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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA
Fundação Instituída nos termos da Lei 5.152 de 21/10/1966
São Luís – Maranhão

DISCIPLINA: INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA


PROFESSOR: ALEXANDRE JORDÃO BAPTISTA
ALUNA: NICOLE PRADO BEZERRA.
PROVA (3º avaliação)

1ª) Explique em que consiste a “questão socrática” tal como aparece no capítulo respectivo da
obra de Giovanni Reale & Dario Antiseri - História da Filosofia-Volume1. (2,0)

R: Sócrates é considerado o primeiro filósofo a estabelecer um diálogo com o


mundo a partir de uma compreensão racional de seu fundamento. Entretanto, os
trabalhos de Sócrates não aparecem por meio de seus escritos, suscitando entre
alguns filósofos a dúvida sobre a real existência desse pensador. Esse ponto de
interrogação deve-se ao fato de que os trabalhos e diálogos promovidos por este
filósofo são explicitados por meio dos estudos de Aristófanes, Aristóteles e
principalmente de seus discípulos: Xenofonte e Platão. Entretanto, adverte-se que
nenhuma das fontes de sabedoria socrática citadas por eles privilegia os seus
estudos, sua opinião propriamente dita. Não existe, portanto, uma fonte segura
que possa afirmar com precisão as ideias desenvolvidas por Sócrates. Essas
fontes auxiliam, no máximo, a permear o trabalho socrático no intuito de conhecer
a nascente de toda a sabedoria. “Desse modo, alguns chegaram a sustentar a tese
da impossibilidade de reconstruir a figura histórica e o pensamento efetivo de
Sócrates. Por alguns lustros as pesquisas socráticas caíram em séria crise. Mas
hoje esta abrindo caminho, não o critério da escolha entre as várias fontes ou de
sua combinação eclética, mas sim o critério que pode ser definido como "a
perspectiva do antes e depois de Sócrates.”

2ª) Explique a proposição socrática segundo a qual “o homem é a sua psyché” e sua relação com
o novo significado de “virtude” e de valores, tal como aparece no capítulo respectivo da obra de
Giovanni Reale & Dario Antiseri - História da Filosofia-Volume1. (2,0).
R: Por psyché Sócrates entende nossa sede racional, inteligente e eticamente
operante, ou ainda, a consciência e a personalidade intelectual e moral. Esta
colocação de Sócrates acabou por exercer uma influência profunda em toda a
tradição européia posterior, até hoje. Ensinar o homem a cuidar de sua própria
alma seria a principal tarefa a ser desempenhada por ele, Sócrates, e por todos os
filósofos autênticos. um dos raciocínios fundamentais feitos por Sócrates para
provar essa tese é o seguinte: uma coisa é o instrumento que se usa e a outra é
o sujeito que usa o instrumento. Ora, o homem usa o seu corpo como
instrumento, o que significa que a essência humana utiliza o instrumento, que é o
corpo, não sendo, pois, o próprio corpo. Assim, à pergunta "o que é o homem?",
não seria lógico responder que é o seu corpo, mas sim que é "aquilo que se serve
do corpo", que é a psyché, a alma. Esta mesma alma seria imortal e fadada a
reencarnar tantas vezes fosse necessárias até a alma se aperfeiçoar de tal forma
que não precisasse mais voltar a este planeta. Segundo Sócrates, a virtude (Areté)
é a "ciência" ou o "conhecimento", ao passo que o "vício" seria a privação de
ciência ou de conhecimento, ou seja, a "ignorância". Desse modo, Sócrates opera
uma revolução no tradicional quadro de valores, os verdadeiros valores não são
os ligados às coisas exteriores, como a riqueza, o poder, a fama, e tampouco os
ligados ao corpo, como a vida, o vigor, a saúde física e a beleza, mas somente os
valores da alma, que se resumem, todos, no "conhecimento".
3ª) Explique em que consistem os paradoxos da ética socrática, tal como aparece no capítulo
respectivo da obra de Giovanni Reale & Dario Antiseri - História da Filosofia-Volume1. (2,0)

R: Reali e Antiseri apontam que a tese socrática da virtude como conhecimento


implica duas consequências, consideradas também como paradoxos, que são:
"1) A virtude (cada uma e todas as virtudes: sabedoria, justiça, fortaleza,
temperança) é ciência (conhecimento), e o vício (cada um e todos os vícios) é
ignorância.” Onde Sócrates submete a vida humana e os seus valores ao domínio
da razão (assim como os naturalistas haviam tentado submeter o cosmo e suas
manifestações ao domínio da razio). E como, para ele, a própria natureza do
homem é sua alma, ou seja, a razão, e as virtudes são aquilo que aperfeiçoa e
concretiza plenamente a natureza do homem, ou seja, a razão, então é evidente
que as virtudes revelam-se como uma forma de ciência e de conhecimento.
2)Ninguém peca voluntariamente; quem faz o mal, fá-lo por ignorância do bem."
Pará Sócrates, o homem, por natureza, procura sempre o bem, mas nem sempre
prática o bem. Todavia quando prática o mal, não o faz porque espera daí receber
algum bem, ainda que esse bem seja em função de um interesse particular. Mas
ao agir de tal modo o homem não faz mais do que enganar-se, ou seja, age por
ignorância, por que não tem o conhecimento do verdadeiro bem.
4ª) Explique em que consiste o método dialético de Sócrates no que diz respeito à sua finalidade
e os seus dois momentos essenciais; a “refutação” e a “maiêutica”, tal como aparece no capítulo
respectivo da obra de Giovanni Reale & Dario Antiseri - História da Filosofia-Volume1. (4,0)
R: As finalidades do método socrático são fundamentalmente de natureza ética e
educativa, e apenas secundária e mediatamente de natureza lógica e
gnosiológica. Sócrates partia do princípio de que as pessoas pensam saber
muitas coisas, quando na verdade apenas estavam repetindo ou expressando
opiniões contraditórias ou sem qualquer justificação. A refutação era usada
pelo filósofo em seu método principalmente para mostrar às pessoas que não
sabem o que pensam saber. Ao final do diálogo, seus interlocutores
reconheciam sua ignorância sobre o tema em questão. Ao revelar a ignorância,
Sócrates não pretendia ridicularizar as pessoas, ao contrário, ele pensava que
reconhecer a própria ignorância é o primeiro passo para começarmos a
aprender, pois só buscamos conhecimento sobre aquilo que ignoramos. Já a
maiêutica é um dos processos do método desenvolvido para se alcançar o
conhecimento por meio do diálogo, onde parte do pressuposto de que a verdade
é inerente ao ser humano, ou seja, a verdade está em nós, porque temos uma alma
eterna capaz de conhecer tudo, mas para extraí-la, é preciso passar pelo processo
de questionamento, a ironia. Como em um parto, Sócrates pensava que
questionar e confrontar o pensamento original de alguém, era o modo de fazer a
verdade aflorar e de se chegar ao conhecimento verdadeiro.

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