da célula para infectar outras, essa
liberação pode ocorrer a partir de um ciclo lítico onde acontece a lise celular ou a partir de um
ciclo lisogênico, sem lise.
( 3 ) Desnudamento: Nesta fase já dentro da célula alvo o vírus começa a perder seu en-

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velope ou seu capsídeo/nucleocapsídeo para liberar seu material genético no citoplasma da célu-
la do hospedeiro para que faça com que o DNA da célula infectada comece a fazer uma biossín-
tese proteica para que ele possa se replicar.
( 2 ) Penetração: Nesta fase ocorrerá a entrada do vírus no interior da célula, o vírus é
englobado por uma endocitose mediada pelo receptor de membrana.
( 5 ) Morfogênese: Nesta fase ocorre a formação de novas células a partir da montagem
das subunidades proteicas formadas na fase anterior.

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RESUMO DE ARTIGO 01 - Resistência Bacteriana.
Resistência bacteriana aos antibióticos e Saúde Pública: uma breve revisão de literatura
Antimicrobianos são medicamentos que desde sua descoberta até os dias atuais são de extrema
importância para combater doenças causadas por infecção bacteriana, são eficientes e mudaram com-
pletamente a forma de combate e as chances de sobrevivência que antes deles era praticamente nula.
“Os antibióticos são uma classe de fármacos utilizados para o tratamento de doenças infecciosas, que
diferem uns dos outros quanto as suas propriedades físicas,químicas, farmacológicas, no espectro e
mecanismo de ação.” (BAPTISTA, 2013). “Havendo critérios muito importantes que devem ser consi-
derados para que a terapia de doenças bacterianas com antibióticos venha a ser eficaz, como a necessi-
dade de que um alvo (ligante) exista dentro da célula bacteriana, a concentração do antibiótico alcance
o alvo em quantidade suficiente, não podendo ocorrer inativação ou modificação estrutural do fárma-
co.” (COSTA, 2016). O grande problema dos antimicrobianos é seu uso indiscriminado feito pela po-
pulação, tanto no âmbito da saúde humana, em ambientes hospitalares e ambulatoriais mas principal-
mente em seu uso doméstico feito por auto-medicação, quanto na saúde animal, na pecuária para pro-
dução e comércio, esse uso com imperícia acaba gerando a resistência bacteriana que pode vir a aca-
bar com tudo o que se obteve com tanto trabalho até hoje, pois caso continue aumentando tão drastica-
mente a resistência bacteriana, nos próximos anos teme-se a falta de antimicrobianos que tenham ca-
pacidade para combater infecções.
A resistência bacteriana aos medicamentos (antimicrobianos) pode ser obtida de várias formas,
pode ser intrínseca, quando uma característica específica de uma espécie torna ela resistente ao meca-
nismo de ação de uma determinada classe de antimicrobianos, pode ser adquirida conforme o mau uso
do medicamento e a replicação celular do microorganismo ocasionando mutações genéticas dando re-
sistência à aquele medicamento, pode ser adquirida por uma passagem de genes de um microorganis-
mo (já resistente) para outro, por mecanismos como, conjugação bacteriana, transformação e transdu-
ção. A resistência proporciona à estes microorganismos maior capacidade de adaptação e tolerância
aos antimicrobianos, a capacidade então adquirida por eles os favorece em “seu desenvolvimento por
reduzir a competição por espaço e nutrientes no meio com as células que não possuem mecanismos de
resistência, selecionando os microorganismos menos suscetíveis ou resistentes aos agentes antimicro-
bianos dentro de uma comunidade microbiana” (GUSTAVO, 2008). Essa seleção é o que torna tudo
um enorme problema pois significa que as bactérias mais resistentes daquela comunidade se prevale-
cem e se multiplicam, restando apenas estas, com maior habilidade e por fim anulando a capacidade
de combate que o fármaco deveria apresentar. Os mecanismos de resistência adquiridos citados na li-
teratura são, inativação enzimática do antibiótico, modificação do alvo do antibiótico, bomba de eflu-
xo, alteração da permeabilidade da membrana e formação de biofilmes.
Percebe-se que a resistência bacteriana além de um problema fatal aos hospedeiros de infec-
ções também é um empecilho à saúde pública, desta forma de imediato nota-se que atitudes precisam

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ser tomadas, como, políticas públicas, organização de informações disponíveis para a elaboração de
um plano a se executar na saúde e educação com objetivo tanto de combate quanto de conscientização
da população “além da análise de inúmeras variáveis, como por exemplo, condições e alterações am-
bientais, condições demográficas, socioeconômicas e políticas relacionadas à qualidade das políticas
de saúde e da organização dos sistemas e serviços de assistência médica prestada à comunidade, que
podem contribuir para a dispersão de um dado patógeno dentro de uma população” (SAKER et al.,
2004). “Por conseguinte, medidas para evitar a resistência bacteriana, como o uso racional dos antibió-
ticos, prevenção de infecções bacterianas, controle e prevenção da disseminação de microorganismos
resistentes são essenciais, assim como a busca por novos metabólitos ativos contra diferentes micro-
organismos patogênicos devem ser ativas, contínuas” (GUIMARÃES et al., 2010; DUARTE et al.,
2009). Em consequência as medidas que podem ser tomadas citadas à cima se obterá maior investi-
mento em pesquisas com objetivo de encontrar soluções viáveis para este problema, descobrindo no-
vos tipos de antimicrobianos e também novas formas de combate a resistência bacteriana, na popula-
ção poderá se obter atitudes simples mas de grande importância, como, hábitos corretos de higiene
evitando a transmissão de patógenos e uso correto de medicamentos. Ações implementadas pelo go-
verno que também contribuiríam para a melhora do problema, como, saneamento básico em áreas pre-
cárias e auxílio à populações pobres, resolvendo o problema em todos os âmbitos desde sua base até o
topo.

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RESUMO DE ARTIGO 02 - Genes da Resistência Bacteriana
GENES BACTERIANOS DE RESISTÊNCIA NO MEIO AMBIENTE
A forma incorreta como é feito o descarte de medicamentos pela indústria, veterinária e agri-
cultura nos dias de hoje está ligado de forma direta ao aumento nos tipos de genes de resistências que
as bactérias vem desenvolvendo cada vez mais, o mal uso destes medicamento tanto na medicina hu-
mana quanto veterinária também contribuiu pois trás como resultado a seleção dos genes mais resis-
tentes que prevalecem e se multiplicam causando mais e mais danos. Um veículo de transporte muito
importante para que estes genes circulem, se espalhem e sofram mutações é a água, “A água, além de
ser um meio de disseminação de microrganismos resistentes é também um veículo que carrega os ge-
nes que conferem essa resistência aos microrganismos e através dela esses genes são introduzidos em
diferentes ecossistemas, alterando a microbiota ambiental” (BAQUERO et al., 2008).
“Resistência bacteriana é a capacidade de um microrganismo em impedir um agente antimi-
crobiano específico de causar danos sobre ele e essa resistência torna ineficaz o tratamento de doenças
infecciosas” (WHO, 2012) esta capacidade é adquirida com mutações por meio de seleções naturais
(que são raras) ou pode ocorrer uma seleção induzida, mesmo que não intencional por conta do uso in-
discriminado de antimicrobianos favorecendo as bactérias com genes de maior resistência, quanto a
transferência desses genes entre as bactérias se tem muitos mecanismos envolvidos, a transferência
pode ocorrer entre microorganismos da mesma espécie ou de populações diferentes, essa transferência
ocorre por meios como, a conjugação, transformação e transdução. Os conceitos quanto a estes três
meios de transferência de genes apresentados neste artigo serão respectivamente citados a seguir:
“A conjugação é o único meio de transferência de DNA que ocorre através do contado direto
entre bactérias e é causada por plasmídeos conjugativos, que nada mais são do que moléculas peque-
nas de DNA extracromossômico com formato circular que se replicam independentemente do DNA
cromossomal. Possuem de 5 à 100 genes que não são importantes para a sobrevivência da bactéria em
condições normais, são frequentemente encontrados em diversos tipos de bactérias, podem transportar
genes que conferem ao microrganismo resistência à antimicrobianos através da produção de enzimas e
podem ser transmitidos de um microrganismo para outro” (TORTORA et al., 2012, CANDEIAS,
1991).
A transformação irá acontecer quando incorpora uma parte ou até mesmo todo o cromossomo
de outra bactéria que fez a liberação deste após sofrer lise, “esse evento pode ser limitado na presença
de nucleases que degradam o DNA do meio. Além do mais, para que esse evento ocorra a bactéria re-
ceptora precisa estar no "estado de competência", ou seja, dependem de enzimas que auxiliam no pro-
cesso de incorporação e processamento do DNA livre” (BARBOSA e TORRES, 1999).
Em relação a transdução os responsáveis por este processo são os bacteriófagos ou fagos, “Du-
rante a reprodução dos bacteriófagos o seu DNA deve ser embrulhado dentro do capsídeo protéico e
durante esse processo o DNA plasmidial ou cromossômico da bactéria pode ser incorporado e encap-

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sulado junto ao DNA do fago, que ao infectar novas bactérias poderá transferir para elas os genes con-
tidos no DNA capturado da bactéria anteriormente infectada” (TORTORA et al., 2012).
No ambiente “O crescimento populacional está diretamente relacionado com a contaminação
ambiental, pois conforme a população cresce o descarte de esgoto, compostos químicos e medicamen-
tos aumentam, afetando lagos, rios e ecossistemas costeiros” (SALLOTO et al.,2012). Bactérias com
genes de resistência tem sido encontradas com cada vez mais frequência, nos últimos anos foram en-
contradas em rios, mares e estações de tratamento de esgoto, alguns estudos já apontaram também a
existência de genes de resistência no solo que estão ligados à patógenos humanos. “Na Lagoa Do Bis-
po, no Lago do Gambazinho e no Lago do Jacaré em Rio Doce - MG foram comparadas amostras de
dois momentos distintos, um em 2003 e outro em 2005 e nos mesmos ambientes em períodos distintos
foi encontrada uma prevalência de 97% de bactérias gram-negativas e 3% de gram-positivas, porém a
quantidade de fenótipos resistentes encontrados foi maior no segundo período, demonstrando que a re-
sistência bacteriana tem crescido nesses ambientes” (PONTES et al., 2009). Através de análises e es-
tudos também houve a localização de genes de resistência em outros locais, como, na região do Alto
do Rio Grande - MS e em Lavras - MG.
Com estes dados nota-se que além do mau uso dos antimicrobianos o descarte errado em solos
e diversas fontes de água contribuem firmemente para a disseminação e criação de novos genes de re-
sistência bacteriana, também percebe-se que o surgimento destes genes não é apenas em ambientes clí-
nicos mas também através das mutações que ocorrem na natureza em contato com diversos fatores tra-
zendo contribuição para a evolução de bactérias cada vez mais resistentes. Com os estudos apresenta-
dos neste artigo também pode se concluir que estes genes de resistência são encontrados em diversas
partes do mundo e que podem ser carreados através de patógenos humanos e consequentemente serem
levados até ambientes hospitalares o que pode gerar problemas imensuráveis agora e no futuro.

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RESUMO DE ARTIGO 03 - Controle Microbiano
USO DE DESINFETANTES NO AMBIENTE HOSPITALAR PARA CONTROLE DE
MICRORGANISMOS
As infecções contraídas em ambientes hospitalares são um dos principais fatores de morbidade
e mortalidade no mundo, este problema vem tornando-se cada vez mais difícil de se tratar por conta
do aumento da resistência bacteriana. Com estudos científicos ja se pôde comprovar que no ambiente
hospitalar ocorre uma significativa transmissão de patógenos, como, Staphylococcus aureus resisten-
tes a meticilina, Enterococcus faecalis resistentes à vancomicina, Clostridium difficile, Acinetobacter
baumannii, entre outros.
Com isso são necessárias atitudes para tentar diminuir e controlar a disseminação de microor-
ganismos e principalmente o surgimento de novas bactérias mais resistentes. Algumas medidas sim-
ples podem ser tomadas, tais como a lavagem correta das mãos e limpeza e desinfecção de rotina hos-
pitalar, medidas que já tem contribuição para diminuir a presença de microorganismos, porém não
completamente, logo se nota que é necessário que formas mais efetivas da eliminação destes microor-
ganismos sejam implementadas, neste artigo foram revisados relatos dos últimos anos sobre controle
microbiano através de desinfetantes em ambiente hospitalar com intuito de descobrir novas estratégias
para se obter um maior controle sobre essa situação tão presente e preocupante.
Em estudos revisados foram obtidas algumas conclusões, alguns exemplos foram:
Uso de desinfetantes de amônia quaternária 5% - Foram coletadas amostras microbiológicas
antes e depois da desinfecção, nos resultados se percebeu que o número total de bactérias não se alte-
rou, porém quanto às bactérias gram negativas e Staphylococcus aureus houve uma queda resultando
em menor chance de contaminação e infecções hospitalares.
Uso de desinfetante e limpador a base de peróxido de hidrogênio - Neste estudo a avaliação
foi feita a partir de um monitoramento com um marcador ultravioleta-visível, já as taxas de infecção
hospitalar por Staphylococcus aureus resistentes a meticilina, Enterococcus resistentes à vancomicina
e Clostridium difficile foram calculadas pelo isolamento desses agentes em infecção. Como resultado
deste método se obteve uma diminuição significativa nas infecções hospitalares por ambos os tipos de
bactérias observadas.
Processo de desinfecção por óxido de cobre - Foram comparadas duas bancadas, uma com o
produto e outra sem para se observar o nível de redução bacteriana contínua. Nas duas bancadas hou-
ve sucesso em matar patógenos bacterianos mesmo com exposição repetida a eles e vários ciclos de
abrasão úmida e seca.
Desinfecção com água; água; detergente; lenços desinfetantes - Utilizou-se dois tipos de len-
ços desinfetantes, lenços Virusolve e lenços PAL. Após a limpeza de equipamentos hospitalares conta-
minados por Staphylococcus aureus resistentes a meticilina e Acinetobacter baumannii extensivamen-
te resistentes coletou-se amostras para observação da cultura bacteriana. Na cultura de lenços PAL

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ainda foram encontradas as bactérias presentes porém com redução significativa, já na cultura de len-
ços Virusolve as bactérias foram completamente eliminadas.
Desinfecção por Dicloroisocianurato de sódio e Benzalcônio - Coletas foram feitas antes da
desinfecção e 1 hora após a desinfecção para avaliação da capacidade de eliminar Enterococcus resis-
tentes à vancomicina. Nas duas maneiras se obteve diminuição das bactérias, porém com uso de Ben-
zalcônio o resultado foi mais significativo.
Com estes e também outros estudos avaliados neste artigo concluiu-se que “Os dados demons-
tram ainda que métodos convencionais como a utilização de lenços (panos), embebidos com desinfe-
tantes podem ser falhos, e ainda carreadores de microrganismos (10%). Produtos comumente utiliza-
dos como a amônia, pode resultar em falha no processo de desinfecção (10%), ou ainda, embora méto-
dos possam ser eficientes na eliminação de alguns agentes relacionados a desenvolverem infecções
hospitalares, podem não diminuir o número de microrganismos (30%). Por outro lado, estudos de-
monstram que associação de produtos e o manejo podem apresentar uma eficiência de até 100% em
desinfecções ambientais. Em boa parte dos trabalhos os alvos dos desinfetantes foram bactérias espe-
cificas. Os microrganismos mais frequentemente relacionados foram Clostridium difficile (20%), Sta-
phylococcus aureus resistentes à meticilina (40%) ou ainda Enterococcus resistentes à vancomicina
(20%).” (OLIVEIRA et al., 2017). Apesar de tudo, não foram obtidas informações suficientes para
justificar uma substituição dos métodos convencionais aceitando que estes ja empregam boa eficiên-
cia.

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REFERÊNCIAS

COSTA, Anderson Luiz Pena; JUNIOR, Antonio Carlos Souza Silva. Resistência bacteriana aos an-
tibióticos e Saúde Pública: uma breve revisão de literatura. Amapá: Estação Científica (UNIFAP)
Macapá, v. 7, n. 2, p. 45-57, maio/ago, 2017.
Disponível em: <https://periodicos.unifap.br/index.php/estacao/article/view/2555>.
Acesso em: 04 out.2020.

SERAFIM, Vilson Junior; RUIZ, Leonardo Guizilini Plazas. GENES BACTERIANOS DE RESIS-
TÊNCIA NO MEIO AMBIENTE. São José do Rio Preto (SP): Revista Científica UNILAGO - Uni-
ão das Faculdades dos Grandes Lagos, v. 1, n. 1, 2018.
Disponível em: <http://revistas.unilago.edu.br/index.php/revista-cientifica/arti-
cle/view/103#:~:text=O%20surgimento%20e%20a%20dissemi-
na%C3%A7%C3%A3o,tamb%C3%A9m%20existem%20muitos%20mecanismos%20de>.
Acesso em: 05 nov.2020.

OLIVEIRA, Édilson Sembarski; ARAÚJO, Eduardo Henrique; CARDOSO, Franciele; et al. USO DE
DESINFETANTES NO AMBIENTE HOSPITALAR PARA CONTROLE DE MICRORGANIS-
MOS. Mineiros (GO): Revista Eletrônica Saúde Multidisciplinar da Faculdade Morgana Potrich, Vol.
IV, p. 254-267, março, 2017.
Disponível em: <http://revistas.famp.edu.br/revistasaudemultidisciplinar/article/view/59>.
Acesso em: 06 nov.2020.

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